Saab mira na classe Tamandaré, estaleiros civis e Arsenal ... · O Brasil é visto não só pela...

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04/11/2017 Saab mira na classe Tamandaré, estaleiros civis e Arsenal de Marinha - Poder Naval - A informação naval comentada e discutida

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Saab mira na classe Tamandaré, estaleiros civis e Arsenal deMarinha17 de outubro de 2017

Apresentação da Saab para a imprensa no Rio de Janeiro

De fornecedora de sistemas e armamentos, empresa sueca quer se tornar construtora de naviospara a MB

Por Fernando “Nunão” De Martini

Na disputa de empresas mundiais do setor naval por oportunidades no reequipamento da Marinha do Brasil (MB) as quatro novas corvetas

classe “Tamandaré” são o programa da vez. Afinal, nada menos do que 21 empresas ou consórcios apresentaram, no primeiro semestre

deste ano, documentações em resposta ao aviso de chamamento da Marinha, para o processo de construção dos navios. O grupo de defesa

sueco Saab é um desses concorrentes, e nesta segunda-feira (16/10/17) realizou, no Rio de Janeiro, um encontro com a imprensa para dizer

por que se considera em boa posição nesse páreo. O Poder Naval esteve presente ao encontro e resume aqui alguns dos pontos principais

apresentados.

Alencar Leal, oficial da reserva da Marinha que hoje é analista de projetos da Saab Brasil, ficou encarregado da exposição geral dos sistemas

navais do grupo. Leal destacou que, após programas militares bem-sucedidos no setor aéreo do Brasil (em especial os caças Gripen E/F para

a Força Aérea) e terrestre (sistemas de mísseis superfície-ar para o Exército), a continuidade da presença da Saab no reequipamento das

Forças Armadas não é mais vista como apenas uma opção, mas se tornou uma missão para o grupo sueco. Missão que agora inclui o mar.

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O Brasil é visto não só pela sua própria capacidade de adquirir material de defesa, mas também um meio para que esse material chegue a

outros países da região (México foi um dos exemplos citados), dentro de uma perspectiva de expandir mercados pela exportação que, para

Leal, vem da própria experiência sueca: um país pequeno com grandes necessidades de defesa, mas que precisa explorar o mercado externo

para gerar a escala de seus produtos (o que vale também para seus produtos do mercado civil). E um caminho para isso é realizar parcerias,

o que é o caso pretendido, agora, no setor naval brasileiro.

Aqui se insere a oferta do grupo Saab para o programa de quatro corvetas da classe “Tamandaré”, que enfatiza a capacitação para

construção no Brasil, como pretende a Marinha.

Concepção da corveta Tamandaré

Estaleiros privados e AMRJ

O executivo da Saab informou que a empresa já vem realizando visitas de conversações com estaleiros privados — uma delas ocorria

naquele dia — e que essas ações fazem parte do objetivo de ir além da posição atual do grupo sueco como fornecedor de armamentos,

sistemas e equipamentos para a MB (dos quais os exemplos mais conhecidos são as alças eletro-ópticas que equipam fragatas e corvetas) e

se tornar um construtor de navios para a força. Para a disputa do programa da classe “Tamandaré” por meio da divisão Saab Kockums, o

grupo apresentou ofertas que podem incluir parcerias tanto com estaleiros privados quanto com o Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro

(AMRJ).

Sobre o AMRJ, a pergunta do Poder Naval ao executivo da Saab foi sobre como pretendem trabalhar com o arsenal, frente à sua realidade

em pessoal e equipamentos. Afinal, é uma organização que possui em suas oficinas e instalações algumas áreas modernizadas em meio a

máquinas operatrizes pesadas, ferramentas e processos representativos de várias décadas atrás — ainda que boa parte das centenas de

máquinas como tornos, conformadoras e plainas seja mantida em condições de operar — e carências diversas em mão de obra. Em outras

palavras, um arsenal que se mostra como um “case” vivo de arqueologia industrial, onde convivem extratos modernos e camadas de

antiguidades, adquiridas ao longo dos surtos de construção naval militar do último século.

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Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro. Foto: Fernando De Martini

No caso do AMRJ, o que a Saab está oferecendo formalmente é, entre outras possibilidades de uma oferta flexível, uma revitalização ampla,

tal qual realizou no tradicional estaleiro sueco de Karlskrona (junto à principal base da Marinha da Suécia), transformado de uma instalação

ultrapassada em uma organização moderna, com equipamentos, métodos e processos atuais e mão de obra capacitada. Não se trata,

segundo Leal, de simplesmente ocupar e modernizar algum edifício do AMRJ para cumprir um contrato de corvetas, mas de realizar uma

ampla transformação.

Nesse ponto, o executivo Pieter Verbeek, diretor de desenvolvimento de negócios da Saab do Brasil, completou que o objetivo do grupo

sueco não é apenas vender navios, e sim recapacitar a construção naval militar do país. Sobre isso, Alencar Leal também afirmou que, pela

capacitação da Saab Kockums em construir de navios de superfície a submarinos e transferir tecnologia de ponta para países que, como o

Brasil, têm capacidade técnica e de recursos humanos para absorver, trata-se de uma pretensão real.

Reforçou que há várias opções na mesa, que incluem não só o AMRJ mas diversos estaleiros privados, cabendo à Marinha decidir o caminho,

caso escolha a proposta da Saab para as corvetas. Em qualquer dos casos, segundo Leal, a busca é por parcerias de longo prazo, ampla

atuação tecnológica, com flexibilidade e qualidade. Ainda sobre o tema, informou que não só estaleiros estão sendo visitados, mas também

navios da Marinha do Brasil, como a corveta Barroso (que serviu de base para o projeto melhorado da classe “Tamandaré”.

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Exportações e perspectivas

A apresentação enfatizou, como já mencionado, o caso da Suécia ser um país pequeno (sua área é relativamente grande para padrões

europeus, mas a população é pequena) que para viabilizar sua defesa focou em desenvolver o ciclo de vida de seus produtos e em exportar.

Essa perspectiva também é válida para o caso das futuras corvetas classe “Tamandaré”, de forma que a modernização da capacidade de

construção proposta pela empresa torne essa atividade competitiva, e que exportações de navios da classe possam gerar royalties para a

Marinha.

Sobre as perspectivas de uma decisão a respeito do programa das corvetas, a situação política e econômica do país foi apontada como

dificuldade para que se tenha uma escolha e início do processo antes do final do próximo ano, que é de eleições presidenciais. Ainda assim,

Leal ressaltou que o grupo Saab tem condições de oferecer, além de sistemas, equipamentos e navios completos, formas de financiamento

para viabilizar a proposta.

Além dos já mencionados Alencar Leal e Pieter Verbeek, os executivos Fredrik Hillbom e Robert Petersson participaram das conversas que se

seguiram à apresentação e rodada de perguntas.

Professora Sabrina Evangelista Medeiros

Antes, o evento contou com exposição de Sabrina Evangelista Medeiros, professora associada da Escola de Guerra Naval, no Programa de

Pós-Graduação em Estudos Marítimos (PPGEM-EGN/MB). A pesquisadora de Ciência Política e Relações Internacionais fez uma exposição

sobre cooperação internacional para segurança e defesa, no contexto das ações de reequipamento naval da América Latina, numa

perspectiva geopolítica em que as oportunidades de cooperação devem ocorrer tanto entre países quanto dentro de um mesmo país

(interagências).

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