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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA

VERÔNICA GONÇALVES DA SILVA

PROFESSOR: CEREJA

DESENVOLVIMENTO PSICOMOTOR DA CRIANÇA DE ZERO A SEIS ANOS

1

RIO DE JANEIRO

2003

2

Dedico este trabalho a todos que estiveram comigo nesta

caminhada.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................................................... 04

CAPÍTULO I – A RECREAÇÃO .......................................................................... 07

1.1 – O brincar .................................................................................................. 08

1.2 – A brincadeira ............................................................................................ 09

1.3 – Os brinquedos .......................................................................................... 11

CAPÍTULO II – O DESENVOLVIMENTO MOTOR .......................................... 13

2.1 – Habilidades motoras ................................................................................. 13

2.2 – Desenvolvimento psicomotor ................................................................... 19

2.3 – O processo de desenvolvimento motor ..................................................... 22

CAPÍTULO III – A EDUCAÇÃO INFANTIL ...................................................... 25

3.1 – Objetivos da educação física na educação infantil ...................................... 25

3.2 – Características essenciais da criança na educação infantil .......................... 26

CONCLUSÃO ...................................................................................................... 29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 32

3

RESUMO

O trabalho realizado pesquisou de que maneira o brincar proporciona o desenvolvimento

motor da criança de 3 à 6 anos, de forma que o profissional de educação física ao ministrar sua

aula, desenvolva a psicomotricidade de forma prazerosa, sendo a atividade lúdica a melhor

opção para esse objetivo de trabalho. Para a realização do trabalho foram consultados livros de

autores referentes a educação psicomotora e recreação. A pesquisa é baseada em revisões

bibliográficas. A partir de todo o estudo realizado, conclui-se que realmente o brincar trabalha o

desenvolvimento psicomotor da criança de 3 à 6 anos, desenvolvendo-á globalmente.

4

INTRODUÇÃO

Desde os primórdios da civilização o brincar é uma atividade das crianças e dos adultos.

Na antigüidade as crianças participavam das festividades, lazer e jogos dos adultos, mas tinham

um ambiente separado para os jogos. Estes ocorriam em praças públicas, espaços livres, sem

supervisão do adulto, em grupos de crianças de diferentes idades e sexos. Naquela época a

brincadeira era considerada um elemento de cultura, do riso, do folclore e do carnaval. Ela era e

continua sendo uma representação da vida, modelo em miniatura da história e destino da

humanidade.

Tudo que as crianças fazem por puro prazer chama-se brincadeira, mas ao mesmo

tempo, a brincadeira para a criança e pela criança, é sua atividade mais séria. A brincadeira de

uma criança pode ser a maneira pela qual desenvolve não apenas suas capacidades potenciais,

mas também sua percepção da realidade, das coisas e pessoas como realmente são.

Para VELASCO (1996):

"O progresso social da civilização desencadeou dois fatores

importantes: a segregação das crianças em um grupo separado da

vida dos adultos e a institucionalização das crianças, utilizando-se

das atividades lúdicas como um instrumento de aprendizagem. No

decorrer dos tempos, comprovou-se a necessidade da. socialização.

Ela é tão fundamental no desenvolvimento infantil, quanto a

nutrição, cuidado e atendimento às necessidades vitais." (p. 41)

Durante todos os, momentos da vida a. criança está observando, selecionando,

aceitando, atuando em algum sentido e transformando o que aceita em seu próprio caráter. Ela

aprende o que vive e o que vive intensamente, não aprende sem que viva a experiência da ação.

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A brincadeira pode ser a forma pela qual as crianças desenvolvem suas potencialidades

humanas básicas e uma espontaneidade e individualidade de resposta à realidade e, portanto,

também o auto respeito e um apetite saudável por experiência, conhecimento e habilidade.

Brincando, de forma alegre e interessante, sozinha ou em grupo, a criança estará

desenvolvendo os elementos fundamentais da psicomotricidade: noção de tempo, orientação

espacial em relação a seu corpo, aos objetos, às pessoas, percebe sua simetria, auxiliando,

assim, o seu desenvolvimento integral.

A criança que convive em uma comunidade ou instituição vai, progressivamente, através

das trocas com os outros, interiorizando os valores e ideais daquele grupo. Como a criança virá

incorporar esses elementos na sua personalidade dependerá do caráter dessas interações sociais,

assim como da natureza e variedade de trocas sociais disponíveis a ela.

Segundo KISCHIMOTO (1993) a recreação tem o sentido de atividade orientada na

busca de objetivos. (p.109). Não são objetivos relacionados à aquisição de conteúdos, mas

ligados as desenvolvimento físico, cognitivo e social. Prioritariamente busca-se formar o corpo e,

conjuntamente, habilidades cognitivas, morais e sociais.

A educação psicomotora abrange todas as aprendizagens da criança, individual ou

coletivamente. Processa-se por progressões bem específicas e todas as etapas são necessárias.

É ainda, indispensável nas aprendizagens escolares, por essa razão que a iniciamos na educação

infantil.

Portanto esse estudo tem por objetivo identificar a importância do brincar no

desenvolvimento motor da criança. Com isso contribuir de alguma forma para o aumento de

conhecimentos das pessoas que se interessam por este assunto, pois a maioria das bibliografias

que tratam do desenvolvimento motor infantil não aborda o aspecto lúdico e nem a sua

importância para o desenvolvimento motor.

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O estudo focaliza o desenvolvimento motor das crianças que se encontram na etapa da

educação infantil, isto é, de 3 a 6 anos de idade e irá investigar se o brincar é um espaço de

aprendizagem motora.

