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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
ANA PAULA SOUZA PINTO
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA SALVADOR NA COOPERATIVA DOS AGENTES AMBIENTAIS DA NOVA REPÚBLICA (CANORE) NO MUNICÍPIO DE
SALVADOR – BAHIA
SALVADOR
2018
ANA PAULA SOUZA PINTO
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA SALVADOR NA COOPERATIVA DOS AGENTES AMBIENTAIS DA NOVA REPÚBLICA (CANORE) NO MUNICÍPIO DE
SALVADOR – BAHIA
SALVADOR 2018
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
ao curso de Graduação em Geografia da
Universidade Federal da Bahia como requisito
parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Geografia.
ANA PAULA SOUZA PINTO
GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS: ESTUDO SOBRE A ATUAÇÃO
DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA SALVADOR NA COOPERATIVA DOS
AGENTES AMBIENTAIS DA NOVA REPÚBLICA (CANORE) NO MUNICÍPIO DE
SALVADOR – BAHIA
Salvador, 13 de dezembro de 2018.
Banca Examinadora
Prof. Dr. Alcides dos Santos Caldas
Orientador – IGEO/UFBA
Prof. Dr. Pablo Santana Santos
IGEO/UFBA
Prof. Msc. Cristiano Cassiano Araújo
PUC – Minas Gerais
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado ao curso de Graduação
em Geografia da Universidade Federal
da Bahia como requisito parcial para
obtenção do grau de Bacharel em
Geografia.
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço ao meu Deus por cuidar de mim nos mínimos
detalhes e por ter me concedido esta oportunidade de realizar esse trabalho.
Em segundo lugar, agradeço ao meu pai, Jorge Pinto, que dedicou sua vida
para que eu pudesse estudar. Sempre cobrando, participando, correndo atrás,
fazendo o possível e o impossível para que nada atrapalhasse os meus estudos e
para que eu desse o melhor de mim. Agradeço por estar ao meu lado desde minha
alfabetização até o Ensino Superior, por nunca ter desistido e sempre ter acreditado
nos meus sonhos.
A minha mãe, Marinalva, por ser essa mulher batalhadora, guerreira e
trabalhadora, que está sempre presente e que não mede esforços para ajudar os
seus filhos.
Ao Nilton, por ser essa pessoa incrível que está sempre disposto a ajudar no
que for preciso e faz o seu melhor pelo curso de Geografia.
Aos cooperados da Canore, pela ótima receptividade e por permitirem que
suas vidas fossem relatadas neste trabalho.
Aos professores do curso de Geografia da UFBA que exercem sua profissão
com maestria e dedicação.
Em especial, ao meu orientador Prof. Dr. Alcides dos Santos Caldas, por ter
aceitado fazer comigo essa caminha. Obrigada pela paciência, dedicação e pelas
valiosas contribuições.
EPÍGRAFE
“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas graças a Deus, não sou o que era antes”. (Marthin Luther King)
RESUMO
Como consequência direta da ação consumista da sociedade contemporânea, tem-se a geração, cada vez maior, de resíduos sólidos nas cidades, o que tem se tornado um grande problema e desafio a ser solucionado pelos gestores públicos. Neste sentido, esse trabalho retrata sobre a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, evidenciando um estudo relativo à atuação do Programa de Coleta Seletiva Salvador na Cooperativa dos Agentes Ambientais da Nova República (Canore), no município de Salvador, Bahia. A organização de catadores em forma de cooperativas possibilita a valorização e profissionalização da atividade do catador e da catadora, a inclusão social e o resgate da cidadania, bem como a retirada das pessoas dos lixões. Portanto, faz-se necessário analisar a atuação do Programa Coleta Seletiva Salvador e suas consequências na vida dos cooperados da Cooperativa Canore. Como técnica de pesquisa, utilizou-se a abordagem exploratória com o emprego da observação de campo e aplicação de entrevistas semiestruturadas aos sujeitos envolvidos, além da prática de análise do discurso como método de valorização do agente em seus aspectos ideológicos e sentimentais. Observou-se que, para os cooperados, o Programa de Coleta Seletiva Salvador, serve apenas, como uma ajuda para seu sustento, pois os agentes da cooperativa não fazem a separação do seu próprio resíduo doméstico e como forma de destinação final depositam nas caixas coletoras comuns, não utilizando os Pontos de Entrega Voluntários (PEVs) ou os coletores especificados para papel, plástico, metal e vidro. Por outro lado há o questionamento sobre a atuação da Prefeitura, por meio do Programa Coleta Seletiva Salvador, que segundo os cooperados, não dão a assistência necessária para o funcionamento da Cooperativa, como, por exemplo, suporte a infraestrutura e distribuição de Equipamento de Proteção Individual (EPI). Por conseguinte, os cooperados buscam uma forma de inserção social, tendo como metas melhores condições e suporte, junto a Prefeitura, para realização de suas atividades. Foi possível verificar que o programa possui pontos que precisam ser revistos ou melhorados como, por exemplo, a conscientização da população sobre a coleta seletiva, através da educação ambiental, além de investimentos e incentivos não só com instalação de PEV, principalmente em locais onde se concentra pessoas de maior poder aquisitivo, e sim, que possa atender a todos os bairros do município.
Palavras-Chave: Resíduos sólidos urbanos, atuação, coleta seletiva, cooperativa de
materiais recicláveis.
ABSTRACT
As a direct consequence of the consumer action of contemporary society, there is an
increasing generation of solid waste in the cities, which has become a major problem
and challenge to be solved by public managers. In this sense, this paper portrays
Urban Solid Waste Management, evidencing a study on the performance of the
Salvador Selective Collection Program in the New Republic Environmental Agents
Cooperative (Canore), in the city of Salvador, Bahia. The organization of collectors in
the form of cooperatives enables the valorization and professionalization of the taster
and the collector, social inclusion and the rescue of citizenship, as well as the
withdrawal of people from the dumps. Therefore, it is necessary to analyze the
performance of the Salvador Selective Collection Program and its consequences in
the lives of Cooperative members of the Canore Cooperative. As a research
technique, the exploratory approach was used with the use of field observation and
the application of semi-structured interviews to the subjects involved, besides the
practice of discourse analysis as a method of valuing the agent in its ideological and
sentimental aspects. It was observed that, for the cooperative, the Salvador Selective
Collection Program serves only as an aid to their livelihood, since the agents of the
cooperative do not separate their own household waste and as a final destination
deposit in the collection boxes using Volunteer Delivery Points (PEVs) or specified
paper, plastic, metal, and glass collectors. On the other hand there is the questioning
about the performance of the Municipality, through the Salvador Selective Collection
Program, which according to the cooperative, do not provide the necessary
assistance for the operation of the Cooperative, such as support for infrastructure
and distribution of Personal Protective Equipment (PPE). Therefore, the members of
the cooperative seek a form of social insertion, aiming at better conditions and
support, together with the City Hall, to carry out their activities. It was possible to
verify that the program has points that need to be reviewed or improved, such as the
population's awareness about the selective collection through environmental
education, besides investments and incentives not only with the installation of ENP,
especially in places where concentrates people of greater purchasing power, but yes,
that can attend to all the districts of the municipality.
Keywords: Solid Urban Waste, Performance, Selective Collection, Cooperative of
Recyclable Materials.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Idade p.62
Gráfico 2: Escolaridade p.63
Gráfico 3: Renda Familiar p.64
Gráfico 4: Separação dos resíduos sólidos domésticos p.65
Gráfico 5: Função das PEVs p.65
Gráfico 6: Despesas da Cooperativa p.69
Gráfico 7: Porcentagem dos tipos de coletas p.70
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Carroça manual p.29
Figura 2: Carroça com tração animal p.29
Figura 3: Reboque com trator p.30
Figura 4: Caminhão baú p.30
Figura 5: Caminhão basculante convencional p.30
Figura 6: Caminhão Compactador p.30
Figura 7: Vassouras de garrafa PET p.37
Figura 8: Vasos de Plantas p.37
Figura 9: Reutilização do Vidro p.37
Figura 10: Garrafa Retornável p.37
Figura 11: Coletores de Reciclagem p.38
Figura 12: Ponto de Entrega Voluntária p.39
Figura 13: Materiais que podem ser depositados nos PEVs p.45
Figura 14: Placa de Inauguração da Cooperativa p.53
Figura 15: Balança Eletrônica para pesagem do material p.55
Figura 16: Prensa p.56
Figura 17: Esteira de rolagem p.56
Figura 18: Galpão da Cooperativa p.57
Figura 19: Terreno onde são armazenados os materiais p.58
Figura 20: Escritório da Cooperativa p.59
Figura 21: Cozinha da Cooperativa p.59
Figura 22: Local da Cozinha onde são feitas as refeições p.60
Figura 23: Casa do óleo p.61
Figura 24: Maquina de Filtrar Óleo p.61
Figura 25: Local de armazenamento do óleo p.62
Figura 26: Óleo de cozinha armazenado para ser vendido p.66
Figura 27: Papelão prensado para ser vendido p.67
Figura 28: Caminhão utilizado para recolher materiais recicláveis p.68
LISTA DE MAPAS
Mapa 1: Localização do Aterro Metropolitano Centro p.43
Mapa 2: Distribuição das Cooperativas pelo Município de Salvador p.46
Mapa 3: Distribuição dos Postos de Coleta em Salvador p.47
Mapa 4: Localização da Canore no bairro de Santa Cruz p.54
Mapa 5: Bairros de atuação da Canore p.67
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Metas para Redução dos Resíduos Sólidos p.23 Quadro 2: Classificação Quanto à Origem p.25 Quadro 3: Classificação Quanto à Periculosidade p.28 Quadro 4: Classificação quanto à biodegradabilidade p.28 Quadro 5: Classificação dos Sistemas de Coleta e Transporte p.31 Quadro 6: Modelos de Coleta Seletiva p.35 Quadro 7: Princípios dos 3rs p.36 Quadro 8: Produtos Recicláveis e Não-Recicláveis p.40
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIMAQ - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos
Especiais.
Ambev - Companhia de Bebidas das Américas
AMC - Aterro Metropolitano Centro
ANTT - Agência Nacional de Transportes Terrestres
BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
CNM - Confederação Nacional dos Municípios
Conama - Conselho Nacional de Meio Ambiente
EPI - Equipamento de Proteção Individual
FUNASA – Fundação Nacional de Saúde
INSS – Instituto Nacional do Seguro Social
IPTU- Imposto Predial e Territorial Urbano
LIMPURB - Companhia de Limpeza Urbana
MMA - Ministério do Meio Ambiente
NBR - Norma Técnica Brasileira
PET - Polietileno Tereftalato
PEV - Posto de Entrega Voluntária
PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos
PRS - Portal Resíduos Sólidos
PRS - Programa Recicla Salvador
RSU – Resíduo Sólido Urbano
SECIS - Secretaria Cidade Sustentável
SECOM - Secretaria de Comunicação
SINIR - Sistema de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos
Sisnama - Sistema Nacional do Meio Ambiente
SNVS - Sistema Nacional de Vigilância Sanitária
UNIFACS – Universidade Salvador
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................... 16
2 OBJETIVOS .................................................................................................... 20
2.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 20
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................ 20
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 21
3.1 POLÍTICA NACIONAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS ...................................... 21
3.2 RESÍDUOS SÓLIDOS ................................................................................. 24
3.3 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM...................................................... 25
3.4 CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PERICULOSIDADE .................................... 27
3.5 COLETA E TRANSPORTE .......................................................................... 29
3.6 MÉTODOS DE TRATAMENTO DO RESÍDUO SÓLIDO E DESTINAÇÃO
FINAL ................................................................................................................ 31
3.6.1 Lixão .......................................................................................................... 32
3.6.2 Aterro Controlado ...................................................................................... 33
3.6.3 Aterro Sanitário ......................................................................................... 32
3.6.4 Incineração ................................................................................................ 33
3.6.5 Compostagem ........................................................................................... 34
3.7 Coleta Seletiva ............................................................................................. 34
3.8 RECICLAGEM: IMPORTÂNCIA E BENEFÍCIOS PARA O MEIO
AMBIENTE ........................................................................................................ 36
3.9 PLANO DE GESTÃO INTEGRADA DE RESÍDUOS SÓLIDOS
DO MUNICÍPIO DE SALVADOR ....................................................................... 40
3.10 PROGRAMA DE COLETA SELETIVA SALVADOR ................................... 42
4 ESTUDO DE CASO: A COOPERATIVA CANORE ........................................ 49
4.1 PERGUNTA DE PESQUISA ....................................................................... 49
4.2 OBJETO DE ESTUDO ................................................................................ 49
4.3 TIPO DE PESQUISA .................................................................................... 50
4.4 LEVANTAMENTO DE DADOS ................................................................... 50
4.4.1 Análise de Dados ...................................................................................... 51
4.4.2 Entrevista Semiestruturada ....................................................................... 52
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 53
5.1 LOCALIZAÇÃO DA COOPERATIVA CANORE ........................................... 53
5.2 INFRAESTRUTURA DA COOPERATIVA .................................................... 55
5.3 PERFIL SOCIOECONÔMICO DOS COOPERADOS .................................. 62
5.4 TIPO DE MATERIAL RECICLÁVEL QUE A COOPERATIVA RECEBE ...... 66
5.5 COLETA, TRANSPORTE E DESPESAS ..................................................... 67
5.6 DESTINAÇÃO FINAL DOS MATERIAIS RECICLÁVEIS ............................. 69
5.7 O PAPEL DO PROGRAMA DE COLETA SELETIVA SALVADOR NA COOPERATIVA CANORE ................................................................................. 70
6 CONCLUSÃO ................................................................................................. 73
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 76
APÊNDICE ......................................................................................................... 81
16
1 INTRODUÇÃO
Antigamente, a sociedade, de modo geral, consumia produtos cujos resíduos
sólidos gerados eram orgânicos e, por conseguinte, voltavam para a natureza por
intermédio da putrefacção. Com o advento da Revolução Industrial, o homem
aprendeu novas formas de fabricar produtos e como consequência passou a
produzir muito mais do que realmente necessitária para sobreviver de modo
saudável, com qualidade e principalmente em equilíbrio com o meio ambiente.
Em vista disso, o modo de vida da sociedade, atualmente, baseia-se, por via
de regra, no consumismo cada vez maior e constante, visto que os produtos são
fabricados de modo a serem obsoletos rapidamente, ou seja, para ser substituído o
mais depressa possível, como se pode observar com os aparelhos eletrônicos como
celulares, televisores, computadores, entre outros.
De acordo com Schumpeter (1997), a “destruição criativa” é a capacidade de
o sistema capitalista fazer criar e destruir necessidades e culturas de consumo por
meio de inovações e aperfeiçoamentos tecnológicos. Os impactos que resultam
desta destruição, além de apresentar uma produção de tecnologia obsoleta,
oferecem risco, isto é, um resíduo que pode contaminar o meio ambiente causando
danos irreparáveis. Pode-se constatar dessa forma, nos dias atuais, uma geração
cada vez maior de resíduos sólidos caracterizada pela influência da cultura do
consumismo, principalmente, onde há maior concentração de pessoas, como é o
caso dos grandes centros urbanos.
Em decorrência dessa busca incessante por conforto e praticidade tem-se
extraído muito recursos naturais que são transformados nas indústrias e, por muitas
vezes, não voltam para a natureza de forma fácil, demandando dessa maneira
processos especiais ou levando até anos para serem degradados naturalmente.
“Cada vez mais, tem sido possível comprovar graves desequilíbrios do
ambiente global como reflexo de problemas econômicos e sociais e da má utilização
e espoliação dos recursos naturais” (BALDISSARELLI, 2009, p.7).
Com o aumento acelerado do consumo, tem-se multiplicado a quantidade de
resíduos, o que tem como consequência o agravo dos problemas ambientais como a
contaminação e o esgotamento dos recursos naturais. Assim, uma das principais
preocupações ambientais é com os resíduos sólidos que tem se tornado um grande
problema para a sociedade.
17
A produção de resíduos sólidos pode ocorrer de várias formas: industrial,
doméstica, hospitalar, da construção civil, do serviço de saúde, entre outros, que
podem ser reciclados, reaproveitados ou simplesmente se tornarem lixos que são
aquilo que não se tem mais valor, conhecidos como rejeitos.
No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), por meio da PRNS, “prevê á
prevenção e a redução na geração de resíduos, tendo como proposta a prática de
hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o
aumento da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos” (BRASIL, 2010, p.1).
De acordo com a CEMPRE (2016) desde que a PNRS entrou em vigor,
somente 18% dos municípios brasileiro operam com programa de coleta seletiva. No
Brasil se recicla apenas, 35% do papel, 89% das latas de alumínios, 40% da resina
plástica PET, 77,3% do volume total de papelão ondulado, 45% das embalagens de
vidro, 22% do óleo lubrificante e 1,5% dos resíduos orgânicos domésticos gerados
são reciclados por meio da compostagem.
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos
(ABIMAQ), 2017, o Brasil gera por ano quase 80 milhões de toneladas de rejeitos e
recicla somente 3%, levando a economia brasileira perder R$ 120 bilhões por ano
com produtos que poderiam ser reciclados.
Por conseguinte, os dados de 2017 da Confederação Nacional dos Municípios
(CNM), mostram que a Região Sudeste dispõem os resíduos sólidos
inadequadamente, já nas Regiões Norte e Nordeste são dispostos em aterros
controlados e lixões onde não há impermeabilização do solo.
