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Trabalho de de Faculdade na Cadeira de Impresso 2.
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Capital
capital
TERMELÉTRICADO PECÉM
Investimento milionário
Uma das maiores do estadoFeira de Cascavel
O Lixo que transforma Associação dos Catadores do Jangurussu cria práticas sustentáveis
Ano I - Edição 1 | Dezembro - 2009
Revista
Ceará sempre foi sinônimo de secas, terras quase
estéreis, onde habitam pessoas em que infortúnio sem-
pre lhe foi companheiro de vida. Apesar dessa visão
estereotipada de uma terra infrutífera, o IBGE apontou
que o Ceará foi o Estado que mais cresceu economica-
mente em 2006, com expansão agropecuária de 35,5%
e indústria de 5,3%. Os números podem ser peque-
nos e não assustar, mas na conjuntura, o príncipe do
Nordeste se destacou, vencendo outros 25 unidades
federativas que, no mesmo período, entre problemas
e investimentos, tiveram as mesmas oportunidades - às
vezes, até mais - e não alcançaram o pequeno gigante.
Pode ser que as condições de vida não se compa-
re àquelas vividas nas regiões Sul e Sudeste; pode ser,
também, que os níveis de educação ainda estejam ar-
quejando, lutando para ter expressão significativa, mas
é nesse cenário de tentativas que a marisqueira Maria de
Fátima e a ex-catadora de lixo Iraci ganham a vida. Sem
contar que eventos como a Feira de Cascavel e a Feira de
Emprego e Estágio do Ceará também estimulam o de-
senvolvimento da economia do Estado. É com essas pe-
quenas diferenças que o Ceará mostra seu
potencial, pois, apesar das falhas so-
ciais, consegue-se atingir índices de
desenvolvimento que seus vizinhos
não conseguiram alcançar. É nesse
Estado que a revista Capital se des-
taca, como um periódico que leva
informação a todos, para que nosso
povo tenha orgulho de ser cearense.
Boa Leitura!
João Lira
Dezembro - 2009 | Revista Capital 3
capitalRevista
Ano I - Edição 1 | Dezembro - 2009
Capitalé uma publicação mensal voltada para o público geral - Rua Alemanha , 550 - Vila BetâniaCep 60.740-800 - Fortaleza - CearáFone (85) 3245.3112 www.revistacapital.com.br
Coordenação revista Capital: Fátima Medina Produção Gráfica, Editorial e Diagramação: João Lira Maab Adjanni Irosemberg CarvalhoFotos: Divulgação e arquivo Impressão: Gráfica Pouchain Tiragem: 5.500 exemplaresDistribuição: Gratuita e dirigida
Revista Capital | Dezembro - 20094
Capital
nino no Brasil. O número de mulheres em-
preendedoras cresceu tanto que bateram
os homens na abertura de novos negócios.
Segundo dados do GEM 2007 (Global
Entrepreneurship Monitor), estudo do Se-
brae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro
e Pequenas Empresas) e do IBQP (Instituto
Brasileiro de Qualidade e Produtividade),
apontam que, pela primeira vez, 52,4% dos
novos negócios (com até 42 meses de cria-
ção) estão sob controle de mãos femininas.
A pesquisa aponta um grande salto
da presença das mulheres na população
empreendedora do país e caracteriza
uma mudança histórica, já que os homens
sempre lideraram o ranking. Em 2007, de
cada 100 brasileiras, aproximadamente
13 estavam envolvidas em atividades em-
presariais e destas, mais da metade está
a frente de negócios próprios. Estes índi-
ces colocaram o Brasil na sétima posição
do ranking mundial de empreendedoras,
composto por 42 países, com 7,7 milhões
de mulheres à frente de negócios.
ro lugar Aline e sua
equipe foram con-
quistando cada vez
mais fregueses. Todos
os funcionários foram
treinados e capaci-
tados para atender
todas as necessida-
des da clientela. “Ca-
pacitamos três fun-
cionários vindos de
uma favela que não
possuíam conhecimento na área”. “O nosso
sucesso se deu apenas pelo bom trabalho e
honestidade. Nunca fizemos propaganda na
mídia, nossa principal divulgação foi o boca-
a-boca”, ressalta Aline.
A empresária diz que quando se come-
ça um negócio próprio umas das principais
atitudes é sempre pensar em ser grande, ter
ambição e buscar crescer, mesmo que no
começo não se tenha muito lucro. “Todo o
dinheiro que entrava eu investia na própria
empresa. Eu me segurava para não comprar
nada, porque sabia que se investisse aque-
le dinheiro, eu teria retorno”. E foi
o que aconteceu.
Hoje, Aline tem uma sócia
e dois grandes salões de be-
leza muito bem freqüentados
no bairro da Água Fria em For-
taleza e já planeja a instalação
de mais um salão.
Aline Cunha faz parte da
força do empreendedorismo femi-
Ela começou no setor de administração
de um salão de beleza e após um ano viu que
o que realmente queria era administrar o seu
próprio negócio, seu próprio salão de beleza.
Com um marido ganhando apenas um
salário mínimo e dois filhos para criar ela
precisava dar um rumo certo em sua vida.
“Todos os dias de manhã em que eu dei-
xava meus filhos no colégio eu sabia que
eu tinha que sair pra vencer”.
Com muita visão e fé Aline Cunha provou
que determinação e muito esforço são capa-
zes de transformar vidas.
Ao ter contato com o mundo da estética,
Aline resolveu aprender tudo o que podia, e
fazer daquilo o seu meio de vida. Logo após
sair da empresa em que trabalhava Aline mon-
tou um pequeno salão na garagem de sua
casa. “Quatro meses, foi o tempo suficiente
para sair da garagem da minha casa, e alugar
meu primeiro ponto. Trabalhei sozinha por
três meses e depois disso contratei uma ma-
nicure, uma depiladora e uma recepcionista”.
Colocando o cliente sempre em primei-
ser grandeÉ preciso querer
Uma história de sucesso no empreendedorismo feminino.
Empreendimento da empresária Aline Cunha
Aline Cunha e sua equipe
Por Paula Belelli e Marcos Mendes
Capital
Revista Capital | Dezembro - 20096
Capital
Revista Capital | Dezembro - 20096
volvimento do seu projeto. Com isso, foi possível ter uma idéia de quais os tipos de negócios já existiam na comunidade.
O apoio possibilita a concessão de crédito para 47 empreendedores, selecio-nados entre 150 inscritos, sendo 80% loca-lizados no próprio Lagamar. Os negócios já em funcionamento se dividem entre as áreas de alimentação (11), confecção (11), comércio (11), estética e beleza (9) e de serviços (5). Essa linha de crédi-to, explica Renata Melo, foi dividida em duas eta-pas: uma para quem solicitasse o em-préstimo de até R$ 1 mil e outra para quem quisesse
ria (Senaes) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). Os R$ 88 mil usados para o desenvolvimento do projeto é prove-niente do lucro excedente do BNB, finan-ciado pela Senaes. Esse recurso foi distri-buído entre os participantes do projeto, para a compra de equipamentos, reforma do local, compra de matéria prima e con-tratação de terceiros. Todo o dinheiro é emprestado a fundo perdido retornando, dessa forma, para a população. “Assim, a comunidade tem autonomia para ter um fundo de um valor considerável que pos-sa ser utilizados em ações para apropria comunidade”, explica a Psicóloga Renata Melo, coordenadora do Eixo de Trabalho e Renda da fundação.
O projeto se caracteriza como uma li-nha de crédito. No entanto, como explica a coordenadora, “o Teia Solidária se dife-rencia pelo seu cunho social”. Diferente dos programas de crédito convencional, no programa os empreendedores não têm restrições que os impedissem de parti-cipar. As propostas de negócios foram avaliadas de acordo com sua viabilidade econômica e pelo desempenho do em-preendedor no curso onde foram elabo-rados os planos de negócios. Renata Melo explica que após a seleção, foi realizado um treinamento onde foi feito o desenvol-vimento de empreendedorismo, elabora-ção de planos de negócios, elaboração de orçamentos financeiros, identificação da demanda do negócio e todas as necessi-dades que cada um possuía para o desen-
Discretamente localizada em uma rua estreita do Lagamar, em Fortaleza, a Fun-dação Marcos de Bruin se apresenta como uma condutora do desenvolvimento so-cial e econômica do bairro. Implantando o projeto “Teia Solidária”, o grupo de pro-fissionais foi capaz de colocar em prática um programa que elevou o crescimento da economia local e, consequentemente, a manutenção no social dessa região es-quecida da cidade.
Localizado próximo a uma área nobre de Fortaleza, com impacto direto na espe-culação imobiliária, o Lagamar é marcado pela falta de políticas públicas, sobretudo por conta de sua posição geográfica, onde o mesmo bairro é dividido e atendido por duas regionais: SER II e SER VI. Com uma população média de 12 mil habitantes, morando em 2,4 mil domicílios – segundo senso realizado pela Fundação Marcos de Bruin em 2006 – a economia do local vai ganhando maior importância para a po-pulação a partir do projeto implantado para proporcionar o amadurecimento dos negócios já existentes e implantar novos comércios, diversificando o meio de sub-sistência dessa população.
