TRÊS FUNÇÕES BÁSICAS DA LINGUAGEM USOS DA LINGUAGEM

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TRÊS FUNÇÕES BÁSICAS DA LINGUAGEM

USOS DA LINGUAGEM

A LINGUAGEM

Ludwig Wittgenstein (1889 – 1951)

Obra: Investigações filosóficas

“A linguagem não seria um todo homogêneo, mas, sim, um aglomerado de "linguagens”

A LINGUAGEM

Para esclarecer esse ponto, Wittgenstein traça uma analogia entre a noção de linguagem e a noção de jogo. Há diversos tipos de jogos: jogos de tabuleiro, jogos de cartas, competições esportivas, etc.

A LINGUAGEM

“Às vezes empregamos a linguagem para dar ordens, às vezes para pedir desculpas, outras vezes para fazer piadas, etc” (IF §23).

Função informativa

A linguagem é usada para afirmar ou negar proposições, ou para apresentar argumentos, diz-se que está a serviço da função informativa

Função expressiva

Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,Nossos bosques têm mais vida,

Nossa vida mais amores (Gonçalves Dias).

A LINGUAGEM

Interesse em comunicar não conhecimentos, mas sentimentos e atitudes.

Nem toda linguagem expressiva é poética. Expressamos mágoas:“Que desgraça”!

Entusiasmo (Bravo, genial)Não é verdadeira nem falso.

Linguagem diretiva

Exemplo claro desse tipo de discurso são as ordens e o pedidos ( silêncio por favor)

Visam obter resultado.Em sua função imperativa não é falso

nem verdadeiro.

O DISCURSO

O discurso que serve a múltiplas funções

O DISCURSO

Conceito de DiscursoO termo discurso pode ser definido, do

ponto de vista linguístico, como um encadeamento de palavras, ou uma sequência de frases segundo determinadas regras gramaticais e numa determinada ordem de modo a indicar a outro que lhe pretendemos comunicar/significar alguma coisa.

O DISCURSO

O termo discurso pode também ser definido do ponto de vista lógico. Quando pretendemos significar algo a outro é porque temos a intenção de lhe transmitir um conjunto de informações coerentes - essa coerência é uma condição essencial para que o discurso seja entendido. São as mesmas regras gramaticais utilizadas para dar uma estrutura compreensível ao discurso que simultaneamente funcionam com regras lógicas para estruturar o pensamento.

FUNÇÃO DO DISCURSO

A maioria dos usos ordinários da linguagem é mista.

FUNÇÃO DO DISCURSO

Os discursos desempenham diversas funções, assumem várias modalidades e utilizam diferentes estilos de linguagens e estilos. Um discurso político, por exemplo, tem uma estrutura e finalidade muito diferente do discurso religioso, filosófico, científico ou publicitário. Alguns discursos orientam-se sobretudo para a demonstração, outros para a argumentação, outros ainda centram-se principalmente na persuasão.

FUNÇÃO DO DISCURSO

Demonstração: tipo de discurso que segue uma lógica formal que exclui as ambiguidades, baseado em raciocínios analíticos; os raciocínios são impessoais e fazem recurso à lógica (impositivos); o auditório é geralmente universal.

FUNÇÃO DO DISCURSO

Argumentação: são utilizados juízos de valor não isentos de ambiguidades (os chamados raciocínios dialéticos); os raciocínios são pessoais e sem necessidade de recurso à lógica (não impositivos); o auditório é geralmente particular mas visando um auditório universal e está implicado no discurso e na busca do preferível.

FUNÇÃO DO DISCURSO

Persuasão: baseia-se na arte da sugestão ou da manipulação visando a persuasão por diversos meios, incluindo os irracionais; a imagem de credibilidade do persuasor é essencial; o auditório é particular (os chamados segmentos-alvo) e tem uma atuação passiva.

DISCURSO Que tipo de discurso interessa aos lógicos?

Quais são os princípios lógicos que podemos descobrir num discurso coerente? 

DISCURSO

Ainda sobre a lógica do discurso

1. A palavra discurso possuí várias acepções na linguagem corrente. Em termos filosóficos possui um significado mais preciso, designa o conjunto de afirmações articuladas de uma forma coerente e lógica. 

2. Nem em todo o tipo de discursos se coloca a questão da lógica. Dois exemplos podem ilustrar esta questão:

Ainda sobre a lógica do discurso

2.1. Muitas das afirmações que fazemos são expressão de desejos, sentimentos, emoções ou simples devaneios da nossa imaginação: "Gostaria de ir à Austrália... " Estou apaixonado pela Crisântema". "Apesar de todas as derrotas sofridas, o Cebolinha contínua a ser o meu clube". "Fiquei louco de alegria quando vi o João". 

