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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
Teoria do Urbanismo
Muros, Fronteiras, Enclaves/Berlim, México, Palestina, São Paulo e Belo Horizonte.
Ana Luiza Fonseca
Ana Luiza Sampaio
Camila Alves
Gabrielly Bertolino
Isabela Lima
Jade Marra
Maria Emília
Rogério Misk
Wagner de Paula
Rita Velloso e Natália Lelis
Belo Horizonte
2012
Ana Luiza Fonseca
Ana Luiza Sampaio
Camila Alves
Gabrielly Bertolino
Isabela Lima
Jade Marra
Maria Emília
Rogério Misk
Wagner de Paula
Muros, Fronteiras, Enclaves/Berlim, México, Palestina, São Paulo e Belo Horizonte.
Este trabalho tem como objetivo aprofundar as questões sociais, econômicas e religiosas que formam
muros, visíveis e invisíveis pelo mundo. Os lugares estudados foram: Belo horizonte, São Paulo México, Berlim e Palestina
Orientadores: Rita Velloso e Natália Lelis
Belo Horizonte
2012
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SumárioCapa 1
Contracapa 2
Introdução 3
Trabalho (Resumo/ apresentações) 4
Berlim, fronteiras imaginárias, fronteiras reais? 5
Muro de Berlim: uma cicatriz no centro da Europa. 6
Tipologias das cidades. 28
Small, medium, large, extra-large 30
Palestina. 6
México. 51
Os Condomínios Residenciais Fechados e a reconceitualização do
exercício da cidadania nos espaços urbanos 6
Cidades de muros: Crime, segregação e cidadania em São Paulo 6
Como anda São Paulo?. 6
Belo Horizonte 6
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3
Introdução
MUROs. m.1. Obra (geralmente de alvenaria) que separa terrenos contíguos ou que forma cerca.2. Muralha (de fortificação). (Mais usado no plural.)3. [Figurado] Resguardo, defesa.
ENCLAVE (francês enclave) s. m.Parte de um território ou de um país encerrada dentro dos limites geográficos de um território ou de um país diferente.
FRONTEIRAs. f.1. Zona de território imediata à raia que separa duas nações.2. Linha divisória; raia; confins
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RESUMO
Estudo do texto de Zigmunt Bauman:Confiança e medo na cidade
Vivemos atualmente em uma realidade que apesar de ser a mais segura desde os primórdios da existência humana, é também a que inspira mais medo e insegurança. Mas porque isso acontece? Considerando os estudos de Freud isso ocorre devido ao fato de que a psique humana despreza a lógica factual, portanto mais segurança gera mais medo. Nossa sociedade foi organizada em função da busca por proteção, com isso podemos afirmar que a insegurança moderna não deriva de um déficit de segurança, mas da nebulosidade de seu objetivo.
A sensação de insegurança, típica da Era Moderna, nasce a partir do momento em que houve ao mesmo tempo a supervalorização do indivíduo que conseqüentemente passou a se tornar frágil e vulnerável. A partir desse momento, coube ao Estado o dever de administrar o medo, e assim o fez de forma sábia, utilizando-o como ferramenta de controle e repressão. Com isso, ocorreu também o fenômeno de capitalização da segurança, ou seja, a transformação da mesma em bem de consumo – aparecendo essa em primeiro lugar no ranking de estratégias de marketing imobiliário-. Quem não pôde pagar pela segurança, teve de buscá-la na coletividade, e seus laços “naturais” foram substituídos por sindicatos e demais associações.
A frustração gerada pelo não atingimento de uma segurança plena, nos faz crerna existência de um culpado, um mal premeditado gerador de tal desconforto e esse culpado na maioria das vezes se personifica, na escala do imaginário global, nos criminosos. Na sociedade moderna não se confia plenamente em nada nem em ninguém. Essa sensação compartilhada de perigo iminente leva a um processo de xenofobia, e uma tentativa desesperada de salvar o que resta da solidariedade local. O estrangeiro passa a representar uma ameaça iminente, uma vez que somos amedrontados por aquilo que nos é desconhecido. O medo da morte, – que é o temor do qual a maioria de nós compartilha – não pode ser efetivamente combatido, portanto é trazido para uma escala social, tangível, e traduzida em linguagem humana a ponto de ser deslocado e substituído pelo medo de algo que também nos é desconhecido, mas que podemos combater de forma física e real. Saciamos nossa ansiedade e agressividade latente, personificando a morte no ser estrangeiro. Tenta-seassim suprimir a angústia da não-familiaridade marginalizando aquele/aquele que a si é diferente.
A partir do momento em que, em uma sociedade, a solidariedade é substituída por competição, os indivíduos pertencentes a mesma passam a se sentir abandonados a si mesmos.
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O isolamento e dissolução de laços comunitários distanciam pessoas de sua condição individual, uma vez que para se fundamentar como indivíduo, o mesmo deve estar inserido em um contexto de grupo. Pessoas se afastam em si mesmas em busca da sensação equívoca de individualidade plena, o que gera frustração e o leva ao ciclo vicioso da afirmação do Eu por meios errôneos de busca da singularidade.
Na modernidade, a classe excluída devido a aceleração do progressoeconômico – denominada “classe perigosa” – passa a não conter utilidade funcional e não é mais passível de reintegração. Nesse contexto, os “des-empregados” (termo que designa uma condição temporária e remediável) tem um papel muito mais de “superfluidade”(pessoas recusadas, supérfluas, desnecessárias, que seriam descartadas de bom grado pela sociedade). É extremamente sutil a linha que separa essa classe de pessoas dos criminosos. São ambos elementos anti-sociais. Os criminosos não são encarados como pessoas excluídas provisoriamente e que serão posteriormente “reeducadas” e restituídas a sociedade. São vistos como inaptas a serem socialmente reciclados, por isso são afastadas para as margens e mantidos à distância.As casa passam a ser construídas para proteger habitantes e não para integrá-los nas comunidade as quais pertencem. Começam-se assim a se evidenciar certas zonas onde se nota grande sensação de afastamento de pessoas fisicamente próximas porém social e economicamente distantes. A polarização se acentua em dois mundos distintos, onde apenas um é totalmente circunscrito. As cercas construídas tem dois lados, dividem dentro e fora, que se tornam conceitos relativos se analisarmos do ponto de vista de cada um dos grupos. Podemos também falar de guetos voluntários, e guetos involuntários, espaço que não permite à seus moradores possibilidade de sair. Como essa população não tem outra opção senão permanecer ali, se veem obrigados a intervir em questões locais para melhorar suas condições de habitação econvivência.
A politica tende a se tornar mais local pois parecem ser as únicas questões tangíveis e passíveis de solução. Só é possível influir quando se trata de questões locais, enquanto para as questões extra-locais não existem alternativas. Porém as condições locais são condicionadas por uma situação global, e então tenta-se realizar a tarefa quase impossível de encontrar soluções locais para contradições globais. Quanto mais as pessoas se fecham em suas realidades locais, mais alheias ficam ao panorama global, tendendo também a ficarem mais fracas na hora de tomar decisões,mesmo que numa escala micro.
A grande elite ou, habitantes dos guetos voluntários, possuem maiormobilidade. Se existe risco de problema, perigo, ou algo que comprometa seu
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conforto, os mesmos contam com a possibilidade de se mudarem. Se trata de um “neo-nomadismo” exclusivo à essa classe social, vetado aos demais. Essapossibilidade de fugir dos problemas, permite independência e indiferença comrelação ao espaço. A contribuição para a melhora da cidade tende a ser menor uma vez que a migração para um espaço que por si só atende as demandas do fruidor é possível.
A identidade se torna um conceito cada vez mais abstrato, uma vez que a identificação do homem com o lugar e o reconhecimento do mesmo na própria essência é fator determinante para a consolidação de um Eu pleno. A sensação de “nós” trás um certo conforto espiritual, porém é intrinsecamente evitada qualquer possibilidade de envolvimento real. Mesmo quandose fazem sentir resquícios dos vínculos que unem um ser ao outro, as pessoas não querem vive-los por terem medo de sofrer, e a possibilidade de dor deve ser evitada a qualquer custo. Porém, para que seja mantida a sensação de comunidade que acalenta a alma, são adotadas estratégias de mixofobia disfarçadas de ações integralistas – ações que quanto mais ineficazes como solução dos problemas sociais, mais perdurarão.
A qualidade itinerante da modernidade e a tendência de clausura individual debilitam o reconhecimento do homem como parte de um todo, aumentando a sensação de insegurança que faz com que esse sistema do Medo se sustente ao mesmo tempo que se consome. Viver numa cidade é ambivalente. A luz do espetáculo que brilha aos olhos do espectador é a mesma que o ofusca e o torna ciente de suainsignificância.
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Estudo do texto de Barbara FreitagBerlim: fronteiras imaginárias, fronteiras reais?
Neste artigo, “Berlim: fronteiras imaginárias, fronteiras reais?” a autora
Barbara Freitag, busca analisar Berlim baseando-se nos romances de Theodor
Fontane (Frau Jenny Treibel), Alfred Döblin (Berlin Alexanderplatz) e Irina
Liebmann (Arbeiter und Bauernstaat), os quais transmitem uma constatação
curiosa para a autora: “a cidade dividida pelo ‘Muro de vergonha’, o Muro de
Berlim (1961-1989) já estava dividida antes de erigir-se o Muro, e continua
dividida com a sua queda, depois da reunificação”. Constatação essa que a
autora formulou sob a forma de tese, sendo também seu argumento para a
escolha desses três grandes autores.
O artigo inicia-se com a autora expondo o tema abordado em cada
romance selecionado. O primeiro, de Theodor Fontane (1993-1979), retratando
os Grunderjahre (Anos de fundação) da Berlim capital da Alemanha unificada
em plena ascensão econômica, do final do século XIX. O segundo de Alfred
Döblin (1993), onde o autor restabelece a vida da classe operária da Berlim,
capital da República de Weimar, no entre guerras dos anos 20 do século XX e,
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finalmente o terceiro romance de Irina Liebmann (1994), resgatando a vida da
Berlim dividida pouco antes e logo depois da queda do Muro, na última década
do século XX (1985-94).
Neste momento Freitag coloca o motivo da escolha de resgatar a
memória da cidade de Berlim através de obras literárias, partindo da tese de
que são elas que preservam a singularidade e a especificidade da vida e
cultura de uma determinada época da cidade.
Encerrando a primeira parte, a autora expõe a tese de Nicolaus
Sombart, onde ele compara Berlim a Tróia. Uma cidade que renasce sobre
seus escombros pós-guerra, porém bem diferente da camada arqueológica
anterior. Entretanto, Freitag acredita que essa tese não capta a essência do
que é e foi Berlim.
Na segunda parte do texto: "A Berlim das obras literárias", Barbara
Freitag apresenta as épocas retratadas em cada romance, mostrando que eles
aconteceram em poucos momentos de paz que a cidade conheceu neste
último século. Em seguida a autora faz uma breve apresentação dos escritores,
e logo depois explica um dos motivos da escolha de Döblin. O autor a seu ver
apresenta com maestria a vivência, os dramas e os conflitos da grande
metrópole alemã do entre guerras.
Iniciando os breves relatos dos romances, a começar pelo personagem
central do texto de Fontane, Jenny Treibel, uma nouveau riche ("nova rica"),
autoritária e matriarca que circula apenas pelos bairros nobres tradicionais da
velha Berlim do Império Prussiano, os bairros da alta burguesia da Berlim dos
fundadores, pertencentes até hoje à Berlim ocidental.