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CAPÍTULO I

A RECREAÇÃO

A história da recreação e sua valorização segue um caminho paralelo ao da Educação

Física. A recreação é contemporânea do homem. Na pré-história, a recreação tem sua origem

quando o homem se divertia festejando o início da temporada de caça. As manifestações de vida

humana transformaram-se em danças e rituais sempre com um aspecto de alegria ao vencer um

obstáculo.

Em todos os povos e em todas as épocas, pode-se encontrar a dimensão lúdica através

de danças, música, desenhos, etc. As crianças sempre aprenderam "imitando" os mais velhos

através de seus brinquedos.

Somente em 1774, a recreação foi sistematizada, onde um professor da Alemanha, J. B.

Basedow concebeu um estabelecimento de ensino, cujo currículo consistia em 5 horas de

matérias teóricas, 2 horas de trabalhos manuais e 3 horas de recreação. A partir de então, a

recreação tomou seu lugar junto à Educação Física, ganhando maior valor para a faixa etária

infantil. E somente no século XIX apareceram os parques de brinquedos infantis, os

"playgrounds". Hoje, a recreação constitui-se em conhecimento especializado e em técnicas.

A recreação compreende todas as atividades espontâneas e criadoras que o indivíduo faz

em seu tempo livre para buscar e sentir prazer e felicidade.

O jogo pode ser entendido como uma atividade recreativa. Na recreação o jogo é

definido como função didática de acionar a criança à sociedade, por meio de objetos e ações

que imitam a vida cotidiana dos adultos. Utilizar os jogos como recurso didático em crianças, se

trata em introduzi-las no mundo da aprendizagem, aproximando-as a níveis de conhecimentos

que melhoram sua integração no meio social em que vivem e, fazê-las participar de situações

educativas no desenvolver do cotidiano.

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O jogo é uma das experiências mais ricas e polivalentes, é uma necessidade básica para

idade infantil. É uma maneira de promover o apoio mútuo e cooperativo entre as crianças,

desenvolvendo o companheirismo, preocupando-se com os sentimentos dos demais e

trabalhando para superar-se, progressivamente.

CUNHA (1984) afirma que as regras do jogo devem ser mantidas. (p.26). É através das

dificuldades que apresentam que a criança vai exercitar seu auto controle. O final do jogo deve

ser aproveitado, este é o momento oportuno para fazer com que as crianças aprendam a ganhar

e perder com tranqüilidade. Esta é uma atitude importante para formação de uma personalidade

equilibrada. Ajudando as crianças a saber ganhar e perder, estará contribuindo de maneira

decisiva para o seu futuro, e a entender que quem participa corretamente também é um

vencedor.

1.1 O brincar

Brincar é uma atividade indispensável ao desenvolvimento de uma criança. O que há de

importante na expressão mais autêntica do brincar é o crescimento humano saudável. Segundo

CUNHA (1984) enquanto brinca, a criança está se exercitando física, social e emocionalmente.

(p.15). Está crescendo em descobertas que vai fazendo, experiências que vai adquirindo.

A criança que brinca, vive a sua infância, tornar-se-á um adulto muito equilibrado física e

emocionalmente, suportará muito melhor as pressões das responsabilidades adultas e terá

criatividade para solucionar os problemas que lhe surgirem. A criança que brinca pode adentrar o

mundo do trabalho pela via de representação e da experimentação.

O brincar da criança conjuga-se em três tempos: passado, presente e futuro. Quando ela

utiliza do imaginário no real ela poderá está antecipando o futuro, ou presentificando o passado

ou até mesmo modificando o presente. A criação na representatividade da criança enquanto

brinca transforma o tempo, daí a infância ter urgência. Quando brinca a criança pode elaborar

uma situação desprazerosa que já aconteceu, mas ao mesmo tempo evoca um projeto, uma

9

forma de resolução, algo que se situa no futuro. Nesse momento está presente uma situação

passada e outra que está por vir – ambas representadas em uma atuação que se faz no presente.

A criança brinca de vir a ser ou até ser. O tempo representa os papéis do desejo da

criança ou de seus pais. Nesse campo de representações o futuro torna-se presente e o presente

pode vir a ser o futuro. É um jogo de ensaios, de faz de conta, que sai do imaginário, passa pelo

simbólico e expressa-se no real.

VELASCO (1996) afirma que brincar está no lugar entre o prazer real e sua evocação.

(pág. 25). Enquanto o adulto realiza tarefas que lhe promovem prazer (ler, pintar, escrever), a

criança brinca.

A criança constrói sua personalidade brincando. A brincadeira é uma parcela importante

da sua vida. Para a criança o brinquedo e a brincadeira representam uma parte do mundo que ela

conhece, são os personagens de sua história atual, que irão tomar novos papéis mais tarde em

sua vida.

A infância tem urgência na vida da criança. É nessa fase que o lugar de brincar tem seu

maior projeto – o ser adulto. Há três momentos na infância que diferenciam o brincar infantil:

1 - onde é fundamental função materna;

2 - momento da vivência edípica, em que o pai assume-se como tal, e

3 - quando a criança inicia o processo da linguagem escrita, onde ela insere-se

no simbolismo do mundo que a cerca. É nesse momento que há na criança o registro do

simbólico, do real e do imaginário.

1.2 A brincadeira

A brincadeira surge na vida da criança já no útero da mãe. Quando bebê, a criança se

diverte com o próprio corpo. A partir do segundo ano, brincar é simbolizar o mundo, viajar na

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fantasia, lá por volta dos 4 anos o simbolismo infantil se aproxima da realidade, imitando o adulto

ou a si própria através dos brinquedos.

Nessa evolução da brincadeira, verifica-se que a criança passa de uma situação de livre

escolha para a priorização dos interesses de um grupo.

