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Abril, Maio e Junho 2017
Ano XVIII Edição 74
TAMBOR vicentino
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CONFERÊNCIA DE 20 DE SETEMBRO DE 1658
SOBRE O SILÊNCIO
2
PROPRIEDADE: Vice-Província da Congregação da Mis-são em Moçambique: Missionários Vicentinos (Casa Vice-Provincial), R. Lic. Coutinho,35 (Malhangalene) 1103 MAPUTO - Tel +258 21 416 445 E-mail: mozvprov@cmglobal.org EDITOR: Cesar Adriano Jaime: cesaradrianocm@hotmail.com / tamborvicentinomz@sapo.mz; COLABORADORES: Seminaristas César Adriano, Ramires Pinto, Fran-
cisco Eduardo, João Massango e Sérgio Vacheque .
Editorial 03
A Voz do Vice-Provincial 04
Memoria dos Santos e das Santas da família vicentina. editor 07
Formação da agricultura na Matola. Seminarista Sérgio 11
CONFERÊNCIA DE 20 DE SETEMBRO DE 1658 SOBRE O SILÊNCIO. editor
13
Reflexos das férias em Chirrundzo. Seminarista Sérgio 19
Saber conviver no meio das diferenças Seminarista João Massango
22
A esperança começa em S. José de Matíbane Seminarista Francisco Eduardo
25
ALEGRIA DE VIVER A MINHA VOCACAO NA FAMI-LIA VICENTINA: QUEM PENSAVA!... MOTIVAÇÕES. Seminarista Ramires
28
Nunca é tarde para um novo recomeço História para a vida. editor
31
Fotografia conjunta dos seminaristas do Propedêutico e da Filosofia
32
Sumário
3
Chegando a metade do ano das celebrações
vicentinas “os 400 anos do carisma vicentino”, é
um bom momento de discernimento global ou par-
cial sobre este tempo favorável. A reflexão que
propomos que também o Padre Superior recomen-
da é o que cada um sente e faz a favor dos mais necessitados e que ava-
liação e motivação fazemos dos grupos de caridade que se empenham
com sinceridade em favor da salvação das almas e o cumprimento da-
quilo que o Mestre “Regra da missão” fez.
Nesta edição, também queremos nos dedicar, sem descurar to-
das as iniciativas dos que partilham as suas reflexões, propor o texto de
São Vicente de Paulo sobre o tema do Valor do Silêncio na vida de
missionário, porque é neste êxodo ou recolhimento que descobrimos e
escutamos serenamente a voz do Mestre da Missão e consequentemente
mudamos de rumo dos nossos serviços. Recordaremos também dentre
vários homens de fé e caridade que morreram ao serviço dos mais ne-
cessitados e em favor de Cristo glorificado e hoje são pessoas de impul-
so para nós, como: Santa Luisa de Marillac; São Ricardo Hermínio
Pampuri ; Bem-Aventuradas Filhas da Caridade que são Mártires de
Arras, isto para dar a conhecer alguns Santos que são de pouco renome entre nós mas
que em Deus são excelência.
Desejar a todos uma boa leitura e pedir para que tenham a genti-
leza e ousadia de ser não só receptores mas também doadores e servi-
dores, isto é, pedimos aos confrades que enviam as suas reflexões para
nós e principalmente sobre este anos de Graça. Bem haja.
Editorial
4
Maputo, 19 de Março de 2017
Circular nº11
Caríssimos Confrades Missionários Vicentinos
A graça do Senhor esteja sempre connosco!
Neste dia de S. José quero comunicar que o novo conselheiro
que substituirá o Pe. Inocêncio Francisco Sipoia é o Pe. Ernesto Alfre-
do Zunguze. Agradeço do fundo do coração ao Pe. Ernesto o ter aceite
este serviço importante e necessário no governo da nossa Vice-
Província de Moçambique. Como é do nosso conhecimento o Pe Ino-
cêncio vai este ano estudar para Salamanca, desde já o nosso agradeci-
mento pela sua importante contribuição e votos de bons estudos, assim
até ao final do meu do mandato o seu substituto passa a ser o Pe. Ernes-
to.
Mais informo que desde o dia 13 deste mês o superior da casa
de Chirrundzo é o Pe. Manuel Gaspar Magalhães da Costa e o gestor
da escola EFR de Chinhacanine é o Pe. Agostinho Neto Cipriano.
CONGREGAÇÃO DA MISSÃO – MISSIONÁRIOS VICENTINOS Vice-Província de Moçambique
Rua Licenciado Coutinho 35, Malhangalene – Maputo. Tel/Fax 00258-
21416445, E-mail: mozvprov@cmglobal.org - Moçambique
A voz do Vice-Provincial
5
A todos obrigado, parabéns e coragem no serviço.
A Todos, reiterados votos de Santa Quaresma e SANTA
PÁSCOA.
Unidos em Cristo e São Vicente.
Um abraço fraterno e amigo,
Maputo, 13 de Junho de 2017
Circular nº12
Caríssimos Confrades Missionários Vicentinos
A graça do Senhor esteja sempre connosco!
Hoje é dia de Santo António, grande pregador!