Em contrapartida, no romance de Alfred Döblin, Franz Beberkopf, seu
personagem principal, um carregador de móveis preso por homicídio e liberado
após quatro anos, que luta através de modos ilegais por sua sobrevivência,
circula pelas ruas e praças da metrópole da República de Weimar, na Berlim
oriental, uma área reservada aos desempregados, vítimas da violência
institucionalizada presente no local. Já a alta burguesia, a intelectualidade
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renomada de Berlim, se encontrava na ala mais nobre (Romanisches Kaffee),
área que se tornou o centro da Berlim ocidental, depois da II Guerra mundial.
Nem um nem outro grupo de pessoas envolvidas nos romances citados
acima andava pelo centro imperial (Berlim Mitte), sede e símbolo da Berlim
Guilhermina, planejada por arquitetos e urbanistas conceituados no século XX,
como Knobelsdorf e Schinkel.
No romance de Irina Liebmann, um texto autobiográfico, a autora conta
suas angústias de cidadã prisioneira, no chamado Arbeiter und Bauernstaat (o
Estado dos trabalhadores e camponeses) localizado no bairro da Berlim
oriental de Pankow, que só pensa em fugir para o outro lado do muro. Irina
relata sua vida na cidade separada pelo Muro, circulando 60 anos depois de
Franz Bieberkopf, pelos mesmos lugares que este, observando o vai e vem dos
raros visitantes da Berlim Ocidental e aqueles berlinenses orientais que
adquiriram o visto de saída, após anos de espera.
Liebmann tentará obter um passaporte para o mundo ocidental em
busca da liberdade. Alcança-o um ano antes da queda do Muro, porém meses
após sair da Berlim oriental, ela decide voltar. O lado tão simbólico para o
visitante livre parecem-lhe opressivos. Rejeitada pelos berlinenses ocidentais, e
atraída pelos orientais, adquire um sentimento de pertencimento, de estar em
casa em seu apartamento de Pankow, contudo logo se cansa dele e por fim,
não pertence mais a nenhum lado. Para voltar a se sentir bem em Berlim,
Liebmann terá que reinventar uma cidade nova.
Após apresentar esses breves relatos dos romances, Barbara Freitag
lança uma pergunta: "se o enclausuramento, a guetoização, a limitação dos
personagens estudados que se movimentam segundo o princípio da exclusão
('ou/ou') e não segundo o princípio da integração e coordenação ('e/e')
concretizados em um lado 'oriental' ou um lado 'ocidental' da cidade era uma
mera coincidência, um acaso ou se havia realmente duas cidades, mesmo
antes do muro, que não se intercomunicavam, ou que meramente se tangiam?"
e logo coloca uma resposta baseando-se na história da cidade, dizendo que
Berlim sempre foi uma cidade dual, estruturada em duas.
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O primeiro mapa de Berlin/Coelln, registrado como documento, datado de 1237.
As origens históricas de Berlim revelam que a queda do Muro (1989) se
originou de dois vilarejos à beira do rio Spree, do século XII: Coelln, habitada
por pescadores; e Berlim, formada por comerciantes. Ambas, hoje, pertencem
ao centro da cidade Stadtmitte. Coelln foi à sede do império do Hohenzollern, o
castelo, derrubado no pós-guerra por Ulbricht. Já em Berlim oriental foi erigida
a torre de Televisão, de 365 metros de altitude e reerguido pelos socialistas o
Rotes Rathaus, a sede da municipalidade.
De acordo com a história, ambas as cidades medievais foram fundidas
em uma, remanejadas e redivididas. Porém, na consciência de seus habitantes
a dualidade se manteve através dos séculos. Berlim foi e ainda é uma cidade
dividida. Essa polarização pode mudar de nome, mas resiste ao tempo e à
história, essa é a tese da divisão espacial de Nicolaus Sombart.
Na terceira e última parte: "O futuro político de Berlim”, Freitag inicia
colocando o abalo que ocorreu na cidade, a queda do Muro de Berlim, que se
deu no ano em que se festejava o bicentenário da Revolução Francesa. Com
isso a autora lança outra pergunta: "Com essa queda ou guindada também
estaria superada, suprimida a dualidade histórica e estrutural, evocada e
confirmada na literatura clássica e recente?" E tenta responde-la em duas
etapas. A primeira com base nos três romances apresentados, tentando extrair
alguma resposta que seja satisfatória para o futuro político de Berlim, e a
segunda, com base na tese de Nicolaus Sombart, quando o mesmo compara
Berlim à Tróia.
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Na primeira etapa, Freitag começa por Fontane, visto como um autor
conservador, ele acreditava que a inovação para a sociedade alemã viria com a
classe operária. E é justamente nessa Berlim operária que se estabelece o
primeiro Estado socialista alemão, fazendo da Berlim oriental a sede e capital
do primeiro Arbeiter und bauernstaat da Alemanha a partir de 1948. O futuro
político da Alemanha e de Berlim foi decidido neste Estado dos trabalhadores e
camponeses.
Fontane com sua visão romântica da atuação da classe operária como
inovadora da sociedade futura contradiz Döblin, que reflete um realismo quanto
ao limite dessa classe operária como agente da história. No romance de Döblin
o futuro político da Berlim simboliza uma visão pessimista. O capitalismo
ganha. Berlim materializa em seu espaço urbano a hegemonia do capital, do
poder autoritário. A República Weimar não trouxe a liberdade esperada.
Já para Irina Liebmann é necessário uma vontade política e um desejo
da população de hoje de refazer a cidade para o futuro. Não basta somente o
muro ter caído é preciso querer que Berlim seja novamente uma verdadeira
cidade: inteira e consertada.
Resumindo a visão dos romances aqui citados: "Uma promessa de
felicidade (Fontane), um quadro desolador (Döblin) e um otimismo cético
(Liebmann)".
Analisando agora a segunda etapa quando Nicolaus Sombart compara
Berlim a Tróia, um modelo de cidade permanente arrasada pelas guerras, que
sempre teve que se reconstruir sobre os escombros da anterior. Isso
significaria que o futuro de Berlim, para uma quinta edição seria: a Berlim, pós-
queda do muro, uma cidade por construir da estaca zero, encima dos
escombros de cidade anteriores. A cidade dos sonhos de qualquer urbanista e
arquiteto.
Encerrando o artigo Barbara Freitag, deixa claro que não é partidária da
tese de Nicolaus, justificando que encontramos tanto no espaço urbano, quanto
na memória e literatura de Berlim a presença de todos os períodos mais ou
menos gloriosos da sua história. E finaliza seu artigo lançando duas perguntas,
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que são reflexões sobre o futuro de Berlim: "A Berlim do século XXI continuaria
seguindo sua vocação dual, refletida na literatura urbana e na crítica literária ou
teria chances de escapar a este ‘destino’, reorganizando-se com ‘tolerância’
(Fontane), com ‘humanismo’ (Döblin) e como cidade ‘inteira’ (Liebmann)? Seria
absurdo imaginar para o século XXI uma Berlim não cindida e dilacerada por
falsas oposições (materializadas no muro do século XXI), mas como cidade
‘plural’, ‘múltipla’, ‘integradora’ dos contrários, ‘ponte’ entre o Leste e Oeste,
Norte e Sul, reunindo pobres e ricos, judeus e cristãos, em paz?”.
Muro de Berlim: uma cicatriz no centro da Europa.
1 INTRODUÇÃO
Com o intuito de compreender os impactos do muro no meio urbano de Berlim partiremos de uma analise cronológica: anterior a primeira guerra (1912- 1914), período de pós-segunda guerra até a construção do muro (1945-1961), período até a queda do muro ( 1961- 1989) e da reunificação das duas alemanhas até a atualidade( 1990- 2012). Muros não são meramente estruturas físicas dentro de um sistema urbano ele carrega uma série de características que distorce a percepção e o modo como usamos a cidade, algo que habita a mente das pessoas, partindo disso fronteiras habitam a memória da cidade e a memória de quem vive nela.
2 ANTERIOR AO MURO
No início do século XX Berlim era uma cidade efervescente por mais que outras cidades da Europa ainda tinham um destaque como Paris ou Londres, Berlim contava com um centro movimentado, que contava com duas praças Potsdamer platz e Leipziger platz , a região das duas praças era o cruzamento mais movimentado de toda Europa, tanto que ali foi que se instalou o primeiro semáforo de transito de toda Europa. A importância daquelas duas praças se dá pelo fato de que ali, encontravam se cafés literários, lugares culturais, onde a vanguarda intelectual da cidade se reunia ali. O trabalho se enfoca essas
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duas praças porque, mais tarde é no limite entre as duas praças que o muro irá seccionar Berlim em dois mundos distintos.
As praças atravessar a primeira guerra ser uma divisão houve um contínuo desenvolvimento da região com implantação de infraestrutura urbana como Bondes elétricos, e o fervor da movimentação ainda continuava apesar das dificuldades que a Alemanha tinha como consequência da derrota da primeira guerra em 1918. Que irá perdurar até o início da segunda guerra mundial em 1939.
3 PÓS SEGUNDA GUERRA (1945-1961)
Com o final da segunda guerra mundial em 1945, Berlim foi ocupada pelas quatro nações vencedoras da guerra( Reino Unido, França, União Soviética( URSS) e Estados Unidos da América. Três das quais tinham o mesmo sistema econômico capitalista, com exceção a União Soviética que tinha o sistema socialista. Não só Berlim fora divida mas toda a Alemanha fora divida em um lado controlado pelo lado capitalista ( porção ocidental) e outro lado socialista( porção oriental). O mais inquietante dessa divisão era de que Berlim estava, em toda a sua extensão na Porção oriental do país, ou seja dentro de um lado socialista, havia porções de território controlado pelas nações capitalistas. Por tanto o processo que levou a construção, não só do muro, mas de uma mega fronteira que chega a dividir uma nação inteira é o fato mais importante, complexo e completo ao analisarmos as fronteiras no meio urbano, seja de uma cidade seja em país.
É valido resaltar que anterior a construção do muro Berlim já tinha suas fronteiras determinada pelos 4 setores dominados pelas respectivas nações. Berlim fora dividida da mesma maneira que a Alemanha, a ( leste fica do setor soviético e a oeste os demais setores).O embate entre os dois sistemas era inevitável, em já na década de 50 com a Alemanha dividida em Alemanha ocidental e oriental, o diálogo entre as duas partes fica tenso. A união soviética não quer a presença de oficiais do exercito americano dentro de Berlim oriental em meio a isso, como medida a presença dos oficiais é impedida a presença deles em solo soviético e a fronteira por via terrestre estava fechada solo soviético. Para solucionar a questão, os suprimentos que abasteciam a população eram trazidos por aviões que pousavam somente em solo ocidental. Outro fato que é de interesse desde trabalho de estudo é analisar o que foi chamado de voto com pés, um fluxo de pessoas que abandonavam o setor soviético para viver do lado capitalista. Cabe aqui uma análise porque as pessoas com suas famílias não abandonavam os setores capitalistas para viver no lado socialista? O que nos veio a mente como resposta é que antes de Berlim ser dividida, os cidadãos estavam dentro de um sistema capitalista que remete desde a criação da Alemanha com Estado em 1865. Não adianta impor um sistema político e econômico oposto ao que os cidadãos alemães estavam inseridos a quase um século. Outro fato que realça a diferença dos dois lados, uma Berlim destruída pela guerra que no lado capitalista, as nações
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reconstruíram o lado ocidental com os próprios recursos, enquanto do lado oriental, as estrutural foram reaproveitadas e mandadas para URSS. Em meio a esse clima de tensão no ar, o primeiro ministro da RDA ( República Democrática Alemã) Walter Ulbricht aprova no junto aos parlamentares a construção do muro em 1961, com medo de se perder ainda mais a mão e obra e assim arruinando toda a economia da RDA. Em 9 de agosto de 1961 dá se início da construção do muro, o que põe um ponto final no fluxo de pessoa, mesmo que temporariamente, o muro foi algo que espantou ambos os lados, pela população da RDA que não sabia do muro, este imposto pelo governo e o governo da RFA( República federal da Alemanha) que não sabia como reagir. O até então presidente Kennedy exigiu que suas tropas não fizessem nenhuma ação pela tensão que havia entre os dois lados.O muro começou a surgir e assim a alterar o mudo com as pessoas utilizavam, no caso, as duas cidades.