Segundo WALSKOP (1997) a brincadeira é uma atividade humana na qual as crianças

são introduzidas constituindo-se em um modo de assimilar e recriar a experiência sócio-cultural

dos adultos.(p.25). A brincadeira encontra um papel educativo importante na escolaridade das

crianças que vão se desenvolvendo e conhecendo o mundo.

O jogo, as brincadeiras e o faz de conta para as crianças são como os sonhos para os

adultos. Isso que a criança brinca é coisa séria, é como a criança constrói a si mesma, a sua

identidade e o mundo que a rodeia. Ela precisa de espaço e tempo para esse crescer.

Através da brincadeira infantil, organizada de forma independente do adulto, as crianças

poderiam exercer sua posição social, reiterativa e criadora do trabalho total da sociedade na qual

estão inseridas. A brincadeira é um fato social, espaço privilegiado de interação infantil e de

constituição do sujeito-criança como sujeito humano, produto e produtor de história e cultura.

A brincadeira, na perspectiva sócio-histórica e antropológica, é um tipo de atividade cuja

base genética é comum à da arte, ou seja, trata-se de uma atividade social, humana, que supõe

contextos sociais e culturais, a partir dos quais a criança recria a realidade através de utilização

de sistemas simbólicos próprios. Ao mesmo tempo, é uma atividade específica da infância,

considerando que, historicamente, esta foi ocupando um lugar diferenciado na sociedade.

A brincadeira é uma forma de comportamento social, que se destaca da atividade do

trabalho e do ritmo cotidiano da vida, reconstruindo-os para compreendê-los segundo uma

lógica própria, circunscrito e organizado no tempo e no espaço.

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VELASCO (1996) diz que o brinquedo representa o instrumento do brincar, não

importando o tipo, o material, a função, a cor, a forma, o tamanho nem a origem. (p.42). A

criança é capaz de descobri-lo no próprio corpo. O brincar é tão espontâneo, tão natural, tão

próprio da criança que não haveria como entender sua vida sem brinquedo.

As brincadeiras infantis evoluem paralelamente ao desenvolvimento global da criança.

Nas brincadeiras, o brinquedo pode ser fundamental, pois traz o mundo adulto para a realidade

infantil. Isto estimula a criatividade e seu desenvolvimento psicomotor.

Não deve-se oferecer brincadeiras difíceis nem usar muita explicação verbal, pois as

crianças não entendem e não elaboram, se desligam e não prestam atenção, chegam a se negar a

execução e sugerem outra atividade ou caem na frustração. As experiências negativas resultam

em regressão ou até em agressão.

1.3 Os brinquedos

Estudos arqueológicos datam 2000 a.C. a existência de miniaturas de barcos de

madeiras e bonecos, possivelmente utilizados como brinquedos. Na Idade Média, os brinquedos

eram representações de figuras humanas e animais em madeira ou argila.

Durante o Renascimento os brinquedos tornaram-se mais refinados e no século XVII

apareceram os brinquedos com fins didáticos.

Dentre todos os brinquedos conhecidos, supõe-se que o primeiro a encantar a criança

tenha sido o chocalho.

Muitos brinquedos surgiram da criativa cumplicidade: de um lado o espírito infantil

buscando / desenvolvendo, a seu modo, formas de expressão, exploração, manipulação,

socialização, locomoção e prazer, e de outro, a habilidade artesanal, transformando madeiras,

metais ou argila em objetos aos quais as crianças deram a função lúdica.

12

Aos poucos o trabalho manual foi substituído pelas máquinas, com isso os brinquedos

começaram a se tornar cada vez mais sofisticados. Com o progresso da ciência, o

desenvolvimento Industrial, os novos materiais, o mundo em constante transformação fizeram

com que as crianças solicitassem outros brinquedos, que não mais os estáticos e inanimados, mas

sim que representassem uma extensão do seu sentido de integração no tempo, histórico e

cultural.

O valor que a criança dá ao brinquedo é comandado pela sua sensibilidade, emoção e

afeto. Ele pode existir concreta e/ou abstratamente, pois ele representa o instrumento do brincar.

Não importa o tipo, o material, a função, a cor, a forma, o tamanho nem a origem. A criança é

capaz de descobri-lo no próprio corpo. Ele é um meio, uma estratégia, um caminho da criança

entrar no mundo mágico da imaginação, de simbolizar sentimentos ou de representar a realidade.

O brinquedo é hoje, um objeto de consumo que tem como destino satisfazer as

necessidades imediatas. Tão logo preenchidas essas necessidades, vai-se em busca de outro

objeto que satisfaça uma nova necessidade.

O brinquedo é importante para o brincar da criança, sem ele não existe o brincar. É a

partir do brinquedo que a imaginação infantil cria regras momentâneas, variáveis e diversificadas

que contribuem para o enriquecimento de sua personalidade.

O brinquedo é capaz de revelar muitas das contradições existentes entre a perspectiva

adulta e infantil. Para os adultos, brincar, jogar, significa entreter-se com coisas amenas, visando

a fuga dos problemas da vida cotidiana e do trabalho. O brincar permite esquecer, logo, aliena e

engana. Para as crianças, brincar é descobrir, é ter contatos e incursão no mundo com seus

desafios e cabe aos adultos serem os responsáveis pela seleção consciente do que deve ou não

ser assistido, ouvido, visto, ou enfim comprado, e convivido com suas crianças.

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O brinquedo caracteriza-se pela presença do outro, segundo Leite (1995, pág.50).

Então, brincar é estar junto com o outro. E sentir o gesto, o olhar, o calor do companheiro. O

brinquedo aproxima as pessoas, as torna amigas, porque brincar significa sentir-se feliz. O

brinquedo não é o confronto e nem conflito. Tudo é fazer de conta, simulação. Brincar é

sinônimo de paz, de harmonia e de alegria.