Como vicentinos, tendo Cristo Evangelizador por modelo, so-
mos formados para pregar o Evangelho, celebrar o culto divino e
exercer a pastoral junto aos fiéis. Segundo o espírito de São Vicente e
a tradição da Congregação, a formação dos nossos oriente‑se com a
máxima preferência para o ministério da palavra e o exercício da
caridade para com os pobres. Assim somos chamados a ser grandes
pregadores de palavras e de obras, segundo o nº 87 das nossas Consti-
tuições. Para que este espírito sempre nos anime e aqueça, fazemos
retiros periodicamente.
RETIRO
Todos os anos, por esta altura, somos convidados a fazer o
nosso retiro anual na Matola. Este ano começará dia 19, segunda-
feira, às 10 horas com a primeira palestra, e terminará dia 23 de
junho, sexta-feira, com o almoço. O nosso pregador será o sr. Pe Lu-
ciano, com o tema: Após 400 anos, reacende o carisma que se en-
contra em ti – Cf. 2Tim 1, 6
Por favor, tragam a vossa alba, para todos pudermos celebrar a
Eucaristia diária com ela.
6
ENCONTRO DAS COMISSÕES
Depois do retiro, sexta-feira à tarde e à noite, seguir-se-ão os
encontros das comissões:
14:30 Evangelização,
15:45 economia com todos os ecónomos e
17:15 formação.
18:30 Vésperas
No dia seguinte haverá
19:45 encontro dos Superiores com o conselho Vice-
Provincial.
Nota Breve
As receitas (entradas) dos confrades são receitas da co-
munidade. Segundo as nossas Constituições e Normas Vice-
Provinciais, o fruto do nosso trabalho são bens da comunidade.
Seja intenções de missa, salário, dízimo, ofertório, aulas, retiros,
palestras, pensões ou reformas e outros, devem ser registados
como receita da comunidade. Const. nº32. ‑ § 1. ‑ No cumpri-
mento do seu dever, segundo o fim da Congregação e o projecto
comum da comunidade, cada Confrade se sinta sujeito à lei univer-
sal do trabalho.§ 2. ‑ Os frutos do nosso trabalho ou o que, depois
da incorporação, recebemos, por motivo de pensão, subvenção ou
seguro, no intuito da Congregação, de acordo com o direito pró-
prio, serão bens da comunidade, de tal modo que, a exemplo dos
primeiros cristãos, vivamos uma verdadeira comunhão de bens e
nos proporcionemos mutuamente ajuda fraterna. NVP nº20. Os
nossos bens, segundo, a mente de São Vicente, serão comuns e
partilhados, num espírito de responsabilidade pessoal e de corre-
sponsabilidade (Cf. Const. 25§ 4). Por isso: 1º. As nossas comuni-
dades viverão, principalmente, do seu trabalho; os frutos da ac-
tividade de cada um são bens da comunidade.
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A todos obrigado, votos de boa viagem e santo retiro.
Unidos em Cristo e São Vicente.
Um abraço fraterno e amigo,
SANTOS E BEATOS VICENTINOS
1º de Maio
São Ricardo Hermínio Pampuri (1897-1930)
Membro da Sociedade de São Vicente de
Paulo
Memória
Hermínio Felipe Pampuri nasceu a 2 de Agosto de 1897, em Tri-
volzio, Itália. Completados os seus estudos fundamentais, fez Medicina
na Universidade de Pavia. Cumpriu seu serviço militar de 1915 a 1920,
prestando serviços sanitários nos campos de guerra como sargento e, de-
8
pois, como oficial aspirante a médico, sobretudo durante a Primeira
Guerra Mundial. A 6 de Julho de 1921 formou-se em Medicina. Em
1922, aperfeiçoou-se em Obstetrícia e Ginecologia e, em 1923, habi-
litou-se como oficial sanitário.
A 22 de Junho de 1927, Herminio, desejoso de radicalizar seu
amor a Deus e aos irmãos, entrou na Ordem Hospitaleira de São Jo-
ão de Deus, em Brescia, onde recebeu o nome de Irmão Ricardo. Ir-
mão Ricardo veio a falecer de problemas respiratórios no dia 1 de
Maio de 1930, deixando para todos as lembranças de um médico que
soube transformar a própria profissão em missão de caridade. Foi
beatificado a 4 de Outubro de 1981 e canonizado a 1 de Novembro
de 1989. Sua memória celebra-se a 1 de Maio.
9 de Maio Santa Luísa de Marillac (1591-
1660) Co-Fundadora da Companhia das
Filhas da Caridade
Solenidade
Luísa de Marillac nasceu em 12 de Agosto de 1591, ela distin-
guiu-se na pessoa de seu avô Guilherme II de Marillac. No registo
feito pelo, Luís 1º de Marillac senhor de Ferires-em-Breie de Villiers
-Adam, nomeia-a sua “filha natural” e foi educada pelas Dominica-
9
nas. Passado o tempo frequentou as capuchinhas as “filhas da
Cruz”, e fez voto. Miguel de Marillac provincial dos capuchinhos
aconselha Luísa a não ser capuchinha e ela é acompanhada em seu
caminho espiritual por Jean-Pierre Camus.
No dia 5 de Fevereiro de 1613, Luísa de Marillac casa-se com Antó-
nio Le Gras e em Outubro dá à luz prematuramente o pequeno Mi-
guel. Dias depois António cai gravemente doente, atacado pela tu-
berculose. António Le Gras se apaga no dia 21 de Dezembro de
1625, deixando a jovem Luísa e Miguel numa certa precariedade
económica. Luísa coloca Miguel numa pensão em Saint-Nicolas do
Chardonnay.
