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SEMANA 8 – SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA

Prof. Robson Vieira robson.soc@upvix.com.br

SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA

Entende-se por Sociologia Contemporânea o conjunto de estudos sociológicos desenvolvidos no decorrer dos séculos XX e XXI.

Diferencia-se da chamada "Sociologia Clássica" (século XIX) devido a mudança de posturas em relação aos métodos adotados.

Destaca-se, dentre eles, o distanciamento das ciências naturais e a aproximação das ciências humanas.

É um período em que a Sociologia é influenciada pelo desenvolvimento de outras disciplinas, como a antropologia, a psicologia, a psicanálise, a linguística etc..

• o que predominou no estudo da sociedade foi um comportamento analítico mais genuíno e próprio das ciências que estudam o homem (diferente dos primeiros estudiosos do assunto – Comte e Durkheim)

• A sociologia contemporânea não abandonou os modelos clássicos de estudos sobre o homem e seu convívio social, mas se atualizou e passou por uma reinterpretação para que os conceitos se tornassem adequados

MODELOS DE EXPLICAÇÃO SOCIOLOGICA

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS DA SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA A Sociologia se torna interdisciplinar;

O estudo da sociedade passou a predominar uma atitude mas analítica;

As teorias sociológicas desenvolvidas no século XX, procuraram resolver a oposição

entre sociedade e indivíduos , perceptível nos modelos clássicos;

Os teóricos passaram a perceber que a sociedade esta também presente nas manifestações, comportamentos e discursos dos indivíduos;

O pesquisador passa a analisar e interpretar os elementos simbólicos e linguísticos dentro das relações sociais;

Procurou fugir do determinismo positivista e marxista do século XIX;

Passou-se a considerar que as relações são multifacetadas.

A questão agrária; A ciência e as novas tecnologias; Conflitos socioambientais; Consumo, cidadania e Direitos Humanos; Desigualdade e estratificação social; Educação; Movimentos sociais; Trabalho e sociedade; Sexualidade e gênero; Violências; Temas raciais; Etc.

OS TEMAS QUE PASSAM A SER DEBATIDOS NA SOCIOLOGIA CONTEMPORÂNEA

ESCOLA DE CHICAGO

A América se tornou fonte de distúrbios e conflitos sociais (devido a industrialização e imigração).

Fato este que incentivou a analise de projetos sobre a sociedade na Universidade de Chicago.

O foco da pesquisa e dos estudos foi dado à Cidade, do qual resultou uma sociologia, ao mesmo tempo, urbana e pragmática.

Os modelos de pesquisa etnográficas criado pela Escola de Chicago foi chamado de microssociologia.

• 1º estudava-se as motivações, mobilidades e ritmos de vida (através de pesquisa em campo) • 2º - estudava-se os processos de adaptação dos imigrantes poloneses à cidade, atualizando o conceito de anomia

ESCOLA DE FRANKFURT

No inicio do século XX, a Europa passava por grandes convulsões políticas: a industrialização da Itália e da Alemanha, a Primeira Guerra Mundial, a Revolução Russa e a, imediatamente, instalação do governo de Stalin.

Na Alemanha, durante a República de Weimar (1919-1933), ocorreram grandes conflitos em a classe o operária e o governo. A saída foi realizar estudos sociais para amenizar essa tensão.

Neste clima, foi fundado um Institudo de Pesquisa Social ligado à Universidade de FrankFurt, a Escola de Frankfurt.

ESCOLA DE FRANKFURT

As teorias desenvolvidas pela Escola de Frankfurt procuravam rever os princípios marxistas, incorporando conceitos importantes da Sociologia do Conhecimento e da Psicanálise.

Essas teorias estabeleciam a ação revolucionária e a análise da mercantilização das relações sociais e da produção cultural como objeto de pesquisa.

Surge na escola o termo Indústria Cultural que nada mais é do que a influência principalmente dos meios de comunicação que atingiam um grande numero de pessoas.

Jürgen Habermans mostra o papel central da comunicação em sua pesquisa, elaborando o conceito de ação comunicativa.

