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o estado dos solos
1 . Patrimnio e estado atual dossolos
O territrio brasileiro caracterizado por uma grande diver-sidade de tipos de solos, correspondendo diretamente
intensidade de manifestao das diferentes formas e tiposde relevo, clima, material de origem, vegetao e organis-
mos associados, os quais, por sua vez, condicionam dife-rentes processos formadores de solos.
A Regio Centro-Oeste, vasta superfcie aplainada pelos
processos erosivos naturais, constituda pelo PlanaltoCentral Brasileiro. Nela predomina o clima tropical quen-
te com veranicos acentuados e grandes extenses desolos profundos, bem drenados, de baixa fertilidade na-
tural, porm com caractersticas fsicas favorveis, almdas condies topogrficas que permitem a franca me-
canizao das lavouras.
Um quadro sinttico das paisagens brasileiras por regiomostra, na regio Norte, um territrio de plancies e baixos
planaltos, de clima equatorial, calor permanente e alto teorde umidade, com predominncia de solos profundos, alta-
mente intemperizados, cidos, de baixa fertilidade natural esaturados por alumnio, o que diminui significativamente a
capacidade produtiva dessa regio.
Na regio Nordeste, observam-se tipos climticos que vari-am do quente e mido ao quente e seco (semi-rido), pas-
sando por uma faixa de transio semi-mida. Ocorrem,em grande parte dessa regio, solos de mdia a alta fertili-
dade natural, em geral pouco profundos em decorrncia deseu baixo grau de intemperismo.
A regio Sudeste constituda de planaltos e reas serra-
nas com vrios pontos de altitudes superiores a 2.000metros, clima tropical com veres quentes nas baixadas,
e mais amenos nas reas altimontanas, com predominn-cia de solos bem desenvolvidos, geralmente de baixa fer-
tilidade natural.
Na regio Sul, os solos originados de rochas bsicas esedimentos diversos, encontram-se distribudos em uma
paisagem com relevo diversificado, onde predomina o cli-ma subtropical, com estaes bem definidas e solos frteis
com elevado potencial agrossilvepastoril.
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Esta diferenciao regional, apresen-tando considervel variabilidade de
solo, clima e relevo, reflete-se direta-mente no potencial agrcola das ter-
ras, na diversificao das paisagens enos aspectos vinculados ao uso do
solo. Com base no Mapa de Solos doBrasil (Embrapa, 1981) e no atual Sis-
tema Brasileiro de Classificao deSolos (Embrapa, 1999), pode-se dis-
tinguir 13 principais classes de solo,representativas das paisagens brasi-
leiras, sendo sua extenso apresenta-da na Tabela 1.
1.1. A susceptibilidade dossolos aos processoserosivos
A susceptibilidade natural dos solos
eroso, uma funo da interao en-tre as condies de clima, modelado
do terreno e tipo de solo. Da anlise dainterao destes fatores e a partir deestimativas experimentais de perdas de
solo, foi possvel estabelecer cinco clas-ses de suscetibilidade eroso das ter-
ras do pas. Assim as classes muitobaixa e baixa englobam tanto os solos
de baixadas, hidromrficos ou no,como aqueles de planalto, muito po-
rosos, profundos e bem drenados, to-dos localizados em relevo plano. Em
condies mais favorveis ao desen-volvimento de processos erosivos,
destacam-se solos comumente areno-sos ou com elevada mudana de tex-
tura em profundidade, bem como aque-les rasos, localizados, em geral, em re-
levos dissecados, configurando clas-ses de suscetibilidade eroso mdia,
alta ou muito alta (Figura 1).
Com base nestas interpretaes, 65%das terras brasileiras podem ser consi-
deradas como de moderada a baixasusceptibilidade eroso, que se ex-
pressam, entretanto, de forma diver-sa, nas diferentes regies. Assim na
regio Norte, observam-se baixos n-
veis de suscetibilidade nas vrzeas dorio Amazonas e seus afluentes, bem
como nos baixos plats, onde se de-senvolvem solos argilosos ou muito
argilosos, muito profundos, porosos,geralmente em relevo plano. Esses
ambientes, sob domnio deGleissolos, Neossolos Flvicos,
Latossolos Amarelos e Vermelho-Amarelos, representam aproximada-
mente 46% das terras dessa regiodo Brasil (Tabela 1). As terras com o
maior potencial de eroso e distribu-das em aproximadamente 36% da
regio, ocorrem em relevos mais dis-secados e compreendem os Argisso-
los, Luvissolos e Cambissolos.
No Nordeste do Brasil, 33% das terrasapresentam susceptibilidade muito
baixa e baixa, 34% mdia e 33% tmclasses de susceptibilidade alta e mui-
to alta. Solos como os NeossolosQuartzarnicos, Litlicos e Regolticos
so os com maior potencial erosodevido presena de contedos signi-
ficativos de areia, associado, em alguns
casos, a relevos dissecados. Emboraas chuvas no semi-rido nordestino
sejam de baixa durao e freqncia,sua elevada intensidade em alguns lo-
cais favorece o escoamento superfici-al, desagregao e transporte dos so-
los, mesmo em relevos mais aplaina-dos. Solos como os Luvissolos, em
geral com maiores contedos de argilae em relevos bastante dissecados, re-
presentam as terras com elevada sus-cetibilidade eroso. J reas expres-
sivas de Latossolos, representando cer-ca de 30% da regio, so aquelas repre-
sentativas das terras com baixa susce-tibilidade eroso. J a ocorrncia de
horizontes superficiais arenosos, bemcomo o aumento do teor de argila em
profundidade, torna os Argissolos ePlanossolos medianamente suscetveis
eroso nas condies climticas pr-prias da regio.
O Centro-Oeste apresenta cerca de 70%
de seus solos com suscetibilidadevariando de muito baixa a mdia, de-
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corrente, em termos gerais, da dominncia de relevos aplai-
nados do planalto central brasileiro, associados a solosprofundos e bem drenados, como os Latossolos. O restan-
te das terras (30%) corresponde, em geral, aos solos comelevados contedos de areia, como os Neossolos
Quartzarnicos e alguns Latossolos de textura mdia, osquais apresentam fraca estruturao e so facilmente car-
regados pelas guas da chuva, mesmo em relevo relativa-mente plano. Ressalta-se a ocorrncia, nessa regio, de se-
veros processos erosivos, como as voorocas nas terrassituadas prximas s linhas de drenagem, resultado da
conjugao de solos muito friveis e relevo mais movimen-tado, como, por exemplo, nos chapades das divisas entre
os estados de Gois, Mato Grosso do Sul, Minas Geras eMato Grosso, onde se originam diversos rios que formam
as bacias do Prata e do Amazonas.
Na regio Sudeste ocorre a predominncia de solos combaixa suscetibilidade aos processos erosivos (46%). Seme-
lhante regio Centro-Oeste, a ocorrncia expressiva deLatossolos em relevos aplainados, com elevados conte-
dos de argila e bem estruturados, condicionam a baixasuscetibilidade eroso. Entretanto, 40% da regio apre-
senta terras muito susceptveis eroso, decorrncia derelevos mais acidentados e/ou a solos com elevados con-
tedos de areia ou significativa diferena textural em pro-fundidade, como, por exemplo, as que ocorrem no oeste
do estado de So Paulo e nos relevos acidentados ao longoda Serra do Mar.
Para a regio Sul, observa-se a predominncia de solos
com alta e muito alta suscetibilidade eroso, condiciona-dos pela presena significativa de solos rasos, como os
Cambissolos e Neossolos Litlicos, ou mesmo mais profun-dos, como os Argissolos, todos localizados em relevos aci-
dentados das serras e planaltos sulinos. Os solos comsuscetibilidade muito baixa e baixa perfazem 29% da regio,
geralmente associados aos planaltos e plancies sedimentares
de relevos aplainados, onde ocorrem Latossolos e Planossolos,respectivamente. Na classe de suscetibilidade mdia, desta-
cam-se os Alissolos, Nitossolos e Chernossolos, em geral emrelevo movimentado.
