View
217
Download
1
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS E RELAÇÃO AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS: NÃO ESSENCIAIS EM DIETAS PARA
FRANGOS DE CORTE
CLÁUDIA DE CASTRO GOULART
AREIA - PB FEVEREIRO - 2010
ii
CLÁUDIA DE CASTRO GOULART
UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS E RELAÇÃO AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS: NÃO ESSENCIAIS EM DIETAS PARA
FRANGOS DE CORTE
Comitê de Orientação: Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa – Orientador Principal Prof. Dr. José Humberto Vilar da Silva Profa. Dra. Patrícia Emília Náves Givisiez
AREIA - PB FEVEREIRO- 2010
Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, do qual participam a Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Nutrição Animal
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia - PB
G694u Goulart, Cláudia de Castro.
Utilização de aminoácidos industriais e relação aminoácidos essenciais:não essenciais em dietas para frangos de corte. / Cláudia de Castro Goulart. - Areia: UFPB/CCA, 2010.
135 F.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias. Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2010.
Bibliografia. Orientador: Fernando Guilherme Perazzo Costa. Co-Orientador: José Humberto Vilar da Silva.
1. Frangos de corte – dieta 2. Frangos de corte – nutrição 3. Aminoácidos industriais – alimentação de frangos de corte 4. Aminoácidos essenciais e não essenciais – alimentação de aves I. Costa, Fernando Guilherme Perazzo (Orientador) II. Silva, José Humberto Vilar da (Co-orientador) III. Título.
UFPB/CCA CDU: 636.5
iii
CLÁUDIA DE CASTRO GOULART
UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS E RELAÇÃO AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS: NÃO ESSENCIAIS EM DIETAS PARA
FRANGOS DE CORTE
Tese defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 10 de fevereiro de 2010 Comissão Examinadora:
________________________________________ Prof. Dr. Jorge Vitor Ludke
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária/ Embrapa Centro Nacional de Pesquisa em Suínos e Aves/ CNPSA
________________________________________ Prof. Dra Maria do Carmo Mohaupt Marques Ludke
Universidade Federal Rural de Pernambuco Departamento de Zootecnia
__________________________________________ Prof. Dr. Carlos Bôa-Viagem Rabello Universidade Federal Rural de Pernambuco
Departamento de Zootecnia
___________________________________________ Prof. Dr. Edilson Paes Saraiva Universidade Federal da Paraíba Departamento de Zootecnia/CCA
________________________________________ Prof. Dr. Fernando Guilherme Perazzo Costa
Universidade Federal da Paraíba Departamento de Zootecnia/CCA
Presidente
AREIA-PB FEVEREIRO – 2010
iv
DADOS CURRICULARES DO AUTOR
CLÁUDIA DE CASTRO GOULART – Filha de Saulo de Andrade Goulart e
Nícia de Castro Goulart, nasceu no dia 15 de janeiro de 1971 na cidade de Muriaé, no
Estado de Minas Gerais. Prestou o vestibular para o Curso de Zootecnia na
Universidade Federal de Viçosa em 1989, onde se formou em janeiro de 1994. No
mesmo ano ingressou no Curso de Mestrado em Zootecnia desta universidade,
trabalhando com determinação de exigências nutricionais de lisina para poedeiras
comerciais, recebendo o título de Mestre em Zootecnia em fevereiro de 1997. Em março
de 1998 passou no Concurso Público para professora na Universidade Estadual Vale do
Acaraú – UVA, em Sobral, Ceará, onde atua lecionando disciplinas e desenvolvendo
pesquisas na área de produção e nutrição de monogástricos. Teve experiências na área
administrativa como Coordenadora Adjunta e Coordenadora do Curso de Zootecnia e
Vice-Diretora e Diretora do Centro de Ciências Biológicas e Agrárias da UVA. Em
março de 2006 solicitou o afastamento de suas atividades junto à UVA para ingressar no
Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia na Universidade Federal da Paraíba,
em Areia, Paraíba, onde defendeu sua Tese em fevereiro de 2010.
v
A Deus, Pai Amoroso por traçar meus caminhos permitindo que eu chegasse até aqui e,
principalmente, por jamais desistir de mim, mesmo quando eu mesma não acreditava.
Aos meus pais Saulo e Nícia, pelo amor, carinho, dedicação, enfim, por me tornarem o
que sou... Sei que continuam a olhar por mim.
Aos meus irmãos, cunhadas e sobrinhos pelo apoio incondicional e por perdoarem
minhas ausências em momentos tão importantes de suas vidas.
Em especial, ao Espírito que nessa vida recebeu o nome de Paulo e foi meu
companheiro, amor, amigo, enfim, alma gêmea de minh’alma: “Meu amado imortal,
que Deus nos permita cruzar o Cosmos de mãos dadas...”
Dedico
vi
AGRADECIMENTOS
À Deus, infinitamente bom e justo, por ter me conduzido nesta jornada e me
dado forças para vencer as dificuldades e obstáculos. Que o vosso nome seja bendito
pelos benefícios que me concedestes; deles seria indigna se os atribuísse ao acaso dos
acontecimentos ou ao meu próprio mérito.
Aos meus pais, Saulo de Andrade Goulart e Nícia de Castro Goulart, por terem
me recebido como filha, me educado e amado da melhor forma que podiam.
Aos meus irmãos, Marcelo, Carlos, Guilherme e Danilo, às minhas cunhadas,
Rose, Margarida, Cláudia e Imaculada e aos meus sobrinhos queridos, Paula, Vânia,
Pedro, Alice e Vítor, por perdoarem minhas ausências e me proporcionarem o suporte
emocional para esta vitória.
À Coordenação do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia (PDIZ) do
Centro de Ciências Agrárias (CCA) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), pela
oportunidade de fazer parte deste Curso que muito contribuiu para minha formação.
Ao Prof. Fernando Guilherme Perazzo Costa, que não só foi um grande
orientador, mas foi um grande amigo, me deu oportunidade de crescer
profissionalmente e aprender com seu exemplo de homem dinâmico, mas ao mesmo
tempo de coração gigante. Não tenho palavras que expressem toda minha gratidão...
Aos Professores José Humberto Vilar da Silva, Carlos Bôa-Viagem Rabello,
Maria do Carmo Mohaupt Marques Ludke, Jorge Vitor Ludke, Terezinha Domiciano
Dantas Martins e Edilson Saraiva, pela participação no Exame de Qualificação e Defesa
da Tese e pelas valiosas contribuições para a melhoria deste trabalho.
À Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA) e à Coordenação e Colegiado
do Curso de Zootecnia da UVA, por terem permitido meu afastamento para a realização
do curso, em especial aos professores que assumiram minhas disciplinas. Às professoras
Tereza, Dêis e Révia, que muito mais que colegas de trabalho, são amigas-irmãs, e me
deram o apoio emocional e incondicional para o êxito deste trabalho.
À Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico (FUNCAP) pela
bolsa de estudos concedida.
vii
À Ajinomoto Animal Nutrition, em especial à Eduardo Nogueira, Luciano Sá,
Marianne Kutschenco e Edgar Ishikawa, pela contribuição nas pesquisas, análises
laboratoriais e participação em eventos científicos.
À Guaraves Alimentos, em especial ao Sr. Ivanildo Coutinho, que sempre nos
atendeu prontamente e apoiou a pesquisa.
