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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
AVM – FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA INCLUSÃO
ESCOLAR DE AUTISTAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
CINTHIA DA SILVA GUIMARÃES
ORIENTADORA:
SOLANGE MONTEIRO
RIO DE JANEIRO
2016
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
FACULDADE INTEGRADA AVM
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INTERVENÇÕES PSICOPEDAGÓGICAS NA INCLUSÃO
ESCOLAR DE AUTISTAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicopedagogia Institucional. POR: Cinthia Da Sila Guimarães.
RIO DE JANEIRO
2016
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus sempre, por me oportunizar mais um ano de estudo e conhecimento, aos meus pais que me apoiam e dão força em todos os meus objetivos, ao meu noivo Marcel que esteve presente desde a minha primeira formação e sempre me ajuda e incentiva no que for preciso e a minha amiga Gabriela, que tem interesses profissionais parecidos com os meus e me emprestou parte do material utilizado para a pesquisa.
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DEDICATÓRIA
Dedico essa pesquisa aos meus alunos autistas e aos seus pais, a quem tenho grande admiração, pelas lutas e batalhas diárias.
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RESUMO
O presente estudo visa, através de pesquisa bibliográfica, apresentar
possíveis intervenções psicopedagógicas como elementos fundamentais para a
inclusão do autista na educação infantil. Com o passar dos anos, variados estudos e
pesquisas tem sido realizados para que as famílias e profissionais, entendam sobre
o transtorno do espectro autista, de forma que possam colaborar positivamente
para o seu crescimento, até porque as escolas tem recebido com maior frequência
crianças com necessidades educacionais especiais. Para que ocorra um processo
satisfatório na educação das crianças, a instituição, família e professores devem
atuar unificados, apoiando e dando suporte ao planejamento das aulas e possíveis
modificações durante o ano letivo, sempre a favor do aluno e de maneira prazerosa.
As intervenções atuam como fator essencial para o desenvolvimento integral da
criança. Sendo assim, cabe aos psicopedagogos, o reconhecimento de estudos,
planejamento e estratégias, a fim de desenvolver um trabalho eficaz na inclusão das
crianças com autismo.
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METODOLOGIA
A pesquisa utilizada será de cunho bibliográfico. Recorri a fontes
secundárias, que se apoia na aquisição de dados a partir de estudos já existentes.
Com isso, o estudo em questão foi desenvolvido a partir de material já elaborado,
composto principalmente de livros e artigos científicos.
Os estudos mostram que as intervenções psicopedagógicas são essenciais
no desenvolvimento de crianças inclusas em escolas regulares. O psicopedagogo
atua de forma a orientar o trabalho do professor e auxiliar a criança no meio escolar
para que sua integração ocorra da melhor maneira possível. Para tal trabalho
compararam-se as pesquisas de alguns autores que contribuem com estudos em
cerca do tema. Destacam além de teoria, sua prática e vivência com crianças
autistas. A visão de cada um sobre o tema enriquece o estudo e contribuem para
novas descobertas e maneiras de agir com crianças autistas na educação infantil,
todos com aprofundamento teórico.
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SUMÁRIO
Introdução 8
Capítulo I:
Inclusão Escolar 10
Capítulo II:
Entendendo o Autismo 16
Capítulo III:
Contribuições da Psicopedagogia 28
Conclusão 38
Bibliografia 39
Índice 40
8
INTRODUÇÃO
Neste trabalho, será relatada a importância de intervenções
psicopedagógicas para promover a inclusão em escolas regulares, tendo em vista o
desenvolvimento da criança autista na educação infantil.
A inclusão, determinada por lei, deve acontecer nas escolas regulares, mas
para que ela ocorra de maneira eficaz, assegurando um ambiente seguro e de
aprendizagem para o aluno incluso, os profissionais devem estar preparados para
recebe-los.
Sendo assim, de que maneira a psicopedagogia pode influenciar na inclusão
do autista na educação infantil?
O ambiente escolar, deve ser para a criança, um local acolhedor e de
evoluções. Para que a inclusão ocorra de maneira eficiente, os profissionais
envolvidos nesse processo, devem estar preparados em sua teoria e prática, para a
execução de um bom trabalho. O papel do psicopedagogo, além de orientar os
profissionais que estarão em sala de aula com as crianças, pode e deve ser feito
direto com o aluno proporcionando aprendizado através das intervenções
planejadas com antecedência.
Baseando-se nessas observações, o objetivo central desse estudo foi
refletir sobre a importância de intervenções eficazes no processo de inclusão da
criança autista, relatar a origem da inclusão escolar, conhecer o autismo e suas
características, destacar o trabalho psicopedagógico e suas intervenções na
inclusão.
O diagnóstico da criança autista tem sido feito cada vez mais cedo e em
muitas das vezes, a escola é quem alerta a família e a orienta a procurar outros
especialistas. A inclusão de crianças autistas, tem se tornado muito frequentes na
educação infantil de escolas regulares. É de extrema importância que os
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educadores estejam preparados para lidar com o novo. O psicopedagogo, surge
como um dos profissionais, com base teórica para intervir nesse processo e tornar a
inclusão da criança proveitosa e de qualidade educacional. Devido a pesquisas
feitas em torno do assunto, existem diversas intervenções para uma boa prática em
sala de aula, pois além das limitações que eles possuem, cada aluno tem sua
melhor maneira para apreender o conhecimento.
A metodologia utilizada para o trabalho, foi a pesquisa bibliográfica, com
resumo dos livros lidos. Durante a elaboração do pesquisa, cursos e palestras
foram essenciais para a construção do projeto. De acordo com o tema proposto, o
projeto foi embasado teoricamente por autores como, Eugênio cunha, Prisicla
Amaral, Fernanda de Araújo Binatti Chiote, Thomas l. Whitman, Temple Grandin e
Richard Panek.
Essas reflexões estão organizadas em três capítulos. O primeiro, a inclusão
escolar, fala um pouco das leis e direitos dos alunos em sala de aula regular. O
segundo, o autismo e suas características, explica sobre o espectro autista e as
maneiras de lidar com o transtorno. E o terceiro, intervenção psicopedagógica na
inclusão do autista, explica métodos recentes para trabalhar em sala de aula.
10
CAPÍTULO I
INCLUSÃO ESCOLAR
Esse tema tem sido debatido com frequência na mídia, escolas e entre as
famílias, gerando informações sobre direitos de crianças com deficiências, deveres
das instituições, questionamentos sobre os locais que realmente aplicam a proposta
estabelecida e profissionais capacitados para grandioso desafio.
A inclusão escolar, garantida por lei, acontece agora em número bem maior
do que antes, na educação infantil, tendo em vista que os diagnósticos estão
acontecendo cada vez mais cedo na vida da criança. O dever da instituição regular
de ensino, além de assegurar que a criança com deficiência seja inclusa no
ambiente escolar é de que esse processo ocorra com eficácia. Conforme o artigo 27
da Lei n° 13.146 (BRASIL, 2015):
A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurado sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. (BRASIL, 2015, artigo 27)
Esses avanços vem ocorrendo há algumas décadas e com o passar dos
anos tem ganhado força e credibilidade. Nos anos 90 foram elaboradas propostas
governamentais que ganharam mais espaço no ensino regular, sendo assim o
acesso à educação seria para todos. Iniciava-se uma nova era, onde a união de
crianças típicas e atípicas ocorreria causando beneficiando. Como lembra Chiote
(2015), ao mencionar a Declaração de Jomtien e a Declaração de Salamanca, que
tinham o objetivo de equalizar as oportunidades para as pessoas com necessidades
especiais por deficiência.
Mesmo com todo esse aparato de leis e propostas governamentais, outras
medidas educacionais ainda devem ser acertadas para pôr em prática uma
educação igualitária, onde realmente todos possam ganhar experiências e se
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desenvolver. Como cita Cunha (2015), lembrando que além da instituição de ensino
possuir adequação e organização, deverá possibilitar ao seu quadro docente
condições essenciais de trabalho e constante atualização profissional, caso
contrário os resultados esperados podem não ser positivos.
