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RESISTANCE ENTREVISTA Henrique Amaro AINDA youbeQ _pag 11 Internacional linear collider _pag 7 FEVEREIRO 2013 8ª EDIÇÃO

Resistance Magazine 8

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Physics and Tecnology Magazine

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Page 1: Resistance Magazine 8

RESISTANCE

ENTREVISTAHenrique Amaro

AINDA

youbeQ _pag 11

Internacional linear collider _pag 7

FEVEREIRO 2013 8ª EDIÇÃO

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Fevereiro 2013 RESISTANCE

EDITORIAL

Mais um semestre passou e a

Resistance procura aperfeiçoar a qualidade a cada edição, aprendendo sempre com os erros do passado. Daqui em diante vamos tentar distanciar-nos da revista generalista a que vos temos habituado e abraçar temas mais científicos. Iremos acompanhar a investigação realizada pelos centros de investigação sediados no Departamento de Física, bem como acompanhar os avanços científicos mundiais na área da Física. O nosso objectivo é ser a revista mais importante do género a nível nacional no final deste ano.Aliado à área da Física, vamos tentar acompanhar o movimento empreendedor na cidade de Coimbra tentado aprender com as experiências daqueles que sonham mais alto. Assim, teremos um artigo empreendedor em cada edição.Com o céu como limite já começámos a formação em hardware electrónico para complementar os nossos estudos. O nosso site está a ser terminado e responderá a todas as tuas dúvidas.A Resistance está cá para ficar, e contamos com a tua presença!

RESISTANCE MAGAZINE

A guerra civíl síria não parece ter fim à vista. Desde o início do conflito, estima-se um número de fatalidades acima de 60 mil pessoas de acordo com a ONU. A

grande maioria de pessoas são inocentes. O Ocidente nada faz devido aos aliados de Bashar al-Assad, a Rússia e a China. No entanto, a Síria possui armas biológicas, que torna a guerra civil muito perigosa para todos os habitantes do Ocidente, devido à incerteza do paradeiro destas e da existência de um grupo rebelde apoiado pela Al-Qaeda.O Ocidente tem de reagir o mais rápido possível, e não querendo participar numa guerra necessita urgentemente de apoiar os rebeldes não apoiados pela Al-Qaeda de forma a controlar a guerra civil e impedir que exista outro país a querer a destruição do Ocidente.

No próximo dia 2 de Março a organização “Que se lixe a troika” promete organizar uma das maiores manifestações dos últimos anos, focando-se nos olhos vendados

do país em relação ao futuro. De excesso de críticas e défice de soluções já estamos cansados. O que precisamos é de novas medidas que possam auxiliar aqueles que mais necessitam. Protestar e deixar falir o país não pode ser solução e temos que lutar contra aqueles que se manifestam a favor disso. Efetivamente, Portugal está falido e nunca irá conseguir pagar as suas dívidas sem a condescendência dos seus credores. Esta é uma realidade dura e simples, tudo o resto é pura demagogia.

As eleições italianas do último fim de semana são um lembrete de todos os males da democracia. Berlusconi foi o anterior primeiro ministro que governou Itália

na última década e que permitiu a falência deste país. Beppe Grilo, um actor cómico que promete voltar atrás nas medidas de austeridade colocadas em prática pelo anterior Governo. Os dois partidos liderados por estes dois políticos são 2 dos 3 partidos representados no senado italiano. A demagogia e a ignorância vencem eleições, o que é muito assustador. O povo italiano à beira de um precipício parece determinado a dar um passo em frente.

Síria

Que se lixe a troika

Eleições Italianas

A Edição:Andreia Fernandes, Karen Duarte, Frederico Borges, Joana Faria, Adriana Correia, Adriana Leal e Sara Raquel

O Design:Pedro Silva, Felipe Trenk e Heloísa Sobral

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Fevereiro 2013RESISTANCE

Viajar está a tornar-se cada vez mais um hobbie da população portuguesa, no entanto em época de crise

nem todos os estudantes têm a sorte de receber uma bolsa de estudo que os permite fazer Erasmus pela Europa ou Brasil, viajar para fora do continente Europeu, ou nos casos mais recentes colocar implantes mamários. Para os desafortunados que não podem gastar dinheiro do estado para seu benefício, que tal fazer uma viagem pelo país mais belo do Mundo? Bem, não sei se é o país mais belo do mundo, porque bater a Suiça é extremamente difícil, mas Portugal é um must para qualquer viajante. Se és um daqueles que acha que Lisboa, Porto e Algarve são os pontos turísticos de Portugal, podes deixar de ler este texto, porque estou a escrever para aqueles que querem descobrir sítios novos. Para quem tiver cinco euros, quatro amigos e um carro têm a possibilidade de fazer a melhor viagem de um

dia das vossas vidas. Agarrem num mapa, e sigam as setas de Góis, Fraga da Pena, Piódão, Poço do Inferno e Serra da Estrela. Uma viagem que não vão esquecer. Sonhamos sempre em sair para fora de nossa casa que nos esquecemos de ver as traseiras.Passar por Marvão, Monsaraz, Sintra, Gerês são alguns dos muitos sítios que qualquer viajante do Mundo sonha poder visitar, e tudo no nosso pequeno país. Num mundo globalizado, onde o futuro parece estar na emigração, conheçam Portugal enquanto podem. Assegurar-vos-ei que não se arrependerão. Quando tiverem a pensar em fazer uma viagem, que tal visitar o país mais belo do mundo?

PS: Como nunca fui às ilhas, parece que ainda não visitei os concelhos mais bonitos de Portugal. Viajar por Portugal não se faz num dia.

CRÓNICASO País mais belo do mundo

O povo é quem mais ordena

Tenho muitas dificuldades para imaginar as vidas nas sociedades ditatoriais porque tive a felicidade de

sempre viver em democracia, onde tenho liberdade de me expressar e de agir. Liberdade é uma palavra com pouco significado para aqueles que, como eu, sempre viveram com ela. Mas, a verdade é que apenas a 25 de Abril de 1974 é que os portugueses descobriram o que era viver em Liberdade. Ainda estamos a aprender a viver com ela, e nos últimos dias a comunicação social está a dar muito enfâse a um grupo de contestatários que cantam a “Grândola Vila Morena” aos políticos como forma de protesto. O filho adoptivo da nossa cidade, José Afonso, escreveu esta música em tempos que não compreendemos,

onde a prisão ou o exílio eram as únicas opções para aqueles que se atreviam a dizer o que pensavam. O verso mais conhecido diz-nos que é o povo quem mais ordena. José Afonso não tem culpa que o povo ordenasse que Pedro Passos Coelho fosse Primeiro Ministro de Portugal. Nem que Aníbal Cavaco Silva fosse eleito duas vezes Primeiro Ministro de Portugal, e outras tantas Presidente da República. Cada povo tem os políticos que merece, e Portugal não foge à regra. Só gostava que “Grândola Vila Morena” não fosse uma arma dos democratas dos centros comerciais. Dêem a música aos rebeldes da Síria ou aos presos políticos chineses. Que cante a música quem a consegue entender.

_Frederico Borges

_Frederico Borges

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Fevereiro 2013 RESISTANCE

Henrique Amaro

RESISTANCE: Começou a trabalhar na rádio apenas devido à sua paixão pela música ou houve outras razões? Algum locutor de rádio lhe serviu de modelo ou inspiração?

HENRIQUE AMARO: Por influência do meu pai, sempre tive o hábito de ouvir rádio em casa e nunca planeei tornar-me profissional. O aparecimento das rádios locais e um amigo que já frequentava esse meio é que me sugeriu que fizesse uma experiência. Para isso, contribuiu a pequena colecção de discos que tinha e o entusiasmo juvenil à volta da música. Nomes como o António Sérgio, Fernando Alves, Fernando Correia, Jaime Fernandes, Carlos Vaz Marques ou Álvaro Costa têm sido, ao longo dos tempos, modelos de formação.

RESISTANCE: Consegue eleger o ponto mais alto da sua carreira?

HENRIQUE AMARO: Nos dias que correm, ser profissional de rádio com liberdade para trabalhar as minhas ideias, é capaz de ser o maior triunfo do meu trajecto.

RESISTANCE: Apesar de não faltarem em termos de variedade e qualidade novos artistas nacionais, e haverem boas iniciativas para divulgar esses projectos, as suas carreiras passam despercebidas

à maior parte dos cidadãos menos atentos. Qual o problema?

HENRIQUE AMARO: A meu ver, existem dois motivos que se relacionam. A curta disponibilidade das pessoas para com a novidade e a falta de meios de divulgação que poderiam agir como elementos transformadores dessa realidade.

RESISTANCE: Quer seja pelo projecto “3 Pistas”, quer seja pelos discos anuais “Novos Talentos Fnac”, tem lançadas várias colectâneas com novos artistas portugueses. Como tem sido a resposta do público?