1 .2. O potencial de uso das terras
O uso adequado da terra o primeiro passo em direo
preservao do recurso natural solo, e agricultura correta esustentvel. Para isso, deve-se empregar cada parcela de ter-
ra de acordo com a sua aptido, capacidade de sustentaoe produtividade econmica, de tal forma que os recursos
naturais sejam colocados disposio do homem para seumelhor uso e benefcio, ao mesmo tempo em que so pre-
servadas para geraes futuras (Lepsch et al., 1991). Na ava-liao que se segue, no foram consideradas outras
potencialidades e restries ambientais, como coberturavegetal, biodiversidade e etc., aspectos estes abordados em
outros captulos do Geo Brasil.
A Tabela 2 apresenta a aptido agrcola das terras do Brasilpor regio, evidenciando os diferentes nveis tecnolgicos
de manejo (primitivo, intermedirio e avanado) e tipos deusos indicados. De sua anlise, verifica-se que h uma gran-
de predominncia de terras aptas para lavouras, quandocomparadas s demais atividades. Considerando-se os di-
ferentes nveis tecnolgicos, o pas dispe de aproximada-mente 65% do seu territrio (5.552.673km2) de terras aptas
ao uso agropecurio.
Ao se analisar a atividade lavoura no conjunto detodas as regies do Brasil, observa-se que os nveis
de manejo, ou seja, os graus de intensidade de usode tecnologias no manejo do solo, foram preponde-
rantes na definio do maior ou menor potencial deterras aptas para este fim. evidente que, para o
manejo A (primitivo), h um predomnio de terrascom srias limitaes (classe Restrita) para todas as
regies do pas, significando que a utilizao detecnologias rudimentares limita, grandemente, o cul-
tivo de lavouras por agricultores (Tabela 2) . Nomanejo B (pouco desenvolvido), verifica-se um cer-
to equilbrio entre as terras com limitaes modera-das e fortes (classes Regular e Restrita) na maioria
das regies brasileiras, enquanto no manejo C (de-senvolvido; altamente tecnicizado) ocorre um forte
predomnio de terras com moderadas restries, con-siderando-se o atual nvel de tecnicizao. Torna-se
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interessante destacar que as terras mais frteis e pro-
pcias agricultura (classe Boa) s ficaram mais evi-denciadas nos manejos B e C, mesmo assim predo-
minantemente nas regies Sudeste e Sul.
Aproximadamente 10% do territrio nacional ou cercade 926.137km2, so terras indicadas para uso com pas-
tagem plantada. A regio Sul destaca-se positivamente,apresentando elevado potencial para essa atividade.
Cerca de 56% de suas terras apresentam aptido Boapara pastagens plantadas, seguidas de 28% com apti-
do Regular, e apenas 17% com restries severas a este
uso. As demais regies apresentaram-se constitudasde terras com classe de aptido Regular e Restrita para
pastagem plantada.
Com relao silvicultura, destaque tambm para a regioSul, onde cerca de 48% de suas terras apresentam aptido
variando de Boa a Regular (14% e 34%, respectivamente),sendo o restante (52%) da classe restrita. A regio Nordes-
te, apesar do alto percentual de terras com aptido Restri-ta (67%), apresenta o correspondente a 31% de suas terras
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com aptido Regular, e apenas 2% com aptido Boa para utilizao com silvi-
cultura (Tabela 2).
Quanto avaliao das terras para pastagem natural, a regio Sul destacou-senovamente, pois apresenta 60% de suas terras com aptido Boa para essa
atividade. A seguir, destaca-se a regio Nordeste, cujas terras apresentam, do-minantemente, aptido Regular (33%) e Restrita (67%). As demais regies apre-
sentam suas terras com classe de aptido quase que exclusivamente Restritapara pastagem natural.
A partir da contextualizao e viso sinptica sobre a avaliao da aptido
agrcola das terras brasileiras, observa-se que o pas possui um imenso poten-cial agrcola, pois dispe de 5,55 milhes de quilmetros quadrados (555 mi-
lhes de hectares) de terras aptas para lavouras, onde, salvo restries deordem ambiental, 2,79 milhes esto na regio Norte. Possui tambm, ex-
pressiva extenso (964.334km2) de terras aptas para pastagem plantada epara silvicultura.
1 .3. O uso atual das terras
Entre os diversos usos dos solos identificados pelo Censo Agropecurio de 1996,
as atividades agropecurias ocupam atualmente cerca de 27,6% do territrio (Ta-
bela 3), sendo que as reas apenas de
preservao permanente, e jdemarcadas, representam cerca de 55
milhes de hectares, estimando-se quebrevemente alcance 10% do territrio
nacional com os novos processos dedemarcao em curso. Embora seja um
quantitativo expressivo, considera-seque este montante ainda seja insufici-
ente para a preservao dos diversosbiomas do pas.
A anlise da estrutura produtiva
do pas revela que o principal usodo solo a pecuria, com 21% do
territrio brasileiro ocupado compastagens, ou seja, mais que o tri-
plo das terras destinadas a pro-duo de culturas permanentes e
lavouras. Em termos regionais,observa-se que o aproveitamento
de pastagens naturais ainda per-manece significativo, apesar dasdiferenas regionais em termos
climticos, valor da terra, padresculturais, oportunidades produti-
vas e tecnicizao da agropecu-ria (Figura 2). J para pastagens
plantadas, a regio Centro-Oestedestaca-se em relao s demais,
com seus 46 milhes de hectares,ou quase a metade das pastagens
plantadas do Brasil, seguida pelaregio Sudeste com cerca de 20
milhes de hectares.
Embora o pas disponha de um ex-celente potencial de solos aptos
irrigao, estimados em 29,5 mi-lhes de hectares, sua utilizao ain-
da modesta, totalizando em 1998uma rea de 2,87 milhes de hecta-
res, ou seja, apenas 6,19% das re-as destinadas a produo agrco-
la , muito abaixo dos padresmundiais e das oportunidades que
o Pas oferece.
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Com relao intensidade de uso
das terras por atividadesagrossilvipastoris, esta foi estima-
da com base no CensoAgropecurio de 1985/86, e na base
de informaes municipais foramselecionadas variveis que repre-
sentam as trs principais categori-as de uso da Terra: Agricultura,
Pecuria e Silvicultura, que foramnormalizadas e agrupadas em um
ndice final de intensidade de ocu-pao dos territrios municipais
por atividades agrossilvipastoris(Figura 3). Verifica-se que a ativida-
de agropecuria mais intensivanas regies Sul, Sudeste e Centro-
Oeste, respectivamente. A regioNordeste, embora bastante
antropizada, apresenta uma inten-sidade de uso intermediria, face
s limitaes climticas; e a regio
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Norte apresenta, de forma geral, municpios com reas de baixa intensida-
de de uso agropecurio ou mesmo ausente.
2. O domnio e a dinmica do uso dos solos
2.1. O perfil da estrutura fundiria
A estrutura fundiria brasileira, que determina parte da forma e presso de uso do
solo, pode ser analisada sob duas ticas distintas: a primeira tem por foco a distribui-o do espao fundirio entre seus detentores - proprietrios e posseiros. A segunda
permite identificar como este espao ocupado e explorado pelos produtores rurais.Desta forma tm-se: o imvel rural (unidade de propriedade) e o estabelecimento
agropecurio (unidade de produo). Para as anlises relativas distribuio doespao fundirio entre os detentores, so utilizados os dados cadastrais levantados
pelo Instituto Nacional de Colonizao e Reforma Agrria Incra. Na segunda hip-tese, empregam-se os dados extrados dos Censos Agropecurios, da Fundao do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica IBGE. Embora as fontes apresentemesquemas conceituais distintos, ambas evidenciam um acentuado grau de concen-
trao da terra no Brasil.
que a mdia nacional, enquanto que
para os estabelecimentos rurais, domesmo extrato, ela representa 43 ve-
zes a mdia nacional.