Tendo em vista esse cenário, destaca-se o papel importante e sustentável
das cooperativas de reciclagem, as quais contribuem para a limpeza das cidades,
pois as mesmas além de limparem as vias públicas, geram trabalho e renda para os
“A questão dos resíduos sólidos urbanos são absolutamente urgente, dada a dimensão catastrófica da sua situação nos municípios e nas regiões metropolitanas, e do atraso brasileiro no enfrentamento desse tema. Ao mesmo tempo, absolutamente necessário louvar as iniciativas que têm sido feitas no Brasil inteiro. É importante considerar as experimentais e os trabalhos nesse sentido, nos níveis municipal, estadual, e nacional, tanto no campo legislativo e institucional como na experimentação concreta, envolvendo universidades, ONGs e comunidades” (SANTOS, 2012, p.18).
18
cooperados e as cooperadas e, consequentemente, suas famílias, além de ter uma
ação social e fundamental na preservação do meio ambiente.
A principal contribuição das cooperativas se dá através do trabalho da coleta
e separação dos resíduos sólidos, que proporciona a extensão da vida útil dos
produtos e das embalagens que certamente teriam como destino os lixões a céu
aberto ou os aterros sanitários.
Desse modo, além do papel ambiental, as cooperativas têm o papel social de
acolher pessoas que possuem dificuldades de ingressar no mercado de trabalho e,
consequentemente, são vítimas de discriminação por possuírem baixa escolaridade,
problemas com álcool e drogas ou até mesmo por serem oriundas de sistema
penitenciário, entre outros.
Segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e
Resíduos Especiais (ABRELPE), em 2017 o montante de resíduos sólidos coletados
foi de 71,6 milhões de toneladas, registrando um índice de cobertura de coleta de
91,2% para o país, o que evidencia que 6,9 milhões de toneladas de resíduos não
foram objeto de coleta e, consequentemente, tiveram destino impróprio.
Esses dados reforçam a importância das cooperativas e revelam a
necessidade de uma política pública, através da gestão de resíduos sólidos, que
realmente proporcione o apoio e o suporte necessários que as mesmas necessitam
para desenvolver a sua atividade com qualidade e segurança.
A questão central desse trabalho é a Gestão de Resíduos Sólidos com
enfoque no Programa de Coleta Seletiva Salvador, que foi implantado no ano de
2015, como uma política pública que promovesse a limpeza urbana e incentivar a
[...] os catadores propõem um modelo de organização cooperativa para a atividade econômica da reciclagem, tendo como perspectiva o fato de que o impulso a essa atividade e os benefícios econômicos de sua ampliação devem ser repartidos de forma justa, proporcional ao trabalho realizado e de forma solidária. (Pereira; Goes, 2016, p.24).
“Muitos fatores podem influenciar os programas de reciclagem em diferentes locais. Alguns desses fatores incluem: participação pública, comportamentos e atitudes de reciclagem e o papel das estruturas reguladoras. O engajamento público é reconhecido como crítico para construir um programa de reciclagem bem-sucedido” (UPENDRA; SHASHIDHAR; RENI, 2017, p. 2)
19
reciclagem na cidade, analisando sua atuação na Cooperativa dos Agentes
Ambientais da Nova República (Canore).
A pergunta que norteou esse estudo foi gerada da seguinte forma: Qual o
impacto da atuação do Programa de Coleta Seletiva de Salvador na Cooperativa dos
Agentes Ambientais da Nova República (Canore)?
O estudo aqui apresentado se estruturou em seis capítulos, da seguinte
forma: o capítulo primeiro se refere à introdução; o capítulo segundo aos objetivos
da pesquisa. O terceiro capítulo trata-se da revisão bibliográfica que aborda sobre a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, os resíduos sólidos: definição, origem,
classificações e geração, a reciclagem, métodos de tratamentos, coleta, além de
averiguar sobre a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Salvador.
O quarto capítulo aborda sobre a metodologia baseada no estudo de caso, o
método qualitativo e de caráter exploratório, pois se propõe a investigar como ocorre
o funcionamento do Programa de Coleta Seletiva Salvador e as consequências que
causam na vida dos cooperados da Cooperativa Canore, e também de caráter
descritivo, pois procurou-se coletar dados através da aplicação de entrevistas
semiestruturadas e observação da rotina dos catadores de materiais recicláveis.
O quinto capítulo traz os resultados e discussão sobre a Cooperativa, bem
como a sua organização e infraestrutura, com ênfase no papel do Programa de
Coleta Seletiva Salvador na Cooperativa.
O sexto capítulo contém a conclusão da pesquisa, com uma síntese do
trabalho abordando os principais resultados obtidos.
20
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar a atuação do Programa de Coleta Seletiva Salvador na Cooperativa
dos Agentes Ambientais da Nova República (Canore)
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Conceituar Resíduos Sólidos, destacando a importância da reciclagem.
2. Identificar os tipos de resíduos classificados pela Política Nacional de
Resíduos Sólidos.
3. Apresentar os métodos de tratamento dos resíduos sólidos.
4. Averiguar a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos de Salvador
5. Analisar o Programa de Coleta Seletiva Salvador
6. Investigar a situação socioeconômica dos cooperados da Cooperativa Canore
21
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Essa revisão bibliográfica tem como objetivo tentar acentuar a problemática
dos resíduos sólidos e da reciclagem, através de análise de dados e conceitos
relativos ao tema, apresentando aqueles que são os mais relevantes à pesquisa.
3.1 Política Nacional de Resíduos Sólidos
Após uma longa discussão com a sociedade brasileira, através dos
Seminários Regionais de Resíduos Sólidos - Instrumentos para Gestão Integrada e
Sustentável, promovidos em conjunto pelos Ministérios do Meio Ambiente, das
Cidades, da Saúde, FUNASA e Caixa Econômica Federal, o texto aprovado pelo
Congresso Nacional foi sancionado pela Presidência da República, sem nenhum
veto. A Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi instituída pela Lei 12.305
de 02 de agosto de 2010.
A PNRS, em seu artigo 1º, ressalta: disciplinar a gestão integrada e o
gerenciamento dos resíduos sólidos, fazendo uso de princípios, objetivos e
instrumentos que a viabilizem, e atribuindo responsabilidade aos geradores, ao
poder público e às pessoas físicas ou jurídicas responsáveis, direta ou
indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações
relacionadas à gestão de resíduos sólidos (BRASIL, 2010, p. 1). Logo, toda a
sociedade brasileira é responsável pela gestão integrada e pelo gerenciamento dos
resíduos sólidos.
“A gestão integrada dos resíduos sólidos, a ser implantada em cada cidade,
precisa da participação ativa da sociedade. Assim, o papel da educação ambiental
torna-se fundamental em todas essas ações continuadas de conscientização do
interesse coletivo e de cooperação individual” (Santaella, 2014, p.115). Assim, os
planos de gestão, devem tratar de questões como coleta seletiva, reciclagem,
inclusão social e participação da sociedade civil durante a elaboração,
implementação e monitoramento.
A PNRS institui a responsabilidade compartilhada dos geradores de resíduos:
dos fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de
serviços de manejo dos resíduos sólidos urbanos na Logística Reversa dos resíduos
e embalagens pós-consumo. Logo, evidencia-se que toda a sociedade tem um papel
22
fundamental para que essa política realmente seja colocada em prática, e para que,
dessa forma, possa existir verdadeiramente uma redução na quantidade de resíduos
sólidos.
De acordo com o MMA, a PNRS incorpora conceitos modernos de gestão de
resíduos sólidos e se dispõe a trazer novas ferramentas à legislação ambiental
brasileira. Ressaltam-se alguns desses aspectos quais sejam:
“Art.3° I - acordo setorial: ato de natureza contratual firmado entre o poder público e
fabricantes, importadores, distribuidores ou comerciantes, tendo em vista a implantação
da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto”;
“Art. 3o V - coleta de resíduos sólidos previamente segregados conforme sua
constituição ou composição”;
“Art.3° XII - logística reversa: instrumento de desenvolvimento econômico e social,
caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar
a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para
reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final
ambientalmente adequada”;
“Art.3° XVII - responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos: conjunto
de atribuições dos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, dos
consumidores e dos titulares dos serviços públicos de limpeza urbana e manejo dos
resíduos sólidos pela minimização do volume de resíduos sólidos e rejeitos gerados,
bem como pela redução dos impactos causados à saúde humana e à qualidade
ambiental decorrentes do ciclo de vida dos produtos, nos termos desta Lei” (BRASIL,
2010, p.10).
“Art. 6° II - não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos
sólidos, bem como disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos” (BRASIL,
2010, p.12).
“Art. 7° VI - Integração dos catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis nas ações
que envolvam a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida dos produtos”
(BRASIL, 2010, p. 14).
A PNRS determina uma destinação adequada para os resíduos, de forma a
não agredir o meio ambiente, promovendo, um aumento da ação da reciclagem no
país e uma diminuição do uso de recursos naturais, como água e energia, na
produção de novos produtos. Desse modo, tem como metas principais para a
redução de resíduos sólidos: (Quadro 1)
23
Quadro 1: METAS PARA REDUÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS
Metas Descrição
1 Eliminação total dos lixões até 2014
2
Lixões recuperados (queima pontual dos gases, coleta do chorume, drenagem pluvial, compactação da massa, cobertura vegetal)
3 Disposição final ambientalmente adequada de rejeitos em todos os municípios
4 Redução dos resíduos recicláveis secos dispostos em aterro, com base na caracterização nacional em 2012.
5 Inclusão e fortalecimento da organização de 600.000 catadores.
6 Redução do percentual de resíduos úmidos disposto em aterros, com base na caracterização nacional.
7 Recuperação de gases de aterro sanitário.
8 Planos estaduais elaborados até 2012, planos intermunicipais e municipais elaborados até 2014.
9 Estudos de Regionalização em 100% dos estados até 2012
10 Municípios com cobrança por serviços de RSU, sem vinculação com o IPTU.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente, 2011.
Apesar do prazo de muitas metas já terem sidos ultrapassados, pode-se
constatar que a PRNS tem mostrado resultados positivos, como por exemplo, a
diminuição do número lixões nos municípios que, consequentemente, foram
substituídos por aterros sanitários. Ademais, a PNRS indica também a mudança no
modo como os resíduos sólidos passam a ser entendido, o que envolve aspectos
para além da questão da saúde pública, traduzido no momento em que os resíduos
são dotados de valor social, econômico e ambiental.
Desta maneira, possui um caráter de inclusão social, pois a mesma tem como
uma de suas bases o Decreto Federal nº 5.940/2006, que “institui a separação dos
resíduos recicláveis descartados pelos órgãos e entidades da administração pública
federal direta e indireta, na fonte geradora, e a sua destinação às associações e
cooperativas dos catadores de materiais recicláveis [...]” (BRASIL, 2010).
Vale ressaltar que a PNRS busca trazer mecanismos direcionados à
facilitação e manutenção de parcerias que promovam à efetivação da política como
um todo entre os atores envolvidos, além de incluir o catador como um ator de
extrema importância estratégica para a gestão de resíduos, pois os mesmos foram
considerados como a mão-de-obra mais disponível e que possui conhecimento
técnico na sua atuação.
24
3.2 Resíduos Sólidos
Para melhor compreensão da PNRS, faz-se necessário abordar sobre a
definição de resíduos sólidos, a sua origem e periculosidade, bem como a
destinação final e coleta seletiva.
A Associação Brasileira de Normas e Técnicas (ABNT), através da NBR
10.004/2004, define-se resíduo sólido como:
Assim sendo, entende-se que os resíduos sólidos são todos aqueles materiais
gerados nas atividades de produção, transformação ou consumo, que não
alcançaram valor econômico e social imediato (Moraes, 2000, p.2).
A Lei n° 12.305 de 02 de agosto de 2010, que institui a Política Nacional de
Resíduos Sólidos, no seu artigo 3°, inciso XVI entende como resíduos sólidos:
Pode-se observar através da análise dessas definições, que as mesmas
referem-se somente para descartes, ou seja, está ligada aquilo que não tem mais
valor de uso e consumo denominados como rejeitos.
Os resíduos sólidos são vistos como tudo que geramos e, logo em seguida,
desprezamos no nosso cotidiano sem que haja alguma utilidade em nossas casas,
bairros, ruas (NUNES, SCACABAROSSI, ARAÚJO, 2016, p.21).
O aumento da população e da urbanização, juntamente como seu progresso
econômico, tem provocado e influenciado um consumo cada vez maior para suprir o
estilo de vida que as pessoas têm adotado. Essa forma de agir esta intrinsicamente
“resíduos nos estados sólidos e semissólidos, que resultam de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviço e de varrição. Ficam incluídos nessa definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água [...]” (ABNT, 2004, p.1)
“Material, substância, objeto ou bem descartado resultante de atividades humanas em sociedade, a cuja destinação final se procede, se propõe proceder ou se está obrigado a proceder, nos estados sólido ou semissólido, bem como gases contidos em recipientes e líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou em corpos d’água, ou exijam para isso soluções técnicas ou economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia disponível”. (BRASIL, 2010, p.7)
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relacionado à geração de resíduos sólidos, que apresenta na composição de alguns
materiais e substâncias que polui o meio ambiente, pois não são biodegradáveis e
muitas vezes não servem para reciclagem.
A população brasileira apresentou um crescimento de 0,75% entre 2016 e
2017, enquanto a geração per capita de resíduos sólidos urbanos (RSU) apresentou
aumento de 0,48%. A geração total de resíduos aumentou 1% no mesmo período,
atingindo um total de 214.868 toneladas diárias de RSU no país (ABRELPE, 2017,
p.15). Quando os resíduos não são reciclados, reutilizados ou dispostos em locais
adequados, geralmente são depositados em ruas, praias, rios e córregos, causando
graves problemas como enchentes, poluição, mau cheiro, proliferação de ratos,
baratas e insetos que podem transmitir doenças.
Diante do exposto pode-se deduzir que os resíduos sólidos são materiais que
foram descartados por uma dada população como aquilo que não serve mais, ou
seja, que não tem mais utilidade. Porém, é notório saber que a maioria desses
“descartes” podem ser reaproveitados ou reciclados de modo ecologicamente
correto. E aqueles que são denominados de rejeitos podem e devem ser
descartados em locais adequados.
3.3 Classificação quanto à origem
A classificação dos resíduos sólidos de acordo com sua origem é importante
para determinar a sua correta coleta, bem como o seu transporte e a sua destinação
final. Desse modo, pode-se determinar o correto gerenciamento desses resíduos,
além de ser uma melhor alternativa de custo-benefício, pois gera mais opções de
destinação, sendo consideradas alternativas mais baratas.
A Lei n°12.305, no seu art. 13, parágrafo primeiro e alíneas a, b, c, d, e, f, g,
h, i, j, k, classifica os resíduos quanto à origem como: domiciliares, de limpeza
urbana, sólido urbano, estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços,
industriais, serviços de saúde, construção civil, agrossilvopastoris, serviços de
transportes e de mineração (Quadro 2).
Quadro 2: CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ORIGEM
Tipo de Resíduo Características
Resíduos Domiciliares
Os originários de atividades domésticas em residências urbanas, constituídos de restos de comida, cascas de alimentos, verduras, jornais e revistas, garrafas, embalagens em geral, papel
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higiênico, fraldas descartáveis.
Resíduos de Limpeza
Urbana
Àqueles originários da varrição, incluindo limpeza de praias, galerias, córregos e terrenos, além de restos de podas de árvores, corpos de animais, e os de limpeza de áreas de feiras-livres.
Resíduos Sólidos Urbanos Resíduos domiciliares somados aos resíduos de limpeza urbana.
Resíduos de Estabelecimentos
Comerciais e Prestadores de Serviços
São os resíduos gerados em supermercados, bares, restaurantes, escritórios, bancos, etc. Têm forte componentes de papel, plásticos, embalagens diversas, e resíduas de asseio dos funcionários, tais como papéis-toalha, papel higiênico, entre outros.
Resíduos dos Serviços Públicos de Saneamento
Básico
São os resíduos gerados nas atividades descritas acima, excetuados os resíduos sólidos urbanos.
Resíduos Industriais
Diz respeito, àqueles que são consumados nos processos produtivos e instalações industriais. São originados das atividades dos diversos ramos da indústria, nessa categoria incluem-se grande maioria do lixo considerado tóxico.
Resíduos de Serviços de Saúde
São os resíduos produzidos a partir dos serviços de saúde, conforme definido em regulamento ou em normas estabelecidas pelos órgãos do Sisnama1 e do SNVS2. São compostos de algodão, seringas, agulhas, restos de remédios, luvas, curativos, sangue coagulado, órgãos e tecidos removidos, meios de cultura e animais utilizados em testes, resina sintética, filmes fotográficos de raios X.
Resíduos da Construção Civil
Àqueles efetuados nas construções, reformas, reparos e demolições de obras de construção civil, incluídos, os resultantes da preparação e escavação de terrenos para obras civis.
Resíduos Agrossilvopastoris
São resíduos gerados nas atividades agropecuárias e silviculturais, incluídos os relacionados a insumos utilizados nessas atividades.
Resíduos de Serviços de Transportes
Os originários de portos, aeroportos, terminais alfandegários, rodoviários e ferroviários e passagens de fronteira.
Resíduos de Mineração Os gerados na atividade de pesquisa, extração ou beneficiamento de minérios.
Fonte: Ministério do Meio Ambiente (2010). Adaptado pela autora.
1 Sisnama: Sistema Nacional do Meio Ambiente.
2 SNVS: Sistema Nacional de Vigilância Sanitária.
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3.4 Classificação quanto à periculosidade
Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto á periculosidade,
possibilitando, dessa forma, uma análise dos impactos ambientais que o descarte
incorreto pode causar ao meio ambiente. Por muitos anos, considerou-se a
disposição de resíduos nos solos como uma prática aceitável, visto que se
acreditava que os produtos gerados pelos resíduos, eram completamente
dissolvidos no solo, não apresentando uma ameaça de contaminação (BERNADES
JR; SABAGG; FERRARI, 1999, p.51).