Cada criança deve ser vista como um ser individual, com respeito as suas
limitações e visão de suas possibilidades de crescimento. Com o autista não é
diferente. Segundo Chiote (2015):
Incluir a criança com autismo vai além de colocá-la em uma escola regular, em uma sala regular; é preciso proporcionar a essa criança aprendizagens significativas, investindo em suas potencialidades, constituindo, assim, o sujeito como um ser que aprende, pensa, sente, participa de um grupo social e se desenvolve com ele e a partir dele, com toda sua singularidade. (CHIOTE, 2015, p.21)
Após anos de leis que garantem a inclusão no espaço escolar, o que deve
ser assegurado agora é que cada profissional que compõe o quadro de funcionário
das escolas saiba o mínimo possível, de acordo com sua função e papel na vida
dessas crianças, para proporcionar um ambiente saudável, prazeroso e de grandes
possibilidades de evolução. Segundo Fonseca (2014), dentre os obstáculos que
cercam a concretização da inclusão, tem destaque a prática do curso de formação
de professores e agentes de apoio escolar. Para resolver essas questões na
educação, teria que se modificar a base do ensino, havendo progressos
significativos na formação desses profissionais.
Ainda se tem muita estrada para caminhar, para que ocorra um atendimento
educacional eficiente, porém os primeiros passos foram dados e quanto mais
cobranças houverem a respeito dos direitos e tratamentos igualitários mais pode-se
conseguir em benefício das crianças com deficiência.
1.1 Escola e seu papel fundamental
O que se espera das instituições de ensino, pensando na inclusão, é que se
construa um lugar acolhedor, sem exigências ou critérios para ser aceito, que a
permanência seja garantida, com oportunidade de crescimento.
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O espaço escolar, possibilita ao autista uma tentativa de quebrar barreiras
sociais, permite o encontro com outras crianças que estão fora do seu convívio
familiar e que podem trazer avanços para seu desenvolvimento. A inserção do
autista ao meio escolar pode ser promissora, contanto que a tentativa de
socialização seja feita com calma e respeitando o limite de cada um, ou seja, feita
de maneira adequada.
De acordo com Chiote (2015):
No desenvolvimento da criança com autismo, sabemos que existem múltiplos profissionais que realizam um bom trabalho com essa criança. Cada profissional, como o fonoaudiólogo, terapeuta, psicólogo, professor, médico e outros, tem o seu espaço de atuação, contudo é preciso tentar estabelecer um diálogo entre os profissionais sem que um conhecimento se sobreponha sobre o outro. (CHIOTE, 2015, p.20)
Para se obter cada vez mais progressos no desenvolvimento da criança
autista, espera-se que outros profissionais, de área clínica, também se envolvam
nesse processo. O que é necessário de fato, é que ocorra uma comunicação entre
eles para que a linguagem utilizada com o aluno seja feita de maneira uniforme,
através desse diálogo há uma maior garantia de um bom trabalho.
Para lidar com outros profissionais e entender as limitações e possibilidades
de cada criança que recebe, as escolas devem promover aos profissionais,
capacitações frequentes afim de promover a segurança no trabalho desse
profissional.
Outra questão imprescindível para que ocorra a verdadeira inclusão é a
adaptação curricular. O aluno demonstrará se está apto ou não a seguir o modelo
determinado pela instituição e a mesma deverá estar aberta a quantas modificações
forem necessárias para o aprendizado da criança inclusa. Com afirma Amaral
(2015): “Não é o aluno quem deve se adaptar ao currículo e, sim, este que deve se
adaptar àquele” (p.107), ou seja, ele será feito individualmente e acordo com a
necessidade de cada um, mas infelizmente o contrário ainda acontece.
Em outro trecho, Amaral (2015) diz, que enquanto o conteúdo programático
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está sendo pauta da aula, o aluno de inclusão, muitas vezes, é deixado em tarefas
sem fins pedagógicos. A adaptação curricular não é uma escolha da instituição e
sim um direito do aluno assegurado pelo ministério público. Conforme o artigo 28.
“III” da Lei n° 13.146 (BRASIL, 2015):
Projeto pedagógico que institucionalize o atendimento educacional especializado, assim como os demais serviços e adaptações razoáveis, para atender às características dos estudantes com deficiência e garantir o seu pleno acesso ao currículo em condições de igualdade, promovendo a conquista e o exercício de sua autonomia (BRASIL, 2015, artigo 28. “III”)
Um aspecto se liga a outro quando a exigência é de profissionais qualificados
e um bom currículo adaptado, pois por mais que a instituição forneça o currículo
formalizado quem adaptará o que for preciso é o profissional que trabalhar com a
inclusão, já que ele é feito de acordo com o que aquela criança em especial
consegue alcançar. Pensando desta forma, esse documento pode sim ser
modificado de acordo com observações de progressos ou regressão do aluno,
porém deve ser estudado e não feito de qualquer forma. Para ter essa capacidade o
profissional deve ter conhecimento e unir sua teoria a sua prática. Como afirma
Cunha (2014), ao dizer que o currículo deve ir do formalismo ao lúdico, da disciplina
à criatividade, que ele é vivente e não inerte e não devemos tê-lo como resultado de
ações improvisadas.
1.2 Como receber as famílias?
Quando um casal resolver ter filhos, projeta nele tudo o que desejaria ser e
não conseguiu e junto a esses desejos, planejam um futuro profissional, social e
amoroso brilhantes, querem saúde e o melhor que uma pessoa poderia desejar
para um ser que ama bem antes dele nascer. Essas expectativas crescem a cada
mês da gravidez. Logo após o nascimento fazem o possível para que tenha um bom
desenvolvimento. Esse sentimento ocorre na maioria das famílias.
Segundo Whitman (2015), quando os pais descobrem o autismo, é comum
uma variedade de sentimentos entre eles a negação, raiva, culpa, luto e por último a
aceitação. O que resta aos demais envolvidos, é ajudar e mostrar caminhos para
juntos enfrentarem o desafio.
14
Cada criança recebida na escola é única, assim como cada família é
diferente, na sua maneira de agir, pensar e educar. Quando uma criança nova
chega no espaço escolar, recebe-se não só ela, mas toda a sua origem e isso não
se diferencia com as famílias de uma criança especial.
O que se espera da escola é respeito, carinho e desenvolvimento. E, por
vezes, um certo rigor na educação e limites, pois a maioria dos pais de autistas
optam por não acompanhar esse ritmo e “facilitar” algumas atitudes para manter a
proximidade com a criança e acabam por presenciar outro comportamento em casa.
Assim afirma Cunha (2015):
Ainda que no lar toda situação deva ser pedagógica, de quando em vez, os pais se sentem inseguros para corrigir o filho, buscam meios de atraí-lo para um mundo familiar menos rigoroso, deixando para a escola, entretanto, uma intervenção comportamental mais exigente. (CUNHA, 2015, p.88)
Por mais que ainda existam famílias desinteressadas em procurar apoio de
outras vias, com na área clínica, é dever da escola fazer sua parte e mostrar que
todos são capazes. Em outros casos, tratamentos fora do ambiente escolar se
tornam inviáveis por conta do custo financeiro e a única esperança de crescimento
da criança autista é a escola.
Com a chegada de uma criança deficiente, chegam também despesas extras
para seus pais, que não foram planejadas e podem não ser possíveis encaixar no
orçamento. Tratamentos clínicos ainda são caros e por mais que a instituição de
ensino cobre ao responsável um parecer diagnostico e terapias, tem que se
compreender impossibilidade familiar. Sabendo disso Whitman (2015) diz “Pode ser
preciso fazer sacrifícios consideráveis sobre necessidades de habitação, educação,
transporte e recreação, além dos tipos de serviços pelos quais podem pagar para a
criança autista” (p.237)
Trabalhar com o suporte da família, apoio em tratamento clinico e tendo a
certeza de o que foi feito na escola será reforçado em casa, traz resultados mais
eficazes.