HENRIQUE AMARO: Embora diferentes, cada um deles tem cumprido o seu objectivo de servirem de divulgadores de uma realidade presente e, ao mesmo tempo, de motivarem os músicos a continuarem a sua produção. A resposta do público não é feita através da análise de números, mas através de hábitos de se relacionarem com a novidade e nesse sentido, o “3 Pistas” e os “Novos Talentos Fnac” ganharam o seu espaço.

RESISTANCE: Acha que a guerra das empresas discográficas contra a pirataria está perdida? Quanto é que ela, de facto, prejudica os pequenos artistas independentes?

HENRIQUE AMARO: Independentes ou não, a divulgação gratuita na internet foi adoptada por todos os músicos. Acabar com esse facto é missão impossível. Tenho dificuldade em quantificar os danos sem perceber a virtude do livre acesso e nesse domínio, creio que os artistas próximos do circuito independente e em inicio de actividade obtêm uma ferramenta essencial para dar a conhecer a sua música. Ao contrário, nomes firmados e que sempre tiveram na venda de discos um meio de obter receitas, saem lesados neste processo.

HENRIQUE AMARO, 42 ANOS, É UM PROMOTOR E CONHECEDOR DA MÚSICA PORTUGUESA E BRASILEIRA. É, NESTE MOMENTO, LOCUTOR DE RÁDIO DA ANTENA 3, ONDE APRESENTA O PROGRAMA PORTUGÁLIA. FOI RESPONSÁVEL POR EVENTOS COMO O OPTIMUS DISCOS OU PROJECTOS COMO O 3 PISTAS, ENTRE VÁRIOS OUTROS.

Inserido no programa

“Portugália”, “3 Pistas” é o nome

deste projecto em que o conceito

é simples: “3 microfones, 1 autor, canções

originais + 1 versão”. Por lá

passaram artistas como Dead

Combo, Toranja, Mão Morta, entre

muitos outros. Como resultado,

foram lançadas duas colectâneas.

A colectânea Novos Talentos FNAC pretende

ser um retrato fiel dos projectos

emergentes dentro da música

portuguesa. Nas edições

anteriores destacaram-se,

entre outros, os ainda

desconhecidos Deolinda,

Mazgani, Rita Redshoes, Sean

,Anaquim, Samuel Úria e Os

Pontos Negros,

ENTREVISTA

_Felipe Trenk

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Fevereiro 2013RESISTANCE

RESISTANCE: Qual é o conceito e de onde veio a ideia de criar o Optimus Discos?

HENRIQUE AMARO: O ponto de partida era criar uma nova solução editorial. Numa época de transformação no processo de edição, quis com a Optimus Discos reunir o conceito tradicional do disco físico e outro, iniciado no novo século, que faz da partilha e do livre acesso o seu modo de acção. A Optimus Discos é tudo isso numa plataforma digital patrocinada por uma marca.

RESISTANCE: Existe alguma hipótese de ocorrer um Optimus D’Bandada em Coimbra, ou este tipo de eventos vão continuar a acontecer unicamente em Lisboa e no Porto?

HENRIQUE AMARO: A D´Bandada é um conceito exclusivo da cidade do Porto. Com o sucesso das primeiras edições, a marca e a autarquia acertaram essa limitação geográfica. Isso não impede produções de menor escala como a que fizémos no Cais do So dré em Lisboa ou outra acção similar noutro ponto do país.

RESISTANCE: A Antena 3, tal como a RTP 2, tem o seu futuro ameaçado. Como veria o fim do seu programa “Portugália”? Tendo em conta que a Antena 3 é das estações que mais divulga os novos artistas nacionais, que consequências teria o seu fecho para a rádio e a música nacional?

HENRIQUE AMARO: A alienação do serviço público de comunicação, a concretizar-se, seria nefasta para a sociedade portuguesa. Nos últimos meses foram apresentadas razões suficientes para que essa decisão seja anulada. A maior virtude deste ataque, centra-se no despertar para a clarificação do termo serviço público e da aplicação prática dessa conclusão. Interessa-me muito essa discussão e a Antena 3, hoje desacreditada e desmotivada,

tem uma função importante nesse processo. Deve mostrar, motivar, ser cúmplice de quem produz e ter uma função relevante e transformadora.

RESISTANCE: A rádio via internet tem feito concorrência à rádio no suporte tradicional, principalmente entre os jovens. Como vê esta nova opção?

HENRIQUE AMARO: Esta nova opção é uma extensão do modo como podemos ouvir rádio. Na actualidade e em Portugal, valorizar o modo como a rádio é emitida sobre o seu conteúdo, é um erro comum. Uma rádio relevante tem por base a música que difunde e as pessoas que lá trabalham. São as pessoas que comunicam, que defendem as suas escolhas e que oferecem a quem os ouve uma experiência diferente de ouvir música individualmente. A autoralidade é essencial e a falta dela na rádio tradi cional é que poderá acelerar a sua falência.

RESISTANCE: A rádio tradicional conseguiu superar na década de 50 a chegada da televisão às casas dos portugueses. Hoje, com a popularização da Internet, ainda temos razões para ver o futuro da rádio tradicional com optimismo?

HENRIQUE AMARO: Essa é uma questão dominante nos dias que correm. Eu suporto-me na resposta anterior, só é possível algum órgão informativo conquistar público e espaço se tiverem pessoas inseridas no processo. Temos de distinguir a difusão dos conteúdos e da marca. O que está em desenvolvimento é o meio de difusão e não o conteúdo e a sua credibilidade.

RESISTANCE: Quais as suas descobertas preferidas em 2012?

HENRIQUE AMARO: A Capicua.

A Optimus Discos é uma editora dirigida a novos talentos musicais portugueses que permite o download legal e gratuito no seu site (http://optimusdiscos.pt). Já tem mais de 60 bandas e artistas nacionais editados e teve mais de 1 milhão de downloads gratuitos.

A Optimus D’Bandada teve a segunda edição no ano passado e tem como objectivo dinamizar e promover a Optimus Discos. Ocorre no Porto, onde há concertos gratuitos de bandas que editaram na Optimus Discos. A edição do ano passado contou ainda com projectos musicais trazidos pela Casa da Música, pela Porta Jazz e outras bandas convidadas.

A alienação do serviço público de comuni-cação, a concretizar-se, se-ria nefasta para a sociedade portuguesa.

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Fevereiro 2013 RESISTANCE

Na primeira manhã começou a chegar o pessoal e o tão famoso

meeting point quase foi inútil porque todos os grupos foram chegando às pinguinhas, não fossem uns bacanos de Lisboa a dar-lhe uma nova alegria! Bem, o pessoal foi sendo hospedado, as atividades começaram, as subidas e descidas desta tão acarinhada cidade começaram a fazer-se sentir! Pois é, na verdade é preciso estofo e vontade para ser feliz nesta cidade que te dá tudo o que tem ao seu alcance sem pedir nada em troca, apenas nos exige respeito pelos seus anos de história e sabedoria, um pequenino esforço muito facilmente recompensado! Depois de reunida a malta e atestado

o estômago, nada melhor que uma visita cultural aos mais emblemáticos monumentos da alta da cidade seguido de um peddy-tascas que mais bem aceite teria sido impossível! Foi uma ideia genial para integrar toda a gente e mostrar a cidade no seu sentido literal, espiritual, cultural e tudo aquilo que conseguirem imaginar. Foi a alegria total! Batotas pelo meio, as fotos mais originais que poderia haver, uns copitos a acompanhar, amigos a aparecer pelo caminho, respostas trocadas, canetas perdidas, atalhos tomados, sapatos a pedir reforma, muitas conversas com os tão carinhosos senhores que com a sua lagrimazinha no canto do olho têm sempre todo o gosto e paciência em nos contar, não só a sua história como a da sua cidade, agora nossa! Sempre felizes por ver mais uma geração crescer com a rara capacidade de se divertir apostando não só na boémia, mas também na cultura e experiência de um país. Mais um dia a terminar, menos um computador, mais copos para tentar esquecer o pior e evidenciar o melhor! Enfim, amizades seladas e inevitavelmente partidas pregadas

e piadas instaladas. Pessoalmente, ganhei mais uns quantos nomes, fiquei oficialmente conhecida por outros, e não posso aqui deixar de reconhecer o mérito dos bacanos de Aveiro pela perspicácia e teimosia! Não ficou por mostrar a tão famosa noite da cidade dos estudantes, demasiado barata, diziam alguns! Bem, dormindo ou apostando nas diretas, na manhã seguinte começam as palestras. Mais uma vez o conhecimento e a cultura se elevam ao nível a que temos sido habituados. Várias áreas de interesse, com pausas pelo meio, os olhos a teimar em não abrir, ou a fechar permanentemente com maior frequência, muita água (para hidratar o corpo, obviamente), até que chega a hora de almoço. A malta está reunida e que bem que sabe uma boa refeição! Durante a tarde não faltou a presença de várias empresas a abrir-nos novos horizontes que afinal de contas não são assim tão distantes. Entre muitas constatações, conversas e imprevistos surgiram, obviamente, muitos problemas, sim, porque isto é tudo muito bonito mas os temas para novas dores de cabeça teimavam em multiplicar-

ENCONTRO NACIONAL DE

ESTUDANTES DE FÍSICA

Tudo começou quando há cerca de um ano atrás, meia dúzia de gatos pingados se acharam capazes e à altura de organizar um ENEF na tão querida cidade dos estudantes. Desafio aceite, ENEF realizado!