Entretanto, somente a partir de 1950 essa mentalidade mudou, pois alguns
países começaram a levar em conta a importância da água subterrânea e,
consequentemente, procuraram buscar meios para que as mesmas não fossem
contaminadas. Como resultado dessa preocupação, realizou-se estudos sobre os
resíduos e quais impactos estes provocavam no meio ambiente. Dessa forma, surgiu
a classificação dos resíduos em duas categorias: perigosos e não perigosos.
(BERNARDES JR; SABAGG; FERRARI, 1999, p.3).
De acordo com a PNRS, a periculosidade dos resíduos sólidos é classificada
como perigosos que em razão de suas características de inflamabilidade,
corrosividade, apresentam significativo risco à saúde pública ou à qualidade
ambiental, de acordo com lei, regulamento ou norma técnica, e os não perigoso que
são todos aqueles que não se enquadram como perigosos.
Porém, a Norma Técnica Brasileira (NBR, 10.004) classifica a periculosidade
como perigosos, inertes e não-inertes, destacando que:
A ABNT, dessa forma, classifica os resíduos quanto à periculosidade,
denominando-os conforme, as classes: I (Perigosos), II (Não-Inertes) e III (Inertes),
demonstrados no quadro 3 abaixo:
“a periculosidade é uma característica apresentada por um resíduo, que, em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, pode apresentar: risco à saúde pública, provocando ou acentuando, de forma significativa, um aumento de mortalidade por incidência de doenças, e riscos ao meio ambiente, quando o resíduo é manuseado ou destinado de forma inadequada". (ABNT, 2004, p. 2)
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Quadro 3: CLASSIFICAÇÃO QUANTO À PERICULOSIDADE
Classificação Definição Materiais
Resíduos Classe I
(Perigosos)
Apresentam risco à saúde pública ou ao ambiente, caracterizando-se por terem uma ou mais das seguintes propriedades: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e patogenicidade.
Borra de tinta, latas de tinta, óleos minerais e lubrificantes, resíduos com thinner, serragem contaminadas com óleo, graxas ou produtos químicos, lona de freio, filtro de ar, pastilhas de freio
Resíduos Classe II (Não-inertes)
Podem ter propriedades como combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, porém não se enquadram como resíduo I ou III.
Materiais orgânicos da indústria alimentícia, lamas de sistemas de tratamento de águas, limalha de ferro, poliuretano, fibras de vidro, resíduos provenientes de limpeza, gessos, discos de corte.
Resíduos Classe III (Inertes)
Não tem nenhum dos seus constituintes solubilizados em concentrações superiores aos padrões de potabilidade de águas.
Entulhos, sucata de ferro e aço.
Fonte: Norma Técnica Brasileira. Adaptada pela autora.
Além da classificação quanto à periculosidade, os resíduos sólidos
podem ser especificados quanto á biodegradabilidade que são o tempo que um
produto leva para se desfazer na natureza (Quadro 4).
Quadro 4: CLASSIFICAÇÃO QUANTO À BIODEGRADABILIDADE
Classificação quanto à Biodegradabilidade
Degradação Materiais Tempo
Facilmente Degradáveis Matéria orgânica presente nos resíduos sólidos de origem urbana.
1 a 3 meses
Moderadamente Degradáveis
Papéis, papelão e material celulósico.
03 a 06 meses
Dificilmente Degradáveis
Pedaços de panos, retalhos, aparas e serragens de couro.
6 meses a 1 ano
Não Degradáveis
Plástico 450 anos
Vidro 1 milhão de anos
Metais, borrachas, pneus. Indeterminado
Fonte: BIDONE; POVINELLI,1999. Adaptado pela autora
Ambas as classificações evidenciam a diversificação da composição dos
Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), e representam a importância da sua destinação
final que deve ser feita de forma adequada e responsável. Para, desse modo, ser
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evitado à poluição do meio ambiente e a proliferação de vetores que transmitem
doenças.
3.5 Coleta e Transporte
O Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), por meio da Resolução n°
430, de 13 de maio de 2011, estabelece condições para o lançamento de efluentes,
e a Resolução 420 da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT),
regulamenta o transporte de produtos e resíduos perigosos.
“A coleta e o transporte consistem nas operações de remoção e transferência
dos resíduos sólidos urbanos para um local de armazenamento, processamento ou
destinação final. Essa atividade pode ser realizada de forma seletiva ou por coleta
dos resíduos misturados” (BARBOSA, 2004, p. 13).
No Brasil cada estado tem autonomia para transportar resíduos, isto é, cada
um possui sua própria norma. Logo, são utilizados diversos tipos de transportes
como: carroça manual, carroça de tração animal e trator com reboque, caminhão
baú ou “prefeitura”, caminhão basculante convencional e caminhão compactador
(BARROS, 1995, p.221).
Figura 1: Carroça manual Figura 2: Carroça com tração animal
Fonte: René Cabrales. Fonte: Brasilfm
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Figura 3: Reboque com trator Figura 4: Caminhão baú
Fonte: Percolado. Fonte: Semamparanava.
Figura 5: Caminhão basculante convencional Figura 6: Caminhão Compactador
Fonte: Rede. Fonte: Limpurb.
Tanto a coleta como o transporte são partes fundamentais do ciclo de
tratamento e destinação dos resíduos, por conseguinte, a sua execução deve ser
desempenhada de forma a atender os preceitos legais, dentre os quais não é
permitido que os tais sejam transportados junto com alimentos, medicamentos ou
produtos que se destinam ao consumo, uso humano ou animal.
De acordo com a ABNT, o transporte dos resíduos deve ser realizado por
equipamentos adequados e os veículos deve encontrar-se em um estado de
conservação que não permita o vazamento ou o derramamento do resíduo durante o
transporte, oferecer proteção contra intempéries aos resíduos, além de atender à
legislação ambiental específica, seja ela no âmbito municipal, estadual ou federal.
O Art. 3°, inciso X da PNRS, destaca:
“gerenciamento de resíduos sólidos: conjunto de ações exercidas, direta ou indiretamente, nas etapas de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destinação final ambientalmente adequada dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, de acordo com plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos ou com plano de gerenciamento de resíduos sólidos, exigidos na forma desta lei” (BRASIL, 2010, p.10).
31
Assim sendo, tem como função a coleta dos resíduos no local onde são
gerados e o transporte até uma forma de destinação. Podem ser classificados em:
Sistema de Coleta e Transporte Misto e Sistema de Coleta Seletiva (Quadro 5).
Quadro 5: CLASSIFICAÇÃO DOS SISTEMAS DE COLETA E TRANSPORTE
Fonte: Portal Resíduos Sólidos (2015). Adaptado pela autora.
O Sistema de Coleta e Transporte Misto tem mais frequência em pequenos
municípios e cidades que ainda não possuem um planejamento urbano ou legislação
específica sobre resíduos sólidos. Porém o Sistema de Coleta Seletiva é
caracterizado por ter os resíduos separados pelos próprios geradores, e estão
presentes em cidades e municípios que possuem planejamento urbano e política
municipal de resíduos sólidos.
3.6 Métodos de Tratamento dos Resíduos Sólidos e sua Destinação Final
O ser humano tem produzido uma diversidade de resíduos sólidos devido ao
constante crescimento de produtos. Dessa forma, é preciso existir um sistema de
coleta, tratamento e destinação final daquilo que não pode ser reciclado de maneira
ecologicamente correta.
Entretanto, não adianta separar materiais do lixo se não houver um sistema
de recolhimento especial, a coleta seletiva de lixo, que permita que os materiais
separados sejam recuperados para reciclagem, reuso, ou compostagem
(GRIMBERG, BLAUTH, 1998, p.15).
No Brasil, os resíduos sólidos são depositados em lixões, aterros controlados,
aterros sanitários ou submetidos à incineração e compostagem. Destarte, é
necessário que medidas sejam tomadas para que haja uma redução da quantidade
e do potencial poluidor.
Sistema de Coleta e Transporte Misto
Os resíduos são coletados nos locais onde são gerados e misturados dentro um de veículo transportador para depois seguirem até uma destinação.
Sistema de Coleta Seletiva Os resíduos são coletados de forma separada de acordo com o tipo de resíduo.
32
3.6.1 Lixão
Lixão é uma forma inadequada de disposição final de resíduos sólidos, que se
caracteriza pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao
meio ambiente ou à saúde pública. (SANTAELLA, 2014, p.7)
Os Lixões podem ser entendidos também como locais onde os resíduos são
despejados inadequadamente a céu aberto, causando problemas ambientais e de
saúde pública, devido à poluição e à proliferação de animais transmissores de
doenças (BALDISSARELLI, 2009, p.36).
Nos lixões ou vazadouros os resíduos são depositados sem qualquer tipo de
controle. Esses locais recebem diversos tipos de resíduos domiciliares, comerciais,
industriais, hospitalares, causando, dessa forma, graves problemas como poluição,
proliferação de doenças através dos animais que ali se encontram e se reproduzem,
como os ratos, urubus, insetos, etc.
Além dos problemas ambientais causados pelos lixões, também existe a
problemática de cunho social, pois várias pessoas tiram o seu sustento em meio ao
emaranhado de lixos que são depositados todos os dias. Essas pessoas estão
expostas à contaminação por materiais oriundos de hospitais, objetos cortantes e
perfurantes que ali são depositados, estando sujeitos ainda à doenças como
dengue, febre amarela, febre tifoide, cólera, disenteria, leptospirose, tétano, entre
outras.
3.6.2 Aterro Controlado
Aterro Controlado é o local utilizado para despejo do lixo coletado, com o
cuidado de, após a jornada de trabalho, cobri-lo com uma camada de terra, sem
causar danos ou riscos à saúde pública e a segurança, minimizando os impactos
ambientais.
Entretanto, os aterros controlados não recebem o tratamento adequado para
que não ocorra poluição, ou seja, não recebem impermeabilização do solo nem
sistema de dispersão de gases e de tratamento do chorume gerado. Diante disto são
considerados como o intermediário entre lixões e aterros sanitários.
33
3.6.3 Aterro Sanitário
Os aterros sanitários são utilizados para deposição final dos resíduos
domésticos e industriais. É composto por um local onde os solos já receberam
tratamento e foram impermeabilizados, geralmente com selagem da base com argila
e mantas de PVC, além de possuírem sistema de drenagem para o chorume.
Para Souza (2000), os aterros sanitários correspondem ao método de
disposição final de resíduos sólidos no solo sem causar danos ao ambiente ou à
saúde pública, utilizando processos de engenharia no confinamento dos resíduos,
que são dispostos em camadas e cujo escoamento de líquidos e emissão de gases
são controlados.
Todavia apesar dos benefícios e de serem economicamente mais viáveis, os
aterros sanitários possuem vida útil pequena, geralmente em torno de 20 anos e
mesmo depois de desativados podem continuar produzindo gases poluentes e
chorumes. Portanto é essencial que os mesmos sejam bem preparados e
controlados, principalmente nos tipos de resíduos que são recebidos para não
causarem os mesmos problemas que são recorrentes nos lixões.
3.6.4 Incineração
Entende-se por incineração o processo de queima controlada de resíduos
sólidos ou semissólidos a uma temperatura variante entre 800ºC a 1.000ºC, ou
ainda, um processo para reduzir o considerável volume e variedade de materiais que
compõem o resíduo sólido, além daqueles considerados perigosos (OLIVEIRA,
2007, p.17).
Este tipo de tratamento é muito utilizado em países desenvolvidos, pois
reduzem a quantidade de material em até 70%. Geralmente a queima é realizada
em usinas de incineração, onde são capazes de gerar eletricidade. A incineração
apresenta-se como um dos métodos mais seguros para destinação final dos
resíduos hospitalares e certos resíduos industriais (RUSSO, 2003, p.14).
Apesar dos benefícios, destaca-se que a incineração pode produzir efeitos
prejudiciais à qualidade do ar, com a liberação de gases que contribuem para o
efeito estufa, e por gerar cinzas que concentram metais pesados. Portanto deve ser
limitada ao necessário, não sendo indicada para materiais passiveis de reutilização
e/ou reciclagem (SOARES, 2012, p.23).
34
3.6.5 Compostagem
A Compostagem é um “processo de decomposição biológica da fração
orgânica biodegradável dos resíduos, efetuado por uma população diversificada de
organismos, em condições controladas de aerobiose e demais parâmetros,
desenvolvido em duas etapas distintas: uma de degradação ativa e outra de
maturação” (ABNT, 1996 p.2)
A compostagem é o processo de tratamento dos resíduos mais indicado, pois
atende a aspectos sanitários, ambientais, econômicos e sociais, diminuindo o
volume dos aterros, mesmo exigindo maiores cuidados como tecnologia e
monitoramento (OLIVEIRA, 2007, p.7).
“Compostagem é a denominação que se dá para um processo de
transformação de resíduos sólidos orgânicos não perigosos - restos vegetais e
animais - em um adubo bom e barato” (CEMPRE, 2018, p.1).
Assim sendo, a compostagem tem um papel importante para o meio
ambiente, pois é um processo natural em que os micro-organismos, são
responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando em um material
muito rico em nutrientes e férteis. Logo, além de evitar a poluição, gera renda e faz
com que a matéria orgânica volte a ser usada de forma útil.
3.7 Coleta Seletiva
Os resíduos sólidos podem ser coletados de duas maneiras: de forma
indiferenciada, quando não ocorre nenhum tipo de seleção durante a coleta, ou
seletiva, quando os resíduos são recolhidos e já estão separados de acordo com
seu tipo e destinação.
De acordo com a PNRS, a coleta seletiva de resíduos consiste na separação
e recolhimento dos materiais descartados no lixo, separando a matéria orgânica da
não orgânica, dando correta destinação. Os principais materiais recicláveis são
papéis, plásticos, vidros e metais. Logo, a implantação da coleta seletiva é obrigação
dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo
que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos
municípios.
A coleta seletiva vem sendo considerada uma solução de extrema
importância no problema dos resíduos sólidos, e para o desenvolvimento sustentável
35
do planeta, pois além de possibilitar o reaproveitamento dos materiais, torna-se uma
solução econômica e social, passando a gerar empregos e lucro (FERREIRA, 2011,
p.12).
De acordo a Secretaria Estadual do Meio Ambiente de São Paulo (2013,
p.11), a coleta seletiva traz vantagens como a diminuição da exploração de recursos
naturais, redução da poluição do solo, da água, do ar, e do consumo de energia,
além de prolongar a vida útil dos aterros sanitários, evitando o desperdício e
gerando emprego e renda pela comercialização dos recicláveis.
Porém, as que mais se destacam atualmente são a de porta em porta, a
voluntaria e a de posto de recebimento, de acordo com a CEMPRE, como pode ser
analisado no quadro 6 abaixo:
Quadro 6: MODELOS DE COLETA SELETIVA
Modelo de Coleta Descrição
Porta a Porta
É semelhante ao procedimento clássico de coleta normal de lixo, porém com algumas variações que caracterizam a coleta seletiva. Os veículos coletores percorrem as residências em dias e horários específicos que não coincidam com a coleta normal.
Voluntária
O cidadão espontaneamente deposita os recicláveis em pontos fixos pré-determinados da “malha” urbana denominados PEVs (Pontos de Entrega Voluntária) Cada material deve ser colocado num recipiente específico (com nome e cor).
Posto de Recebimento
Centros de troca independentes em locais afastados dos centros urbanos, que podem servir inclusive de estações de transferência. Estes centros de troca deverão possuir uma concepção ergonômica que permita o acesso de indivíduos que, de passagem, pretendam depositar ali seu lixo reciclável, ou mesmo para aqueles que tenham perdido o dia programado para a coleta porta a porta.
Fonte: CEMPRE (2016)
“Nas cidades, a coleta seletiva é um instrumento concreto de incentivo a
redução, a reutilização e a separação do material para a reciclagem, buscando uma
A coleta seletiva é a etapa de coleta de materiais recicláveis presentes nos resíduos sólidos, que após sua separação na própria fonte geradora, seu acondicionamento e apresentação para a coleta em dias e horários pré-determinados, podem ser depositados em pontos de entrega voluntária, em pontos de troca, ou entregues aos catadores, aos sucateiros ou as entidades beneficentes (BRINGHENTI, 2004, p.14)
36
mudança de comportamento, principalmente em relação aos desperdícios inerentes
à sociedade de consumo”. (RIBEIRO; LIMA, 2000, p.51).
3.8 Reciclagem: importância e benefícios para o meio ambiente
O mundo passou a dar uma atenção especial aos resíduos que eram
produzidos a partir da década de 1980, devido ao aumento dos resíduos, por causa
do aumento de produtos com embalagens descartáveis. Dessa maneira, medidas
foram tomadas para mudar essa situação, como cobranças de governos e ONGs
quanto á postura das empresas responsáveis, campanhas de coleta seletiva, além
da reciclagem, principalmente de papel e alumínio, em países desenvolvidos.
De acordo com a PNRS, a reciclagem é o processo em que há a
transformação do resíduo sólido que não seria aproveitado, com mudanças em seus
estados físico, físico-químico ou biológico, de modo a atribuir características ao
resíduo para que este se torne novamente matéria-prima ou produto. Dessa forma,
reciclar nada mais é do que transformar materiais usados em produtos novos para
consumo, gerando assim, benefícios para toda a sociedade.
Por conseguinte, a coleta seletiva de resíduos sólidos domiciliares e a
reciclagem são atividades que contribuem com a sustentabilidade urbana e a saúde
ambiental humana (BASEN, 2011, p.20).
