Segurança do Paciente em Uso de Sondas Nasoenterais

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Segurança do Paciente em Uso de Sondas Nasoenterais

Fernanda Raphael Escobar GimenesProfa. Dra. do DEGE da Escola de Enfermagem da USP

Líder do GEPeSP e IHI Open School da EERP-USP

Integrante da Rede Global de Segurança do Paciente da OMS

fregimenes@eerp.usp.br

2020

Objetivo

• Discutir a Segurança de Pacientes em uso desondas nasoenterais com foco em conceitos eestratégias voltadas para a redução de riscosrelacionados ao mau posicionamento.

Definições - ASPEN

Sonda Enteral:

Um tubo, um cateter/sonda ou um estoma, colocadodiretamente no TGI para viabilizar a administração denutrientes e/ou medicamentos.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

Sonda Enteral de Curto Prazo:

- Fornece os nutrientes necessários durante períodos de doenças agudas, traumas ou tratamentos médicos.

- Até 4-6 semanas.

- Ex: SNG, SNE, SOG, SOE.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

Sonda Enteral de Longo Prazo:

- Fornece nutrientes por longos períodos detratamento ou por toda a vida.

- > 4-6 semanas.

- Ex: Gastrostomia e Jejunostomia.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Acesso gástrico: 1ª opção; indicado para pacientescom estômago funcional, livre de gastroparesia,obstrução ou fístula.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Acesso entérico (ou pós-pilórico): mais apropriadopara pacientes com estenose pilórica, gastroparesiagrave, refluxo gastroesofágico ou elevado risco paraaspiração.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Duplo lúmen: pacientes que necessitam dedescompressão e drenagem gástrica simultâneas,juntamente com a administração de NE nointestino delgado.

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Quanto ao local de inserção:

- Região nasal (SNG ou SNE).

(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Quanto ao local de inserção:

- Região oral (SOG ou SOE).(BOULLATA et al., 2017; LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Quanto ao tipo de material:

- Polivinil (ou sonda Levine):

Menos resistente em pH ácido

Possui calibre que varia de 4 a 24 French

Utilizada para descompressão gástrica e drenagem

NÃO é indicada para a NE porque causa desconforto eaumenta o risco de sinusite e lesão por pressãorelacionada à dispositivo médico

(LORD, 2018)

Definições - ASPEN

• Quanto ao tipo de material:

- Poliuretano ou silicone (ou sonda Dobbhoff)

Não sofrem alterações físicas em pH ácido

Fabricadas em pequeno calibre (de 6 a 12 French)

Possuem durabilidade, maleabilidade e flexibilidade

Estilete de metal temporário (ou fio-guia)

(DIESTEL et al., 2013; SILVA; MURA, 2016; LORD, 2018)

Epidemiologia• EUA: aumento de pessoas que fazem uso de SE

(cerca de 8,9% ao ano) e 5,8% dos idososresidentes em ILPI utilizam SE temporária paranutrição enteral.

(DORNER et al., 2011; COBER et al., 2015)

• NPSA: cerca de 170 mil SE temporárias são inseridas,por ano, para nutrição enteral.

• Europa: prevalência de pessoas com SE em domicílio =280 / 1 milhão de habitantes.

• Alemanha: dos 815 pacientes hospitalizados, 18,8%faziam uso de SE.

(LAMONT et al., 2011; ZOPF et al., 2013)

• Brasil: 40% dos idosos necessitaram de NE em UTI e60% apresentavam SE no domicílio.

(GRACIANO; FERRETI, 2009; MARTINS et al., 2012)

O Problema dos Eventos Adversos

(BRASIL, 2017)

O Problema dos Eventos Adversos

• SE frequentemente associada a EAs graves e fatais.

• FDA: Janeiro de 2012 a julho de 2017 - 51 relatosde pneumotórax associado à inserção de SEtemporária (SNG / SNE):

Necessidade de descompressão com agulha

Necessidade de dreno torácico

Parada cardiorrespiratória e morte

(MEDSCAPE, 2018)

O Problema dos Eventos Adversos

Motta (2018): 44 artigos que abordaram EAsrespiratórios relacionados às SE temporárias:

Pneumotórax

Derrame pleural

Broncoaspiração

Pneumonia aspirativa (5-15% das Pnmem pacientes hospitalizados)

10 artigos:Morte

Inserção incorreta da sonda nos pulmões

O Problema dos Eventos Adversos

Aproximadamente 2% a 10% das SE são inseridas nos pulmões

Never Event no Reino Unido

Evento sentinela = evento específico relacionado à segurança do paciente que, quando ocorre, pode

resultar em dano grave ou morte.

(NHS, 2014)

Outros Eventos Adversos

MOTTA (2018): Danos ao Esôfago ou Faringe:

Vômito

Paralisia das cordas vocais

Perfuração da nasofaringe, artéria carótidaanterior e veia jugular interna Hemorragia

Síndrome da SNG (paralisação das cordasvocais, bilateralmente, acompanhada deedema supraglótico).

Outros Eventos Adversos

MOTTA (2018):

• Perfuração intestinal

• Perfuração Intracraniana devido à TCE prévio.

• Queimadura química.

• Conexão errada (administração de dieta enteral emedicamentos na corrente sanguínea, alto fluxo deO2 no estômago).