4. PROCESSO DE QUEDA (1961-1989)
O muro não só dividiu duas cidades ou dois estados, ela seccionou o centro mais vivo de toda a Europa, as praças Potsdamer Platz e Leipziger Platz, com isso Berlim perdeu sua centralidade, agora ambos os lados deveram construir novas centralidades que no caso da RDA foi a Alexander Platz com sua imensa torre de televisão com uma esfera de aço no alto, como marco do socialismo. Ao longo de todo esse processo, da permanência até a queda que as regiões próximas ao muro ficaram degradadas e abandonadas de ambos os lados. Entre o muro havia um posto de vigilância, conhecido como Checkpoint Charlie, esse posto era para impedir o transito de pessoas entre os dois lados, já que até então era a única passagem por entre o muro logo após a construção do muro em meados de 1963 ocorreu uma vista de autoridades do lado ocidental ao oriental o que fez que o Checkpoint Charlie se tornasse por algumas horas o local de concentração de tanques um apontando para o lado “adversário”, isso mostra o quanto era delicada a situação,pois a Europa havia acabado de sair de uma guerra. Do lado Oriental, a RDA construiu uma faixa de terra lindeira ao muro com uma série de obstáculos com o objetivo e impedir com que os “votos com pés” continuassem, era uma zona de morte.
Desde a construção do muro que as pessoas tentaram chegar do outro lado, jovem, mulheres, crianças , homem e idosos. Houve acontecimentos marcantes como a morte a sangue frio de um jovem que morreu até sangrar no arame farpado. Um sentimento de horror e violência habitou a memória dos cidadãos de Berlim. Mas esse sentimento não impediu que se tentasse atravessar o muro, da construção até a queda, isso mostra como era fácil desistir de um sistema político e econômico que foi imposto. Esse é um claro sinal que um sistema imposto do diferente do que eles estavam anteriormente inseridos, ou seja uma forma de pensar a cidade e as relações de dentro da sociedade diferentes, não se mantém. As pessoas não se identificam com aquela forma de pensar o meio urbano. Na década de 70 sobe ao poder na RDA Eric Honecker que até a década de 80 consegue estabilizar o sistema.
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O muro trazia uma comparação nada justa dentre os dois lados, do lado ocidental um progresso tecnológico um consumo desenvolvido do lado oriental, o consumo é controlado e a estrutura urbana sucateada. Toda a indústria do lado Oriental estava basicamente estagnada pelo lento processo de fabricação , pois não havia investimentos no maquinário industrial. Há certas profissões que por serem muito especializadas, não há espaço no mercado para essas pessoas pois não existe oferta de trabalho. A RDA está em um nível de sucateamento enorme. A qualidade das casas que eram na verdade casas do século XIX estavam as piores possíveis, em alguns casos as casas estavam em um estado tão avançado de deterioração que se tornavam inabitáveis. O muro estava se atualizando cada vez mais, com mas fortificações, e mais obstáculos na tentativa desesperada de impedir a evasão da massa de mão de obra. O muro que foi o que manteve o regime da RDA por anos, se tornou tão oneroso que foi o próprio muro que deu fim com a RDA. A situação estava crítica, pois em meados da década de 80, Honecker mantém dissidentes ao sistemas presos em prisões da RDA e usou tão dissidentes como moeda de troca com a vizinha RFA, por cada dissidente libertados da RFA pagava a RDA o equivalente a 50 mil marcos ocidentais. Com isso a RDA pode manter a construção do muro com um período mais longo de tempo. O processo de queda começa com a visita de Mikhail Gorbachev em 1989, carinhosamente apelidado de Gorby, até então secretário geral da URSS. Gorby era a esperança da RDA pois este trazia o discurso reformador do sistema socialista. Em meio a sua visita as Praças não só de Berlim mas de cidades como Leipzg foram ocupadas em manifestações em que se ouvi o grito de ajuda a Gorby.
Isso mostra que mesmo em um sistema opressor como o da RDA, em meio a tanta opressão, que sua população usem os espaços ditos vazios da cidades, as praças e façam valer seus direitos de expressão. No meio político, grupos políticos surgem , que propunham não o fim da RDA mas uma série de reformas. Em meio a tantas manifestações, como a grande manifestação dos artistas em 10 de Outubro de 1989, o governo sanciona uma lei de maior liberdade com relação as viagens dos cidadãos na RDA, já que o que mais incomodava, era a liberdade que os alemães ocidentais tinham para viajar. Porem isso não basta para a população até que na noite no dia 9 de Novembro em meio a um comunicado do secretário que permitia atravessar o muro sem um visto prévio. Quando perguntado por um repórter quando essa medida entrava em vigor, o secretário responde: neste exato momento. Três horas mais tarde uma multidão tomou de assalto o muro para atravessar e ficaram pasmos com o que viam, não acreditavam no que viam, pois um muro que parecia ser sólido e imóvel, começa a se desfazer. Cabe aqui um momento de reflexão e análise. Mesmo depois do muro ter sido aberto e as pessoas puderem ir para o outro lado, algumas voltavam pelo fato de estarem inseridas
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por cerca de quase meio século a um sistema e uma forma de pensar e utilizar o meio urbano, mesmo que este tenha sido imposto , as pessoas tornaram miméticas ao sistema. Percebemos aqui que o espaço urbano é o local onde ocorre uma práxis urbana e que tal práxis traz um aspecto revolucionário, já que a história se faz nas cidades desde o surgindo desta na antiguidade. A cidade é o local das mudanças. Em 22 de Dezembro em um ato simbólico depois de várias porções do muro serem abertas, desde o dia 9 de Novembro, o muro cai e ali começa um diálogo que mais tarde irá reunificar uma cidade e um país pertencente a um mesmo povo. Com a reunificação houve um trânsito de ideias de ambos os lados e com ele veio os Skin heads e todas as ideias extremistas de direita do lado oriental, talvez esse extremismo fosse um dos temores dessa reunificação.
5. APÓS A QUEDA DO MURO (1990-2012)
Ano de 1992 com o muro já ao chão, mas ainda presente na mente dos Berlinenses, pois agora a Potsdamer Platz e leipziger Platz estavam novamente unidas dentro de um mesmo meio urbano, porém ambas as regiões estavam abandonadas, criando espaços vazios dentro da Berlim unificada.
O conselho municipal de Berlim, conselho que fiscalizava e aprovava os projetos de dentro da cidade, lança um concurso para a área que compreendia a praça Leipziger até a margem do o canal que margeia a reichpiestchufer passando pela Potsdamer platz. É preciso ter em mente que anterior a construção do muro, na década de 50 havia planos urbanísticos para a área, sendo que ali, em uma tentativa de urbanizar a região Hans Schauron projeta a filarmônica de Berlim em 1955. Há vários planos anteriores a construção do muro que é um levantamento dos usos da área anterior a construção do muro. Da construção até a sua queda os planos feitos pelo lado ocidental, como o de 1984 que posteriormente será construída nas proximidades pela empresa Sony um grande complexo de lojas que existe até hoje, simplesmente desconsideravam o lado oposto ao muro, as vezes simplesmente mostravam o traçado das ruas, mas disso há duas análises, um que seja por falta de comunicação e falta de atualização das tipologias e do traçado urbano e a outra análise é a de que como se do outro lado não existisse, não houvesse dialogo algum entre os dois sistemas. Na década de 90 com as duas alemanhas unificadas, abriu um concurso internacional para um plano de urbanização para a área, dos planos podemos citar o do arquiteto José Rafael Moneo, Joseph Paul Kleihues, Richard Rogers e o plano vencedor de Renzo piano e Christoph Kolhbecker. Os planos tem como base o uso misto com lojas e comercio no geral, além de outros serviços, com habitações nos pavimentos acima. Lembrando que na maioria deles o traçado dos quarteirões foi mantido.
6. CONCLUSÃO
17
Com relação ao muro de Berlim e todas as mudanças que este trouxe, percebemos o quanto uma barreira pode ser forte e emblemática quanto o muro que dividiu Berlim por quase 25 anos, o muro não só dividiu dois sistemas, mas dois mundo que na queda do muro se deparou com dois mundos diferentes , com relações diferenciadas. Agora de volta a um meio unificado, o diálogo, a interação completa entre os dois lados não foi de fato resolvida, até hoje mesmo depois de mais de 20 anos que o muro já não existe fisicamente. Fica claro para nós que o muro ainda tem uma carga simbólica muito forte no meio urbano, a fronteira ainda está ali, ainda em diluição, isso mostra que não é preciso que exista algo físico para separar pessoas de uma mesma nação é algo que está na memória das pessoas e não é palpável, talvez em outra geração o muro se torne uma mera lembrança do passado, mesmo que ainda há vazios, ociosos que remetem ao muro do lado oriental, o urbanismo vem com uma tônica de projetar em uma prancha branca, assim destruindo um passado, remetendo que aquela sociedade deve mudar o uso do espaço urbano e seu modo de usar. Urbanizar uma área carrega uma carga muito pesada e complexa do modo de olhar a cidade, algo que não intangível a primeira vista e uma tarefa árdua a ser feita, pois altera toda uma estrutura de relações com as outras pessoas e com a cidade, a cidade é o local da história, assim sempre se refazendo e se alterando em sua complexidade de espaços e relações.
7. LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Potsdamer Platz, 1919
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Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
Figura 2: Vista de Berlim com o traçado em vermelho representando o muro.
Fonte : Google Maps.
Figura 3: traçado do muro com a Leipziger platz à esquerda com checkpoint Charlie assinalado com um quadrado preto.
Fonte: Google Maps.
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Figura 4: Checkpoint Charlie, 1961
Fonte: Site da Prefeitura de Berlim.
Figura 5: Alexander Platz, centralidade da RDA.
Fonte: Google Maps.
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Figura 6: Potsdamer Platz com a marcação em amarelo, representando o muro.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
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Figura 7: vista à direita da Potsdamer Platz, de costas para a Leipziger Platz com a marcação do muro em amarelo, anterior a segunda guerra. Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
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Figura 8: Placas que faziam parte do muro, 1993.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
Figura 9: Leipziger platz à direita com Postdamer Plazt ao fundo, Canteiro de obras 1994.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
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Figura 10: Potsdamer Platz em obras, 1989.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
Figura 11: Plano de 1958 com o Portal de Brandemgurgo no centro com a Unter den Linden. Em rosa: sede do governo e do Estado, em amarelo escuro: instalações diplomáticas, em roxo: equipamentos culturais, em alaranjado claro: instalações econômicas, em alarajado escuro: residências, em cinza: águas superficiais e em amarelo claro: áreas verdes.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
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Figura 11: Vista aérea de Berlim com o traçado do muro em vermelho, o veremelho escuro a filarmônica de Hans Schauron de 1955 e o instituto musical e o verde a área compreendida para o concurso de 1992. A esquerda do muro Leipziger Platz e à esquerda Potsdamer Platz.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
Figura 12: Plano de 1984 para o projeto da Sony.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
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Figura 13: Projeto de Renzo piano e Christoph Kolhbecker.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin
Figura 14: Estudo de Projeto de Renzo piano e Christoph Kolhbecker.
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Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin.
Figura 15: Proposta de Joseph Paul Kleihues.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin.