Entretanto, é preciso destacar o principio dos 3Rs (três erres) que
basicamente são Reciclagem, Reutilização e Redução que ajudam a evitar o
descarte daquilo que ainda pode ser usado de outras formas, diminuindo a geração
de resíduos (Quadro 7).
Quadro 7: PRINCÍPIOS DOS 3RS Princípios Definição
Reciclar Transformar ou reciclar os materiais já usados, por meio de processo artesanal ou industrial, em novos produtos.
Reutilizar Usar de novo ou reaproveitar o material em outra função.
Reduzir Evitar a produção de resíduos, com a revisão de seus hábitos de consumo.
Fonte: Secretaria Estadual do Meio Ambiente (2013)
Por conseguinte, colocar em prática esses princípios proporciona benefícios
ao meio ambiente, pois ao reciclar, como por exemplo, as embalagens de garrafa
PET, como as fibras para confecção de roupas, vassouras, potes para utensílios,
vasos para plantas, entre outros, transformando-os em novos produtos, o que pode
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diminuir bastante a quantidade de resíduos gerada, pois da um novo sentido aquele
produto ao invés de descarta-lo e comprar outros. É o caso dos potes de vidros que
podem servir para guardar objetos como lápis, canetas, pregos, etc. E como
consequência dessas duas práticas, tem-se a redução que diminui o consumo de
produtos que geram resíduos, como é o caso de trocar a embalagem PET por
retornáveis ou refil, por exemplo.
Figura 7: Vassouras de garrafa PET Figura 8: Vasos de Plantas
Fonte: Botella. Fonte: GreeMe.
Figura 9: Reutilização do Vidro Figura 10: Garrafa Retornável
Fonte: Setor reciclagem. Fonte: Setor Reciclagem.
A reciclagem é a consequência de várias atividades, pela qual os materiais
que se tornaram resíduos sólidos, são coletados, separados e processados para
serem usados como matéria-prima, na manufatura de novos produtos (CEMPRE,
38
2018, p.77). Logo, a reciclagem apresenta-se como uma solução viável
economicamente, além de ser ambientalmente correta.
No Brasil, existem várias formas de reciclar o lixo produzido. Geralmente
podem ser reciclados com o simples depósitos nos locais adequados com indicação
para cada produto. Segundo a Resolução do CONAMA n° 275, os programas de
coleta seletiva, criados e mantidos no âmbito de órgãos da administração pública
federal, estadual e municipal, direta e indireta, e entidades paraestatais, devem
seguir o padrão de cores (Figura 11). Além disso, existem alguns municípios que
além dessas lixeiras adotam os Postos de Entrega Voluntária (PEV) são os que
apresentam condições de receber e armazenar os materiais separados e levados
pela população onde os resíduos que são reciclados também podem ser
descartados (Figura 12).
Figura 11: Coletores de Material Reciclável
Fonte: CONAMA, 2001.
Figura 12: Ponto de Entrega Voluntária
Fonte: CONAMA, 2001.
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Figura 12: Ponto de Entrega Voluntária
Foto: ANA PAULA PINTO (2018).
Portanto, a reciclagem proporciona a diminuição de resíduos destinados aos
lixões, diminui a poluição do solo, do ar, da água, além de diminuir a proliferação de
doenças causadas pelo acúmulo dos resíduos, principalmente em locais
inadequados.
A maioria das pessoas acredita que a reciclagem é uma boa ideia. Entretanto,
nem todos têm disposição para reciclar, pois o hábito de jogar coisas fora é difícil de
ser quebrado. As pessoas precisam perceber boas razões para a reciclagem e esta
deve ser conveniente. Assim sendo, para que essas atitudes cresçam a cada dia, é
necessário que a população tenha acesso a informação para que se crie uma
conscientização de quais produtos podem ou não ser reciclados (Quadro 8).
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Quadro 8: PRODUTOS RECICLÁVEIS E NÃO-RECICLÁVEIS
Materiais Recicláveis Não-Recicláveis
Papel
Folhas e aparas de papel, Jornais, Revistas, Caixas, Papelão, Formulários de computador, Cartolinas, Cartões, Tetra Pak, Envelopes, Rascunhos escritos, Fotocópias, Folhetos, Impressos em geral.
Adesivos, Etiquetas, Fita Crepe, Papel carbono, Fotografias, Papel toalha, Papel higiênico, Papéis engordurados, Metalizados, Parafinados, Plastificados e Papel de fax.
Metal
Latas de alumínio, Latas de aço: óleo, sardinha, molho de tomate. Ferragens, Canos, Esquadrias, Arame.
Clipes, Grampos, Esponja de aço, Latas de tinta ou veneno, Latas de combustível, Pilhas em Baterias.
Plástico
Tampas, Potes de alimentos, PET, Garrafas de água mineral, Baldes. Recipientes de Limpeza, Higiene, PVC, Sacos plásticos e Brinquedos.
Cabo de panela, Tomadas, Espuma, Teclados de computador, Acrílicos.
Vidro
Potes de vidro, Copos, Garrafas, Embalagens de molho e Frascos de vidro.
Espelhos, Lâmpadas Cerâmicas, Porcelanas Cristal, Ampolas de medicamentos.
Fonte: CAPASESP (2015). Adaptado pela autora.
Através da reciclagem, os resíduos passam a serem vistos de outra maneira,
não como um final, mas como o início de um ciclo em que podemos preservar o
meio ambiente, a participação consciente e a transformação de hábitos (MARODIN
E MORAIS, 2004, p.7).
3.9 Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do Município de Salvador
Os planos de gestão, sob responsabilidade, dos entes federados devem tratar
de questões como coleta seletiva, reciclagem, inclusão social e participação da
sociedade civil durante a elaboração, implementação e monitoramento,
estabelecendo, inclusive os meios de controle e fiscalização da sua implementação
e operacionalização.
No Brasil, a gestão dos resíduos sólidos produzidos, pertence à esfera da
administração pública municipal, determinada através da Constituição Federal
(1988), com exceção dos resíduos de natureza industrial e os provenientes dos
serviços de saúde.
41
A PNRS determina que os municípios apresentem um plano de manejo de
resíduos sólidos, ou seja, o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos, para poderem ter acesso aos recursos da União. Isto é previsto no título IV
das diretrizes aplicáveis aos resíduos sólidos, Capítulo III, dos planos dos resíduos
sólidos – seção IV, dos Planos Municipais de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos,
destaca:
Dessa forma, os municípios que implantarem os planos municipais de manejo
dos resíduos urbanos, utilizando a coleta seletiva, com a participação de
cooperativas ou outras formas de associação de catadores de materiais reutilizáveis
e recicláveis terão prioridade ao acesso aos recursos da União. A Lei nº 8.915/2015,
que institui a Política Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
município de Salvador, dispõe sobre objetivos, princípios, diretrizes para gestão do
município, instituindo também o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos do
município de Salvador. No seu Capítulo III, art. 43, prevê que:
A política de resíduos sólidos do Município de Salvador tem sido uma das
diversas áreas de responsabilidade da Secretaria Cidade Sustentável (SECIS), além
de ter como responsabilidade a gestão dos resíduos sólidos, desenvolve também
ações voltadas ao desenvolvimento urbano, mobilidade urbana, inclusão e justiça
social.
De acordo com o Art. 52, “o município deverá implantar e manter adequado o
sistema de coleta, transporte, tratamento e destinação final dos resíduos sólidos
A Política Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável incentivará a produção mais limpa, observando os princípios e as diretrizes estabelecidos nas Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos, de não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos, bem como a alteração de padrões de produção e consumo, estimulando e valorizando as iniciativas da sociedade para o aproveitamento de resíduos reutilizáveis e recicláveis. (SALVADOR, 2015, p.23)
“a elaboração de plano municipal de gestão integrada de resíduos sólidos, nos termos previstos por esta lei, é condição para o Distrito Federal e os municípios terem acesso a recursos da União, ou por ela controlados, destinados a empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de resíduos sólidos, ou para serem beneficiados por incentivos ou financiamentos de entidades federais de crédito ou fomento para tal finalidade” (BRASIL, 2010 p.19).
42
urbanos, incluindo, segregação, coleta seletiva, reciclagem, compostagem e outras
técnicas que promovam a minimização dos resíduos sólidos gerados” (SALVADOR,
2015, p.26).
A SECIS, por meio de parceiras com empresas privadas, a exemplo da
Ambev e Braskem, promoveu a instalação de equipamentos coletores de resíduos
em supermercados, além de instalar PEVs por diversos bairros de Salvador, para
promoção da coleta seletiva e redução da geração dos resíduos sólidos na cidade.
O art. 55 prevê que o serviço público de limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos, deverá observar, dentre outras diretrizes,
Desse modo, a Prefeitura tem procurado colocar em prática a inserção social
dos catadores de materiais recicláveis, mediante criação de cooperativas ou
manutenção das já existentes com a entrega dos materiais recicláveis recolhidos
através das PEVs ou coletoras específicas para que tenham uma destinação final
adequada e para que proporcione para aos cooperados um meio de obter renda.
3.10 Programa de Coleta Seletiva Salvador
A Coleta Seletiva no município de Salvador é coordenada pela Secretaria
Cidade Sustentável (SECIS) e executada pela Companhia de Limpeza Urbana
(LIMPURB), que é uma empresa pública de capital misto composta pela Star
Ambiental LTDA e pelo Consórcio Salvador Saneamento Ambiental – SSA, formado
pelas empresas Viva Ambiental e Serviços Ltda., Jotagê Engenharia S.A., Torre
Empreendimentos Rurais e Construção Ltda. e Revita Engenharia S.A. Fazendo
parte, desse modo, do Plano Estratégico do Município.
Segundo a LIMPURB, o município de Salvador produz diariamente
aproximadamente 5,4 mil toneladas de resíduos sólidos diariamente (orgânicos,
material hospitalar e resíduos hospitalares, além de entulhos da construção civil),
que dá uma média mensal de 162 mil toneladas, ou quase 2 milhões de
“a implementação e operação da coleta seletiva, prioritariamente, em todo o território do Município, a inserção social dos catadores de materiais recicláveis, mediante iniciativas de apoio à sua organização para a formação de associações ou de cooperativas de trabalho, que deverão prioritariamente receber delegação para a realização da coleta, processamento e destinação comercial de materiais recicláveis”. (SALVADOR, 2015, p.26)
43
toneladas/ano que são recolhidos das ruas e transportados por caminhões
compactadores e carretas até o Aterro Metropolitano Centro. Essa grande
quantidade de resíduos tem gerado um grande problema, pois a capacidade de vida
útil do aterro sanitário, que foi criado em 1999, é de 20 anos, ou seja, sua
capacidade está se esgotando, por conta da quantidade de resíduos depositados
nesse aterro (Mapa 1).
Mapa 1: Localização do Aterro Metropolitano Centro
O município de Salvador conta como local para disposição final de seus
resíduos sólidos, o Aterro Metropolitano Centro (AMC), localizado ao Km 6 da
rodovia CIA-Aeroporto (BA-526), que além do município de Salvador recebe
resíduos gerados nos municípios de Lauro de Freitas e Simões Filho, localizados na
região metropolitana da capital. O referido aterro não recebe resíduos da construção
civil nem de serviços de saúde, que têm manejo diferenciado.
O Programa Coleta Seletiva Salvador, elaborado na gestão municipal do
prefeito Antônio Carlos Peixoto de Magalhães Neto, e implementado pela Secretaria
Cidade Sustentável (SECIS), teve seu lançamento em agosto de 2015, com o
44
objetivo principal de consolidar e ampliar a coleta seletiva no município de Salvador
de acordo com o que determina a PNRS, para dessa forma, proporcionar uma
melhor qualidade ao meio ambiente urbano e implementar ações integradas de
logística de coleta, educação ambiental, apoio aos empreendimentos de catadores,
assim como, o incentivo a inclusão social e econômica dos catadores tidos como
desorganizados.
Segundo a Prefeitura, esse programa vem procurando reconhecer e dar
importância à atividade dos catadores de materiais recicláveis e também o seu papel
central na gestão dos resíduos sólidos urbanos do município, e, para isso, vem
buscando formar, qualificar e ampliar a participação destes no seguimento da
reciclagem. O programa tem como meta principal a instalação de Pontos de Entrega
Voluntária de Materiais Recicláveis, atendendo o Planejamento Estratégico do
município em disponibilizar para a população local onde possam destinar
corretamente seu material reciclável. Assim sendo, procura promover a coleta
coletiva com inclusão tanto social, quanto econômica para os catadores de materiais
recicláveis, fortalecendo, desse modo, o sistema de cooperativas.
Para que esse programa fosse colocado em prática à Prefeitura de Salvador
buscou apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES),
como a melhor forma de promover apoio ás cooperativas para assim resolver o
problema de infraestrutura das mesmas, e como forma de desenvolver uma política
de conscientização ambiental, indo desde a educação ambiental nas escolas, até a
conscientização da população em geral para a importância da separação e doação
do material para as cooperativas de catadores.
Com investimento em torno de R$ 2 milhões, a Prefeitura disponibilizou, no
ano de 2015, cerca de 150 Pontos de Entrega Voluntária (PEV) de resíduos
recicláveis, sendo que cada uma tem capacidade para cerca de 2,5m³ de material
com potencial reciclável, como o papel, o vidro, o metal e o plástico. (Figura 13)
45
Figura 13: Materiais que podem ser depositados nos PEVs
Fonte: ANA PAULA PINTO, 2018.
A concentração de resíduos depositado nos PEVs é entregue a dezessete
cooperativas de materiais recicláveis, que tem cadastro na Limpurb: Cooperativa dos
Agentes Ambientais da Nova República (CANORE), Cooperativa dos Agentes
Autônomos de Reciclagem Responsabilidade Ltda. (COPCICLA), Cooperativa de
Catadores Agentes Ecológicos de Canabrava (CAEC), Cooperativa dos
Recicladores da Unidade de Canabrava (COOPERBRAVA), Companhia Cooperativa
de Coleta Seletiva (CAMAPET), Cooperativa dos Recicladores da Unidade do
Ogunjá (COOPERBARI), Cooperando com o Meio Ambiente (COOPERBOA),
Cooperativa de Reciclagem e Serviços do Estado da Bahia (COOPERES),
Cooperativa dos Catadores de Cajazeiras (COOCREJA), Cooperativa de Catadores
do Paraguary (COOPERGUARY), Cooperativa de Reciclagem de Lixo
(COOPERLIX), Cooperativa de Catadores e Reciclagem de Resíduos Sólidos e
Agentes Ambientalistas do Bairro da Paz (COOPERPAZ), Cooperativa Múltipla
Popular dos Trabalhadores de Tancredo Neves (COOPERTANE), Cooperativa de
Reciclagem e Serviços Salvador (COOPSAL), Cooperativa de Reciclagem Geral da
Bahia (CRG BAHIA), Cooperativa de Reciclagem União Nazaré (CRUN) e a
46
Cooperativa de Serviços de Reciclagem Meio Ambiente e Promoção da Cidadania
(RECICOOP). (Mapa 2)
Mapa 2: Distribuição das Cooperativas pelo Município de Salvador
A Prefeitura tem disponibilizado para a população a localização e os tipos de
materiais que podem ser reciclados, através do site do Programa Coleta Seletiva de
Salvador (Mapa 3). Além disso, o cidadão pode utilizar também o aplicativo, com o
mesmo nome, que pode facilmente ser baixado no celular.
47
Mapa 3: Distribuição dos Postos de Coleta em Salvador
De acordo com a Secretaria de Comunicação (SECOM), além dos resíduos
eletrônicos, a ferramenta virtual da Prefeitura indica onde é possível descartar
medicamentos, óleo de cozinha, papéis e jornais, pilhas e baterias e produtos que
fazem parte da coleta seletiva (papel, plástico, papelão, metal e vidro). Entretanto, a
SECOM destaca que o recolhimento do lixo eletrônico é feito por iniciativa própria de
lojas, centros comerciais e Organizações Não Governamentais, como a Fábrica
Cultural, na Vila Ruy Barbosa, Cidade Baixa, que reutilizam componentes, como
mouse, teclado, gabinete e monitor, para montar e consertar computadores.
Ainda de acordo com a Prefeitura, o Ecoponto é uma área temporária de
recebimento de pequenos volumes de resíduos sólidos da construção civil (entulho
de até 2m³ por dia), recicláveis (papel, papelão, vidro, metal, plástico) e materiais
inservíveis (sofá, fogão, geladeira), além de podas de árvores. Atualmente esta
localizada no bairro do Itaigara na Praça Coronel Waldir Aguiar, e funciona de
segunda a sábado, das 7h às 17h.
48
Segundo a Prefeitura de Salvador, do total de 162 mil toneladas resíduos que
são produzidos mensalmente no município, 46% são potencialmente recicláveis.
Desde que a Prefeitura implantou Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) na cidade,
em 2015, e passou a promover ações de coleta em eventos como Carnaval, Copa
do Mundo e Olimpíadas, já foi recolhida cerca de mil toneladas de resíduos
recicláveis. Os PEVs já receberam 65 toneladas de materiais do tipo. Esse volume
se soma às 158 toneladas de materiais coletados no Carnaval Salvador 2017,
durante ação da SECIS.
Entretanto, nota-se que o Programa de Coleta Seletiva Salvador não abrange
todos os bairros, se concentrando nos bairros de maior poder aquisitivo como Barra,
Graça e Pituba, e deixando com pouca ou nenhuma coleta seletiva os bairros mais
afastados do centro da cidade como as Cajazeiras, Paripe, Fazenda Coutos e Boca
da Mata. Portanto, é preciso uma melhor ampliação do programa para que todo o
município seja contemplado. Para que dessa forma, toda população possa participar
da coleta seletiva e assim contribuir para a diminuição da destinação dos resíduos
sólidos ao aterro, além de ajudar na preservação do meio ambiente.