No dia de Pentecostes de 1623, Luísa reza bastante numa Igre-
ja. Deus tendo escutado as suas orações ela se encontra com Padre
Vicente de Paulo (1581-1660) que logo estabelece Confrarias da
Caridade e logo estabelece a Congregação da Missão CM. De 1625
a 1629, Pe. Vicente conseguiu a salvação da Luísa em colocar a pró-
pria vida em lugar dos outros, na carta de 6 de Maio de 1629, ele a
torna sua representante junto às Damas da Caridade. Reúne estas
senhoras, escuta-as e encoraja-as a verem Cristo nos pobres que ser-
vem e forma mestras de Escola para instruir as meninas. No dia 19
de Fevereiro de 1630, Pe. Vicente envia-lhe Margarida Naseau, uma
jovem da aldeia, que aprendeu a ler para instruir os jovens dos arre-
dores, e que se oferece para o serviço dos pobres. Tendo cuidado de
doentes da peste, Margarida Naseau faleceu no dia 24 de Fevereiro
de 1633 e outras camponesas ingressaram, no dia 29 de Novembro
de 1633, Luísa as reúne em sua casa para formá-las. No dia 25 de
Março de 1642, Luísa e quatro das primeiras irmãs fazem votos.
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Unidos no serviço, Luísa e Pe.Vicente trabalharam bastante para
os pobres. Luísa de Marillac faleceu no dia 15 de Março de 1660. Seu
corpo, enterrado em primeiro lugar na Igreja de Saint-Laurent em Pa-
ris, descansa hoje na Capela da Casa-Mãe das Filhas da Caridade, em
Paris. Foi beatificada a 9 de Maio de 1920 por Papa Bento XV e Ca-
nonizada a 11de Março de 1934 por Papa Pio XI. No dia 10 de Feve-
reiro de 1960, o Papa São João XXIII declarou Santa Luisa de Maril-
lac padroeira das obras sociais cristãs.
Por: Ângelo Cacilda Macamo
26 de Junho
Bem-Aventuradas Filhas da Caridade:
Maria Madalena Fontaine, Maria
Francisca Lanel, Teresa Fantou e Joana
Gerard
Mártires de Arras
Memória
Veneramos hoje 4 filhas da caridade francesa, da Casa de Arras, e
martirizadas em Cambrai que, na época perturbada da Revolução
Francesa, coroaram com o martírio o serviço dos pobres em 26 de Ju-
nho de 1794, são elas: Maria Madalena Fontaine (1723-1794), Maria
Lanel (1745-1794), Teresa Fantou (1747-1794) e Joana Gerard (1752-
1794).
11
A Casa da Caridade de Arras foi fundada por Vicente de Paulo e Luísa
de Marillac, para direcção de um hospital e visita aos doentes. Em
1793 chega a intimação às religiosas, a intimação do clero, fazerem
juramento de fidelidade à lei da Constituição Civil do Clero, contrária
à Igreja. Levadas para Cambrai foram metidas nas Cadeia, o Seminá-
rio nacionalizado é transformado em prisão, a 26 de Junho. E foram
levadas para o suplício, pelo caminho cantavam alegremente o “Avé
Maris Stella”. As irmãs foram beatificadas a 13 de Junho de 1920, pe-
lo Papa Bento XV. A sua memória celebra-se a 26 de Junho.
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx
Formação da agricultura na Matola
No mês de Junho do ano em curso, dentro das férias se-
mestrais dos seminários propedêutico, filosófico e teológico, a casa de
formação da
Matola (Ghebra
Miguel), abriu
uma sessão de
formação dos
seminaristas na
área da agricul-
tura. Esta for-
mação teve co-
mo objectivos
12
além de levar o seminarista a ter noções básicas de como trabalhar com
a terra para dela tirar benefício, mas também a ter uma visão holística
da integridade da formação sacerdotal.
Esta formação foi participada pelos seminaristas de todas as fa-
ses de formação.
Os pri-
meiros dias de
formação foram
caracterizados
pelas aulas teóri-
cas. O formador
explicava e os
seminaristas ano-
tavam, permitin-
do assim a aqui-
sição de conhecimentos complexos da agricultura tais como:
Tipos de solo,
Tipo de cultura compatível a um determinado tipo de solo,
As técnicas de manejo, tratamento e protecção do solo sempre
procurando a sustentabilidade
da terra e a conservação de
ecossistema, e outras matérias
ligadas a mesma.
Os últimos dias, foram marca-
dos de aulas práticas – momen-
to oportuno para mostrar o que
foi aprendido teoricamente.
13
Neste momento, os seminaristas foram, em companhia do seu for-
mador, ao terreno para assim poder aplicar tais técnicas.
Portanto, apesar de ter começado um dia mais tarde do pre-
visto, foi muito frutífero pois havia uma interacção maior dos se-
minaristas para com o seu formador, o que possibilitou a aquisição
de conhecimentos sólidos em matéria de agricultura.
CONFERÊNCIA DE
S. VICENTE DE
PAULO
DE 20 DE SETEMBRO DE 1658
SOBRE O SILÊNCIO
O primeiro motivo que tem a Companhia da missão de bem
observar a virtude do silêncio é que pelo silêncio Deus é glorifica-
do: “A ti convém o louvor em Sião, ó Deus·. há outra versão que
diz: “O silêncio em Sião é um louvor a ti, ó Deus”. É Deus glorifi-
14
cado tanto pelo silêncio quanto pelos hinos cantados em sua honra.