O projeto Teia Solidária foi apresenta-do ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB) para que fosse criado um Fundo Rotativo Solidário urbano, tendo início em agosto de 2008. Os recursos vêm do Programa de Apoio a Projetos Produtivos Solidários, que é fruto de um convênio assinado com a Secretaria Nacional de Economia Solidá-
Uma teia de desenvolvimento
Por Marcio Dornelles Rômulo Luna
Tássia Mesquita
O projeto Teia Solidária, implantado no Lagamar, trouxe ensinamentos e desenvolvimento econômico para os empreendedores da região. Com o dinheiro do programa, foi possível construir um fundo de crédito para os comer-ciantes do bairro, preservando princípios e valores da economia solidária.
ter uma linha de até R$ 3 mil. “A pessoa teve a autonomia de escolher quanto o seu negócio precisaria para funcionar. A gen-
Dezembro - 2009 | Revista Capital 7
Capital
Dezembro - 2009 | Revista Capital 7
te não interferiu em nada, com relação a isso. Os empreendedores são com-pletamente autônomos”, detalha. Esses empréstimos são pagos em 12 meses, com quatro meses de carência e sem juros. Nesta devolução, apenas 80% fica com a fundação. Os outros 20% fi-cam com o próprio empreendedor.
A coordenadora ainda explica que os participantes passaram por oficinas de capacitação para que pudessem gerir melhor os seus negócios, uma oficina de marketing, para que a divulgação fosse fei-ta de forma mais produtiva, além de uma oficina de gestão financeira.
A implementação dos negócios tam-bém acontece de forma diferenciada. Se em um empréstimo normal de banco os atendidos resgatam o dinheiro e o aplicam da forma como querem, no Teia Solidária, toda a compra de material e aplicação do dinheiro é feito sob a coordenação de um técnico para que os recursos não sejam usados de forma desordenada.
A coordenadora informa que, com a ação do projeto, os empreendimen-
tos rendem uma média de um a dois salários mínimos para cada
proprietário, já que se trata de pequenos negócios.
Uma das atendidas pelo programa é Elba Ferreira da Paz Tomás, 33, dona de um salão de beleza. Com o negócio fun-
cionando há mais de 10 anos no bairro, somente com a ajuda do
projeto foi possível dar uma alavan-cada no empreendimento. Elba pegou o
empréstimo de R$ 2,4 mil do projeto Teia Solidária e aplicou na reforma do prédio, na compra de equipamentos, na produ-ção de banners para as promoções e na publicidade do salão. Com a ajuda do programa, a renda mensal de Elba teve um aumento de 40%. “Antes, eu não conseguia ver dinheiro no caixa, depois de um dia ou semana de trabalho. Agora,
pequeno espaço e para a compra da mer-cadoria que está sendo vendida. “Por en-quanto, aplico na loja todo o dinheiro que ganho com as vendas. Só tiro o dinheiro do pagamento do empréstimo”, afirma. A comerciante lucra, em média, R$ 300 com as vendas, dinheiro esse que, segundo ela, não seria possível ganhar com o outro ne-gócio de venda de frutas. Ela comemora o seu sucesso e o dos outros companheiros que também participaram do programa. “Olha, eu posso garantir que todos os em-preendedores que receberam o dinheiro e as aulas do programa estão bem melho-res do que antes. E agora, como surgiram outros tipos de vendas, as pessoas têm mais opção para comprar”, ressalta.
Essa primeira fase do projeto encer-ra em dezembro de 2009. No entanto, como Renata Melo explica, esses recursos retornam para a fundação que os aplicará em uma nova etapa do programa. Agora, a comunidade tem uma linha de crédito mais fácil para o desenvolvimento do co-mércio local. O foco do trabalho é resga-tar e incentivar o poder empreendedor da população local para que assim possam desenvolver pelas suas mãos a condição econômica do bairro. E esse desenvolvi-mento acarreta em mudanças sociais de uma comunidade que sobrevive só.
eu já consigo ver alguma reserva de um dia para outro”, se orgulha a cabeleireira. Em seu salão, Elba consegue faturar líqui-do R$ 1 mil por mês. “Eu senti muita di-ferença depois que eu peguei o dinheiro da fundação. Mas o curso que a gente fez, apesar de ter sido muito rápido, foi muito importante para que eu pudesse aprimo-rar as minhas técnicas de negócios. A par-te de atendimento ao cliente está sendo tudo aplicado”, afirma Elba, que, enquan-to faz escova no cabelo de uma cliente, outra aguarda a sua vez sentada em uma cadeira acolchoada.
Em um espaço de pouco mais de cin-co metros quadrados, cerca de três quar-teirões depois do salão de Elba, encontra-se a lojinha de decoração para festa de aniversário, objetos descartáveis e mate-riais de papelaria, de Lucia Leuda Adria-no, 41. Moradora do Lagamar há 20 anos, ela foi uma das que deu início ao negócio após o surgimento do Teia Solidária. “An-tes eu vendia frutas e verduras, mas não dava não. Com o Teia (Solidária) eu mon-tei essa minha lojinha e vivo bem melhor. Comecei com descartáveis e papelaria. Só que agora, a procura por artigos de festi-nha está aumentando. Por isso, estou in-vestindo nisso”, explica. Leuda pegou um empréstimo de R$ 2,7 mil para reformar o
Elba exibe com orgulho o Certificado
Revista Capital | Dezembro - 20098
Capital
para ser vista, mas logo essa vida harmônica se explica e aponta um tempo em que não haverá preocupações ambientais ou sociais, simplesmente porque atitudes coletivas já farão parte do cotidiano. Ali, apenas por es-colha se divide a vida. Sobre uma postura deliberada de resistência ao sistema eco-nômico e social, Zé Albano ri: “Não, eu sou assim porque gosto. Sou Anarquista!”
Espalhados pelo mundo, projetos so-ciais, como a Comunidade Sabiaguaba, desenvolvem-se, normalmente, em áreas arborizadas com espaço para lazer e são, em geral, registrados em nome de toda a comunidade. Constituem-se por um gru-po de pessoas não muito grande, o que, de acordo com o site da Rede Brasileira de Ecovilas, “evita aglomerações desumanas, a exemplo das grandes cidades que co-nhecemos”. Podem ser identificados como Ecovilas, Cooperativas, Associações, Focos ou Pólos Comunitários, Cidades ou Aldeias Alternativas, Casas de Encontros, Chácaras, Mosteiros, Monastério, Ciganos, Nômades, Circenses, Religiosos, Educacionais, Agríco-las, entre outros, mas são sempre alternativas ao sistema vigente.
Após vidas de escravidão na antiguida-de e relações servis no feudalismo, a socie-dade continua num processo de transforma-ções e crises econômicas, hoje analisadas sob dados já bastante confiáveis.
O IV Relatório do Painel Intergoverna-mental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), publicado em 2007, revela que “o aquecimento do sistema climático é inequívoco, se tornou evidente a partir de
que vivem ao redor do terreno.
Os chamados Albanitos, cerca de 50 meninos, freqüentam a comunidade e utilizam materiais, “do martelo à internet”, com os quais se divertem e criam arte. Assim se dá um projeto permanente de arte-educação no qual os moradores tam-bém orientam as crianças, da escola até aspectos pessoais, às vezes simplesmen-te através de uma conversa.
É Zé Albano quem conta. E fala também da atividade fotográfica realizada junto aos garotos, chamada “Foto-terapia”. “Eles se sentem valorizados com o auto-reconheci-mento proporcionado pela fotografia”, ob-serva o fotógrafo. Outro projeto da comuni-dade é a difusão e utilização de fogão solar em caixa de papelão. “Você pode deixar a comida pela manhã e sair sem se preocupar com horário. Esse tipo de fogão não queima e a comida fica muito mais gostosa. E ainda é barato, caixa de papelão se encontra de graça em qualquer lugar”, lembra Albano.
Infelizmente não foi possível saborear a culinária no fogão solar. Mais tarde, Zé Al-bano preparou, no habitual fogão a gás, um tradicional pão indiano, o chapati. Servido banhado no mel, com chá e suco sem açú-car ou qualquer adoçante artificial, o lanche causa estranhamento, mas logo a vontade é de experimentar mais.
E a comunidade toda é assim: a difícil adaptação a tanta naturalidade logo é supe-rada e a vontade é de ficar, conhecer, viver mais. O primeiro passo na Comunidade Sa-biaguaba parece um crime contra alguma planta ou qualquer criatura pequena demais
A Rua Mar Del Plata pede atenção. Mes-mo com luz elétrica, telefone, água, correio e coleta de lixo, ainda é uma pequena estrada de areia onde a entrada passaria desperce-bida, não fosse a placa acima do “portal” indicando o lugar: Comunidade Sabiagua-ba. Através da passagem, segue um túnel de plantas silvestres formado sobre uma trilha natural, fruto do processo de respeito do ambiente ao tráfego constante dos mo-radores. Nenhuma planta foi cultivada, de-correm de um reflorestamento espontâneo, num processo de respeito do ser humano à natureza. Algumas, com mais de 30 anos, contam a história da comunidade.
Foi em 1975. Um casal de noivos encon-trou a morada que desejava: longe da área urbana e de vizinhos indesejáveis. Regina Lima era enfermeira obstetra. José Albano, formado em letras e fotógrafo, sobrevoava o litoral a tra-balho quando avistou a área há poucos qui-lômetros da praia. O terreno completamente desmatado foi comprado com a ajuda da mãe dela, ficando cerca de cinco mil metros quadrados para o casal. Daí nasceu, sem pre-tensão, a Comunidade Sabiaguaba, em uma área ainda hoje rural, e pouco habitada.