_Andreia Fernandes

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Fevereiro 2013RESISTANCE

se. Nada que não se resolvesse! Ao longo destes dias não faltou o fado de Coimbra, que emocionou uns quantos e espantou os outros ao aperceberem-se da verdadeira paixão que Coimbra representa para os seus protegidos. No plano do ENEF realizou-se também uma jantar de convívio com antigos alunos, atuais professores e estudantes de física. Um evento muito esperado, já que não é todos os dias que se bebem uns finos com os professores, não falando da parte em que toda a gente pode dizer o que lhe apetecer sem sentir a censura de uma sala de aulas! Para animar o pessoal, nada melhor que a Quantunna, originalmente formada por estudantes de física que incansavelmente animou a malta muito para além do tempo a que se tinha comprometido. A atuação é formalmente terminada e toda a gente se junta e agarra nos instrumentos, cantando e trauteando umas letras. Há que referir ainda a subida de dois aspirantes a caloiros, entre muitas peripécias que certamente ficarão guardadas com todos os presentes. Lá para o fim houve a emocionante dedicação de uma música original da tuna aos antigos alunos que muito sentidos ainda propuseram que para o ano se repetisse este convívio. No fim da noite, como seria de esperar há sempre histórias pra contar, episódios para gozar mais uns tempos com os amigos, enfim é mais do mesmo. Correu tudo bem, sem olhos negros, pelo menos da minha parte! Naquela altura em que toda a gente tem preguiça de ir pra casa, a euforia continua ao máximo mas já está tudo fechado, eis que chega o pessoal de Lisboa e nunca ficando mal na fotografia descobre a solução! Inevitavelmente surgem tremoços, mais minis, mais conversas e assim

se faz tempo até ver o nascer do sol. O café nunca falha, muda-se de spot só porque é fixe, encontram-se toinos que decidiram fazer o mesmo e depois lá vamos nós todos juntos para as palestras! Há que aproveitar tudo ao máximo! Entretanto lá se perderam uns telemóveis, e não posso deixar de referir o episódio em que depois de todos estarem preocupadíssimas à procura do dito telemóvel, já surgiam os pensamentos em que conseguimos ouvir literalmente o que os nossos pais nos iriam dizer no momento em que lhe contássemos o sucedido. Por fim, depois do pânico instalado aparece uma alma com uma ideia genial (sim, naquele estado e depois de tanto tempo pareceu uma ideia genial), bora ligar para o telemóvel! E o que aconteceu no momento seguinte? Bem, digamos que o aparelho estava tão bem escondido que só com a vibração foi possível relembrar o dito sítio. Tudo isto é facilmente explicável com as poucas horas de sono, todos os abusos associados, houve até quem não conseguisse entrar em casa porque a fechadura achou por bem que a pessoa em questão deveria ir beber ainda mais uns copitos e não eram portanto horas de ir dormir. E quem sou eu para contrariar tal argumento? É caso para dizer que as falhas de memória nesta altura ganharam em teimosia. O cansaço começa a notar-se, mas o espírito e a vontade prevaleceram

sempre, uns pacotinhos de açúcar pelo meio, uns comprimidos pelo outro, e a coisa acabou sempre por ir ao sítio. E pronto, efetivamente chegamos à conclusão que o corpo e o cérebro já estão completamente descoordenados e nenhum respeita a vontade do outro por razões que neste momento me falham na memória, vá-se lá saber porquê. Sentimos que ainda há responsabilidades, coisas a fazer, e é triste não conseguir fazer nada em condições até que surge o pânico. Mas diga-se a verdade, com a malta fixe que tivemos a sorte de conhecer, tudo acabou por correr bem e no meio disto tudo a única coisa que ia efetivamente acontecendo eram gargalhadas de brincadeira, fosse por que assunto fosse. Bem, não poderia deixar de referir que a direção da Physis está novamente em Coimbra. Sim, a Associação Portuguesa de Estudantes de Física voltou para a cidade do conhecimento! Tudo aconteceu neste ENEF e no final restou a nostalgia de tudo o que se sucedeu naqueles quatro dias inesquecíveis!

Termino com um excerto de uma letra que os mais atentos recordarão: “ Coimbra é uma lição de sonho e tradição, o lente é uma canção e a lua a faculdade. O livro é uma mulher, só passa quem souber e aprende-se a dizer Saudade! ”

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Fevereiro 2013 RESISTANCE

A recente descoberta do bosão de Higgs no Large Hadron Collider (LHC) coloca-

nos uma pergunta: e agora? Até ao momento, o LHC ainda não mostrou sinais de nova física para além do Modelo Padrão da física de partículas. Se este cenário se mantiver nas próximas décadas, estaremos perante o fim da física elementar de partículas? A resposta é simples: não. A descoberta do bosão de Higgs não encerra a história. Pelo contrário, abre uma nova página. O Modelo Padrão da física de partículas, elaborado ao longo dos últimos sessenta anos, é possivelmente a teoria física mais bem sucedida alguma vez elaborada pelo ser humano. O fantástico acordo entre teoria e experiência, e a sua capacidade de previsão, tornam-na em algo único, sem par na ciência. Graças ao avanço da tecnologia de aceleradores, instrumentação e detectores, realizaram-se várias descobertas e obtiveram-se medidas com excelente precisão que confirmaram e fortaleceram a teoria ao longo dos anos. Entre esses avanços, destacam-se as descobertas da violação CP, dos bosões pesados W e Z, das diferentes gerações de leptões e quarks, culminando com a observação de um sinal compatível com o bosão de Higgs, apresentado no dia 4 de Julho de 2012, no CERN, pelas colaborações ATLAS e CMS. Como em tudo na vida, a física de partículas poderá sofrer do enorme sucesso do Modelo Padrão. Os físicos vivem de desafios, de criarem, recriarem conceitos, ideias, teorias. Contudo,

este processo só é possível se a natureza for generosa e oferecer novos efeitos, novas partículas, novas interações. Para aceder a esta nova física é necessário o desenvolvimento de nova tecnologia, e é aqui que entra o International Linear Collider (ILC). O ILC é um colisionador linear projectado para ter entre 30 a 50 km de comprimento (ver figura), que irá acelerar e fazer colidir electrões e positrões a uma energia de centro-de-massa de 500 GeV inicialmente, e 1 TeV numa segunda fase. A pureza e eficiência dos sinais de física característicos de máquinas leptónicas tornam o ILC uma máquina única, capaz de poder explorar nova física e testar a existente com uma precisão nunca antes alcançada. Apesar do ILC ainda ser um projecto no papel, as perspectivas são muito optimistas. O local mais provável para a sua construção é o Japão, através de um consórcio internacional, repartindo-se assim os custos entre os vários países participantes. Além do seu interesse científico, este projecto representa também um estímulo económico para que empresas e spin-offs desenvolvam a tecnologia necessária para a sua edificação, tal como sucedeu com o LHC. A participação dos países europeus através do CERN, e em particular de Portugal, é fundamental para que o velho continente continue a ser uma referência no progresso científico e tecnológico mesmo quando atravessa a pior crise desde a II Guerra Mundial.

International Linear Collider the next big step

PHYSICS

Nascido em Coimbra, Miguel Castro Nunes Fiolhais completou a licenciatura e o mestrado em Física. Neste momento encontra-se em Doutoramento em Física Nuclear e das Partículas no LIP, no Departamento de Física da FCTUC.