CAPÍTULO II

O DESENVOLVIMENTO MOTOR

O desenvolvimento motor é um processo continuo e demorado, mas as mudanças mais

acentuadas ocorrem nos primeiros anos de vida As experiências que as crianças tem do

nascimento aos seis anos, determinarão, em grande extensão, que tipo de adulto a pessoa se

tornará.

Para KOKOBUM (1988), a seqüência do desenvolvimento motor é a mesma para

todas as crianças, apenas a velocidade de progressão varia. (p.37). A ordem em que as

atividades são dominadas depende do fator maturacional, e o grau e a velocidade em que ocorre

o domínio estão na dependência das experiências e diferenças individuais. Há ainda, uma

interdependência entre o que está se desenvolvendo e as mudanças futuras.

As atividades lúdicas surgem para estimular, de maneira correta e ordenada, a criança,

oferecendo atividades variadas e compatíveis com as características e necessidades dela, para

que a mesma possa ter um desenvolvimento harmônico, físico e mentalmente, integrando e

contribuindo, assim, para o desenvolvimento geral. Dessa maneira, a criança da educação infantil

poderá se orientar, pois orientar-se é conhecer-se e conhecer-se é dominar-se.

As habilidades básicas constituem pré-requisito fundamental para que toda aquisição

posterior seja possível e efetiva e para haver uma maior capacidade de controlar movimentos é

preciso um conjunto de mudanças na seqüência de desenvolvimento.

2.1 Habilidades motoras

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Coordenação dinâmica geral

Harmonia de movimentos voluntários dos grandes segmentos do corpo ou capacidade de

controle dos atos motores. A criança deve usar seu corpo ao mesmo tempo que usa a sua mente.

As propostas de atividades corporais pedem o uso de atenção, observação e memória,

constituindo uma verdadeira ginástica mental.

As ações, como andar, correr, subir, descer e equilibrar-se, dependem de uma

coordenação geral de movimento, que fazem trabalhar grandes massas musculares de nosso

corpo. Estas movimentações amplas servem de base à motricidade fina e diferenciada.

Exemplo de atividade lúdica: pique - pega.

Coordenação dinâmica manual

É um dos tipos de coordenação motora fina. Dá-se ao nível das mãos e dos dedos,

englobando desde o ato de preensão do lápis até o traçado das linhas e das letras.

Exemplo de atividade lúdica: dar nós em um barbante deixando intervalos entre eles.

Coordenação viso-motora

Compreende uma ação conjunta de certas partes do corpo e da visão. Podem estar

ligadas à movimentação ampla juntamente com o trabalho ocular ou estar ligadas à motricidade

manual, num trabalho conjunto de olho-mão.

Exemplo de atividade lúdica: arremessar uma bola numa direção determinada.

Imagem corporal

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A criança deverá ter, através de vivências múltiplas, a oportunidade de tomar consciência

do próprio corpo, ajudando-a a construir sua imagem corporal. Esta IMAGEM CORPORAL

será a imagem que ela formará de si e servirá como ponto de referência para todo tipo de

aquisição;

Servirá como ponto de partida básico para se chegar às noções de espaço, tempo,

forma, volume, etc...

Exemplo de atividade lúdica: passar o giz em volta do colega deitado no chão e logo

após desenhar a roupa e acessórios pertencentes ao mesmo.

Orientação pessoal

O auto conhecimento é sem dúvida, um fator importante de ajustamento pessoal. Através

de uma abordagem mais direta pretende levar a criança a conscientizar-se de suas referências,

aspirações, experiências e condições de vida.

Exemplo de atividade lúdica: desenhar o próprio retrato e guardá-lo para futuras

comparações.

Comunicação

A comunicação deve ser clara, para que realmente sirva de veículo de interação entre as

pessoas.

a) Comunicação não verbal

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Na criança, a comunicação não verbal manifesta-se das mais variadas formas. A

espontaneidade é uma das características infantis que dá margem à expressão dos sentimentos

através de gesto, modelagens, desenhos, pinturas, montagens, etc...

Sua linguagem não verbal é revelada pelo conteúdo de seus trabalhos, onde aparece

emito do seu eu, sendo um valioso meio que dá ao professor a possibilidade de conhecer melhor

seus alunos.

Exemplo de atividade lúdica: representar objetos apontados pelo colega.

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b) Comunicação gestual

A comunicação gestual usa a linguagem corporal expressiva transmitindo mensagens

posturais e mímicas, interpretáveis por outras pessoas.

A criança é espontânea, portanto a pré-escola deve procurar estimulá-la, principalmente

junto às crianças tímidas e inibidas, oferecendo oportunidade para a livre expressão.

Exemplo de atividade lúdica: representar através de gestos uma palavra ou frase.

c) Comunicação verbal

Sistema de comunicação mais usado para transmitir o pensamento. O desenvolvimento

da linguagem na fase educação infantil pode ser feito formalmente, mas também de maneira

informal. A pronunciação correta das palavras é importante não só para possibilitar a

alfabetização, mas também por um bom desempenho social da linguagem.

Exemplo de atividade lúdica: iniciar uma história e seguindo uma ordem as crianças

devem dar continuidade com uma frase.

Estimulação sensorial

A ação da criança sobre os objetos permite explorá-los e senti-los através da

aparelhagem sensorial tato, visão, audição, olfato e gestação. As experiências vividas pela

criança levam à descobertas de propriedades dos objetos.

a)Percepção auditiva

A percepção auditiva é de grande importância para a criança sentir o mundo que a

cerca. A pré-escola é o local ideal para levar a criança a saber ouvir, discriminando os sons que

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apresentam à sua volta, no dia a dia, assim como proporcionar oportunidade de conhecimento de

sons.