Percorrendo aquela trilha, em casas de taipa, com os fundos voltados para a rua e a frente para o quintal, habita o pensamento: “se quiser ser universal, cante sua aldeia”. Ne-las, cada morador possui privacidade, mas a consciência coletiva compõe a comunida-de. O fotógrafo Zé Albano, o cineasta Alan, o músico Del, a professora Cristina e o artista performático Gal, vivem no mesmo terreno sem muros separando suas casas, e nele dis-ponibilizam um campinho para as crianças
Novo sonho de feliz cidade
Comunidades alternativas transformam núcleos urbanos em busca de qualidade de vida
Revista Capital | Dezembro - 20098
Por Candice Machado
Dezembro - 2009 | Revista Capital 9
observações do aumento das temperatu-ras médias globais do ar e dos oceanos, derretimento generalizado da neve e do gelo, e a elevação global do nível médio do mar”. (ver quadro). Nicholas Stern, que foi economista-chefe do Banco Mundial, em relatório encomendado pelo governo de Tony Blair, ex primeiro ministro britâ-nico, diz que “As nossas ações nas pró-ximas décadas poderiam criar riscos de ampla desarticulação da atividade eco-nômica e social, mais tarde neste século e no próximo, numa escala semelhante à que está associada com as grandes guer-ras e a depressão econômica da primeira metade do século 20. E será difícil ou im-possível reverter estas mudanças”. Seu re-latório ainda aponta a mudança climática como “um desafio único à ciência econô-mica: trata-se da maior e mais abrangente falência do mercado já vista”. Em 2005, a ONU realizou um balanço da situação econômica do planeta e o resultado foi o artigo The Inequality Predicament: report on the world social situation 2005, onde “as análises dos padrões de desigualdade sugerem que a desigualdade de renda e consumo entre países se manteve relativa-mente estável durante os últimos 50 anos”, dado que decepciona, se considerarmos os imensos avanços tecnológicos dispo-níveis neste período.
De fato, o mundo atravessa uma revolu-ção tecnológica, mas essas inovações ainda não se mostram suficientes para um amplo desenvolvimento social. Sobre isso, Joseph Stiglitz - ex-economista chefe da Casa Bran-ca e do Banco Mundial e ganhador do prê-mio Nobel de Economia 2001- diz, em ar-tigo publicado na revista New Scientist, em 2006, que “o receio é que o foco nos lucros para as corporações ricas represente uma sentença de morte para os muito pobres no mundo em desenvolvimento.” Buscar razões para as sucessivas crises sociais é uma tarefa que ainda cria muitas divergências entre es-pecialistas. Cabe muita discussão sobre e o resultado é a impressão de que não existe nenhuma boa resposta à vista e que talvez
a crise seja o preço do atual sistema social.
Nesse cenário, os projetos socialmen-te inovadores ganham força. No Brasil, a Associação Brasileira de Comunidades Alternativas (ABRASCA), porta-voz das organizações sociais inovadoras, tem a finalidade de “catalogar as comunidades, editar boletins, enviar sementes orgâni-cas, promover eventos e divulgar o mo-vimento de comunidades no Brasil”, diz Marcelo Bueno, membro da associação. Anualmente a ABRASCA promove o En-contro Nacional de Comunidades Alter-nativas (ENCA), onde cada comunidade integrante da rede compartilha experiên-cias, realizações e desafios. Nas repre-sentações regionais da entidade, tam-bém são realizados encontros abertos ao público, durante a primeira noite de lua cheia de cada mês. No Ceará, os encon-tros regionais acontecem na Comunidade de Sabiaguaba. Zé Albano diz que a lua garante uma festa clara, geralmente ilumi-nada apenas por fogueiras, ao redor da qual há trocas de conhecimentos e infor-mações da cultura alternativa, discussões de assuntos do momento, apresentações de arte, venda de artesanatos, mantras e distribuição de pão e chá aos presentes.
A ABRASCA já possui cerca de 30 repre-sentações regionais distribuídas pelo país, mas não é fácil implementar um projeto de inovação social. No site da Rede Brasilei-ra de Ecovilas encontramos algumas dicas estruturais, legais e também cotidianas. De acordo com o site, a maior dificuldade está na adaptação ao novo sistema, que propõe uma transformação radical no ser humano, na sociedade, na política e na economia: “A adaptação à nova vida... causa um impacto, tanto para quem vai, quanto para quem fica; e os aspectos familiares pesam, pois surge uma nova família para aquele que optou por essa nova maneira de viver”. Mas a experi-ência de muitos comprova que é possível construir esse “sonho de feliz cidade”. E os dados econômicos exigem que apren-damos depressa a chamá-lo de realidade. Como bem diz Caetano.
A partir de 2007, o Painel Intergover-namental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) se tornou uma das referências mais citadas nas discussões sobre mudança climática. O órgão da Organização das Nações Unidas divulgou quatro capítulos que, juntos, formam um relatório com-pleto sobre o aquecimento global hoje.
O grupo foi criado em 1988, mas a reunião de 2007 gerou grande reper-cussão, pois pela primeira vez os cientis-tas reunidos demonstraram confiança em que a mudança climática se deve à ação humana, sobretudo através da emissão de gases como o dióxido de car-bono (CO2), óxido nitroso (N2O) e me-tano (Ch4), que causam o efeito estufa.
O IPCC concluiu ainda que a ação humana é provavelmente a maior res-ponsável pelo aquecimento global nos últimos 50 anos, e que os efeitos desta in-fluência se estendem a outros aspectos do clima, como elevação da temperatu-ra dos oceanos, variações extremas de temperatura e até padrões dos ventos.
O IPCC alerta que entre 10% e 25% da Floresta Amazônia poderá desaparecer até 2080. Há riscos também para o Nor-deste brasileiro. Até 75% de suas fontes de água podem desaparecer até 2050.
IPCC E SUAS CONCLUSÕES
Dezembro - 2009 | Revista Capital 9
Revista Capital | Dezembro - 200910
Capital
Revista Capital | Dezembro - 200910
Para o diretor da Casa do Menor, Edilberto
Moreira, o intuito é essa divisão que engrande-
ce os dois lados, vai além da economia solidá-
ria. “Desta forma temos o ganho social, a em-
presa participa e ganha o respaldo de trabalhar
com uma entidade séria, e mais credibilidade
perante a sociedade. Os jovens ganham um
novo conceito de vida, um novo emprego,
uma nova vida”. Outro fator importante citado
por Edilberto é a questão da sustentabilidade.
“Nós recebemos muitas doações, e todas elas
são bem vindas. Essa nova parceria com a Santa
Fiora, e com outras que já estão com a gente,
nos possibilita dar os nossos passos com as
próprias pernas e continuar o nosso trabalho
para que mais jovens da nossa comunidade
possam se recuperar”.
João Bosco Santana, proprietário da Santa
Fiora, conta que fica feliz e realizado em po-
der contribuir com a sociedade. “A minha em-
presa ganha muito mais. Não é só a marca que
passa ter notoriedade e ampliação de novos
horizontes no mercado. Esses jovens são uns
vencedores ou precisam vencer, e para isso
precisam de um apoio, de uma primeira chan-
ce. Me faz bem fazer o bem, e quero
expandir essa idéia para que outros
possam também repartir dessa
comunhão solidária.”
dam comunidades em periferias e ONGs
de outros os estados brasileiros.
Forte Parceria
Há pouco tempo, a Casa do Menor São
Miguel Arcanjo ganhou mais uma parceira, o
atelier Santa Fiora, que possui sua loja de fá-
brica instalada em Igarassu, a 30 km da capital
pernambucana. A empresa trabalha há mais de
dez anos na fabricação de bolsas a partir do
reaproveitamento de materiais, como lona e
pedaços de couro. Conscientização de reapro-
veitamento para ajudar o planeta, que ganhou
mais um reforço de boas ações; ajudar pessoas.
Com as parcerias, Chiera pretende oferecer
oportunidades para que os beneficiados pela
Casa do Menor possam ganhar um mundo
com novas perspectivas. Os jovens da Institui-
ção do Padre Renato fazem parte desse projeto
de mútua parceria, que criou mais um núcleo
produtor para a empresa. Com ele, a Santa Fiora
pôde investir na capacitação desses jovens, e
um curso com duração de um ano prepara no-
vos profissionais para o artesanato e confecção
de bolsas do corte a montagem.
Uma casa que abriga compaixão para o
com próximo. Assim podemos definir a Casa
do Menor São Miguel Arcanjo, instituição filan-
trópica que surgiu há mais de 20 anos no Rio
de Janeiro, quando um menino de rua chama-
do “Pirata” procurou o Padre Renato Chiera em
sua casa. O envolvimento com drogas havia
afastado o menino de casa, ganhando um lar
provisório sob os cuidados de Chiera, mas não
durou muito. “Pirata teve um pesadelo em que
via seu próprio assassinato”, conta o padre. O
pesadelo se tornaria realidade horas depois,
quando, ao voltar para sua casa, Chiera o en-
controu morto a tiros na porta da sua residência.
Fato triste, realidade cruel. Isso fez
com que o padre tomasse a iniciativa de
recuperar jovens e crianças dependentes
químicos, excluídos por suas famílias, e
moradores de rua e que vivem na condi-
ção de total vulnerabilidade. Hoje, a Casa
do Menor São Miguel Arcanjo possui várias
extensões espalhadas pelo país; uma em
Fortaleza e três no estado do Rio de Ja-
neiro, nas cidades de Teresópolis, Tinguá,
Guapimirim,e também nos estados de Ala-
goas e Pernambuco, criando parcerias com
instituições privadas voltadas para a
economia de solidária que aju-
Um larde esperança
A Casa do Menor São Miguel Arcanjo une força e mais parceria de empresas privadas para favorecer jovens e comunidade em Fortaleza”
Um amplo espaço na Casa do Menor possibilita que muitos jovens possam ter a oportunidade de ganhar uma profissão e ganhar novas perspectivas de vida.
Por Flávio Brasil e Francisco Romulo
Dezembro - 2009 | Revista Capital 11
Capital
Crédito amigoPrograma de microcrédito estimula crescimento da economia cearense
Marcos Oliveira, técnico do programa Crediamigo do BNB
Por Tarcisio Filho e Renata Paiva
Revista Capital | Dezembro - 200912
Capital
o único a vender
artigos de couro,
e diz que a com-
petição é válida.