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Figura 16: Proposta de Richard Rogers.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin.
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Figura 17: Proposta de Jose Rafael Moneo.
Fonte: LAMPUGNANI, Vittorio Magnano.Berlim, Postdamer platz. Uma parte da metrópole como experimento. 2.ed. Berlim: Modellaufnahme,1994. Título original:Ein Stück Grobstadt als experiment Planungen am Postdamer Plazt in Berlin.
Figura 18: atual Potsdamer platz com Perfis do Muro ainda no local.
Fonte: Google Maps.
Figura 19: Portal de Brandemburgo, 1989 dias após a abertura do muro.
Fonte: <http://obviousmag.org/> .
29
Figura 20: primeiros contatos entre as autoridades dos dois lados após a abertura do muro.1989.
Fonte: <http://obviousmag.org/> .
30
Estudo do texto de Ana Cristina Fernandes:Tipologias das cidades brasileiras
O estudo em questão faz uma análise do tecido urbano do Brasil em âmbito nacional, das esferas de municípios a de grandes centros urbanos, esse estudo analise o complexo quadro d a rede urbana do nosso país havendo grandes disparidades entre eles. O estudo teve como função analisar a rede urbana em território nacional e a partir daí traçar planos de intervenção urbanística onde se faz necessário, para assim através do Ministério das cidades, criar planos adequados e nortear os planos de intervenção. Visando a melhoria de vida da população.
A pesquisa foi escrita com o apoio do Observatório das metrópoles, em parceria com instituições de ensino superior publicas e privadas além de instituições ligadas ao tema. O estudo se desenvolveu com base em outros estudos: O estudo da PNDR (Política Nacional de Desenvolvimento Regional) e o estudo do IBGE( Instituto Brasileiro de geografia e Estatística) que partem de diferentes focos de analise, o Primeiro analisa as relações do meio urbano em que os municípios se inserem, com suas relações e áreas de influência levando em conta o entorno e a expansão geográfica. O segundo já parte de uma ótica econômica analisando desde o PIB do município, a presente situação desde, até a taxa de PEA (Pessoas Economicamente Ativas ) no setor primário( agricultura).
O estudo teve início em 1984, com a redemocratização do país e a partir daí o estudo continuou com a atualização de dados e a inclusão dos dados da PNDR em 2003, A pesquisa assim sempre próxima da realidade da rede urbana do país.
O estudo separou para uma analise mais correta os municípios em quantidade de população são estes: municípios com mais de 100 mil habitantes, entre 100 e 20 mil habitantes e abaixo de 20 mil habitantes.Alem desses há a presença de 11 grandes centros urbanos( Belo Horizonte,São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Recife,Cuiabá e Goiânia juntamente com Brasília). As analises feitas levam em conta as relações comas porções rurais entre as porções urbanas de um mesmo município, para isso foi usado o índice de Gini que avalia as diferenças de concentração máximas e mínimas de um município.O estudo ainda cria uma subdivisão de municípios em oito tipos: Região metropolitana, Urbano de médias dimensões, Urbano de pequenas dimensões, transição de pequena dimensão, transição de média dimensão, Rural de média dimensão e rural de pequena dimensão.
Nos centros urbanos há áreas polarizadas, ou seja, formam pólos de atração, determinados municípios tem poder de atração sobre outros, por exemplo,
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Brasília, juntamente com Goiânia exerce uma forte atração sobre os municípios do triângulo mineiro, o mesmo ocorre com São Paulo em relação aos municípios do sul de Minas. Em Centros em que a concentração de renda é alta, ali se instala um polo de atração grande, visto que é nas cidades que as principais atividades se desenrolam.
Para avaliar a desigualdade dos municípios, criou se fatores, fator I e fator II ( fator I remete a riqueza e FatorII remete a pobreza) ou seja municípios de uma mesma região com fator I com valores positivos ou de pequena variação mostram municípios de grande riquezas, índices com fator II altos e de pequenas variações mostram pobreza , a relação entre esses dois fatores dá a situação de desigualdade dos municípios. Por exemplo, é possível que um município rural seja rico, com pequena desigualdade, porém esse sistema rural pode estar fragilizado diante da situação econômica do país.
Nosso estudo fixará a atenção em dos centros: São Paulo e Belo Horizonte sendo ambos Regiões Metropolitanas, com grandes concentrações de renda e com certas áreas de atração, sendo que São Paulo tem um nível de hierarquia maior que Belo horizontes, ambos c0m mais de 100 mil habitantes, de classe A e com PIB, relacionado as reservas privadas acima de 50mil reais.
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Estudo do texto de Jennifer Singler e Hans Werlemann
Small, medium, large, extra-large
O fenômeno de êxodos consiste na migração de um determinado povo a
uma terra desconhecida na qual veem a possibilidade de uma vida melhor do
que a atual. O texto em questão analisa tal processo de uma forma
extremamente crítica, evidenciando a ideia de que as medidas adotadas para
conter os grandes fluxos migratórios são de suma importância para o equilíbrio
de desenvolvimento entre dois polos, ressaltando-se que tais medidas nem
sempre são tão eficazes devido ao fato de que o desconhecido gera interesse
e revolta daqueles que não estão inseridos em tal realidade.
São inúmeras as formas de se tentar conter fluxos migratórios existentes
no mundo, em muitos casos constroem-se barreiras físicas (como por exemplo,
um muro) que separam povos e acarretam nas pessoas (que se dizem fora do
espaço estabelecido) um impacto psicológico e simbólico, muito maior do que a
própria obra arquitetônica. Dessa forma, apesar de não ser o único fator para a
ocorrência das revoltas, a arquitetura exerce um papel de suma importância
para que ocorra tal fato. Nesse contexto, o arquiteto é um organizador de
espaços e qualquer forma de intervenção afeta a vida cotidiana do lugar em
questão, mas nem sempre a mesma agrada a todos os envolvidos.
Aqueles que se dizem fora da fronteira, deslumbram o mundo ao qual
não estão incluídos. Tal fato acarreta nestes uma nova realidade que consiste
em idealizar aquilo que lhes é desconhecido, e é simplesmente por ser
desconhecido que gera tamanha adoração.
A partir do momento em que o indivíduo decide participar desse mundo,
até então inacessível, lhe é imposto um novo modo de vida no qual deve se
adaptar. Tal adaptação nem sempre ocorre da forma esperada, o processo é
longo e doloroso, e na maioria dos casos acabam em um planejamento forçado
de um novo traçado das cidades. No momento em que o cotidiano das pessoas
é afetado devido à inclusão de novos moradores estes nem sempre são
recebidos de forma satisfatória, sendo vistos por muitos como intrusos. Esse
33
tipo de situação gera no meio urbano um descontentamento de ambas as
partes, uma espécie de conflito entre o que é novo, e aquilo já pré-existente.
A construção de um novo contexto ocorre a partir do momento em que o
“novo” decide se impor nesse espaço. O indivíduo que migrou em busca de
uma vida melhor tenta anexar nessa nova vida a bagagem cultural da vida
cotidiana anterior. No entanto, verifica-se que, esse espaço só se torna
possível à margem dos grandes núcleos, acarretando numa ocupação
desordenada das periferias das cidades.
O novo, além de acarretar uma mudança no traçado físico das cidades,
gera nos moradores certa insegurança que os incentiva a ver no isolamento
uma forma de proteção às transformações impostas na vida cotidiana. Tal fato
provoca uma nova tipologia urbana. Para se alcançar o isolamento constroem-
se “muralhas” no entorno das casas com o intuito de se obter segurança. A
partir do momento em que essa alternativa não é mais suficiente para
proporcionar essa falsa sensação de segurança, as pessoas se tornam
obsecadas por esse isolamento, acarretando no surgimento dos condomínios
fechados, que consistem na junção de um grupo de interesses compartilhados
em um local restrito apenas, onde os integrantes sentem plena segurança, já
que não necessitam de se relacionar com o que está fora desse espaço.
Todo esse processo de êxodo gera uma saturação dos grandes núcleos
urbanos, o que resulta em medidas de adaptação das cidades e
conseqüentemente em novos núcleos pericentrais. Tais medidas são eficazes
durante um determinado tempo, pois como as cidades estão sempre em
constante modificação, o que nesse momento se encontra como pericentral em
alguns anos irá se tornar um novo centro, gerando um ciclo vicioso de
desenvolvimento urbano. As divisões existentes no espaço nestes casos nem
sempre favorecem a maioria dos indivíduos.
Em suma, as pessoas que se dizem do lado de fora das fronteiras,
totalizam em um número relativamente maior, ocasionando certo
descontentamento e ao mesmo tempo, um deslumbramento em relação ao
modo de vida que é visto do lado de “dentro da fronteira”. Tais fronteiras estão
englobadas de várias formas no contexto urbano, em muitos casos elas não
34
são representadas de forma física, e sim por meio de barreiras entre diferentes
classes sociais. A luta constante do antigo com o novo resulta no isolamento de
uma porção da população, acarretando na criação dos condomínios fechados,
que nada mais é do que a criação de um espaço novo com o intuito de
preservar um mundo não mais existente.
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Palestina
A palestina ao longo da história sofreu a influência de vários povos Cananeus e
Filisteus. Esteve sob domínio de assírios, babilônios, persas,macedônios. Em
1006 a.c à 996 a.c o Estado Hebreu surge a Palestina é conquistada e a cidade
de Jerusalém passa a ser capital. Houve uma ruptura entre as tribos formando
dois reinos: dez tribos ao norte formaram o reino de Israel e duas tribos ao sul
formaram Judá.
Com esta ruptura enfraqueceu o Estado Hebreu( Palestina) que foi tomada
pelos Assírios e posteriormente pelo Babilônios e fizeram dos Assírios
escravos. O retorno dos Judeus( Hebreus) à Palestina só foi possível após a
derrota dos babilônios pelos Persas( 538 a.c) , em seguida a região foi
dominada por Macedônios, Egípcios e Romanos( Diáspora). Os Hebreus
assaram a ser chamado de Judeus, esta briga continua até os dias de hoje,
porém no final do século XIX e início do século XX as condições internacionais
começaram a se mostrar favoráveis para que um Estado Judeu fosse recriado
na Palestina.
Entre a Diáspora até 1948 a Palestina foi dominada por Árabes (a partir do
século VII a.c) e pelos Turcos Otomanos (1516 á 1918)e pelos Britânicos( 1918
à 1947). A influência Árabe foi a mais importante dentro da Palestina , pois fez
com que grande parte dos povos que habitavam aderissem a língua Árabe e a
religião muçulmana. Os Árabes desta região começaram a ser chamados de
Palestinos neste século, a luta dos Árabes sobre a região é fundamentada pelo
direito adquirido pela sua longa ocupação desta forma, os vário conflitos
existentes neste século na Palestina é pautado na seguinte questão,
Judeus( direito histórico) e Árabes ( direito de ocupação)
36
FONTE: HEMEROTECA PUC-MG
37
FONTE: LIVRO- HISTÓRIA DE ISRAEL / BRIGH,JOHN
O Estado de Israel
O povo Judeu durante séculos criou esperanças de que um dia houvesse
condições de criar um estado próprio. Surge na Europa um movimento
denominado Sionismo que consiste na criação de lar nacional dentro do
território da Palestina. Umas das causas para o movimento é a violência e
perseguição (progroms) às comunidades judaicas que habitavam o Império
Russo. Este sionismo contribui par que os Judeus fortalecessem a ideia que só
lugar. Em 1917 a Declaração de Balfour determinou que o governo da Grã-
Bretanha apoia o sionismo, desde que este, não prejudique as comunidades
38
não Judaicas da região da Palestina, tal tratado impulsionou o fluxo migratório,
pois a Grã- Bretanha é uma grande potência mundial da época. Após a 1ªGM a
posse da Palestina foi transferida do Império Otomano para o Império Britânico.