Portanto, como conseqncia, tantode seu passado de ocupao colonial
quanto da sua forma de ocupaomais recente, o Brasil no apresenta
uma satisfatria distribuio da pro-priedade da terra, ainda que sucessi-
vos governos no tenham poupadoesforos no sentido de reverter este
quadro. Atualmente as aes de refor-ma agrria tomaram grande vulto, tan-
to em funo da presso exercida porsegmentos da sociedade civil organi-
zada, como pelas diretrizes e metasde polticas agrrias estabelecidas e
concretizadas notadamente nos trsltimos governos.
Outro ponto a ser destacado refere-se
ao fato de que a concentrao de pro-priedade da terra seja elevada em todo
pas quando vista sob a tica da sim-ples anlise dos indicadores nacionais.
Tais indicadores tendem a obscurecerou mesmo distorcer as diferenas re-
gionais da contrao da propriedadeda terra, tanto em seus aspectos his-
tricos, como nos sistemas de ocu-pao e dimenso das reas. Este ce-
nrio pode ser visualizado atravs dondice de Gini (Tabela 4), utilizada
como medida de avaliao da concen-trao fundiria. Observando-se a va-
riao do ndice entre 1992 e 1998.Deve ser dada ateno especial re-
gio Norte, nica a apresentar valoressuperiores aos ndices nacionais nos
dois perodos considerados.
As aes de cadastramento do Incraregistraram, aproximadamente, 2,9
milhes e 3,6 milhes de imveis ru-rais, respectivamente, em 1992 e em
1998, distribudos em termos abso-lutos, pelas cinco grandes regies
Conforme as estatsticas cadastrais do Incra, em 1998, os imveis rurais com reasuperior a 1.000 ha, representando 1,4% do universo cadastrado, detinham 49% da
rea total. J em termos de estabelecimentos agropecurios, 0,9% deles, com reasuperior a 1.000 ha, ocupavam 43,7% da rea total recenseada em 1996. Do outro
extremo, 31,1% dos imveis rurais com menos de 10 ha, ocupavam apenas 1,4%da rea total. De forma mais dramtica, 52,9% dos estabelecimentos agropecurios
com rea inferior a 10 ha, abrangiam, to somente, 2,7% da rea total.
Quando considerada a grandeza do territrio brasileiro, 415 milhes de hecta-res pelo cadastro do Incra em 1998, e 353 milhes de hectares de acordo com
o ltimo Censo Agropecurio do IBGE, evidencia-se a magnitude que se deste forte grau de concentrao da terra no pas. Um bom exemplo est no fato
de que a rea mdia dos imveis rurais com mais de 1.000 ha 33 vezes maior
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brasileiras, conforme Tabela 5. Ana-
lisando-se os dois momentos retra-tados, verifica-se que a regio Sul con-
centra a maior quantidade de imveisdo Brasil 35,53% em 1992 e 31,57%
em 1998, ao mesmo tempo em queocupa sempre a menor parcela da
rea cadastrada. Seus imveis tmem mdia 38 ha, e a metade deles
no ultrapassa a 14 ha.
As regies Nordeste e Sudeste man-tm-se com representatividade se-
melhante no tocante ao nmero deimveis, em ambos os perodos de
avaliao. A situao no se repetequando comparada s reas cadas-
tradas, apontando maior concentra-o para a regio Nordeste. Em 1998,
a rea mdia dos imveis da regioNordeste correspondia a 79,1 ha, en-
quanto que os imveis da regio Su-deste apresentavam uma mdia de
70,2 ha. Acentua-se o contraste e a
desigualdade entre as regies quan-
do comparadas suas reas media-nas. Metade dos imveis da regio
Sudeste tem at 19 ha, enquanto quea rea mediana para o Nordeste no
atinge 16 ha.
Mais da metade da rea cadastradano pas pertence s regies Norte e
Centro-Oeste, embora a quantidade deimveis, mesmo em conjunto, seja
pouco expressiva, se comparada comqualquer outra regio brasileira. Como
reflexo, as reas mdias dos imveislocalizados em ambas regies ultra-
passa a 400 ha e a rea mediana apro-xima-se dos 70 ha.
Considerando-se o perodo, pode-se
mensurar a dinmica dos movimen-tos ocorridos no cadastro. Para o Bra-
sil, observou-se um acrscimo de22,7% no nmero de imveis rurais e
de 34,0% na rea. Entretanto, umagrande estabilidade observada na
estrutura fundiria brasileira no pero-do 1972/1998, fato este corroborado
pela rea mdia dos imveis que, deacordo com Hoffmann diminuiu ape-
nas 3%, passando de 109,3 ha em 1972para 106,0 ha em 1992. A rea media-
na nacional apresenta mudana insig-nificante, caindo de 18,7 para 18,5 ha.
O ndice de Gini permanece um pou-co acima de 0,83 e a porcentagem da
rea total, ocupada pelos 10% maio-
res estabelecimentos, permanece em77%.
A Tabela 4 demonstra a mencionada
estabilidade no perodo 1972/1998,utilizando para tanto, alm do ndice
de Gini, o ndice de Theil, que tambmconstitui uma medida de concentra-
o. Ainda segundo Hoffmann, umadas razes para esta estabilidade da
estrutura fundiria deve-se extensoterritorial do pas, que faz com que in-
tervenes governamentais localiza-das tenham pouco efeito no total.
2.2. Estabelecimentos, reae valor bruto da produo
No Brasil existem 4.859.864 estabele-cimentos rurais, ocupando uma rea
de 353,6 milhes de hectares. No anoagrcola 95/96, o Valor Bruto da Produ-
o (VBP) Agropecuria foi de R$ 47,8bilhes e o financiamento total (FT) de
R$ 3,7 bilhes. Do total dos estabeleci-mentos, 4.139.369 so familiares, ocu-
pando uma rea de 107,8 milhes deha, sendo responsveis por R$ 18,1 bi-
lhes do VBP total e contaram com R$937 milhes de financiamento rural. Os
agricultores patronais so representa-dos por 554.501 estabelecimentos,
ocupando 240 milhes de ha. O res-tante formado por aqueles estabele-
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cimentos que no puderam ser enquadrados.(Tabela 6)
A anlise regional demonstra a importncia da agriculturafamiliar nas regies Norte e Sul, nas quais mais de 50% do
VBP produzido nos estabelecimentos familiares. Na re-gio Norte, os agricultores familiares representam 85,4% dos
estabelecimentos, ocupam 37,5% da rea e produzem 58,3%do VBP da regio, recebendo 38,6% dos financiamentos.
Nesta regio, onde se observa tambm o predomnio de
terras restritas para onvel tecnolgico primi-
tivo (Manejo A), co-mum tambm a ocor-
rncia da agricultura fa-miliar de menor nvel
tecnolgico, de formaitinerante e com o em-
prego de queimadas,com forte presso sobre
os solos, que face pe-quena dimenso mdia
das propriedades, tem-peratura ambiente eleva-da e precipitao inten-
sa, rapidamente per-dem sua capacidade produtiva.
A regio Sudeste comparativamente a que apresenta o
maior desequilbrio, onde a agricultura familiar apresentauma grande desproporo entre o percentual de financia-
mento recebido e a rea dos estabelecimentos. Esses agri-cultores possuem 29,2% da rea e recebem somente 12,6%
do crdito rural aplicado. Ressalta-se o problema das zonasmontanhosas do sudeste brasileiro que sofrem forte pres-
so de uso, pois os pequenos produtores caractersticosdestas regies, alm das limitaes de rea disponvel e
mecanizao das terras, so penalizados ainda pela falta deacesso ao nvel financeiro requerido para adoo de
tecnologias e alternativas produtivas.
A regio Nordeste a que apresenta o maior nmero deagricultores familiares (88,3%), os quais ocupam 43,5% da
rea regional, produzem 43% de todo VBP da regio e res-pondem por apenas 26,8% do valor dos financiamentos
agrcolas. Historicamente a conjugao de fortes limita-es climticas conjugadas insuficincia de rea para pro-
duo tem resultado na perda progressiva da coberturavegetal natural, sobre explorao dos solos com conse-
qente perda de sua capacidade produtiva dos solos, ero-so e, em casos mais srios, a desertificao.