Existem pais que após a aceitação começam um estudo sobre o que é o
autismo, procurando ajudar o filho a entender suas limitações e ajudá-los a superar,
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por mais esse motivo é que os profissionais devem se atualizar sobre o assunto e
não esperar receber um aluno com diagnóstico para iniciar uma busca sobre o
tema. Como afirma Whitman (2015):
Não é incomum vermos pais que parecem saber tanto ou mais que os profissionais a quem se dirigem para pedir assistência. Para esses pais, os profissionais exercem um papel menos de especialistas do que de alguém que eles usam para testar e buscar validação para suas ideias sobre o autismo e seu tratamento. Eles começam com estudantes e acabam com professores, mas como todos os bons professores, eles continuam estudando e aprendendo. (WHITMAN, 2015, P.235)
O autismo tem crescido em demasia e é comum ver cursos e palestras
variados, que mostram possibilidades de entender sobre a síndrome. Além dos
cursos presencias e pagos é possível encontrar gratuitos pela internet, por isso nem
a falta de tempo ou questões financeiras podem influenciar na busca pelo
conhecimento.
Antes de qualquer busca por melhoras no desenvolvimento, entendimento e
mudanças individuais a serem feitas no currículo escolar, deve-se ter a
sensibilidade no tratamento com esses pais, que de acordo com Whitman (2015),
começam vendo o lado negativo da criança e valorizando esse lado. O profissional
tem que apontar sempre suas capacidades, a fim de estimular a família, a criança e
o próprio trabalho mostrando que todos são capazes do progresso. Completando
esse pensamento Fonseca (2014) diz que:
A busca de uma escola inclusiva que atenda alunos com TEA nos leva a pensar sobre as modalidades de atendimento e a demanda de alunos presentes na escola, objetivando uma educação de qualidade onde o professor valorize o potencial dos educandos e não suas limitações. Nesse contexto, a escola deve possibilitar o acesso e a permanência desses alunos dentro da rede regular de ensino com serviços de apoio especializados e, dentre eles, destacamos o mediador escolar ou o agente educacional especializado. (FONSECA, 2014, p.13)
16
CAPÍTULO II
Entendendo o Autismo
O autismo é um transtorno que foi descoberto nos anos 40 por Leo kranner,
psiquiatra infantil, que observou em suas pesquisas diversas características
envolvendo a linguagem, comunicação, rotina, interesses restritos e obsessivos.
Embora Kranner seja reconhecido por identificar as descrições do autismo infantil,
recebeu críticas em relação a origem do transtorno. Ele relacionou a presença do
transtorno, ao possível relacionamento frio da mãe com o bebê e identificou ser
difícil o tratamento da criança por falta de cooperação dos pais, chegando a deduzir
que seria melhor para o desenvolvimento das crianças que fossem para lares
adotivos. Como afirma Whitman (2015).
Logo depois Hans Asperger, pediatra, descreveu algo semelhante, hoje
chamado de Síndrome de Asperger, mas dentre suas características não ocorria o
atraso de linguagem e nem cognitivo, porém a linguagem era classificada por ele
como incomum.
Existem hoje, algumas variantes e categorias do autismo com características
mais brandas ou mais severas que compõe o transtorno invasivo do
desenvolvimento, conforme são apresentados mais estudos e pesquisas, a
nomenclatura vem sido mudadas e a tendência é continuar nesse padrão.
Não existe a cura para o autismo, uma vez que as causas ainda são
desconhecidas. Alguns apontam para a genética, suspeitam de fatores ambientais
como contribuintes indiretos, mas sem total certeza. Seu diagnóstico é clinico e
comportamental, com observações no desenvolvimento atípico e tendo como base
os manuais de diagnósticos, como Manual de Diagnóstico e Estatístico das
Perturbações Mentais e a Classificação Internacional de Doenças.
Com o progresso da ciência, os diagnósticos estão acontecendo mais cedo e
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as intervenções podem ser realizadas com maior antecedência, possibilitando
maiores chances de crescimento para as crianças com autismo. Teixeira (2013) diz:
“Até tempos atrás, o autismo era um problema comportamental identificado por
volta dos 3 anos de idade, mas, com o avanço dos conhecimentos dessa patologia,
é possível identificá-lo nos primeiros meses de vida da criança” (p.173)
É possível identificar em algumas características já no primeiro ano de vida
de um bebê que o classifica como um provável autista. Amaral (2015) pontuou
algumas observações: não fixa e nem troca olhares nem com a mãe; indiferente ao
cheiro e voz da mãe; as vezes não demonstra reação nem quando está sujo ou com
fome; pouca expressão facial; não babulcia; não reage quando chamado pelo
nome; não acena e nem aponta.
Ocorre também de a criança iniciar suas etapas de desenvolvimento
normalmente e por volta de dois anos de idade regredir, ou seja, o processo se
interrompe e muitos avanços sociais e de comunicação se perdem.
2.1 Características do Autismo
Esse trabalho de pesquisa se preocupou em esclarecer algumas
características pertinentes a crianças autistas, no intuito de facilitar o entendimento
sobre comportamentos que pareçam ser repentinos e que a criança possa
apresentar no dia a dia. Visando facilitar a atitude do educador e estabelecer uma
boa inclusão.
As das características que serão apresentadas se revelam com maior
intensidade em umas crianças e menor em outras, no entanto algumas podem
passar despercebidas no ambiente escolar, mas são de importante valia para o
estudo do comportamento da criança com transtorno do espectro autista. Quanto
mais se conhece o transtorno, mais fácil fica para identificar e intervir para criar
oportunidade de aprendizagem para a criança.
Teixeira (2013) afirma: “Identificar precocemente os transtornos do espectro
autista é fundamental para que se realize cedo uma intervenção, pois somente
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dessa forma é oferecida uma grande janela de oportunidades para ajudar na
reversão de muitos sintomas. ” (p.173)
As características a seguir são frequentemente associadas ao autismo,
como afirma Whitman (2015):
2.1.1 Problemas de processamento sensorial
Os sentidos servem de orientação para uma leitura do mundo e do que
ocorre em volta da pessoa que recebe o estímulo. Em locais públicos se tem
influencias de muitos sentidos, todas as informações aparecem misturadas e uma
pessoa típica faz o filtro dos elementos que recebe naturalmente.
Os problemas de ordem sensorial, atingem as crianças com transtorno do
espectro autista, afetando a maneira com a qual ela recebe essas informações e
tenta se organizar para entender o que acontece em sua volta. Não quer dizer que
ocorre da mesma forma com todos tem o transtorno, cada criança pode apresentar
resistências em uma ou mais vias sensoriais, alguns autistas possuem
hipersensibilidade e outros hipossensibilidade no sistema sensorial.
Locais cheios, sons altos, cheiros fortes, imagens muito coloridas, tecidos de
roupa, toques e abraços, texturas, alimentos, entre outros fatores, aproximam
alguns autistas e afastam outros, assim como, eles podem aparentar ter muita
resistência para dor, parecer não sentir frio. Todos esses comportamentos devem
ser observados, respeitados e trabalhados pelos profissionais.
Cunha (2015) descreveu e exemplificou muito bem nesse trecho a
capacidade sensorial de crianças com autismo:
Existem uma hipersensibilidade aos estímulos do ambiente exterior e uma pungente busca por sensações. O tato a audição e a visão são campos perceptivos extremamente sensíveis. Às vezes, os autistas, não suportam barulho assustando-se. Outras vezes, atraem-se por algum ruído. Há um ativo interesse em tocar os objetos insólitos ou levá-los à pele. No campo visual, orienta-se, preferencialmente, para os aspectos locais da informação. Ficam, por vezes, presos à observação de um pequeno detalhe no ambiente,
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imperceptível para nós, não atentando para todo o resto. (CUNHA, 2015, p.36)
Os problemas sensoriais acompanham o autista por toda sua vida e os
afastam das pessoas e dos lugares, impedindo o convívio até com familiares e
causando comportamentos indesejáveis. Tem muitos tratamentos voltados para a
melhora nas vias sensoriais para possibilitar uma melhora na qualidade de vida da
pessoa autista e quanto antes esses problemas forem investigados e trabalhados,
melhores serão os resultados.