Miguel Fiolhais

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Fevereiro 2013RESISTANCE

O Centro de Física Computacional (CFC) da Universidade de Coimbra (UC) tem

atualmente cerca de quarenta investigadores doutorados, tendo a maioria vínculo laboral com cinco instituições portuguesas de ensino superior (incluindo, naturalmente, a UC). Em 2007, com a junção do Centro de Física Teóri-ca e do então Centro de Física Computacional, foi constituída uma unidade de investigação de maior dimensão onde se desenvolve inves-tigação em vários domínios da Física, tanto na vertente teórica como na computacional. A investigação que se realiza no CFC tem por objeto sistemas de variadíssima dimensão, desde as partículas elementares às estrelas e às galáxias. O Centro está organizado em gru-pos de investigação. Nos grupos de Partícu-las e Campos e de Interações Fundamentais estudam-se sistemas hadrónicos no regime de baixas energias recorrendo a modelos efetivos e, no regime de altas energias, usando sim-ulações computacionais da Cromodinâmica Quântica formulada numa rede espácio-tem-poral. Ainda nestes grupos, fazem-se estudos de Física Nuclear Relativista e, tendo por base equações de estado de matéria hadrónica e de quarks, investigam-se estrelas compactas designadamente a sua constituição, proprie-dades e a ocorrência de campos magnéticos ultra-fortes. O grupo que se dedica ao estu-do das estrelas compactas integra uma rede europeia de investigação nessa área (Com-pStar). No grupo de Física da Matéria Con-densada estudam-se nano-sistemas, sobretudo agregados metálicos e agregados de carbono e fazem-se também estudos de caraterização espetroscópica de biomoléculas complexas. Em particular a simulação computacional da resposta à excitação por luz de biomoléculas pode ser importante no controle de biopro-cessos com relevância médica. O grupo tem uma forte ligação a investigadores nas áreas de bioquímica e de neurociências. Há ainda no CFC um grupo de investigação dedicado a assuntos da didática da física e da história das ciências (com natural enfoque na física). Mais informações sobre a atividade e a produção científica podem ser obtidos na página web do CFC [http://cfc.fis.uc.pt/]. Adstrito ao CFC, o Laboratório de Computação Avançada da Uni-

versidade de Coimbra (UC-LCA) mantém em operação o supercomputador Milipeia (com capacidade de processamento de 1,6 TFlop/s ) e outros sistemas igualmente dedicados à computação de alto desempenho (High Per-formance Computing – HPC). As competên-cias na área da computação paralela de alto desempenho começaram a desenvolver-se no final dos anos noventa do século passado (al-tura em que se fundou o CFC). O CFC é uni-dade de investigação de referência na área de HPC e representa Portugal no consórcio euro-peu PRACE (Partnership for Advanced Com-puting in Europe) que visa o desenvolvimento de uma infraestrutura pan-europeia de super-computação. Portugal é um dos cerca de vinte países europeus que integram a organização. Hoje, não restam dúvidas que, tanto na Físi-ca como nas outras áreas científicas, a com-putação de alto desempenho, com a inerente produção, análise e tratamento de enormes quantidades de dados (big data) é crucial no desenvolvimento científico e tecnológico, a par da teoria e da experimentação. Em 2013, o CFC deve poder dispor de um novo super-computador (já com desempenho da ordem das muitas dezenas de TFlop/s) que, tal como o supercomputador Milipeia, ficará ao serviço não só dos seus membros, como também de outros investigadores da UC e do país.

CENTRO DE FÍSICA COMPUTACIONAL

Manuel Joaquim Baptista Fiolhais terminou o curso agregado e doutorou-se em Física Teórica no Departamento de Física da FCTUC em 1988. Actualmente coordena o Centro de Física Com-putacional e assume a presidência do Instituto para a pesquisa interdis-ciplinar da UC.

Dr. Manuel Fiolhais

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Fevereiro 2013 RESISTANCE

PHYSICS

O Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear (GIAN) é um dos três grupos que

constituem o Centro de Instrumentação do Departamento de Física (DF) da Universidade de Coimbra. Contudo, podemos ligar a sua origem aos trabalhos pioneiros dos professores Carlos Conde e Armando Policarpo sobre os detetores gasosos de cintilação proporcional [“A Gas Proportional Scintillation Counter”, CAN Conde e AJPL Policarpo, Nucl. Instrum Meth. A 53, pp. 7-12 (1967); “The argon-nitrogen Proportional Scintillation Counter”, AJPL Policarpo, MAF Alves e CAN Conde, Nucl. Instrum Meth. A 55, pp. 105-119 (1967)] os quais trouxeram uma projeção internacional aos trabalhos experimentais realizados no DF em Coimbra. No início dos anos 70, o Professor Carlos Conde fundou a “Linha 3” do DF (leia-se Linha de Investigação) que permaneceu como entidade até se transformar no Centro de Instrumentação, em 1994. No decurso destes anos, os estudos dos detetores gasosos de cintilação proporcional mantiveram a sua projeção internacional e colaborações bilaterais foram iniciadas com o Prof. Alan Stauffer (Universidade de York, Canadá) no início dos anos 80, Richard Morgado (Los Alamos National Laboratory, USA) no início dos anos 90 e Amos Breskin (Wizemann Institute of Science, Israel) em 2001, colaboração que se estende até ao presente. A participação em grandes colaborações internacionais iniciou-se em 1998, com a experiência para medir o “Desvio de Lamb” no hidrogénio muónico, em 2004 na experiência “Hidrogénio Piónico”, em 2005 na Experiência “XENON – Dark Matter Search”, em 2008 na colaboração CERN RD-51, em 2009 na experiência “NEXT –

Neutrino Experiment with a Xenon TPC” e recentemente na colaboração CRESST – Dark Matter Search, colaborações de grande visibilidade internacional, em que continuamos a participar. O GIAN tem-se dedicado aos estudos de investigação e desenvolvimento (I&D) de detetores gasosos de cintilação, essencialmente baseados em gases nobres. No início de 2000, passou a dedicar-se também à I&D de detetores gasosos baseados em microestruturas e de fotossensores de “Ultravioleta de Vácuo”. Se a I&D dos detetores de cintilação tinham fundamentalmente em vista a deteção de raios-X, com o apogeu da sua aplicação à Astrofísica (pela ESA, NASA e Agência Espacial Japonesa) na primeira metade dos anos 90, a partir do ano 2000 a aplicação da cintilação em gases nobres passou a ter projeção na deteção da matéria negra e, posteriormente, na deteção do decaimento beta duplo em xénon. A I&D de detetores gasosos baseados em microestruturas tem fundamentalmente interesse para a física das altas energias e fotossensores VUV. Após uma importante reestruturação no início de 2010, o GIAN é presentemente constituído por 7 investigadores doutorados, 4 alunos de doutoramento e seis alunos de mestrado, que no seu conjunto desenvolvem trabalho no âmbito das colaborações internacionais abaixo descritas. Para além destas atividades, o GIAN continua a fazer trabalho de I&D em detetores gasosos de cintilação e detetores gasosos baseados em microestruturas. Neste momento os laboratórios do GIAN ocupam as salas G19 e G20 do DF. Teremos todo o prazer em receber a vossa visita e mostrar-vos mais de perto o trabalho que fazemos.

Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear

Neste momento os laboratórios do GIAN ocupam as salas G19 e G20 do DF. Teremos todo o prazer em receber a vossa visita e mostrar-vos mais de per-to o trabalho que fazemos.

Joaquim Marques Ferrei-ra dos Santos terminou o curso agregado em 2001 e é professor associado desde 2002 no Departa-mento de Física da FC-TUC. É neste momento coordenador do grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear – GIAN, bem como do Centro de In-strumentação da mesma faculdade.

Dr. Joaquim Santos

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Fevereiro 2013RESISTANCE

A origem do GEI (Grupo de Electrónica e Instrumentação) remonta ao início da década 1970, época em que os

novos doutores do Departamento de Física (DF), há poucos anos regressados de Inglaterra, organizaram a investigação , até então quase inexistente, que viria a desenvolver-se no DF. Projectaram-se assim quatro linhas de acção, assim mesmo designadas: “Linhas”. O DF funcionava então nas mesmas instalações que desde a era Pombalina lhe tinham sido destinadas e designava-se por Laboratório de Física. Com a conclusão do novo edifício da Física e Química, nos anos 74-75, transferiu-se inteiramente para o espaço que hoje conhecemos. A planta das novas instalações aliás, foi naturalmente influenciada por esses jovens doutores, reflectindo directamente, sobretudo no que respeita ao espaço de investigação, os 4 projectos, ou linhas, acima referidos. Assim, a linha 1 definiu-se como dedicada à Física Teórica; as Linhas 2 e 3 , um pouco imcompreensivelmente… , sobrepunham o seu interesse nos detectores de radiação; finalmente a linha 4 tinha por objecto de interesse a Física do Estado Sólido. Esta organização atravessou toda essa conturbada década até que, nos anos 80, com a definição de regras pela instituição financiadora, a JNICT, e dando resposta ao crescimento verificado, as próprias Linhas passaram a designar-se por Centros, e reorganizaram-se internamente em Grupos. A Linha 3, em particular, deu origem ao Centro de Instrumentação (CI), onde, por sua vez, acabaram por definir-se três grupos, os mesmos que ainda hoje existem: GIAN (Grupo de Instrumentação Atómica e Nuclear) , GAI (Grupo de Automação Industrial ) e GEI (Grupo de Electrónica e Instrumentação). O foco da actividade do GEI era, nessa época, a Electrónica Nuclear – designação geralmente aceite para um ramo da Electrónica que lidava com as necessidades instrumentais dos detectores de radiação. Nessa época pontificava a Electrónica analógica e iniciava-se o reinado do Amplificador Operacional como bloco fundamental da construção de circuitos. O passo seguinte, mais para o fim da década, foi desencadeado pelo aparecimento dos primeiros conversores analógico-digitais de custo, volume e rapidez suficientes para permitir arquitecturas híbridas, incorporando os microprocessadores que, desde há alguns anos eram, também, objecto de estudo no GEI [1] . Vem desses anos a ideia da criação da licenciatura em Engenharia Física e, mais tarde, da especialidade de doutoramento em Física Tecnológica. A primeira iniciou-se, de facto, em 1985, produzindo os seus primeiros licenciados em 1989. No início dos anos 90, ocorreram dois acontecimentos com grande impacto no trajecto e desenvolvimento do GEI. Um, a criação em Coimbra o Instituto Biomédico da Luz e Imagem (IBILI), que abriu uma janela de oportunidade para a abordagem de uma área que atraía, desde há muito, o interesse de alguns membros do GEI: a Engenharia Biomédica (EBM). Este interesse materializou-se em colaborações (uma delas de natureza lectiva – foi no IBILI que se organizou o primeiro