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

METHENY et al. (2019): Revisão da literatura: 14guidelines internacionais:

Radiografia

Dificuldade respiratória

Aparência do aspirado

Medição do pH

Ausculta epigástrica

Detecção do dióxido de carbono (CO2)

Dispositivos de acesso enteral

Métodos não

radiográficos

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

Principais resultados:

• Radiografia é o método mais apontado nosestudos.

• EUA: radiografia é recomendado como método deprimeira linha para distinguir posicionamentogástrico e pulmonar.

• Europa e Austrália: radiografia é recomendadasomente quando o pH é falho ou para pacientescom elevado risco para aspiração.

(METHENY et al., 2019)

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

• Sinais de dificuldade respiratória: ausentes emalguns pacientes; portanto não deve ser utilizado.

• Aspirado gástrico: pode auxiliar na confirmação,mas não deve ser empregado isoladamente.

• Medição do pH: 4 guidelines afirmaram que pH de1 a 5,5 indica posição gástrica e pode substituir oraio-X.

(METHENY et al., 2019)

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

• Detecção do CO2: 5 guidelines concordam que ométodo é útil, mas insuficiente como método únicopara distinguir posição gástrica e pulmonar.

• Ausculta epigástrica: 4 guidelines afirmam quenunca deve ser utilizado e que não é confiávelcomo único indicador da localização da sonda.

(METHENY et al., 2019)

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

• Dispositivos de acesso enteral:

Não há evidências de que dispositivos ou métodosalternativos sejam iguais ou excedam a precisão dopH ou raio-X para confirmar a colocação inicial deSNG.

Fonte: VIANA et al., 2011

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

Conclusões:

• Radiografia é o método mais acurado.

• Dentre os demais métodos: pH é o mais sensível.

• Método auscultatório é o menos desejável.

• A ausência de dificuldade respiratória não confirmaposicionamento da sonda no TGI.

(METHENY et al., 2019)

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

Conclusões:

• Medição do pH é recomendado pela NPSA eAmerican Association of Critical Care Nurses.

• NHS: não há evidências de que outros métodosapresentem a mesma, ou que excedam, precisãodo pH ou raio-x para confirmar a posição de SNGrecém inserida.

• NHS: A radiografia pode ser usada para confirmar acolocação, mas não deve ser usada rotineiramenteem todos os pacientes.

(METHENY et al., 2019)

Métodos para Confirmar a Posição de SNG

• Métodos não radiográficos são aceitáveis, dentrode limites definidos, para minimizar a exposição aoraio-X.

• Raio-X é contraindicado para a populaçãopediátrica.

• A radiografia pode não ser uma opção noatendimento domiciliar e em ILPIs ênfase nosmétodos não radiográficos.

• Método para confirmar posição de SNE: radiografia.

(METHENY et al., 2019)

Vantagens da Medição do pH

• Distinta diferença entre o pH do suco gástrico emjejum e os aspirados pulmonares.

(METHENY et al., 2019)

Vantagens da Medição do pH

• Distinta diferença entre o pH do suco gástrico emjejum e os aspirados pulmonares.

• Quando comparado ao raio-X, é custo-efetivo.

• Quando o aspirado é obtido, o resultado surge em1 a 2 minutos.

• Pode ser usado no ambiente domiciliar e em ILPIs.

(METHENY et al., 2019)

Desvantagens da Medição do pH

• Inibidores da bomba de prótons podem aumentaro pH.

• Dificuldade em obter o aspirado.

(METHENY et al., 2019)

Embora os inibidores da bomba de prótons possam limitar a capacidade de obter o aspirado para medição do pH gástrico,

eles não aumentam o risco de as inserções pulmonares serem identificadas. Assim, o uso do pH como teste de

primeira linha não é contra-indicado.

ReferênciasBOULLATA, J. I. et al. ASPEN safe practices for enteral nutrition therapy [Formula: see text]. Journal ofParenteral and Enteral Nutrition, v. 41, n. 1, p. 15-103, 2017.

DEGHEILI, J. A.; SEBAALY, M. G.; HALLAL, A. H. Nasogastric tube feeding-induced esophageal bezoar:case description. Hindawi v. 2017, p. 1-4, 2017.

GRACIANO, R. D. M.; FERRETI, R. E. D. L. Nutrição enteral em idosos na Unidade de Terapia Intensiva:prevalência e fatores associados. Geriatria e Gerontologia, v. 2, n. 4, p. 151-155, 2009.

LORD, L. M. Enteral Access Devices: Types, Function, Care, and Challenges. Nutrition in ClinicalPractice, v. 33, n. 1, p. 16-38, 2018.

MARTINS, A. S.; REZENDE, N. A. D.; TORRES, H. O. D. G. Sobrevida e complicações em idosos comdoenças neurológicas em nutrição enteral. Revista da Associação Médica Brasileira, v. 58, p. 691-697,2012.

METHENY, N.A. et al. A review of guidelines to distinguish between gastric and pulmonary placementof nasogastric tubes. Heart & Lung, v. 48, n. 2019, p. 226-235.

MOTTA, A.P.G. Eventos adversos relacionados à sonda nasogástrica / nasoentérica em pacientesadultos: revisão integrativa da literatura. Ribeirão Preto, 2018.

NHS IMPROVEMENT. Never events annual report 2009-2010. Reino Unido: NHS Improvement, 2014.

SILVA, S. M. C. S. D.; MURA, J. D. A. P. Tratado de alimentação, nutrição e dietoterapia. 3º. São Paulo:Editora Payá, 2016.

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