O segundo motivo é a grande vantagem, são os grandes
bens que resultam, para a Companhia, da observância do silêncio,
seja para a alma, seja para o estudo e outras ocupações a que cum-
pre nos apliquemos. Com efeito como o espírito do homem não
pode ficar sem agir, se for obrigado a guardar o silêncio, fará isso
com que se entregue mais ao estudo, se tratar de um padre ou de
um estudante. Em se tratando de uma outra pessoa, que mais se
devote a seus ofícios e trabalhos. Aquele que não possui a virtude
do silêncio, se não se dedicar, com todas as forças em praticá-lo,
só virá a perder tempo. Porquanto, isso nos levará a tal ponto, a
perder tempo, a ir para aqui e para acolá, a falar com aquele, a se
entreter este, no quarto, fora do quarto, a falar deste e, depois, da-
quele, das notícias do tempo, da guerra, e assim por diante, em re-
sumo, fica a perder tempo, a se entreter e falar de coisas inúteis e
muitas vezes prejudiciais a própria alma.
Jamais ou raramente, isto há algum tempo atrás, ia visitar o
senhor núncio do Papa, hospedado em uma casa de religiosos, que
não visse religiosos no claustro, no jardim, ocupados em conversar
uns com os outros, em rir, em passear, em olhar para toda parte. E
donde vinha isso? Por não guardarem o silêncio, se essas pessoas
fossem amantes do santo silêncio, não seriam vistas a proceder
dessa maneira.
Que aconteceu, há pouco, em uma casa de religiosos desta
cidade? Dir-vos-ei meus irmãos? Ah! Isso é estranho e por demais
público. Foram mortos dois religiosos. E donde provem isso? De
não observarem o silêncio, intrometeram-se em coisas que não
15
A MISSAO DE TETE ESTA CRESCER
lhes competiam. Ao saber da desordem, de alguma divisão reinante en-
tre eles, quis o Parlamento remediar a isso. Alguns dos conselheiros
chegaram a ser deputados para se dirigirem a essa casa.
No começo, os religiosos quiseram resistir. Encerraram-se lá
dentro e quiseram defender-se com armas. Oh! Como é triste! Quando
o Parlamento teve disso conhecimento, enviou, novamente para lá os
conselheiros com reforço militar e, alguns desses religiosos, como aca-
bo de dizer foram feridos e morreram. Eis aí, meus irmãos, os males
que sucedem por não se guardar o silêncio, por se entreter com notícias,
etc. E tão grande foi o mal que a própria pessoa que me relatou o fato
me disse que havia alguns entre eles que não mereciam nada menos do
que as galés. Vede, meus irmãos, vede a que ponto chegaram as coisas.
Mas vos contarei, também, o que se deu aqui dentro, em São
Lázaro, sim, em São Lázaro? Aconteceu uma coisa quase semelhante,
não, pela graça de Deus, no grau daquela e que não chegou a transpare-
cer para fora. Oh! Não, o caso não chegou a esse ponto. Mas era uma
espécie de caminho na direcção desse extremo. Sim permitiu Deus que,
dias atrás, acontecesse em São Lázaro, uma coisa quase semelhante.
É estranho ver acontecer tal coisa na Companhia, apenas nasci-
da, e que ainda está em seu berço! Como! Mas que foi então, senhor?
Que aconteceu? Vejamos.
Foi entre os estudantes que sucedeu o que vou referir. Eles fo-
ram passear no pátio interior. Dois dentre eles passam à frente dos ou-
tros e, encontrando um jogo de malha, se põem a jogar. Nesse momento
chegam os outros e dizem que desejam entrar na partida. Um desses
últimos derruba os paulitos.
16
Um dos dois que começaram o jogo, os levanta. O outro as
derruba novamente. Finalmente, eis que ficam exaltados. Um dos
que tinham iniciado a partida, ao ver isso, pega um dos paulitos e
com ele dá uma forte pancada no estômago daquele que os lançara
por terra. Não se contenta com isso, mas de novo lhe da uma outra
pancada no ombro, com tal força que, ainda hoje, o ferido sente a
dor.
Considerai um pouco, rogo-vos, a que extremo de arrebata-
mento se deixou levar aquela pessoa. Ponderai um pouco se não é
isso motivo de muito sensível aflição para a Companhia. Ah! Se na
Companhia, acontece tal coisa, quando em seus primórdios, que se-
rá daqui a vários anos, quando talvez venha a relaxar seu primeiro
fervor e fidelidade às regras! Enfim, mandamos enclausurar o cul-
pado.
Outro motivo é que, conforme a máxima dos santos, tudo
anda bem na casa ou comunidade onde se guarda bem o silêncio,
como, ao invés, pode dizer-se que tudo vai mal em uma comunida-
de que não o observa.
Agora quanto ao segundo ponto que é ver os lugares onde se
deve, especialmente, guardar um maior silêncio do que em qualquer
outro, temos: 1º a igreja, 2º o refeitório, 3º o dormitório, 4º o claus-
tro. Lembro, a propósito, que não se deve falar dois a dois nos quar-
tos. Quem assim age, fique sabendo que comete uma acção escan-
dalosa e será causa de caírem outros na mesma falta. Disso será,
portanto, inteiramente culpado.