Ao Prof. José Humberto Vilar da Silva, meu co-orientador, por toda a atenção,
incentivo e apoio ao longo desta jornada. Obrigada por ter sido meu mestre...
Ao Prof. Walter Esfrain Pereira, pela paciência e pelo pronto atendimento na
solução de minhas dúvidas e por ter feito com que eu me apaixonasse pela estatística.
À secretária do PPGZ, Graça, pela amizade sincera, pelo carinho e auxílio nas
dificuldades.
Aos funcionários do CEPEC, D. Carmem e Damião, pelo carinho e
receptividade.
Aos funcionários do Setor de Avicultura, Ramalho, Francisco Ademir e, em
especial, ao Josivaldo (Josa), que foi meu braço direito nos trabalhos de campo e cuja
colaboração foi essencial para o sucesso dos experimentos.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal, José Alves, José Sales,
Antônio (Duelo) e Antônio Costa, pela atenção e colaboração nas análises laboratoriais.
Aos amigos e colegas da Pós-Graduação, em especial à Elisanie, pelo carinho,
apoio, amizade, convivência e os bons momentos compartilhados.
Aos amigos do Grupo de Estudos em Tecnologia Avícola (GETA), em especial
a Cleber, Valéria, Raul, Bruno, Ismael e Clariana, que assumiram a responsabilidade de
me substituir nos trabalhos de campo em um momento muito triste e difícil de minha
vida. E não poderia deixar de agradecer àqueles que não estão mais no grupo, mas que
me auxiliaram em muitos momentos na execução dos trabalhos, em especial à Janete,
Wllissis, Miguel e Bárbara.
Às amigas do prédio onde morei durante todo este período, Manu, Valéria,
Camilla, Ladyanne e Lidiany. Obrigada pela companhia, amizade e os bons momentos.
À amiga Ana Sancha, colega de Doutorado, de prédio e de trabalho, por ter
aberto meus caminhos em Areia, me recebido e apoiado nos momentos de dificuldades.
À Janete, amiga-irmã, por tudo... Palavras são pouco para expressar toda minha
gratidão. Tenho certeza que os momentos em Areia não foram o início e sim a retomada
viii
de uma amizade que vem de outras vidas e que nem o tempo e a distância podem
destruir. Agradeço também à D. Graça, minha “mãezinha” de Areia, por me receber
com tanto carinho em sua casa.
À Valéria, amiga que me conquistou com sua personalidade forte e ao mesmo
tempo doce. Obrigada, não só por toda a ajuda ao longo dos experimentos, mas
principalmente por ter me presenteado com uma família, que me recebeu com muito
amor. Vocês, Valéria, D. Maria, S. Benjamim, Vitória, Sérgio, Mariana, Roberto,
Rodrigo e Maria Clara, estarão sempre em meu coração.
À Roberto, por todos os momentos que passamos juntos, pelo carinho, amor e
amizade que levarei sempre comigo.
Enfim, esta Tese é o resultado de uma longa caminhada. Muitos outros que não
foram citados contribuíram para que eu chegasse até aqui. Agradecer, sem cometer
injustiça, é uma tarefa difícil – agradeço a todos aqueles que direta ou indiretamente,
participaram desta minha conquista. Muito obrigada!
ix
SUMÁRIO
Página
Lista de Tabelas................................................................................................... xi
Lista de Figuras.................................................................................................... xv
Resumo Geral...................................................................................................... xvi
Abstract................................................................................................................ xvii
Considerações Iniciais.........................................................................................
Capítulo 1- Referencial Teórico..........................................................................
Introdução.........................................................................................................
Revisão de Literatura .......................................................................................
Redução Protéica em Dietas para Frangos de Corte.........................................
Relação Energia Metabolizável: Proteína Bruta para Frangos de Corte..........
Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos Não Essenciais para
Frangos de Corte ................................................................................................
Valina, Isoleucina e Glicina para Frangos de Corte ........................................
Considerações Finais .......................................................................................
Referências Bibliográficas ...............................................................................
Capítulo 2 - Utilização de Valina Industrial na Formulação de Dietas com
Diferentes Níveis de Energia Metabolizável para Frangos de Corte...................
Resumo.............................................................................................................
Abstract.............................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos...........................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusões........................................................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
01
04
05
07
07
08
11
15
20
21
27
28
30
32
33
43
61
62
x
Capítulo 3 - Proteína Bruta e Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos
Não Essenciais para Frangos de Corte de 8 a 40 Dias de Idade..........................
Resumo.............................................................................................................
Abstract.............................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos...........................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusões........................................................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
Capítulo 4 - Utilização de Valina, Isoleucina e Glicina em Dietas para
Frangos de Corte .................................................................................................
Resumo.............................................................................................................
Abstract...........................................................................................................
Introdução.........................................................................................................
Material e Métodos..........................................................................................
Resultados e Discussão.....................................................................................
Conclusões........................................................................................................
Referências Bibliográficas................................................................................
Considerações Finais...........................................................................................
67
68
70
72
73
81
99
100
104
105
106
107
110
119
130
131
134
xi
LISTA DE TABELAS
Capítulo 2 - Utilização de Valina Industrial na Formulação de Dietas com
Diferentes Níveis de Energia Metabolizável para Frangos de Corte
Página
1. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte na fase pré-inicial (1 a 7 dias).............................................................
36
2. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos
de corte na fase inicial (8 a 21 dias)..................................................................
37 3. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos
de corte na fase de crescimento (22 a 35 dias)..................................................
38 4. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos
de corte na fase final (36 a 42 dias)..................................................................
39 5. Valores calculados e analisados (%) de aminoácidos das dietas
experimentais (em aminoácidos totais) ............................................................
40 6. Médias das características de desempenho zootécnico de frangos de corte em
função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas..................................................................................................................
44 7. Médias dos pesos e rendimentos de carcaça e cortes nobres e pesos absolutos
e relativos de vísceras comestíveis e gordura abdominal dos frangos aos 42 dias, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas ...................................................................................
48 8. Médias das características de composição corporal (na matéria natural) de
frangos de corte frangos aos 21 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas....................................
50 9. Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura,
relação deposição de proteína: deposição de gordura, eficiência de deposição da proteína e excreção aparente de N em frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas....................................................................................
52 10. Médias das características de composição corporal (na matéria natural) de
frangos de corte frangos aos 42 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas....................................
54 11. Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura,
relação deposição de proteína: deposição de gordura, eficiência de deposição
xii
da proteína e excreção aparente de N em frangos de corte de 1 a 42 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas....................................................................................
57
xiii
LISTA DE TABELAS Capítulo 3 - Proteína Bruta e Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos Não
Essenciais para Frangos de Corte de 8 a 40 Dias de Idade
Página 1. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 8 a 21 dias de idade..................................................................................
75
2. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 22 a 40 dias de idade................................................................................
77
3. Médias de das características de desempenho de acordo com os níveis de PB (relação AAE: AANE) da dieta de frangos de corte no período de 8 a 21 dias de idade..................................................................................................................
81 4. Médias de consumo de ração (CR), peso final (PF), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de acordo com os níveis de PB da dieta de frangos de corte no período de 22 a 40 dias de idade.....................................................
84 5. Média dos pesos e rendimentos de carcaça e de cortes nobres e pesos absolutos e relativos das vísceras comestíveis e gordura abdominal de frangos de corte aos 40 dias, de acordo com os níveis de PB e relação AAE: AANE das dietas......................................................................................................................