Este fato tem determinado um deslocamento do setor para
terras com menor potencial de uso, com maiores riscos desobre utilizao e degradao dos recursos do solo, como
efetivamente se observa pela presena de pastagens degra-dadas e processos erosivos nestas regies. Na regio Norte,
a conjugao de temperaturas elevadas e chuvas intensasdetermina uma perda mais rpida do potencial produtivo
dos solos, e conseqen-temente das pastagens,
sendo principalmenteestas as reas ocupadas
recentemente pelas la-vouras. No Nordeste,
face fragilidade dobioma Caatinga este in-
dicador maispreocupante, face ao ris-
co adicional dedesertificao.
De forma geral, o pro-dutor ao implantar re-
as de pastagens plan-tadas, quando muito, consegue fazer a correo do solo,
geralmente atravs da utilizao de culturas de ciclo cur-to (milho, arroz etc.), porm no consegue ter o nvel
financeiro requerido para manej-las atravs de aduba-es de manuteno e tcnicas de manejo, ocasionan-
do, geralmente, o sobrepastejo. Nesta situao, e emalgumas regies do pas, ainda se observa o uso de quei-
madas como forma de manejo e recuperao de pasta-gens no perodo seco, geralmente com drsticos efeitos
subseqentes sobre a conservao dos solos e dos de-mais recursos naturais.
No caso dos bovinos, parte da produo originou-se da
expanso pecuria atravs do aumento das reas compastagens, porm como as taxas de expanso apresen-
tam, ultimamente, sinais de estabilizao, parte tambm oriunda do processo de tecnicizao do setor. Exemplos
desta modernizao no faltam no pas, como programasoficiais e privados de melhoria gentica do plantel nacio-
nal, que incluem inseminao artificial e transferncias deembries, integrao lavoura-pecuria, confinamento e
semiconfinamento, e o recente programa oficial derastreabilidade eletrnica de animais. Como resultado, a
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taxa de abate ou desfrute do rebanho nacional, que era de
16% em 1990, terminou a dcada com 23%, superior a m-dia mundial de 20%. Estes indicadores, associados s no-
vas ferramentas da biotecnologia para o melhoramentogentico, indicam que a pecuria nacional deva manter uma
tendncia crescente de tecnicizao, respondendo s de-mandas de consumo via ganhos crescentes de produtivi-
dade, sendo sua intensidade dependente de polticas
setoriais, diminuindo sua expanso em direo Amaz-nia, hoje uma das principais formas de ocupao das suas
terras.
A rea mdia dos estabelecimentos familiares no Brasil de 26 ha (Figuras 4 e 5), enquanto que a patronal de 433
ha, apresentando tambm uma grande variao entre asregies, relacionando-se ao processo histrico de ocupa-
o da terra. Assim, nas regies onde os agricultores patro-nais apresentam as maiores reas mdias, o mesmo acon-
tece entre os familiares. Enquanto a rea mdia entre osfamiliares do Nordeste de 16,6 ha, no Centro-Oeste de
84,5 ha. Entre os patronais, com uma mdia de 433 ha parao Brasil, na regio Centro-Oeste a mdia chega a 1.324 ha,
encontrando-se na regio Sudeste a menor rea entre a dospatronais, com 223 ha por estabelecimento.
A anlise regional demonstra a importncia da agricultura
familiar nas regies Norte e Sul, nas quais mais de 50% doVBP produzido nos estabelecimentos familiares. Na re-
gio Norte, os agricultores familiares representam 85,4%dos estabelecimentos, ocupam 37,5% da rea e produzem
58,3% do VBP da regio, recebendo 38,6% dos financia-mentos (Tabela 6).
A regio Sul a mais forte em termos de agricultura famili-ar, representada por 90,5% de todos os estabelecimentos
da regio, ocupando 43,8% da rea, e produzindo 57,1% doVBP regional. Nesta regio, os agricultores familiares fi-
cam com 43,3% dos financiamentos aplicados na regio.Destaca-se, tambm, que nesta regio que se observa
agricultores familiares mais tecnicizados, adotando siste-mas conservacionistas de produo, como o Sistema de
Plantio Direto.
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O Centro-Oeste apresenta o menor percentual de agricultores familiaresentre as regies brasileiras, representando 66,8% dos estabelecimentos da
regio, e ocupando apenas 12,6% da rea regional. Nesta regio, verifica-seuma intensificao do uso da terra, com forte especializao para a produ-
o de gros e fibras em plantios com fins industriais, bem como fruticultu-ra e a pecuria extensiva.
2.3. Aspectos gerais da dinmica de uso da terra
A variao percentual da rea total utilizada no pas, tendo como base os dados
dos Censos de 1970 e 1996, revela uma expanso mdia de 28% do uso dasterras, porm com grandes diferenas regionais. Assim as maiores variaes
nas reas utilizadas, cobertas pelos censos, aconteceram nas regies Norte (85%)e Centro-Oeste (62%), indicando um forte processo de expanso da agropecuria
nessas regies. No Nordeste houve um acrscimo de 17%, no Sul permaneceuquase constante, e no Sudeste um retrocesso de 5%.
todas as regies e, logica-mente, no pas;
b) Em geral, as percentagens to-
tais de reas com lavouras (tem-porrias e permanentes) mos-
tram pequenas variaes, po-dendo, no entanto, ser feitas
algumas consideraes entreos dois tipos. No pas, ou seja,
na mdia das regies, houveum decrscimo da frao cor-
respondente a lavouras perma-nentes, junto com um acrs-
cimo da frao de lavourastemporrias, o mesmo tendo
acontecido no Nordeste e noSul. Na regio Norte houve um
incremento na percentagem derea com lavouras permanen-
tes e uma pequena diminuioem lavouras temporrias. J no
Sudeste e no Centro-Oeste osdois componentes aumenta-ram, porm no Sudeste o au-
mento mais importante ocor-reu nas lavouras permanentes,
sendo discreto para as lavou-ras temporrias, enquanto que
no Centro-Oeste ocorreu o con-trrio, ou seja, esta tende a se
consolidar como a grande pro-dutora de gros;
c) Para as reas com matas e flo-
restas, na mdia, houve au-mento tanto no componente
para matas naturais, quanto node matas plantadas. Regional-
mente isso tambm aconte-ceu no Nordeste, no Sudeste
e no Centro-Oeste, com dife-rentes graus de variao. J no
Norte e no Sul houve uma di-minuio dos componentes
relacionados com matas nati-vas, e um aumento nos de
matas plantadas.
Desagregando os dados em seis principais formas de uso, ou seja, lavouras per-
manentes -LAVPER, lavouras temporrias -LAVTMP, pastagens naturais- PASTNAT,pastagens plantadas -PASTPLA, matas e florestas naturais-MATNAT e matas e
florestas plantadas -MATPLA e, relativizando-as pelo total da rea por elas ocupa-das (Tabela 7), pode-se captar os aspectos essenciais da evoluo do uso do
espao nacional.
A partir das contribuies relativas, e em termos resumidos e essencialmentequalitativos, podem ser obtidas as seguintes concluses, que descrevem as
tendncias produtivas das regies brasileiras:
a) A principal mudana reside na diminuio da percentagem das reascom pastagens nativas, conjuntamente com o crescimento da per-
centagem das reas com pastagens cultivadas, o que aconteceu em
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Aplicando-se aos dados um conceito
de distncia (de fato, mtrica L1) entreduas estruturas para avaliar as mudan-
as ocorridas no uso da terra, as prin-cipais concluses so:
a) Tanto no pas, quanto em cada
regio, as variaes que ocor-reram em termos de pastagens
so muito superiores s queaconteceram nas lavouras ou
nas matas e florestas, situan-do-se entre 65% e 85% da varia-
o total;
b) Na mdia, ou seja, para todoo pas, a contribuio para a
variao nas estruturas deuso da ordem de 12% em
matas e florestas, e de cercade 3%, em lavouras;
c) Nas regies, a contribuio
para a variao de estrutura daslavouras, ou das matas e flo-
restas, mostra dois tipos decomportamento: nas regies
Norte, Sudeste e Centro-Oesteso maiores as contribuies
das matas e florestas do que asdas lavouras (sendo cerca de
duas vezes maior no Sudeste,quatro vezes no Centro-Oeste
e nove vezes no Norte); nas re-gies Nordeste e Sul so maio-
res as contribuies das lavou-ras do que as das matas e flo-
restas (sendo cerca de dez ve-zes maiores no Nordeste e,
apenas, 30% maiores no Sul).