O tempo é o que medeia entre uma recreação e outra. As fi-
lhas de Santa Maria têm, entre elas, duas espécies de silêncio: um,
17
que chamam de o grande silêncio, e o outro, chamado pequeno silên-
cio. Durante o grande silêncio, que vai desde a oração da noite até a
manhã seguinte após a oração, não é permitido a uma irmã falar com a
outra. E isso, vede bem, é observado exacta e fielmente.
O outro, chamado pequeno silêncio, em oposição ao de que
acabo de falar, é o que observam desde a oração da manhã até o fim da
recreação. Durante esse tempo, falam entre si, porém em voz baixa e
de coisas necessárias, excepto no tempo do recreio, depois do jantar e
da ceia. Mas, afora esse tempo, só falam quando se trata de coisas ne-
cessárias. Fazem isso, em voz muito baixa. O que é notável entre elas,
é que jamais fala uma irmã com a outra, no quarto, sem permissão da
superiora. Vede, meus irmãos, como o silêncio é observado entre elas.
Bem sei que é preciso que os oficiais tenham algumas horas
para poder falar e atender aos negócios da casa. Utilizamos o tempo
imediatamente depois do exame geral como o mais próprio e menos
incómodo, quando se pode falar dos negócios com mais facilidade,
sem ser interrompido. Informei-me de outras comunidades como cos-
tumavam fazer. Disseram-me que era impossível eximir-se disso, por
ser uma coisa necessária. Será preciso examinar se não poderíamos
escolher outra hora, durante o dia. Vejo, contudo, que é difícil encon-
trar outro momento que seja tão fácil e tão próprio para isso.
Um bom meio de fazer que todos observem o silêncio é tomar
cada qual, em particular, uma firme resolução de pôr-se na prática de
tal virtude, e isso a começar desde amanhã. Cada um se entregue seria-
mente a Deus para isso.
Outro meio de que se deverá lançar mão, como penso é que
assim como se pôs uma pessoa para, todas as manhãs, percorrer os
18
quartos, com o fim de ver se todos se levantaram e se não quis al-
guém eximir-se da oração das quatro e meia, assim também é preci-
so encarregar um da Companhia que ande por toda casa e seja como
um vigia de toda comunidade, para ver tudo quanto se passa e avisar
ao superior tudo que houver notado. Entre os jesuítas, um padre an-
da por toda casa e, se encontra uma coisa que não está bem, adverte
o superior, e esse aplica a penitência, escrita em um bilhete. A peni-
tência é entregue ao leitor da mesa que, no começo do jantar e da
ceia, a lê em voz alta.
Deveria estar isso a cargo do subsistente. Peço-vos, senhor
Padre Almerás, presteis atenção a isso com vosso subsistente e exa-
mineis a quem se deve escolher para tal fim. Vede que o caso dos
estudantes é um aviso que Deus nos dá. E cairá a missão nesse mes-
mo inconveniente dos religiosos de que acabo de falar, se descurar o
silêncio. Disso não duvideis.
Há poucos dias, ouvia do nosso quarto onde estava com o
vigário de Saint-Nicolas, um barulho que se fazia nessa sala, com os
senhores ordinandos. Falavam tão alto que, garanto-vos, sofri muito
só em ouvi-lo! Outrora, no colégio dos Bons-Enfants, ouvia-se até
mesmo uma mosca zumbir, logo no começo, quando fomos aplica-
dos à preparação dos ordinandos. Donde vem que actualmente não
se procede mais deste modo? É que perdemos a virtude do silêncio.
Ó meu Deus! Ó meu Salvado! Tornai a conceder, Senhor, esta santa
virtude à pequena Companhia da Missão! Peçamo-la, meus irmãos,
peçamo-la instantemente à sua divina Majestade!
SVP XI, 367-372 (Es)
19
Reflexos das férias em Chirrundzo
Tendo terminado o primeiro
semestre do ano académico e formativo de
2017, os seminaristas entraram de férias.
Após, uma semana de formação profissio-
nal em diferentes áreas (Agricultura e elec-
tricidade), os seminaristas que vivem próxi-
mos foram nas suas famílias e os de provín-
cias longínquas foram distribuídos pelas
casas canónicas da Vice-Província (Magude e Matola na província
de Maputo e Guijá vulgarmente conhecida como aldeia do Chir-
rundzo na província de Gaza.
Esta distribuição além do conhecido das terras futuras de
missão, neste período é reservado ao retiro dos Padres e Irmão na
casa de formação da Matola (Beato Ghebra Miguel).
Um grupo de seminaristas constituído
por teólogos, filósofos e do propedêutico,
pelo consentimento dos seus próprios
formadores foram gozar as suas férias em
Chirrundzo (província de Gaza), em vista
a pastoral, a guardarem a casa, e a leva-
rem a cabo alguns trabalhos manuais co-
mo: o cuidado do jardim, limpeza do pá-
tio e arredores da casa, rega das plantas,
20
vigia pela casa,
alimentação dos
animais e outros
trabalhos feitos
pela manhã toda e
um período da
tarde. Isso tudo
também serviu de
uma lição da vida
e para a vida.
Chegados em Chirrundzo foram recebidos pelos padres que lá
residem (Magalhães, Agostinho e Francisco).