86 6. Médias de balanço de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, de acordo com os níveis de PB e da relação AAE: AANE da dieta......................
87
7. Médias de composição corporal de frangos de corte aos 21 dias, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta............................................
91 8. Médias de consumo, deposição e eficiência de deposição de proteína e deposição de gordura em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta............................................
93 9. Médias de composição corporal de frangos de corte aos 40 dias, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta.........................................
96 10. Médias de consumo, deposição e eficiência de deposição de proteína e deposição de gordura em frangos de corte de 22 a 40 dias de idade, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta............................................
97
xiv
LISTA DE TABELAS Capítulo 4 - Utilização de Valina, Isoleucina e Glicina em Dietas para Frangos de
Corte
Página 1. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 1 a 7 dias.........................................................................................
112
2. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 8 a 21 dias.......................................................................................
113
3. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 22 a 35 dias.....................................................................................
114
4. Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 36 a 42 dias....................................................................................
115
5. Valores calculados (C) e analisados (A) dos aminoácidos (totais) das dietas experimentais (%).............................................................................................
116
6. Médias das características de desempenho de frangos de corte de 1 a 7, 8 a 21, 22 a 35 e 36 a 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais nas dietas....................................................................
120 7. Médias dos pesos e rendimentos de carcaça e de cortes nobres e pesos absolutos e relativos de vísceras comestíveis e da gordura abdominal dos frangos aos 42 dias, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais nas dietas...........................................................................................................
123 8. Médias de consumo, excreção, retenção e eficiência de retenção de nitrogênio em frangos de corte de 18 a 21 dias, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta...................................................................
124 9. Médias das características de composição corporal de frangos de corte aos 7, 21 e 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta..............................................................................................................
125 10. Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura corporal, relação deposição de proteína: deposição de gordura e eficiência de deposição de proteína em frangos de corte de 1 a 7, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta............
127
xv
LISTA DE FIGURAS Capítulo 3 - Proteína Bruta e Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos Não
Essenciais para Frangos de Corte de 8 a 40 Dias de Idade
Página
1. Efeito dos níveis de PB e relações AAE: AANE sobre a conversão alimentar de frangos de corte de 8 a 21 dias de idade....................................................
82
2. Efeito dos níveis de PB e relações AAE: AANE sobre o ganho de peso de frangos de corte de 22 a 40 dias de idade..........................................................
84
3. Efeito dos níveis de PB sobre o consumo de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade....................................................................................
87
4. Efeito dos níveis de PB sobre a excreção de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade....................................................................................
88
5. Efeito dos níveis de PB sobre a percentagem do nitrogênio consumido que foi excretado por frangos de corte de 18 a 21 dias de idade.............................
89
6. Efeito dos níveis de PB sobre a eficiência de retenção do nitrogênio por frangos de corte de 18 a 21 dias de idade..........................................................
89
7. Efeito dos níveis de PB sobre a proteína corporal em frangos de corte aos 21 dias de idade......................................................................................................
92
8. Efeito dos níveis de PB sobre a gordura corporal em frangos de corte aos 21 dias de idade......................................................................................................
92
9. Efeito dos níveis de PB sobre a relação deposição de proteína: ganho em gordura em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade........................................
93
10. Efeito dos níveis de PB sobre a deposição de proteína em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade......................................................................................
94
11. Efeito dos níveis de PB sobre a deposição de gordura em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade......................................................................................
94
xvi
UTILIZAÇÃO DE AMINOÁCIDOS INDUSTRIAIS E RELAÇÃO
AMINOÁCIDOS ESSENCIAIS: NÃO ESSENCIAIS EM DIETAS PARA
FRANGOS DE CORTE
RESUMO GERAL
Várias pesquisas apontam a redução protéica, com suplementação de
aminoácidos essenciais na dieta, como uma ferramenta para melhorar o desempenho e
reduzir a excreção de nitrogênio para o ambiente, desde que esta redução não
comprometa o fornecimento de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais.
Além do bom balanceamento entre os aminoácidos da dieta, a relação energia
metabolizável: proteína bruta (PB) é extremamente importante para se garantir máxima
deposição de proteína, uma vez que para cada molécula de aminoácido acrescentada na
cadeia protéica há um gasto de no mínimo 4 ATPs, e também para se obter ótima
qualidade de carcaça, uma vez que todo excesso de energia será armazenado na forma
de ácidos graxos. Desta forma, foram realizados três estudos com frangos de corte no
Módulo de Avicultura do Centro de Ciências Agrárias da UFPB. No primeiro foram
avaliados os efeitos da utilização da valina industrial em dietas com diferentes níveis de
EM. De uma forma geral, a utilização da L-valina na dieta não influenciou o
desempenho e a qualidade de carcaça dos frangos, porém promoveu menor consumo e
excreção de N e maior deposição de proteína corporal, melhorando também a eficiência
de deposição da proteína. No entanto, a deposição de gordura corporal também
aumentou, exceto no menor nível de EM estudado. Desta forma, pode-se concluir que o
aminoácido industrial L-valina pode ser utilizado em dietas para frangos de corte sem
prejuízo ao desempenho, entretanto, para se obter uma melhor qualidade de carcaça, os
níveis energéticos das dietas devem ser revistos. No segundo estudo os efeitos dos
níveis de PB e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais
(AAE:AANE) da dieta sobre o desempenho de frangos de corte foram avaliados.
Considerando-se o desempenho, aliado à menor excreção de N e maior qualidade na
composição corporal dos frangos de corte, recomenda-se a utilização de dietas com 19%
PB, com relação AAE: AANE de 52: 48 e 17,5% PB, com relação AAE: AANE de 49:
51, para as fases de 8 a 21 e 22 a 40 dias, respectivamente. No terceiro estudo,
xvii
objetivou-se avaliar a utilização de L-valina (Val), L-isoleucina (Ile) e L-glicina (Gly)
nas dietas para frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. Para os pintos de 1 a 7 dias de
idade, o melhor resultado de desempenho foi obtido com a dieta contendo somente a L-
valina na formulação. Considerando-se o período total da criação, a utilização de um
programa de alimentação com redução da PB pela utilização de L-valina e L-isoleucina
na formulação das dietas não prejudicou o desempenho dos frangos de corte. A redução
protéica das dietas pela utilização dos aminoácidos industriais melhorou a eficiência de
deposição da proteína e reduziu a excreção de N, no entanto resultou em maior
deposição de gordura corporal. Desta forma, recomenda-se uma reavaliação dos níveis
energéticos das dietas com suplementação de aminoácidos industriais, para melhor
qualidade do produto.