A grande crítica que Habermans faz em relação à sociedade contemporânea é sua submissão aos meios de comunicação que se mostram favoráveis aos interesses de Estado e aponta para uma sociedade passiva e alienada.

ESCOLA DE FRANKFURT

SOCIOLOGIA DE BOURDIEU

Pierre Bourdieu (1930-2002) foi um dos mais importantes intelectuais da segunda metade do século XX.

Destacou-se por desenvolver uma análise das sociedades capitalistas a partir das trocas simbólicas;

Questionou as análises marxistas, pois estas não contemplavam as relações simbólicas, detendo-se apenas nos bens materiais e buscando entender como a economia de bens simbólicos também influencia e sofre a influência da economia de bens materiais.

Para Bourdieu, é no espaço simbólico que os agentes sociais determinam, validam e legitimam as representações. Nele se estabelece uma classificação dos significados, do que é adequado, do que pertence ou não a um código de valores. No campo da arte, por exemplo, a luta simbólica determina o que é erudito, ou o que pertence à indústria cultural.

Pierre Bourdieu: capital cultural e habitus Capital cultural: conjunto de conhecimentos que os indivíduos

adquirem ao longo da vida e aplicam nas diversas situações e desafios do cotidiano social. Habitus: processo de internalização dos valores e dos sistemas

simbólicos difundidos pela sociedade; manifesta-se por meio da conduta dos indivíduos, ou seja, é na ação que se expressam as disposições dos sistemas sociais. O habitus pode ser compreendido como um padrão social de

sensibilidade e de comportamento que orienta a ação dos indivíduos. A conexão entre as posições objetivas, materiais e culturais, e suas práticas sociais não se dá com base na consciência do agente, mas sim pelo habitus da posição social interiorizada.

Essas disposições consistem na maneira como os indivíduos entendem, sentem e percebem a realidade social.

Norbert Elias (1897-1990)

Suas obras focavam a relação entre poder, comportamento, emoção e conhecimento histórico. Procurava entender as relações entre individuo e sociedade e, para

isso, mobilizou três campos do conhecimento: sociologia, psicologia e história. Para Elias, as sociedades mudam de acordo com lugar e tempo. Essa

perspectiva fica muito evidente na obra “O processo civilizador”. Destaca ainda que cada sociedade possui uma estrutura diferente

A teoria sociológica formulada por Elias concebe sua tarefa como a de analisar os processos sociais baseados nas atividades dos indivíduos que, através de suas disposições básicas - ou seja, suas necessidades;

Os indivíduos são orientados uns para os outros e unidos uns aos outros das mais diferentes maneiras. Esses indivíduos constroem teias de interdependência que dão origem a configurações de muitos tipos: família, aldeia, cidade, estado, nações.

O conceito de configuração pode ser aplicado onde quer que se formem conexões e teias de interdependência humana, isto é, em grupos relativamente pequenos ou em agrupamentos maiores.

Um esboço da teoria sociológica

analisou como nossa sociedade com o passar dos séculos veio sofrendo

um movimento de constante “humanização” em busca da tentativa da superação dos instintos no intuito de obter o que o autor denominou de boas maneiras resultando assim em uma sociedade onde optamos pelo diálogo e a lei em detrimento da violência e a justiça sumária (feita com as próprias mãos);

sua obra é repleta de exemplos que nos faz compreender como seria insuportável para uma pessoa educada em nossos dias viverem a cem ou duzentos anos atrás, apontando como o conceito do que é socialmente aceito mudou profundamente ao longo de nossa história .

“O Processo Civilizador” – Norbert Elias

MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO E COMPREENSÃO!

SEMANA 9 – OS PRIMÓRDIOS DA SOCIOLOGIA NO BRASIL

Prof. Robson Vieira robson.soc@upvix.com.br

A SOCIOLOGIA NO BRASIL: ANTECEDENTES HISTÓRICOS

• Por volta do século XIX, a sociologia surge juntamente com a emergência do capitalismo moderno.

• A sociedade brasileira, por sua vez, estava desorganizada para a transformação do capital na sociedade urbano-industrial e essa transformação implicou a consolidação da “liberdade” para os escravos, a livre-concorrência para os comerciantes e o inicio de uma fase de convulsão social.