No entanto, os primeiros dias, à disposição do Padre Maga-
lhães, os seminaristas e o mesmo padre foram na comunidade de São
Pedro onde participaram da missa do padroeiro daquela comunidade
onde lá aproveitaram fazer um testemunho vocacional encorajando a
comunidade de incentivar os jovens à vida religiosa e sacerdotal.
O encontro com a comunidade foi para os seminaristas
uma grande lição, um espaço para aprofundarem a sua fé e o seu dis-
cernimento vocacional e missionário vicentino, uma oportunidade para
apostarem novamente na vocação por ver gente que tanto necessita dos
sacramentos, um povo que padece de fome espiritual. Foi também uma
ocasião de dizer Sim ao espírito do carisma vicentino que hoje celebra-
mos em todo mundo, os 400 anos.
Tendo os padres partido de Chirrundzo para Maputo em vista
ao retiro, os seminaristas ficaram ocupados em trabalhos. Apesar de
ser um período de muito trabalho, também foi de muita diversão, brin-
21
cadeira, conversas, partilha da vida e de experiência vocacional como
oportunidade para dar força uns aos outros.
Após os padres terem voltado do retiro, os seminaristas acom-
panhados pelo Padre Francisco foram a Massingir lá onde eles partici-
param da missa dominical e foram conhecer a barragem. Ao regresso
de Massingir, passaram na casa das Filhas da caridade de São Vicente
de Paulo onde testemunharam com saborosos manjares a despedida da
Irmã Flora naquela comunidade em vista a assumir o cargo de Visita-
dora.
No dia 26 de
Junho, os seminaris-
tas se despediram
dos padres e toma-
ram o regresso às
casas de formação
em vista a retoma-
rem a parte académi-
ca–formativa. Acre-
ditamos que fomos muito úteis e também que crescemos muito, abri-
mos os nossos horizontes para aquilo que nos espera futuramente. Im-
pressionados pela fé que o povo transporta e vive apesar da falta de
acompanhamento constante.
Sérgio Vacheque
22
Saber conviver no meio das
diferenças’
Somos, aqui todos, pessoas imperfeitas e
precisamos de outras pessoas imperfeitas para juntos chegarmos à
perfeição.
É sabido por todos que nem sempre nas nossas convivências
temos andado numa vida cheia de ‟rosas”, ou seja ela não apresenta
‟mar de rosas”. Alias, não é nas comunidades e não é vivendo junto
que se verifica a verdadeira irmandade? Pensemos, e vejamos se
achamos. Eu digo não.
Saber - do latim sapĕre, “saber”. Ter manha ou habilidade para
certas coisas;
Conviver - do latim convivĕre, “viver com”. Ter convivência,
viver com outrem
Diferença - do latim differentia, “diferente”, aquilo que tem fal-
ta de igualdade ou semelhanças.
Conviver assim bem dizer, não é simplesmente viver com al-
guém, lado a lado. Não se diz uma aceitação do outro. Mas, pode se
dizer que é entrelaçar culturas, dividir formas diversas de pensar, de
ser, de agir, de perceber e encarar a própria vida, para cair a partir
deste convívio, algo diferente e novo em mim e no outro.
Neste caso, conviver com o outro, aqui dito diferente, nos faz
sair do mundo individual e social a que estamos acostumados e abre
23
diante de nós universo a ser explorado e vivido.
Aceitar as pessoas como elas são nos obriga a conviver com
elas. Com esta, é preciso tolerar e aceitar as pessoas como elas são,
porém, conservando-nos o direito de nos afastar de quem não nos
agrada. Estamos sujeitos à obrigação de conviver ao lado de pessoas
com quem não simpatizamos ou cujas ideias não se afinem minima-
mente com as nossas.
Chamados somos a usar da tolerância, pois estamos num mundo
de violência, em que uma simples discussão na rua pode chegar a
provocar mortes. Alias, não está na ponta da língua a famosa pala-
vra, que eu considero palavrão “meu assunto”? Perante esta deve-
mos saber discordar sem ofender, sem tentar impor o que pensamos
como verdade absoluta. Ė Possível? Sim, podemos – e devemos –
aceitar as pessoas como elas são, pois é o mínimo que se requer, na
sociedade, seminário, comunidade paroquial, porém, não seremos
obrigados a conviver além do necessário, além do suportável, além
do adequado, com gente que enche a paciência e nos irrita. Isso seria
masoquismo parafilia / perversão.
Uma comunidade é como uma orquestra banda de músicos que
toca uma sinfonia conjunta de sons. Cada instrumento sozinho é be-
lo. Mas quando tocam juntos cada um deixando o outro entrar no
momento devido é ainda mais belo. ‘Uma comunidade é como um
parque cheio de flores e de árvores. Um ajuda o outro a viver. Todas
juntas na harmonia são testemunhas da beleza de Deus criador e jar-
dineiro’. É preciso que cada um cresça na unidade, para se tornar
mais competente, mais disponível na vida comunitária, mais próxi-
mo do pobre e mais orante. Amar alguém é reconhecer o seu dom
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ajuda-lo a aprofunda-lo.
Uma comunidade é bela quando cada um exerce o seu dom plena-
mente. ‟Carregai os fardos uns dos outros e assim cumprireis a lei de
Cristo” (Gal 6, 2).
Na Congregação existe o espírito diferença?