Palavras-chave: glicina, isoleucina, proteína ideal, relação energia: proteína, valina
xviii
INDUSTRIAL AMINO ACIDS UTILIZATION AND ESSENTIAL AMINO
ACIDS TO NON ESSENTIAL AMINO ACIDS RATIO IN DIETS FOR
BROILERS
ABSTRACT
Several studies show a reduction of protein, supplemented with essential amino
acids in the diet as a tool to improve performance and reduce nitrogen excretion to the
environment, provided that such reduction will not compromise the supply of nitrogen
for the synthesis of nonessential amino acids. Added to the balance between amino
acids in the diet, the metabolizable energy (ME): crude protein (CP) ratio is extremely
important to ensure maximum protein deposition, since for each molecule of amino acid
added in a protein chain is spending at least 4 ATP and also to obtain good quality
housing, since any excess energy is stored in the form of fatty acids. Thus, three studies
were conducted with broiler chickens in Poultry Science Module of Centro de Ciências
Agrárias of Universidade Federal da Paraíba. The first experiment involved the effects
of use industrial valine in diets with different levels of ME. In general, the use of L-
valine in the diet did not affect the performance and carcass quality of broilers, but
provided lower N intake and N excretion and higher body protein deposition, while
improving the efficiency of protein deposition. However, the body fat deposition also
increased, except in the lower level of ME evaluated. Thus we can conclude that the
industrial Lvaline can be used in diets for broiler chickens without prejudice to the
performance, however, to obtain a better carcass quality, the metabolizable energy
levels of diets should be reviewed. In the second study the effects of CP levels and the
essential amino acids : nonessential amino acids ratios (EAA: NEAA) of diets on
broilers performance were evaluated. Considering the performance, combined with
lower N excretion and higher body composition quality of broiler, we recommend the
use of diets with 19% CP, compared with EAA: NEAA ratio of 52: 48 and 17.5% CP
with EAA: NEAA ratio of 49: 51, for the periods from 8 to 21 and 22 to 40 days,
respectively. In the third study aimed to evaluate the use of L-valine (Val), L-isoleucine
(Ile) and L-glycine (Gly) in diets for broilers from 1 to 42 days of age. For chicks from
1 to 7 days old, the best performance result was obtained with the diet containing only
L-valine in the formulation. Considering the total period of creation, the use of a feeding
xix
program with reduced CP by using L-valine and L-isoleucine in the formulation of diets
did not impair the performance of broilers. The reduction of dietary protein by the use
of industrial amino acids improved the efficiency of protein deposition and decreased
excretion of N, but resulted in greater body fat deposition. Thus, it is recommended a
reassessment of energy levels of diets supplemented with amino acids industry, for
better product quality.
Keywords: glycine, energy: protein ratio, ideal protein, isoleucine, valine
1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
A decisão pelo nível protéico a ser utilizado nas rações para frangos de corte é
uma das mais importantes a ser feita pelos nutricionistas, uma vez que a proteína bruta
(PB) tem grande influência, não só sobre o desempenho e a qualidade da carcaça
produzida, mas também sobre a viabilidade econômica da produção.
Os frangos não têm exigências para PB e sim para cada um dos aminoácidos
essenciais e uma quantidade de nitrogênio suficiente para a síntese de aminoácidos não
essenciais. Os aminoácidos não essenciais são assim chamados em razão de serem
sintetizados no organismo das aves a partir de precursores nitrogenados e não terem que
necessariamente ser fornecidos na dieta. No entanto, são tão essenciais ao bom
funcionamento do organismo quanto os aminoácidos essenciais, e, em caso de
deficiência de aminoácidos não essenciais na dieta, aminoácidos essenciais são
utilizados para a sua síntese.
Várias pesquisas apontam a redução protéica, com suplementação de
aminoácidos essenciais na dieta, como uma ferramenta para melhorar o desempenho e
reduzir a excreção de nitrogênio para o ambiente, desde que esta redução não
comprometa o fornecimento de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não essenciais.
Desta forma, alguns estudos demonstram que a suplementação de aminoácidos não
essenciais na dieta também pode ser utilizada como recurso para melhorar o
desempenho das aves, evitando que aminoácidos essenciais sejam utilizados para sua
síntese, aumentando, assim, a síntese protéica.
Entre as vantagens da redução protéica da dieta estão a redução dos custos da
alimentação, a maior eficiência de utilização da proteína, o melhor desempenho das
aves, a melhor qualidade da cama, a redução da quantidade de amônia nas instalações e
a redução da poluição ambiental, em função da menor excreção de nitrogênio (N).
Ressalta-se ainda que a redução dos níveis protéicos com suplementação de
aminoácidos industriais nas dietas de aves submetidas a altas temperaturas pode
melhorar o conforto térmico, uma vez que o metabolismo das proteínas gera maior
incremento calórico que o metabolismo de carboidratos e lipídios.
O perfil aminoacídico das dietas com redução de PB suplementadas com
aminoácidos industriais é mais próximo da proteína ideal. A proteína ideal é definida
2
como o balanço exato de aminoácidos que é capaz de fornecer sem excesso ou falta os
aminoácidos necessários para a manutenção animal e máxima deposição protéica.
Assim, nestas dietas, o excesso de aminoácidos é reduzido em relação às dietas de alta
PB.
Todo o excesso de aminoácido que não é assimilado pelo organismo das aves
para a síntese protéica ou de substâncias nitrogenadas é excretado, havendo um
desperdício de N. Este desperdício de N além de caro para o organismo, que passa a
sintetizar mais ácido úrico com gasto de energia e de aminoácidos, como glicina e
serina, eleva o risco de contaminação ambiental, com conseqüências danosas em regiões
onde a densidade de criação das aves é alta.
Além do bom balanceamento entre os aminoácidos da dieta, os nutricionistas
precisam decidir o nível de energia metabolizável (EM) a ser utilizado. A relação EM:
PB é extremamente importante para se garantir máxima deposição de proteína, uma vez
que para cada molécula de aminoácido acrescentada na cadeia protéica há um gasto de
no mínimo 4 ATPs, e também para se obter ótima qualidade de carcaça, uma vez que
todo excesso de energia será armazenado na forma de ácidos graxos.
Teoricamente, a redução da PB da dieta, com manutenção dos níveis ótimos dos
aminoácidos, aumenta a eficiência de deposição de proteína. Deste modo, a energia
requerida para a deposição protéica também será menor, pois o gasto de energia para a
excreção dos excessos de aminoácidos será reduzido. Assim, a utilização dos mesmos
níveis de EM praticados em dietas com alta PB poderá levar à maior deposição de
gordura na carcaça, depreciando sua qualidade, tendo em vista a exigência dos
consumidores e da indústria por carnes mais magras.
Assim, no primeiro capítulo deste trabalho foram abordados a utilização de
dietas com redução protéica para frangos de corte, os efeitos da relação energia
metabolizável: proteína bruta no desempenho e qualidade de carcaça dos frangos, a
importância da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais e a
utilização dos aminoácidos industriais valina, isoleucina e glicina nas formulações para
frangos de corte.
O segundo capítulo apresenta um experimento concebido para avaliar o efeito da
utilização da L-valina (e conseqüente redução protéica) e de diferentes níveis de energia
3
metabolizável sobre o desempenho, qualidade de carcaça e composição corporal de
frangos de corte de 1 a 42 dias de idade .
O terceiro capítulo apresenta dois experimentos conduzidos com o objetivo de
verificar os efeitos dos níveis de PB e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos
não essenciais da dieta sobre o desempenho, qualidade de carcaça, excreção de N e
composição corporal de frangos de corte de 8 a 21 e 22 a 40 dias de idade .
Por fim, o quarto capítulo, apresenta um experimento desenvolvido para avaliar
a utilização dos aminoácidos L-valina, L-isoleucina e glicina nas formulações de dietas
para frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.
4
CAPÍTULO 1
Referencial Teórico
Utilização de Aminoácidos Industriais e Relação Aminoácidos
Essenciais: Não Essenciais em Dietas para Frangos de Corte
5
Utilização de Aminoácidos Industriais e Relação Aminoácidos Essenciais: Não
Essenciais em Dietas para Frangos de Corte
INTRODUÇÃO
A nutrição animal é uma das ciências que vem evoluindo a cada década, sendo a
alimentação de frangos de corte alvo de inúmeras pesquisas no sentido de adequar
níveis nutricionais compatíveis com o máximo desempenho econômico dessas aves.