Exemplo de atividade lúdica: de olhos vendados, a criança deverá identificar a voz de um

colega.

b)Percepção visual

A percepção visual é tão importante quanto a percepção auditiva. As formas, os

tamanhos e as cores, são vistos pelas crianças e enriquecem seus conhecimentos em todos os

momentos da vida escolar.

Exemplo de atividade lúdica: a criança deverá observar os colegas, logo após deverá se

retirar do local, enquanto os colegas trocarão entre si objetos de uso pessoal. Ao voltar, a

criança deverá identificar objetos trocados.

c) Percepção olfativa

Conscientizar a criança da localização do órgão olfativo e enriquecer suas experiências.

Exemplo de atividade lúdica: de olhos vendadas, a criança deverá identificar diferentes

cheiros.

d) Percepção gustativa

Proporcionar o reconhecimento de paladares diversos.

Exemplo de atividade lúdica: oferecer a criança de olhos vendados, vários sabores:

salgado, doce, amargo.

e) Percepção tátil

19

Exemplo de atividade lúdica: deslocamento em espaço limitado sem esbarrar nos objetos.

Atenção e concentração

A atenção, a concentração e a memória são funções básicas no processo da

aprendizagem.

Para que a criança entenda ou pelo menos focalize o que vai ser aprendido é necessário

um mínimo de concentração e para que retenha o que aprendeu é indispensável a memória.

A concentração produz um estado de consciência que favorece a criatividade e torna a

associação de idéias mais proveitosa.

Exemplo de atividade lúdica: pedir a criança para fechar os olhos por um determinado

tempo questiona-la sobre o que ela ouviu. Repetir essa ação, pedindo mais atenção e

questiona-la novamente, percebendo a diferença.

Memória

A memorização está ligada à motivação : a criança memoriza melhor quando está

interessada e quando entende o que lhe está sendo apresentado.

Exemplo de atividade lúdica: posicionar as crianças em círculo, uma criança deverá

executar um movimento, a seguinte deverá repetir o movimento da anterior e acrescentar mais um

movimento e assim sucessivamente.

Pensamento lógico

20

Para que o pensamento seja passível de ser transmitido e compreendido pelos outros,

deve ser organizado em torno de certos princípios e regras que lhe dêem coerência, mas só a

partir dos seis anos que o pensamento se torna mais analítico.

Exemplo de atividade lúdica: pedir que as crianças se organizem a partir de uma

determinada característica.

Imaginação e criatividade

A capacidade de criar pode e deve ser estimulada, é a chave mestre para a adaptação do

homem a um mundo em constante mudança.

A criatividade contribui para que este se tome um ser mais confiante e capaz de melhor

entender seus semelhantes.

Cabe ao professor não somente fornecer elementos a partir dos quais o aluno possa

criar. Estimular a imaginação é tão necessário quanto levar a criança a manifestá-la.

Exemplo de atividade lúdica: pedir a criança para traçar duas linhas horizontais e a partir

dessas desenhar uma cena.

2.2 Desenvolvimento psicomotor

O desenvolvimento da criança faz-se por impulsos locais, de maneira não unitária, mas

segmentar e diversificada, como defendia COSTE (-.981):

"É necessário levar em conta as relações mantidas entre os diversos

elementos do desenvolvimento; uma aquisição rápida pode .ser compensada

por um atraso, progressos muito nítidos podem ser acompanhados de uma

lenta evolução. É preciso que a criança possa integrar cada tem de seus

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progressos, antes de adquirir um novo. Uma criança cujo desenvolvimento

psicomotor ocorre harmoniosamente estará equipada para uma vida social

próspera"( p.49).

E segundo VELASCO (1996):

"O desenvolvimento psicomotor se processa de acordo com a

maturação do sistema nervoso, capacitando o organismo a

responder os estímulos de uma maneira mais ordenada e

permitindo maior elaboração dos atos motores voluntários. A

maturação do sistema nervoso, para o desenvolvimento, refere-se

ao processo de mielinização"(p.21)

O desenvolvimento psicomotor obedece a estruturação de três condutas a saber:

a) Condutas motoras de base

- Equilíbrio : capacidade para assumir e sustentar qualquer posição do

corpo contra lei da gravidade. Essa conduta motora começa a ser

elaborada quando a criança muda sua posição corporal da horizontal para a

vertical, isto é, da quadrupedia para a postura bípede do andar. Para que

ele se estruture é necessário que o tônus muscular (afetivo e mental) da

criança estejam adequados. Nas brincadeiras mais informais há a

estimulação para o equilíbrio.

- Coordenação dinâmica global : a maturação motora e neurológica da

criança concretiza esta conduta. Há um refinamento das sensações e

percepções: visual, auditiva, cinestésica, tátil e proprioceptiva. Isso ocorre

devido à grande solicitação motora e muscular que as atividades infantis

requerem.

22

- Respiração consciente: uma das condutas mais importantes. A criança

tem toda uma pulsão vital, que as energiza motoramente, daí a agitação da

criança. Quando adulto, as posturas corporais inadequadas e as tensões

emocionais modificam a mecânica do processo respiratório, gerando um

desgaste energético e não atendimento das necessidades orgânicas.