Cada pessoa é um ser no mundo, com uma história de vida pró-
pria somente por ela experimentada. Será que já paramos para pensarmos
que ninguém pode sentir, o que nós sentimos?
As nossas alegrias são só nossas, as nossas dores e tristezas são só
nossas. Saibamos que nós somos singulares neste mundo, nem os gémeos
pensam e sentem da forma igual.
Algumas pessoas possuem uma mania irritante de querer serem os
donos da verdade, não ouvem ninguém, não respeitam ninguém e tudo
que destoa sair do tom/condizer da sua opinião nem merece ser analisa-
do, muito pelo contrário, será prontamente rechaçado fazer retroceder/
repelir.
João Ng. Massango
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A esperança começa em S. José de
Matíbane
Terras de Moçambique, província de Na-
mpula, distrito de Nacala-Porto, terra de
grande povo Macua, caminho das praias de Matibane, região do outro
povo “nahara”, Mossuril dos muçulmanos! O povo cristão que vivia
na esperança do Senhor, viu uma grande luz, uma luz que brilhou para
os que viviam na região dos abandonados a anos.
Já vão 57anos que a paróquia São José de Matíbane completa des-
de a sua fundação.
Estes anos apesar de serem de grande júbilo são reinados de muita
pobreza material e espiritual, a título de exemplo é esta: uma paróquia
sem igreja construída, isto é, sem nenhum muro erguido para que pos-
sa servir de casa do povo de Deus e sem um Padre para os guiar piorou
a situação. Esta paróquia é constituída por oito comunidades vivas e
com uma juventude desejável, anciãos robustos, vigorosos e sábios
sem deixar as rainhas ou melhor anciãs, todos entusiasmados pela ale-
gria do Evangelho.
Quando chegam os domingos reúnem-se nas suas palhotas do tipo
capelas, sei lá, onde os anawins de Yahweh partilham a sagrada pala-
vra de conforto, a entoarem as suas melodias sagradas com batuques
de peles dos animais.
Se o povo de Israel oferecia sacrifícios e oblações a Deus através
de animais (cabritos, ovelhas ou pombas), agora o povo de lá oferece o
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seu louvor através de batucadas e com alarido desde que seja de acção
de graças.
Sem fundos monetários para fazer ofertório, fazem o seu com os
produtos do suor do seu labor (milho, amendoim, feijão, mandioca...),
ainda o povo não perde aquele brilho de alegria nos seus olhos tipica-
mente dos negros africanos.
Em meados do ano 2000, já a luz estava despontar na sua aurora
com a chegada do missionário espanhol Vicentino Pe. Eugénio e os
seus companheiros com a colaboração da diocese de Nacala, começou
se a construção de infra-estruturas do tipo instituto politécnico para a
formação dos jovens vocacionados em certas áreas sem distinção racial
ou religiosa. Anos depois a aurora brilha mais que o sol de Junho, apa-
rece o espírito de construção de um seminário médio e interdiocesano,
o sonho é realizado em 2013 quando começou o seu funcionamento
com mais de 20 Jovens seminaristas que partiam do 1° ano básico ate
2°ano médio e dou testemunho que foi o ponto de referência das visitas
de muita gente.
Aqui nasce o convite do senhor “Vinde e vede”.
A paroquia de Matibane ultimamente esta a dar um avanço históri-
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co, espiritual, formativo dos
jovens e mais atraente para visi-
tas de peregrinação à campa do
catequista e mártir evangeliza-
dor Cipriano Parete.
Mais um pormenor que se
pode observar nesta paroquia:
no instituto politécnico, semi-
nário interdiocesano, a peregrinação à campa do mártir e mais ainda a
passagem do Santo missionário Francisco Xavier quando ia ao conti-
nente asiático, marcam actualidades do crescimento da paróquia.
Actualmente conta com mais de dois pastores vicentinos que po-
dem prestar a sua ajuda em todas áreas que forem pertinentes desde a
paróquia ate ao seminário sem excluir o instituto. Agora nasce o meu
anseio:
Quem me dera um dia vier uma providência de poder ultimar a
construção das paredes da nossa paróquia!
Quem sabe se um dia o senhor providenciará um pastor da casa!
Quem me dera haver mais vocações sacerdotais e religiosas!
Multipliquemos as nossas orações de modo que a nossa paróquia
venha a dar frutos nos tempos próximos.
De Francisco Eduardo -Matola 2017
Seminarista do II°ano de filosofia
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ALEGRIA DE VIVER A MINHA VO-
CACAO NA FAMILIA VICENTINA:
QUÊM PENSAVA!... MOTIVAÇÕES
Escasseiam-me palavras para decifrar
com exactidão, a alegria, louvor e fervor,
que sinto no fundo do meu coração, no começo dum novo capítulo
da minha vocação na família vicentina.
A vida sendo um processo itinerante, tive impulso de abra-
çar um novo caminho que é registado na família vicentina e na vi-
vencia do seu carisma. A impressão que tanto me comoveu nessa
nova caminhada vicentina foi e é: a dinâmica do “serviço aos po-
bres”, que se resume no simples modo de viver para a missão, uma
missão que exige humildade, mansidão a exemplo do cordeiro de
Deus que tira o pecado do mundo, a mortificação em tudo e amor ao
apostolado.