Todavia, ainda existem muitas dúvidas e questionamentos a respeito da melhor forma
de suprir as exigências nutricionais dos frangos.
Nas dietas para frangos de corte, a quantidade mínima de proteína bruta (PB)
depende da natureza e da qualidade dos alimentos disponíveis e do conhecimento da
digestibilidade das fontes protéicas, além das exigências dos animais. Os preços dos
ingredientes completam as informações para a decisão dos níveis a serem usados para
otimizar um determinado parâmetro de produção. As alternâncias que se observam nos
preços dos ingredientes podem fazer com que os níveis de proteína também flutuem na
dieta (Fraiha, 2002). Algumas vezes, rações com um preço relativo mais alto podem
gerar maior rentabilidade por quilograma de carne de frango produzida, em função do
melhor desempenho das aves. Cabe, então, ao nutricionista tomar a decisão sobre quais
aspectos têm efeito positivo na produção (Rostagno et al., 1996).
A redução protéica tem sido vista como uma das vias de possível melhoria dos
custos de produção e o nível de PB da ração passou a ser definido como o nível ótimo
para responder às necessidades da ave em aminoácidos, considerando o custo dos
ingredientes usados na formulação e o valor das carnes produzidas (Sabino et al., 2004).
Segundo Jiang et al. (2005), desde 1950 a suplementação de dietas com
metionina e lisina tem sido utilizada com sucesso pela indústria com a finalidade de
reduzir os níveis protéicos da ração. Fraiha (2002) ressalta que a produção industrial de
metionina, lisina, treonina e triptofano, a redução dos seus preços de mercado e a
perspectiva de produção de outros aminoácidos, são fatores que vêm impulsionando o
desenvolvimento de estudos no sentido de avaliar os efeitos da suplementação
aminoacídica em dietas com redução protéica sobre o desempenho produtivo e
econômico dos frangos de corte.
6
Além da redução dos custos da alimentação, os benefícios trazidos pela redução
da PB da dieta envolvem a maior eficiência de utilização da proteína e a redução da
poluição ambiental, em função da menor excreção de nitrogênio (N) (Hurwitz et al.,
1998).
De acordo com Silva et al. (2001), todo o excesso de aminoácido que não é
utilizado pelo organismo das aves para a síntese protéica ou de substâncias nitrogenadas
é excretado, havendo um desperdício de N. Este processo metabólico, além de caro para
o organismo, que passa a sintetizar mais ácido úrico com gasto de energia e de
aminoácidos, como glicina e serina, eleva o risco de contaminação ambiental, com
conseqüências danosas em regiões onde a densidade de criação das aves é alta.
Entretanto, a taxa de crescimento e a eficiência alimentar das aves alimentadas
com dietas com redução de PB acima de 3% têm sido inferiores àquelas obtidas por
aves submetidas a dietas com alta PB, mesmo com o atendimento das exigências
conhecidas dos AAE através da suplementação com aminoácidos cristalinos (Dean et
al., 2006).
O conceito de proteína ideal, definida como o balanço exato de aminoácidos que
é capaz de prover, sem excesso ou falta, os aminoácidos necessários para a manutenção
animal e máxima deposição protéica (Suida, 2001) vem sendo utilizado pelos
nutricionistas na formulação de rações para aves.
No entanto, na maioria das formulações de dietas para frangos de corte, observa-
se o fornecimento somente dos primeiros aminoácidos limitantes, sendo na maioria das
vezes a relação entre AAE: AANE negligenciada. Cole & Van Lunen (1994) sugeriram
que, ao fornecer proteína ideal, seria necessário fornecer uma mistura perfeitamente
balanceada de AAE com N suficiente para a síntese de AANE.
Desta forma, este trabalho tem como proposta abordar aspectos da redução
protéica e suplementação aminoacídica, em especial os aminoácidos valina, isoleucina e
glicina, bem como a influência das relações energia: proteína e AAE: AANE em dietas
de frangos de corte.
7
REVISÃO DE LITERATURA
Redução protéica em dietas para frangos de corte
A suplementação de aminoácidos industriais nas rações, principalmente lisina e
metionina, é uma prática incorporada na rotina das fábricas de rações para aves, com a
finalidade de reduzir os níveis protéicos das dietas. Essa diminuição traz como
benefícios a redução dos custos por quilograma de carne produzido, evita os excessos de
aminoácidos e leva à menor poluição ambiental, pela melhor eficiência na utilização e
menor excreção de N pelas aves (Aletor et al., 2000).
Em suínos, calcula-se que, para cada ponto percentual reduzido no conteúdo de
PB, a quantidade de N excretado pode ser reduzida em 8% (Kerr & Easter, 1995).
Segundo van Cauwenberghe & Burnham (2001), a redução da excreção de N pode ser
obtida com um manejo nutricional que maximize a retenção de N (dietas de alta
performance) com o fornecimento mínimo possível deste nutriente. Entretanto, a
redução dos níveis protéicos pela suplementação com aminoácidos industriais deve
respeitar certos limites para não restringir o desempenho das aves. Os autores sugerem
que a concentração de lisina não pode ser mais do que 6% da PB para frangos de corte.
Talvez uma maior redução da PB pudesse ser alcançada através do melhor
conhecimento das exigências de aminoácidos secundários (valina, isoleucina, arginina,
fenilalanina) e de maiores informações sobre o impacto dos AANE sobre a nutrição
protéica. Enfim, diante do atual conhecimento e disponibilidade comercial de
aminoácidos cristalinos, os autores afirmam ser possível a redução de 10 a 15% da
excreção de N pelas aves.
A redução dos níveis de PB das dietas de frangos de corte tem que ser avaliada
com cautela, pois pesquisas (Dean et al., 2006; Payne, 2007) apontam que reduções
acima de 3% podem causar prejuízo na taxa de crescimento e na eficiência alimentar,
comparadas àquelas obtidas por aves submetidas a dietas com alta PB, mesmo com o
atendimento das exigências conhecidas dos AAE através da suplementação com
aminoácidos cristalinos.
Por outro lado, Pesti (2009) afirma que para obter a otimização do ganho de peso
e conversão alimentar não basta suplementar as dietas de baixa proteína com
8
aminoácidos essenciais, e sim garantir também o balanço entre AAE e a PB ou o
somatório de AAE e AANE.
Aftab et al. (2006) apontam algumas prováveis causas para a redução do
desempenho com dietas de baixa PB: 1) mudanças nas concentrações de potássio e
balanço eletrolítico da dieta, 2) insuficiência de N não específico para a síntese de
aminoácidos não essenciais (AANE), 3) tendência dos frangos reduzirem o consumo
voluntário em dietas com baixa PB, 4) relação AAE: AANE alterada, 5) insuficiente
síntese de AANE, como a glicina, para atender as exigências de rápido crescimento, 6)
eficiência da utilização de aminoácidos de uma fonte livre vs. da proteína dietética
intacta, para a deposição de proteína corporal, 7) deficiência de alguns AAE, 8) relação
entre a energia metabolizável (EM) e a energia líquida (EL) da dieta de baixa PB vs.
dieta de alta PB.