2.1.2 Disfunções Motoras
Crianças com autismo apresentam problemas motores desde o início da
etapa de desenvolvimento, na maioria das vezes a coordenação motora fina
aparece com maior deficiência do que a motora ampla, mas essa também tem seu
destaque.
Essa falta de controle nas duas áreas, deixa a desejar em momentos de
tarefas diárias, como se vestir, arramar o cadarço, segurar talheres corretamente
para se alimentar, dificuldade em sugar e engolir ou então em momentos que
possibilitem socialização, como um jogo ou prática de esporte, entre outras funções
utilizadas no dia a dia. No entanto, algumas crianças com autismo exibem o
desenvolvimento motor normal e até mesmo, ocasionalmente competência
especiais na motricidade ampla.
Segundo Whitman (2015), os problemas que competem a área motora vão
muito mais além no prejuízo do desenvolvimento do autista e podem causar a
dispraxia, que afeta além dos movimentos amplos, a capacidade de compreensão e
aprendizagem, a fala, a orientação espacial e força muscular.
As atividades de psicomotricidade entram para auxiliar esses e outros
problemas derivados do autismo, podendo ser executado na escola e em espaços
clínicos, de acordo com a necessidade da criança. Interferem entre outras coisas,
na futura aprendizagem da leitura e da escrita.
2.1.3 Problemas de Estimulação
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O autista pode ser extremamente ansioso, ter dificuldades de lidar com o
novo, o inesperado e possuir dificuldade em se autorregular diante dessas
situações. É comum, na escola, quando surgem eventos diferentes, algo que fuja da
rotina em que as crianças já estão habituadas, eles tenham reações inesperadas
fiquem mais agitados, nervosos. Além desses casos, segundo Whitman (2015), o
excesso de estimulo pode causar ao autista, reações do mesmo porte e requer ao
profissional conhecer seu aluno para não causar ansiedade e reações
desagradáveis para a criança.
Para que ocorra o sucesso no aprendizado da inclusão não deve ocorrer
nem a falta de estímulo e muito menos o excesso, deve-se respeitar o tempo e ritmo
de cada um. Além disso, cada atividade a ser dada para a criança com autismo tem
que ser planejada baseando-se no que ele já consegue realizar, para que o estimulo
seja feito da maneira correta e dentro das capacidades de cada um. Se necessário
cada atividade e mudança devem ser avisadas com antecedência, através da
linguagem e imagens, evitando a ansiedade, frustrações e comportamentos
indesejáveis que podem desestruturar a criança autista.
2.1.4 Deficiências cognitivas
Vários sintomas e problemas do autismo estão ligados a suas deficiências
cognitivas. Que possuem fatores que dificultam a aprendizagem do autista. Alguns
componentes virão a seguir:
O autista tem dificuldade em manter sua atenção em tarefas básicas, o que o
faz parecer sempre desligado e seu foco quando ocorre além de ser rápido, ainda
pode ser perdido por fatores externos que desviam sua atenção.
Em relação a memória, o autista tem demostrado que se saem tão bem
quanto as pessoas que não possuem o transtorno e alguns possuem memória
ainda melhor do que os demais, porém nem todos sabem a relevância do o que está
sendo memorizado.
O pensamento do autista é concreto, muitas vezes tendo a necessidade de
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uma imagem visual especifica para associar o que se pretende. E em um diálogo
não pode haver linguagem figurada e abstrata que confundem seu entendimento.
A teoria da mente, que fala sobre a capacidade de se colocar no lugar do
outro e entender o que o outro pensa e sente, é outra dificuldade encontrada no
autismo, tendo em vista que ele também não consegue compreender seus
sentimentos e muito menos se colocar no lugar do outro, assim afirma Teixeira
(2013).
2.1.5 Problemas com a Interação Social
O autista, por muitas vezes não demonstra interesse de interação com os
demais, muitas são as deficiências que possuem que acaba o afastando dos grupos
sociais.
O comportamento julgado como inapropriado, linguagem nula ou, quando
ocorre, incomum, gostos peculiares colaboram para esse afastamento. É descrito
por Teixeira (2013), que a impressão que dá é que eles preferem seus mundos
fechados a interagirem com o outro.
O que acontece, é que manter o contato social com os pais, cuidador,
professor é mais fácil para o autista do que com a criança, pois o adulto possui mais
facilidade em entender seus desejos e respeitar suas limitações, o que não
acontece com a criança.
2.1.6 Deficiências com a Linguagem
A deficiência de linguagem é uma das características diagnósticas do
autismo e está presente em todos que possuem o transtorno. Uma grande
porcentagem das crianças nem chega a falar e outros variam seu poder de
comunicação, muitos produzem a ecolalia, que é a repetição de palavras e
expressões, mas sem significado de expressão.
Além da deficiência na fala, os autistas também possuem dificuldade para
obter entendimento no que o outro quer passar. O que na prática dificulta até ordens
simples, os que compreendem necessitam que a comunicação seja feita de
22
maneira literal, sem linguagem figurada, todas as palavras são entendidas ao “pé da
letra”. Chiote (2015) diz: “A linguagem representa e constitui a realidade para o
homem. É o mais importante sistema simbólico que possibilita a participação na
vida social. É um modo de perceber o mundo, de se relacionar com ele e se
constituir a partir dele. ” (p.33)
A falha no poder da linguagem é mais um impedimento da criança no seu
relacionamento com o outro e do outro com ele também. Existem sistemas de
linguagem através de figuras e imagens, todos devem ser trabalhados e
estimulados para que ocorra uma comunicação da criança autista.
2.1.7 Interesses, Atividades e Comportamentos Repetitivos, Restritos e Estereotipados
As estereotipias ganharam espaço nos estudos e de acordo com
observações tem-se uma variedade de explicações em relação a ela. Tem função
de auto estimulação, reduzir ansiedade e tensão, pode ser uma resposta de um alto
nível de excitação e pode aparecer também como resposta de um reforço negativo
e positivo, como afirma Whitman (2015).
As estereotipias aparecem em cada criança de uma forma e consiste de
movimentos repetitivos, como movimentos de pendulo com o corpo, mexer os
braços ou mãos rapidamente, não deixam de ser maneiras de se expressar, mas
inibem o desenvolvimento motor natural.
O autista tem tendência a repetição de comportamento que causam
segurança e as transformam em fixações, evitando o novo, muitas vezes se tornam
previsíveis em suas atitudes.
Além disso ainda manuseiam objetos e brinquedos de maneiras peculiares,
tem interesse e se prendem a detalhes que outras crianças costumam não se
interessar. Possuem interesses restritos e costumam brincar de sua maneira e
sempre com o mesmo objeto.
2.1.8 Problemas de Comportamento
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Os problemas comportamentais podem estar ligados a uma maneira de
comunicação, da criança autista querer demonstrar algo que o educador não
entende ou até mesmo a falta de compreensão da criança para o que o educador
pretende, ocorrendo uma negativa. Ele pode demonstrar irritabilidade,
desobediência, agressividade.
O interesse restrito e repetitivo também influencia nesse comportamento,
junto a resistência em mudança de rotinas e a ansiedade e aflição por medo da
mudança, do novo.
Outros fatores que perturbam os autistas como distúrbios do sono,
problemas com alimentação e comorbidades, que são outros transtornos que o
autista pode desencadear.
2.2 O Professor
Quando uma criança já chega ao espaço escolar com diagnósticos e
recomendações, fica mais fácil para os profissionais escolares entenderem suas
limitações e trabalharem para que ocorra a inclusão de fato, mas na educação
infantil não é dessa forma que acontece, geralmente a escola é quem dá o primeiro
passo quando se trata de crianças autistas.
É essencial no meio escolar, profissionais capazes de perceber e lidar com
padrões de comportamento diferentes dos habituais. Dispostos a colaborar com o
desenvolvimento da criança, estimulando da melhor maneira e se capacitando para
alcançar um ambiente favorável para que ocorra a inclusão.