A Grã-Bretanha não se posiciona diante da disputa pelo território da Palestina
entre Judeus e Árabes, no período entre 1930 e 1940 a imigração Judaica
recebe um novo impulso devido as perseguições da Alemanha nazista. O
aumento da população Judaica na Palestina causa insatisfação da população
Árabe existente, acarretando o aumento dos conflitos. Na 2ªGM o aumento
significativo de Judeus na Palestina, devido as atrocidades causadas pelos
nazistas antes e durante a guerra, reforçou ainda mais o direito histórico da
necessidade de criação do estado hebreu. Os conflitos entre Árabes e Judeus
ficava cada vez mais intensos, o que dificultava o controle das autoridades
Britânicas.
Em 1947 a recém-fundada ONU assume o controle na qual a Grã-Bretanhanão
consegue mais solucionar e divide a Palestina em dois estados um árabe e
outro judeu, dando status internacional à cidade de Jerusalém que ficaria sobre
a administração da ONU. A divisão do estado da Palestina ficou com 56,5% ao
estado Judeue 42,9% ao estado Árabe. O critério para tal divisão baseou na
repartição geográfica da população das duas comunidades. Esta divisão
“esquisita” não pode ser aplicada, pois houve casos em que a maioria da
população árabe que ficaram dentro do estado Judeu, ocorrendo o contrário
em outras regiões.
A divisão deveria ocorrer a partir de maios de 1948, época em que os
Britânicos abandonariam a Palestina. O plano da ONU teve receptividade por
parte dos Judeus já que ia ao encontro dos objetivos do movimento sionista. A
ONU votou e aprovou o plano, os Judeus proclamaram se Estado que passou
se chamar Israel, os árabes da Palestina e os países Árabes vizinhos
declararam que se isso acontecesse iriam a guerra para valer seus direitos.
Forma o quadro para o primeiro conflito que iria opor árabes e judeus,
denominados agora israelenses.
39
Conflito entre Árabes e Israelenses
Guerra de Independência de Israel( 1948-1949)
O conflito opôs os Judeus aos exércitos de cinco países árabes: Egito, Síria,
Líbano, Iraque e Transjordânia,( atual Jordânia) e o Exército de Libertação
Árabe da própria Palestina. O recém-criado estado de Israel foi atacado
pelosLíbano e Síria ao norte, a leste por Transjordânia e Iraque e ao sul pelo
Egito. No início os árabes levaram vantagem em todas as frentes de combate.
Contudo essa situação foi mudando e no final os israelenses venceram. As
causa da vitória israelense são:
40
A falta de coordenação entre vários exércitos árabes, o espírito de luta e
organização dos judeus, que lutavam por uma causa em que estava em jogos
um objetivo almejado há séculos, a ajuda prestada pela comunidade judaica
internacional, tanto do ponto de vista material como financeiro, com destaque
especial para o auxílio fornecido pela comunidade judaica norte-americana.
Fins da guerra em 1949, modificações importantes haviam ocorrido nas
fronteiras da Palestina. O estado árabe da Palestina deixa de existir parte dele
foi incorporado por Israel e o resto por outros países Árabes. A Cisjordânia
ficou de posse da Jordânia, a Faixa de Gaza ficou sob soberania egípcia,
Jerusalém ficou dividida em duas partes: uma sob domínio judaico (o setor
ocidental da cidade) e a outra sob o domínio da Jordânia( o setor oriental).
Com o fim do conflito o sionismo foi realizado, neste momento surge o fato que
se convencionou “Questão Palestina”, ou seja, a luta do povo Árabe da
Palestina em busca de sua identidade nacional.
41
FONTE:
LIVROORIENTE MEDIO UMA REGIAO DE CONFLIITO / OLIC,NELCON BASIC
Guerra do Canal de Suez (1956)
A causa principal do conflito é a nacionalização do Canal de Suez por parte do
Egito. Construído no século XIX estabelecendo a ligação entre o Mar Vermelho
e o Mediterrâneo. Sua construção atendeu as necessidades europeias
especialmente britânicas. A nacionalização do canal em 1956 irritou Grã-
Bretanha e a França que administrava a zona do Canal. A nacionalização do
Canal foi realizada porGamal Abdel Nasser, jovem oficial do exército egípcio
que desenvolveu uma política de caráter nacionalista, com objetivos entre
outros: incentivar reformas de caráter sócio econômico, reforma agrária,
desenvolvimento da indústria, melhor distribuição de renda,que transformasse
42
o Egito em uma nação moderna; promover a união do município árabe, tendo
como pano de fundo a causa pela distribuição de Israel.
Ao nacionalizar o Canal de Suez, desafiando britânicos e franceses, Nasser
determinou que navios israelenses não pudessem mais trafegar pelo canal e
fechou a passagem pelo Estreito de Tiran.A maior parte do petróleo importado
pelos israelenses era transportada atravessando o Estreito de Tiran, o Golfo de
Ákaba e chegando ao extremo Sul do país. Israel, França e Grã-Bretanha
empreenderam uma ação militar contra o Egito, alegando a necessidade de
restabelecer a livre circulação de navios na área. Israel invade o Sinai com
objetivo de reabrir a navegação no Estreito de Tiran. Forças aeronavais franco-
britânicas tomaram a zona do Canal de Suez. Os egípcios foram derrotados, no
entanto o EUA e URSS obrigaram os três países a se retirar dos territórios
tomados pelo Egito.
Os acordos firmados ao final do conflito concederam a posse do Canal de Suez
ao Egito. O país teve de se comprometer deixar livre a navegação para
qualquer país do canal de Suez e o Estreito de Tiran. A guerra teve
consequências importantes como: aumento do prestígio de Nasser dentro do
mundo Árabe; conflito tornou ainda mais forte a postura israelense, ao se aliar
à França e a Grã- Bretanha passou a ser encarado como “ponta-da-lança” do
imperialismo ocidental no Oriente Médio. Ao término do Conflito de Suez os
principais problemas ainda perduravam, dentre eles a solução política para
questão palestina e o não reconhecimento de Israel.
43
FONTE:Disponível em:http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/2001/meast_maps/ Acessado em: 20 de
Novembro de 2012
Guerra dos Seis Dias ( Junho de 1967)
Fatores que contribuíram para que a tensão árabe e israelensefosse se
elevando perigosamente: A instalação de governos de caráter progressista em
países ( Síria e Iraque) em substituição aos regimes conservadores neles
existentes. Esses novos governos se mostraram favoráveis a uma ação militar
44
contra Israel e pressionavam o governo egípcio a se; a formação de
movimentos terroristas palestino cada vez mais frequente principalmente ao
longo da fronteira de Israel com seus vizinhos. A pressão dos países Árabes
para uma tomada de posição mais firme do Egito, este formaliza pactos de
defesa mútua com a Síria a Jordânia e o Iraque.
Tentaram dar demonstrações de força, o Egito decidiu deslocar forças para a
Península do Sinai, junto a fronteira de Israel. O governo egípcio exigiu
também a retirada das forças de paz da ONU, que estavam em seu território
junto a fronteira israelense desde 1956. Ameaçou fechar o Estreito de Tiran
aos navios que se dirigissemIsrael. O mundo Árabe entrou em euforia, julgou
ter chegado o momento de acabar com a existência de Israel.
As forças aramadas israelenses atacaram de surpresa o Egito, Jordânia e a
Síria. O inesperado e eficiente ataque resultou nos conflito em apenas seis dias
(5 a 10 de Junho de 1967). A estratégia israelense consistiu num
surpreendente e arrasador ataque aéreo aos campos de aviação dos países
árabes. Com o domínio dos ares, foi relativamente fácil derrotar as forças
terrestres que se opuseram aos israelenses. A ONU decreta o cessar fogo,
Israel já detinha a posse de amplos territórios de seus vizinhos, foram
conquistados as áreas: do Egito, a Faixa de Gaza e a Península do Sinai; da
Jordânia a Cisjordânia e setor oriental de Jerusalém; da Síria as Colinas de
Golan.
45
FONTE: LIVRO ORIENTE MEDIO UMA REGIAO DE CONFLIITO / OLIC,NELCON BASIC
Guerra do YomKippur( Dia do Perdão) Outubro de 1973
Apesar de grande vencedor do conflito, Israel passou a sofrer crescente
isolamento político diplomático decorrente da recusa em devolver os territórios
conquistados em 1967. A devolução do território era uma exigência da ONU e
a recusa israelense foi desgastando a boa imagem que o país matinha aos
olhos dos países ocidentais. Israel implanta uma política de colonização e põe
em prática nos territórios conquistados, onde começaram a ser implantados
colônias agrícolas por grupos israelenses. A Jordânia praticamente aceita a
perda de Cisjordânia, Egito e a Síria se empenhavam em achar um meio de
46
recuperar os territórios perdidos. Em 1970 morria Nasser, sendo substituído por
Anuar Sadat. O novo presidente deixa de lado o pan-arabismo e se volta para
os objetivos mais concretos, como os que visavam a retomada dos territórios
conquistados por Israel em 1967.
Gradativamente o Egito foi estabelecendo um melhor relacionamento com os
EUA e esfriamento com a URSS. A Síria e o Egito se recusavam a qualquer
espécie de acordo com Israel e matinha muito firme os laços militares com
URSS. Em 6 de Outubro de 1973, no dia do feriado religioso judaico o Dia do
Perdão( o YomKippur) a Síria e oEgito atacaram Israel de surpresa, assim
estoura uma nova guerra. Ao norte da Síria retoma praticamente toda a região
das Colinas de Golan. Os Egípcios conquistaram quase toda a faixa desse
Canal que fica na Península do Sinai e era controlado desde 1967 pelos
israelenses.
No início do conflito os israelenses receberam uma ajuda dos EUA. Os norte-
americanos forneceram grandes quantidades de armamentos, repondo a
perdas sofridas por Israel. Os israelenses conseguiram conter a ofensiva
árabe, os Sírios foram expulsos das Colinas de Golan. Israel descobriu uma
brecha entre os Exércitos egípcios acantonados ao longo do Canal, na
península do Sinai. Através desta brecha os israelenses começaram o cerco
dos dois exércitos inimigos. Neste momento foi posto em prática a diplomacia
das superpotências. Ambas a superpotências concordavam num cessar-fogo
supervisionados pala ONU.
Elas pressionavam o governo israelense para não ampliar mais suas
conquistas, pois por motivos diferentes nenhuma delas desejava uma derrota
do Egito. Assim pressionava o governo israelense para não ampliar mais suas
conquistas, Israel não aceitou essas pressões, contudo diante da ameaça de
corte no ensino de armamentos, por parte dos EUA e correndo risco de
enfrentar uma intervenção soviética decidiu ceder. Em 25 de Outubro os
combates cessaram e os israelenses permitiram que se abrisse um corredor
par abastecer de alimentos e água os dois exércitos, egípcios cercados no
Sinai. Término do conflito, o Egito estar militarmente desfavorável, as forças
armadas do país haviam resgatado sua dignidade militar. A faixa de Gaza
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continua até o início doa anos 90, sob domínio de Israel. As Colinas de Golan
foram anexadas de forma definitiva ao território israelense, resultando em uma
perda para a Síria.