Han et al. (1992) demonstraram que pintos com idade entre 1 e 21 dias,
alimentados à base de milho e farelo de soja, com 19% PB, e suplementados com
metionina, lisina, treonina, arginina e valina ou com ácido glutâmico, tiveram um
desempenho equivalente àqueles alimentados com a dieta de 23% PB. Dos 22 aos 42
dias de idade, as aves que receberam 16% PB, suplementadas com os mesmos
aminoácidos, tiveram desempenho similar àquelas que receberam a dieta controle com
20% PB, não havendo, inclusive, diferença no teor de gordura corporal.
Em contraste, o aumento do nível de N dietético através da adição de glutamato
(Fancher & Jensen, 1989; Pinchasov et al., 1990), a suplementação com aminoácidos
essenciais acima das exigências sugeridas pelo NRC (1984) ou o equilíbrio no teor de
potássio (Fancher & Jensen, 1989) em dietas à base de milho e farelo de soja, nas quais
o nível de proteína foi diminuído não resultaram em efeitos positivos, sendo o
desempenho das aves inferior ao daquelas alimentadas com dietas contando altos teores
de PB.
Relação energia metabolizável: proteína bruta para frangos de corte
A decisão por um nível de proteína na dieta e sua relação com a energia, é um
dos maiores desafios para os nutricionistas, uma vez que esta escolha tem efeito direto
no desempenho, no custo das rações e na composição das carcaças dos frangos.
9
A deposição de proteína é pré-estabelecida pela genética da ave e independente
da ingestão, ocorre limite de deposição diária que não pode ser ultrapassado
(Nascimento, 2004). No entanto, as variações ocorridas na deposição podem ser devido
à nutrição. Por outro lado, a quantidade de gordura depositada é diretamente
proporcional à quantidade de energia disponível para a síntese (Leeson, 1995).
Os níveis de PB e aminoácidos da dieta podem ser expressos como uma
percentagem da concentração de EM (NRC, 1994) e desta forma, variações nos níveis
de EM podem influenciar sobremaneira as respostas obtidas pelo aumento dos níveis
dietéticos de PB e aminoácidos (Plumstead et al., 2007).
Ajustes da densidade nutricional das rações podem se constituir em uma
alternativa para permitir o atendimento das necessidades nutricionais das aves e também
para minimizar alguns dos problemas decorrentes da redução de consumo das aves,
como ocorre em condições de climas quentes (Junqueira, 1999). Do mesmo modo, o
ajuste dos níveis de proteína pode trazer ganhos produtivos e econômicos importantes,
obtidos com a melhoria do desempenho e da qualidade de carcaça de frangos (Silva et
al., 1997).
A composição corporal dos frangos é afetada tanto pela quantidade como a
qualidade da proteína da ração, demonstrando que aminoácidos em menor proporção,
comparado às exigências, tornam-se limitantes e restringem a deposição protéica
(Castro et al., 1998). Kidd & Kerr (1998) ressaltam que o rendimento de carne de peito
é particularmente influenciado pela composição da proteína dietética.
A carne de peito representa cerca de 30% da carne total da carcaça e 50% do
total de carne comestível (Coleman & Korver, 2004). Deste modo, o atendimento de
níveis adequados dos aminoácidos torna-se imprescindível para um bom resultado
econômico, uma vez que a carne de peito, além de representar uma parte
quantitativamente importante da produção, também é a carne mais valorizada no
mercado.
A redução na deposição de gordura na carcaça está vinculada com ingestão de
energia adequada à necessidade para manutenção e crescimento (Summers & Leeson,
1984). Neste contexto, Bernal & Baião (1996) observaram efeito da elevada densidade
calórica da ração inicial sobre a deposição de gordura abdominal do frango de corte
abatido. Para Leeson (1995), a composição da carcaça é influenciada mais facilmente
10
pela relação energia: proteína (EM: PB) da dieta. Quando essa relação EM: PB aumenta
ocorre redução no rendimento de carne, tanto em machos como em fêmeas, assim como
em rações com conteúdo protéico crescente resultaram em maior ingestão protéica e
rendimento de carne mais elevado.
Trabalhando com diferentes relações EM: PB para frangos de corte nas fases
inicial e de crescimento, Reginatto et al. (2000) verificaram que o fornecimento das
dietas com alta energia proporcionou melhor desempenho, no entanto resultou em maior
deposição de gordura nas carcaças. As aves alimentadas com as dietas com baixa
densidade energética apresentaram ganho de peso similar àquelas alimentadas com as
dietas com alta energia no período total (1 a 42 dias), porém melhor conversão calórica
(kcal/kg). O maior nível de energia e a redução da PB dietética melhoraram a utilização
da PB consumida. Os autores sugeriram que a menor densidade energética das dietas
tenha promovido maior taxa de degradação e menor taxa de síntese protéica devido ao
aporte insuficiente de energia.
Sklan & Plavnik (2002) observaram que o desempenho das aves com dietas com
baixo conteúdo de proteína bruta foi limitada pela deficiência de aminoácidos
essenciais, e os altos níveis de proteína diminuíram a eficiência da utilização dos
aminoácidos, resultando também em diminuição no crescimento das aves.
Níveis de EM de 2900, 3100 e 3300 kcal e relações EM: PB de 128, 148, 168 e
188 kcal/% foram avaliados por Silva et al. (2001) em frangos de corte machos de 22 a
42 dias de idade. O ganho de peso, os consumos de ração, de PB e de EM, os pesos de
carcaça, de carne de peito e de pernas reduziram com o aumento da relação EM: PB, em
todos os níveis de energia, no entanto, a porcentagem de gordura abdominal na carcaça
aumentou. De acordo com os autores, este fato pode ser explicado pela redução dos
custos energéticos da deposição de proteína e síntese de ácido úrico, à medida que a
relação EM: PB da ração passou de 128 para 188, ficando, desta forma, mais energia
disponível, na forma de carboidrato e gordura, para a deposição de gordura na carcaça.
Por outro lado, a redução da gordura abdominal associada ao declínio da relação EM:
PB foi causada, provavelmente, pelo alto custo energético de deposição de proteína.
Plumstead et al. (2007) avaliaram os efeitos de níveis crescentes de lisina e PB,
em dietas com 3000, 3100 e 3200 kcal de EM/kg e verificaram que o ganho de peso e a
eficiência alimentar de frangos de 1 a 21 dias melhoraram com o aumento dos níveis de
11
PB, independente dos níveis energéticos utilizados. O aumento dos níveis de EM não
promoveu redução no consumo de ração, desta forma, o consumo de EM aumentou
linearmente, evidenciando que frangos de corte selecionados para rápido crescimento
não possuem habilidade para regular o consumo voluntário pelo atendimento das
exigências de energia (Richards, 2003; Richards & Proszkowiec-Weglarz, 2007),
provavelmente em funções de alterações nos mecanismos hipotalâmicos de controle de
ingestão de alimentos (Bokkers & Koene, 2003).
Trabalhando com diferentes níveis de PB e EM, mantendo a relação EM: PB
constante (132, 143 e 155, para os períodos de 1 a 10, 11 a 26 e 27 a 35 dias,
respectivamente), Kamran et al. (2008) verificaram redução no ganho de peso, aumento
no consumo de ração e pior conversão alimentar, com a redução dos níveis de PB e EM,
embora os níveis dos principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina+cistina,
treonina e triptofano) tenham sido adequados. Os autores sugerem a possibilidade da
redução protéica ter limitado o fornecimento de outros aminoácidos, como a arginina,
isoleucina e valina, que passaram, por sua vez, a limitar a síntese de proteínas.