Em termos agregados, a distnciapode ser utilizada como um indicador
de dinmica no uso da terra. Assim,considerando as distncias calcula-
das, a regio mais dinmica a doCentro-Oeste, sendo seguida pela do
Sudeste, Norte, Sul e Nordeste, res-pectivamente.
2.4. A dinmica e as transformaes da agropecuria
Ao longo das dcadas analisadas, constata-se que a agricultura cumpriu comeficincia seu papel na economia brasileira, ou seja, a de prover alimentos, ener-
gia, fibras e outros para a populao, gerando divisas via exportao de exceden-tes e capital para a industrializao do pas.
Grandes investimentos em infra-estrutura tornaram possvel um sistema de trans-porte multimodal cada vez mais eficiente e barato, com efeitos catalticos tanto na
expanso como no aumento da produo agropecuria. Exportaes de reascom pouco acesso so agora possveis a preos competitivos, como no Corredor
Norte, o caminho fluvial que conecta o Rio Madeira ao Rio Amazonas atravs doPorto de Itacoatiara e o Corredor Centro - Norte conectando o estado de Mato
Grosso ao Porto de Ponta da Madeira no Nordeste do pas, permitindo aindaincorporao de novas reas produtivas dos estados de Tocantins, Piau e Mara-
nho. Nestes, como exemplo das possibilidades de transformaes associadasas potencialidades das terras e vantagens comparativas, no ano agrcola de 1998 j
cultivaram uma rea da ordem de 210 mil hectares de soja, apresentando umpotencial superior a 3 milhes de hectares, rea equivalente cultivada no estado
do Rio Grande do Sul.
O desenvolvimento e uso de novas tecnologias de produo, a exemplo daagricultura, tambm tem sido a alternativa utilizada pelo setor ao longo do tem-
po, para enfrentar os problemas de rentabilidade e respostas s demandas deconsumo, como indicado pelo aumento constante da produo de carnes ilus-
trado na Figura 7. Sunos e especialmente aves, tiveram ganhos de produo eprodutividade excepcionais a partir da dcada de 1990. A agricultura brasileira
atualmente uma das mais competitivas do mundo, com amplas perspectivasde influenciar a formulao de preos internacionais.
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Entretanto, as perdas e frustaes de safras em culturastemporrias em regime de sequeiro eram expressivas at
a metade da dcada de 1990, com registros de perdas porseca da ordem de 60% e 32% por chuvas intensas nos
cultivos de vero e nos cultivos de inverno, da regio Sul,perdas por seca de 30%, por chuvas fortes na colheita 32%
e geada 30%.
A disponibilidade tecnolgica sob condio de sequeiro ain-da no completa para todos os agricultores e regies. O
Nordeste, a mais frgil das regies e que provavelmenteno ter condies de competir com as demais, sob tecno-
logia irrigada favorecida pela luminosidade e temperatu-ra, podendo ser extremamente competitiva, desde que se
promova o desenvolvimento tecnolgico especfico paraas condies ambientais locais, buscando-se nveis de pro-
dutividades economicamente mais elevados que os atuais,principalmente para o milho, arroz, feijo e algodo.
Porm a irrigao no Brasil, que passou por um perodo de
forte expanso at o ano de 1990, apresenta atualmenteum crescimento lento, embora oferea uma srie de van-
tagens comparativas ao processo de uso e ocupao dasterras. Exemplificando, apenas 6,19% dos 38,3 milhes dehectares atualmente cultivados no pas so irrigados, sen-
do que no mundo 17% do 1,5 bilho de hectares utilizam airrigao. Entretanto, a produtividade da irrigao agrcola
faz com que estes 17,7% respondam por 40% dos alimen-tos produzidos, sendo esta proporo ainda maior no Bra-
sil, ou seja, 35% da produo agrcola oriunda dos 2,87milhes de hectares irrigados. Assim, pela sua extenso
atual, e de forma geral, pelos baixos impactos causadosaos solos brasileiros ao longo do tempo, a irrigao no
se configura como uma forma de presso sob os solos, esim uma alternativa para diminuir a presso pela ocupa-
o e uso agrcola das terras brasileiras, via aumento derenda econmica, produo e produtividade agrcola. Para
tal, necessrio estabelecer uma nova poltica de crditopara o setor, que equacione a maior necessidade de inves-
timentos nesta tecnologia, o acesso ao crdito e os eleva-dos custos financeiros atuais, permitindo ainda a partici-
pao dos pequenos produtores, um problema que passapor exigncias de garantias, solues de passivos e ou-
tros fora do domnio dos agricultores.
O rebanho bovino nacional atualmente o segundo maiordo mundo, estimado em 157 milhes de cabeas (32 mi-
lhes de leite e 125 milhes de corte), distribudos em 1,6milhes de estabelecimentos pecurios. Para tal, as varia-
es com o uso da terra com pastagens, especialmentecom pastagem plantada, foram extremamente superioresas demais formas de uso, revelando seu dinamismo espa-
cial e sua importncia relativa na expanso da fronteira agr-cola do Pas.
Figura 6- Uso atual, aptido agrcola e balano da disponibilidade das terras aptas para pastagem plantada por regio do Brasil.
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Uma anlise comparativa utilizando-sedados agregados indica que a rea de
pastagens plantadas somente no su-pera em volume de terras com aptido
para este fim na regio Norte (Figura 8).Embora esta comparao no signifi-
que necessariamente que a atividadeesteja utilizando terras com menor apti-
do ou mesmo inaptas, serve como in-dicador indireto de presso sobre o uso
da terra. Assim, nas regies Sul, Sudes-te e Centro-Oeste, existe a tendncia de
ocupao por lavouras de reas compastagens naturais, plantadas, degrada-
das ou no, face sua menor rentabili-dade comparativa.
Uma anlise expedita sobre a rentabi-lidade mdia do setor (Embrapa, 2001
projees no oficiais) utilizando-sedados agregados revela que os pecu-
aristas possuem em mdia 75 cabe-as, que considerando uma margem
lquida de 15% na atividade, resultanuma remunerao mensal de R$
100,00 para a sobrevivncia deste m-dio pecuarista. Esta simulao ilustra
especialmente as dificuldades dos pe-quenos produtores e a presso que
estes exercem sobre as terras de me-nor aptido agrcola, como as que se
verificam por exemplo, nas regiesmontanhosas do Sudeste, e a neces-
sidade de programas e polticas seto-
riais para a diversificao/ordenamen-to agrcola, recuperao das pasta-
gens, solos e mesmo o reflorestamen-to de biomas mais ameaados.
De fato o problema da degradao
das pastagens no Brasil preocupan-te, face principalmente a extenso
de terras atualmente utilizadas. Em-bora alternativas tecnolgicas exis-
tam e estejam disponveis, a baixarentabilidade do setor geralmente
determina, especialmente entre ospequenos e mdios pecuaristas, um
baixo uso de tecnologias de manejodos solos e pastagens.
3. Processos dedegradao da terra
Os processos de degradao esto
associados a fatores edficos, cli-mticos e antrpicos. A intensida-
de e a taxa de desenvolvimento des-ses processos so ampliadas pelo
uso e manejo inadequados da terra(desmatamento indiscriminado, ex-
plorao acima da capacidade desuporte, uso intensivo de grades de
discos no preparo do solo etc.), queexpondo o solo aos fatores intem-
pricos induzem destruiogradativa de suas propriedades fsi-
cas, qumicas e biolgicas. A perda
da camada superficial do solo aprincipal forma de expresso da de-
gradao das terras no Brasil, sen-do a eroso a sua causa maior.
3.1. Eroso
O modelo agrcola predominante no
pas baseado em uso de energia fs-sil, agroqumicos, mecanizao inten-
siva e forte preocupao com a efici-ncia econmica, via ganhos de pro-
dutividade. Ainda hoje, utilizando opreparo intensivo do solo atravs de
implementos como arados e gradesde discos, esse modelo incrementa
fortemente os processos erosivospela exposio do solo
ao sol, chuva, destrui-o de seus agregados,
formao de camadascompactadas, decrsci-
mo de permeabilidadee infiltrao e, em con-
seqncia, elevaodas perdas do
patrimnio solo.