• Do século XIX em diante, a burguesia brasileira começa a ganhar primazia na condução econômica, política e cultural do país

• No fim do século XIX, a modernização do país passa a ser importante para a

burguesia emergente.

• Ela necessita de um saber mais pragmático que não estivesse vinculado à herança colonial.

• Por essa razão, organiza-se um movimento para modificar a cultura e orientar o pensamento social.

• Surge estudos históricos, críticas literárias e análises de caráter precocemente sociológicos.

• Os sertões de Euclides da Cunha – é a primeira obra literária de caráter genuinamente antropológico no Brasil.

A SOCIOLOGIA NO BRASIL: ANTECEDENTES HISTÓRICOS

• Escola do Recife – primeiro lugar que intelectuais brasileiros começaram a visualizar as questões entre indivíduos e sociedades.

• É no Nordeste que esse grupo começa a desenvolver um olhar sociológico sobre a sociedade.

• Como eles não têm formação sociológica, mas na ciência jurídica, a análise desses autores não será considerada ciência propriamente dita.

• Referência da Escola do Recife é Tobias Barreto – um olhar contextualizado dos conflitos e contradições sociais.

A SOCIOLOGIA NO BRASIL: ANTECEDENTES HISTÓRICOS

A SOCIOLOGIA NO BRASIL: AUTORES E INFLUÊNCIAS TEÓRICAS

• Influência dos clássicos da sociologia: a positivista e a crítica (ou dialética).

• Principal expoente do positivismo, Auguste Comte (1798-1857), defendia a mesma maneira de pensar (razão), tínhamos uma unidade centrada na fé, no período moderno, almejava-se uma unidade humana na ciência.

• Benjamin Constant (1838-1891), um dos responsáveis pela filosofia de positivista no Brasil.

• Por força do grupo político ao qual estava ligado foram adotadas medidas

que tornaram obrigatórias as disciplinas de sociologia e moral, no segundo grau.

A INFLUÊNCIA DOS CLÁSSICOS NA SOCIOLOGIA BRASILEIRA

•Émile Durhkeim, Max Weber, e Karl Marx. •Max Weber (1864-1920) – conceitos usados para analisar a sociedade, ação social e tipo ideal. Para Weber, o fenômeno da sociedade é complexo porque a sociedade é diversificada e entrelaçada a várias ações e a várias relações sociais.

•A sociologia weberiana vai influenciar grandes pensadores no Brasil como Brandão Lopes (1925), Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982) e Gilberto Freyre (1900-1987).

A REVOLUÇÃO CIENTÍFICA

Ao chegar ao Brasil, a corrente marxista divide-se em duas vertentes. A primeira é o marxismo confessional, mais prático e mais militante, que vai orientar a formação dos sindicatos e dos partidos de massa. (Caio Prado Júnior (1907-1990), Leandro Konder (1936)e Carlos Nelson Coutinho (1943). A outra é o marxismo metodológico, constituídos pelos

teóricos mais dedicados ao plano da ciência, da discussão, do materialismo filosófico, dialético, do socialismo científico. Octávio Ianni (1924-2004) e Francisco Weffort (1937)

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• Sociólogo e antropólogo pernambucano,

adepto da tese da democracia racial no

Brasil;

• Autor do clássico Casa-grande e senzala

(publicado em 1933);

• Freyre defendia a ideia que a sociedade

brasileira foi constituída a partir de uma

intensa troca cultural entre os povos que

aqui se encontraram.

Gilberto Freyre (1900-1987)

Os clássicos da sociologia brasileira

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• Tese da democracia racial:

Para Gilberto Freyre, se a violência representou, no primeiro

momento da colonização, a imposição dos parâmetros culturais

dos portugueses, no momento posterior foi apagada grande

parte das marcas de pura agressão, graças ao processo de

miscigenação e sincretismo entre os povos e culturas.

Gilberto Freyre (1900-1987)

Os clássicos da sociologia brasileira

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• Muitos sociólogos, posteriormente, criticam as ideias de Gilberto Freyre, considerando-as uma visão idealizada e conservadora das relações étnicas no Brasil.