- Coordenação motora fina : essa conduta abrange três aspectos: a

coordenação visomotora as atividades lúdicas estimulam a criança nesse

aspecto à medida em que ao visualizar objetos ou pessoas realizam as

ações de interação; a coordenação motora fina – as atividades exigem

movimentos de preensão e pinça por interagir com objetos pequenos,

quebra-cabeça, jogos de encaixe; e a coordenação músculo facial – aquela

que a todo momento a criança está utilizando, demonstrando em suas

expressões faciais o que lhe agrada ou desagrada.

b) Condutas neuro-motoras

- Esquema corporal: é a consciência do próprio corpo, de suas partes, das

suas posturas e atitudes, tanto em repouso como em movimento. Para

desenvolver esta conduta é preciso três sistemas: interoceptivo – o que nos

chega, proprioceptivo - o que vem de nós, e exteroceptivo (o que. sai de

nós). O brincar é de grande importância para essa conduta, pois é na

interação informal de grandes relações com o meio, com os objetivos e as

pessoas, que a criança reconhece as partes de seu corpo.

- Controle psicomotor: para ocorrer esse controle é necessário a

maturação orgânica e neurológica além. da integração motora da criança

em relação ao meio ambiente. Nesta conduta pode ocorrer duas

manifestações: paratonias – bloqueios generalizados, de origem emocional

na maioria das vezes e sincinesias – que dependem de uma conscientização

para a correção dessas posturas motoras repetitivas ou tensionadas

- Lateralidade: durante o crescimento, se define uma dominância lateral na

criança, será mais forte, mais ágil do lado direito ou do lado esquerdo. Essa

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lateralidade corresponde a dados neurológicos e influenciada por certos

hábitos sociais. O brincar oferece a possibilidade de experimentação global

do corpo da criança. Com isso, ela mais livre e espontaneamente fará sua

opção lateral de atuação. A definição ocorre entre 6 a 7 anos, mas não

significa que ela deixe de utilizar o outro lado.

c) Condutas perceptivo-motoras

- Orientação corporal: essa conduta acontece pela maturação orgânica e

neurológica. O mundo exterior é a via de acesso à identificação e

interpretação das impressões sensoriais. Estão envolvidos a memória, a

concentração, o tônus e a dissociação de movimentos na aprendizagem

progressiva do domínio corporal.

- Orientação espacial: é através do movimento do objeto e do próprio

corpo que a criança descobre o espaço. Estar dentro/fora, em

cima/embaixo, de um lado ou de outro vai fazer com que ela dimensione e

descubra o espaço que a cerca.

- Orientação temporal: é pelo ritmo das ações e dos acontecimentos que a

criança adquire a noção temporal necessária para conviver com o antes e o

depois, com passado, o presente e futuro.

2.3 O processo de desenvolvimento motor

O desenvolvimento motor é um processo contínuo do nascimento até a morte, segundo

BORGES (1987, p.37). O desenvolvimento da criança apresenta alguns padrões consistentes,

definidos em função de princípios gerais: maturação - modificações físicas e comportamentais;

desenvolvimento céfalo-caudal – da cabeça aos pés; desenvolvimento próximo distal – eixo

central para periferia; desenvolvimento individual – herança única, ritmo próprio; e prontidão –

depende de influências ambientais, as mudanças ocorrem se a criança estiver madura, pronta.

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Desenvolvimento filogenético – mudanças automáticas, maturação; e desenvolvimento

ontogenético – mudanças adquiridas com a aprendizagem, meio ambiente.

O processo do desenvolvimento motor revela-se através das mudanças do

comportamento motor. Sendo o movimento um meio de verificar o processo do desenvolvimento

motor, é necessário conhecer as fases e seus estágios.

Fase dos movimentos reflexos: movimentos do feto, involuntários que formam a base

para as fases seguintes. Possui dois estágios:

1 ° - codificação de informações: colhe informações, busca alimentos e proteção, através

do movimento.

2°- decodificação de informações: substitui a atividade sensório-motora pelo

comportamento perceptivo-motor.

Fase dos movimentos rudimentares: formas básicas dos movimentos voluntários que

são solicitados para vida. Está dividida em dois estágios:

1º. estágio de inibição reflexa: reflexos primitivos e posturais são substituídos pelo

comportamento motor voluntário.

2º. estágio pré-controle : a criança ganha precisão e controle de seus movimentos.

Fase dos movimentos fundamentais: são um aperfeiçoamento da fase dos movimentos

rudimentares, no dual as crianças estão envolvidas, ativamente, na experimentação e exploração

de suas capacidades motoras. Esta fase se divide em três estágios:

1°- estágio inicial : uso restrito do corpo, coordenação e fluidez rítmica insuficientes.

2°- estágio elementar: padrão de movimento restrito ou exagerado, ainda que melhor

coordenado.

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3°- estágio maduro: caracterizado pela eficiência mecânica.

Fase do movimento relacionado com o esporte: as habilidades são progressivamente

refinadas, combinadas e elaboradas. Aperfeiçoamento dos movimentos fundamentais. Possui três

estágios:

1°. estágio geral (7 a 10 anos): combina e aplica as habilidades motoras fundamentais

para performance de habilidades esportivas. ,

2°. estágio de habilidades motoras específicas (11 a 13 anos): realiza habilidades mais

complexas.

3° estágio das .habilidades motoras especializadas: ápice do processo de

desenvolvimento, caracterizado pela participação de um número limitado de atividades motoras,

em determinado período.

A aquisição dos padrões fundamentais do movimento como andar, correr, saltar,

arremessar, chutar, rebater e quicar, é de vital importância para o domínio das habilidades

motoras. A Educação Física adquire um papel importante à medida que ela pode estruturar o

ambiente adequado para a criança, oferecendo experiências, resultando numa grande auxiliar e

promotora do desenvolvimento.

Embora os padrões fundamentais de movimento sejam de grande importância para o ser

humano, ele não nasce com o domínio sobre eles. A fase que se estende do nascimento até mais

ou menos os seis anos de idade corresponde a um período de aquisição e, após os seis anos, a

um de refinamento e combinação desses padrões.