49
4. ESTUDO DE CASO: A COOPERATIVA CANORE
O estudo de caso foi adotado nessa pesquisa, pois é a estratégia mais
adotada nas pesquisas de campo, uma vez que é indicada para direcionamento de
pesquisas nas quais o pesquisador tem pouco controle sobre o comportamento dos
eventos. Possuindo, caráter exploratório, pois se propõe a investigar como se dá a
atuação do Programa de Coleta Seletiva Salvador na Cooperativa Canore. E caráter
descritivo, pois procurará coletar dados, através de aplicação de entrevistas
semiestruturadas e observação da rotina dos catadores de reciclagem. Desse modo,
serão adotadas algumas etapas, tais como:
1. Observação da rotina dos cooperados;
2. Entrevista com a gestora da cooperativa;
3. Utilização de registro fotográfico da cooperativa e dos resíduos sólidos
enviados pela prefeitura, através do seu programa de coleta seletiva;
4. Verificar por meio de questionários aplicados aos cooperados sobre o tipo de
resíduo que recebem e qual o apoio recebido pela prefeitura e onde recolhem os
materiais.
A técnica de entrevistas foi usada de forma individual com obtenção de dados
relacionados às atividades desenvolvidas, as experiências, valores e costumes dos
agentes entrevistados. Contemplando, desse modo, à escolha do espaço urbano
como estratégia para trabalho em campo na cooperativa Canore.
4.1 Pergunta de Pesquisa
Com a finalidade de demonstrar os fatores de êxito ou fracasso na inserção e
efetivação do Programa de Coleta Seletiva Salvador, que tem como uma das metas
a manutenção das cooperativas cadastradas na LIMPURB, a pergunta que orientou
a pesquisa é: Qual o impacto da atuação do Programa de Coleta Seletiva de
Salvador na Cooperativa dos Agentes Ambientais da Nova República (Canore)?
4.2 Objeto de Estudo
O objeto de estudo desse trabalho teve como base da análise da Gestão
Pública do município de Salvador com enfoque no Programa de Coleta Seletiva,
50
bem como a cooperativa Canore em seus aspectos estrutural, social e econômico.
Em Salvador, o sistema de coleta seletiva teve início em 1992, porém, somente no
ano de 1996 o sistema foi ampliado pela Prefeitura com o lançamento do Programa
Recicla Salvador (PRS), que contemplava, principalmente, localidades de maior
poder aquisitivo do município e utilizava a modalidade de coleta do tipo porta a
porta, onde os moradores separavam o resíduo doméstico que era coletado por
catadores de cooperativas semanalmente.
No ano de 2015, a Prefeitura de Salvador lançou um programa voltado para a
ampliação da coleta seletiva e das cooperativas de catadores de materiais
recicláveis, colocando em prática o que determina a PNRS. Em vista disso, na
pesquisa foram analisados o Programa de Coleta Seletiva de Salvador, abordando
sua atuação na cooperativa Canore.
4.3 Tipo de Pesquisa
A pesquisa se baseou em dados primários com uma revisão bibliográfica
sobre os resíduos sólidos, sua definição, periculosidade e classificação quanto à
origem. Assim como as coletas, transportes, métodos de tratamentos e reciclagem.
Finalizando com uma abordagem sobre as políticas públicas no âmbito nacional e
municipal que tratam sobre resíduos sólidos.
No trabalho, também foram utilizados dados secundários com aplicação de
entrevistas semiestruturadas aos agentes envolvidos para uma melhor compreensão
dos aspectos sociais da temática abordada. Além de ter caráter exploratório com
intuito de averiguar sobre a atuação da coleta seletiva diretamente na cooperativa.
4.4 Levantamento de Dados
Para a coleta de dados, foram usados aspectos qualitativos que atribui
importância fundamental aos depoimentos dos atores sociais envolvidos. Dessarte,
leva em consideração informações que extrapolam a exatidão dos números, como
sentimentos, intenções, percepções e procura estabelecer e entender a conexão o
sujeito e a realidade.
Para o levantamento dos dados, foram realizadas visitas de campo e
entrevistas aos órgãos municipais responsáveis pela coleta e seletividade do resíduo
urbano do município de Salvador, assim como na cooperativa Canore, para
51
realização de entrevistas com a gestora e os cooperados, bem como a população
residente do local no intuito de coletar dados e informações relevantes á pesquisa,
os dados levantados através das visitas de campo foram relacionados aos da
revisão bibliográfica para a definição e caracterização da pesquisa.
Além das etapas descritas, durante a fase de coleta de dados, foram
realizadas observações da rotina dos cooperados na cooperativa no que tange as
atividades desenvolvidas por cada um, além de um levantamento socioeconômico
dos mesmos e utilização de registro fotográfico dos aspectos mais relevantes e
inerentes à pesquisa.
4.4.1 Análise de Dados
Essa pesquisa foi aplicada na Cooperativa dos Agentes Ambientais de Nova
República (Canore) situada no bairro de Santa Cruz, em Salvador. Sabe- se que o
objetivo central do trabalho é a Gestão de Resíduos Sólidos com enfoque no
Programa de Coleta Seletiva Salvador, que foi implantado no ano de 2015 por meio
de política pública para promover a limpeza urbana e incentivar a reciclagem na
cidade, analisando a sua atuação na Cooperativa Canore.
Tendo em vista esse objetivo, foi elaborado junto à LIMPURB um questionário
com vinte e duas questões sendo quinze relacionadas à produção, coleta, transporte
e destinação final dos resíduos, e sete sobre coleta seletiva e as cooperativas de
materiais recicláveis (Apêndice A). No que diz respeito à cooperativa, foram
realizadas entrevistas com a gestora, composta por vinte e três questionamentos,
sendo seis de aspecto socioeconômico e dezessete sobre o histórico da cooperativa
e a função por ela desempenhada (Apêndice B). Já com os dezesseis cooperados,
foram feitos vinte e oito questionamentos, sendo doze de caráter socioeconômico e
dezesseis relacionadas às atividades desenvolvidas na cooperativa (Apêndice C).
Além dessas entrevistas, foram realizados questionamentos a dez pessoas
residentes na comunidade onde se localiza a cooperativa, com vinte seis questões
relacionadas à coleta seletiva, sobre a Canore e a reciclagem. (Apêndice D).
Com a demonstração dos resultados obtidos a cada questionamento,
intenciona-se demostrar de que forma os resultados se igualam ou diferenciam da
pesquisa realizada. Os dados foram coletados de forma complementar,
compreendendo a pesquisa documental, pesquisa de campo e as evidências
52
fornecidas foram comparadas àquelas que compõem o referencial teórico,
objetivando a validação das conclusões.
4.4.2 Entrevista Semiestruturada
A entrevista semiestruturada caracteriza-se por fazer um tipo de abordagem
espontânea. Assim sendo, o pesquisador já dispõe de questões predefinidas, porém
ao decorrer do diálogo podem ocorrer informações relevantes que podem ser
acrescentadas a pesquisa.
“Entrevista semiestruturada parte de certos questionamentos básicos,
apoiados em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa, e que, em seguida,
oferecem amplo campo de interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo
à medida que se recebem as respostas do informante” (TRIVINOS, 1987 p.146).
Portanto, as entrevistas foram realizadas com a Prefeitura, a cooperativa e
com os moradores do bairro, onde a Canore se localiza, e seguiram um roteiro
semiestruturado com adequações mediante as informações acrescentadas.
As entrevistas realizadas com o órgão da Prefeitura, a saber, LIMPURB,
procurou entender como ocorre à organização da coleta e transporte e destinação
final dos resíduos sólidos produzidos no município de Salvador diariamente, além de
compreender a atuação da Prefeitura, através do Programa de Coleta Seletiva
Salvador, diretamente com a cooperativa Canore que é o objeto de estudo
(Apêndice E).
As entrevistas relacionadas à cooperativa se dirigiram à gestora e aos
cooperados e foram realizadas no galpão da Cooperativa, durante o horário de
realização das atividades, atentando para a disponibilidade dos mesmos (Apêndice
F). As entrevistas tiveram um tempo médio 20 minutos podendo variar para mais ou
para menos a depender do (a) cooperado (a). Para efeito de análise, dividiu-se o
roteiro de perguntas em: identificação, estado civil, numero de filhos, renda familiar,
história profissional, e percepção sobre a reciclagem. Esses instrumentos tiveram
como objetivo construir um perfil socioeconômico dos cooperativados (as), bem
como analisar as suas perspectivas como meio de sustento (Apêndice G).
Por fim, foram feitas entrevistas com moradores do bairro com o intuito de
analisar a perspectiva da população local sobre a reciclagem dos resíduos sólidos
urbanos e a importância do papel da cooperativa para a comunidade (Apêndice H).
53
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados e as discussões abordados nesse trabalho teve como base a
revisão bibliográfica juntamente com a pesquisa de campo sobre a localização da
Canore, a sua infraestrutura, o perfil socioeconômico dos cooperados, tipo de
material reciclável que recebe, bem como a coleta, o transporte e as despesas,
destinação final dos materiais recicláveis e o papel do Programa Coleta Seletiva
Salvador na cooperativa.
5.1 Localização da Cooperativa Canore
A Cooperativa dos Agentes Ambientais da Nova República foi criada no ano
de 2006, através da iniciativa de um morador local chamado Manuel Silva dos
Santos, que ao ver a situação de seus vizinhos como catadores, e que por não
terem onde guardar seus materiais depositavam na frente da porta de suas casas,
se sensibilizou com a situação e se dirigiu até a Prefeitura para buscar um auxilio e
melhoria para aqueles moradores. Depois de muitas reuniões entre o senhor
Manuel, os catadores de matérias recicláveis, a Companhia de Desenvolvimento
Urbano do Estado da Bahia (CONDER), a LIMPURB e o Governo do Estado da
Bahia, foi cedido parte do espaço de uma creche municipal para alocação de seus
materiais pelo governador Paulo Souto (figura 14).
Figura 14: Placa de Inauguração da Cooperativa
Foto: Ana Paula Pinto, 2018.
54
A cooperativa situa-se no bairro de Santa Cruz, localizado no município de
Salvador, e faz parte do Complexo do Nordeste de Amaralina, junto com a Chapada
do Rio Vermelho e o Vale das Pedrinhas. (Mapa 4)
Mapa 4: Localização da Canore no bairro de Santa Cruz
O bairro surge como ocupação de uma antiga fazenda. Quanto aos seus
habitantes, no ano de 2010 havia uma população de 26.672 habitantes, o
correspondente a 1,05% da população de Salvador e concentrando 0,99% dos
domicílios da cidade. O bairro possui uma população majoritariamente negra, pobre
e com pouco grau de escolaridade, 34,75% dos chefes de família têm de 4 a 7 anos
de estudos, e vivem numa média salarial de até 2 salários mínimos. SANTOS et. al
(2010).
Santa Cruz tem como um dos principais acessos, o Parque da Cidade, que o
divide com o bairro do Itaigara, que é um bairro de classe média da cidade e que
possui serviços públicos garantidos. Enquanto que, o bairro de Santa Cruz,
conforme análise em campo, em linhas gerais, é extremamente carente de recursos
básicos como asfalto e iluminação pública, por exemplo.
55
5.2 Infraestrutura da Cooperativa
De acordo com as observações feitas em campo, à cooperativa conta com
uma balança eletrônica (figura 15), três prensas que foram cedidas pelos projetos da
UNIFACS3 (figura 16), e uma esteira de rolagem que está quebrada mediante a ação
do tempo, adquirindo defeitos e com grande quantidade de materiais armazenados
para separação dos recicláveis e do lixo orgânico. Segundo os cooperados, não é
utilizada pela falta de uma cobertura no local para possibilitar a atividade com a
esteira eletrônica (Figura17).
Figura 15: Balança Eletrônica para pesagem do material
Foto: Autora (2018)
3 UNIFACS – Universidade Salvador
57
Por outro lado, pode-se constatar que a cooperativa, apesar de ter um terreno
relativamente espaçoso, possui um galpão pequeno, onde não cabem todos os
materiais que eles manipulam (figura 18 e 19). Além da falta de maquinário
essências para a realização das atividades como esteiras elevadas, empilhadeiras e
carrinhos para transporte de materiais.
Figura 18: Galpão da Cooperativa
Foto: Autora (2018)
58
Figura 19: Terreno onde são armazenados os materiais
Foto: Autora (2018)
A falta de infraestrutura no local impede à produção de artigos artesanais
oriundos dos materiais recicláveis, impedido assim, uma possível forma de
complementar a renda dos cooperados, além de agregar valor aos materiais. A
Canore possui um escritório onde a gestora resolve as demandas burocráticas da
cooperativa (figura 20) e uma pequena copa, pouco equipada, construída com ajuda
e doações da UNIFACS para uso dos cooperados, já que a copa antiga funcionava
em um canto do galpão, junto com as prensas e em meio aos materiais da
reciclagem. (Figuras 21 e 22)
59
Figura 20: Escritório da Cooperativa
Foto: Autora (2018)
Figura 21: Cozinha da Cooperativa
Foto: Autora (2018)
60
Figura 22: Local da Cozinha onde são feitas as refeições
Foto: Autora (2018)
Segundo os cooperados, a Universidade UNIFACS inseriu para uso da
cooperativa, uma casa de óleo (figura 23) para que fosse possível fazer limpeza do
óleo de cozinha doado pelos restaurantes parceiros da cooperativa, para revenda.
Além disso, doaram a máquina para filtrar o óleo, porém o maquinário não suportou
a demanda de uso e apresentou defeitos. Então a cooperativa resolveu comprar
outra pelo valor de R$2.000,00 que também quebrou, desde então a cooperativa,
sem esse recurso facilitador para a limpeza desse óleo em maiores volumes, voltou
a fazer manualmente, forma que os cooperados relataram não gostar, pois acarreta
muito trabalho. (figuras 23, 24 e 25).
61
Figura 23: Casa do óleo
Foto: Autora (2018)
Figura 24: Máquina de Filtrar Óleo
Foto: Autora (2018)
62
Figura 25: Local de armazenamento do óleo
Foto: Autora (2018)
5.3 Perfil Socioeconômico dos Cooperados
A cooperativa possui dezesseis cooperados, sendo quatorze mulheres e dois
homens. Com relação à idade dos cooperados, é superior a 18 anos, sendo que a
maioria (31%) possui acima de 40 anos, são mulheres que ajudam no sustento de
suas famílias e anteriormente trabalhavam como domésticas e/ou como catadoras
de recicláveis. (Gráfico 1)
Gráfico 1 - Idade
Fonte: Autora (2018)
19%
19%
31%
25%
6%
De 19 á 29
De 30 á 39
De 40 á 49
De 50 á 59
Acima de 60
63
No que diz respeito à escolaridade dos cooperados, notou-se que a maioria
correspondente a 69%, só possuem o Ensino Fundamental, e somente 31% tem o
Ensino Médio. Quando questionados sobre a destinação final do resíduo domiciliar,
quase todos e responderam que não separam os resíduos recicláveis dos não
recicláveis. Depositam os resíduos domésticos na coletora comum (contêiner), não
utilizam os PEVs e não levam os materiais recicláveis para a cooperativa. Isso
demonstra que apesar de realizarem atividades com recicláveis eles não possuem a
conscientização ambiental sobre a reciclagem. Isso leva a entender que o grau de
instrução nada tem a ver com a educação ambiental, já que todos, independente da
escolaridade, possuem o mesmo comportamento (Gráfico 2)
Gráfico 2: Escolaridade
Fonte: Autora (2018)
A renda familiar pode variar de acordo com a quantidade de filhos ou pessoas
que moram na mesma casa. De acordo com a entrevista realizada na cooperativa,
62% dos cooperados tem uma renda familiar de um salário mínimo, 25% entre um e
dois salários e 13% entre três e quatro. Todos (as) entrevistados (as) informaram
que possuem filhos, cônjuge ou pais que trabalham com carteira assinada, o que
ajuda no orçamento familiar, pois o que ganham por mês na cooperativa varia de R$
400,00 a R$ 500,00, o que é insuficiente para sustentar a família. (Gráfico 3)
69%
31%
Ensino Fundamental
Ensino Médio
64
Gráfico 3: Renda Familiar
Fonte: Autora (2018)
Os gráficos acima juntamente com a entrevista mostram que a maioria dos
cooperados são pessoas de baixa renda, possui pouca escolaridade, antes de se
tornarem cooperados trabalhavam como domesticas, catadores de recicláveis, garis,
em padarias, entre outros. Diversos foram os motivos que os levaram a serem
cooperados como: desemprego, ter onde guardar os materiais, e relatam que apesar
do dinheiro ser pouco, eles pagam o INSS, ajudam a família, etc. Relataram ainda
terem aprendido com o projeto da UNIFACS sobre a PNRS e sobre o Programa
Coleta Seletiva Salvador, mas que não se recordam mais para que serve.
Por outro lado, as entrevistas realizadas com os moradores locais mostraram
que 80% dos entrevistados não realizam separação do resíduo doméstico por não
saberem como fazer corretamente (Gráfico 4), e que apesar de acharem importante
a reciclagem não pratica .