As consequências da Guerra refletem tanto no âmbito regional quanto mundial,
sendo elas: Possibilidade de Israel e Egito manterem alguns entendimentos
diretos, sem a mediação de outro país ou organização mundial. Após a guerra
em 1979, firma os acordos de CampDavid( reconhecimento de Israel por parte
do Egito, primeiro país árabe a fazê-lo, devolução da Península do Sinai
realizada de forma gradativa até 1982 à soberania Egípcia). Os países árabes
fizeram do petróleo uma arma política, restringindo a produção e chegando a
cortar o fornecimento para países simpatizantes de Israel, isso fez com que
alguns estados europeus acabassem se afastando de suas posições pró-
israelenses. O aumento dos preços do petróleo posto em prática pela OPEP
acabou gerando os chamados “Choques do Petróleo” (um em 1973-1974 e
outro em 1978-1979) que tiveram consequências principalmente econômicas.
Nem mesmo o assassinato do presidente Egípcio Anuar Sadat (substituído por
Hosni Mubarak) mudou a realidade dos dois países. A Síria permanece
contrária a qualquer entendimento com os israelenses, mas sem ajuda do Egito
nãovê a chance de começar uma guerra contra Israel.
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FONTE: LIVRO ORIENTE MEDIO UMA REGIAO DE CONFLIITO / OLIC,NELCON BASIC
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Como se Sentem os Palestinos
A OLP surge na década de 60 como uma organização que luta pelos
direitos dos Palestinos à terra que lhes foi tomada pelos Judeus Israelenses e
para alcançar tal objetivo, a mesma utiliza da luta armada.
A primeira revolta do povo Palestino contra a ocupação Israelense surge
na década de 80 nos territórios de Gaza e Cisjordânia. A primeira Intifada ficou
marcada na história dos Palestinos, vários jovens se juntaram e atiraram
pedras e pedaços de paus contra os tanques Israelenses, o episódio resultou
na morte de mais de 300 Palestinos, em sua maioria menores de 20 anos.
Existem hoje dentro da OLP, vários partidos, dentre estes, os que mais
se destacam são o Hamas e o Fatah.
O Hamas consiste no Movimento de resistência Islâmica e é
considerado um dos partidos mais radicais da organização. Deplora qualquer
tipo de acordo que inclua a existência de Judeus, para os integrantes do
partido, estes não são dignos de habitar o solo sagrado Islâmico e sendo
assim, o Estado de Israel deve ser totalmente abolido.
“A hora do julgamento não chegará até que os mulçumanos combatam os
judeus e terminem por matá-los e mesmo que os judeus se abriguem por
detrás de árvores e pedras, cada árvore e cada pedra gritará: Oh!
Mulçumano, Oh! Servos de Alá, há um judeu por detrás de mim, venha e
mate-o, exceto se se tratar da árvore Gharkad, porque ela é uma árvore
dos judeus” (Art. 7 – Carta do Hamas)
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O Hamas comanda hoje a Faixa de Gaza e tem como principal objetivo
juntar a mesma a Cisjordânia sob o manto do Islã. A Faixa de Gaza é uma das
regiões mais povoadas do mundo, cerca de 1,2 milhões de Palestinos, dentre
estes 33% vivem em acampamentos de refugiados que são patrocinados pela
ONU. A pesar de estar sob o comando do Hamas, suas principais vias e
fronteiras estão sob comando Israelense.
FONTE: Disponível em:http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/2001/meast_maps/ Acessado em: 20 de
Novembro de 2012
O Fatah consiste em um dos partidos moderado da OLP. Diferente do
Hamas, este não deplora e existência de Judeus e sim do Estado de Israel, que
segundo eles é o símbolo do sionismo e do colonialismo. Também possuem o
objetivo de criar um estado Palestino unindo a Cisjordânia a Faixa de Gaza,
porém, no ponto de vista do Fatah, os cidadãos que viveram nesse estado
gozaram de direitos iguais independente da religião.
“Não queremos expulsar os Judeus, mas estabelecer um estado palestino
democrático e socialista, no qual possam viver em harmonia cristã,
mulçumana e judia.” (Yasser Arafat / criador do Fatah )
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O Fatah comanda hoje a região da Cisjordânia, assim como a Faixa de
Gaza, as principais estradas e as fronteiras são comandadas por Israel.
FONTE: Disponível em:http://www.bbc.co.uk/portuguese/especial/2001/meast_maps/Acessado em: 20 de
Novembro de 2012
A criação de um muro que divide a Cisjordânia de Israel se deu após o
atentado do dia 1º de Junho de 2001 em que um Homem bomba matou 21
civis e feriu 132 pessoas. Após tal fato, foi iniciado um movimento denominado
pelos Israelenses de “Cerca para a vida”, que previa a construção de um muro
que isolasse totalmente Israel dos Palestinos.
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O movimento teve apoio de 84% da população Israelense, e sendo
assim, o muro foi construído. Para os Israelenses, o muro é uma forma de
proteção, uma maneira de se manterem vivos e assim obterem uma vida
normal. Mais o que seria para eles uma vida normal? Os Judeus tiveram suas
terras tomadas inúmeras vezes durante décadas, foram escravizados e
espalharam se pelo mundo; o movimento sionista fez com que nascesse
nestes a esperança de se obter um estado próprio na terra que lhes foi tirada
há décadas. Foi então iniciado um fluxo migratório para a Palestina, onde
nesse momento já residia o povo árabe, os judeus são vistos por esse povo
como invasores, e isso desencadeou uma série de conflitos, a criação do
Estado de Israel foi considerada uma ofensa ao mundo árabe, e os Palestinos
hoje tentam recuperar as terras que lhes foi tomada pelos judeus. Eles nunca
tiveram uma vida normal, e como esperar que isso acontecesse em meio à
criação de um muro que divide povos com a desculpa de se obter a paz, como
se, em meio às tecnologias atuais, um muro apenas fosse capaz de conter a
revolta de todo um povo.
Para os Palestinos, o muro é intitulado como um “muro de segregação
social”, e os Israelenses contrapõe tal afirmativa alegando que em grande parte
o muro é apenas uma cerca, e que não tem o intuito de separar as pessoas, e
sim proteger os civis dos ataques terroristas, o que de fato aconteceu; após a
iniciativa os índices de ataques reduziram drasticamente. Para muitos
Israelenses o muro é um motivo de vergonha, e que tal medida os degrada
tanto quanto aos Palestinos, porém é um mal necessário. As autoridades
alegam que o muro é uma etapa provisória, que seu traçado pode mudar e que
um dia, assim que os ataques terroristas desaparecerem, ele também
desaparecerá.
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Estudo do texto de Giséle Manganelli FernandesFronteira México – Estados Unidos: representação de conflitos
pósmodernos
O Artigo é uma análise da obra “Borderlands/La Frontera: The New Mestiza” de Gloria Anzaldúa. O texto explica que a fronteira é um local de muitas dores, sofrimentos, angustias e incertezas, Anzaldúa não escreve apenas sobre limites físicos, mas também relações culturais e econômicas, e ressalta que a autora de “Borderland/La Frontera” escreve sua obra em inglês e espanhol, e em prosa e em poesia, que significa o rompimento não só de fronteiras físicas, como também linguísticas e literárias. O texto já está ligeiramente datado, pois começa falando sobre as eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2008, entre os candidatos Barack Obama e John McCain, mas apesar disto continua atual nas partes que não tocam no assunto. É ressaltado que os imigrantes latinos representam 45,5 milhões de habitantes, e tem papel relevante na política do país. Os chicanos (sobre quem Anzaldúa escreve) são aqueles descendentes de imigrantes latinos e nascidos nos Estados Unidos, e por isso híbridos em sua cultura, que não pertencem nem aos Estadunidenses nem aos Mexicanos e por isso sofrem com angustias e incertezas. A situação dos chicanos pode representar uma esperança de entendimento da diversidade, as fronteiras se tornaram relativas no mundo de hoje, e estão cada vez mais permeáveis.
As localidades que os chicanos ocupam são locais que já pertenceram ao México e foram tomados na guerra dos Estados Unidos contra o México em 1846, quando os estadunidenses ficaram com Texas, Novo México, Arizona, Colorado e Califórnia. Por causa desta guerra e desta perda, a fronteira entre estes dois países são uma ferida que sangra do lado mexicano. Este território mexicano invadido é chamado de Aztlán, pois foi no passado terra dos ancestrais indígenas dos mexicanos.
Os imigrantes ilegais são outro grupo que sofre com esta fronteira, pois vivem em uma situação de ilegalidade, e correm o risco de serem pegos e mandados de volta para seus países de origem, e as que mais sofrem são as mulheres, pois correm o risco de serem estupradas e ate vendidas para a prostituição pelos “coiotes”, elas recebem todo tipo de ameaça.Anzaldúa aponta que os chicanos falam outra língua que não é nem o inglêsnem o espanhol, mas sim uma mistura das duas, o “espanhol chicano” e varias outras variantes que mesclam as duas línguas. Os chicanos também sofrem preção para falarem o inglês corretamente e para não terem sotaque.O texto também aborda o papel da mulher, e sobre o mundo machista queimpõe papeis as mulheres, e que se elas não os seguirem não serão mulheres bem sucedidas.
Pode-se tirar do texto que as fronteiras são mais do que simples barreiras físicas entre dois países, fronteiras são diferenças de pensamento, cultura, língua e relações sociais entre outras.
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Para CALDEIRA (2000), condomínios:
“São propriedades privadas para o uso coletivo e ENFATIZAM O VALOR DO QUE É PRIVADO e restrito ao mesmo tempo em que DESVALORIZAM O QUE É PÚBLICO e aberto na cidade. São fisicamente demarcados e ISOLADOS POR MUROS, grades, espaços vazios e detalhes arquitetônicos. São voltados para o interior e não em direção à rua, cuja vida pública rejeitam explicitamente. São controlados por guardas armados e sistemas de segurança, que impõem as regras de inclusão e exclusão. São flexíveis: devido ao seu tamanho, às novas tecnologias de comunicação, organização do trabalho e aos sistemas de segurança, eles são ESPAÇOS AUTÔNOMOS, independentes do seu entorno, que podem ser situados em praticamente qualquer lugar.”
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Dan Rodrigues Levy
Os Condomínios Residenciais Fechados e a reconceitualização do
exercício da cidadania nos espaços urbanos
O momento atual é caracterizado por transformações no espaço urbano,
a tendência dessa urbanização será maior em países menos desenvolvidos
onde surgiram Megacidades principalmente na Ásia e na África. Esta
urbanização trará desigualdades sociais. A segregação urbana reflexo deste
processo contrasta entre, o surgimento de enormes favelas ao lado dos
condomínios residenciais fechados em sua maioria de alto luxo. Este fenômeno
vem ocorrendo nos países em desenvolvimento, como o Brasil como, onde as
desigualdades sócias espaciais são mais intensas.
Com o surgimento das megacidades, surgem também as megafavelas, que
são bairros e comunidades pobres com moradias informais e pobreza, em geral
em zonas periféricas dos espaços urbanos. O crescimento econômico durante
o processo de urbanização contemporâneo intensifica inigualdades sociais e
econômicas contribuindo para o aparecimento de cidades mais heterogêneas,
econômicas, social e cultural.
O fenômeno da globalização financeira interfere no meio ambiente
urbano, exigindo competitividade, competência e disputa entre cidades por
investimentos nos mercados internacionalizados. Conseqüentemente o
desemprego exclusão pobreza, diminuição de recursos para políticas sociais,
aumento da desigualdade, violência e degradação urbana Logo, a pobreza se
dar pelo crescimento concentrado da economia e do poder político. Há um
processo simultâneo de urbanização Dio globo e de globalização do urbano, os
espaços urbanos globalizam-se hoje não conseguimos mais definir o que é o
urbano.
Com a globalização o urbano, algumas fronteiras são quebradas e outras
acabam surgindo como forma de separar ou selecionar uma parcela da
população que é beneficiada pelo desenvolvimento econômico. Assim surgem
espaços produtivos como tecnopolos ou pólos de inovação, centros financeiros
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especializados, bairros planejados e condomínios residenciais fechados.