Assim, a erosohdrica a principal
forma de degradaodos solos no Brasil, e
ocorre em trs fases: desagrega-o, transporte e deposio; e suas
principais formas de expresso soa laminar, sulcos e em voorocas
(Bertoni & Lombardi Neto, 1990).Em 1982 estimou-se que 12,5 mi-
lhes de t de sedimentos eram de-positados por ano no reservatrio
da usina hidreltrica de Itaipu, sen-do que 4,8 milhes provinham do
estado do Paran (Derpsch et al.,1991). Em So Paulo, dos 194 mi-
lhes de t de terras frteis erodidasanualmente, 48,5 milhes de t causa-
ram assoreamento e poluio em ma-nanciais, correspondendo a 10 kg de
solo para cada 1 kg de soja, e a 12 kg
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para cada 1 kg de algodo produzi-do (Bertolini et al., 1993). No Rio Gran-
de do Sul, perdas anuais de 40 t ha--1
de solo foram reportadas por
Schmidt (1989). Em 1949, estimava-se que o Brasil perdia por eroso
laminar cerca de 500 milhes de t deterra anualmente (Bertoni &
Lombardi Neto, 1990) e, em 1992, re-lataram-se perdas anuais de 600 mi-
lhes de t (Bahia et al., 1992).
Hoje, em razo da ampliao da reaagrcola, e do uso intensivo das ter-
ras, as perdas de solo por eroso se
ampliaram em algumas regies dopas. Considerando a rea total ocu-
pada com lavouras (anuais e perenes)e pastagens (naturais e plantadas),
relatadas no Censo Agropecurio de1995/1996, e admitindo-se uma perda
mdia anual de solo de 15,0 t ha-1 paralavouras (Bragagnolo & Pan, 2000) e
de 0,4 t ha-1 para pastagens (Bertoni &Lombardi Neto, 1990), estimou-se as
perdas totais anuais de solo em 822,7milhes de t, sendo 751,6 milhes em
rea de lavouras e 71,1 milhes de t
A eroso gera perdas anuais correspondentes a 15,2 milhes de t de calcrio dolomtico (23%
de CaO) valorados em R$563 milhes; 879 mil t de superfosfato triplo que valem R$483
milhes e 3 milhes de t de cloreto de potssio valorados em R$1,7 bilhes. A reposio das
perdas de N e S, totalizam 5,3 milhes de t de uria ou R$2,77 bilhes e 995 mil t de sulfato de
amnio custando R$394 milhes. Somando-se a esses valores R$2,06 bilhes que o custo do
adubo orgnico necessrio reposio da matria orgnica ao solo, estima-se que a eroso
hdrica gere um prejuzo total relativo s perdas de fertilizante, calcrio e adubo orgnico, da
ordem de R$ 7,9 bilhes por ano.
Pode-se ainda estimar com base em diferentes autores, o efeito da eroso na depreciao da
terra (Landers et al., 2001a), no custo do tratamento de gua para consumo humano (Bassi,
1999), no custo de manuteno de estradas (Bragagnolo et al., 1997) e na reposio de
reservatrios, decorrente da perda anual da capacidade de armazenamento hdrico (Carvalho
et al., 2000). Somando-se os impactos anteriores estima-se, de forma parcial (h uma extensa
relao de efeitos aqui no valorados), que a eroso promoveria R$13,3 bilhes de prejuzos
por ano (Tabela 8).
Box 1 - Valorao econmica de perdas.
devidas s pastagens. Desse total, 247
milhes de t de sedimentos por ano(ou 30%) podem ser, finalmente, de-
positados em estradas, rios, represasetc., acarretando prejuzos scio-eco-
nmicos e ambientais de elevadamagnitude. Valores superiores foram
ainda obtidos por Vergara Filho (1994)que estimou em 1,054 bilhes de t as
perdas anuais de solo para o Brasil.
Alm das partculas de solo em sus-penso, o escoamento superficial
transporta nutrientes, matria org-nica, sementes e defensivos agr-
colas que, alm de causarem pre-juzos produo agropecuria, po-
luem os recursos hdricos. Combase em Hernani et al. (1999) e nos
dados acima descritos, estimou-seas perdas anuais de Clcio em 2,5
milhes de t, Mg em 186 mil t, Pem 142 mil t, K em 1,45 milhes t
e 26 milhes de t em matria org-nica. Admitindo-se perdas por ero-
so em lavouras, 863 mil t e 86 milt, para N e S, respectivamente
(Malavolta, 1992), e que tais perdasnas reas de pastagens sejam 50%
menores, estimou-se em 2,4 mi-lhes e 239 mil t por ano as perdas
totais de N e S, respectivamente.
Estabelecendo-se, com base emDe Maria (1999), que as perdas de
gua sejam de 2.519 m3 ha-1.ano-1
para as reas cultivadas com la-
vouras, e que nas com pastagensa perda mdia relativa seja um d-
cimo desse valor, estima-se para area atualmente ocupada, perdas
anuais de gua de 126,2 bilhes dem3 em reas de lavouras e 44,8 bi-
lhes de m3 em reas de pasta-gens, num total de 171 bilhes de
m3 de gua. Esse volume no seinfiltra no solo e nem recompe
lenis freticos, causando en-chentes nos rios e diminuio da
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disponibilidade hdrica, sendo um
dos fatores ocultos na recente cri-se energtica brasileira.
O cruzamento do mapa de intensidade
de uso com o de susceptibilidade dasterras eroso ilustra espacialmente
estas perdas, como apresentado na Fi-gura 8. Assim na regio Norte, onde os
solos tm alta susceptibilidade ero-so, face elevada precipitao
pluviomtrica, 98% das terras apresen-tam baixo grau de vulnerabilidade ero-
so hdrica devido principalmente bai-xa ocupao agrcola das terras, enquan-
to na regio Nordeste limitaes clim-ticas diminuem essa vulnerabilidade em
82% das reas. Embora apresente bai-xos nveis de vulnerabilidade em 78%
de sua rea ocupada, a regio Centro-Oeste apresenta reas extremamente
crticas, como as bordas do Pantanal eas nascentes de rios importantes para
as bacias do rio Amazonas e doParaguai/Prata. bm um agravamento da eroso em
conseqncia das mudanas climti-cas esperadas para o prximo sculo
(Williams et al., 1996 e Williams, 2000).
3.2. Perda de fertilidade dosolo
As prticas modernas de adubao,
introduzidas h mais de um sculo ebaseadas no conceito de nutrio de
plantas, contriburam significativa-mente para o aumento da produo
agrcola e melhoria da qualidade dealimentos, florestas e forrageiras. A
elevao da fertilidade dos solos pelaadubao, aliada ao melhoramento
de plantas, aumentou a produtivida-de das culturas no perodo de 1970-
1998, resultando na economia de uti-lizao de terras no Brasil da ordem
de 60 milhes de hectares. Esta reapoderia ser ainda maior, caso a adu-
bao fosse uma prtica mais disse-minada no pas.
Os solos brasileiros
so em geral cidos,pobres em fsforo,
clcio, magnsio ecom teores altos de
elementos txicos(alumnio, mangans
e ferro); no entanto,aplica-se muito me-
nos fertilizante e cor-retivo que o recomen-
dado. Em funo daacidez excessiva, deve-
riam ser aplicados cer-ca de 75 milhes de t
anuais de calcrio.Embora a capacidade
instalada para minera-o e processamento
seja atualmente de 50milhes de t anuais,
aplica-se hoje no pascerca de 15 milhes
de t.ano-1, quantidade
A regio Sul apresenta 40% de suas
terras com elevados graus devulnerabilidade indicando que solos de
maior susceptibilidade eroso estosendo fortemente pressionados em
seu uso. Em contrapartida, desde adcada de 1980 cresce, nessa regio, o
uso de sistemas conservacionistas demanejo do solo baseados no Plantio
Direto (utilizado em 85% da rea cultiva-da com culturas anuais) e programas
de manejo integrado em baciashidrogrficas, mudando essa criticida-
de para uma agricultura sustentvel.