62%
25%
13% Até 1 salário mínimo (R$954,00)
Acima de 1 até 2 saláriosmínimos (R$ 954,00 á R$1.908,00)
Acima de 2 até 3 saláriosmínimos (R$ 1.908,00 áR$ 2.862,00)
65
Gráfico 4: Separação dos resíduos sólidos domésticos
Fonte: Autora (2018)
Dos residentes no bairro que foram entrevistados, a maioria afirmou que
desconhece o programa da Prefeitura voltado à coleta seletiva, disseram que
conhecem a cooperativa Canore, porém não sabem quais materiais ela trabalha. Em
relação aos PEVs, 90% disseram ser local de depositar lixo, e 10% sabiam que é o
local para depositar materiais recicláveis, porém não sabiam os tipos.
Gráfico 5: Função das PEVs
Fonte: Autora (2018)
Quando questionados se saberiam distinguir as coletoras específicas para
papel, metal, plástico e vidro, 100% dos entrevistados disseram não ter
80%
20%
Não separa o lixodoméstico
Sepera o lixo doméstico
66
conhecimento. Para a maioria deles, as cooperativas servem para recolher “lixo”
assim como fazem os agentes de limpeza urbana diariamente.
Com base nestas entrevistas pode-se observar que o público-alvo tem total
desconhecimento sobre a coleta seletiva, o papel desenvolvido e a importância das
cooperativas, bem como informações sobre reciclagem, apesar de dizerem que é
importante para a preservação do meio ambiente. Mostra, dessa forma, uma
necessidade de divulgação sobre a coleta seletiva e ações para levar a educação
ambiental à população.
5.4 Tipo de material reciclável que a cooperativa recebe
A cooperativa trabalha com papelão, plástico, garrafas pet, ferro, cobre, e óleo
de cozinha. Estes produtos são doados por estabelecimentos, a saber:
supermercados e lojas de grande porte, restaurantes e shoppings.
O óleo de cozinha (figura 26) é responsável pela maior renda da cooperativa,
pois é vendido a R$2,00, apesar de ser de difícil manuseio, pois a máquina que fazia
a filtragem está quebrada, logo, tem que ser feito manualmente. Outros materiais
são menos rentáveis como, por exemplo, o papelão (figura 27) que é vendido por
R$0, 40 centavos/kg, o ferro R$ 0,10 centavos/kg.
Figura 26: Óleo de cozinha armazenado para ser vendido
Foto: Autora (2018)
67
Figura 27: Papelão prensado para ser vendido
Fonte: Autora (2018)
5.5 Coleta, Transporte e Despesas da Cooperativa
Em relação à coleta, os cooperados recolhem material nos bairros de Piatã,
Barra, Lapa, Piedade, Rio Vermelho, Itaigara, Pituba e na Santa Cruz.
Mapa 5: Bairros de atuação da Canore
68
Os materiais doados por esses locais são transportados pelo caminhão e
carro da própria cooperativa, o que gera um gasto com combustível de R$1.400,00
por mês, além dos salários pagos aos dois motoristas que juntos somam R$
1.940,00.
A Prefeitura disponibiliza um caminhão (figura 28) que auxilia no recolhimento
de materiais duas vezes na semana, a saber, às quartas-feiras e às sextas-feiras.
Segundo a gestora, esse auxílio não se faz suficiente, pois grande é a demanda de
material disponível para o recolhimento. A cooperativa relata que os PEVs levados
pela Prefeitura estão contidas de lixo (aquilo que é inútil, ou seja, não servem para
reciclagem), além de produtos perfurantes como seringas e cortantes como vidros e
materiais que não servem para a reciclagem como fraldas descartáveis, absorventes
e resíduos orgânicos.
Figura 28: Caminhão utilizado para recolher materiais recicláveis
Foto: Canore (2018)
De acordo com a gestora da cooperativa, as despesas mensais são com
água, energia, Internet, combustíveis e os dois motoristas, gerando um gasto em
média de quatro mil reais por mês (Gráfico 6).
69
Gráfico 6: Despesas da Cooperativa
Fonte: Autora (2018)
5.6 Destinação final dos materiais recicláveis
A destinação final dada aos materiais reciclados que a cooperativa trabalha é
à venda para empresas, dentre elas a Petrobras, no qual é vendido o óleo filtrado
para a fabricação de biodiesel; a Transforme Comércio de Recicláveis LTDA que
localiza-se no bairro de Valéria e tem como atividade, a reciclagem de materiais; a
Bahia Ecologia, localizada no bairro de Águas Claras recicla todo tipo de papel,
plásticos e PET; a Braspel situada no bairro de Brotas é distribuidora de materiais
descartáveis e limpeza; a MM Metais se localiza no bairro de Valéria e realiza a
venda de sucatas, já a Penha, situada na cidade de Santo Amaro, no estado da
Bahia, trabalha com a reciclagem de papelão.
Ao pesquisar sobre o papel desempenhado por cada empresa parceira,
constatou-se que, a maioria, aparentemente, são empresas de reciclagem de
materiais. Porém, não pode-se identificar se existem atravessadores (pessoas que
compram a um preço mais barato do produtor e vendem mais com um maior valor
para os compradores) já que, alguns grandes depósitos de sucatas utilizam o nome
de recicladores de materiais.
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
3500
4000
R$
70
5.7 O papel do Programa de Coleta Seletiva Salvador na
Cooperativa Canore
De acordo com a LIMPURB, a coleta de resíduos sólidos em Salvador gera
um gasto mensal de 30 milhões de reais, que é cobrada aos moradores, através de
uma taxa anual inclusa no IPTU. A destinação final dos resíduos gerados em
Salvador, Lauro de Freitas e Simões Filho é o Aterro Metropolitano Centro.
A coleta é feita diariamente em todo o município, por meio de varrições e
limpezas de praias, são coletadas e destinadas ao aterro com o auxilio de 90
caminhões compactadores que também recolhem os lixos depositados pelos
cidadãos nos contêineres. Por dia, uma média de 5,4 mil toneladas é coletada.
Dessas, cerca de 55,77% são domiciliares, 43,13% de construção e demolição,
1,10% vegetais e animais mortos (Gráfico 7).
Gráfico 7: Porcentagem dos tipos de coletas
Fonte: Autora (2018)
Segundo a Prefeitura de Salvador, as cooperativas cadastradas na LIMPURB,
recebem o material depositado nos PEVs, que são transportados até as unidades
parceiras em três caminhões destinados especificamente para este fim.
Mensalmente, as cooperativas recebem cerca de 30 toneladas de resíduos
recicláveis. A frequência diária das entregas ocorre conforme a demanda de cada
cooperativa e a disponibilidade para receber determinada quantidade naquele dia.
Porém, de acordo com a cooperativa Canore, não existe um suporte
adequado do Programa Coleta Seletiva Salvador para com os cooperados. Pois,
ressalta que a Prefeitura não disponibiliza Equipamento de Proteção Individual (EPI),
57,77%
43,13%
1,10%
Domiciliares
Construção e demolição
Vegetais e animaismortos
71
que são essenciais para quem trabalha com a manipulação de matérias recicláveis.
Destaca ainda, que somente foi disponibilizada EPIs no ano de 2015 com o
lançamento do Programa Coleta Seletiva Salvador e, atualmente, somente no
período de carnaval são concedidos materiais, que por sua vez, são
desproporcionais em tamanho, como por exemplo, botas grandes, calças largas e
um par luvas frágeis para serem utilizados em todos os dias da festa.
Segundo a gestora, Josélia Machado, (responsável pelos contatos com a
Prefeitura) existem encontros regulares entre as cooperativas de Salvador,
LIMPURB, a Prefeitura e outros órgãos interessados para a criação dos projetos de
beneficiamento, segundo ela, a participação acontece nas reuniões, contudo, os
resultados nunca são os propostos e acertados nos encontros.
De acordo com a cooperativa, a Prefeitura já indicou projetos com parceiros
privados, como a Companhia de Bebidas das Américas (Ambev), no ano de 2016,
nos meses que antecederam o carnaval, onde a empresa doou litros de refrigerantes
para a comunidade em troca de garrafas pets, que foram cedidas para a Canore
para venda e obtenção de renda. Porém, atualmente relatam que se sentem
abandonados e sem incentivos.
Segundo os cooperados, durante a criação o Programa de Coleta Seletiva, no
ano de 2015, houve várias reuniões com a Prefeitura, nelas, os cooperados
expressaram suas necessidades, inclusive pediram a promoção e incentivo à
educação ambiental da população para compreenderem, por exemplo, quais tipos
de materiais devem ser depositados nas PEVs. Dado que, a população deposita o
que não serve para a reciclagem, e isto dificulta muito a triagem dos materiais, além
de causar doenças, atrair ratos e baratas por causa da sujeira, e colocar em risco os
cooperados (as), pois muitos PEVs chegam à cooperativa com vidros e produtos
hospitalares, como as seringas, por exemplo.
No entanto, há um problema de informação e organização da Prefeitura para
com a cooperativa, pois a PEV colocadas na cidade são feitas para receberem
papel, metal, plástico e vidro. Isso mostra uma necessidade de reorganização dos
materiais que são enviados à cooperativa, pois a mesma alega que o vidro não tem
valor comercial, e elas terminam depositando-os nos locais que são coletados pelo
caminhão e levados para o aterro.
A prefeitura relata que o programa buscou apoio do Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para promover apoio às
72
cooperativas, além de resolver os problemas de infraestruturas, e desenvolver uma
política de conscientização ambiental, com a educação ambiental nas escolas e com
a população em geral, como meio de demonstrar a importância da separação e
doação do material para as cooperativas de catadores.
Porém, esse apoio que a Prefeitura relata proporcionar para resolver o
problema de infraestrutura ainda não chegou à cooperativa pesquisada. Essa é uma
das reivindicações dos cooperados que relatam a necessidade da ampliação do
galpão, pois o mesmo é pequeno, ficando, dessa forma a maioria dos materiais
expostos ao sol e à chuva, como por exemplo, o papelão e os materiais feitos de
papel.
Portanto, os (as) cooperados (as) entrevistados (as) esperam que a Prefeitura
possa estimular a educação ambiental, que não se refere apenas às camadas de
menor poder aquisitivo, pois a maioria dos PEVs estão localizados em bairros de
maior poder econômico e de consumo da cidade. Assim, não se trata apenas de
falta de informação acerca da destinação apropriada de resíduos sólidos, mas de um
hábito que necessita ser revisto.
Como resultado dessa pesquisa, pode-se avaliar que as pessoas envolvidas
nessa questão não compreendem bem o que é a coleta seletiva. Tanto a população
que produz o resíduo doméstico quanto os catadores que têm suas atividades
voltadas para materiais recicláveis. Pois, quase 100% dos (as) cooperados (as)
entrevistados disseram que não separam os resíduos da sua casa para coleta
seletiva, e nem os depositam nos PEVS ou coletoras especificadas, demostrando
que apesar de realizarem atividades com materiais recicláveis, não possuem a
conscientização da importância da sua atividade para o meio ambiente, apesar de
afirmarem que é importante preservá-lo.
Todas essas questões mostram que é preciso uma maior divulgação sobre o
que é e para que serve a coleta seletiva. É preciso conscientizar a população sobre
a importância dessas práticas para essa sociedade e para as futuras gerações. Por
outro lado, é preciso também investir e incentivar as cooperativas de maneira que
elas se sintam amparadas e que sejam socorridas em suas demandas de
infraestrutura, transporte e coleta de materiais e distribuição EPIs.
73
6 CONCLUSÃO
O desenvolvimento do presente estudo possibilitou avaliar como o Programa
de Coleta Seletiva Salvador tem atuado diretamente na cooperativa Canore. De
modo geral, o Programa apresenta uma boa atuação, no que tange a coleta seletiva
no município, pois viabilizou a distribuição de PEVs pela cidade e os materiais
coletados são distribuídos nas cooperativas gerando mensalmente 30 mil toneladas
de materiais reciclados. Porém, o programa criado em 2015 ainda possui alguns
problemas como a concentração de PEVs em bairros de moradores com maior
poder aquisitivo, deixando uma boa parte dos bairros de Salvador sem PEVs; falta
de apoio à cooperativa no que tange a infraestrutura e distribuição de EPIs.
Atendendo aos objetivos traçados para o desenvolvimento da presente
pesquisa, foram avaliados os objetivo específicos, onde foi possível verificar a
conceituação dos resíduos sólidos urbanos, destacando a importância do papel da
reciclagem para a manutenção e ordenação da cidade, pois gera limpeza, diminui a
quantidade de resíduos depositados nos aterros sanitários, diminui os impactos
ambientais, e é uma fonte de alternativa econômica que pode fazer com que as
pessoas ganhem dinheiro e ainda ajudam na preservação do meio ambiente, além
de ser uma maneira consciente de usar os recursos que estão cada vez mais se
tornando escassos.
Ao Averiguar a Gestão de Resíduos Sólidos de Salvador, foi possível
identificar de acordo com o Art. 52° da Lei nº 8.915/2015, que o município deverá
implantar e manter adequado o sistema de coleta, transporte, tratamento e
destinação final dos resíduos sólidos urbanos, incluindo, segregação, coleta seletiva,
reciclagem, compostagem e outras técnicas que promovam a minimização dos
resíduos sólidos gerados.
Ao analisar o Programa de Coleta Seletiva Salvador foi possível compreender
o objetivo da sua criação que tem como meta principal a instalação de Pontos de
Entrega Voluntária de Materiais Recicláveis, atendendo o Planejamento Estratégico
do município em disponibilizar para a população locais onde possam destinar
corretamente seu material reciclável. Assim sendo, procura promover a coleta
seletiva com inclusão tanto social, quanto econômica para os catadores de materiais
recicláveis, fortalecendo desse modo o sistema de cooperativas.
74
No que diz respeito à situação da vida socioeconômica dos cooperados da
Cooperativa Canore, são compostos por dezesseis agentes, sendo quatorze
mulheres com idade entre 25 e 60 anos, com escolaridade entre ensino fundamental
e médio, a maioria casadas, possuem de três a quatro filhos e são responsáveis
pelo sustento da casa, apesar de algumas delas terem filhos ou maridos trabalhando
com carteira assinada. E os dois cooperados que tem 23 e 24 anos, são solteiros,
possuem ensino fundamental incompleto e ensino médio completo respectivamente,
não possuem filhos, moram com os pais e não são responsáveis pelo sustento da
família.
A entrevista realizada com a Prefeitura possibilitou analisar sobre a questão
dos resíduos sólidos produzido em Salvador, permitindo analisar como os resíduos
são coletados, transportados e tem a destinação final, além da parte que é separada
para a reciclagem, através dos PEVs, e enviadas às respectivas cooperativas
cadastradas na LIMPURB. Permitindo compreender toda a dinâmica e a logística
utilizada para manter a cidade limpa, bem como os custos gerados diariamente para
o município.
Com a cooperativa, as entrevistas direcionadas à gestora e aos cooperados
permitiu elaborar um levantamento socioeconômico, além de revelar o descaso e as
dificuldades enfrentadas pelos catadores de materiais recicláveis diariamente,
enfrentando acidentes com objetos cortantes e perfurantes que aparecem no meio
dos recicláveis, como vidro e seringa, por exemplo.
A pesquisa realizada junto à população residente no bairro, onde está
localizada a cooperativa, demonstrou a falta de conhecimento do público alvo sobre
o que é a coleta seletiva e qual a sua importância para a sociedade e o meio
ambiente. Mostrando dessa forma uma falta ou ineficaz política pública,
principalmente quanto à divulgação e conscientização da população quanto à coleta
seletiva.
Portanto, diante dos dados coletados e mediante as entrevistas realizadas e
das falas dos entrevistados, a pergunta que norteou o trabalho: Qual o impacto da
atuação do Programa de Coleta Seletiva de Salvador na Cooperativa dos Agentes
Ambientais da Nova República (Canore)? foi respondida, pois o segundo a pesquisa
e os dados coletados através das entrevistas, pode-se concluir que a atuação do
Programa, na cooperativa se mostra falho, no que tange, ao apoio relativo a
infraestrutura, equipamentos de proteção pessoal, e apoio financeiro. A Prefeitura,
75
nesse caso da Canore, não atingiu o seu objetivo de promover a coleta seletiva com
inclusão social e econômica dos catadores de recicláveis, e dessa forma,
fortalecendo as cooperativas.
O planejamento da problemática dos resíduos sólidos de Salvador deve ser
realmente participativo e atender as demandas das cooperativas. Ademais, não
basta apenas inserir PEV nas ruas, principalmente de classe média da cidade,
esperando que as pessoas estejam providas de consciência ambiental, cidadania e
educação, de modo que venham a contribuir com a coleta seletiva da cidade. É
preciso investir em mais propagandas e em educação ambiental, além de criar um
canal de diálogo realmente efetivo entre o programa e a cooperativa para que haja
suporte e incentivos aos cooperados não só de materiais recicláveis, mas também
de logística para que seja aumentada a produção e a lucratividade.
Entretanto, vale ressaltar que a pesquisa realizada baseou-se em uma
cooperativa específica, então em um estudo posterior, poder-se-ia analisar como
ocorre a atuação do programa com as outras cooperativas existentes na cidade,
abordando sobre os benefícios e dificuldades enfrentadas por elas e fazendo dessa
forma, uma análise comparativa com o intuito de efetivar uma prática de coleta
seletiva atuante.
76
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Universidade Estadual da Paraíba. Campina Grande/PB, 2012.
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SOUZA, M. T. S. Organização sustentável: indicadores setoriais dominantes para
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Doutorado em Administração. Fundação Getúlio Vargas, São Paulo, 2000.
Tchobanoglous G, Kreith F. Handbook of solid waste management. 2° ed. New York:
MacGraw-Hill; 2002.
TRIVINOS, Augusto N. S. Introdução à Pesquisa em Ciências Sociais. São Paulo: Editora
Atlas, 1987.