26

CAPITULO III

A EDUCAÇÃO INFANTIL

A educação infantil visa a criação de condições para satisfazer as necessidades básicas

da criança, oferecendo-lhe um clima de bem estar físico, afetivo social e intelectual, mediante a

proposição de atividades lúdicas, que promovem a curiosidade e a espontaneidade, estimulando

novas descobertas e o estabelecimento de novas relações, a partir do que já se conhece.

Segundo BORGES (1987):

"A educação infantil eleve ir de encontro às necessidades básicas

da criança, evitando-se “pular" etapas, pois a aprendizagem é um processo

contínuo e tem uma trajetória que pressupõe o domínio de pré-requisitos"(

p.3).

Se trabalharmos a automatização pura dos movimentos e com repetições, estaremos

prejudicando e limitando o desenvolvimento da criança em sua melhor fase de exploração e

enriquecimento, através de experiências diversificadas para fortalecer o seu desenvolvimento

motor, cognitivo, afetivo e á formação de sua personalidade.

3.1 - Objetivos da Educação Física na Educação Infantil

Alguns dos objetivos da educação física para a educação infantil visa o desenvolvimento

corporal harmônico - físico e mental, aquisição de controle corporal, desenvolvimento de

habilidades motoras, o desenvolvimento de atitudes favoráveis à atividade física, a utilização sadia

das horas de lazer, entre outros, de forma geral.

Já de forma específica, os objetivos da educação física para o educação infantil visa o

desenvolvimento do esquema corporal, reconhecendo o corpo, no seu todo, e diferenciar cada

uma de suas partes, por meio do movimento e definir sua dominância lateral; desenvolver a

orientação espaço-temporal, identificando e efetuando movimentos que discriminem as diferentes

27

velocidades e trajetórias, no deslocamento do corpo e objetos; desenvolver as qualidades físicas,

trabalhando a coordenação geral e seletiva, equilíbrio, força, resistência, flexibilidade, agilidade,

velocidade e tensão muscular; o desenvolvimento da expressão corporal, reproduzindo, através

de movimentos corporais, posturas e comportamentos de pessoas e de animais, fatos, histórias,

fantasias, pensamentos e sentimentos; e o trabalho de recreação, que busca a participação em

jogos e brinquedos cantados e a cooperação nas atividades em grupo.

3.2 - Características essenciais da criança na Educação Infantil

Com 3 anos, a criança já possui potenciais recebidos do meio familiar; começa a

organizar as emoções e expressá-las como sentimentos; quer fazer tudo sozinha, procurando

imitar os adultos com quem convive; muitas vezes, surpreendem com sua criatividade e

originalidade; distrai-se facilmente; tem sentimento excessivo de posse; sente prazer em correr,

pular, subir e descer escadas, gosta de perguntar, fala sozinha, gosta da companhia de crianças e

continua aprendendo coordenar os músculos maiores.

Aos 4 anos, a criança já está interessada e preparada em aprender o que é real e o "faz

de conta", devido a sua imaginação; seu pensamento trabalha por analogia; a representação

teatral é a brincadeira mais importante; tem grande prazer em sentir que pode ajudar; começa a

compreender o que implica em ser homem ou mulher; pode se tornar mandona e dominadora;

fica desapontada quando alguma atividade não sai como planejara; aprende que o combate físico

não é o melhor método de resolver disputas e conflitos; tem consciência da própria idade,

pensamento é mais associativo, reproduz tudo que ouve, gosta de criar e reproduzir,

unilateralidade não controlada e gosta de correr, saltar e realizar atividades motoras afins.

Uma criança de 5 anos está descobrindo as diferenças entre a realidade e fantasia; é

capaz de se lembrar de pessoas e lugares; conflitua-se com conceitos de certo ou errado; é

capaz de fazer críticas a si própria; sua identidade é estabelecida; é instável nas amizades; o

pensamento ainda é egocêntrico; o medo é a principal causa da mentira; a linguagem é funcional;

torna-se competidora; meninos e meninas brincam juntos, mas seus interesses começam a se

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diversificar; assume pequenas responsabilidades; possui senso de vergonha, lateralidade definida,

orientação temporal e demonstra graça e habilidade inconscientes, tanto na coordenação motora

grossa quanto na fina.

A criança com 6 anos de idade está se despertando para a realidade do mundo; aprende

a explorar cada vez mais o meio que a rodeia; possui habilidades para compreender e utilizar a

linguagem; tem um pouco de seqüência lógica; tem maior memória; organiza-se em grupos

procurando se identificar com eles; existe a diferença de interesses; não tem muito senso de

humor; é afetiva e sente necessidade de carinho; já participa de jogos com regras fixas; tem

dificuldades para manipular idéias opostas, senso de reciprocidade, expressa-se corporalmente e

com palavras e suo aprendizagem se dá por participação e por uma espécie de automotivação

criativa.

Em linhas gerais, a taxonomia piagetiana do período de desenvolvimento de preparação e

de organização das operações concretas, tem início com as simbolizações rudimentares que

aparecem por volta dos 2 anos de idade e termina com início do pensamento formal, durante os

primeiros anos da adolescência. Mas para esse estudo, nos importa só o início desse período,

que representa o período pré-operacional, que vai dos 2 aos 7 anos de idade, quando a criança

realiza suas primeiras tentativas relativamente desorganizadas e hesitantes de enfrentar um mundo

novo e estranho de símbolos.

Piaget caracterizou o pensamento pré-operacional como o meio caminho entre o

pensamento adulto socializado e o pensamento completamente altista e egocêntrico que

caracteriza a criança nessa fase.

A fase da educação infantil é fascinante, o progresso do desenvolvimento global da criança

é notável quanto a linguagem, o desenvolvimento cognitivo e as habilidades motoras, é muito rico

nas características individuais quanto as formas de sentir, do pensar, do comportar-se e do

expressar-se. É uma fase de integração social onde a criança ajusta-se um novo mundo, com

amiguinhos, com professores, etc.

