Sempre necessário éstatic.recantodasletras.com.br/arquivos/2028042.pdf · cuido feliz do meu amor...

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Sempre necessário é

Às vezes é necessário, sem contacontar por vezes as contas

um rosárioas lágrimas

pérolas perfumadas de salmuitas vezespoucas vezes

uma veze basta para sentir-se

pessoa humana e viva.Viva!

cuido feliz do meu amor

O meu amor dela cuidará, se também a ela interessar,

mais feliz hei de ficar.

Lâmina cega na carne crua

Vadiei na ausência tuaVagavam sol e lua no mar

Pisava pedras e indiferençaO coração amargurado

A lâmina cega na carne crua Desnorteado, a alma nua

Pores-do-sol abrasavam os céus!Ainda às horas sem véus

Por amor e tudo a vida continua

se amo

É muito verdadeiro, demasiado humano

não há desamor, se amo

E mais não se diga

canta a musa encantada as pessoas as mentes atordoadas

almas inflamadascorações apaixonados e descrentes.

Ai.É que vai se fechando dia, mais um dia.

Ai! Ai! É que a vida não espera o ônibus,

nem vem o trem e já se vão nos desvãosdesvairados diários doídos

lidos a contrafluxo,na morte adivinhada do feio,

será o renascer do belo. E, por fim: Ai!

A vida se esvai em fila.

sem musa, sem poema

onde a vida aconteciao coração resta espedaçado

a musa, coitada, enfarada,anunciou inspiração revogada

caçado feito cão danadoa própria cova cavada,

nem carece pá de calnem pôr de sol

crematório é solução finala poesia desencarnou, fatal!

inda é possível sem asas o vôo imaginar

o gozo antecipar ferir de morte o desgostodar prazer a si e ao outro

viver como o minuto restante e únicoum desafio, desplante!, ao caos

ser eterno, terno e fraternocompleto desaguadouro,

como amar à baixa maré no mar.

***

torto, meio de lado, atordoado, torturadoou feliz, agradado, entusiasmado

o meio termo descolado, desgrudadoa meia tampa, à meia vela, à meia

nada inteiro, só metade, partida só amor desapaixonado, bilhete de ida

alma comovida, coração abandonadoseguindo lépido, faceiro, descoroçoado!

futuro no presente

Pouco importa realmenteo que se passa no meu coração

é da cabeça de cada pessoade cada um é que a vida caçoa

ter ido era apenas compromissod'eu comigo, ninguém nem nada

tem qualquer que ver com issoFui, vi o sol se por, senti,

vi tudo que amo, nenhum ex-amor tal a qualquer nada importa

há futuro no presente sem dor

no teu coração

Sempre no teu coraçãoamada, espero estar.

É repouso e inspiração,Motivação pra te amar.

A maçã e a solidão

A maçã que me aguarda sobre a mesanão me trouxe Eva,

nem sou Adão nessa imensa solidão.

Condenado ao futuro. Ao nada.

Original e estranha experiência. A ausência do passado impede completar o futuro. Como será? Em que estrada andar? Que estrela vai me guiar? Que musa haverá de inspirar o que queira

criar? Aprender que é pra sempre e pra frente que se deve andar, consumir o que se cate no momento, nada guardar no embornal, na mala ou no coração. Consciência é só premonição,

somente. Banidas a reflexão sobre erros, acertos, o amor, a paixão. Das sementes, nem a memória genética resta. Sem água ou sol, foram condenadas à escuridão. Não vingarão. Sem

broto, sem vicejar, não crescerão. Essa flecha doeu quando aqui espetada? Sem poder recordar, como saber. O passado assim proibido. De presente, ao futuro condenado.

O passado morto

Morri dia desses, sem amorFui um tempo memória da dorRemorso da decepção causada

Desilusão presente por desamorLouco, embaralho nossos cheiros

Ausência acabada de razão Impossível, isso é passado! Indômita a alma se alumia.

Olvido. Troveja, chove, é verão. Sem flores, sem sedução.

Rejeitado, abatido, desiludido.Morto, à escuridão devolvido.

Do ontem e dos sonhos é que faço as manhãs

Também já caí e errei.Pedi perdão, perdoei.

A mim e a outrem falteiO futuro inda não se divisa

São dias de minha quedaDe sandices e desamor.

De esquecer o inesquecívelDo implacável, do insensível.

Trocar sonhos e paixão por razãoLastimável retorno à dor

Já sei o que não pude serTalvez nunca mais seja tolo

E sem tolices enfim envelheçaNo frio, perdido no escuro,

Já sei o que não sentir, esqueça!Não juro, mas não mais sentirei.

Passado à limpo

adivinhado no chá

Ganhei o presente:

não há futuro

Nossos pedaços são tudo

Não é apenas passadoSão meu tudo espedaçado

Nossos beijos molhadosNossos abraços suados

Nosso amor mais sonhadoTeu calor, teu perfume.Não é apenas passado

São vida e uma saudadeSão meu tudo espedaçado

meu amor, é quase nada

Quero dizer-te alto e bom sommesmo isso não sendo bom tomcoração, peito aberto és amada

isso pode ser mesmo quase nadade antes, de agora e de sempre

embora nem sempre haja sempreé conveniente pra mim dizer-te

nem há porque do dito desfazermelhor sempre o viver enunciar

se a sina é assim se expressarparece tanta e muita sandice

tal pura e desatinada crendiceuma inquieta infinita loucura

sem luz ou brilho, nem candura

Um, apenas só

Sou somente um sóSó um a duras penas.Resto sem dó apenasSou tanto quanto pó

Salva-me o amor havidoUm tanto entanto exaurido

Encanto nos desencantosMais na dor que acalanto!

muito sério e bom demais

Faz sol. Não faz calor.

Faz tempo bom pro amor.

Hoje a tristeza deixou-me

Foi-se embora sem nem ou porquê

Apenas não a percebi como antesAndava absorto entre frases, sons Palavras tantas, sentimentos, vãosEncontrei um pequeno bilhete teu

Por ele, em mim, a esperança cresce

Bastasse o amor, simples seria a vida

Se me tens algum amor, Em sendo assim amado,

Extinta imensa dorO coração disparado,

Pulsa apaixonado

novo ano e feliz!

Então será ano novo felizAs novas que o vento me diz

Sem tormentas, se não tão novo,Nem só calendário, que se inventaAno novo é tu contigo no presente

Sem varrer o passado pro tapeteÉ ter topete sem escândalo

É ter coragem de pedir perdãoMais coragem e amor pra perdoar

Ano novo não é pra qualquer pessoaParvo, otário, boquirroto, estorvo

Nem bêbado a deprimir as famíliasA desacatar até gente desconhecida

Nem quem mata no trânsito ou suicidaQue esfaqueia e dá tiros na vizinha

Ano novo vem do pé ao coraçãoÉ profundo, é arraso, não é atraso

Ano novo é boa companhia alimentadaNele cabe o bem, o amor ilimitadoÉ ano bem mais verdadeiro, inteiro

Até 31 de dezembro, desde 1º de janeiroÉ como amar pra sempre, íntegra entrega

Nem migalha, nem metade, apaixonadaAno novo é viver, deixando acontecer

Ser solidário, sem dor demasiadaSem desespero, nem tanto disparate

Qual seja a idade, a casa, a cidadeAno novo é estado d’alma com arte.

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