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Moçambique o círculo vicioso do deslocamento forçado: guerra, desastres

naturais-reassentamento

Lisboa, 29 de Outubro de 2014 inesmacamo@gmail.comines.raimundo@uem.mz

Universidade Eduardo MondlaneFaculdade de Letras e Ciências Sociais

1

Cheias

Secas

Ciclones

Projectos de desenvolvimnto

Hostilidades militares

Reassentamento

2

Vinte e seis anos de guerra, 16 dos quais de “Guerra civil”, provocaram mais de 1 milhão de mortos. O

número de pessoas deslocadas internamente chegou a atingir mais de 4.5 milhões de população deslocada

internamente e aproximadamente 2 milhões de refugiados nos países vizinhos. As estruturas

económicas, as redes escolar, sanitária e as vias de comunicação foram destruídas ou danificadas. A organização social e familiar foi profundamente

desestruturada. O transnacionalismo é crescente no seio das famílias. (Raimundo 2010; UNHCR 2000; Babu and

Hassan 1994)

3

O Governo está a identificar zonas seguras para reassentar

definitivamente a população afetada por chuvas; equipa de

ajuda humanitária, que integra as Nações Unidas, estima em seis meses período de recuperação

das vítimas. (Governo de Moçambique 2013)

4

Cidade da Praia, 23 jan (Lusa) - Portugal vai iniciar imediatamente o apoio à população afetada pelas cheias no centro de

Moçambique através da Fundação Aga Khan, devendo "avançar com outros apoios" nos próximos dias, anunciou nesta quarta-feira o vice-ministro português das Relações Exteriores, João Cravinho.

(23/01/2008). http://noticias.uol.com.br/ultnot/lusa/2008/01/23/ult611u76511.jhtm (15/01/2014)

5

Moçambique: Exército começa limpezas em Chókwè depois das cheias (CENOE 29/01/2014)

6Município do Chókwè em Janeiro de 2014

7

Acordo de cessação das hostilidades militares. Maputo, 05/09/2014

Acordo de Paz em Roma. Roma, 04/10/1992

8

A seca é a calamidade mais comum e devastadora que tem afectado a Bacia do Limpopo. As secas severas na

Bacia do Limpopo têm ocorrido em intervalos de 7 a 11 anos, sendo as secas de menor intensidade as que

ocorrem mais regularmente (INGC et al 2003)

Distritos de Mabote e Changara

9

Reabilitação urbana de Maputo e reassentamentos em CMC e

Zimpeto

Imagens de Macaringue 2010

10

Em Moçambique os deslocamentose os reassentamentos do norte ao

Sul, espelham o tipo de povoamentos rurais e urbanos: uma

família com mais do que duasresidências

Conclusão

Os motores de deslocamentos forçados em Moçambique

11

Calamidadesnaturais

Projectos de desenvolvimento

económico

Hostilidadesmilitares/insegurança

militar

Reabilitaçãourbana

Algumascrenças e práticas

socioculturais; feitiçaria

Fenómenos cíclicostais como: chupa-

sangue, criminalidade

urbana(engomadores)

Moçambicanos e o círculo viciosode deslocamentos

População com malas às costas

Uma família em duas casas-estratégia de vida

12

“…Aqui se não fugimos da guerra, fugimos da fúria do Rio

Limpopo…Nunca imaginei que o Rio voltasse a encher da mesma forma como aconteceu em 2000.

Estou a reviver aqueles momentos…agora só me resta

que as águas sequem para voltar para o meu espaço” (2014)

“…tenho duas casas; uma em Malawi e outra aqui em Meluluco. Nunca sei se a guerra acabou. Mas

eu vou e volto…” (2005)

“…estive em Muxúngoè e vi muitas cabanas abandonadas. Até parece que voltamos aos

anos 80…de novo…” (2014)

13

A “Guerra civil” e osdeslocamentospopulacionais

14

Repatriamento de moçambicanos porpaíses de asilo entre 1992 e 1994

País de refúgio Número de pessoas

repatriadas

Tanzania 58.000

Malawi 1.285.000

Zâmbia 22.000

Zimbabwe 247.000

África do Sul 71.000

Zimbabwe 17.000

Total 1.700.000

Fonte: Raimundo, 2010 15

Os desastres naturais: Secas, ciclones, cheias e

deslocamentospopulacionais cíclicos

16

17

Ano Secas Pessoas afectadas

2008 Sul e Centro de Moçambique incluindo a

Bacia do Zambeze

60.000

2007 Sul e Centro de Moçambique incluindo a

Bacia do Zambeze

520.000

2004-

2005

Sul e Centro de Moçambiqueincluindo a

Bacia do Zambeze

600.000

2002-

2003

Sul e Centro de Moçambique incluindo a

Bacia do Zambeze

600.000

Cheias

2008 Bacia do Zambeze 258.000

2007 Bacia do Zambeze 250.000

2001 Bacia do Zambeze 115 pessoas mortas e

500.000 afectadas

Ciclones

2003 Japhet 100.000

2007 Favio 160.000

2008 Jokwe 200.000

Fonte: INGC et al (2011)

