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Transmitindo Cultura para as Gerações Mais Jovens

CONHEÇA OS DEFENSORES

Sou Jean Allicock, da Aldeia Surama, co-líder do Grupo de Cultura de Surama.

Meu nome é Marcellus Thomas, da Aldeia de Yupukari. Sou Defensor da Cultura para adolescentes.

Tenho notado na minha aldeia que a nossa cultura estava

morrendo e que precisávamos praticá-la e transmiti-la para nossos filhos. Assim, quando

nós, os mais velhos, morrermos, as nossas

tradições serão continuadas.

Desta forma, decidimos formar um Grupo de Cultura que ajudará a manter a cultura Macuxi viva, preservando e compartilhando as nossas

práticas tradicionais, e ensinando-as para a nova

geração.

Mas antes de começarmos o grupo de cultura, eu compartilhava a nossa cultura e o nosso modo de

vida tradicional com minha família. No início da manhã, à tarde, ou durante as refeições, eu

dividia a nossa cultura com meus filhos e netos, contando a eles histórias que meus pais me

contavam quando era criança – histórias sobre a lavoura, a caça e diversas outras histórias.

Passando adiante a nossa

cultura para minha família...

A comunicação da nossa culturaé muito importante pata nós, pois

isso é o que nós somos.

A coisa mais importante ao transmitir a nossa cultura para

meus filhos e netos é ensiná-los a falar o idioma macuxi.

Esta é minha filha Abigail. Eu a ensinei a tecer algodão, temi (tiracolo), redes; criar roupas tradicionais, produtos artesanais,

brinquedos e a preparar comidas e bebidas locais. Agora ela é capaz de ensinar e

transmitir este conhecimento para a sua filha Shania (minha neta).

Falar o idioma macuxi é um pouco difícil, mas estou melhorando a cada

dia que passa.

Fico tão feliz em vivenciar a minha cultura e praticar o modo de vida

tradicional que a minha mãe Jean me ensinou.

Ainda estou praticando a minha cultura e eu a ensino aos meus filhos – nunca

me esquecerei disso!

Eu passei adiante a nossa cultura não só para os membros da minha família, mas também aos membros da comunidade através do Grupo de Cultura.

O Grupo de Cultura é uma forma de reunir os mais velhos

e os mais jovens para compartilhar o nosso modo de

vida tradicional.

Decidi fazer isso compartilhando as nossas histórias, músicas, danças, poemas e outras atividades

tradicionais.

O grupo de cultura começou com algumas pessoas. Minha irmã me motivou a dividir histórias e cantar músicas que nossos avós nos ensinaram. Comecei

reunindo crianças que estavam interessadas em ouvir as histórias e aprender as músicas. Também os ensinei a fazer a dança dos animais – como as

danças da tartaruga, do veado e do pássaro.

Posteriormente, convidei alguns idosospara me ajudar a contar

histórias para as crianças e ensinar

nossas práticas tradicionais.

Inicialmente algumas crianças estavam tímidas, mas depois

de um tempo elas tiveram coragem para falar.

Na época pediram que o nosso grupo de cultura apresentasse um número com músicas e danças para alguns turistas que estavam visitando nossa aldeia. Os turistas gostaram e a

resposta foi positiva. Isto nos motivou a continuar nossas atividades e buscar mais músicas e danças tradicionais para compartilhar.

Promover as danças e músicas tradicionais é uma parte importante da nossa cultura. Além de ser uma forma de mantê-las vivas, é uma oportunidade de manter os adolescentes

interessados e preservar o espírito da comunidade.

Grupo de cultura Surama

Grupo de cultura Surama

Acho que o grupo de cultura é uma coisa boa. Usar canções, contar

histórias e ensinar danças e outras atividades fez com que o

aprendizado sobre a nossa cultura fosse algo divertido e interessante para os adolescentes... é animado! Eu e minha filha fazemos parte do

Grupo de Cultura.

As pessoas também se inspiram para participar do grupo, pois ele pode ajudá-los a ter um sustento, ao vender comida e artesanatos locais. Eu faço roupas e bolsas a

partir do algodão.