mestrado em Engenharia Biomédica) . Também nesta década se fizeram os primeiros doutoramentos em temas de EBM embora, por necessidade formal, tivessem de ser designados de Doutoramentos em Física Tecnológica pois a área de doutoramento em EBM não existia, então, na UC. O outro acontecimento foi a criação, no IST, do Centro de Fusão Nuclear que lidaria (entre outros) com problemas de instrumentação muito coincidentes com os da área de conhecimento e experiência do GEI. A colaboração GEI-CFN, que se prolonga até ao presente, conseguiu desenvolver uma competência universitária porventura única, no domínio das arquitecturas para instrumentação electrónica dedicada a experiências Físicas de grande dimensão. Teve ainda grande impacto no CI, e no GEI em particular, o surgimento dos primeiros licenciados em Engenharia Física, uma geração particularmente brilhante de engenheiros made in DF. Essa geração, e uma boa parte das que se seguiram, aumentaram o metabolismo científico interno do CI, quer pelo seu ingresso directo nos quadros do DF, quer pela sua participação nos programas de mestrado e doutoramento suportados pelo GEI. Ainda nesta década o GEI tomou a decisão de optimizar o seu funcionamento constituindo-se como centro independente do CI, o que de facto aconteceu, formando-se assim o Centro de Electrónica e Instrumentação (CEI), unidade 217 da FCT. Em 2005, a reavaliação da situaçao aconselhou a fusão com o CI regressando, afinal, à organização primitiva. A primeira década do milénio tem como acontecimento preponderante a criação da licenciatura em Engenharia Biomédica, em boa parte impulsionada por membros do GEI. A iniciativa apresentava-se como uma necessidade tão óbvia como imperiosa: a experiência acumulada, as competências instaladas e até a crise de falta de alunos nas duas licenciaturas em funcionamento, além de (verdade seja dita …) o exemplo do IST ao criar essa licenciatura fizeram com que o DF passasse a gerir mais esta licenciatura. O êxito desta iniciativa, medido pelo número e qualidade dos ingressos, foi imediato e prolonga-se até aos nossos dias. Os primeiros licenciados em EBM graduaram-se em 2006, numa altura em que os mestrados integrados a Bolonha já estavam anunciados. Para não fugir à regra, também aqui a primeira geração destes novos engenheiros foi de grande qualidade e logo se configurou como evidente a possibilidade de lançar uma iniciativa de programas de doutoramanto em que eles seriam os grandes protagonistas. As sub-áreas da EBM que o GEI prosseguiria definiram-se claramente sendo, no presente, os sensores Hemodinâmicos e a Bioimpedância os dois grandes temas explorados. O leitor reparará que faltam nomes de pessoas nesta história que, apesar de curta, se projecta num passado de cerca de 40 anos. Foi uma opção que me continua a parecer adequada, ainda que injusta para os que (antigos e recentes) foram, e permanecem referências humanas e científicas para o autor destas linhas.

Grupo de Electrónica e Instrumentação

[1] Pode atribuir-se ao GEI parte do crédito relativo ao desenvolvimento do 1º computador português. Teve um papel decisivo na equipa desse projecto o actual Reitor da UC, então jovem engenheiro electrotécnico.

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“O YoubeQ (...) ambiciona mudara forma como a partir da Web

podemos explorar o mundo”

O YoubeQ é um projecto português desenvolvido pela iNovmapping, empresa sediada em Coimbra no IPN - Instituto Pedro Nunes, que ambiciona mudar a forma como a partir da

Web podemos explorar o mundo. A iNovmapping é uma empresa TIC que desenvolve produtos e serviços na Web, combinando o tradicional Sistema de Informação Geográfica (SIG’s) com as ferramentas geo web mais populares do mundo: Google Earth e Google Maps.

O youbeQ tem vindo a ser notícia, nestes últimos tempos, devido ao recente lançamento da versão beta. A ideia do youbeQ surgiu da necessidade da empresa em mostrar os seus modelos 3D, colocados no Google Earth, numa plataforma mais simples para o utilizador usar. Após isto a empresa quis criar um novo ambiente em que coloca as pessoas no mapa sendo estas capazes de interagir entre si e a criar o seu próprio conteúdo, associando-o a um lugar preciso do mapa. Desta forma nasce o conceito do youbeQ, de socializar os

mapas com o objectivo de ligar pessoas e empresas numa nova realidade híbrida, em que o mundo real e o mundo virtual têm uma relação mais próxima.

A funcionalidade central desta plataforma são os “youbeQ places”. O utilizador pode criar um “youbeQ place” em qualquer lugar do mundo para geo-localizar qualquer coisa que deseje, podendo ser informação escrita, imagens ou vídeos e partilhar essa informação com os seus stampers/seguidores. Ou seja, o utilizador pode dizer onde mora, onde trabalha, onde estudou, qual

o seu restaurante preferido, onde pretende viajar, planear as suas férias ou ainda agendar as suas reuniões no mapa. Com este novo conceito, o utilizador interliga toda a sua actividade a lugares reais, tornando esta forma de partilha social única! Outra grande funcionalidade é o facto dos utilizadores poderem interagir em tempo real. Desta interação podem surgir duas realidades, um utilizador de Portugal pode contactar alguém

que está em Nova Iorque, mas virtualmente a visitar Paris, ou então alguém que está realmente em Paris, na Torre Eiffel. Pode ainda acontecer que esteja em Nova

EMPREENDEDORISMO

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Iorque perto de um restaurante e estabeleça contacto com outro utilizador que esteja próximo a ele, para trocar impressões sobre aquele restaurante a que está a pensar ir. Desta forma, o youbeQ é uma plataforma social em que as pessoas podem, na verdade, fazer algo juntas, não sendo apenas uma rede em que estão somente conectadas.Uma outra grande novidade é a inclusão de contas para empresas e organizações.

Seguem-se algumas das razões e vantagens pelas quais pensamos que uma empresa, mais cedo ou mais tarde, deva marcar a sua presença no youbeQ:

Colocar informação relevante para seus clientes num interface georeferenciado. Pode por exemplo

situar as lojas, eventos, reuniões, entre outros;

Interagir em tempo real com os clientes;

Permite segmentar os actuais e potenciais clientes com base na sua localização;

Aumentar a presença digital da marca;

Atrair tráfego para o seu Website. Por exemplo, poderá georeferenciar no mapa o seu hotel,

restaurante ou loja, e ligar com a sua página de reservas ou online store;

Impulsionar o comércio local, por meio da experiencia mobile;

Relativamente à comunicação social, tornar-se-á bastante interessante seguir no youbeQ o local onde as diferentes reportagens estão a ser realizadas. Bastará para isso fazer-se um “place” no youbeQ. Nesta entrada poderá constar um link para a reportagem em si, bem como no site de noticias poderá estar um link para o “places” no youbeQ. O youbeQ, na sua fase experimental, foi promovido directamente pela Google na sua loja de aplicações, Google Play e Chrome Web Store. Recentemente, a empresa foi convidada a estabelecer parceria com a Mozilla Firefox, de forma a promover a aplicação na sua loja de aplicações, Firefox Marketplace.

O projecto aspira também em desenvolver as aplicações youbeQ para smartphones, nomeadamente lançar uma nova aplicação o iOS e melhorar a actual versão para sistemas Android, já lançada e disponível para download no Google Play. A versão mobile visa uma melhor experiência para o utilizador, uma vez que permite que a plataforma seja transferida para a realidade sendo possível para os utilizadores aceder a informação sobre os locais que visitam, ou próximos, e interagir com outros utilizadores que estejam por perto, real ou virtualmente.

Este projecto conta já com mais de 70 mil registos, mais de 100 mil downloads na Chrome Web Store; 1.3 milhões de visitantes únicos e 3 milhões de pageviews, tendo utilizadores registados em todos os países do mundo.

