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JOÃO ANTÔNIO NETO
Ilustrações MARCELO GUIMARÃES
Revelação das Palavras
Coleção Banquete de Palavras
Volume 1
© 2015. Direitos desta edição reservados para Entrelinhas Editora.
Impresso no Brasil 1ª edição em novembro de 2015 • 500 exemplares
Reprodução proibida Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 1998.
Nenhuma parte desta edição pode ser reproduzida ou utilizada – em quaisquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia ou gravação, etc, – nem apropriada ou estocada em sistema de banco
de dados sem expressa autorização
Av. Senador Metelo, 3.773 • Jardim Cuiabá Cep: 78.030-005 – Cuiabá, MT, Brasil Distribuição e Vendas: (65) 3624 5294
www.entrelinhaseditora.com.br • e-mail: editora@entrelinhaseditora.com.br
Antônio Neto, João Revelação das palavras / João Antônio Neto ;ilustrações Marcelo Guimarães. -- Cuiabá, MT :Entrelinhas, 2015. -- (Coleção banquete depalavras ; v. 1)
ISBN 978-85-7992-084-4 (obra completa) ISBN 978-85-7992-085-1 (volume 1)
1. Antônio Neto, João, 1920- 2. Poesiabrasileira 3. Poética 4. Poética - DicionáriosI. Guimarães, Marcelo. II. Título. III. Série.
15-08629 CDD-869.103
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Índices para catálogo sistemático:1. Poesia : Literatura brasileira : Dicionários 869.103
Edição e projeto gráfico Maria Teresa Carrión Carracedo Revisão dos textos introdutórios Marinaldo Custódio Ilustração Marcelo Guimarães Digitalização Ricardo Carracedo Ozelame Revisão de verbetes Walter Galvão Paginação Rafael Carracedo Ozelame Arte-finalização Maike Vanni Produção gráfica Ricardo Miguel Carrión Carracedo
PARA EVA – Esposa e Mãe
e
FÁBIO CÉSAR REGINA BEATRIZ IVÃ SÉRGIO AUGUSTO VÁGNER– Filhos e Amigos
“Nil novi sub sole”Eclesiastes I.10
“Não digas pouco em muitas palavras, mas muito em poucas”Pitágoras, séc. VI a.C.
Agradecimentos
Agradeço a generosidade das pessoas que contribuí-ram decisivamente para a feitura e publicação desta cole-ção. De maneira muito especial, sou imensamente grato à sensibilidade artística de Marcelo Guimarães que soube captar com a beleza de seus desenhos a alma das palavras. O tempo indeterminável da sua arte – horas e horas, dias a fio debruçado a criar as linhas das figuras que emergem de todas as páginas – deu o suporte para a poética dos livros e, sem ele, presença essencial, a escrita deste texto ficaria incompleta.
Um agradecimento especial a Ana Maria de Souza que digitalizou parte do material com o cuidado que lhe é peculiar, atenta ao uso das palavras e a indagar a todo o momento pela melhor redação.
Agradeço imensamente a Maria Teresa Carrión Car-racedo, minha editora, que teve a difícil tarefa de revisar o texto com uma dedicação surpreendente, atenta a todos os detalhes, cuidando (e emocionando-se!) da edição com inigualável presteza.
Marília Beatriz, amizade fecunda – histórias vividas e compartilhadas –, a você meu agradecimento pelas belas palavras que abrem os livros desta coleção.
Meus filhos têm sido um apoio incondicional. Darcy, presença que nos acompanha. A eles sou sempre grato.
E, por fim, não posso deixar de dizer que Eva, minha mulher, é a inspiração que corre pelas palavras e permane-ce na eterna mudança.
JOÃO ANTÔNIO NETO: arquiteto poético de palavras
Marília Beatriz1
Estou em ensolarado termo da Chapada para tentar tra-duzir as significâncias, os entesourados desenhos do cote-jo/cortejo que preenchem as páginas da cartola do mágico arquiteto João Antônio Neto.
Abrindo ou fechando os olhos passeando nas páginas em que desenhos e letras apresentam a operação realiza-da, a leitura atua como descoberta e sempre pede releitu-ras por conta da prenhez que cada palavra decifrada pelo Autor exibe.
É preciso ambiência, trato de escavar o silêncio para a percepção da imagem da iniciativa amorosa que saltita entre letras, palavras, textos e volumes. Cada palavra com sua decifração, cada amostragem do ‘design’ em pesquisa dos sentidos, o desnudar das definições cordiais, menores escri-tos desvelando a rolança do dito e do interdito, ou melhor, daquilo que surge nas fímbrias da textualidade para com apoio em Ítalo Calvino escutar as suas palavras “deveria
1 Marília Beatriz de Figueiredo Leite é mestre em Comunicação e Semiótica/PUC-SP; pre-sidente da Academia Mato-Grossense de Letras, ocupante da cadeira nº 2.
existir um tempo na vida adulta dedicado a revisitar as leitu-ras mais importantes...”, os volumes com significados que vez por outra apontam uma revisitação ao tema, o reencontro de sons já partilhados ou mesmo o ajuntamento necessário de incrustações, tomos que unem as surpresas que desfila-ram na tarefa hercúlea de JAN ao longo de seu desempenho.
O que afetou a minha leitura foi sem dúvida poder conviver com o coração colocado no texto, mirar a desen-voltura do trabalho amoroso do poeta que lança para o Universo das palavras a sua lavoura poética.