Ressalta-se, ainda, a grande influnciada inadequao de estradas de terra
rurais e de reas periurbanas princi-palmente de loteamentos ou ocupa-
es de populaes de baixa renda, noimpacto provocado pela eroso devi-
do m execuo ou inadequada con-servao (Bertolini & Lombardi Neto,
1993). Diversas projees indicam tam-
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o estado dos solos
esta que pouco mudou entre 1984 e 1999. Portanto, a cada
ano, cerca de 60 milhes de t de calcrio deixam de ser apli-cadas, resultando em menor eficincia dos fertilizantes, me-
nor produtividade das lavouras, menor renda para os agricul-tores, maior perda da capacidade produtiva dos solos e, con-
seqentemente, presso sobre os recursos naturais.
Estima-se que a contribuio de fertilizantes no rendi-mento obtido por lavouras da ordem de 35% a 50%. O
uso de adubos minerais (fertilizantes qumicos) e or-gnicos (adubao verde de inverno e vero e ester-
cos) no pas ainda muito baixo, por isso ainda nocausam problemas ao ambiente (contaminao de
guas subterrneas, por exemplo) como os registrado
em pases como Holanda e Alemanha. Embora respon-
svel por do consumo total de fertilizantes (N, P2O5 eK2O) na Amrica Latina, o Brasil ainda no ultrapassou
o consumo de 5 milhes de t anuais (perodo 1970 a1989), sendo que entre 1989 e 1999 o consumo aumen-
tou apenas 800 mil t, atingindo 5,8 milhes de t. O con-sumo de fertilizante nitrogenado, entre 1970 e 1989, foi
de 0,5 a 0,9 milho de t.ano-1 e entre 1989 e 1999 houveum aumento para cerca de 1,5 milho t.ano-1.
O consumo de fertilizantes aparenta estar relacionado s
condies econmicas do agricultor, pois entre 1991 e 1994aumentou em 48%, em 1995 diminuiu 9%, entre 1995 e 1998
aumentou 35% e em 1999 decresceu 7%. As quedas noconsumo relacionam-se a problemas de crdito, frustrao
de safras e baixos preos dos produtos agrcolas, enquan-to os aumentos envolvem geralmente relao de troca fa-
vorvel entre fertilizantes e produtos agrcolas associada asafras satisfatrias quanto produtividade.
Dos 120 milhes de hectares sob pastagem, cerca de 80
milhes so de pastagens plantadas (~ 50 milhes de hana regio dos Cerrados; 20 milhes na Amaznia e 20 mi-
lhes na regio da Floresta Atlntica), ou cerca de 10% darea total do Pas. Na Amaznia, a grande maioria foi
estabelecida praticamente sem nenhuma adubao fican-do a produtividade dependente dos resduos das cinzas
das queimadas. Nas outras regies, a introduo foi apscultivo pioneiro de arroz ou outro cereal, ficando a produ-
tividade dependente do efeito residual do adubo qumicoaplicado para o cereal. A explorao extrativista da produ-
o animal, estabelecida em solos exauridos por outrasculturas ou pela eroso, a ausncia da adubao (princi-
palmente de fsforo e nitrognio) e o sobrepastejo soalgumas das principais causas da degradao das pasta-
gens e dos solos no Brasil.
Nessas condies, as exigncias das plantas forrageiras noso atendidas, a no ser aps o curto perodo em que ascinzas das queimadas ou a decomposio da matria org-
nica, favorecida pelo preparo recente do solo, colocam emdisponibilidade alguns nutrientes. No Brasil, a adubao da
pastagem nativa ou plantada insignificante, gerando ndi-ces zootcnicos pfios. Entretanto, os efeitos benficos da
adubao so observados j no primeiro ano aps a aplica-o, enquanto a reposio das perdas pode melhorar em
muito a eficincia da adubao, uma vez que a reciclagem muito alta em pastagens produtivas e de qualidade.
3.3. Desert i f icao
A Conveno das Naes Unidas para o Combate
Desertificao (United Nations, 2001) conceituou adesertificao como o processo de degradao das terras
das regies ridas, semi-ridas e sub-midas secas, resul-tante de diferentes fatores, entre eles as variaes climti-
cas e as atividades humanas. Refere-se degradao dosolo, da fauna, da flora e dos recursos hdricos. As regies
de clima rido e semi-rido do Nordeste brasileiro constitu-em os ambientes mais susceptveis a esses processos.
Analisando-se os dados do Zoneamento Agroecolgico do
Nordeste, elaborado pela (Embrapa Solos, 2001), concluiu-se que aproximadamente 1/3 da regio semi-rida, ou cerca
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de 353.870 km2 constitudo por terras com muito baixa abaixa oferta ambiental (solos rasos, pedregosos e/ou sali-
nos em clima rido), que esto atualmente sendo utilizadascom pecuria em regime extensivo, agricultura de subsis-
tncia e algodo, em manchas de solos de menor limita-o. A conjugao desta explorao, com domnio de pe-
quenas e mdias propriedades e ocorrncia comum de va-lores de densidade da ordem de 15-20 hab/km2, exerce uma
forte presso antrpica sobre os solos e vegetao. Comoresultado, algumas dessas reas j se encontram em pro-
cesso avanado de desertificao, sendo recentemente se-lecionados quatro ncleos, nos municpios de Gilbus (PI),
Irauuba (CE), Serid (RN/PB) e Cabrob (PE), onde osefeitos esto concentrados em pequena e delimitada parte
do territrio (cerca de 15.000 Km2) porm com danos deprofunda gravidade.
Nesse sentido, o diagnstico bsico Plano Nacional de
Combate Desertificao em elaborao pelo MMAindicou uma rea total de 1.548.672 km2 com algum
processo de degradao, sendo que 98.595 km2
encontram-se na forma muito grave.
3.4. Descaracterizao de reas midas
As reas midas no Brasil somam cerca de 44,7 milhes deha e ocupam cerca de 5% do territrio. Tambm conheci-
dos como solos de vrzeas, so constitudos principalmen-te pelas classes dos Organossolos, Gleissolos e Neosso-
los. Apesar da pequena extenso que ocupam na superfcieterrestre, so considerados de suma importncia para a eco-
nomia de determinadas regies, face ao seu potencial agr-cola, sendo utilizados principalmente para a produo de
olercolas, pecuria, rizicultura e a cana-de-acar, geralmen-te de forma intensiva. Esses solos, quando drenados e/ou
cultivados, esto sujeitos a mudanas significativas em seusatributos. O uso intensivo e inadequado (com drenagem
excessiva, por exemplo) ocasiona alteraes quantitativase qualitativas expressivas na sua matria orgnica, decor-
rentes do processo de oxidao, com efeito significativonas propriedades fsicas, qumicas e morfolgicas, alm da
produtividade agrcola.
Embora no se disponha de dados oficiais, estima-se que adescaracterizao desses solos seja expressiva em todas
as regies do Pas, decorrente da drenagem para diversosfins, como da sedimentao resultante de processos
erosivos das terras altas. Um exemplo deste ltimo processo o que atualmente se observa na plancie do Pantanal Mato-
Grossense. Obras de macro-drenagem e retificao de riospara fins de saneamento, como as realizadas nas dcadas
de 1960 e 1970 descaracterizaram completamente os solosoriginalmente classificados como Organossolos e
Gleissolos em estados como o do Rio de Janeiro e EspritoSanto dentre outros. Estas obras causaram ainda aumento
da salinidade ou acidificao extrema de solos sulfatadoscidos em diversos estados, com impactos ainda hoje
negativos para os recursos hdricos e a ictiofauna
Embora no se disponha de dados oficiais, estima-se que adescaracterizao desses solos seja expressiva em todas as
regies do pas, decorrente tanto da drenagem para aprovei-tamento agrcola, como da sedimentao resultante de pro-
cessos erosivos das terras altas. Um exemplo deste ltimoprocesso o que atualmente se observa na plancie do Pan-
tanal Mato-Grossense. Adicionalmente, obras de macro-dre-nagem e retificao de rios para fins de saneamento, como
as realizadas nas dcadas de 60 e 70, descaracterizaram com-pletamente os solos originalmente classificados como
Organossolos e Gleissolos nos estados do Rio de Janeiro,Esprito Santo e outros. Essas obras causaram ainda aumen-
to da salinidade e/ou acidificao extrema de solos sulfatadoscidos, em diversos Estados do pas, com impactos, aindahoje, negativos para os recursos hdricos e a ictiofauna.