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A homenagem em Das Ende ist mein Anfang recorda a todos de que existiu um homem diferente. É o retrato de Tiziano Terzani, um jornalista, viajante, escritor e homem do Mundo, antes de morrer no seu pequeno gompa tibetano em Itália. Nesses meses, toma lugar uma conversa entre o pai e o filho, Folco. São reflexões e confissões que invocam a vida de Terzani, também o seu último livro sobre como é encarada a morte e a doença por diferentes civilizações e os acontecimentos históricos que este acompanhou.Como cenário tem-se não só o da sua casa e

a paisagem da sua terra natal, mas também a filosofia de Terzani e os seus valores que não prescindem de ser conhecidos. A par da magis-tral interpretação de Bruno Ganz, talvez o filme deva a sua beleza a um saber partilhado pelo realizador e o espectador, o de que cada cena foi verdade tal e qual.Diria ser o momento mais impressionante aquele em que ambas as personagens contem-plam, do auge de uma montanha, o horizonte que repousa sobre um manto de nuvens, uma natureza plena de intangibilidade, um espelho da atitude perante a vida.

Das Ende ist mein Anfang

Das Leben der Anderen (em português As Vidas dos Outros) é um thriller político alemão. O filme passa-se em 1984 na Alemanha do Leste, antes da queda do muro do Berlim. A história segue um homem, Wiesler, que acredita e defende as convicções políticas do governo marcadamente totalitarista e os seus líderes. É agente da Stasi, polícia secreta da Alemanha do Leste, famosa pelo controlo que exerceu sobre a população, a quem dão o trabalho de seguir e investigar secretamente a vida de um drama-turgo, dizendo-lhe que é suspeito de dissidência política.Frio e com grande atenção ao detalhe começa a seguir todos os passos do dramaturgo e a sua namorada. Contudo, através de escutas e das investigações feitas ao casal, ele chega à con-clusão que não só as suspeitas são inicialmente falsas, como os motivos da investigação não

foram os referidos oficialmente. À medida que a vida do dramaturgo é destruída por membros do governo, Wiesler encontra-se cada vez mais ligado emocionalmente e começa a duvidar das convicções que teve toda a sua vida.Além de ter um argumento muito bem escri-to, está cheio de pormenores reveladores da corrupção e medo instalados, sendo um retrato muito fiel do ambiente do país na época. Mas, enquanto mostra o passado sombrio e a espe-rança no futuro de uma nação, a sua mensagem é universal. Um dos pontos fortes do filme está na actuação dos actores, onde se destaca a de Ulrich Mühe, que faz de Wiesler.As Vidas dos Outros foi o primeiro filme do realizador Florian von Donnersmarck. Foi lan-çado em 2006 e aclamado pela crítica, vencendo vários prémios em todo o mundo, incluindo um óscar por melhor filme estrangeiro.

As Vidas dos Outros

Daniel

Marques

Felipe

Trenk

24 Frames/s

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Evil Dead 2 (A Morte Chega de Madrugada) não é um filme perfeito; longe disso. Não é um filme com uma intriga genial, não é um filme que pondere sobre grandes questões humanas, não é uma análise social profunda. É o filme sobre um gajo (Ash Williams interpretado por Bruce Campbell) que vai passar umas férias românticas com a namorada (Linda interpretada por Denise Bixler) a uma cabana abandonada no meio dos bosques. Acontece que essa cabana pertencera a um professor de arqueologia, agora morto, que tinha tido em vida o Necronomicon Ex-Mortis (ou Livro dos Mortos) e havia grava-do leituras desse livro, deixando-as na cabana. Logo, como é de esperar, a Linda descobre as gravações, carrega no play e liberta um mal antigo nos bosques, iniciando um típico filme de terror dos anos 80. O filme torna-se num glo-rioso espetáculo classe B suportado por Bruce Campbell, numa interpretação que consegue abraçar todas as partes ridículas do guião, todas as falas que parecem tiradas de um qualquer filme genérico de ação dos anos 80 com Stallo-

ne, ou Van Damme ou algo do género; e tornar este filme modesto numa comédia negra muita boa, e ainda assim fazer passar os momentos de verdadeiro terror.A filmagem de algumas cenas permite passar a paranoia e o pânico sentido pela personagem principal, especialmente em cenas mais tensas e simultaneamente cómicas, como a mão do Ash a tentar matá-lo após ter sido cortada. O uso de efeitos práticos na maioria do filme para as cenas de morte, de animação stop-motion, a ma-quilhagem usada nas criaturas demoníacas; tudo isso são pontos a favor deste filme, porque, dão um certo charme inerente aos filmes de classe B da época.Evil Dead 2 não é o melhor filme do mundo. Não tenta ser. Tenta só entreter o público du-rante uma hora e meia. E consegue isso muito bem. É perfeito para reunir amigos, escolher o vosso veneno, e sentar em frente do ecrã a ver. Acreditem, não é mau. O tipo a meio decide que a melhor prótese para substituir uma mão é uma moto-serra!

Proveniente da recente onda de dramas de ação sul-coreanos aparece-nos I Saw the Devil, um intenso thriller de acção realizado por Jee-woo Kin retratando a busca de um agente especial por vingança ao serial-killer que lhe matou a mulher. O conceito parece batido no principio mas essa impressão rapidamente se desvanece à medida que o filme progride, revelando-se uma bem sucedida mistura de drama e violên-cia que nos mostra a desumanização de um homem honesto em busca de vingança.Torna-se dificil encontrar maus pontos neste

filme, os actores desempenham os seus papéis exemplarmente, a banda sonora salienta suces-sivamente cada cena do filme e o trabalho de luz cria uma pressão que nunca afoga verda-deiramente ao longo de mais de duas horas de filme.Pessoas mais sensíveis serão afastadas pelas incríveis doses de violência, mas por detrás disso tudo esconde-se a verdadeira mensagem do filme, mensagem essa que torna I Saw the Devil no thriller extremamente cativante que é.

Eu Vi o Diabo

Evil Dead II

Bernardo

Fabrica

Manuel

Garrido

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78 Rotações Por Minuto

The CribsIn The Belly of The Brazen Bull

The Cribs, os três irmãos Jarman que formam um dos grupos ingleses mais acarinhados do Indie Rock atual, voltaram em 2012 e em grande forma. Nos últimos anos foram acompanhados pelo lendário guitarrista Johnny Marr (The Smiths), com o qual gravaram um álbum, mas que se separou dos manos em 2011 (e curiosamente lança o seu primeiro álbum a solo em Fevereiro de 2013).Ao quinto álbum de originais, In The Belly of The Brazen Bull, gravado nos Estados Unidos, há um notório regresso à fórmula inicial, como que procurando a sua identidade original. Marcadamente ao ataque desde o início, o novo set de músicas emula um grito de presença, “Continuamos aqui, mais fortes que nunca”. Energia, rock direto (Chi-Town) e melodias que pedem uma emoção extra (Pure O). Refrões de gritar bem alto ao som da guitarra subvalorizada de Ryan (Come On, Be A No-One) e um apelo a descer o volume para disfrutar de uma serenidade inviolável (I Should Have Helped). E uma sequência de quatro músicas no final (Stalagmites, Like a Gift Giver, Butterflies e Arena Rock Encore With Full Cast), que como numa relação simbiótica, sobrevivem graças umas às outras, arrancando a toda a velocidade, dissolvida progressivamente numa harmonia de romance psicadélico. Estes são os argumentos que afirmam este álbum como uma mescla do melhor que os Jarmans já deram aos ouvidos do mundo, com pormenores que os três irmãos ainda não tinham revelado, criando novas e agradáveis sonoridades para disfrutar em cerca de 45 minutos.Não deixando o crédito por mãos alheias, os The Cribs relembram aos mais distraídos o porquê do culto que segue estes irreverentes britânicos. O único pormenor a apontar é não existir uma música que se destaque claramente. Mas nem esse detalhe esmorece o brilho desta nova aventura.