Pelo exposto, para obter melhorias nas deposições de proteína e de gordura
corporal, menores relações EM: PB devem ser utilizadas tornando os aminoácidos da
dieta mais eficientes, uma vez que há energia disponível para deposição. Naturalmente,
esta maior eficiência de deposição protéica somente ocorrerá com o fornecimento de
proteína balanceada, ou seja, atendendo os requerimentos de aminoácidos essenciais
limitantes e com um excedente de aminoácidos como fonte de N não específico para a
síntese de AANE, como também com energia suficiente proveniente de carboidratos e
lipídeos, para os processos de mantença e deposição de proteína, evitando que os
aminoácidos sejam oxidados para a produção de energia.
Enfim, em virtude do aumento do custo da ração, a redução da relação EM: PB
em rações práticas deve ser avaliada visando otimizar o modelo de produção em que a
qualidade da carcaça também deve ser considerada.
Relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais para frangos de corte
Embora o consumo de AANE seja uma parte quantitativamente importante do
consumo de proteína e a proporção de N não essencial no N total da dieta possa
influenciar significativamente o desempenho animal (Heger, 2003), a proporção ideal
12
entre AAE: AANE para aves não foi ainda bem estabelecida, tornando necessário o
desenvolvimento de pesquisas para avaliar de que forma as diferentes relações AAE:
AANE afetam o desempenho das aves.
Allen & Baker (1972) verificaram menor eficiência de utilização do N quando
AAE foram suplementados na dieta como única fonte de N, em relação à eficiência de
utilização do N de frangos alimentados com dieta contendo ótima relação AAE: AANE.
Estes resultados indicam que o excesso de AAE é ineficiente em suprir N para a síntese
de AANE.
Segundo Heger (2003), a proporção ótima entre o N de AAE (NAAE) e o N total
(Nt) para crescimento ou deposição de proteína estimada em um nível constante de N
total na dieta e usando a mesma classificação de aminoácidos não difere muito entre as
espécies, estando os valores médios entre 0,55 a 0,60. A ótima relação NAAE: NT
depende da concentração de N da dieta, sendo mais baixa em maiores concentrações de
N e vice-versa.
Verificando os efeitos da relação NAAE: NT sobre a utilização e a retenção de N,
Heger et al. (1998) sugeriram que o N não essencial tem um efeito poupador na
utilização de AAE, em função do menor valor de NAAE: NT correspondente à máxima
retenção de N (0,48), quando comparado ao valor para utilização de N (0,66). Com a
relação NAAE: NT de 0,66 menos que 0,50 de N essencial foi utilizado, enquanto a
utilização do N não essencial ultrapassou 1,0. Isto implica que parte dos AAE são
utilizados para a síntese de AANE nestas condições. Os autores mencionam também
que a melhor retenção de N em baixa NAAE: NT sugere uma resposta adaptativa do
organismo ao consumo excessivo de AANE através do aumento do tamanho e conteúdo
de proteína dos órgãos, representando uma reserva protéica lábil para o organismo.
Heger (1990), trabalhando com ratos em crescimento, utilizando uma dieta basal
com perfil ideal de aminoácidos suplementada com N não essencial para atingir a
proporção NAAE: NT de 0,96, verificou resultados inferiores comparados a uma dieta
com relação NAAE: NT de 0,65. Quando os níveis de arginina, lisina ou aminoácidos
sulfurosos totais foram reduzidos, mantendo-se constante a concentração de N total pela
suplementação de AANE houve aumento da retenção de N. O autor reportou que estes
resultados sugerem a ineficiência da conversão da arginina e da lisina em AANE.
13
Adkins et al.(1966) demonstraram que a inclusão de AANE nas dietas produziu
efeitos favoráveis no desempenho, superiores aos efeitos de dietas contendo um excesso
de AAE suficiente para a síntese de AANE. Os autores concluíram que a taxa de síntese
de um ou mais AANE não foi suficiente para suportar o máximo crescimento dos
animais. Em contraposição, Lenis et al. (1999) verificaram que, apesar da ótima
retenção e utilização do N terem sido obtidas com a relação 50:50 de N de AAE e N de
AANE, o aumento desta relação até 70:30 não resultou em decréscimo na utilização do
N, levando à conclusão de que o N deaminado dos AAE foi eficientemente utilizado na
síntese de AANE.
Algumas pesquisas sugerem que o N não essencial tem um efeito poupador na
utilização de AAE (Heger et al.,1998; Dean et al., 2006), bem como a ineficiência da
interconversão mútua de AANE como fontes de N não específico e que certas
quantidades de AANE devem ser supridos como tal na dieta para se obter a máxima
utilização da proteína (Heger, 2003). Torna-se imprescindível, portanto, o
desenvolvimento de pesquisas para avaliar quais os AANE e as quantidades destes que
podem ser adicionadas às rações com a finalidade de melhorar o desempenho das aves.
Dean et al. (2006) verificaram que dietas com baixa proteína podem suportar um
ótimo crescimento dos frangos quando um excesso de glicina é fornecido na dieta,
sendo que o requerimento mínimo de glicina + serina de 0 a 17 dias de idade foi de
2,32 % da dieta.
Han et al. (1992) demonstraram que a adição de AAE e glutamato em uma dieta
com 19% PB suportou taxa de crescimento de aves de crescimento lento e rápido igual
àquelas que receberam dieta com 23% PB.
Uma série de experimentos foi conduzida por Bregendahl et al. (2002) para
verificar o efeito da suplementação aminoacídica em dietas de baixa proteína
comparadas à dieta padrão com alta proteína. No primeiro experimento foi avaliada a
inclusão de glutamina e asparagina, no segundo experimento, avaliou-se o aumento das
concentrações de AAE e no terceiro, o aumento da concentração de AANE. Os autores
concluíram que as dietas de baixa proteína, nos três experimentos, resultaram em pior
desempenho e menor retenção de N, aumentando a deposição de gordura na carcaça, no
entanto, a excreção de N para o ambiente foi menor com estas dietas.
14
Em estudo desenvolvido por Sklan & Noy (2005) evidenciou-se que dietas com
alta PB resultaram em melhor desempenho dos frangos de corte, comparado às dietas
com baixa PB, quando a proporção AAE: PB foi mantida constante. Já o aumento dos
AAE sem o aumento da PB da dieta resultou em desempenho intermediário entre o
obtido com a dieta controle e a dieta com alta PB e relação constante AAE: PB. Os
autores relacionaram estes resultados à possível deficiência de um ou mais AAE da
dieta controle ou a quantidades insuficientes de fornecimento ou síntese de algum
AANE.
Waldroup et al. (2005) avaliaram o efeito dos níveis de PB da dieta (24, 22, 20,
18 e 16%) e da suplementação de glicina (0,2 e 0,4%) sobre o desempenho de frangos
de corte de 1 a 21 dias. As aves que receberam dietas com menos que 22% PB tiveram o
peso corporal reduzido, mesmo com a suplementação de AAE (metionina, lisina,
cistina, treonina, valina isoleucina, arginina, triptofano e fenilalanina) em níveis
mínimos sugeridos pelo NRC (1994). Quando a glicina foi adicionada a dietas de 16 e
18% PB o peso corporal foi aumentado, sem, contudo, alcançar os valores obtidos com
as dietas com 22 e 24 % PB. A glicina afeta a síntese protéica, não só como bloco
construtor, mas também como precursor para a formação de DNA, RNA, creatina e
ácido úrico, sendo considerada um aminoácido semi-essencial para aves jovens, desde
que estas podem sintetizá-la, porém há ainda um considerável requerimento que deve
ser suprido via dieta.