A atuação dos profissionais da escola é fundamental, uma vez que muitos casos de autismo foram percebidos primeiramente em ambiente escolar. Na escola, devem-se utilizar o afeto e os estímulos peculiares do aluno para conduzi-lo ao aprendizado, porque, na educação, quem mostra o caminho é quem aprende e não quem ensina. A observação é extremamente relevante na avaliação do grau de autismo. A observação, sem dúvida, é o primeiro passo para uma educação com resultados. (Cunha, 2015, p.29)
Muitas das vezes na educação infantil, os pais desconhecem o autismo ou,
24
os que conhecem, não imaginam que seu filho possa ser autista, o professor por já
conhecer as fases de desenvolvimento e perceber, observando outras crianças da
sua turma, um padrão diferente no comportamento daquela criança em especial,
deve ficar atento aos sinais e ter a segurança de convocar a presença dos pais e
comunicar o que acontece na vida escolar de seu filho. Sem nunca mencionar
nomes de possíveis síndromes ou transtornos, pois não cabe ao profissional
escolar dar diagnósticos, mas o professor é capaz de observar e sinalizar algo de
diferente, indicando profissionais da área da saúde para que possam futuramente
trabalhar em conjunto.
Cada criança é única e absorve o conhecimento de maneira particular. Tudo
o que é passado na escola tem valor pedagógico, seja para quem aprende ou para
quem ensina. Basta acreditar no potencial de cada um e com auxílios
psicopedagógicos, criar meios para que ocorra a aprendizagem.
Segundo Cunha (2015), serão imprescindíveis a virtude da paciência e a
espera por resultados não imediatos. O grande foco deve estar no processo de
aprendizagem e não nos resultados, pois, nem sempre, eles virão de maneira
rápida como esperamos.
Cada dia de cada vez na vida de uma criança autista, cada pequeno
conhecimento deve ser ensinado e reforçado se for preciso, o professor deve
valorizar suas capacidades ao invés de apontar suas deficiências, que ele tem
inabilidades todos sabem, mas não é bom reforça-las e sim trabalhar em cima
delas, de maneira gradativa para que a autoconfiança permaneça na criança o
tornando capaz de alcançar metas cada vez maiores.
O professor quando recebe em sua turma uma inclusão, deve saber que terá
que sair do comodismo e encontrar formas de alcançar a criança, reavaliar sua
maneira de dar aula e saber que nem sempre o que planejou será da forma que
imaginou, que a resposta da criança pode ser diferente, pode em algumas vezes
superar suas expectativas, como também não despertar interesse ou possibilidade
de aprendizagem. Desistir jamais, deve-se encontrar outras formas de ensinar e
25
adaptar o conteúdo ao que aquele aluno é capaz e necessita no determinado
momento.
2.3 O Papel do Mediador
Dependendo do nível de autismo na criança e da instituição de ensino em
que a criança está inserida, é oferecido a ela um mediador escolar, que auxiliará o
professor nesse papel grandioso na vida escolar da criança. O mediador escolar é
um profissional preparado para trabalhar somente com aquela criança fazendo o
melhor possível para que ela desenvolva suas habilidades. Entretanto, o professor
não deve se esquivar do trabalho com a criança autista, pois ele não deixará de ser
seu aluno, ele é a voz na sala de aula que comandará os passos do mediador com a
criança.
De acordo com Fonseca (2014), o mediador tem em seu papel muitas
responsabilidades, dentre elas seguir a orientação do professor, planejar atividades
junto a direção, professor e demais responsáveis, utilizar outros espaços da
instituição para promover o desenvolvimento da criança, estimular a independência
da criança inclusa, elaborar estratégias e criar materiais pedagógicos norteados por
um plano de ensino.
O mediador aparece como mais uma pessoa interessada em promover o
ensino igualitário, a quem todos têm direito. É importante que a criança não se torne
dependente desse profissional e crie autonomia necessária para a sua caminhada
escolar que irá influenciar sua vida fora da escola também.
Como o trabalho com a criança a ser mediada é individual, cabe ao mediador
observar, anotar e avaliar o que a criança necessita. Todo o trabalho pedagógico
será planejado dentro do que se quer alcançar e o que é necessário que a criança
aprenda. É importante que não ocorra ansiedade por parte de quem está ensinando
e que esse profissional seja o mais sincero possível em relação ao seu trabalho e
seus avanços. A cada objetivo alcançado, poderá se planejar algo novo e que siga a
mesma linha de aprendizagem. Os desafios devem ser feitos de acordo com o que
a criança poderá conseguir.
26
Na mediação, o professor utiliza as atividades que permitirão o melhor desenvolvimento do aprendente, o que mais se afina ao seu perfil, atentando para as qualidades, as dificuldades, as carências e os desafios. A mediação terá caráter avaliativo, pois uma tarefa superada requer uma nova. Novas avaliações para novos objetivos a serem conquistados. (CUNHA, 2014, p.82)
É claro que essas conquistas não aparecem da noite para o dia, exige muito
trabalho e dedicação por parte do mediador, do professor e do psicopedagogo da
escola, todo apoio que a escola puder oferecer para que a criança progrida é valido
no seu desenvolvimento.
2.4 A Sala de Recursos
A sala de recurso consiste em um espaço da escola próprio para as crianças
de inclusão. Infelizmente, nem todas as instituições possuem esse espaço
disponível e o profissional escolar adapta um ambiente livre, no momento em que
precisa realizar alguma atividade diferenciada com seu aluno.
A proposta da sala de recurso é de que seja utilizada em contra turno, porém
as escolas não costumam oferecer essa oportunidade aos alunos e nem dispõe de
profissionais acessíveis para que seja feito esse trabalho.
De qualquer maneira, as instituições que possuírem tal espaço devem
aproveitar a oportunidade e utiliza-lo de forma correta, como mais uma ferramenta
necessária para contribui para o crescimento da criança autista. Cunha (2015),
mostra como deve ser uma sala de recurso para que se obtenha maior
concentração e participação da criança autista:
A sala de recursos precisa ser simples, sem muitos objetos para que não haja estímulo em demasia. Neste ambiente, o aluno recebe uma educação individualizada, específica, com ênfase na mudança de alguns comportamentos e aprendizado de outros. É importante não tentar muitas mudanças ao mesmo tempo. O aprendente precisa visualizar somente os materiais ou os brinquedos que irá trabalhar, para que haja maior concentração possível. Entretanto, em um primeiro momento, o professor deve observar quais os objetos ou atividades que o atraem mais, para usa-los nas tarefas. Detalhes, que, muitas vezes, são desconsiderados por nós, exercem grande atração. (CUNHA, 2015, p.33)
27
Na sala de recursos, todos os materiais viram pedagógicos e podem ser
utilizados não só com intenção de aprendizagem, as vezes a criança necessita
desse ambiente para se acalmar, reduzir a ansiedade e outros aspectos que
ocorrem com uma criança autista. É claro que o professor ou mediador, não pode
utilizar a sala em diversos momentos no dia, pois estará afastando o aluno de sua
turma e de suas possibilidades de interagir e aprender com o outro.
O computador pode ser uma boa ferramenta na sala de recursos, desde que
o professor saiba utilizá-lo, não tornando o aluno dependente dele, seu uso deve ser
feito com moderação. Através da tecnologia, a criança autista pode demonstrar
habilidades até então desconhecidas.
A psicopedagogia trouxe contribuições para a educação das crianças
autistas no meio escolar, para ajudar as crianças e auxiliar os profissionais que
trabalham diretamente com elas tanto em sala de aula quanto na sala de recursos.
28
CAPÍTULO III
Contribuições da Psicopedagogia Escolar
A Psicopedagogia é uma área da educação que estuda o complicado
processo de aprendizagem. O Psicopedagogo tem a função de localizar as
dificuldades de aprendizagem, encontrar maneiras de solucioná-las e transformar
essas dificuldades em possibilidades de aprendizagem.