Biffy ClyroOpposites

Por Gonçalo Louzada

A evolução e reconhecimento dos Biffy Clyro como um dos “monstros” do rock alternativo tem sido sustentada. Formados no início do século, lançaram os primeiros ál-buns num registo mais post-hardcore e fizeram uma tran-sição para os holofotes com os bem-sucedidos Puzzle (2007) e Only Revolutions (2009). Lançado no final de Ja-neiro, Opposites é o novo registo dos escoceses de Kilmar-nock e é surpreendentemente servido numa dose dupla. A primeira secção do álbum tem como nome The Sand at the Core of Our Bones. As músicas desta primeira parte es-tão carregadas negativamente em termos líricos e instru-mentais, um pouco ao estilo de Puzzle (2007). Different People e Black Chandelier são highlights imediatos, instru-mentalmente fortes e com refrões potentes, e que abrem es-paço para outros momentos de qualidade, como a delicada Opposite, a festivaleira The Joke’s on Us e a épica Biblical. A segunda parte chama-se The Land at the End of Our Toes e apresenta segmentos musicais mais energéticos e oti-mistas, ao contrário de The Sand... . Stingin’ Belle é mais um hino para os festivais, com um outro bem complemen-tado com uma original gaita de foles. Modern Magic For-mula é possivelmente dos melhores momentos deste duplo álbum, com o seu ritmo frenético. Victory Over the Sun e Pocket surpreendem pela positiva ao voltar ao cheesy pop/rock dos anos 90, e Trumpet or Tap esconde uma estranha sensualidade com os seus acordes simples e voz arrastada.Também é importante referir que Opposites não tem só grandes momentos. Com 20 canções incluídas nesta dupla edição, muitas passam perfeitamente ao lado, seja por excessos de experimentação (The Fog), por procurarem a megalomania e falharem redondamente (Sounds Like Baloons), ou por serem melodicamente banais (Spanish Radio, A Girl and His Cat). Apesar da falta de consistência individual ao longo dos dois álbuns, Opposites não deixa de ser mais um bom trabalho dos Biffy Clyro. Só não era necessário tanto arroz no prato.3,5 em 5.

Por João Borba

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Foals - Holy Fire

Foals. Para alguns, uma das bandas mais inspiradoras deste século que vivemos. Cada vez menos são aqueles que nunca ouviram falar do quin-teto de Oxford, cujos tempos em que davam festas caseiras ao som de rock matemático já parecem longínquos. A 11 de Fevereiro de 2013, Holy Fire, o muito aguardado terceiro álbum de originais chega às lo-jas, e finalmente os fans de música podem julgar pelos próprios ouvi-dos se a inspiração ainda abunda pelas almas destes jovens músicos.Prelude abre oficialmente a Primavera dos sons, com subtis toques de guitarra até um Abril mais chuvoso acompanhado do baixo progressivamente mais pesado, discretamente deixando o pal-co para Inhaler, primeiro single e porta-estandarte deste álbum.Com a sua melodia de inspiração Oriental e a sempre carismática voz de Yannis, define identidade nas suas transições em que momentos hipnóticos dão rapidamente lugar a riffs pesados de guitarra e baixo. E como se não bastasse, do nada surge My Number com o seu baixo pulsante, guitarras agudas e letras a relembrar uns Talking Heads com roupas modernas. E que início de álbum! Num momento mais íntimo, Bad Habit assume-se com uma das músicas mais emocionais do grupo, seguida pelo ritmo atribulado de Everytime. À sexta música, os cinco de Oxford pegam em tudo o que aprenderam até hoje e criam mais uma obra-prima: Late Night nasce numa atmosfera inerte, progressivamente abalada pela bateria de Jack Bevan e pelo baixo de Walter Gervers, num crescendo que inevitavelmente explode na mente de quem ouve. Génios, que se lhes pode fazer?! Out Of The Woods e Milk & Black Spiders são Foals dos pés à cabeça, complementando-se nas suas guitarras matemáticas como se de uma música só se tratasse. Na reta final do álbum, Providence dá o último grande abanão a este fogo sagrado, antes de este mergulhar na melancolia deliciosa de Stepson e repousar no fundo do Mar da Tranquilidade em Moon. E muito provavel-mente volta-se ao início, porque muitos são os detalhes que inevitavelmente escapam de cada vez que se ouve este trabalho.Ao fim de três álbuns, uma mão cheia de singles e concertos pelo Mundo fora, os Foals continuam o seu camin-ho pelo mundo da música, pescando inspiração em vários mares. Com Holy Fire, mostram mais uma vez porque se ar-riscam a tornar uma das bandas mais profundas da música contemporânea. Será que param por Portugal este ano?

Por Gonçalo Louzada

Placebo

Estando o lançamento do seu sétimo álbum previsto já para Março deste ano, pareceu-me nada mais do que apropriado escrever sobre a banda que conta com Brian Molko (voz, guitarra) e Stefan Osdal (baixo), membros fundadores, e com Steve Forrest (bateria), que se lhes juntou em 2008, tomando o lugar que havia sido de Steve Hewitt e originalmente de Robert Schultzberg. De Glam Rock a Rock Alternativo e Industrial, Electrónico e Progressivo, Placebo têm sido categorizados, não só pela sua música, mas pela aparência andrógina e discussão honesta de sexualidade e uso de drogas, muitas vezes apontada como con-troversa. Eu descrevê-los-ia como mestres da sua arte, actualmente uma combinação brilhante da cumplicidade e experiência de Molko e Olsdal com os traços de meninice que ainda transbordam de Forrest. Nas palavras do vocalista, de Meds (2006) para Battle for the Sun (2009), quinto e sexto álbuns de estúdio respectivamente, houve uma leve transição das sombras para a luz. Esta transição reflecte-se, não só no título do último álbum, mas em músicas como o single que lhe deu nome e Breathe Underwater, que se fazem notar pelo tom mais esperançoso e quase desesperado por vida, ao invés do conformado à dissecação de tormentos, obsessões e perdas. Ambos são igualmente belos, mantendo-se a escrita complexa e, no seu todo, introspectiva, à qual apenas se juntou uma nova nuance de renascimento e crença em possibilidades. De notar é a grande parte dos fãs de Placebo que se mantiveram desde o começo, fazendo das suas composições banda sonora de vidas; acredito que o esperado álbum ecoará os novos capítulos de forma igualmente merecedora, com a profundidade eléctrica que sempre marcou a banda.

Por Mariana Jaloto

Placebo, embora inicialmente sob o nome de Ashtray Heart, tiveram início como banda em 1994, o mesmo ano do meu nascimento, o que para mim, sendo eu sua amadora irrevogável, é uma coincidência demasiado bonita para ser ignorada.

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“Vamos falar de amor”Ora todos nós achamos saber o que é amor mas também quase toda a gente acha que sabe conduzir e ainda hoje de manhã fui contornado na passadeira.Ao procurar a definição de amor na wikipédia, pensei ‘mas que bando de otários’ e fui ler a versão do Fernando Alvim. Inexplicavelmente ao fim de dois parágrafos criei conta no wikipédia e não consigo deixar de sentir que fui injusto com eles. A verdade é que o amor é inefável, não só por ser um conceito complexo, mas também porque é muito mais fácil categorizar as coisas assim, ah e tal uma tarântula é inefável, ponto, ninguém quer saber a espécie, tamanho, ou quantas pernas ela tem. Alguém atirou para o ar que amor é quando gostamos de alguém. Especialistas disseram que isso era a definição de uma criança de 10 anos mas a verdade é que ninguém quer saber de pormenores e, apesar de tudo, é a melhor definição se conseguirmos dar também uma explicação plausível do verbo gostar. Fui então fazer a minha pesquisa junto da mais credível especialista, a criança de 10 anos, e enquanto trocávamos berlindes ela explicou-me o sentido do verbo ‘gostar’ expondo a Teoria Triangular do Amor de Sternberg. A Teoria Triangular do Amor diz que: havendo intimidade, então existe amizade entre os dois indivíduos (se aceitarmos que, segundo o Código das Casas de Banho Públicas, utilizar urinóis adjacentes não conta como intimidade mas sim necessidade devido ao ordenamento do território); existindo compromisso, então temos uma relação, simples e não necessariamente afectiva (exemplo disto é a relação empregado/empregador cujas relações mais afectivas se verificam, estatisticamente, nos

lugares cimeiros da hierarquia, como a secretária pessoal); e agora sim, entra o ‘gostar’ que neste caso é a atracção ou paixão. Segundo esta teoria, o Amor com A grande (nas palavras do miúdo) existe quando se verificam os três: intimidade, compromisso e atracção. Intimidade+atracção é o equivalente para o homem casado de ‘trair a mulher’. Atracção +compromisso é aquilo a que este entendido de 10 anos vai chamar de ‘apenas curtir’ daqui a meia dúzia de anos. Por fim, intimidade+compromisso tem uma nomenclatura que não entendo e que acredito que Sternberg a tenha inventado só para a sua teoria fazer sentido e ficar toda bonitinha. Uma pausa para referir que acho que acabei de entrar para a história ao redigir a segunda obra onde as palavras ‘urinóis’ e ‘amor’ aparecem simultaneamente. A primeira, creio, foi o Dicionário da Língua Portuguesa, de resto a maior aproximação que podemos encontrar será talvez ‘Mário Love Rita’ escrito numa porta de uma casa de banho. O que também é bonito. A ciência também gosta de dar os seus bitaites sobre o amor mas sempre utilizando uma série de termos geralmente terminados em ‘-ina’ e ‘-mona’. Por um lado, parece fazer sentido expor o amor de uma forma cientifica e/ou burocrática mas e quando este acaba? Cientificamente pode dizer-se que a equação f(t), nível de feromonas em função do tempo, tem um intervalo de continuidade? Ou burocraticamente diz-se que o prazo expirou? Provavelmente seria melhor deixar de tentar categorizar tudo e adoptar a interpretação tosca e confusa de uma criança. Os adultos dizem que elas são ingénuas e não sabem nada da vida mas ainda assim são elas que têm

