Síndromes Ansiosas e Depressivas Ambiente de trabalho estressante como gerador de incapacidade...

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Síndromes Ansiosas e DepressivasAmbiente de trabalho estressante como gerador de

incapacidade laborativa     

Lisieux E. de Borba Telles, MD, PhDlisieux@telles.med.br

"O prazer no trabalho aperfeiçoa a obra." (Aristóteles)

   “O trabalho representa uma importante instância na patogenia, no desencadeamento e na evolução de distúrbios psíquicos”.

(Seligmann-Silva, 2007)

EVOLUÇÃO

Doenças , desnutrição

Transtornos Psiquiátricos

No ano de 2010, aproximadamente 10% dos auxílios-doença previdenciários foram concedidos em função de doenças mentais.

No ano de 2010 do total de auxílios-doença concedidos pela Previdência Social, 14,7% foram acidentários. Destes, 3,7% tiveram como causa um transtorno mental.

Situação de Trabalho e Psicopatologia

Fatores de risco para a saúde e segurança dos trabalhadores:• Físicos • Químicos• Biológicos• Ergonômicos e psicossociais:  Organização e gestão do trabalho• Mecânicos e de acidentes: limpeza, sinalização…

Transtornos mentais e do comportamento relacionados com o trabalho

• Episódios Depressivos (F32)• Transtorno de “Stress” Pós-Traumático (F43.1)• Neurastenia (F48.0) • Neurose Profissional (F48.8)• Síndrome do Esgotamento Profissional, Síndrome de 

Burnout (Z73.0)

Neurastenia F48.0

É um termo antigo, usado pela primeira vez por George Miller Beard em 1869.A prevalência é igual em homens e mulheres. Inclui “Síndrome de Fadiga”

Neurastenia F48.0

Diretrizes diagnósticas• (a) Queixas persistentes e angustiantes de fadiga 

aumentada após esforço mental ouqueixas persistentes e angustiantes de fraqueza e exaustão corporal após esforço mínimo.

Neurastenia F48.0

(b) pelo menos dois dos seguintes:- Sentimentos de dores musculares- Tonturas- Cefaléias tensionais- Perturbação do sono- Incapacidade de relaxar- Irritabilidade- dispepsia

Neurastenia F48.0

• (c) quaisquer sintomas autonômicos ou depressivos presentes não preenchem critérios para transtornos mais específicos.

Neurastenia F48.0

Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional:• Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) • Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros solventes 

orgânicos halogenados (X46.-; Z57.5) • Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) • Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) • Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) • Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)• Outros solventes orgânicos neurotóxicos  (X46.-; X49.-; Z57.5) 

Neurose Profissional F48.8

Outros transtornos neuróticos especificados

• Essa categoria inclui transtornos mistos de comportamento, crenças e emoções que são de etiologia e status nosológico incertos e que ocorrem com particular frequência em certas culturas.

Neurose Profissional F48.8

Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional:• Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego (Z56.-): • Desemprego (Z56.0); • Mudança de emprego (Z56.1); Ameaça de perda de emprego (Z56.2);• Ritmo de trabalho penoso (Z56.3); • Desacordo com patrão e colegas de trabalho (Condições difíceis de 

trabalho) (Z56.5); • Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho 

(Z56.6) 

"O trabalho agradável é o remédio da canseira." (William Shakespeare)

• Sensação de EstarAcabado Z73.0 

• Síndrome de Burnout• Síndrome do EsgotamentoProfissional

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Herbert J. Freudenberger, 1980• Pessoas dinâmicas, papéis deliderança/responsabilidade

• Pessoas idealistas, auto exigência exagerada

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Chanlat, 1990.• Síndrome de esgotamento físico e emocional• Imagens negativas de si mesmo• Atitudes desfavoráveis ao trabalho• Perda de interesse em relação aos clientes

Agentes etiológicos ou fatores de risco de naturezaocupacional:• Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) • Outras dificuldades físicas e mentais relacionadascom o trabalho (Z56.6) 

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Desencadeantes:• Situações de sobrecarga• Situações de frustração 

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Na fase prévia a eclosão do quadro completo oentusiasmo é substituído por vivência de tédio,surgindo irritabilidade e mau humor, negadospelo trabalhador.