Entre a seca, cheias e ciclones:

2003 - 2008

CicloneTropical

Irina 2012

18

Ciclone Favioem 2008

19

Ciclone Fávio 200820

21

Cidade de Maputo,19/08/2014 22

Rio Zambeze, Fevereirode 2014

Mozambicans under water (www.migration.org.za)

23

Distrito de Mabote, 2010

24

Reassentamentospopulacionais

forçados

25

26

(1)Calamidades naturais

Até terça-feira, o número de pessoas refugiadas pelas cheias no vale do Zambeze, centro de Moçambique, era de 77.150, segundo o porta-voz do Centro Nacional Operativo de Emergência, Belarmino Chivambo (Fevereiro de 2014).Reassentadas duas mil pessoas afectadas pelas cheias no centro de Moçambique. (CENOE, 05 de Março de 2013)

(2)Reabilitiação

urbana

27

28

Imagens de Macaringue, 2010

Reabilitação Urbana

29

30

(3)Projectos de

Desenvolvimento Económico

Reassentamentos forçados devido a projectos de desenvolvimento

Total de famílias

atingidas pelo

projecto

Novos

assentamentos

Número de famílias

alojadas

1365 Unidade 6 do Bairro

25 de Setembro na

Vila de Moatize

289

Cateme, Posto

Administrativo de

Kambulatsisti,

Distrito de Moatize

716

Fonte: LDH, Justiça Ambiental, Associação de Apoio e Assistência Jurídica as

Comunidades e UNAC, Carta dirigida ao presidente da República, 26/10/2012

31

A estrada Circular

• A Estrada Circular de Maputo é uma infra-estrutura que visa contribuir para descongestionar o tráfego na entrada e saída das cidades de Maputo e Matola.

• Extensão-74km;

• Largura total-23metros com separador central e bermas;

• Faixas de rodagem (04 sendo 02 em cada sentido)

• Número de nós- 03 (Marracuene, Zimpeto e Tchumene);

• pontes sobre ferrovia-03 (02 na linha do Limpopo e 01 na linha de Ressano Garcia).

32

População abrangida pela Estrada Circular

• Cerca de 2 mil famílias

• Total 2090 infra-estruturas públicas e privadas, incluindo redes de abastecimento de água, energia, habitações e lojas,

• 819 machambas

• 422 campas

33

(4)Hostilidades Militares

2013-2014

34

População DeslocadaInternamento devio a instabilidade militar

Serra da Gorongosa35

Maríngoè

Acampamento militar em Inchope

36

37

As secas, as cheias, os ciclones, as guerras e o desenvolvimento moldaram o povo moçambicano

a uma permanente mobilidade. Aqui é assim….duas casas:

Uma na “zona” baixa e outra na “ zona” alta;Uma no campo de reassentamento/acomodação eoutra na área de residência habitual;Uma no mato e outra na aldeia;Uma no mato e outra na cidade;Uma na berma da estrada e outra longe da estrada

Cheias

Secas

Ciclones

Projectos de desenvolvimnto

Hostilidadesmilitares

Reassentamento

38

Círculo vicioso do deslocamento forçado

O deslocamento e o acesso à terra

39

A terra é propriedade do Estado e não pode ser vendida ou, por qualquer outra forma, alienada, hipotecada ou penhorada (Lei 19/1997)

40

O direito de escolha e de decidir sobre os lugares

?

SOWETO: So Where To?

41

Excesso de águaFalta de águaCiclonesSecasGuerraReassentamentos

So Where To? (SOWETO)

• Não existe uma escolha racional, ou decisão sobre o lugar;

• Baseiam-se no que existe ou nas condições que lhes são oferecidas de momento

• Baseiam-se na distância em relacção à cidade

• Baseiam-se nas relacções de amizade e de parentesco. Vou para onde está o meu vizinho, o meu parente… tenho família em Malawi.

42

43

Estou cansada de fugir…quero fazer

machamba em paz.

Não sou cágado queanda com a sua casa

às costas

Confltos

Será que as calamidadesnaturais são uma luta desigual?

Reabilitaçãourbana. Até

quando?

44

Como classificar este tipo de mobilidade populacional?

45

Moçambique é maningue nice

Khanimambo

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