“Não vejo como
problema muitas
barracas com o
mesmo produ-
to, é bom para
o cliente, vende
mais quem tem o
melhor produto e
melhor atendimento”.
A feira de Cascavel não é a fonte
de renda apenas para os cascavelen-
ses. Muitos feirantes vêm de outras
cidades, como José da Silva, que sai
de Pacajus todos os sábados para
vender peixes. “É vendendo esses
peixes que tiro o sustento da família.
Já cheguei a vender até dez mil qui-
los de peixe”, conta.
Antonia Moreira é outra feirante que
sai da sua cidade para vender suas peças
de artesanato feitas de palha de carnaúba
e búzios. Há 30 anos, ela sai de Araca-
ti para vender na Feira de Cascavel e diz
que não pretende parar. Para ela, produ-
zir suas peças é mais que uma forma de
renda, é um passatempo: “Quando estou
fazendo as peças todo meu stress vai em-
bora, gosto muito do que faço”.
O artesanato de barro também está
presente na feira do município. É da lo-
calidade de Moita Redonda que mora
a maioria dos artesãos, e cerca de trinta
famílias sobrevivem da confecção desses
artigos. Walter da Silva trabalha há 35 anos
com a arte de moldar o barro, e, assim
como José de Lima, outro artesão, diz
que gosta muito do que faz e não saberia
fazer outra coisa. “Quando não ‘tô traba-
lhando, fico triste, fico sem rumo”.
Na feira, os verdureiros também mar-
cam presença. Há sete anos, Lindomar
Bezerra acorda às duas horas da manhã de
sábado para arrumar toda sua mercadoria
à espera de seus fregueses. “Gosto muito
dos meus clientes e é por eles que acordo
cedo sem reclamar”, revela Lindomar, que
sorri e aponta para duas senhoras. “Minhas
freguesas”, conta ele com orgulho. Quanto
ao faturamento, Lindomar diz que é no co-
meço do mês que o faturamento aumen-
ta, graças ao pagamento das empresas do
município e também dos aposentados.
Há 60 quilômetros da capital cearen-
se, belas praias como Caponga, Balbino e
Águas Belas atraem visitantes o ano intei-
ro. Nos fins de semana, porém, a grande
atração da cidade de Cascavel, cidade do
litoral leste, é a feira livre da cidade, que
acontece todos os sábados pela manhã.
Conhecida popularmente apenas como a
“Feira de Cascavel”, os responsáveis pre-
param a tradicional Feira de São Bento
todas as noites de sexta-feira, quando as
barraquinhas são montadas nas principais
ruas do centro da cidade.
Quando o sábado amanhece, jun-
to vem o colorido das barraquinhas, que
ocupam uma área de quatro quarteirões.
É preciso ter resistência e disposição para
percorrer todo o labirinto feito pelas cente-
nas de estandes, pois o vai-e-vem dos fre-
quentadores, o calor das lonas pretas que
cobrem as barracas e o grito dos feirantes
tornam o cenário bastante exaustivo para
os fregueses, que, apesar da intensa mo-
vimentação, só abandonam o local após
terem feito todas as compras necessárias.
O Centro de Abastecimento do
município também faz parte da feira.
É nesse espaço que ficam os vende-
dores de farinha, rapadura e artigo de
couro. O feirante Francisco José, que
trabalha no mercado há sete anos,
acorda todos os dias às 4 da manhã,
para chegar na hora certa e não per-
der nenhum cliente. Francisco não é
Feira livre é umdos atrativos de Cascavel
O município dá espaço para uma das maiores feiras do Estado, que atrai vendedores e fregueses de várias cidades do Ceará
Produtos de artesanato estão à venda nas barracas da feira
Por Por Jucélia de Castro e Gleydson Silva
Dezembro - 2009 | Revista Capital 13
Capital
Segundo o secretário de Infraestrutura
do município, José Afonso, a Feira de Cas-
cavel passará por transformações em breve.
Entre as mudanças, todas as barraquinhas
serão padronizadas para garantir melhores
condições de trabalho ao feirante e facilitar o
fluxo dos fregueses entre as barracas. Afonso
explica também que a secretaria tem como
prioridade a limpeza de todo o espaço ocu-
pado pelos feirantes, já que, após o final de
cada feira, muitos são os detritos abandona-
dos nas ruas tanto por consumidores como
pelos vendedores. “Manter a cidade limpa é
essencial, principalmente a feira, tanto pela
higiene quanto para a aparência geral”.
De frutas a peças de bicicleta, certamente
se encontra uma grande variedade de pro-
dutos na Feira livre de Cascavel. A diversida-
de de objetos à venda enche os olhos de
qualquer freguês, movimenta a economia
da cidade e preenche a vida de muitas
pessoas. Tantos são os benefícios da feira
para Dona Raimundinha da Silva, que ven-
de produtos para cozinha há 15 anos, que
ela revela que não pretende deixar de tra-
balhar, apesar do cansaço. “Só saio daqui
quando Deus me levar”, comenta.
Vista aérea da Feira de Cascavel
Dezembro - 2009 | Revista Capital 15
Capital
parcela da população da capital, a qual se
instalou em vários dos empreendimentos
construídos, entre eles, na nova versão do
Alphaville. Paulo Angelim, diretor da Viva
Imóveis, revela sua opinião: “A verdade é
que o Eusébio só se desenvolveu depois
que surgiu a febre por condomínios fecha-
dos de casas no Passaré e Água fria. As famí-
lias queriam casas com grandes áreas para
o lazer. Com a duplicação da Washington
Soares e a conclusão desta demanda, elas
viram que o Eusébio seria ideal para melhor
atendê-las porque o espaço seria maior de-
vido ao terreno ser mais barato”.
Para Marcus Peixoto, jornalista e resi-
dente do Eusébio há 16 anos, o municí-
pio ainda tem muito que melhorar e vá-
rios ações a serem feitas. “A melhoria do
sistema de transporte urbano, instalação
de faculdades e centros de tecnologia,
assim como ampliação das atividades de
lazer e entretenimento são fatores que
ainda deixam a desejar”, completa.
no do Estado com a
Prefeitura Municipal
do Eusébio, cur-
sos de capacitação
estão sendo ofere-
cidos aos seus ha-
bitantes, qualifican-
do-os ao mercado
de trabalho que se
inicia na cidade.
Camila Campina, 22,
e Francisco Robson,
18, conseguiram tra-
balho ao concluírem os cursos. Camila de-
clarou “Fiz o curso de excelência em aten-
dimento em Call Center no final de 2005.
Em agosto do ano seguinte, fui contratada
para trabalhar como operadora de marke-
ting”. Já Francisco Robson, que aprendeu
o ofício de auxiliar de garçom, completa:
“Foi muito fácil arranjar um emprego depois
do curso. Estou trabalhando somente aos
finais de semana porque estou concluindo
o Ensino Médio, mas, quando terminar, vou
trabalhar direto no mesmo restaurante”.
No mesmo período de dez anos, o
crescimento demográfico do município foi
de quase dez mil pessoas. Para suprir a de-
manda de moradias, houve grande investi-
mento no mercado imobiliário, construindo
condomínios para vários públicos. Clima
agradável, área verde e preço por metro
quadrado convidativo foram os motivos
que contribuíram para o seu crescimento.
Os edifícios de luxo, além de proporciona-
rem uma valorização da área, atraíram uma
Atrair indústria e, ao mesmo tempo,
observar um elevado crescimento imobi-
liário em uma mesma área pode ser algo
bastante contraditório, mas essa realida-
de está presente mais perto do que se
imagina. Eusébio, localizado na região
metropolitana de Fortaleza, conseguiu
nos últimos 10 anos, usando subsídios
de diversos programas de incentivo do
governo, unir as qualidades de uma boa
moradia e o investimento empresarial.
Através do Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC), associado ao Pla-
no Estratégico de Desenvolvimento Sus-
tentável do Nordeste (PNDE), o município
está se desenvolvendo economicamente
devido ao surgimento de indústrias e ao
mercado imobiliário. Nesse período, 71
empresas foram atraídas para o Eusébio,
gerando 1.975 empregos diretos.
Marcelo Raulino, assessor de imprensa
do prefeito Acilon Gonçalves, explica que
o desenvolvimento acelerado de indústrias
ocorreu por causa da política de incentivos
fiscais. “A Prefeitura dá isenção e desconto
de impostos, além do benefício geral da
cobrança do Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza, o ISS, que é de apenas
2% sobre o valor do serviço. Além disso,
oferece a isenção do IPTU e alvará, ambos
por dez anos. As empresas que não tiverem
terrenos também podem conseguir galpões
próprios da Prefeitura ou mesmo alugar de
particulares”, comenta.
Com isso, através da parceria do Gover-
Eusébioem mudança
Por Eliane Picanço e Rebeca Aguiar
Incentivos do governo e a busca por melhor moradia alavancaram o desenvolvimento do Eusébio nos últimos anos, sem criar disputa de espaço entre indústria e o mercado imobiliário
Linha de produção da Microsol, uma das empresas instaladas no Eusébio
Revista Capital | Dezembro - 200916
Capital
A Barra do Ceará, um dos desti-
nos mais freqüentes do turismo sexu-
al em Fortaleza, tem, há quase vinte
anos, uma Associação que luta pelos
direitos de meninas que acabaram
caindo no mundo da prostituição e
vivem de algumas meninas em situa-
ção de risco social.