Espaços que são em sua maioria privados oriundas da especulação imobiliária
e do capital financeiro, acarretando uma nítida redução nos espaços públicos
nas cidades.
Esses espaços são reflexos da fragmentação e segregação urbana não
planejada tendo em vista que eles são lugares cercados por muros, limitados a
circulação de pessoas, são lugares cada vez mais fechados ao público. Assim
o exercício da cidadania se torna ameaçado por um urbanismo não planejado e
descontrolado em face o Poder Público e o Poder Econômico.
A construção de condomínios residenciais fechados são os que mais
modificam o espaço urbano, portanto enclaves fortificados, em sua maioria
cercados por aparatos de segurança cujo objetivo é garantir a maior qualidade
de vida e tranqüilidade par um determinado grupo social. No Brasil a
propagação por condomínios fechados, não é outra senão a obsessão pela
segurança aliada a fragilidade e vulnerabilidade. A mixofobia tende os
moradores a procura de um território isolado e homogêneo como os
condomínios residências fechados. O que prevalece é o estilo de vida privado,
com relação superficial e frágil com o espaço da cidade, pois não há interação
social.
O condomínio fechado é também denominado enclaves fortificados ou
arquitetura da segurança ou estética da violência, vem produzindo um padrão
de segregação espacial e social. Segundo Choay são exemplos de um modelo
racionalista- progressista e também culturalista porque tem como
embasamento a criação de um ambiente urbano dissociado dos elementos da
cidade sendo o espaço planejado para o homem visando suas funções
básicas. Assim pretende criar um mundo com restrições par população de fora
dos seus muros, impedindo a expansão dos movimentos gerando
consequências par vida urbana.
Os condomínios fechados conciliam habitação com elevado nível de conforto
qualidade de vida e segurança. Portanto são formas espaciais segregatórias,
várias cidades dentro das cidades através da ampliação dos espaços privados,
em que esse se tornam espaços públicos dos espaços privados, assim os
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condomínios produzem um ambiente exclusivo de exclusão centrado no
espaço privado.
A cidade é o local para o desenrolar dessas interações, sendo o espaço
urbano uma construção social. Através do processo de segregação urbana o
espaço público nas cidades torna-se vazio, isso porque se apresenta
inteiramente fragmentada onde as pessoas se isolam em espaços privados
como nos condomínios.
Segundo Gomes o processo de redefinição nos quadros da vida social é
denominado de recuo da cidadania. Este é retratado com os seguintes
processo:o emuralhamento da vida social e o crescimento das ilhas utópicas. O
primeiro é símbolo de estabelecer contatos ou vontade de permanecer distante
como em condomínios fechados com o isolamento perante a rua. O uso do
automóvel favorece o aumento das vias de circulação e um conseqüente recuo
dos espaços públicos. Este processo é ainda acentuado com a idéia de que a
coisa pública é baixa qualidade ou de uso exclusivo das camadas populares, o
que a carreta a desvalorização do espaço público. O segundo processo
vislumbra-se a tendência em morar em ambientes mais homogêneos e
isolados. Essas ilhas utópicas funcionam como moradia com a vantagem da
segurança social sendo uma cidade dentro da cidade. Assim um espaço
seletivo, controlado, limpo e regulado, contraposição a um espaço aberto,
inseguro, sujo e anárquico.
O espaço passa a ser requalificado aquilo que era público torna-se privado
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Estudo do texto de Teresa Caldeira:
Cidades de muros: Crime, segregação e cidadania em São Paulo
A violência e o medo combinam-se a processos de mudanças
sociais nas cidades contemporâneas, gerando novas segregações espaciais e
discriminação social. Nas últimas décadas, diferentes grupos sociais,
especialmente de classes mais altas, usam o medo da violência e do crime,
como justificativa para a utilização das novas tecnologias de exclusão social.
O crime, o medo da violência e o desrespeito aos direitos da
cidadania unido as transformações urbanas, vem produzindo um novo padrão
de segregação espacial nas ultimas décadas. Nos anos 80, o crime em São
Paulo aumentou consideravelmente, se tornando mais organizado, profissional
e armado. Cada vez os homicídios dolosos ficaram mais violentos, e também
cresceram numericamente com um número maior na periferia atingindo
principalmente homens jovens e pobres. Assim gerou-se o medo e uma serie
de novas estratégias de proteção e reação, chamando atenção para a criação
dos muros. Tanto simbólica ou materialmente, essas estratégias operam de
forma semelhante, elas estabelecem diferenças, impõem divisões e distâncias,
constroem separações, multiplicam regras de evitação e exclusão, e restringem
os movimentos.
Segundo Teresa Caldeira, a elevação das taxas de criminalidade, foi
influenciada pelos processos ligados à urbanização, à migração, à
industrialização, à pobreza e ao analfabetismo. Por reproduzirem a
criminalização dos pobres, o desrespeito aos seus direitos e sua dificuldade de
acesso à justiça, a desigualdade social e a pobreza são também consideradas
elementos explicativos. Finalmente, a forma como o poder público lida com o
crime, muitas vezes adotando medidas privadas e ilegais para combatê-lo, o
que aumenta a violência ao invés de conter, diminuir. Aliado a esses aspectos,
outro conjunto de fatores pode ser responsabilizado pela mudança. A
concepção sobre o papel da autoridade e o modo como o mal se espalha;
características e desempenho das instituições encarregadas de manter a
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ordem sobretudo a polícia, mas também os tribunais, as prisões e a própria
legislação; apoio popular ao uso da força como instrumento de controle,
contenção e punição dos desvios, sugerindo a existência de um modelo
cultural, muito difundido e não contestado, que identifica ordem e autoridade
com utilização da violência; descrença disseminada em relação ao sistema
judiciário como mediador legítimo de conflitos e provedor de justa reparação.
Na medida em que os limites entre o legal e o ilegal são instáveis e mal
definidos e os abusos policiais são cometidos impunemente, a polícia passa a
ser temida e o sistema judiciário deixa de ser considerado um recurso confiável
para a justa resolução dos conflitos. Ao mesmo tempo, a população, que teme
a polícia, apóia sua ação, pedindo-lhe atuação firme "com quem merece",
estimulando, desse modo, a expansão da violência e da insegurança e
aumentando as possibilidades de se tornar vítima da arbitrariedade e da
injustiça das instituições da ordem. É nesse contexto que se entrelaçam as
atividades de segurança, pública e privada, legais e ilegais, e é exacerbada a
tendência ao incremento das empresas privadas ligadas a essa área.
A autora destaca algumas mudanças importantes que contribuíram para
tornar a região de São Paulo mais complexa e diversificada: reversão do
crescimento demográfico, recessão econômica, retração da industrialização e
expansão das atividades terciárias, melhoria da periferia combinada ao
empobrecimento das camadas trabalhadoras e deslocamento de parte dos
estratos economicamente privilegiados para longe do centro, ampla difusão do
medo do crime, que incitou pessoas de todos os níveis a buscarem formas de
moradia mais seguras. Além disso, ao mesmo tempo que ampliada, pela
proximidade espacial entre ricos e pobres, sem um canal que os relacione de
modo efetivo, a desigualdade tornou-se mais explícita e agressiva. Dessa
forma, aumentam a tensão, o medo e o ressentimento entre eles, diminui a
tolerância e praticamente desaparece o interesse pela busca comum de
soluções para os problemas urbanos.
As conversas cotidianas, comentários e até mesmo brincadeiras e
piadas que tem o crime como tema, pode ser denominado como a fala do
crime. Ela contrapõem-se ao medo e a experiência de ser uma vitima do crime
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e ao mesmo tempo, faz o medo se espalhar. Promove uma reorganização
simbólica de um universo que foi perturbado tanto pelo crescimento do crime
quanto por uma série de processos que vem afetando profundamente a
sociedade brasileira nas ultimas décadas. A fala do crime constrói sua
reordenação simbólica do mundo elaborando preconceitos e naturalizando a
percepção de certos grupos como perigoso. Ela divide o mundo entre o bem e
o mal e criminaliza certas categorias sociais. Obviamente, o universo do crime
não é o único a gerar discriminação social, no entanto ele promove o
desenvolvimento de dois novos modos de discriminação: a privatização da
segurança e a reclusão de alguns grupos sociais em enclaves fortificados.
Esses dois processos estão mudando as noções de público e de espaço
público.
O novo padrão de segregação urbana baseado na criação de
enclaves fortificados representa o lado complementar da privatização da
segurança e transformações das concepções do público. O abandono de
valores vinculados a um espaço público aberto e igualitário conduz à
separação e ao estabelecimento de distância irredutível entre os grupos
sociais, fazendo crer que cada um deva se isolar e conviver apenas com os
seus iguais. Os enclaves fortificados que estão transformando São Paulo são
exemplos da emergência de um novo padrão de organização de organização
das diferenças sociais no espaço urbano. É um modelo que vem sendo
empregado pelas classes médias e altas nos mais diversos países, gerando
um outro tipo de espaço público e de interações dos cidadãos em público.
Surge um novo conceito de moradia: o condomínio fechado , que enfatiza a
segurança e implica uma nova forma de posicionamento no mundo, um estilo
de vida distinto do anteriormente predominante. Essa alternativa tende a ser
constituída por ambientes socialmente homogêneos, controlados por guardas
armados e sistemas sofisticados de segurança, que oferecem proteção contra
o crime e criam espaços segregados, garantindo aos moradores "o direito de
não serem incomodados". Desse modo, voltando-se para o interior e não em
direção à rua, ao mesmo tempo enfatizando o valor do que é privado e restrito
e desvalorizando o público e aberto, neles são impostas regras de inclusão e
de exclusão. Essa versão residencial dos enclaves, fisicamente demarcados e
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isolados por muros, grades, áreas vazias e detalhes arquitetônicos, os
condomínios caracterizam-se como espaços autônomos e independentes do
entorno em que estão situados. Podem estar em qualquer espaço e mudam o
panorama da cidade no que se refere ao caráter do que é público e à interação
entre os diferentes conjuntos/estratos sociais.
Em virtude disso, ocorre, segundo a autora, "uma verdadeira implosão
da vida pública na cidade". Ao transformarem a paisagem urbana, as
estratégias de segurança dos cidadãos também afetam os padrões de
circulação, os trajetos diários, os hábitos e os gestos relacionados ao uso dos
transportes públicos, dos parques, dos espaços comuns e das ruas. O que
antes era o elemento central para o desenvolvimento da sociabilidade urbana,
parece ter sido eliminado, no momento de predomínio dos enclaves
fortificados, quando o espaço público se esvazia ruas e calçadas são
projetadas apenas para o tráfego de veículos, praças tornam-se cada vez mais
ausentes, áreas de comércio são internalizadas e circulação de pedestres,
desestimulada , o que resulta na ausência de uma genuína experiência de vida
pública.