ZACARIAS, R. Consumo, lixo e educação ambiental. Juiz de Fora: Ed. FEME, 2000.
81
APÊNDICES
ENTREVISTAS DE PESQUISA DE CAMPO
Apêndice A: Entrevista sobre a Coleta Seletiva no Município de
Salvador
1. Existe serviço de coleta de resíduos sólidos no município? ( ) Sim ( ) Não
2. Como é feita a cobrança pelos serviços de coleta de resíduos sólidos no município ( ) Cobrança anual ( ) Cobrança mensal ( ) Não há cobrança
3. Tipo de cobrança pelos serviços de coletas regulares de resíduos sólidos. ( ) Taxa junto com o IPTU, água, energia elétrica, etc ( ) Taxa específica ( ) Boleto bancário ( ) Tarifa específica por serviços especiais ( ) Outra ( ) Não há cobrança.
4. Qual o custo médio mensal com a mão de obra empregada no sistema de limpeza urbana no ano de 2017?
5. Qual o tipo de sistema de atendimento à população é utilizado pelo órgão?
6. Qual é a principal reclamação ou solicitação sobre o serviço de manejo de resíduos sólidos? ( ) Solicitação para implantação da coleta domiciliar regular ( ) Solicitação para a implantação de serviços de limpeza pública ( ) Reclamação sobre serviços executados ( ) Reclamação sobre lançamento clandestino de lixo ( ) Não há reclamações
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7. Com que frequência às reclamações ou solicitações são repassadas às instituições ou responsáveis pela manutenção e operação do sistema de manejo de resíduos sólidos? ( ) Diária ( ) Semana ( ) Quinzena ( ) Mensal ( ) Anual ( ) Não são repassadas
8. Existe serviço de coleta domiciliar direta de resíduos sólidos porta a porta)? ( ) Sim ( ) Não
9. Qual é a principal instituição operadora dos serviços de coleta domiciliar regular de resíduos sólidos neste município. ( ) Administração direta da prefeitura ( ) Autarquia ou serviço autônomo ( ) Empresa privada ( ) Associação ( ) Parceria Publico-Privado ( ) Outra ( ) Não possui instituição operadora dos serviços
10. Qual a frequência da coleta domiciliar direta de lixo: ( ) Diariamente ( ) Três vezes por semana ( ) Duas vezes por semana ( ) Uma vez por semana ( ) Não há coleta direta de lixo
11. A coleta domiciliar direta diária é realizada: ( ) Em todo o município ( ) Apenas em parte do município ( ) Não há coleta
12. Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta domiciliar direta de resíduos sólidos. ( ) Caminhão aberto ( ) Compactador ( ) Basculante ( ) Outro
13. Volume de lixo recolhido diariamente (Ton).
14. Onde a unidade de destinação final do lixo se localiza: ( ) No próprio município ( ) Em outro município que faz parte da região metropolitana
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( ) Em outro município que não faz parte da região metropolitana ( ) Não tem unidade de destinação final
15. Número de caminhões usado semanalmente para a coleta domiciliar indireta de resíduos sólidos.
16. Existe a coleta seletiva de resíduos sólidos no município? ( ) Sim ( ) Não
17. Tipo de coleta seletiva de resíduos ( ) Papel/papelão ( ) Vidro ( ) Plástico ( ) Metal ( ) Todos os tipos anteriores ( ) Outra
18. Qual a destinação final do lixo reciclado?
19. Existe parceria da Prefeitura com Cooperativas de materiais recicláveis? Se sim, quais?
20. Em que ano foi criado o Programa Coleta Seletiva de Salvador?
21. Qual órgão da Prefeitura é responsável pelo Programa?
22. Como a Prefeitura atua na Cooperativa Canore?
Apêndice B: Entrevista com a Gestora da cooperativa
1. Nome completo
2. Idade: ( ) Menor de 18 ( ) De 19 á 29 ( ) De 30 á 39 ( ) De 40 á 49 ( ) De 50 á 59 ( ) Acima de 60
3. Sexo
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( ) Feminino
( ) Masculino 4. Estado Civil
( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Viúvo 5. Escolaridade:
( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Mestrado ( ) Doutorado 6. Renda Familiar
( ) Nenhuma renda. ( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 954,00). ( ) Acima 1 até 2 salários mínimos (R$ 954,00 até R$ 1.908) ( ) Acima de 2 até 3 salários mínimos (R$ 1.908 até R$ 2.862,00) ( ) Acima de 3 até 4 salários mínimos (R$2.862,00 até R$ 3.816,00) ( ) Acima de 4 até 5 salários mínimos (R$3.816,00 até R$ 4.770,00) ( ) Acima de 5 salários mínimos (R$ 4.770,00) 7. Quanto tempo exerce a função de Gestor (a)?
8. Quando foi fundada a cooperativa?
9. Quantos cooperados existem na Cooperativa?
10. Como é sua relação com os outros cooperados?
11. Qual a importância da sua atuação para a cooperativa?
12. Com quais materiais reciclados vocês trabalham?
13. Qual a renda mensal da Cooperativa?
14. Quanto à cooperativa gasta com despesas mensais?
15. Quais são os tipos de despesas a cooperativa tem?
16. Quais os bairros vocês recolhem os materiais?
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17. Quantos dias da semana a cooperativa funciona?
19. Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
20. Qual a relação da Cooperativa com a prefeitura de Salvador?
( ) Não existe ( ) Péssima ( ) Ruim ( ) Boa ( ) Ótima Porque?
21. O que mudou na Cooperativa após o lançamento do Programa Coleta de Salvador?
22. A cooperativa recebe algum tipo de ajuda da Prefeitura? Se sim, qual?
23. O que você acha da alternativa e implantação de coleta seletiva em
no município de Salvador?
( ) Excelente ( ) Boa ( ) Ruim Justifique:
Apêndice C: Entrevista com os cooperados
1. Nome completo
2. Idade:
( ) Menor de 18 anos ( ) De 19 á 29 ( ) De 30 á 39 ( ) De 40 á 49 ( ) De 50 á 59 ( ) Acima de 60 3. Sexo
( ) Feminino ( ) Masculino 4. Estado Civil
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( ) Solteiro ( ) Casado ( ) Separado ( ) Viúvo 5. Escolaridade:
( ) Analfabeto ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior ( ) Mestrado ( ) Doutorado 6. Número de filhos
( ) Não tem filhos ( ) 1 filho ( ) 2 filhos ( ) 3 filhos ( ) 4 filhos ( ) Acima de 5 filhos 7. Quantas pessoas moram na sua casa com você?
( ) Mora sozinho ( a) ( ) 2 pessoas ( ) 3 pessoas ( ) 4 pessoas ( ) Acima de 5 pessoas 8. Condições de ocupação da casa
( ) Casa própria ( ) Alugada ( ) Cedida/ emprestada ( ) Invadida ( ) Outros 9. Quantas pessoas na sua casa trabalham de carteira assinada?
( ) Nenhuma ( ) 1 pessoa ( ) 2 pessoas ( ) 3 pessoas ( ) 4 pessoas ( ) Acima de 5 pessoas 10. Na sua casa quem é responsável pelo sustento da família?
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11. Renda Familiar
( ) Nenhuma renda. ( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 954,00). ( ) Acima 1 até 2 salários mínimos (R$ 954,00 até R$ 1.908) ( ) Acima de 2 até 3 salários mínimos (R$ 1.908 até R$ 2.862,00) ( ) Acima de 3 até 4 salários mínimos (R$2.862,00 até R$ 3.816,00) ( ) Acima de 4 até 5 salários mínimos (R$3.816,00 até R$ 4.770,00) ( ) Acima de 5 salários mínimos (R$ 4.770,00) 12. Você já trabalhou de carteira assinada?
( ) Sim ( ) Não 13. Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
14. O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
( ) Sim ( ) Não 15. Quanto você ganha na cooperativa?
16. Há quanto tempo você esta na cooperativa?
( ) Até 6 meses ( ) Mais de 6 meses á 1 ano ( ) Mais de 1 ano á 2 anos ( ) Mais de 2 anos á 3 anos ( ) Acima de 4 anos 17. Como é sua convivência com os outros cooperados?
18. Você gosta do que faz?
( ) Sim ( ) Não ( ) Indiferente Por que?
19. O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
20. Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
21. Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
22. Qual a importância da reciclagem para você?
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23. Qual tipo de material você recolhe?
24. Quais bairros você recolhe o material?
26. Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
27. Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
28. Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
Apêndice D: Entrevista com os moradores locais
1- Qual o seu nome?
2- Idade
3- Sexo
( ) Masculino ( ) Feminino
4- Estado civil
( ) Solteiro (a) ( ) Casado (a) ( ) Divorciado (a) ( ) Viúvo (a)
5- Grau de escolaridade
( ) Analfabeto(a) ( ) Ensino Fundamental Incompleto ( ) Ensino Fundamental Completo ( ) Ensino Médio Incompleto ( ) Ensino Médio Completo ( ) Ensino Superior Completo ( ) Ensino Superior Completo
6- Mora há quanto tempo no bairro?
7- O que você faz com lixo que você produz?
( ) Joga no lixo (lixeira) ( ) Separa para coleta seletiva ( ) Joga em terrenos baldios ou no chão ( ) Separa para produção de artesanatos
8- Você sabe o que é coleta seletiva?
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( ) Sim ( ) Não
9- Você separa o lixo da sua casa para reciclagem?
( ) Sim ( ) Não
10- Você sabe separar corretamente o lixo para reciclagem?
( ) Sim ( )Não
11- Você costuma reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
( ) Não, porque não sei fazer reaproveitamento de materiais. ( ) Não, porque lixo é para ser jogado no lixo. ( ) Sim, transformo caixas de sapato em embalagens para presentes ou as utilizo para guardar outros objetos. ( ) Sim, uso garrafas pet para armazenar o óleo que não uso mais, ou outros materiais. ( ) Sim, uso as sacolas que antes iam para o lixo para fazer compras. ( ) Sim, coloco nas coletoras adequadas
12- Você se preocupa com as questões ambientais?
( ) sim ( ) não
13- Você sabe qual é o destino final do lixo de Salvador?
( ) Não ( ) Lixão ( ) Aterro Sanitário ( ) Aterro Controlado ( ) Outros
14- Em sua opinião, o aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
( ) Sim, porque ele foi feito para isto. ( ) Sim, desde que você saiba qual o lixo que pode ser jogado no aterro. ( ) Não, porque lixo hospitalar precisa ir para outro local. ( ) Não, pois matérias como pilhas precisam voltar para as empresas e ter um destino diferente.
15- 16- Você conhece a cooperativa de materiais recicláveis que atua no seu
bairro?
( ) sim ( ) não
17- Você sabe com quais tipos de matérias recicláveis a cooperativa trabalha?
( ) sim ( ) não
18- Você já levou matérias recicláveis diretamente para a cooperativa?
( ) sim ( ) não
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19- Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Salvador?
( ) sim ( ) não
20- Você sabe o que são ou para que serve as PEVs?
( ) sim ( ) não
21- No seu bairro há coleta de lixo diariamente?
( ) sim ( ) não
22- Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor vermelha?
( ) Não ( ) Sim, plástico
23- Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor azul?
( ) Não ( ) Sim, papel
24- Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor amarela?
( ) Não ( ) Sim, metal
25- Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor verde?
( ) Não ( ) Sim, vidro
26- Você acha importante á pratica de reciclagem? Por quê?
Para melhor organização e descrição das entrevistas realizadas foram utilizados o
“P” (para denominação de Pesquisador) e o “E” (para entrevistado). Dessa forma,
foram feitas pequenas descrições do entrevistado (a) e em seguida as perguntas e
repostas.
Apêndice E: Transcrição da entrevista com a LIMPURB
P: Existe serviço de coleta de resíduos sólidos (Lixo) no município?
E: Sim, o Programa Coleta Seletiva Salvador foi lançado em 2015.
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P: Como é feita a cobrança pelos serviços de coleta (direta e indireta) de lixo?
E: É feita anualmente, através de cobrança no IPTU
P: Tipo de cobrança pelos serviços de coletas regulares de resíduos sólidos
E: Taxa junto ao IPTU
P: Qual o custo médio mensal com a mão de obra empregada no sistema de limpeza urbana no ano de 2017?
E: Uma média de 30 milhões, mas esse ano deve ser muito mais, porque a quantidade de lixo só aumenta com o passar dos anos.
P: Qual o tipo de sistema de atendimento à população é utilizado pelo órgão?
E: A população pode ligar através do telefone 156, para reclamação, sugestão, para o que quiser...
P: Qual é a principal reclamação ou solicitação sobre o serviço de manejo de resíduos sólidos?
E: Geralmente, a reclamação é referente a lançamento clandestino de lixo, pessoas que jogam lixo no local errado, entulho, sofá, essas coisas.
P: Com que frequência às reclamações ou solicitações são repassadas às instituições ou responsáveis pela manutenção e operação do sistema de manejo de resíduos sólidos?
E: Acho que diariamente.
P: Existe serviço de coleta domiciliar direta de resíduos sólidos (Lixo) (porta a porta)?
E: Não, os moradores devem colocar os lixos nos contêineres certos prevendo sua posterior remoção.
P: Qual é a principal instituição operadora dos serviços de coleta domiciliar regular de resíduos sólidos neste município?
E: Na verdade é uma parceria público-privada. A LIMPURB terceirizou os serviços. Várias empresas fazem o recolhimento do lixo de Salvador.
P: Qual a frequência da coleta domiciliar direta de lixo?
E: Todos os dias, geralmente três vezes ao dia.
P: A coleta domiciliar diária dos resíduos é feita em todo o município?
E: Sim.
P: Tipo de veículo utilizado pela empresa na coleta domiciliar direta dos resíduos sólidos?
E: Caminhão compactador
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P: Qual o volume de lixo recolhido diariamente (Ton)?
E: Bom, mensalmente são colhidas 136 mil toneladas de resíduos sólidos, em média. Por dia, uma média de 5,4 mil toneladas é coletada. Dessas, cerca de 55,77% são domiciliares, 43,13% de construção e demolição, o resto são vegetais e o restante de animais mortos.
P: Onde a unidade de destinação final dos resíduos sólidos se localiza:
E: Fica ali na estrada do CIA, o Aterro Metropolitano Centro.
P: Número de caminhões usados semanalmente para a coleta domiciliar indireta de resíduos sólidos.
E: Cerca de 90 caminhões.
P: Existe a coleta seletiva de resíduos sólidos?
E: Sim
P: Tipo de coleta seletiva de resíduos
E: Todos os tipos. Papel, metal e eletrônicos.
Você pode olhar no site do Programa Coleta Seletiva Salvador, lá tem todas as informações.
P: Qual a destinação final do lixo reciclado?
E: No total tem dezessete cooperativas cadastradas na LIMPURB, então, todos os materiais que são depositados nos pontos de entrega voluntario são entregues as essas cooperativas diariamente.
P: Existe parceria da Prefeitura com Cooperativas de materiais recicláveis? Se sim, quais?
E: Sim. A LIMPURB procura incentivar a criação e o desenvolvimento das Cooperativas, atendendo os instrumentos da Política Nacional de Resíduos Sólidos, desempenhando um papel fundamental na sua implementação, além de contribuir para o aumento da vida útil dos aterros sanitários.
P: Em que ano foi criado o Programa Coleta Seletiva de Salvador?
E: No ano de 2015, na gestão do atual Prefeito.
P: Qual órgão da Prefeitura é responsável pelo Programa?
E: É a Secretaria Cidade Sustentável
P: Como a Prefeitura atua na Cooperativa Canore?
E: Não só na Canore, mas a Prefeitura vem atuando de forma a dar todo o suporte necessário às cooperativas cadastradas na LIMPURB, através de entrega de PEV, entrega de EPIs, fardamento completo para atuar no Carnaval, por exemplo.
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Apêndice F: Transcrição da entrevista com a gestora da Canore
Josélia Jesus Machado é a gestora da Cooperativa Canore, tem 48 anos, é casada, possui Ensino Médio Completo, tem dois filhos e possui uma renda familiar de três salários mínimos.
P: Há quanto tempo exerce a função de Gestora?
E: Não faz muito tempo não... mais ou menos ... um ano.
P: Quando foi fundada a cooperativa?
E: Foi em 2006.
P: Quantos cooperados existem na Cooperativa?
E: Dezesseis
P: Como é sua relação com os outros cooperados?
E: Muita boa viu? Aqui todo mundo é unido, é bem família mesmo.
P: Qual a importância da sua atuação para a cooperativa?
E: Sou responsável pela a administração da cooperativa. Sou eu que entro em contato com a Prefeitura, que faço a distribuição das tarefas...
P: Com quais materiais reciclados vocês trabalham?
E: Com todos os tipos, menos o vidro. O vidro não tem valor de venda. Quando vem pra cá. Volta para o lixo. É muito perigo... se não tiver cuidado fere até a gente. Mas o que agente ganha mais mesmo é com o óleo, porque a gente vende para a Petrobras.
P: Qual a renda mensal da Cooperativa?
E: Depende do mês. Tem mês que tem mais material e tem mês que tem menos. Depois das despesas, dar mais ou menos uns trezentos a quatrocentos reais para cada.
P: Quanto à cooperativa gasta com despesas mensais?
E: Tem os motoristas que recebem fixo. O motorista do caminhão recebe mil, duzentos e vinte reais, o outro que dirige a Montana recebe setecentos e vinte reais. Tem o combustível uns mil e quatrocentos, a luz vem duzentos e quarenta e três e também tem a internet que é duzentos e trinta. Ah! tem a água que é uns cento e vinte reais...
P: Quais os bairros vocês recolhem os materiais?