29

A recreação na educação infantil deve, atender aos diferentes interesses das crianças,

dando-lhes a liberdade de escolha das atividades e proporcionando-lhes sempre o prazer e o

bem estar. O que deve determinar a escolha dos brinquedos, jogos, etc é o interesse das

crianças.

A diversificação de características comportamentais é grande, algumas crianças são

passivas, dependentes, retraídas e tímidas, já outras são ativas, líderes, independentes, criativas,

aventureiras, extrovertidas e curiosas. Independentemente de ser passiva ou ativa, é preciso

buscar o melhor desenvolvimento global para criança.

A brincadeira infantil passa a Ter uma importância fundamental na perspectiva do trabalho

da educação infantil, tendo em vista a criança como sujeito histórico e social. A brincadeira é,

primordialmente, a forma pela qual a criança começa a prender.

30

CONCLUSÃO

Com o progresso das grandes cidades, houve a redução do espaço físico e a falta de

segurança para as crianças brincarem. O ritmo da vida moderna fez diminuir o tempo reservado

para as atividades lúdicas.

Preservar e valorizar o brincar é uma maneira de fazermos a nossa história e a nossa

cultura. O brincar ,nunca deixará de ter o seu papel importante na aprendizagem, daí a

necessidade de não permitirmos suas transformações negativas e estimularmos a permanência e

existência, autêntica e espontânea, da atividade lúdica infantil.

Segundo a Declaração Universal dos Direitos da Criança, entre outras coisas, a criança

tem direito à recreação. E para criança da educação infantil, brincar é coisa mais séria, tão

necessária ao seu desenvolvimento quanto o alimento e o descanso. É o meio que a criança tem

de travar conhecimento com o mundo e adaptar-se ao que a rodeia.

É fundamental que a criança tenha tempo pata brincar, dentro do seu dia-a-dia. A

criança deve ter oportunidade de brincar na escola, em casa, na rua, em parques e áreas livres.

Muitas vezes ela não escolhe o lugar, pois o importante é o momento. Ela deve brincar consigo

mesma, com outras crianças, da mesma ou de idade diferente, com adultos. A companhia de

alguém é importantíssima.

Em sua vida, as crianças têm, de um lado, a necessidade de imitar e escolher seus

modelos, mas de outro, precisam expressar-se à sua maneira, serem aceitas e respeitadas,

ouvidas e levadas em conta em seus pontos de vista, necessitam ser reconhecidas como pessoas

distintas que são, com vida própria e potencial para uma progressiva autonomia.

O brincar sempre terá um fundo de aprendizagem, independente dos objetivos de cada

brincadeira. Brincando, a criança desenvolve suas capacidades físicas, verbais e intelectuais, e

tem maiores possibilidades de se tomar um adulto equilibrado, consciente e afetuoso. O

31

crescimento saudável do ser humano é o que há de mais importante na expressão autêntica do

brincar.

O brincar e o brinquedo vêm de encontro às características, às necessidades e interesses das

crianças, assim, contribuindo para a estimulação das habilidades motoras.

Na situação de brincar que as crianças se podem colocar desafios e questões além de

seu comportamento diário, levantando hipóteses na tentativa de compreender os problemas que

lhes são propostos pelas pessoas e pela realidade com a qual interagem. Quando brincam, ao

mesmo tempo em que desenvolvem sua imaginação, as crianças podem construir relações reais

entre elas e elaborar regras de organização e convivência. Ao brincarem, as crianças vão

construindo a consciência da realidade, ao mesmo tempo em que já vivem uma possibilidade de

modificá-la.

A recreação é ,uma atividade que proporciona a criança um melhor desenvolvimento

psico-social. Do ponto de vista individual, as atividades lúdicas podem concorrer para o

desenvolvimento fisco e psíquico da pessoa humana, proporcionando, a cada uma, mais

segurança, oportunidade de reconhecimento, prontidão em emitir respostas e aquisição de novas

experiências. Do ponto de vista em grupo, as atividades lúdicas podem ajudar na formação de

um clima descontraído, aumentar a participação, facilitar a comunicação,

estabelecer os padrões de grupo e envolver a liderança, além de exercerem controles sociais,

criando a solidariedade e a identidade de grupo. .;

A brincadeira é uma forma de atividade social infantil cuja característica imaginativa e

diversa do significado cotidiano da vida fornece uma ocasião educativa única para as crianças.

Na brincadeira, as crianças podem pensar e experimentar situações novas ou mesmo do seu

cotidiano, isentas das pressões situacionais. No entanto, é importante ressaltar que, pelo seu

caráter aleatório, a brincadeira também pode ser o espaço de reiteração de valores retrógrados,

conservadores, com os quais a maioria das crianças se confronta diariamente.

32

Não devemos transpor fases de aprendizagem, as quais devem ser ensinadas de forma

simplificada, objetiva, clara e de fácil aceitação para criança, pois ela precisa saber o que vai

fazer e compreender. O sucesso da atividade depende da intelectualização da criança.

Sabendo-se que a psicomotricidade é a relação do pensamento e da ação onde está

presente também a emoção, podemos concluir que é brincando que a criança exercita de forma

global e equilibrada todas essas atividades.

O lugar que a criança ocupa num contexto social específico, a educação a que está

submetida e o conjunto de relações sociais que mantém com personagens do seu mundo, tudo

isto permite compreender melhor o cotidiano infantil, é nesse cotidiano que se forma a imagem

da criança e do seu brincar.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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COSTE, Jean-Claude: A psicomotricidade. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981

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DS2001