A aprendizagem ocorre quando o profissional consegue transformar o
pensamento de seu aluno. Ele localiza a dificuldade, a transforma em possibilidade
e o ajuda a superar obstáculos.
O psicopedagogo deve ter o olhar atento sobre essa criança e considerar
vários aspectos de sua vida, seja social, emocional, cognitivo e psicomotor como
motivos para investigação da origem de suas dificuldades. Criar empatia para
possibilitar aberturas de relacionamento com o educando.
A psicopedagogia não visa estabelecer conceitos teóricos, mas possibilita novas formas de ver a educação, onde se observa mais os movimentos do aluno diante da tarefa do que a tarefa em si. Não é a simples aplicação da psicologia à pedagogia, mas uma nova área de estudos que não se detém unicamente nas dificuldades de aprendizagem, mas propõem sobre ela alternativas. (CUNHA, 2015, p.104)
O psicopedagogo escolar auxilia o professor nesse processo, dando dicas de
como trabalhar com esse aluno dentro de sala de aula, intervindo da maneira que a
escola possibilitar, em um espaço fora da sala. O seu trabalho dentro da instituição
de ensino vai depender da liberdade que tiver dentro da escola. Ele se preocupa
com a prevenção para que o processo de ensino-aprendizagem possa caminhar
corretamente. Bossa (2015), diz: “pode e deve ser pensado a partir da instituição
escolar. A escola, como responsável por grande parte do processo de
ensino-aprendizado, se tornou a grande preocupação do psicopedagogo dentro do
29
enfoque preventivo”. (p.141)
O psicopedagogo trabalha para evitar que ocorra o fracasso escolar, ele não
pode subestimar o potencial de seu aluno e sim tentar potencializar suas virtudes e
trabalhar para que aumente da sua autoestima. Esse profissional, quando
necessário pode e deve contar com o apoio de outros profissionais tanto da escola
quanto do espaço clínico, se tiver o apoio e consentimento dos pais. O foco deve ser
sempre acreditar que melhorar é possível e enxergar as possibilidades de cada um.
Tendo em vista o crescimento dos alunos, o psicopedagogo junto a outros
profissionais escolares, tem como recurso modificar o currículo escolar, adaptando
o que for melhor para que aquele aluno em especial alcance ao sucesso escolar.
Em toda intervenção, é preciso que o psicopedagogo esteja consciente das possibilidades educacionais do seu educando, mesmo diante de qualquer inadaptabilidade inicial. Para isso, é preciso que se escolham os meios eficazes que tornarão o currículo escolar coerente com as suas necessidades. (Cunha, 2015, p.107)
A psicopedagogia não é uma disciplina, ela trabalha em cima de todas as
disciplinas de forma transdisciplinar e tem seus próprios recursos para alcançar
seus objetivos com a educação igualitária, contribuindo para a inclusão social e
escolar. Tem-se muitas pesquisas na linha da psicopedagogia fundamentadas com
seus referenciais teóricos e o Código de Ética orienta esse profissional,
favorecendo sua conduta, normas e valores.
Bossa (2011) completa dizendo que a psicopedagogia nasceu da
necessidade de soluções para a dificuldade de aprendizagem, de investigar os
motivos que levam a esse processo, ou seja, a educação precisava de um
profissional capacitado para lidar, com o que à primeira vista iria resultar no
fracasso escolar.
O psicopedagogo chegou para somar, com uma visão diferente, com
soluções individualizadas e que enxergam o aluno como ser aprendente, único, que
tem sua maneira de receber o conteúdo, de fixar e utilizar na prática.
Se todos são diferentes o caminho da aprendizagem também será, não deve
30
existir só um modo de chegar ao sucesso escolar e sim ter estratégias que
possibilitem a todos de alcançar o caminho da aprendizagem.
3.1 Estratégias Escolares com Crianças Autistas
Para que o trabalho de inclusão escolar ocorra da melhor maneira possível,
os profissionais que vão trabalhar com a criança, dentro e fora da escola, e a família
devem falar a mesma linguagem com a criança e se comunicar na intenção de
compartilhar mudanças, ganhos e perdas, comportamentos e trocarem saberes
para que todos consigam avanços.
Outra dica importante é de que cada um aprende de uma forma, se interessa
por um tipo de material e tem sua maneira de concentração. Sendo assim, o que
funcionar para uma criança, pode não funcionar para outra. O psicopedagogo deve
conhecer seu aluno para trabalhar com ele de forma individual e alcançar com ele o
que ele necessita. Segundo Fonseca (2014): “É fundamental que seja identificada a
forma mais adequada de comunicação para cada aluno, de modo que se permita
que ele trabalhe na compreensão, com prazer e com a maior autonomia possível”
(p.36)
O psicopedagogo deve encontrar uma maneira de causar prazer no aluno
em aprender, despertar nele vontade em executar as tarefas, ensinar com tom de
brincadeira, brincadeiras essas com regras e supervisão, com objetivos e
conhecimentos a serem adquiridos. Falando ainda sobre o ensino individualizado
Fonseca afirma:
“É importante que o ensino seja individualizado, quando necessário, norteado por um Plano de Ensino que reconheça as necessidades educacionais do aluno e a elas responda pedagogicamente, de acordo com o Projeto Político Pedagógico da Escola (PPP) ” (FONSECA, 2015, p.37)
Com apoio da escola e professores o psicopedagogo encontra a melhor
maneira de trabalhar o que plano de ensino exige adaptando da melhor forma para
o bem-estar do aluno inclusivo.
A autonomia deve ser incentivada em todas as atitudes da rotina da criança
31
na escola, de modo que o psicopedagogo provoque situações para que a criança
autista possa conquistar essa autonomia de maneira gradativa, o profissional
mostra como se faz e aos poucos vai permitindo que a criança faça sozinha, tendo a
segurança de que ela é capaz de realizar aquela etapa, até que todo o processo
seja conquistado pela criança. Com isso ela vai criando autoestima e sua ansiedade
diminui, o processo é lento, no ritmo de cada aprendente.
Cunha elucida muito bem, a forma de tratamento com a criança autista.
Passo a passo, para que esse contato seja feito da melhor forma possível para os
dois lados.
Falar de forma serena, explícita, nomeando objetos e atividades, buscando cativar a atenção, olhando sempre nos olhos do aluno. Estimular a necessidade de conversação do autista; deixá-lo motivado a dar vida ao seu desejo. Falas objetivas são mais bem compreendidas. Nem sempre, o autista compreende as expressões subjetivas ou do tipo “não faça isso! ”. O melhor é mostrar-lhe o que fazer, dando funcionalidade às ações. É importante redirecionar sua atenção para uma atividade pedagógica, não valorizando as reações disruptivas. Toda atitude que seja prejudicial deve merecer uma investigação para a descoberta dos motivos que a desencadearam. (CUNHA, 2014, p.92)
Cunha (2014), ainda enumera alguns fatores que podem causar esses
comportamentos disruptivos, como o barulho, mudança de rotina, o excesso de
estímulo, ansiedade, conflitos e frustações. O importante é tentar evita-los e com
um tempo de contato direto com a criança o profissional passa a saber o que
provoca tais comportamentos.
A maneira de falar influencia em como a criança vai receber o que o
profissional quer naquele momento, sua expressão fisionômica, seu tom de voz e
sendo mais objetivo possível, lembrando que para ter autoridade, não precisa ser
autoritário. Tem que mostrar soluções para a criança, ao invés de frisar que o que
ela fez está errado, mostrar a ela qual é o caminho certo.
Fonseca (2014), fala da importância em relacionar o conteúdo ao cotidiano
da criança, para se realizar uma aprendizagem significativa e para que seja possível
a própria criança criar esse elo, do que está aprendendo na escola e que acontece
32
em sua vida fora daquele ambiente, com seus pais e familiares.
A organização e planejamento são essenciais para um bom trabalho, desta
forma o psicopedagogo pode antecipar para a criança autista o que será feito e
diminuir assim sua ansiedade, deve-se evitar surpresas que modifiquem totalmente
a rotina sem que a criança seja avisada antes. Amaral fala sobre a previsibilidade,
na intenção de transmitir segurança ao educando.