E: Em vários. Aqui em Santa Cruz, Piatã, Barra, na Lapa, Piedade, Rio Vermelho, no Itaigara, na Pituba. Onde tiver o caminhão vai á e pega...
P: Quantos dias da semana a cooperativa funciona?
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E: De segunda á sábado, mas varia. Vai depender da precisão. Às vezes a gente trabalha no domingo e feriado também. Tudo depende do momento...
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
E: Sei sim... Mas nem me pergunte, vi? Porque não sem dizer não.
P: Qual a relação da Cooperativa com a prefeitura de Salvador?
E: Posso dizer que é boa, mas na verdade ela não ajuda agente em nada...
P: O que mudou na Cooperativa após o lançamento do Programa Coleta de Salvador?
E: Na verdade, nada! Eles até doaram uns maquinários, fizeram uma parceria da gente com a Ambev e só. Porque até os EPIs só mandam no Carnaval e ainda assim tudo errado. É bota grande, luva ruim. Não manda nada que preste...
P: A cooperativa recebe algum tipo de ajuda da Prefeitura? Se sim, qual?
E: Que ajuda? Queria eu! Não da nada...
P: O que você acha da alternativa e implantação de coleta seletiva no município de Salvador?
E: Ruim. Porque não investe nas cooperativas, não ajuda a gente em nada, os PEVs vem cheios de lixos. Deviria investir na educação das pessoas para separar os lixos, deveria da atenção para as cooperativas, sabe?
Apêndice G: Transcrição da entrevista com os cooperados (as)
Para melhor compreensão e organização foram descritas aqui somente as entrevistas de alguns cooperados (as), visto que as respostas foram bem parecidas. A cooperada Marilene Gonçalves de Oliveira, 54 anos, é casada, estudou somente até o 6° ano (Ensino Fundamental Incompleto), tem dois filhos, mora em casa própria, onde residem quatro pessoas. Sendo, que o responsável pelo o sustento da família é o seu esposo, o João de Oliveira que é aposentado. Portanto a renda mensal da família é de dois salários mínimos. P: Você já trabalhou de carteira assinada?
E: Já sim. Eu trabalho nas casas de família desde 10 anos. O dinheiro até é certo, mas a humilhação é grande viu? Ah minha filha só trata “nois” com desaforo, “nois” trabalha que nem condenado de segunda a sábado. Não tem tempo pra cuidar da casa de “nois”. Vale a pena não...
P: Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
E: Doméstica, depois era catadora. Catava e deixava “tudim” lá na porta de casa.
P: O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
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E: Que nada minha filha. Oxente! Olha pra isso Maria! Que nada! Se dependesse disso aqui. “nois” morria de fome. Se não fosse o João que é aposentado, “nois” estava frito... lá em casa..
P: Quanto você ganha na cooperativa?
E: Merrequinha! Tem mês que é duzentos, tem mês que é quinhentos. Isso não dar pra nada.
P: Há quanto tempo você esta na cooperativa?
E: Faz uns sete a oito anos, eu acho. Deve ser mais ou menos isso aí.
P: Como você começou a fazer parte desta cooperativa?
E: Foi assim. “Nois” catava material e colocava na porta de casa. Ai seu Manuel, viu o sofrimento da gente e lutou, lutou... Até que conseguiu esse lugar pra gente ficar aqui. Foi seu Manuel que ajudou “nois”.
P: Como é sua convivência com os outros cooperados?
E: Aqui todo mundo é família. Agente não tem briga, não. Aqui é tudo unido.
P: Você gosta do que faz?
E: Sim. Leva pão pra casa.
P: O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
E: Melhorou. Não deixo mais material na minha casa. É bom, é ganha pão né? A gente conversa aqui o dia todo.
P: Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
E: Não, não. Agente só tem que tomar cuidado com os vidros, as seringa. Que as vezes vem na PEV, mas é fácil.
P: Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
E: Eu? Não. Meto tudo no lixo “mermo”.
P: Qual a importância da reciclagem para você?
E: É meu ganha pão. Bom né? Preserva a natureza.
P: Qual tipo de material você recolhe?
E: Recolhe de tudo, menos vidro. Vidro não serve pra nada. Mais o melhor mesmo é o óleo. O óleo dá mais dinheiro.
P: Quais bairros você recolhe o material?
E: “Nois trabaia” em tudo quanto e bairro... Onde tiver “nois” vai. Pega óleo desse restaurante “tudim” da Pituba, Itaigara. Os mercado, às vezes dá coisas a gente. Perto de vencer, mas dá.
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
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E: A UNIFACS explicou pra gente, mas não lembro mais não.
P: Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
E: Oxe! Recebe nada. Que ajuda? Ai, ai viu.
P: Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
E: Sim. Aquele programa que não ajuda a gente em nada, nem EPIs dar a gente.
O cooperado Jeferson da Silva Sousa, 24 anos, solteiro, possui o Ensino Fundamental Incompleto, não filhos, mora em casa própria com a mãe e os irmãos, Sendo, que a responsável pelo o sustento da família é a sua mãe, e a renda mensal da família é de um salário mínimo.
P: Você já trabalhou de carteira assinada?
E: Não.
P: Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
E: Eu trabalhava no ferro velho. Depois vim pra cá
P: O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
E: Não, não. Se não fosse minha mãe, não dava não.
P: Quanto você ganha na cooperativa?
E: De quatrocentos a quinhentos. Varia.
P: Há quanto tempo você esta na cooperativa?
E: Uns nove meses.
P: Como você começou a fazer parte desta cooperativa?
E: Foi a Maria que me chamou
P: Como é sua convivência com os outros cooperados?
E: Convivência de família mesmo.
P: Você gosta do que faz?
E: Sim. É legal. Já acostumei
P: O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
E: Nada
P: Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
E: Não.
P: Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
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E: Não
P: Qual a importância da reciclagem para você?
E: É bom. Ganha um dinheirinho
P: Qual tipo de material você recolhe?
E: De tudo um pouco
P: Quais bairros você recolhe o material?
E: Santa Cruz, Itaigara, Pituba, Lapa. Um monte de lugar.
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
E: Sei sim. Só não sei explicar.
P: Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
E: Nada
P: Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
E: Sei. Já ouvi falar sim.
A cooperada Maria do Carmo, 60 anos, solteira, estudou somente até o 4° ano (Ensino Fundamental Incompleto), tem cinco filhos, mora em casa própria, onde residem cinco pessoas. Sendo, que o responsável pelo o sustento da família é ela própria, e a renda familiar de um salário.
P: Você já trabalhou de carteira assinada?
E: Não. Só de domestica mesmo, mas nunca assinaram minha carteira não.
P: Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
E: Vendia jornal
P: O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
E: Dá nada! É pouco de mais minha filha. Não dá pra quase nada.
P: Quanto você ganha na cooperativa?
E: De trezentos a quinhentos
P: Há quanto tempo você esta na cooperativa?
E: Faz uns dez anos.
P: Como você começou a fazer parte desta cooperativa?
E: Foi graças ao seu Manuel. Ele que ajudou “nois”
P: Como é sua convivência com os outros cooperados?
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E: Relação de família mermo.
P: Você gosta do que faz?
E: Sim. E tem outro jeito? Só não gosto mesmo é de filtrar o óleo. Dá muito trabalho. A máquina quebrou né? Fazer o que?
P: O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
E: Nada
P: Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
E: Não.
P: Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
E: Não. Meto tudo no lixo.
P: Qual a importância da reciclagem para você?
E: Eu acho bom.
P: Qual tipo de material você recolhe?
E: Tudo. Menos vidro. Não presta pra vender.
P: Quais bairros você recolhe o material?
E: Tudo aqui da região mesmo.
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
E: Não
P: Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
E: Queria eu!
P: Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
E: Já ouvi falar.
A cooperada Tânia Regina Santana, 58 anos, solteira, estudou somente até o 5° ano (Ensino Fundamental Incompleto), tem seis filhos, mora em casa própria, é responsável pelo sustento da família, e a sua renda mensal é de um salario mínimo.
P: Você já trabalhou de carteira assinada?
E: Nunca
P: Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
E: Doméstica, depois fui ser catadora e agora estou aqui.
P: O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
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E: A gente vai levando como dá. Só recebe de dois em dois mês, mesmo.
P: Quanto você ganha na cooperativa?
E: De 300 a 400.
P: Há quanto tempo você esta na cooperativa?
E: Desde 2006
P: Como você começou a fazer parte desta cooperativa?
E: Eu me inscrevi na associação de moradores. Ai, me deixaram ficar aqui.
P: Como é sua convivência com os outros cooperados?
E: Relação de família. De companheirismo.
P: Você gosta do que faz?
E: Sim. Se distrai, trabalha em grupo dá risada.
P: O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
E: Melhorou. Porque antes colocava o material na frente de casa e agora trago para cá.
P: Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
E: Não
P: Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
E: Não. Jogo no lixo mesmo.
P: Qual a importância da reciclagem para você?
E: É importante para o planeta.
P: Qual tipo de material você recolhe?
E: De todos os tipos, fora o vidro.
P: Quais bairros você recolhe o material?
E: Barra, Pituba, aqui na Santa Cruz.
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
E: Não
P: Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
E: De maneira nenhuma! Só no Carnaval, mesmo assim não presta pra nada.
P: Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
E: Não.
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O cooperado Josias Silva, 23 anos, solteiro, tem o Ensino Médio Completo, não filhos, mora em casa própria, onde residem quatro pessoas. Sendo, que a responsável pelo o sustento da família é a sua mãe, e a renda mensal da família é de mil e quatrocentos reais.
P: Você já trabalhou de carteira assinada?
E: Não.
P: Com o que você trabalhava antes da Cooperativa?
E: Fazia biscate. Um aqui, outro ali. Já fui de tudo um pouco. Fui gari, trabalhei em lanchonete, padaria. Agora tô aqui.
P: O que você ganha na cooperativa é suficiente para manter sua família?
E: Da para ajudar em casa sim
P: Quanto você ganha na cooperativa?
E: De quatrocentos, quinhentos. Depende do mês.
P: Há quanto tempo você esta na cooperativa?
E: quatro meses
P: Como você começou a fazer parte desta cooperativa?
E: Foi Maria que me chamou.
P: Como é sua convivência com os outros cooperados?
E: Tranquilo
P: Você gosta do que faz?
E: Sim, eu me adapto fácil com as coisas.
P: O que mudou na sua vida depois da Cooperativa?
E: Nada, mas dá pra ganhar um dinheiro.
P: Você tem alguma dificuldade para realizar sua atividade na Cooperativa?
E: Não
P: Você faz reciclagem do resíduo da sua casa?
E: Faço sim, as vezes trago para a cooperativa.
P: Qual a importância da reciclagem para você?
E: Ajuda a diminuir a poluição, reduz o lixo na praia.
P: Qual tipo de material você recolhe?
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E: Todos os tipos.
P: Quais bairros você recolhe o material?
E: Aqui, Pituba, Lapa, Piedade.
P: Você sabe o que é o PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólido)?
E: Sei sim, fala dos lixões... essas coisas... fala também das cooperativas.
P: Recebe alguma ajuda da prefeitura? Se sim, qual tipo?
E: Até agora não vi nada.
P: Você sabe o que é o Programa Coleta Seletiva Salvador?
E: Sei, são eles que trazem os reciclados aqui pra gente
Apêndice H: Transcrição da entrevista com os moradores do Bairro de Santa Cruz
Luciana Silva, 37 anos, solteira, tem o Ensino Médio Incompleto, e mora no bairro desde que nasceu.
P: O que você faz com lixo que você produz?
E: Jogo diretamente no lixo. Não separo não.
P: Você sabe o que é coleta seletiva?
E: Mais ou menos.
P: Você separa o lixo da sua casa para reciclagem?
E: Não.
P: Quando você vai às compras, se preocupa em escolher produtos que agridam menos o meio ambiente?
E: Não
P: Você sabe separar corretamente o lixo para reciclagem?
E: Não. Nunca nem tentei
P: Você costuma reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
E: Só a garrafa de refrigerante pra colocar água.
P: Você se preocupa com as questões ambientais?
E: Sim.
P: Em sua opinião, o aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
E: Sim, ele não foi feito para isto?
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P: Você sabe qual é o destino do lixo de Salvador?
E: Sim, o lixão.
P: Você conhece a cooperativa de materiais recicláveis que atua no seu bairro?
E: Sim, a Canore.
P: Você já levou matérias recicláveis diretamente para a cooperativa?
E: Não
P: Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Salvador?
E: Não
P: Você sabe o que são ou para que serve as PEVs?
E: Não. O que é isso? Ah é aquilo é?... Pensei que fosse para colocar lixo comum.
P: No seu bairro há coleta de lixo diariamente?
E: Tem sim.
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor vermelha?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor azul?
E: Vixe, moça! Disso aí eu não sei nada.
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor amarela?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor verde?
E: Não
P: Você acha importante á pratica de reciclagem? Por quê?
E: Sim, é bom pra preservar o meio ambiente.
Guilherme Silva, 18 anos, solteiro, tem o Ensino Médio Completo, e mora no bairro desde há cinco anos.
P: O que você faz com lixo que você produz?
E: Jogo no lixo
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P: Você sabe o que é coleta seletiva?
E: Sei
P: Você separa o lixo da sua casa para reciclagem?
E: Não.
P: Quando você vai às compras, se preocupa em escolher produtos que agridam menos o meio ambiente?
E: Não
P: Você sabe separar corretamente o lixo para reciclagem?
E: Sei, mas não faço não.
P: Você costuma reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
E: Não
P: Você se preocupa com as questões ambientais?
E: Sim.
P: Em sua opinião, o aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
E: Não, acho que o que dá para reciclar precisa ir para as cooperativas.
P: Você sabe qual é o destino do lixo de Salvador?
E: Sim, no aterro.
P: Você conhece a cooperativa de materiais recicláveis que atua no seu bairro?
E: Sim, a Canore.
P: Você já levou matérias recicláveis diretamente para a cooperativa?
E: Não.
P: Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Salvador?
E: Já ouvi falar sim. Vi alguma coisa na Internet.
P: Você sabe o que são ou para que serve as PEVs?
E: Não
P: No seu bairro há coleta de lixo diariamente?
E: Sim.
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor vermelha?
E: Não
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P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor azul?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor amarela?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor verde?
E: Não
P: Você acha importante á pratica de reciclagem? Por quê?
E: Sim, para manter a cidade limpa, proteger o meio ambiente.
Raiane dos Santos, 25 anos, casada, tem o Ensino Médio Completo, e mora no bairro de Santa Cruz há sete anos.
P: O que você faz com lixo que você produz?
E: Jogo no lixo
P: Você sabe o que é coleta seletiva?
E: Sei sim.
P: Você separa o lixo da sua casa para reciclagem?
E: Separo todos os dias.
P: Quando você vai às compras, se preocupa em escolher produtos que agridam menos o meio ambiente?
E: Sim
P: Você sabe separar corretamente o lixo para reciclagem?
E: Sim
P: Você costuma reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
E: Sim. Tudo que posso eu reutilizo.
P: Você se preocupa com as questões ambientais?
E: Sim, muito. Temos que cuidar do nosso planeta.
P: Em sua opinião, o aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
E: Não, só deve ir para lá o que não serve mais.
P: Você sabe qual é o destino do lixo de Salvador?
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E: Sim, o aterro.
P: Você conhece a cooperativa de materiais recicláveis que atua no seu bairro?
E: Conheço sim.
P: Você já levou matérias recicláveis diretamente para a cooperativa?
E: Levo sim.
P: Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Salvador?
E: Pra falar a verdade, bem pouco.
P: Você sabe o que são ou para que serve as PEVs?
E: Sim, pra colocar recicláveis.
P: No seu bairro há coleta de lixo diariamente?
E: Sim
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor vermelha?
E: Na verdade, se não tiver o nome eu não sei para que é não.
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor azul?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor amarela?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor verde?
E: Não
P: Você acha importante á pratica de reciclagem? Por quê?
E: Sim, porque quanto menos lixo, melhor.
Yuri Rebolças, 30 anos, casado, Ensino Médio Incompleto, e mora no bairro há vinte anos.
P: O que você faz com lixo que você produz?
E: Jogo no lixo
P: Você sabe o que é coleta seletiva?
E: Não
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P: Você separa o lixo da sua casa para reciclagem?
E: Não, mas minha mulher faz.
P: Quando você vai às compras, se preocupa em escolher produtos que agridam menos o meio ambiente?
E: Não, só me preocupo com a comida mesmo.
P: Você sabe separar corretamente o lixo para reciclagem?
E: Não
P: Você costuma reutilizar algum tipo de material que vai para o lixo?
E: Só a garrafa de refrigerante e lata de tinta para carregar areia.
P: Você se preocupa com as questões ambientais?
E: Sim.
P: Em sua opinião, o aterro sanitário deve receber todo tipo de lixo?
E: Sim
P: Você sabe qual é o destino do lixo de Salvador?
E: Sim, o lixão.
P: Você conhece a cooperativa de materiais recicláveis que atua no seu bairro?
E: Não
P: Você já levou matérias recicláveis diretamente para a cooperativa?
E: Não
P: Você conhece o Programa de Coleta Seletiva Salvador?
E: Não
P: Você sabe o que são ou para que serve as PEVs?
E: Não, nunca nem ouvi falar.
P: No seu bairro há coleta de lixo diariamente?
E: Sim.
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor vermelha?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor azul?
E: Não
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P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor amarela?
E: Não
P: Você sabe qual tipo de resíduo deve ser depositado na coletora de cor verde?
E: Não
P: Você acha importante á pratica de reciclagem? Por quê?
E: Não
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Apêndice I: Fotos das entrevistas na Cooperativa
Foto 1: Entrevista com a gestora Josélia
Foto 2: Entrevista com a cooperada Tânia
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