O CCMMV - Centro de Convivên-
cia Maria Mãe da Vida - faz parte da
AMMV (Associação Maria Mãe da Vida)
e tenta tirar do mundo das drogas e
da prostituição centenas de meninas,
oferecendo cursos profissionalizantes,
acompanhamento ginecológico, odon-
tológico, psicológico, oficinas, comi-
da e o mais importante, esperança. A
instituição também recebe incentivo
de outros Projetos Sociais, de poucos
voluntários e sócios e das missionárias
Camilianas, ligadas a prática da medici-
na, assim como o fundador do Projeto,
Pe. Adolfo, também Camiliano.
A AMMV abraçou uma parceria que
o SINE/IDT iniciou com a Escola HDO
para realizar Oficinas de Orientação
Profissional e Emissão de Carteiras Pro-
fissionais, o que começou como uma
grande mudança, pois muitas dessas
jovens sequer tinham documentação
por não saberem ler e escrever. Em
2008, com a transferência da colabo-
radora Valdiene Maria Andrade, houve
uma ampliação desse projeto com a
criação de uma célula de monitoramen-
to e acompanhamento profissional, in-
clusive e nas comunidades vizinhas
que necessitavam de uma oportunida-
membros do SINE, mostraram que es-
tão satisfeitas, pois reduziram o custo
com transporte e o índice de atrasos
no início do expediente caiu para pra-
ticamente zero, devido à proximidade
da moradia. Na escola, fechou-se uma
parceria com algumas empresas con-
tratantes de estagiários e jovens parti-
cipantes do Programa Jovem Aprendiz,
onde muitas vezes são eles que, duran-
te um período, sustentam suas famí-
lias. A partir daí, começou uma busca
por cursos profissionalizantes a serem
ministrados tanto dentro da escola,
como em Associações Comunitárias
que dispunham de espaço físico para
execução dos mesmos. Foi aí que essas
parcerias criaram mais força, pois sem-
pre que se finalizava algum curso essa
equipe solicitava a indicação daqueles
alunos que tinham maior destaque para
uma vaga no mercado local. Também
foi fechada uma parceria com a empre-
sa Microsoft para a disponibilização de
softwares para a realização de cursos
de informática, tanto o Básico, como o
Avançado e cursos específicos de Lin-
guagem de Programação com estágio
supervisionado, dentro desses cursos
já temos cerca de 70 alunos no merca-
do de trabalho, uns ainda estagiando
e outros já fazendo parte do quadro
efetivo da empresa. Assim sendo, foi
criado um banco de dados para traba-
lhadores e empresas, ficando mais fácil
Solidariedade e desenvolvimento na Barra do Ceará
Projetos locais estimulam emprego e aprendizado para jovens que entraram para a prostituição
de no mercado de trabalho. Foi Val-
diene quem desenvolveu pesquisas
no comércio e nas indústrias locais, no
intuito de alocar trabalhadores desem-
pregados e de fechar parcerias com
empresas para que as mesmas abrissem
suas portas para essa mão-de-obra. As
pesquisas realizadas pelo projeto mos-
traram a necessidade de que houvesse
algum tipo de qualificação para que as
empresas pudessem efetuar as contra-
tações e, principalmente, os emprega-
dores pudessem manter seus trabalha-
dores em atividade.
Empresas que contrataram funcio-
nários da área, através de visitas dos
Por Fábio Marcílio Gouveia
Dezembro - 2009 | Revista Capital 17
o atendimento a pedidos de funcio-
nários e a localização dos mesmos
para garantir encaminhamento, bem
como o acompanhamento posterior
à sua admissão.
As empresas, de alguma maneira,
criavam empecilhos na colocação pro-
fissional de várias pessoas do bairro,
como diz Valdiene. “Vimos a necessi-
dade de qualificação e integração das
empresas com trabalhadores muitas
vezes discriminados, como o Portador
de Necessidades Especiais que não
tem uma orientação por acreditarem
ser menos capacitados. Vimos também
que é de suma importância quando a
escola participa ativamente da vida de
seus alunos, pois isso gera uma redução
nos índices de violência, prostituição e
uso de drogas, buscando a responsa-
bilidade de todos, e dando oportu-
nidade para que esses jovens possam
decidir seu futuro profissional. Estamos
buscando junto a Secretária de Saúde
Estadual um apoio para
a criação de Cursos de
Monitoramento a Saú-
de, para que aqueles
jovens que tiveram um
melhor desempenho
possam ser os monito-
res das turmas seguin-
tes, trazendo para eles
a responsabilidade de
dividir conhecimentos.”
Além do SINE, o CE-
FET também dá a sua con-
tribuição à Associação
Maria Mãe da Vida com
o curso de informática
no local. A Escola Federal
oferece os monitores de
informática e o material
para o curso. Cada mo-
nitor ganha uma ajuda de
custo de R$50,00, enquanto
o SINE trabalha na regularização
de documentos das meninas e no enca-
minhamento as empresas conveniadas ao
Projeto, que atualmente são a Grendene e
a Guararapes, que contratam geralmente as
jovens que saíram do curso de costura.
No começo deste mês, quando as me-
ninas encerraram o curso de costura, rece-
beram da Associação de do SINE um pre-
sente: uma festa que contou com a entrega
de máquinas de costura para as dez alunas
que tiveram melhor desempenho durante
o curso. Elas podem, além de encontrar
um emprego em uma das empresas par-
ceiras, trabalhar também por conta pró-
pria, em casa, gerando sua própria renda.
É importante olhar para casos como o
do CCMMV, que não são instituições que
oferecem cursos ou assistencialismo ba-
rato a uma comunidade carente. Trata-se
da extensão da família de muitas meninas.
Um lugar que tem a capacidade de mudar
trajetórias de vidas.
A Associação surgiu há vinte anos, quando um médico gine-cologista, obstetra e também sacerdote, o italiano Adolfo Serripierro, começou a visitar as jovens da periferia fortale-zense e sentiu a necessidade de ajudá-las naquilo que mais precisavam. Como diz a coor-denadora, irmã Rúbia Pereira: “Ele queria ser presença de deus na vida dessas mulheres”.
O trabalho começou então de maneira informal e juridi-camente nasceu no dia seis de novembro de 1993, ponto inicial para a construção dos centros de convivência, que hoje já são seis, sendo cinco na capital e um em Quixadá. Três deles na Barra do Cea-rá, sendo dois apenas centros de apoio e análises clínicas, e o maior o CCMMV. O projeto está presente ainda no Centro de Convivência Casa Mãe Giu-ditta, no Arraial Moura Brasil, e em sua sede que fica na rua Gal. Costa Matos, no Pirambu.
Atualmente 380 jovens a partir dos 11 anos recebem algum atendimento do pro-jeto na Barra do Ceará. Se-gundo Wellington Silva, um dos coordenadores, no início do ano, mais de mil meninas se inscreveram para entrar.
Atividade Destaque
Revista Capital | Dezembro - 200918
21 mil pessoas. Esse foi o saldo po-
sitivo da 2ª Feira de Emprego e Estágio
do Ceará, que aconteceu de 27 a 29
de outubro no Sebrae/CE.
O objetivo foi possibilitar aos parti-
cipantes o intercâmbio de informações,
oportunidades de empregabilidade, pa-
lestras, mini-cursos, oficinas, além de pro-
mover a discussão de temas referentes a
trabalho e emprego com profissionais que
fazem parte do cenário do mercado de
trabalho no Estado do Ceará.
O evento reuniu empresários, políti-
cos, dirigentes e profissionais de institui-
ções públicas e privadas, de organiza-
ções voltadas para a inclusão no mercado
de trabalho, de instituições de ensino
superior, trabalhadores, estudantes, pro-
fessores e técnicos que atuam na área
de qualificação profissional. Carlos Lupi,
Ministro do Trabalho, esteve presente na
abertura da Feira e debateu em palestra a
temática “Como o Brasil conseguiu supe-
rar a crise econômica tão rápido”. Esteve
presente também José Pimentel, Ministro
da Previdência Social, que falou sobre “O
Empreendedor Individual”.
Cursos Gratuitos
Integrando a programação, palestras e
mini-cursos foram oportunizados aos parti-
Feira de emprego esolidariedade
A 2ª Feira de Emprego e Estágio do Ceará, realizada em outubro, trouxe oportunidades de emprego e ajuda aos necessitados com doa-ções de alimentos
Por Luana Ximenes e Pamella Costa
Capital
Dezembro - 2009 | Revista Capital 19
na Feira o cartão “Idhea Para Crescer”, que
permitiu a participação gratuita em mais de
70 cursos, palestras, debates, entre outros
benefícios. “O cartão terá validade de um
ano e dará ao seu portador, além do aces-
so à feira, descontos entre 20% e 50% em
cursos de línguas e de informática, acade-
mias, livrarias, faculdades e outros estabe-
lecimentos conveniados”, explica Cristina
Oliveira, coordenadora do evento e dire-
tora do Idhea.
Algumas faculdades de Fortaleza opor-
tunizaram inscrições gratuitas para seus
vestibulares, como a Faculdade Integrada
do Ceará (FIC), a Faculdade Lourenço Filho
(FLF) e a Faculdade CDL.
O evento teve entrada franca, mas
era solicitado um quilo de alimento
não perecível para doações. Além de
oportunidades de emprego e cursos,
o evento contabilizou 18 toneladas de
alimentos arrecadados durante os três
dias do evento. As doações serão en-
tregues às instituições Santa Casa de
Misericórdia, Hospital São José, Funda-
ção Franklin Roo-
sevelt e Casa
de Nazaré.
Cadastramento de Currículos
Algumas empresas
estiveram presentes no
evento possibilitando
aos participantes o ca-
dastramento ou recebi-
mento de currículos. Ao
todo foram montados
65 estandes na 2ª Feece.