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

• Perda do autocontrole emocional• Aumento da irritação• Manifestações de agressividade• Perturbação do sono• Manifestações depressivas marcadas pela decepção 

e perda de disposição e interesse pelo trabalho

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Professores:• Perda do reconhecimento• Degradação dos salários

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Profissionais de saúde:• Sobrecarga de trabalho• Perda do reconhecimento profissional• UTIs• Pronto-socorro

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Médicos:• 35-54 anos• Sem companheira• Sem filhos• 11-19 anos de exercício da Medicina• Trabalham em mais de um local• Atendem a mais de 20 pacientes por turno• Ausência de meios adequados para o exercício da profissão

SÍNDROME DO ESGOTAMENTO PROFISSIONAL / BURNOUT

Fatores protetores:• Estado civil• Praticar exercícios

(Hernández-Vargas, Dickinson y Ortega)

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (F43.1)

• Este transtorno constitui uma resposta retardada a uma situação ou evento estressante (de curta ou longa duração), de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica, e que provocaria sintomas evidentes de perturbação na maioria dos indivíduos. 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (F43.1)

Sintomas:• revivescência repetida do evento traumático sob a forma de 

lembranças invasivas (“flashbacks”), sonhos ou de pesadelos•  “anestesia psíquica”, embotamento emocional• retraimento com relação aos outros, insensibilidade ao ambiente 

e de evitação de atividades ou de situações que possam despertar a lembrança do traumatismo. 

• sintomas precedentes se acompanham habitualmente de uma hiperatividade neurovegetativa, com hipervigilância, estado de alerta e insônia, associadas freqüentemente a uma ansiedade, depressão ou ideação suicida. 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (F43.1)

Agentes etiológicos ou fatores de risco de naturezaocupacional:• Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com

o trabalho : reação após acidente do trabalho grave ou catastrófico, ou após assalto no trabalho (Z56.6)

• Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96) 

Transtorno de Estresse Pós-Traumático (F43.1)

• Quadros que tenham sido considerados como traumáticos, sempre que o trauma considerado tenha ocorrido na situação de trabalho.

VIOLÊNCIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

• Todas as formas de comportamento agressivo ou abusivo que possam causar dano físico ou psicológico ou desconforto em suas vítimas, sejam estas alvos intencionais, ou envolvimentos impessoais ou incidentais. 

(Enciclopédia da Organização Internacional do Trabalho, 1998)

VIOLÊNCIA NO AMBIENTE DE TRABALHO

Exemplos de violência no trabalho:• Homicídio• Estupro• Roubo• Agressões físicas, mensagens ou posturas agressivas• Assédio• Intimidação• Ostracismo• Interferência no trabalho• Comportamento hostil• Silêncio deliberado

PERFIL DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

• O risco de violência no trabalho está disseminado nas mais diferentes ocupações e ramos de atividade, variando dentro de uma categoria profissional segundo fatores como gênero e idade.

PERFIL DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

O risco de vitimização no ambiente de trabalho se relaciona mais a aspectos da tarefa executada como:

• Contato com o público• Mobilidade• Manuseio de dinheiro

PERFIL DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

Características do trabalho que podem atuar como situações de risco para violência:

• Contato com o público• Contato com pessoas “instáveis” em cuidados de saúde• Manipular ou guardar valores• Transporte de passageiros, bens ou serviços• Atividades externas

PERFIL DA VIOLÊNCIA NO TRABALHO

• Instalações de justiça criminal• Trabalho sozinho ou pequeno grupo• Horário noturno ou início da manhã• Área de alta criminalidade• Local de trabalho situado no interior de 

comunidades isoladas

OCUPAÇÕES COM ALTO RISCO DE VIOLÊNCIA

OCUPAÇÕES COM ALTO RISCO DE VIOLÊNCIA

• Taxista• Motorista• Policial, vigia e segurança• Recepcionista de hotel• Trabalhadores de posto de gasolina• Trabalhadores de armazéns e bagagens• Balconistas, trabalhadores de bares e restaurantes• Profissionais que lidam com saúde e ensino

HOMICÍDIO NO TRABALHO

• 67% ROUBO• 15% COLEGAS DE TRABALHO OU EX-EMPREGADO• 8% CLIENTES• 7% CONHECIDOS DA VÍTIMA• 4% PARENTES

(Warchol, 1998; Synatur e Toscano, 2000)

PROFISSÕES MAIS EXPOSTAS AO RISCO DE HOMICÍDIO 

• VIGILANTE• MOTORISTA (transporte urbano regular)• BANCÁRIO• PORTEIRO

EPISÓDIOS NÃO FATAIS DE VIOLÊNCIA NO TRABALHO

• Informações são raras, imprecisas e incompletas.