Procure ser previsível em suas reações. Se, para determinadas situações, você sempre reagir da mesma maneira, ele vai sentir em você o conforto e a segurança da previsibilidade e vai obedecer mais e melhor, porque a confiança dele em você aumentará. (AMARAL, 2014, p.28)
O psicopedagogo deve ser criativo em sua rotina com a criança autista, se for
preciso criar um enredo para uma simples atividade, diminuindo as possibilidades
de recusa e aumentando o grau de interesse da criança, colocar desafios possíveis
de alcançar, incentivar e elogiar cada progresso. Cada dia é um novo dia com novas
possibilidades de aprendizagem.
É necessário que esse trabalho seja ou do psicopedagogo ou orientado por
ele, para que o professor ou mediador realizem, envolvam outras crianças, pois
uma das maiores conquistam para um autista é conseguir a interação com crianças
de sua idade, de sua turma, do espaço escolar. Deve-se incentivar através de
brincadeiras, trazer as outras crianças para seu convívio.
A imitação é uma ótima estratégia para que a criança autista interaja, copiar
seus atos, suas brincadeiras, desde que esse comportamento copiado seja positivo.
Fazer com que ele te imite também, fazer outras crianças participarem desse
momento.
Estimular o apontar, ainda mais para aqueles que não possuem a linguagem,
tentar criar formas de comunicação. Amaral (2014), indica para que o profissional
utilize outras formas de comunicação, para que utilize bastante os gestos
acompanhado da linguagem e responda aos gestos da criança. Para mostrar a ela
que ali está acontecendo a comunicação, olhar para ela e elogiar o interesse de se
33
comunicar com o outro.
Pensando nos problemas sensoriais pertinentes ao autista, o psicopedagogo
deve pensar em estratégias que minimizem qualquer impacto para a criança.
Alguns são inevitáveis, mas o profissional deve se precaver para que ao menos no
ambiente onde ocorram as atividades seja o de menor distração e no dia a dia da
criança, artifícios de fuga, caso ela se desestabilize no ambiente.
Fonseca (2014), exemplifica, com detalhes, estratégias a serem utilizadas
para os processos sensoriais. Dentre eles, leves pressões corporais, texturas que
proporcionem diferentes sensações, experimentos de brinquedos que provoquem
movimentos corporais diferentes, utilizar materiais com brilho e diminuir luzes
intensas, antecipar sons indesejáveis e utilizar músicas como fonte de recurso, que
atingem respectivamente os sentidos proprioceptivos, táteis, vestibulares, visuais e
auditivos.
3.2 Intervenções para o Tratamento do Autista Infantil
Nas últimas décadas as crianças estão sendo diagnosticadas cada vez mais
cedo e isso possibilita que um tratamento seja feito cada vez mais cedo na vida da
criança, com terapias quase que diárias, mudança de padrão na vida dos pais e
apoio das escolas seguindo a mesma linha que o terapeuta.
É importante enfatizar que o autismo não tem cura, porém esse
acompanhamento favorece sua vida e causa melhoras em seu comportamento
diante do mundo.
A intensidade do tratamento vai depender do quanto a criança vai necessitar
e ela vai dando a resposta para os estímulos que recebe. As terapias favorecem as
habilidades sociais, de comunicação, de organização, de adaptação ao ambiente e
as deficiências que a criança poderá apresentar.
Muitos terapeutas também solicitam o tratamento dos pais, mas não é a
realidade de todos, então o foco continua sendo na criança e na sua evolução.
34
3.2.1 Análise Aplicada do Comportamento - ABA (Applied
Behavior Analysis)
Farrell (2008), fala da Analise Aplicada ao Comportamento como um método
que visa a redução de comportamentos indesejáveis e o ensinamento de novas
habilidades. As dificuldades relacionadas e tratadas pelo ABA visam a melhoraria
do comportamento, emocional e social. Comportamentos obsessivos são
considerados excessivos e com essa terapia, o profissional trabalha para
extingui-los ou diminui-los. Enquanto, as habilidades sociais e comunicativas, em
que o autista apresenta um déficit, são desenvolvidas em forma de habilidade.
O método ABA é praticado por psicólogos experientes e consiste no estudo e na compreensão do comportamento da criança e de sua interação com o ambiente e as pessoas com quem ela se relaciona. A partir do conhecimento e do funcionamento social global da criança, são desenvolvidos estratégias e treinamentos específicos para corrigir comportamentos problemáticos e estimular comportamentos assertivos e práticos. A utilização de reforçadores positivos e recompensas é uma estratégia amplamente utilizada para auxiliar no sucesso do método. (TEIXEIRA, 2013, p.180)
O ABA, é um programa que só deve ser aplicado por profissionais
capacitados para que seja assegurado a utilização de tal instrumentos da maneira
correta. O tratamento tem uma ótima repercussão em relação ao desenvolvimento
comportamental de autistas infantis, consiste em avaliações, definições de objetivo,
procedimentos, ensino intensivo e progressos. Sendo assim, o planejamento é
essencial para o decorrer do programa.
Estratégias como reforço positivo, premiações, ausência de premiações
como demonstração de descontentamento, exercícios repetitivos para que ocorra a
aprendizagem dos mesmos, são pertinentes ao tratamento comportamental.
Whitman (2015), explica o reforço positivo como estímulos que ocorrem após
uma resposta e que servem para aumentar a ocorrência dessas respostas. Diz
também, que de acordo com a melhora no tratamento e respostas cada vez mais
positivas, a premiação do reforço vai sendo retirada e esse reforço passa ser
natural, como elogios e afeto.
35
Espera-se que para um tratamento efetivo com a criança, os pais e
profissionais escolares tenham o preparo adequado para manter a mesma postura
com a criança autista, auxiliando na descoberta de suas habilidades sociais e de
comunicação e exterminando os comportamentos indesejáveis.
É importante frisar que essa abordagem é considerada particularmente
eficaz em crianças autistas com funcionamento superior, mas segundo Whitman
(2015), ela tem sido empregada com êxito em crianças de baixo funcionamento e
com retardo mental.
3.2.2 TEACCH (Treatment and Educacion of Autistic and related Communication Handicapped Children)
O programa TEACCH, desenvolvido para autistas na Carolina do Norte,
Estados Unidos, tem reconhecimento em muitos países e tem seu foco na
educação.
Segundo Whitman (2015), os pais que se envolvem no programa são
considerados os primeiros e mais importantes professores da criança, são
respeitados devido ao conhecimento que possuem sobre seu filho. Através do
envolvimento da família o programa é estendido a casa da criança e ao espaço
escolar.
O programa é focado na comunicação e comportamentos indesejáveis.
Através de estímulos visuais, como fotos e figuras e corporais, como gestos,
movimentos corporais e o apontar, a criança é estimulada. De acordo com a plena
desenvoltura da criança na atividade, o professor pode mudar e dificultar o
processo. O aluno é direcionado inicialmente e com o passar do tempo ele passa a
executar as tarefas sozinho.
De acordo com Farrell (2008), a sala de aula deve ser organizada e
adequada ao aluno, com objetivos comportamentais, de promover habilidades e a
independência, o cognitivo e o interesse da criança são levados em consideração
para elaborar as atividades. O visual é muito utilizado para a comunicação.
36
Os sistemas de trabalho apresentados visualmente visam a ajudar o aluno a realizar atividades específicas. O sistema de trabalho pode ser organizado da esquerda para a direita, de modo que, por exemplo, o trabalho referente a tarefas e atividades específicas esteja organizado em uma bandeja à esquerda do aluno e, depois de terminá-lo, ele possa transferi-lo para uma bandeja à direita, com os trabalhos “concluídos”. Para alunos com mais condições, os sistemas de trabalho podem ser escritos. (MICHAEL FARRELL, 2008, p.94)
Os materiais concretos do TEACHH podem ser feitos objetos de reciclagem
e de fácil acesso, encontrado com facilidade pelos educadores e pais. Palitos,
tampas, garrafas, colheres, caixa de sapato, bolas de isopor, entre outros materiais
podem compor os trabalhos, basta ter criatividade.