Para a estudante Clarissa
Aguiar, o evento foi a oportunidade que
faltava para a conquista de um estágio. “Já
deixei meu currículo nos vários estandes e
também me cadastrei através de sites, a ex-
pectativa é grande para que dê tudo certo
e eu consiga meu primeiro estágio”.
No estante do Sine/IDT e da Secreta-
ria do Trabalho e Desenvolvimento Social
(STDS) puderam ser acessados os dois ser-
viços, além da inscrição em programas de
estágio e jovem aprendiz. De acordo com o
coordenador estadual do Sine/IDT, Ari Célio
Régis Mendes, cerca de oito mil currículos
foram recebidos, superando o volume da 1ª
edição (cinco mil). A expectativa do coor-
denador é encaminhar, do total, pelo me-
nos cinco mil ao mercado de trabalho.
Outra empresa que ganhou destaque
no evento foi a Fortes Fluxus, que lançou
o F2Rh, um portal totalmente gratuito para
cadastro de vagas e currículos. No estande
dos Correios foi realizado o cadastro, a sele-
ção e o encaminhamento profissional de 15
estagiários que trabalharam durante o evento.
O Instituto de Desenvolvimento Huma-
no, Empresarial e Ambiental (Idhea), or-
ganizador do evento,
disponibilizou para os
mais de 21 mil inscritos
cipantes que buscavam capacitação. Entre
os assuntos explorados estiveram o marke-
ting pessoal, motivação, empreendedo-
rismo, gestão de qualidade, entre outros.
Com uma média de uma hora de duração,
algumas palestras tiveram foco específico.
Participação do Programa Primeiro Passo
O Governo do Estado do Ceará tam-
bém participou do evento através do Pro-
grama Primeiro Passo. Com um estande
montado na Feira, o órgão cadastrou cer-
ca de 3 mil jovens estudantes do terceiro
ano do Ensino Médio, de escolas públicas,
que poderão estagiar quatro horas por dia,
no período de seis meses, nas mais diver-
sas atividades administrativas.
Os alunos receberão uma bolsa au-
xílio no valor de R$ 250, mais benefício
de auxílio transporte (R$ 1,80/dia), que
serão totalmente custeados pelo Go-
verno do Estado do Ceará. A empresa
contratante disponibilizará o local e as
condições de trabalho adequadas ao
desenvolvimento dos jovens.
Além do cadastramento, o Programa le-
vou os estudantes que já participam para o
evento, com o intuito de assistirem cursos
e palestras que foram disponibilizados.
Inscrição de programas de estágio e Jovém Aprendiz
Revista Capital | Dezembro - 200920
Qual é a tecnologia que realmente
levará a inclusão digital a lugares onde,
hoje, mídias como a tv e o rádio ainda
reinam? Os usuários do interior nor-
destino ainda se dizem frustrados com
a forma limitada com que a internet e
seus derivados chegam até eles. Lenti-
dão, alto custo e “quedas” no sinal são
algumas das constantes reclamações. A
maioria dos provedores oferece internet
que chega à rádio e que, por sua vez,
é distribuída para as demais residências
através de fios (ligados pelo próprio
provedor) e outras antenas. O sinal con-
tratado por essa provedora é equivalen-
te para apenas no máximo 10 compu-
tadores, porém é distribuído para toda
cidade, resultando em uma sobrecarga
do sistema onde cada computador dis-
põe de pouca velocidade para navega-
ção. Diante deste quadro, não é demais
festejar um projeto ainda experimental
que propõe, a primeira vista, algo que já
pode ser considerado solução: Internet
pela rede elétrica.
No ceará, a Coelce iniciou testes
com a tecnologia (PLC, em inglês Po-
wer Line Communications) que permi-
te tal recurso. A tecnologia trazida em
parceria com uma empresa japonesa, a
Panasonic, é praticada, desde fevereiro
deste ano, em algumas atividades da
empresa. Através da rede elétrica, a Co-
elce controla e traz imagens de câmeras
Descarga de informaçãoO choque da revolução digital
Projeto da Coelce usa tecnologia de co-municação de dados pela rede elétrica.
Por Carlos Gabriel Comesaña e Arthur Fonseca
Capital
lamentação feita em agosto pela Agência
Nacional de Energia - Aneel, a previsão é
de que somente a partir de 2010 o serviço
será distribuido para o usuário comum.
Roberto Gentil admite que a tecno-
logia ainda é cara, mas ressalta a como-
didade em poder acessar a internet atra-
vés de qualquer tomada da casa e além
disso poder fazer experiências como a
“casa do futuro”, onde o morador pode
ter controle dos seus eletrodomésticos
por meio da grande rede. Ele lembra ain-
da que a fibra ótica ainda é muito cara
e requer seu uso a cada nova extensão
da rede. Por outro lado, a PLC usará uma
rede elétrica já existente e bastará uma
revisão dos fios, que em algumas regiões
podem estar muito desgastados, para sa-
ber se eles estão adequados para trans-
mititir o sinal. A velocidade usada no
projeto é de 600kpbs, mas o coordena-
dor lembra que esta velocidade foi esta-
belecida para somente o funcionamento
das câmeras e pode aumentar de acordo
com o modelo do equipamento.
instaladas na beira-mar, a uma veloci-
dade de 600kpbs(kbits por segundo).
Nossa equipe viu as imagens geradas
pelo sistema e pôde perceber a alta
qualidade da filmagem, em tempo
real, sem interrupções.
O Diretor de planejamento e en-
genharia da Coelce e coordenador do
projeto, Roberto Gentil, explica que no
caso deste experimento, o sinal de in-
ternet passa primeiramente pela rede
de média tensão,depois, através de um
transformador específico, passa a uma
rede de baixa tensão (dedicada às re-
sidências) onde “amplificadores” dão
conta de redistribuir o sinal.Além das
câmeras, a Coelce pretende usar o re-
curso para transmitir dados sobre a me-
dição do consumo de enrgia de seus
clientes, evitando a ida do inspetor.
Algumas provedoras de internet ban-
da larga em fortaleza se adiantaram e
foram até a Coelece conhecer a nova
tecnologia.”Elas estão interessadas nas
facilidades da nova tecnologia e se adian-
tando por uma questão de concorrên-
cia.”, Afirma o secretário.Apesar da regu-
Equipamento responsável pela transmissão dos dados
O projeto Cinturão Digital, do gover-
no estadual, promete levar internet ban-
da larga para todo o estado e pode ser
beneficiado com o desenvolvimento da
PLC, afirma Roberto. O Governo estadual
tem um contrato com a Coelce para infra-
estrutura com a instalação de postes. “O
projeto será realizado basicamente com
fibra-ótica, mas haverão pontos de redes-
tribuição dessa internet e a PLC pode ser
a tecnologia mais adequado nessa situa-
ção”, acredita o Coordenador.
Independente da concessionária, setor
privado ou setor público, parece obvio que
o potencial desta tecnologia fará com que
os usuários dependentes de uma internet
lenta passem a disfrutar de todos os recur-
sos da dita WEB 2.0. Vale lembrar que o go-
verno federal tem como promessa espalhar
o serviço de internet banda larga para todas
as escolas do Brasil, resta saber se está dis-
posta também a levar a tecnologia da infor-
mação para o quarto, a cozinha ou varanda;
na casa daqueles que são seduzidos pelo
“horário nobre” das mídias não interativas.
Dezembro - 2009 | Revista Capital 21
Revista Capital | Dezembro - 200922
Capital
Dezembro - 2009 | Revista Capital 23
Capital
Em geral, após a pesca de arras-
to do camarão, a areia da praia é o
destino dos peixes não comestíveis
ou muito pequenos, sem valor co-
mercial, e que ficam presos à rede de
pesca. Esse hábito de jogar animais
à beira-mar acaba produzindo vários
danos ao meio ambiente, como a po-
luição da areia da praia. Além disso,
quando entram em decomposição, os
peixes atraem muitos urubus, o que
compromete a beleza natural.
Para ajudar na preservação das
praias e oferecer incremento na renda
dos pescadores e marisqueiras do li-
toral cearense, a comunidade de São
Gonçalo do Amarante, distante 55 qui-
lômetros de Fortaleza, tem tido oportu-
nidade de aprender como aproveitar as
carcaças de animais por meio do curso
de Taxidermia Artística.
As aulas são ministradas pelo es-
pecialista Israel Joca, precursor dessa
atividade no Ceará e pioneiro ao uti-
descobrem nova alternativa de rendaPescadores e marisqueiras
Aliar preservação ambiental e uma nova alternativa de renda é o que promete o curso de Taxidermia Artística, voltado para pescadores e marisqueiras do litoral cearense.
Revista Capital | Dezembro - 200924
Capital
Por Isabela Cavalcanti
cas de taxidermia como instrumento
na educação ambiental.
Hoje, ele ensina a reproduzir as
formas dos animais como se estives-
sem vivos e em seu ambiente natural.
A marisqueira Maria de Fátima Oliveira,
conhecida como dona Boneca, parti-
cipou do curso de Taxidermia Artísti-
ca ministrado na praia do Pecém, em
agosto. Para ela, era difícil ver tantos
peixes e crustáceos mortos na rede
de pesca, e que eram desperdiçados.
“Depois do curso, nós aprendemos a
aproveitar os peixes mortos e ainda
podemos ganhar um dinheirinho extra
com eles”, relata a marisqueira.
Outros cinqüenta alunos do mu-
nicípio de São Gonçalo do Amarante
ficaram entusiasmados com a nova ati-
vidade. É o caso do artesão da Taíba,
Jeová Lima, que pretende aproveitar a
chegada dos turistas para vender suas
peças. ”Para quem mora na praia é mui-
to importante um curso como esse. A
gente usava o peixe só de uma forma,
e descobrimos que existe outra possi-
bilidade de ganhar dinheiro com ele e
deixar a praia limpa”, afirma o morador.