Os enclaves fortificados são espaços privatizados, fechados e
monitorados, destinados a residência, lazer, trabalho e consumo. Podem ser
shopping centers, conjuntos comerciais e empresariais, ou condomínios
residenciais. Eles atraem aqueles que temem a heterogeneidade social dos
bairros urbanos mais antigos e preferem abandona-los para os “pobres”. Por
serem espaços fechados cujo acesso é controlado privadamente, ainda que
tenham um uso coletivo, eles transformam profundamente o caráter do espaço
público. Na verdade, criam um espaço que contradiz diretamente os ideais de
heterogeneidade, acessibilidade e igualdade que ajudaram a organizar tanto o
espaço publico moderno quanto as modernas democracias. Privatização,
cercamento, policiamento de fronteira e técnicas de distanciamento criam um
outro tipo de espaço publico: fragmentado, articulado em termos de separações
rígidas e segurança sofisticada, e no qual a desigualdade é um valor
estruturante. No novo tipo de espaço publico, as diferenças não devem ser
colocadas de lado, tomadas como irrelevantes ou negligenciadas. O novo meio
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urbano reforça e valoriza desigualdades e separações, e é, portanto, um
espaço público não-democratico e não-moderno. O fato de esse tipo
organização do espaço público se espalhar pelo mundo inteiro no momento em
que muitas sociedades que o adotam passam por transformações como
democratização política, fim de regimes racistas e crescente heterogeneização
resultante de fluxos migratórios, indica a complexidade das ligações entre
formas urbanas e formas políticas. Além disso, indica que o espaço urbano
pode ser a arena na qual a democratização, a equalização social é reproduzida
em cidade contemporâneas. Dessa forma o livro analisa o modo pelo qual a
desigualdade social é reproduzida e como essa reprodução contradiz
processos que, em teoria, deveriam eliminar discriminação e autoritarismo.
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URBANIZAÇÃO EM SÃO PAULO - MAPAS
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Morumbi, desigualdade entre vizinhos: prédio de apartamentos, com piscinas individuais e vista para a favela, 1992.
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Lançamento dos condomínios horizontais fechados em são Paulo 1992- 1995
Fonte: embraesp
Lançamento dos condomínios horizontais fechados em são Paulo 1996-2000
Fonte: embraesp
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Lançamento dos condomínios horizontais fechados em são Paulo 2001-2004
Fonte: embraesp
IMIGRANTES EM SÃO PAULO 2000
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Panfleto- comparando o condomínio “Place des vosges”com o de Paris. Sendo que a vantagem do condomínio de São Paulo é ser privado. Dando a ilusão de seguran
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Estudo do texto de Lúcia Maria Machado Bogus:Como anda São Paulo
Há aproximadamente 20 anos atrás, os condomínios fechados marcaram presença em São Paulo. Hoje é possível perceber um número crescente dessescondomínios, com a promessa de maior conforto e segurança para os moradores.
Essa tipologia residencial, entre muros, teve inicio em São Paulo; em Barueri está o condomínio mais conhecido: Alphaville. Criado em 1970, o Alphaville era um grande loteamento fechado na periferia da região metropolitana de São Paulo, destinado às classes altas criando um eixo de crescimento no sentido Oeste da cidade.Esse modelo de moradia não é atual, e nem resultado da globalização pós fordista, os “bairros segregados” fazem parte da sociedade urbana ocidental, principalmente nos países em que a disparidades sociais tão grandes. Na América do Sul, os condomínios fechados são ligados a segurança e status, supondo que paísescom desigualdades sociais marcantes tendem a segregação de classes no espaço. Na América Latina, a partir dos anos 1980, temos a proliferação de núcleos residenciais fechados. Na Argentina (countries), no Chile (condomínios) e no Brasil os condomínios fechados passaram a fazer parte da paisagem urbana. Autores como Svampa (1994) Buenos Aires, Sabatini (1999), em Santiago, e Caldeira (2000), em São Paulo, vêm analisando essa nova realidade urbana de exclusão social e segregação espacial.
“Naquele momento o apelo – mais do que a segurança de morar numa área murada – referia-se ao conforto de residir num local onde várias funções eram atendidas sem a necessidade de percorrer grandes distâncias e, portanto, sem problemas de transporte. Aos poucos, essa solução residencial espalhou-se por outras áreas da cidade, tornando-se os condomínios verticais uma solução de moradia também para a população de alta renda que, com o aumento da violência urbana, passou a procurar novas formas de morar, com conforto e segurança em áreas sofisticadas da cidade.”Caldeira (2000)
Essa segregação espacial é identificada em três momentos no Brasil no séculoXX:- Na década de 40: a separação do espaço se dava pelas diferentes moradiasexistentes.- Modelo centro periferia, o centro rico e a periferia pobre, os ricos ficavamna parte de maior infra estrutura que vigorou até a década de 80.- O terceiro momento está até os dias de hoje, é a separação do centro eperiferia por muros."Sobrepostas ao padrão centro-periferia, as transformações recentes estão gerando espaços nos quais os diferentes grupos sociais estão muitas vezes próximos, mas estão separados por muros e tecnologias de segurança, e tendem a não circular ou interagir em áreas comuns.
O principal instrumento desse novo padrão de segregação espacial é o que chamo de ‘enclaves fortificados’. "Caldeira 2000
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A segregação sócio-espacial das classes não condiz apenas com a insuficiência de dinheiro, mas também o grau de exclusão da sociedade, a falta de direitos básicos (moradia, educação, saúde, transporte...) ou qualidade nos serviços, ou seja, a pobreza urbana. a localização dos grupos sociais no espaço é de extrema importância, o fenômeno da separação dos centro periferia que está ocorrendo a aproximadamente quinze anos revela o espraiamento da população mais pobre, que ocupando os centrosprocuram melhorar a mobilidade no espaço central, afinal quando isso não ocorre, o isolamento da população se agrava e surgem os guetos, muito comuns em São Paulo.
Nos dados apresentados no texto a segregação espacial vai muito além das comunidades e condomínios. Dados da pesquisa mostram a relação São Paulo e migrante, na maioria das vezes nordestinos, contribuindo para o aumento da pobreza e favelização, surgindo outro tipo de muro, que se tornará um enclave para o migrante e para a cidade. De acordo com a PNAD, pesquisas revelaram o crescente numero da pobreza dentro da cidade: de 1997 a 2004, passou de 32,09% para 41.6% na região metropolitana de São Paulo (RMSP). Esse fenômeno altera a taxa de desemprego, representa uma queda no rendimento familiar, insuficiência do transporte público euma dispersão dos grupos de baixa renda.Estudos da década de 90 analisaram a urbanização da metrópole, "mostra umprocesso de “elitização” das áreas do Centro Expandido da metrópole, paralelamente à formação de “enclaves fortificados” da elite em áreas periféricas e uma realocação das classes médias e médias baixas nos espaços das periferias mais próximas"O movimento da classe média e alta em direção à região periférica, vem juntocom uma gama de serviços, comércio, uma nova estrutura de rendas e infra estrutura. a "expulsão" dos leva a ocupação dos municípios em volta da metrópole, aumentando as carências urbanas e reforçando o isolamento da população.
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Estudo do texto de Maria Nilza da SilvaTerritório e raça: Fronteiras urbanas numa metrópole
Brasileira
São Paulo é cidade encantadora e tentadora, é o lugar das possibilidades, alvo daqueles que buscam uma vida melhor, mas ao mesmo tempo é o lugar das desigualdades, carrega toda uma concentração de dificuldades como a extrema pobreza vivida especialmente nas periferias, a violência, a falta de habitação adequada, a falta de serviços básicos. São Paulo ao mesmo tempo provoca fascinação e decepção.
Nessa perspectiva, foi analisada a experiência de sociabilidade e inserção depessoas negras nos diferentes espaços da cidade, De um lado as periferias, que concentram o maior percentual de negros – cerca de 50% - e onde foi demonstrado maior inserção, apesar das dificuldades cotidianas, e de outro a área central que concentra cerca de 17%, considerando que a média municipal é 30%. Para essa análise, a autora realizou entrevistas em profundidade, de caráter qualitativo, com pessoas negras habitantes dessas diferentes esferas, visando estudar o cotidiano do negro inserido no ambiente construído.
Depois do período da pós abolição, a região central passou a ser objeto de políticas que pretendiam a limpeza do centro que resultou na expulsão dos negros. Os negros foram privados do mercado de trabalho que se desenvolvia com o impulso do desenvolvimento industrial, foram perseguidos, pois eram considerados símbolos do não-desenvolvimento e da não-civilização. O país foi obrigado a abrir mão do sescravos, mas ao mesmo tempo abriu mão também do negro como cidadão. Essa expulsão aconteceu também com todos aqueles que eram pobres. “Em 1890, o estado de São Paulo criou o Serviço Sanitário, seguido pelo Código Sanitáriode 1894. Logo em seguida, agentes do estado começaram a visitar as moradias dospobres, especialmente os cortiços, procurando por doentes e mantendo estatísticas eregistros. Essas visitas geravam reações negativas: era clara para as classestrabalhadoras a associação de serviços sanitários com controle social. Além decontrolar os pobres, a elite começou a separar-se deles.”
Os grupos urbanos foram separados, os pobres na periferia, com pouca infraestrutura, e os ricos, na região central da cidade. A separação que se processou na cidade de São Paulo estava baseada no principio que consistia em “afastar e desinfetar” a pobreza. Foram criadas áreas exclusivas para abrigar a elite paulistana, o bairro dos Campos Elíseos, Higienópolis, a Avenida Paulista e os Jardins. O importante era parecer o máximo possível com a Europa desenvolvida e civilizada. A segregação efetivada pela determinação dos poderes públicos de remover a população por considerá-la indesejável fica ainda mais evidente quando se aproxima das pessoas negras que moram na região periférica de São Paulo. Fica evidente que o acesso ao centro da cidade é dificultado pela precariedade do transporte público que é oferecido. Muitas pessoas perdem empregos por não conseguirem locomover-se até a região
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central. A condição de pobreza e de desgaste físico é tão grande que impossibilita o livre acesso. “A discriminação espacial faz parte das políticas de distanciamento do indesejável, do estranho, do outro e, em especial, do negro.” Uma das barreiras enfrentadas pela população segregada territorialmente, é o estigma referente ao próprio lugar de morar dessas pessoas. Praticamente todas as deficiências, faltas e medos da sociedade são projetados sobre a periferia. A forma como ela é tratada pela sociedade e, sobretudo pelos meios de comunicação acentua ainda mais a marginalização e a estigmatização da mesma. O estigma é um dos maiores problemas apresentados pelas pessoas entrevistadas: “Todo mundo fala só o que acontece de ruim (...) Só que tem muita coisa boa aqui” (Dirceu, Cidade Tiradentes). É como se o lugar fosse condenado e também quem faz parte dele. Livrar-se do estigma atribuído ao negro em geral, é também uma das preocupações que aparece nos entrevistados moradores das regiões centrais da cidade.
Preocupam-se em não chocar as pessoas com quem convivem. Existe um certo cuidado em se mostrarem diferentes da maioria dos negros. Esforçam-se em mostrar que se trata de pessoas com valores diferentes daqueles atribuídos à população negra, como a marginalidade, a pobreza, a indisciplina. Vivem também sob tensão para manter as aparências de que “pertence” ao meio. Contrariamente às experiências vividas na periferia, os moradores dos bairros mais bem conceituados aproveitam as boas condições que a urbe lhes oferece enfatizando a importância do território para o exercício da cidadania. Todas as experiências mostraram que estes moradores têm queadministrar suas vidas e a vida em família, notadamente os problemas relacionados ao racismo que enfrentam, mas a as dificuldades que enfrentam são diferentes daquelas enfrentadas pelos moradores das periferias.
A experiência da sociabilidade existe em ambas regiões, mas ficacomprometida pela presença do racismo que se manifesta em todos os aspectos sociais. Alguns moradores da periferia afirmam que não têm dificuldades no estabelecimento das relações sociais com as pessoas onde vivem, mas a maioria sente as conseqüências da vida pobre e hostil em regiões onde é grande a violência. Em consequência disso as relações sociais ficam profundamente comprometidas. Existe maior diversidade de sentimentos em termos de relações sociais entre os moradores das regiões centrais. Pois, também estes sentem a hostilidade por ocuparem um lugarque não foi “destinado” ao negro. Alguns usam a estratégia do cuidado para não chocar os membros da elite de São Paulo. A ascensão econômica não resultou na conquista da cidadania, porque não houve a superação do racismo no cotidiano.
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