3.2.3 PECS (Picture Exchange Communication System)
O PECS, sistema de comunicação por figuras, tem seu foco na
comunicação. Espera-se que a criança sinalize através das figuras o que deseja,
aos poucos o profissional estimula a criança a utilizar palavras junto as imagens e
com o processo mais avançado, que ela formule frases. Até que a utilização das
figuras para comunicação seja substituída por diálogos.
Para sucesso do procedimento a criança deve demostrar interesse,
entendimento e desejar o item que estará na figura. Espera-se que ela entenda o
que a figura quer dizer, para solicitar o que quer através dela, para facilitar o
entendimento, o profissional deve estar com a figura e o objeto real nas mãos. O
profissional deve esperar o tempo da criança se comunicar e evitar responder por
ela e aos poucos ir eliminando a dependência das figuras.
Segundo Whitman (2015), além de promover a solicitação dos objetos ou
atividades desejadas, o PECS se concentra em ensinar o autista a responder
perguntas usando uma ou várias imagens resposta.
3.2.4 Outras Abordagens
Existem autores que não apoiam tratamentos comportamentais, acreditando
focar na deficiência e condicionamento para que ocorram evoluções. Cada
37
estudioso tem o direito de defender sua linha de pensamento e aplicar da forma que
acredita estar beneficiando a criança autista. O apoio da família a esses
profissionais é essencial e os pais devem colocar seus filhos acreditando na linha
de tratamento que aquele profissional irá promover, o mesmo deve se aplicar a
escola em que a criança está inserida.
Não desconsideramos as contribuições das abordagens descritas nas reflexões e no estudo do desenvolvimento da criança com Autismo. Contudo, as abordagens comportamentalistas e cognitivista, ao centralizarem o déficit na criança em seu organismo, propõem métodos e técnicas de intervenção que podem se restringir ao treino de habilidades e ações não significativas, desconsiderando o ser cultural, limitando o desenvolvimento criativo e singular do sujeito. A abordagem psicanalítica contribui para a reflexão do processo de subjetivação da criança com Autismo e destaca o papel do outro nesse processo, todavia é marcado pela dimensão terapêutica que visa ao “tratamento” da criança. (CHIOTE, 2015, p.17)
É importante que a família conheça todas as abordagens e se identifiquem
com uma para o tratamento de seu filho. Independente da linha seguida, deve-se ter
estudo, boa vontade e muito amor para que o processo ocorra bem.
Não se deve enxergar a criança pela sua patologia, pela sua deficiência.
Quem for trabalhar com qualquer criança deve enxergá-la como um ser humano
com sentimentos e possibilidades, pois sem afeto não há possibilidade de
aprendizagem. Para trabalhar com o humano, tem que ser humano em primeiro
lugar e se colocar no lugar do outro. Acreditar que ele precisa de você e que você
fará a diferença em sua vida.
Professores dedicados, que não se negam a ter desafios, são inspirados para os pais. Da mesma forma, pais afetuosos e esperançosos estimulam o professor. Com efeito, é pertinente que cada educador reavalie sua prática em razão de dimensões afetivas inerentes aos processos de ensinar e aprender. (CUNHA, 2015, p.118)
Com afeto e esforço de ambas partes, essa união só irá se fortalecer para o
bem da inclusão.
38
CONCLUSÃO
Conclui-se, com os estudos, que o Autismo é um transtorno que tem evoluído
cada vez mais no meio escolar, pois o número de crianças diagnosticadas como
autistas está crescendo e além disso os diagnósticos agora são feitos com crianças
de pouca idade. Sendo assim, os professores de educação infantil estão se
deparando com novos desafios e precisando reavaliar sua prática para realizarem a
inclusão.
Apesar de toda mobilização feita por conta do aumento de índice de crianças
autistas e informações disponibilizadas, ainda existem pessoas que desconhecem
as características, ou então, se encontram perdidos na tentativa de contato. O
objetivo não é que o professor dê um diagnóstico para o aluno, até porque essa não
faz parte de sua prática e formação, mas ele deve ser capaz de identificar na
criança características que fogem do padrão de desenvolvimento e sinalizar isso a
família.
Com essa intenção essa pesquisa foi feita, para melhorar o entendimento de
profissionais escolares que precisam lidar com a inclusão de crianças autistas e se
encontram perdidos, ajudar em sua prática mostrando caminhos a seguir a partir do
que a criança apresentar no dia a dia em sala de aula.
O psicopedagogo escolar, contribui nesse processo com seu conhecimento
para dar um apoio ao professor e conhecer o aluno. Esse profissional pode mostrar
o caminho que o professor e o mediador podem seguir para efetuar uma boa
inclusão e adaptar o currículo escolar para o benefício do aluno.
As linhas de tratamento especificadas na pesquisa, tem obtido resultados
benéficos no tratamento dessas crianças, quanto melhor os profissionais
conhecerem e aplicarem, melhor será o desenvolvimento das crianças autistas.
39
Quanto mais pesquisas forem feitas sobre o assunto e mais descobertas
aparecerem, melhor será a qualidade de vida da criança autista e seus familiares.
40
BIBLIOGRAFIA
AMARAL, Priscilla. Autismo no Tempo da Delicadeza. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.
BOSSA, Nadia Aparecida. A Psicopedagogia no Brasil: Contribuições a partir da prática. 4º. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2011.
BRASIL. Lei nº 13.146/2015. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Lei Brasileira de Inclusão. Senado Federal.
CHIOTE, Fernanda de Araújo Binatti. Inclusão da Criança com Autismo na Educação Infantil: Trabalhando a Mediação Pedagógica. 2º. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.
CUNHA, Eugênio. Autismo e Inclusão: Psicopedagogia e práticas educativas na escola e na família. 6º. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2015.
CUNHA, Eugênio. Práticas Pedagógicas para a Inclusão e Diversidade. 4º. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.
FARRELL, Michael. Dificuldades de Comunicação e Autismo. Rio de Janeiro: Artmed, 2008.
FONSECA, Bianca. Mediação Escolar e Autismo: A prática \pedagógica Mediada na Sala de Aula. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2014.
TEIXEIRA, Gustavo. Manual dos Transtornos Escolares: Entendendo o problema de Crianças e Adolescentes na Escola. 3º. ed. Rio de Janeiro: Editora Best Seller Ltda, 2013.
WHITMAN, Thomas L. O desenvolvimento do Autismo: Social, Cognitivo, Linguístico, Sensório-motor e Perspectivas Biológicas. São Paulo: M. Books do Brasil Editora Ltda, 2015.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I 10
Inclusão Escolar 10
1.1 Escola e seu Papel Fundamental 11
1.2 Como Receber as Famílias 13
CAPITULO II
Entendendo o Autismo 16
2.1 Características do Autismo 17
2.1.1 Problemas no Processo Sensorial 18
2.1.2 Disfunções Motoras 19
2.1.3 Problemas de Estimulação 19
2.1.4 Deficiências Cognitivas 20
2.1.5Problemas com a Interação Social 21
2.1.6 Deficiências com a Linguagem 21
2.1.7 Interesses, Atividades e Comportamentos Repetitivos, Restritos e Estereotipados 21
2.1.8 Problemas de Comportamento 22
2.2 O Professor 23
2.3 O Papel do Mediador 25
42
2.4 A Sala de Recursos 26
CAPÍTULO III
Contribuição da Psicopedagogia Escola 28
3.1 Estratégias Escolares com Crianças Autistas 30
3.2 Intervenções para o Tratamento do Autista Infantil 33
3.2.1 Análise Aplicada do Comportamento - ABA (Applied Behavior Analysis) 34
3.2.2 TEACCH (Treatment and Educacion of Autistic and Related Communication Handicapped Children) 35
3.2.3 PECS (Picture Exchange Communication System) 36
3.2.4 Outras Abordagens 36
CONCLUSÃO 38 BIBLIOGRAFIA 39 ÍNDICE 40
Recommended