desconto nos cinemas e jogos de futebol. E agora, quem é que se ficou a rir nesta disputada troca de insultos? Penso que seria suficiente dizer que existe amor quando há a necessidade de estar com outra pessoa, de confiar em alguém e saber que se tem um ‘porto seguro’ nessa pessoa. Não se chama amor quando mandas uma SMS a dizer ‘amu te **’. Estás sim a dizer, ‘n tenhu tomatex max keru k goxtex de mim’. Não é amor quando existe apenas atracção física, caso contrário seria impossível apreciar alguém, educadamente ou não (aka Humor Trolha). O único conceito sobre atracção física onde aparece a palavra amor é comummente conhecido por ‘amor à primeira vista’ que é, no fundo outro termo para ... bem, atracção física. É amor deixar de fazer o que gostas por causa de uma pessoa (e também falta de carácter) mas não é amor quando és essa outra pessoa. Podes dizer que é amor quando te preocupas e fazes tudo por alguém mas deixas de ter razão quando percebes que estás a ser usado e continuas a dizer que é amor (uma vez mais verifica-se um paralelismo com a relação empregado/empregador, uma das poucas situações onde é aceite dizer que se é fiel ao patrão que não te promove pelo teu trabalho, porque não queres acabar a limpar ruas. A única excepção neste caso é quando limpar ruas já é o teu trabalho). Finalmente, contrariamente à teoria neurobiológica do amor, não é amor quando de algum modo magoamos a pessoa em questão (embora alguns casais gostem de meter chicotes, sticks, cadeiras e bastante cabedal algures lá no meio da relação, mas não era disso que estávamos a falar.. Há até um filme em que a mulher vem com o candelabro na mão e ... ah, deixa estar).”

Ah! Ah!Ah!Ah!Ah!

Ah!Ah!Ah!Ah!

Ah! Ah!Ah!

Ah!Ah!Ah!

Ah!

Idiossincrasias_João Pedro Ferreira

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O League of Legends, também conhecido por LoL, é um videojogo multiplayer inspirado no mapa Defense of the Ancients do Warcraft III e foi lançado em Outubro de 2009. Actualmente conta com 110 champions diferentes mas quem sabe quantos mais poderão sair! Os jogadores (summoners) distribuem-se por 2 equipas e ganha aquela que conseguir destruir o nexus da equipa adversária. Para isso, cada equipa tem que conseguir desembaraçar-se das diversas torres dispostas ao longo das chamadas lanes. À medida que o jogo avança, cada jogador vai ganhando experiência, e consequentemente níveis, ao matar jogadores adversários, minions ou monstros da jungle. Existe ainda um modo de jogo chamado Dominion, com uma mecânica e mapa diferentes, e com mais acção e táctica. Cada

jogo realizado oferece IP (Influence Points) que possibilita desbloquear, entre outras coisas, champions que antes não estavam disponíveis. Existe também o RP (Riot Points) que é obtido carregando o jogo com dinheiro real, permitindo desbloquear skins dos diversos champions, entre outros. Este jogo é muito viciante, principalmente para aqueles que têm amigos que não falam de outra coisa. Permite desenvolver estratégias, permite o convívio, falas bastante inglês, e, acima de tudo, permite tornares-te o summoner mais forte da tua aldeia, aquele que é temido mal entra em jogo, com toda a sua skill e jogadas espectaculares. Embora todas as potencialidades, o jogo sofreu algum criticismo quanto ao uso abusivo do chat, a forma intencional despreocupada de jogar de

alguns summoners, ficar AFK (Away From Keyboard), entre outras. Foi então criada uma moderação, através de reports dados no fim dos jogos pelos jogadores, que posteriormente é avaliada pelo chamado Tribunal. Existem também as honors que funcionam como um reconhecimento dos bons jogadores dos Fields of Justice. Em Julho passado, League of Legends tinha cerca de 32 milhões de jogadores registados, dos quais, em média, 12 milhões jogavam dia sim dia sim. A cada momento era registado um máximo de 3 milhões de jogadores online, fazendo com que este jogo seja o mais jogado a nível mundial. Pelo Metacritic, este jogo está avaliado como 78 em 100. E tu? O que achas? Se ainda não começaste, do que estás à espera?

League of Legends

_Filipe Costa

Mais um ano passado, e como nos habituaram, mais um Call of Duty disponível nas prateleiras das lojas. Mais uma vez coube à Treyarch entregar um novo episódio da série Black Ops. Como já se tornou habitual os fanboys deliram com a sequela e os haters criticam em massa, mas a verdade é que Black Ops 2 apresenta-se como um jogo de grande qualidade. Call of duty apresenta três pontos de interesse, que sobres-saem de todos os outros, o modo campanha, o modo zombies e claro, o modo online, que nos vale horas, quase infinitas, de longevidade do jogo. Ao contrário do que muitos jogadores fazem, não se deve passar imediatamente para as hostilidades do Multijogador, devendo-se aproveitar as potencialidades do jogo ao máximo. O modo campanha funciona, obviamente, como uma sequela do primeiro jogo da serie Black Ops, embora salte constantemente entre eras temporais. Deste modo, tão depressa se faz uma missão a cavalo em plenos anos 80, como de repente se faz uma missão em ruas inunda-das algures em 2020. O modo campanha conta o combate de duas gerações contra o terrorista latino, Raul Menendez. De forma a evitar o sentimento de repetição, em relação ao pri-meiro episódio da série, a Treyarch implementou no jogo um sistema de decisões que alteram, decisivamente, o desfecho da história. Esta inovação é bastante apetecível, uma vez que permite a repetição da campanha por mais que uma vez. Onde a campanha parece perder alguma da sua qualidade é nas missões Strike Force, onde o jogador controla um pelotão de soldados e várias máquinas de guerra movimentando as tropas no terreno e definindo as suas acções e posições. Para além disso, a forma como a campanha é segmentada pode baral-

har o jogador. Deste modo é aconselhável que tenham muita atenção às datas de cada missão para não confundirem uma linha temporal de outra. Quanto ao modo online, não existe muito a dizer que não seja já do conhecimento geral. Voltam os modos competitivos, praticamente intactos, com algumas, pequenas, alterações na forma como se pode personalizar a classe, criar Killsreaks e evoluir os níveis de Prestige. O modo online continua divertido como sempre nos habitu-ou, contudo continua impiedoso como sempre, podendo os iniciantes ter dificuldades. Visualmente, Call of Duty Black Ops 2, é um jogo que já mostra alguma idade, mesmo assim consegue estar entre os melhores da geração. Uma das versões da PS3 possui um pack de texturas que melhoram de forma significativa a qualidade gráfica do jogo. Quanto ao som, Call of Duty Black Ops 2, apresenta-se de forma imaculada, isto é, possui uma banda sonora forte nos momentos de acção e uma música de menu absolutamente magnífica criada por Trent Reznor dos Nine Inch Nails. Todos os restantes sons e vozes são bastante bons. Call of Duty Blacks Ops 2 é um grande jogo tanto em dimensão como em produção. É um trabalho ambicioso e bem feito, digno da série Call of Duty. Apesar de a campanha não ser a melhor da serie, podendo até ser confusa, introduzi-se no jogo um sistema de escolhas, el-evando a campanha para outro nível. Junto a isto temos ainda o modo de Zombies e um modo online, que continua a ser o melhor do género. Em suma, Call of Duty Black Ops 2, é um jogo, que apesar de não ser inovador, representa muito bem o género FPS, sendo a sua compra obrigatória para os fans do género e da série. A não perder!

Call of Duty - Black Ops 2

_João Faria

Jogos

Page 20: Resistance Magazine 8

Preenche as palavras cruzadas e descobre qual a nova formação da Resistance.

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1 - Projecto que visa o desenvolvimento de uma in-fraestrutura pan-europeia de supercomputação.2 - Local onde ocorrerá o Encontro Nacional de Estu-dantes de Física de 2014.3 - Apelido do norte-americano que venceu o prémio nobel da física em 2012.4 - Programa apresentado pelo Henrique Amaro na Ante-na 3.5 - Empresa que desenvolveu o Youbeq.6 - Uma das aplicações da cintilação em gases nobres é a deteção do decaimento beta duplo em…7 - Onde será construido o Internacional Linear Collider?8 - A sigla GEI refere-se ao Grupo de Electrónica e...

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The objective is to fill the grid with numbers from 1 to 9 in a way that the following conditions are met:Each row, column, and nonet contains each number exactly once.The sum of all numbers in a cage must match the small num-ber printed in its corner.No number appears more than once in a cage. (This is the standard rule for killer sudokus, and implies that no cage can include more than 9 cells.)