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Terapia de Família Centrada no Sistema.

Conectando a Abordagem Centrada na Pessoa à Teoria Sistêmica de Família:

ampliando recursos e revigorando o processo

Maria do Céu Lamarão Battaglia

Universidade Federal do Rio de Janeiro - Mestrado

Orientadora Élida Sigelmann

Doutora em Psicologia

Rio de Janeiro

2002

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grupo que é tão singular. O que percebemos em seus seguidores, é a transferência da

utilização de suas habilidades como terapeutas individuais e facilitadores de grupo para

o trabalho com famílias. E é necessário ressaltar a grande diferença existente entre a

facilitação de um grupo que se inicia ju

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Capítulo I

No intuito de conhecer e definir o que entendemos como família, daremos início

a este capítulo, fazendo uma viagem através do tempo e do espaço, tomando contato

assim com o objeto de nosso estudo de mane

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Sendo assim, as famílias extensas não dominavam então o cenário urbano do

século XIX, da cidade de São Paulo. Isto significa uma reversão de muito dos valores

considerados típicos da estrutura familiar brasileira naquele século.

Foi a migração para as cidades grandes que impeliu à família o seu modelo

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homem dê uma mulher para outro homem que a recebe. Para Lévi-Strauss, é através da troca de mulheres que se dá a combinação dos elementos do parentesco. A constituição da família como fato cultural pressupõe a existência prévia de dois grupos que se casam fora de seu próprio grupo, dois grupos exógenos. Isso significa o reconhecimento de que o parentesco envolve relações além da relação de consangüinidade, ou seja, relações de aliança também, de afinidade. Assim rompe-se com a idéia do caráter natural da família. A família não provem da unidade biológica. Constitui uma aliança de grupos...” (SARTRI, 1992, p.73)

Esta relação de alianças se encontra cada vez mais presente hoje, em nossa

cultura, entre os irmãos filhos de pais diferentes, os avós, primos, pais e tios

“emprestados”. São as relações da nova família ampliada através dos recasamentos.

A dimensão política nas relações familiares é introduzida através do tabu do

incesto. Mesmo com a diversidade de arranjos familiares encontrados até hoje, este tabu

apresentou-se em todos os grupos estudados

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associando a imagem paterna ao chefe da família e a uma representação divina onde nas

relações de família, o pai era visto como fundador, chefe, providência, amparo e

animador. Tudo derivava dele e tudo ia para ele. Chegava a compará-lo com o

Imperador Augusto, no verso da Segunda Ode de Horácio que dizia que o pai era

príncipe e rei dentro do lar e que quando lá estava e compreendia a sua nobilíssima

missão, tudo prosperava. Quando se ausentava, tudo vacilava ou se extinguia. Sendo

assim, não seria justo os filhos receberem tudo e não darem nada. Todo e qualquer

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nos consultórios, muito freqüentemente nos deparamos com homens que padecem no

isolamento de quem deseja ser amado e não sabe como fazê-lo. Se sabe, sente-se

enrijecido internamente ao constatar que como ele, seu pai se privou de lançar-se no

campo das trocas afetivas. Neste sentido, para se iniciar no exercício do contato e da

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mais novo no entendimento da família como sistema, seja o fato de que esta leitura

implique também em deslocar o foco do sintoma, anteriormente situado no indivíduo,

para as relações que o produzem ou mantém.

No caso da Teoria Sistêmica de Família, esta pode ser historicamente dividida

em cibernética de primeira ordem e cibernética de segunda ordem.

As teorias da cibernética de primeira ordem, se interessam essencialmente pelos

mecanismos e processos de homeostase, assim como pelas estratégias de ação dos

sistemas para manter sua estabilidade. Neles, as mudanças tem como objetivo manter o

sistema próximo ao seu padrão, através da reversibilidade e adaptação e se relacionam à

correção de desvio.

O estudo da cibernética e a compreensão do funcionamento dos sistemas foi

fundamental na reformulação da atuação dos terapeutas de família. A cibernética, como

disciplina científica surge na década de 40. Fundada pelo matemático alemão Norbert

Wiener, introduz-se no campo científico a partir da revolução quântica. Esta nova

perspectiva considera basicamente questõe

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uma perturbação enquanto que para os segundos, a história tem um papel fundamental e

o sistema jamais retorna a seu estado anterior, sendo a mudança irreversível. Esta é a

maneira como funcionam os sistemas vivos e sociais. São sistemas auto-organizadores,

não lineares e indetermináveis.

“Dependem enormemente do meio para trocas fundamentais, mas adquirem autonomia na medida em que funcionam segundo suas leis singulares de constituição e sua história de mudanças descontínuas. A evolução de um sistema se dá numa combinação de acaso e história, onde a cada patamar surge novas instabilidades que amplificadas geram novas ordens e assim por diante. Prigogine chamou a este processo “retroalimentação evolutiva”. (RAPIZO, 1996, p.67-68)

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“Tom Andersen (1987, 1991) e sua equipe na Noruega, desenvolvem o procedimento que

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Capítulo III

3. Conectando a Terapia Sistêmica de Família de Segunda Ordem e a Abordagem

Centrada na Pessoa: Pontos de convergência

Alguns pressupostos do desenvolvimento da

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Aproximação entre conceitos da ACP e da TSF

ACP TSF Enfoque na relação Idem

Não diretividade Idem

Crença na tendência atualizante Crença na auto-regulação do sistema

Consideração positiva incondicional

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absoluta; é o lugar, enfim, onde a pessoa humana “é a medida de todas as coisas”.” (BUYS, 2001, p.14)

Em 1987, no livro “Quando fala o coração”, Maria Bowen (1987, p.118-119)

declara que a própria crença na tendência pa

momento com o que está dizendo ou fazendo. O que está comunicando. É o cl iente a a u t o r i d a d e m á x i m a n o c o n t e x t o t e r a p ê u t i c o . S e e l e d i s c o r d a d e T m ( ) T j 1 4 T f 0 . 3 0 6 9 T c 8 . 7 3 5 0 T d f [ ( a l g ) 6 ( o ) 1 ( t r a ) 5 ( z i d o p ) 6 ( e l o ) 6 ( ) ] T J 1

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próprio corpo, para compreender e dialogar de maneira mais efetiva com o cliente. Em

nossa percepção ao rever fitas de vídeo gravadas com atendimentos de Rogers,

observamos que este atuava da mesma maneira que Tom mas talvez o fizesse sem a

representação consciente do ato.

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análise de discurso extremamente cuidadoso para detectar os modelos de

relacionamentos e interações familiares. Elas partem do pressuposto que influência e

controle não são determinados individualmente mas através de uma relação social que

inclui a relação terapêutica. Desta forma,

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tempo, o sentimento de Aline em relação a maneira de trabalhar da equipe foi se

transformado rapidamente. As transformações foram ocorrendo em cada uma a seu

tempo.

Betina: Eu queria que as minha irmãs viessem, mas elas não

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Compreendemos o papel do terapeuta no grupo familiar como alguém diferente,

que está fazendo parte da intimidade da família momentaneamente e que busca se

posicionar de maneira a fazer uma diferença que possibilite transformações nas relações

familiares contribuindo para uma melhora nestas relações. C

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PINSOF, W. M. (1994). An overview of Integrative Problem Centered Therapy: a

synthesis of family and individual psychotherapies. Journal of Family Therapy, 16:

103-120.

PRIGOGINI, I.;STENGERS,I. (1979). A nova aliança. Brasilia: UNB.

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ANEXO 1

ANutores da ACP citados em

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ANEXO 2

Autores da TSF citados em Referências Bibliográficas:

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