3.5. Arenizao
Arenizao aqui entendida como o processo de
retrabalhamento de depsitos arenosos pouco ou no con-solidados, que acarreta dificuldades para a fixao da cober-
tura vegetal, devido intensa mobilidade dos sedimentospela ao das guas e dos ventos. a degradao, relaciona-
da ao clima mido, em que a diminuio do potencial biol-gico no resulta em condies de tipo deserto. O Rio Grande
do Sul, com precipitao mdia de 1.400 mm, apresenta re-as em fase de arenizao localizadas a sudoeste do estado.
Os municpios envolvidos so Alegrete, Cacequi, Itaqui,Maambar, Manoel Viana, Quara, Rosrio do Sul, So Fran-
cisco de Assis e Unistalda, onde os areais ocupam 3,67 km2.A esse total, so acrescidos 1.600 ha de reas denominadas
focos de arenizao.
3.6. Salinizao
A salinizao, oriunda de processos naturais ou pelo usoagrcola, ocorre em cerca de 2% do territrio nacional esti-
mando-se em 85.931 km2 (Pereira, 1990). De uma maneirageral, a salinizao est relacionada ocorrncia de solos
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o estado dos solos
situados em regies de baixas precipitaes pluviais, altosdficits hdricos e com deficincias naturais de drenagem.
A prtica da agricultura irrigada uma das principais
causadoras de salinizao dos solos em reas dedrenabilidade deficiente nula, especialmente nas regi-
es de clima semi-rido.
Nessas condies caso no sejam drenados artificialmen-te, os solos tendem a se tornar salinos, o que vem ocorren-
do em algumas terras da regio Nordeste. Nesta, a bacia dorio So Francisco a mais importante para a irrigao e, em
sua poro semi-rida, regies do Mdio, Submdio e partedo Baixo, os solos apresentam risco de salinizao de muito
alto a mdio. J no seu Alto percurso, a ocorrncia de solos
mais profundos, bem drenados e a precipitao pluviomtricamais elevada, determinam um risco de salinizao oscilando
de nulo a baixo.
Estimativas do Ministrio do Meio Ambiente, realizadasem 1998, apontavam 495.000 ha irrigados no Nordeste. Des-
tes 139.000 ha pertenciam a projetos de irrigao pblicos,dos quais 2.093 ha foram salinizados e 750 ha estavam em
risco de salinizao. Portanto, embora no se disponha dedados sobre a salinizao em reas privadas, e mesmo con-
siderando que esta represente um risco constante para ascondies de solo e clima da regio Nordeste, atualmente a
salinizao no se configura, comparativamente, como umprocesso de degradao importante dos solos do pas, espe-
cialmente nas outras regies onde ocorrem condies maisdesfavorveis salinizao.
3.7. Queimadas
As queimadas ocorrem em todo o territrio nacional, em
cultivo itinerante praticado por indgenas e caboclos, ouem sistemas de produo altamente intensificados, como
a cana de acar e o algodo, gerando impactos ambientaisem escala local e regional. Elas so utilizadas em limpeza
de reas, preparao de colheita, renovao de pastagens,queima de resduos, para eliminar pragas e doenas, como
tcnica de caaetc. Existem mui-
tos tipos de quei-madas, movidas
por interessesdistintos, em sis-
temas de produ-o e geografias
diferentes.
O fogo afeta dire-
tamente as carac-tersticas fsico-
qumicas (perdapor volatilizao
de N e S) e biol-gicas dos solos,
deteriora a quali-dade do ar, reduz
a biodiversidadee prejudica a sa-
de humana. Aosair de controle, atinge o patrimnio pblico e privado (flo-
restas, cercas, linhas de transmisso e de telefonia, cons-trues etc.). As queimadas tambm alteram a qumica da
atmosfera e influem negativamente nas mudanas globais.
3.8. Contaminao por resduos urbanos,industriais e agroqumicos
Os principais impactos sobre os solos so possveis con-
taminaes pelo uso de defensivos agrcolas e a sobre-utilizao de terras de menor potencial agrcola, especial-
mente com pastagens.
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Toda e qualquer atividade humana leva produo deresduos (lixo urbano e industrial, esgotos etc.) cuja dis-
posio inadequada tem causado problemas de contami-nao ambiental. Entretanto, o pas no dispe de
quantificaes e estudos sistemticos sobre a contami-nao de solos, oriunda dessas atividades, nem tampouco
a contaminao destes pela utilizao de defensivos agr-colas na agricultura.
Outra fonte de contaminao, tambm restrita ao entorno
dos centros urbanos o lixo urbano. Do lixo produzido,cerca de 13% depositado em aterros controlados, 10% em
aterros sanitrios, 0,9% submetido a compostagem e 0,1% incinerado. O restante (76%) depositado a cu aberto,
nos chamados lixes.
Esgotos urbanos, que so um dos principais poluidores dosmananciais hdricos, tambm podem causar a contamina-
o de solos, quando despejados diretamente ou via extra-vasamento de rios e canais de esgotamento. Solos de vrze-
as nestas condies podem ser descaracterizados e/ou con-taminados por agentes biolgicos. Essa situao relativa-
mente comum nos grandes centros urbanos, onde se relataainda o uso de irrigao, especialmente na produo deolercolas, com guas superficiais contaminadas por esgo-
tos de natureza diversa.
Por outro lado, o tratamento dos esgotos, que contribuipara reduzir a poluio dos rios e melhorar a sade da
populao, resulta na produo de um resduo rico emmatria orgnica e nutrientes, denominado lodo de esgo-
to ou biosslido, que necessita de adequada disposiofinal. Entre as alternativas mais usuais para tal, esto o
uso agrcola e florestal (aplicao direta no solo, compos-tagem, fertilizante e solo sinttico), que embora se apre-
sente como uma das mais convenientes, ainda poucoutilizada no pas. Assim, mesmo considerando que este
biosslido possa apresentar, em algumas situaes,poluentes como metais pesados e organismos
patognicos ao homem, este no representa atualmenteuma forma de descaracterizao ou contaminao do solo,
face ao uso quase inexpressivo no pas.
Em termos de poluio, apenas os aterros sanitrios ofe-recem certa segurana, pois utilizam critrios de engenha-
ria e normas operacionais bastante rgidas. Nos demaistipos de disposio (lixes e aterros controlados), alm
da perda da camada superficial, no h impermeabiliza-o do solo, o que implica em risco de contaminao do
subsolo e das guas subterrneas por produtos orgni-
cos resultantes da decomposio da matria orgnicacontida no lixo. O uso da compostagem do lixo e do com-
posto orgnico na agricultura, no representa riscos descaracterizao do solo, pois praticamente tambm no
so utilizados no pas.
Com relao contaminao do solo por resduos indus-triais, existem apenas registros localizados, relacionados
ao entorno de centros urbanos, como a contaminao dep-de-broca (RJ), resduos radioativos (GO) etc. Relatos
sobre impactos de chuva cida, oriunda de emisses in-dustriais e queima de combustveis fsseis, so mais fre-
qentes sobre a sade da populao e na produo agr-cola, sendo o seu efeito na descaracterizao do solo ain-
da pouco estudado.
A contaminao do solo por agroqumicos tem sidoraramente estudada, sendo que as informaes exis-
tentes advm de levantamentos visando o controle daqualidade da gua e alimentos. Entretanto, h uns pou-
cos registros em situaes especficas como a conta-minao por cobre e zinco em reas de horticultura e
fruticultura, e compostos de atrazina em reas de arrozirrigado, dentre outras.
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