Ainda sobre a lógica do discurso Neste tipo de afirmações ninguém está à espera

que as mesmas sejam consideradas válidas ou inválidas, isto se consideramos que uma raciocínio é válido quando os seus argumentos (as premissas) nos fornecem uma evidência suficiente para aceitarmos a sua conclusão. Nestas afirmações não existem argumentos, mas simples manifestações de sentimentos ou emoções. Também, não se coloca a questão da sua verdade ou falsidade, quanto muito poderemos levantar dúvidas sobre a sinceridade de quem as produziu. Mas essa é outra questão.

Ainda sobre a lógica do discurso

2.2. Frequentemente formulamos também juízos sobre as coisas: "Os lisboetas afirmam que gostam de jardins. Os jardins de Lisboa estão sujos e degradados. Logo temos que concluir que os lisboetas estão a mentir quando falam de jardins."

Ainda sobre a lógica do discursoTrata-se de uma afirmação que exprime

um raciocínio, no qual com base em argumentos (razões) se retira uma dada conclusão. Estamos perante uma afirmação muito diferente da anterior. Neste caso, entre outras coisas, podemos questionar:  a)  o modo como está construído o raciocínio; b) a conclusão que é extraída a partir dos argumentos apresentados; c) a própria a verdade dos argumentos apresentados.  

Ainda sobre a lógica do discurso

3. Nos exemplos apresentados, apenas o segundo interessa aos lógicos. Trata-se um tipo de discurso onde se afirma ou nega algo, com base num conjunto de argumentos.

4. A análise da lógica de uma discurso, pode ser realizada de muitos modos, por exemplo, podemos analisar: 

Ainda sobre a lógica do discurso a) A consistência dos argumentos que são

apresentados para justificar uma dada conclusão. Nem sempre os argumentos apresentados são credíveis face às crenças que todos partilhamos.

b) A forma como racionamos, isto é, a operação mental que nos permite a partir de uma ou mais premissas (argumentos) extrairmos uma dada conclusão. Estudaremos em pormenor este assunto. 

c)A coerência do discurso, em função de um conjunto de princípios que garante formalmente a sua validade. Vejamos em pormenor este ponto.  

Ainda sobre a lógica do discurso

5. Aristóteles na antiga Grécia, foi o primeiro a enunciar os princípios a que deveria obedecer um discurso coerente. Estes princípios acabaram por ser consagrados na seguinte formulação:

Ainda sobre a lógica do discurso

5.1. Princípio da Identidade (A é A). Este princípio indica-nos o que as coisas são. Ex. "Um mamífero é um mamífero". Uma vez definido um conceito de certa maneira, essa definição deve permanecer constante ao longo do raciocínio.

Ainda sobre a lógica do discurso

5.2.Princípio da Não Contradição ("Nada pode ser A e não A"). Este princípio indica-nos que nada pode ser e não ser ao mesmo tempo sob o mesmo aspecto. Ex. Não podemos afirmar, no mesmo discurso que "Este animal é e não é um mamífero".

Ainda sobre a lógica do discurso

5.3.Princípio do Terceiro Excluído ("Tudo é A ou não A"). Este princípio afirma que, uma coisa ou é, ou não é, e não pode ser e não ser ao mesmo tempo. Ex. "Este animal ou é ou não é mamifero".

Ainda sobre a lógica do discurso

A validade do pensamento ou discurso não está dependente do seu conteúdo, da sua matéria, mas sim da forma como está organizado. Para ser formalmente válido tem que ser, antes de mais, coerente. Mas para que isso aconteça é indispensável, como veremos, que os argumentos sejam verdadeiros. Podemos ter conclusões falsas com argumentos verdadeiros, ou o contrário. Outras combinações em raciocínios inválidos são igualmente possíveis.

DISCURSO

Um argumento é válido quando:É impossível que, sendo verdadeiras suas

premissas, seja falsa sua conclusão.É impossível que, considerando as

premissas como sendo verdadeiras, a conclusão não possa ser imediatamente deduzida desta premissas.

DISCURSO

Um argumento será inválido quandoSupondo que sejam verdadeiras as premissas, a conclusão pode ser falsa.Apesar das premissas serem consideradas como verdadeiras, a conclusão não pode ser deduzida destas premissas.Sendo p = V e sendo q = V é impossível concluir que p.q é falso.

Exemplo

Se o enunciado “Está chovendo” é verdadeiro, então quem concluir que “ está chovendo e a calçada está molhada” estará argumentando validamente.

Por outro lado, se o enunciado “Está chovendo” é verdadeiro e se o enunciado “ A calçada está molhada” é verdadeiro, quem concluir que “ Está chovendo e a calçada não está molhada” estará argumentando invalidamente.

“O problema é que, quando não achamos lógica, nos

contentamos com a resposta idiota” (Gregory House).

Exercitando

COPI, p. 56-57EXRCÍCIOS DE 1 A 10

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