EPISÓDIOS NÃO FATAIS DE VIOLÊNCIA NO TRABALHO

Atividades mais expostas:• Polícia• Profissionais com atuação em cárceres• seguranças

BULLYING• Comportamentos ofensivos, vingativos, cruéis, maliciosos ou 

atos humilhantes, com objetivo de desestabilizar um indivíduo ou grupo, tais como ataques persistentes ao desempenho pessoal e profissional, “tornar difícil a vida” de colegas que o agressor crê poderem fazer melhor seu serviço, recusando-se a delegar tarefas por desconfiança de colegas ou ainda punindo colegas com críticas constantes ou retirando suas responsabilidades por serem competentes demais.(International Labor Organization, 2000)

BULLYING

Queixas das vítimas:• Estresse• Cansaço no trabalho• Nervosismo

MOBBING• Trata-se da associação de um grupo de pessoas para 

exposição do trabalhador ao assédio psicológico, por meio de críticas ou comentários negativos, isolamento, disseminando rumores ou ridicularizando a pessoa em questão.

(International Labor Organization, 2000)

Episódios Depressivos (F32)• Em episódios depressivos típicos, de todas as três variedades (leve, moderado e grave), o indivíduo usualmente sofre de humor deprimido, perda de interesse e prazer, energia reduzida levando a uma fatigabilidade aumentada e atividade diminuída.

Episódios Depressivos (F32)Outros sintomas:- Concentração e atenção reduzidas- Auto-estima reduzida- Idéias de culpa e inutilidade- Visões desoladas e pessimistas do futuro- Idéias ou atos autolesivos ou suicídio- Sono perturbado- Apetite diminuído

Episódios Depressivos (F32)Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional:• Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; 

Z57.5) • Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros 

solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-; Z57.5) • Brometo de Metila • Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) • Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) • Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5)• Outros solventes orgânicos neurotóxicos  (X46.-; X49.-; Z57.5) 

SÍNDROMES DEPRESSIVAS

• Diferentes modalidades de depressão podem ter sua patogenia, desencadeamento e evolução associados às vivências do trabalho.

SÍNDROMES DEPRESSIVAS

Tentativa de suicídio e suicídio:• Sobrecarga continuada de trabalho• Prolongamento das jornadas de trabalho• Ausência de folgas• Poucas horas sono• Desemprego

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

• Identificação• Antecedentes pessoais e familiares• História de vida • História clínica atual• História ocupacional• Exame do estado mental• Exame físico• Exames complementares

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

História de vida• Infância• Família• História migratória• Condições de vida atual (moradia, segurança, lazer)

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO• História ocupacional:• Expectativas profissionais e de vida• Situação de trabalho atual- Conhecimento do processo de trabalho atual- Grau de transparência e qualidade das comunicações referentes à política 

de pessoal e à produção- Características dos relacionamentos humanos no local de trabalho

CONTROLE e RECONHECIMENTO 

Nos benefícios de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, compete à perícia médica a avaliação de possível nexo técnico entre a doença e o trabalho

Nexo técnico causal• História clínica e ocupacional prévias e atuais.• O trabalho é causa necessária, fator de risco contributivo de doença de 

etiologia multicausal, fator desencadeante ou agravante de doença preexitente?

• A natureza, especificidade e força da associação do agente patogênico• A duração  e intensidade da exposição• Período de latência• Causas não ocupacionais presentes• Local do trabalho

Avaliação do tipo de relação causal, segundo Schilling

• Tipo I: o trabalho ou a ocupação podem ser causa necessária para o desenvolvimento da doença, sem ela seria improvável que o trabalhador a desenvolvesse.Ex: Estresse pós-traumático.

Avaliação do tipo de relação causal, segundo Schilling

• Tipo II: o trabalho ou a ocupação podem ser considerados como fatores de risco contributivos em doenças de etiologia multicausal; havendo excesso de prevalência de determinada patologia em grupo ocupacional específico, sua cocorrência poderá ser classificada como doença relacionada ao trabalho.Ex: alcoolismo crônico e neurose profissional.

Avaliação do tipo de relação causal, segundo Schilling

• Tipo III: o trabalho ou a ocupação podem ser fator desencadeante ou agravante de doença latente ou preexistente.

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

• Quanto maior o grau de autonomia no exercício das tarefas, maior a possibilidade de sublimação, equilíbrio e satisfação.

• Quanto mais intenso o controle, tanto maior a tensão daquele que executa uma atividade.

ROTEIRO DE AVALIAÇÃO

• O reconhecimento social e o auto reconhecimento se realimentam.

Obrigadalisieux@telles.med.br

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