Doando a vida aos irmãos, na compreensão, tolerância, ami-
zade, comunhão na vida social e espiritual é manifestar o Sim da
minha vocação ao serviço dos mais necessitados, é também um
exemplo de resposta a nossa incorporação na família de Cristo feito
no Baptismo. Estar ao lado dos que buscam o sentido profundo da
vida em Deus e identificam com a autenticidade do agir humano, a
exemplo de são Vicente é manifestar o amor de Deus e o desejo da
salvação universal.
Efectivamente, a minha motivação de viver o carisma vicen-
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tino e a vida de missão, me serve como força cativante a passagem
da Sagrada Escritura: “Ide por todo mundo, proclamai o Evangelho
a toda criatura” ( Mc 16,15), para que eu possa dar o meu testemu-
nho diante do povo de Deus. Com efeito, é pela palavra da salvação
que a fé suscita no coração dos fiéis e alimenta. Ademais,“ Não que
eu já o tenha alcançado ou seja perfeito, mas vou prosseguindo para
ver se o alcanço, já que fui alcançado por Cristo Jesus ˮ (Filipe
3,12).
Motivo-me por Cristo o único modelo de todos os homens,
pautando a própria vida pelos critérios do Evangelho e colaborando
com todos os que anseiam a promoção da consciência profunda da
dignidade da pessoa humana; animar aqueles que lutam por salva-
guardar os direitos e a justiça, a verdade e a liberdade, a exemplo de
são Vicente de Paulo.
Situação de vida
Foi seminarista diocesano e depois acolhido pelos padres vi-
centinos em que tive momentos de muitas expectativas e experiên-
cia onde exerci o cargo de responsável do lar, foi preciso muita pa-
ciência e dedicação. Não foi fácil para conviver e reger jovens de
diversos comportamentos, uns que se mediam em situações de dro-
gas e orientar a esse tipo de Juventude requer um comportamento de
conveniência.
O convívio com os jovens do lar enriqueceu a minha forma
de ser. O lar, sendo lugar de miscigenação de muitas culturas,
aprende a conviver com pessoas de diversas culturas, valeu apena!
Todavia, coordenei o grupo coral, a catequese e alguns trabalhos
manuais principalmente na área da carpintaria. Passei momentos de
desespero, crise vocacional... Eu não teria chegado aonde cheguei
se não fosse com ajuda de Deus, pois eu sei que Ele guia cada pas-
so. E com isso percebo que o maior valor da vida não é o que eu
obtenho, mas sim o que eu me torno. As vezes as coisas demoram
mas acontecem. O importante é saber esperar e não perder a fé. Tu-
do é a questão de acreditar que há o olhar de Deus sobre todas as
coisas e isso faz toda diferença. Entender a vontade de Deus nem
sempre é fácil, mas crer que Ele está no comando e tem um plano
para nossa vida, faz a caminhada valer à pena.
Para terminar, agradeço a todos que ajudaram e peço a inter-
cessão Maria mãe da igreja vos assista sempre e me ajude a desco-
brir o meu SIM na plena fidelidade a Deus, nosso Pai, a Cristo nos-
so Mestre, no percurso formativo.
O meu muito obrigado! Ramires Ramos Pinto.
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Nunca é tarde para um novo recomeço
História para a vida
A verdadeira felicidade está na simplicidade, procuramos tanto
essa tal da felicidade, quando na verdade ela mora e se esconde dentro de
nosso ser, nós tentamos conquistar e seduzir a felicidade através do luxo
fútil exterior, mas no final todo luxo vai para o lixo; ao morrermos não
levamos nada a não ser a vida que levamos e o legado que deixamos, do
útero ao túmulo a única coisa que realmente existiu e sempre existirá e
que irá nos libertar é o amor.
Eu sempre me preocupei com valores económicos e tive poucos
valores de vida, me preocupava muito com o ilusório mundo exterior e
esqueci o meu fantástico e libertador mundo interior. Vivemos em uma
sociedade que inverte os valores, fazem do consumismo e da ignorância
uma escravidão mental, desculpe-me meus filhos, pois eu sempre os pre-
senteei com brinquedos e muitos supérfluos materiais, mais nunca os dei
atenção, afecto, carinho, nunca ouvi suas histórias, suas preferências, nun-
ca penetrei no mundo de vocês, fui um pai no piloto automático, só agora
descobri que o amor se compara a uma flor: Se não cuidamos, não rega-
mos nossos entes queridos com afecto e carinho esse amor pode murchar
como uma flor sem a água da vida.
Desculpe-me meus filhos se eu os decepcionei, não havia dinheiro
no cofre e nem nada material, neste cofre só guardei a verdadeira riqueza
de toda minha vida, vocês meus filhos, que sempre trarei no coração, e um
pouco da sabedoria que obtive durante esses meus últimos dias de vida.
Nunca se esqueçam: Nunca é tarde para recomeçar.
Após lerem a carta, João e Vítor decidiram fazer igual ao pai, se
redescobrir, se reinventar, ser um eterno aluno na escola da vida, iriam se
humanizar, e ser eles mesmos, tiraram suas máscaras sociais, e como seu
pai disse: Nunca é tarde para um novo recomeço.
www.mensagenscomamor.com
Estes são os jovens seminaristas que vivem na nossa casa de formação da
Matola - Bto Guebre Miguel.
É a semente a crescer em planta verde, são iniciados e filósofos, os futuros
padres da Missão.
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