De acordo com Israel Joca, essa ati-
vidade pode se tornar a melhor alter-
nativa de renda para os pescadores na
época do defeso, quando a categoria
paralisa suas atividades. “Na época do
defeso, os pescadores ficam sem tra-
balhar e recebem apenas uma ajuda
do Governo Federal, que a gente sabe
que não é suficiente para manter uma
família. É por isso que a taxidermia en-
tra como uma grande oportunidade de
ganhar dinheiro através da produção
das peças, e ainda está próximo da re-
alidade deles, que é mexer com peixes
e crustáceos”, informa.
O material utilizado no curso é de
baixo custo e fácil de ser encontrado
em lojas de produtos químicos. O va-
lor das peças vai depender da criativi-
dade do artista e do tamanho do ani-
mal. Depois de pronta, a unidade pode
variar de R$20 a R$ 200,00.
O curso de Taxidermia Artística é
promovido pela Usina Termelétrica
Energia Pecém, como parte do Plano
de Controle e Monitoramento Ambien-
tal (PCMA) da empresa, cujo objetivo é
minimizar os impactos ambientais pro-
vocados pela implantação da usina.
lizar a técnica como fonte de renda
alternativa nas comunidades litorâne-
as. Após nove anos aperfeiçoando a
técnica de empalhar animais, como é
conhecida popularmente a taxider-
mia, Israel elaborou um curso que
ensina a transformar em artesanato as
espécies de peixes e crustáceos que
seriam descartados.
As primeiras atividades do espe-
cialista foram no laboratório de Biolo-
gia Aquática da Universidade Federal
do Ceará (UFC). Na época, parte dos
animais que não eram aproveitados
nas pesquisas ou na coleção cientí-
fica da Universidade, era descartada.
Para diminuir o desperdício desse
material, o então aluno de Engenharia
de Pesca, começou a aplicar técni-
Saiba Mais
A taxidermia é um a técnica
científica usada para montar ou
reproduzir animais para exibição
ou estudo, preservando a forma
da pele, planos e tamanhos das
espécies. A técnica é aplicada
somente em animais vertebrados
e crustáceos e utilizada para fins
de coleção científica, exibição em
museus ou para projetos pedagó-
gicos, principalmente. Os regis-
tros mais antigos dessa técnica re-
montam ao império egípcio, cerca
de 2.500 a.C. Vale ressaltar que a
taxidermia não estimula a matança
dos animais para que sejam em-
palhados. Ao contrário, a técnica
utiliza animais já mortos por causas
naturais ou ação do homem, bem
como conserva partes de animais
que não tem valor comercial.
Embora pouco divulgada, a
profissão de taxidermista é reco-
nhecida pelo Ministério do Traba-
lho e Emprego (MTE) desde 2002.
Dezembro - 2009 | Revista Capital 25
Capital
Revista Capital | Dezembro - 200926
Capital
sardinha, um peixe típico da cidade. Outro
foco principal do Festival é a conscienti-
zação ambiental em favor da preservação
do peixe durante seus momentos de re-
produção. O evento oferece, ainda, cursos
de culinária realizados somente à base de
sardinha para os funcionários de barracas,
bares, restaurantes e pousados, realizando.
Já no mês das férias, a localidade fica
mais colorida que o costume. Com 20 anos
de tradição, a Regata de Jangadas da praia
da Caponga rouba olhares de curiosos e
apreciadores que vêm de longe para ver um
pouco da tradição dos pescadores cearen-
ses. Ao todo, oito quilômetros são percor-
ridos pelas jangadas e o campeão chega a
receber prêmio acima de R$ 1 mil reais.
Durante o período, as barracas da praia
oferecem um cardápio completo, repleto
de pratos saboroso feitos com frutos do
mar em custo especial. Com a vinda da alta
estação, esse tipo de setor, ao longo do
tempo, recebeu significativos investimen-
tos, refletindo nos lucros.
Com todo o cresciemnto favoral ao de-
senvolvimento economico da região, a ci-
dade de Caponga é uma boa opção para
quem quer um pouco mais de sossego e
tranquilidade.
para comprar qualquer tipo de material.
Na localidade, além de hotéis e pousadas,
são encontradas farmácias, lojas de calça-
dos e vestuários, lan houses, mercadinhos,
restaurantes, bares, pizzarias, sorveterias e
depósitos de construção.
Residente a mais de 40 anos na re-
gião, Dona Rosa afirma que sua fonte de
renda é a venda da tapioca. O alimento
é feito no fogo à lenha e molhada no re-
cipiente com leite de côco, a unidade
custa R$ 0,40 acompanhada gratuita-
mente com um café. “Além de fazer ta-
pioca para ganhar um dinheirinho a mais,
faço isso por prazer. É bom ser elogiada
e ver as pessoas saírem daqui de barriga
cheia”, comenta a vendedora.
Em alguns finais de semana e feriados,
o calçadão na beira mar, construído há oito
anos, é tomado por pequenas barracas
com pratos típicos e a exposição de qua-
dros onde podem ser encontrados belíssi-
mos registros das paisagens da região.
Os festejos se iniciam normalmente nos
meses de junho e julho. Tendo sua segunda
edição em 2009, o Festival da Sardinha le-
vou à cidade mais de 20 mil telespectado-
res. O evento, comemorado com atrações
artísticas e culturais, leva à mesa dos visi-
tante pratos culinários feitos com
Sol, mar, sombra e água fresca, é esse
estilo de vida praiana que a população en-
contra na localidade de Caponga. Possuin-
do aproximadamente 14 mil habitantes, a
região litorânea é conhecida pelas suas be-
lezas naturais e receptividade dispensada
pelos moradores locais. Distrito da cidade
de Cascavel e distante a 69 km de Fortale-
za, a localidade se divide entre as praias
de Águas Belas e Balbino, ambas localiza-
das ao leste e oeste da região.
Desenvolvida através da pesca, Capon-
ga evoluiu de significativamente nos últimos
anos, contribuindo para o desenvolvimento
econômico da cidade. Para garantir confor-
to e qualidade, foram criados hotéis e pou-
sadas. Além dos proprietários cearenses, os
investimentos na área hoteleira também são
realizados por turistas que antes apenas visi-
tavam a praia frequentemente.
Perceptível por todos que visitam a
praia, a receptividade da população local
é bastante elogiada. Os habitantes da lo-
calidade são, na sua maioria, pescadores
de personalidade distintos, porém, sim-
ples, humildes e batalhadoras.
Segundo relato de moradores, antiga-
mente a região era mais isolada e não pos-
suía muitos investimentos como os que
ocorrem atualmente. Hoje, como o setor
comercial tornou-se a principal atividade de
Caponga, não é mais necessário aos visitan-
tes deslocar-se cerca de 10 km até Cascavel
oferece opções diversas de lazer e descansoPraia de Caponga
Por Lyégina
Revista Capital | Dezembro - 200928
Capital
ciclagem. Contudo, a baixa produção – 35
toneladas por mês – obriga os catadores a
realizar uma venda a cada 10 dias, para os
depósitos da região. O valor arrecadado é
repartido igualmente entre os 68 associados.
Em média, cada um fica com cerca de meio
salário mínimo por mês. Apesar do baixo
rendimento, a associação é otimista. “O pro-
jeto ainda é novo, vamos melhorar. Ganha-
mos pouco, mas não estamos mais no lixo.
Agora precisamos de mais doações para
poder chamar mais gente para cá e ter um
ganho bom”, lembra a coordenadora geral.
O lixo que transforma
Com o desenvolvimento do Reciclando
a Vida, o individualismo deu lugar à solida-
riedade. Aos poucos, os catadores forma-
Forçados pela situação, os catadores
resolveram juntar forças para criar uma
cooperativa. Mas a idéia também fracas-
sou, devido à alta carga de impostos. Foi
então que, em 2006, nasceu a Ascajan e o
projeto Reciclando a Vida, com o apoio
da Prefeitura de Fortaleza, Fundação Ban-
co do Brasil e INSEA (Instituto Nenuca de
Desenvolvimento Sustentável).
A iniciativa trouxe a proposta de de-
senvolver três dimensões com os cata-
dores: a social, propiciando condições
dignas de trabalho; a econômica, através
da geração de emprego e renda; e a am-
biental, por meio da conscientização em
torno da reciclagem.
Um dos pontos de maior avanço foi
a qualidade de vida. Dona Iraci lembra a
época em que todos estavam no lixão.
“Se você tivesse vindo aqui há quatro,
cinco anos ia me encontrar suada, fedo-
renta e toda suja de lixo”, comenta. Na-
quele tempo, os catadores trabalhavam
debaixo de sol com o lixo orgânico, tal
qual era coletado pela cidade. O risco de
contaminação, doenças e acidentes era
muito grande. Com a coleta seletiva, eles
já recebem o lixo “seco”, com o material
reciclável separado do lixo orgânico.
No galpão da Ascajan, o lixo é sele-
cionado e divido de acordo com a com-
posição: papel, metal, plástico ou vidro.
O ideal seria estocar o material para
vendê-lo diretamente às empresas de re-
O que é dejeto e sujeira para alguns, é so-
brevivência para outros. Desde os sete anos
de idade, Dona Iraci Teixeira vive do material
reciclado. A pele, queimada pelo sol, é um
registro da trajetória percorrida pela catadora.