• Gilberto Freyre tinha um “olhar” aristocrático e conservador sobre a sociedade brasileira, pois além de justificar as elites no governo, sua descrição do tempo da escravidão em Casa Grande & Senzala adquire uma conotação harmoniosa, ele não via conflitos nessa estrutura.

Gilberto Freyre (1900-1987)

Os clássicos da sociologia brasileira

OS PIONEIROS DA SOCIOLOGIA CIENTÍFICA

• Caio Prado Junior (1907-1990)

• Caio Prado Júnior (1907-1990), nos livros Evolução Política do Brasil (1933) e Formação do Brasil Contemporâneo (1942) interpreta o passado colonial baseando-se na produção, distribuição e consumo de mercadorias.

• Em Formação do Brasil contemporâneo, a história brasileira é contada do ponto de vista da produção, distribuição e consumo da riqueza.

OS PIONEIROS DA SOCIOLOGIA CIENTÍFICA

• Caio Prado Junior (1907-1990)

• O Brasil é analisado como parte do processo da expansão mercantil europeia. Para Caio Prado, a formação do Brasil se deu de fora para dentro, tendo o país se estruturado como fornecedor de produtos tropicais, a exemplo da cana-de-açúcar.

• Segundo o autor, a história do Brasil deve ser entendida num âmbito mais amplo, que tem relação direta com as formas de expansão do comércio europeu na América do Sul.

OS PIONEIROS DA SOCIOLOGIA CIENTÍFICA

Segundo Caio Prado, a América era vista pelos europeus como sendo: • “...um território primitivo habitado por rala população indígena incapaz de fornecer qualquer coisa

de realmente aproveitável. Para os fins mercantis que se tinham em vista, a ocupação não se podia fazer como nas simples feitorias comerciais, com um reduzido pessoal incumbido apenas do negócio, sua administração e defesa armada; era preciso ampliar estas bases, criar um povoamento capaz de abastecer e manter as feitorias que se fundassem e organizar a produção dos gêneros que interessassem ao seu comércio. A ideia de povoar surge daí, e só daí”. (PRADO JÚNIOR, 1942: 24).

• Caio Prado explica que Portugal teve grande contribuição no “nosso atraso” como nação, pois o centro do capitalismo, na época do “descobrimento” do Brasil, estava na Europa, o que fazia com que as riquezas daqui fossem levadas para lá. Esse tipo de organização econômica foi denominado de primária e exportadora, pois os produtos extraídos das monoculturas brasileiras, nos latifúndios, eram exportados para os países que estavam em processo de industrialização.

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• Pensador que sofreu forte influência de Max

Weber (1864-1920);

• Vínculo com o modernismo brasileiro

(décadas de 1920 e 1930);

• Professor da Escola de Sociologia e Política e

da Universidade de São Paulo (USP).

Os clássicos da sociologia brasileira

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• em 1936, no livro Raízes do Brasil, Buarque de Holanda aborda o sentido

político da descrença no liberalismo tradicional e busca possíveis soluções.

• Tem como condicionantes teóricos a história social francesa, a sociologia da

cultura alemã, sobretudo a influência de Max Weber, e a teoria sociológica e

etnológica.

• O livro de Sérgio Buarque inseriu-se no debate sobre o estudo das origens e

formação da sociedade brasileira.

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)

Os clássicos da sociologia brasileira

SOCIOLOGIA » UNIDADE 2 » CAPÍTULO 1

• Com Raízes do Brasil, Sérgio Buarque objetiva conhecer o passado com vistas

para o futuro, preocupando-se com a transformação social.

• As questões centrais de sua análise giram em torno da oposição entre o

mundo rural e o mundo urbano e entre a esfera privada e a esfera pública.

• Na concepção de Sérgio Buarque de Holanda, é preciso superar essas raízes,

para que nossa sociedade seja modificada. Com esse objetivo em vista, o

autor traça um panorama histórico do Brasil que se inicia no período colonial,

passa pelo Império e pela República, até os anos 1930.

Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982)

Os clássicos da sociologia brasileira

MUITO OBRIGADO PELA ATENÇÃO E COMPREENSÃO!

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