Depois de um tempo, o grupo ficou maior e incluía homens, mulheres, adolescentes e crianças. Também encorajei o meu marido a participar do grupo.

Atualmente, o nosso grupo de cultura aumentou e muitos adolescentes são convidados. O grupo faz apresentações para turistas e visitantes que chegam à nossa comunidade.

Também fomos convidados para fazer apresentações em reuniões, eventos esportivos e cerimônias especiais em nossa aldeia, em Rupununi do Norte, e em outras áreas do

nosso país. Até nos apresentamos para o Presidente da Guiana.

Estas experiências nos ajudaram a crescer e ter um envolvimento mais

ativo nas nossas práticas culturais.

Há tantos benefícios – não estamos transmitindo

somente a nossa cultura para os mais jovens, mas também estamos gerando

renda através das apresentações para os

turistas e das vendas de produtos artesanais.

Sou Silvia John, da Aldeia Apoteri.

Estou ensinando minhas netas a tecer algodão. Acho que é uma boa forma de

transmitir a nossa cultura para as gerações mais jovens.

Exemplos de outras comunidades

Sou Pamela Nash, da Aldeia Annai.

Tenho trabalhado bastante para transmitir a nossa cultura para as gerações mais jovens, o que é um

desafio, mas continuarei compartilhando.

Quando era criança, nunca tive a oportunidade de viver com meus avós e aprender a nossa cultura tradicional.

Quando fiquei mais velho, percebi que grande parte dos nossos adolescentes não conhecia ou compreendia o nosso modo de vida tradicional. Então, decidi fazer alguma coisa para mudar isso.Marcellus Thomas, Defensor Cultural na Aldeia Yupukari

Primeiramente, comecei visitando os idosos na minha aldeia e em outras aldeias, para conversar com eles sobre nossa cultura. Conversei bastante com eles na língua macuxi.

Depois gravei estas histórias e tudo o que aprendi e traduzi todas elas para o inglês.

Como estava trabalhando na biblioteca da comunidade, eu era responsável pelo

planejamento das atividades para as crianças da aldeia.

Aproveitei esta oportunidade para conversar com as

crianças o que aprendi com os mais velhos, contando histórias em macuxi e em

inglês.

Depois de um tempo, convidamos pessoas mais velhas que conheciam o nosso modo de vida tradicional para compartilhá-lo com as crianças na biblioteca. Tio Lewis e Tio Jose compartilharam histórias e o idioma wapixana com as crianças.

Além disso, eles ensinaram as crianças a fazer itens artesanais, arcos, flechas, cestas, matapees, peneiras e muitas outras coisas...

Agora os jovens estão mais habilidosos com estas práticas tradicionais que aprenderam com os mais velhos.

Nossos jovens se interessam bastante por ciências, internet e por aprender como usar o computador. Então, usamos a ciência e a tecnologia para inspirá-los a aprender e praticar

a sua cultura.

Por exemplo: os alunos usam a

internet para procurar informações sobre os macuxis que vivem em outros países.

Eles também trabalham com

pesquisadores para preservar as

tartarugas e os caimãs utilizando as

práticas tradicionais e os métodos de

pesquisa.

Ex-Toshao de Yupukari, Isaac Rogers

Não temos praticado bastante o nosso modo de vida tradicional. Para nós é importante praticar a nossa cultura e transmiti-la

para nossos filhos.

Poucos idosos ainda estão vivos em nossa aldeia, de

forma que temos que aprender e compartilhar estas práticas

antes que eles faleçam.

As crianças ficaram interessadas em contar histórias à beira de uma

fogueira. Achei que era uma boa ideia, então começamos

a planejar a fogueira.

Eu e a equipe da biblioteca nos reunimos para colocar o

plano em prática.

Decidimos que faremos uma fogueira por mês.