“Comecei no lixão da Barra do Ceará, depois
passei pelo Morro do Ouro, Buraco da Gia e
vim parar aqui no Jangurussu, mas já passei
até pelo lixão de Maranguape também”, re-
corda. Hoje, aos 50 anos, Dona Iraci continua
a viver do lixo, mas não vive mais nele. Agora
ela é a coordenadora geral da Ascajan – As-
sociação dos Catadores do Jangurussu.
O bairro que dá nome à associação
fica localizado na região leste de Fortaleza
e abrigou o último e maior lixão da cidade,
desativado em 1998. Com isso, os cata-
dores – que passavam o dia à procura de
material reciclável para viver – ficaram sem
nenhuma fonte de renda. Arranjar outra ocu-
pação não foi uma escolha bem sucedida.
Sem qualificação profissional nem escola-
ridade completa, boa
parte fora rejeitada
pelo mercado de
trabalho.
Além do Por Andréa Rocha e Washington Forte
CapitalPara a maioria das pessoas, o desenvolvimento regional é ligado imediatamente ao crescimento econômico.
Entretanto, uma associação de catadores de lixo, em sua maioria analfabetos, mostra que nem tudo é dinheiro. Para quem vive do lixo, as idéias também precisam ser recicladas.
Dezembro - 2009 | Revista Capital 29
Capital
As decisões também são coletivas. A
Ascajan é dirigida por 11 coordenadores
que só podem agir depois de entrar em
consenso com o grupo. O sistema garan-
te a confiança e a transparência entre os
associados. Apesar disso, o grupo tem
integrantes insatisfeitos com o modelo.
Muitos preferiam a época do lixão, quan-
do ganhavam mais dinheiro.
Dona Iraci recorda que a rentabilida-
de de outrora era bem melhor. Hoje, cada
associado fica, em média, com cerca de
meio salário mínimo por mês. Entretanto,
a opinião da maioria prevaleceu e eles
preferiram ganhar menos com melhores
condições de trabalho do que correr o
risco de contrair doenças e ter acidentes
para ganhar mais. “A gente agora tá traba-
lhando limpinho, na sombra, isso melho-
rou muito. Mas ainda estamos ganhando
pouco, precisamos de mais doações para
poder chamar mais gente para cá e ter um
ganho bom”, reforça Dona Iraci.
Você também pode se reciclar e co-
laborar com o meio ambiente. Ajude a
Ascajan. Reúna-se com os vizinhos e pro-
grame a separação do material reciclável.
A Associação dispõe de um caminhão
que realiza a coleta das doações. Se você
é empresário, não desperdice papel.
Na Ascajan, ele pode se transformar em
obras de arte.
Todos são catadores?
De acordo com os consultores so-
cioambientais Polita Gonçalves e Jorge
Pinheiro, existem denominações específi-
cas para cada tipo de catador, Os trechei-
ros são aqueles que recolhem o material
nos trechos entre as cidades. Já os indi-
viduais realizam a coleta sozinhos, utili-
zando equipamentos emprestados pelo
“comprador”, que pode ser o sucateiro
ou dono de depósito. Os organizados es-
tão reunidos em grupos autogestionários,
em que todos são donos do negócio,
legalizado ou em fase legalização como
cooperativas, ONG’s ou associações.
Ainda referente à nomenclatura, cos-
tuma-se classificar o grupo dos catado-
res em categorias. Dentre elas, existem
os cooperatos, que funcionam como
empresa privada, mas não oferecem os
benefícios sociais e possuem um único
dono. Há também as redes de coope-
rativas autogestionárias, cuja venda dos
materiais pode ser otimizada devido à
grande quantidade obtida pela coleta em
conjunto.
Esses termos estão dispostos no site
www.lixo.com.br, produzido pelos con-
sultores socioambientais Polita Gonçalves e
Jorge Pinheiro. O objetivo é discutir e di-
vulgar práticas sustentáveis na construção
de uma gestão social dos resíduos sólidos
nas cidades. Além disso, o espaço pro-
cura conscientizar a sociedade acerca da
importância do trabalho dos catadores,
que ajudam na diminuição da coleta de
impostos, uma vez que a companhia de
limpeza urbana das cidades coleta menos
quilos de lixo que seriam depositados em
aterros ou em lixões. Por essas razões,
os consultores consideram os catadores
como sujeitos ativos na gestão dos resí-
duos nas cidades e na cadeia produtiva
de reciclagem, o que confere a esses tra-
balhadores um perfil empreendedor.
Parte da Equipe Ascajan
Curiosidades
>> As garrafas Pet (principalmente
refrigerante) podem levar centenas de
anos para sofrer total decomposição
no meio-ambiente. Com elas, criou-se
um sistema de irrigação utilizado por
produtores rurais da cidade do Vale
do Rio Doce. A idéia partiu de alunos
do 7° semestre da Univale (Universi-
dade do Vale do Rio Doce).
>> Bandejas de isopor, sacolas
plásticas e caixas tetrabrik (feitas de
papelão e embalam leite longa vida,
extrato de tomate, leite condensado,
etc.) foram usadas para a construção
de um aquecedor solar. O mentor do
projeto é José Alcino Alano, da cida-
de de Tubarão, em Santa Catarina.
>> Uma lata de óleo de cozinha foi
transformada em antena capaz de re-
ceber sinal para acesso à Internet numa
distância de até 4 km de distância.
Serviço
Ascajan –
Associação dos Catadores do Jangurussu
Fone: 3289 2189
ram uma verdadeira família. “Todo mundo
era muito egoísta, uns selvagens sujos com
pedaços de pau querendo garantir o seu
espaço, cada um por si”, conta Dona Iraci.
Agora, os sucessos e as dores são divididos.
Quando alguém fica doente, o grupo cobre
o trabalho do associado por cerca de quinze
dias e o mesmo recebe os ganhos das ven-
das. Se precisar de mais tempo, a associação
faz uma “vaquinha” para ajudar o colega.
Dezembro - 2009 | Revista Capital 31
Capital
ço. Para quem é acostumado com o barulho
dos ventos das praias do município, terá que
se acostumar com o som do progresso.
Saiba Mais
A Usina Termelétrica Energia Pecém, resultado da parceria entre a MPX Ener-gia e EDP, é composta de duas unidades capazes de gerar 360 MW de energia elétrica cada, totalizando uma potência instalada de 720 Megawatts (MW) e uma energia anual assegurada de 6.307 GWh, que representa uma capacidade que po-deria atender a 85% do consumo atual da energia elétrica do Estado do Ceará.
O início da operação comercial da pri-meira unidade está previsto para julho de 2011 e a segunda unidade, para outubro de 2011. Com a usina, o estado do Ceará passará para a posição de exportador de energia no lugar de importador. O empre-endimento recebe um investimento total na ordem de R$ 3,4 bilhões e será respon-sável pelo aumento de 90% na produção de energia do Estado.
ção ambiental por
meio do Plano de
Controle e Monito-
ramento Ambiental
(PCMA). O investi-
mento previsto nes-
tes programas cor-
responde a R$ 13,9
milhões. Até agora,
duas promessas fo-
ram cumpridas: Plano
de Capacitação Téc-
nica e Aproveitamen-
to de Mão-de-obra, que pretende investir
R$ 1 milhao em qualificação profissional; e o
Plano de Adequação à Estrutura Urbana Exis-
tente, cuja primeira ação foi uma doação de
R$ 500 mil em equipamentos de saúde para o
o Hospital Geral Luiza Alcântara e Silva.
Um primeiro curso de qualificação foi
oferecido à comunidade em agosto. A ma-
risqueira Maria de Fátima Oliveira, conhecida
como dona Boneca, participou do curso de
Taxidermia Artística ministrado na praia do
Pecém, que é a arte de montar ou reproduzir
animais para exibição ou estudo dos mes-
mo. Para ela, os cursos favorecem os jovens
da região. “Eu adorei o curso, pois tive opor-
tunidade de aprender outra atividade, mas
agora eu quero inscrever os meus filhos para
que possam ter mais chances de conseguir
um bom emprego”, relata a moradora.
Embora haja o comprometimento da
empresa investir no município, em pouco
tempo, a localidade estará tomada por tra-
balhadores e empresas prestadoras de servi-
Muita coisa já mudou em São Gonça-
lo do Amarante desde o início das obras
da Usina Termelétrica Energia Pecém, em
julho 2008. Ao todo, o empreendimento
terá um investimento de R$ 3,4 bilhões e
será responsável pelo aumento de 90% na
produção de energia do Estado.
Obras a todo vapor
Atualmente, 15% da obra foi concluí-
da. Primeiro veio a fase de terraplanagem
e fixação das estacas, que desmatou a
área onde está sendo construído o em-
preendimento. Hoje, encontra-se em
andamento a construção das fundações
- bases de sustentação da obra, onde
mais de mil homens estão em campo para
prosseguir com as obras civis. Em pouco
tempo, toda a estrutura das fundações
será aterrada para dar lugar às grandes es-
truturas da termelétrica.
Ao todo, o projeto vai empregar cerca
de 2.500 trabalhadores de diversas áreas.
De acordo com o gerente de construção,
José Maurício, cerca de 50% da parte civil
do empreendimento está concluída. “Até
hoje, mais de 37 mil m³ de concreto já fo-
ram instalados na obra”, completa. O total
da obra demandará cerca de 70 mil m³ de
concreto, o que equivale a construção da
estrutura de 39 prédios de 22 andares ou
a um estádio do Maracanã.
Para compensar o desgaste ambiental
provocado pela obra, antes da assinatura
do contrato, a empresa se comprometeu
em realizar 17 programas de compensa-
a São Gonçalo do AmaranteTermelétrica chega
A Usina Termelétrica Energia Pecém promete investir R$ 13,9 milhões na região.
Andamento da construção da usina
Por Isabela Cavalcanti
Revista Capital | Dezembro - 200932
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