Nada fácil desvendar o discurso do escritor que tem um debruçar sobre as expressões com uma felicidade do simples e ao mesmo tempo o anotar a complexa radio-grafia do organismo das letras. A literatura funcionando como um cofre de relíquias, produzindo o enigma da poé-tica e o encantamento que embala os que leem com calma interior. Impossível ler esta obra sob pressão, a leitura veloz deste trabalho não irá produzir a magia propiciatória que está compreendida aqui. A disposição é desenvolver o pra-zer saboreando cada termo. Cada vocábulo tem suas pecu-liaridades devassadas pela apaixonada grafia/ausculta do arquiteto construtor das maquetes escriturais.
Quando o início investigatório leva para uma provo-cação é porque há o desconhecido. Aqui não é exatamente o oculto, mas o que devagar retorna é o olhar que desabro-cha ícones e índices até então insuspeitos.
Partilho a minha aventura com as especiarias da Cole-ção Banquete de Palavras que percorrem e selam o corpo alfabético com o afetado estilete que escritura a carne da palavra existente/insistente.
A concentração sígnica de João Antônio Neto flui da correnteza que ao longo do seu percurso vital ele colecio-nou: conhecimentos, belezas e proximidade poética com as coisas. A observação demorada, o escrutínio do verbo, a apreciação cuidadosa e amorosa das artes e dos livros dei-xa entrever que este poeta, este escrevinhador, este dese-nhista dos termos é um índice que aponta a riqueza que não é mais dele e sim uma riqueza comum a todos. Esta-mos diante de um escritor que, mais que escrever, desco-bre a competência das palavras. Tal descoberta revela que o homem é não apenas ele mesmo, mas sua composição é estruturalmente sua representação verbal.
Na Coleção Banquete de Palavras é possível sentir a necessidade de colocar para o leitor aquilo que importa na qualificada escritura de João Antônio Neto ou como ele mesmo assina JAN: a tessitura rara das expressões adequa-das.
Afinal o escritor/poeta, devastador/desbastador da coisa pensada e escrita quer criar um desejo > que o lei-tor atravesse sua interpretação. Quem edifica sistemas de interpretações corporifica possibilidades inaugurais. Aí está o inédito. E ao mesmo tempo construindo o ineditis-mo, ele desvela o fazer com o outro em uma recepção amo-rosa.
O tesouro que ora é lançado pode ser lido com sensa-ções que podem fazer vibrar ou voar. JAN é o homem que permite nossos sonhos e nada mais precisa ser, pois já É!
Noite quente em Cuiabá, agosto de 2015
Átrio
“Toutes choses sont dites déjà; mais comme personne n’écoute, il faut toujours recommencer.”Gide
“Sou todo os autores que li.”Jorge Luis Borges
Não sei se digo novidades.Terêncio, também, um século antes de Cristo, escre-
veu que “nada é agora dito, que não tenha sido dito antes”.É que as muitas leituras se vão acumulando na mente
e, no final, não podemos dizer se estamos criando ou repe-tindo coisas alheias.
É o caso daquele fenômeno singular da criptomnésia, em que temos como novo um conhecimento que já pos-suíamos.
Também, não tenho certeza sobre que exato gênero de Literatura é o aqui representado.
Somente de uma coisa estou convencido: não se trata de humorismo ou coisa que o valha.
Parece que o escritor mais antigo a perlustrar esses caminhos foi o poeta romano do primeiro século a.C. Publio Siro, com suas máximas e sentenças espirituosas e vivazes.
Entre nós, existe um notável grupo de autores que cul-tivaram essas experiências (ou ainda as cultivam), como o notável polígrafo Millôr Fernandes, acompanhado de excelentes criadores como Leon Eliachar, Mário Silva Bri-to, Agripino Grieco e o saboroso cronista José Simão.
Fora do Brasil, citaria Pierre Véron, Flaubert, Ramón Gómez de la Serna, Ambrose Bierce e o notável escritor peruano Luis Felipe Angell (Sofocleto) – e vários outros.
Finalmente, aqui, há um pouco de várias coisas: Lite-ratura, História, Ciência, Direito, Religião... pensamentos breves; busca do inédito ou diferente, com alguma ironia e até nonsense – tudo temperado com leveza, talvez não can-sativo e possivelmente agradável de ler.
JAN
A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 71
C . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
D . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 155
E . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 187
F . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 217
G . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 241
H . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 257
I . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 271
J . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 293
L . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 303
M . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 319
N . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 349
O . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 361
P . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 375
Q . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 423
R . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 431
S . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 451
T . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 475
U . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 491
V . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 499
W . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 517
X . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 521
Z . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 525
Revelação das Palavras l 23
ABACAXI m Fruta vítima da linguagem...ABAFAR
1 Providência para encobrir o malfeito...2 Encobrir o indébito
ABAIXO-ASSINADO 1 Convite para assinar, espontaneamente...2 Convidado para assinar voluntariamente...
ABAJUR m Estímulo a intimidades...ABALROAMENTO m Civilidade no trânsito...ABALROAR m Encostar desastradamente...ABANTESMA m Nome que já é um fantasma...ABC
1 As três primeiras estrelas do alfabeto...2 Começo da tagarelice...3 Assembleia das letras...
ABDICAR m Saída espontaneamente forçada...ABDOME m O que às vezes fica “abdomimável!”...ABDUÇÃO m Tentativa dos extraterrestres
para esvaziar a Terra...ABECEDÁRIO m Vinte e seis degraus
para se contemplar o mundo...ABELHA
1 Dona de Casa perita em doces...2 Inventora de trabalho mais doce...
ABELHA MESTRA m Empresária melíflua...ABELHUDO
1 Que procura néctar onde sabe que não há flores...2 Atraído pela doçura das novidades...3 Que acha normal meter-se onde não é chamado
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