Convidamos todas as pessoas para participar da fogueira. Usamos pôsteres

para promover a fogueira e enviamos cartas para os idosos de outras aldeias. Os jovens estavam ansiosos para que o

dia da fogueira chegasse. Eles gostam de cantar e dançar. Além disso, esta é uma

oportunidade para que eles interajam com os idosos enquanto eles se sentam ao

redor da fogueira.

Convidamos algumas pessoas mais velhas para compartilhar o conhecimento tradicional dos macuxi e wapixana com os mais jovens.

Tio Isaac

Yupukari tem sorte por ter pessoas como o Tio Isaac que dedicou o seu tempo voluntariamente para ajudar a transmitir o conhecimento e a cultura tradicionais através do

teatro e das histórias contadas à beira da fogueira.

Estes são a Tia Flora Xavier e o Tio Isaac Rogers entretendo o público na fogueira.

Tia Flora

Tio Isaac

Os dois contavam histórias por meio de um sketch.

Para animar ainda mais a fogueira e atrair os nossos jovens, também planejamos competições de forró (música brasileira) e de dança inglesa. Convidamos turistas e pesquisadores que estavam na nossa aldeia para compartilhar parte de suas culturas conosco.

As fogueiras foram bem sucedidas e estamos continuando o ensino da nossa cultura para os mais jovens. Esperamos começar um grupo de cultura no futuro que envolva mais pessoas. Hoje, nossos jovens praticam a sua cultura, compõem músicas e escrevem histórias em macuxi. Além disso, eles conseguem falar o idioma também!

Adivinhe o que está acontecendo aqui?

Resposta: o xamã está curando uma pessoa doente em um sketch.

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Se você quiser promover a Resistência ao ensinar a cultura aos mais jovens, estas são

algumas das principais etapas:

Motive os mais velhos na sua aldeia ou em outras aldeias para compartilhar o conhecimento com outras pessoas,

principalmente os mais jovens.

Dedique o seu tempo para aprender a sua cultura e praticá-la, aprenda o que você puder com os mais velhos.

Esteja disposto a compartilhar o que você aprendeu com outras pessoas, principalmente com os mais jovens.

Esteja disposto a dedicar seu tempo ou busque pessoas que desejam se voluntariar.

Uma boa forma para começar é com os membros da sua família. Um encontro individual com os membros da sua

família também é uma boa forma de transmitir a sua cultura – você pode fazer isso a qualquer momento.

Você também pode fazer isso com um grupo pequeno que esteja disposto e interessado, por exemplo: crianças na escola, grupo de

jovens etc.

Faça com que as atividades sejam divertidas e animadas, compartilhe a sua cultura através de poemas, sketchs,

danças, criação de artesanatos, fogueiras, narrativas etc.

Utilize coisas diferentes para atrair os mais jovens, como tecnologia, ciências e música.

Uma parte importante da transmissão da sua cultura é o ensino do seu idioma tradicional.

Ao ter mais ousadia e confiança, incentive a participação de todos: homens, mulheres, adolescentes e crianças. As atividades em conjunto contribuem para o sucesso da

transmissão de cultura.

Registre a sua cultura e o seu meio de vida tradicional, o que você puder. Escreva, faça vídeos, tire fotos etc.

Continue compartilhando e praticando suas tradições, mesmo quando pareça difícil ou se poucas pessoas

estiverem prestando atenção.

E finalmente... Lembre-se: ao tentar transmitir a cultura

para os mais jovens haverá desafios. Entretanto, não

desista, continue fazendo isso.

Esta é a sua cultura, o seu modo de vida

tradicional e os seus jovens dependem

disso para transmitir este conhecimento. Torne isso realidade!

Ryan Benjamin – Equipe COBRA

Créditos

Autor: Ryan Benjamin

Parecer e Dados: Membros da equipe COBRA

Fotografias: Projeto COBRA, Rupununi Learners –Caiman House, Grupo de Cultura de Surama, SuramaEcoLodge e Lakeram Haynes

AgradecimentosO Projeto COBRA gostaria de agradecer aos defensores Jean Allicock,

Marcellus Thomas e as comunidades de Surama, Yupukari, Annai e Apoteri pela participação na criação desta reportagem fotográfica.

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