Dois experimentos foram conduzidos por Yamazaki et al. (2006) para
determinar se o excesso de AAE em dietas de baixa PB (19%) afeta o desempenho, a
excreção de N e a deposição de gordura abdominal em frangos de corte de 1 a 21 dias.
Os aminoácidos foram fornecidos em 150% da recomendação do Japanese Feeding
Standard, no primeiro experimento e em 200%, no segundo. O ganho de peso e o
consumo alimentar das aves com dieta de baixa PB suplementada com AAE foram
similares aos obtidos com a dieta controle (21% PB). No segundo experimento o
excesso de metionina provocou severa redução no desempenho das aves. As aves que
receberam dieta de baixa PB apresentaram uma tendência a excretar menos N,
entretanto não houve diferenças significativas. As aves submetidas a dietas com menor
PB apresentaram maior deposição de gordura abdominal em comparação com a dieta
15
controle, no entanto, a suplementação de excesso de aminoácidos teve pouco efeito
sobre a deposição de gordura abdominal.
Parece que alguns AANE podem ter caráter essencial em algumas condições, e
mais pesquisas são necessárias para elucidar seu papel fisiológico. Todavia, há
crescentes evidências de que a proposição da interconversão mútua de aminoácidos não
essenciais como fontes de N não específico pode não ser inteiramente válida e que
certas quantidades de AANE devem ser supridos como tal na dieta para se obter a
máxima utilização da proteína (Heger, 2003).
Valina, isoleucina e glicina para frangos de corte
A valina e a isoleucina são aminoácidos alifáticos altamente hidrofóbicos, sendo
encontrados geralmente no interior das proteínas, sendo responsáveis por sua estrutura
tridimensional.
No catabolismo isoleucina e valina formam succinil-CoA. Inicia-se por uma
reação de transaminação catalisada por uma única enzima (transaminase de aas
ramificados) formando alfa-ceto-isovalerato e alfa-ceto-beta-metilvalerato,
respectivamente. Estes são descarboxilados oxidativamente por um complexo
enzimático semelhante à piruvato desidrogenase, a desidrogenase de alfa-cetoácidos
ramificados, que utiliza como co-enzimas a tiamina pirofosfato, ácido lipóico, Côa,
NAD, FAD. Resultam as respectivas acil-CoA ramificadas com 1 C a menos (isobutiril-
CoA e alfa-metilbutiril-CoA). As acil-CoA derivadas de valina e isoleucin são oxidadas
por reAções semelhantes à beta oxidação que convertem a valina em propionil-CoA e a
isoleucina em propionil-CoA e e acetil-CoA. Por sua vez o propionil Côa é carboxilado
a succinilCoA (Marzzoco & Torres, 1999).
A valina e a isoleucina são similares em sua estrutura, sendo comumente
chamados de aminoácidos de cadeia ramificada e podem se tornar limitantes para o
desempenho de frangos de corte quando os níveis de PB da dieta são reduzidos
(Thornton et al., 2006).
Kidd & Kerr (2000) afirma que a isoleucina apresenta-se como o quarto
aminoácido limitante, enquanto a valina é defendida por Thornton et al. (2006) como
próximo aminoácido limitante após a treonina em dietas para frangos de corte isentas de
ingredientes de origem animal.
16
Utilizando suplementação de isoleucina em dietas para frangos de corte de 22 a
42 dias, Kidd & Kerr (2000) verificaram efeito positivo na produção de carne de peito.
Os autores alegam que quando se reduz a PB das dietas, parte do farelo de soja é
substituída pelo milho, resultando em aumento da leucina da dieta e redução dos teores
de isoleucina. Embora o antagonismo entre os aminoácidos de cadeia ramificada tenha
pouca importância em dietas práticas, estes resultados sugerem que a suplementação de
isoleucina em dietas com redução da PB pode ser necessária para suportar maior
produção de peito.
Peganova & Eder (2002) reportam que, juntamente ao atendimento dos níveis
mínimos de aminoácidos para garantir bom desempenho, uma importância deve ser
atribuída aos níveis de tolerância de excessos, visto existir antagonismo entre os três
aminoácidos de cadeia ramificada (valina, leucina e isoleucina). Este antagonismo é
caracterizado pela competição por sítios de absorção no intestino delgado (Szmelcman
& Guggenheim, 1966) e por estes aminoácidos serem degradados pelas mesmas
enzimas, bem como competirem pelo transporte pela barreira hemato-encefálica,
juntamente com tirosina, fenilalanina e triptofano (Thornton et al., 2006).
Segundo Peganova & Eder (2003), o excesso de isoleucina na dieta está
associado a uma marcada redução no consumo de ração, provavelmente em função de
provocar uma deficiência de triptofano no cérebro, em função da competição pelo
transporte na barreira hemato-encefálica.
Em estudo desenvolvido por Kidd et al. (2004) verificou-se que a suplementação
de isoleucina industrial em dietas com redução de proteína (de 18,6 para 17,5%)
resultou em ganho de peso e qualidade de carcaça de frangos semelhantes aos
observados com o tratamento controle, com mesma quantidade de isoleucina fornecido
pela fonte de proteína intacta (0,76%). Os autores recomendam níveis entre 0,67 e
0,71% de isoleucina na dieta para a fase de 18 a 30 dias; 0,64 a 0,66% de 30 a 42 dias e
0,55 a 0,66% de 42 a 56 dias.
Além de prejuízos no desempenho produtivo das aves, dietas com imbalanço ou
deficiência de aminoácidos podem afetar a resposta imune das aves (Hale et al., 2004).
O sistema imune aviário opera sob os mesmos princípios gerais que o dos mamíferos. O
estímulo antigênico inicia uma resposta imune que envolve cooperação celular entre os
macrófagos, linfócitos B e T. Os macrófagos processam o antígeno e o apresentam aos
17
linfócitos. Os linfócitos B, principais células que medeiam à imunidade humoral,
transformam-se em plasmócitos e produzem anticorpos. Os linfócitos T, mais
importantes para a imunidade celular, se diferenciam funcionalmente em diversas
subpopulações. As linfocinas, produtos secretados pelas células ativadas por antígenos,
medeiam às funções dessas células (Sharma, 1991). A resposta imune em aves é
altamente regulada, sendo que qualquer alteração da regulação resulta, freqüentemente,
em imunodepressão.
Sabe-se que a metionina é primeiro aminoácido limitante em dietas para frangos,
dessa forma, alguns estudos também foram direcionados a fim de determinar as
exigências de aminoácidos sulfurados visando à melhoria da reposta imune das aves, e
não apenas o melhor desempenho. No entanto, a resposta imune, devido à sua ampla
complexidade, envolve ainda outras classes de aminoácidos que necessitam ter sua
exigência determinada, como no caso da arginina, que está diretamente envolvida na
produção de óxido nítrico (Kidd et al., 2004) e dos aminoácidos de cadeia ramificada
(valina, leucina e isoleucina), cujas exigências ainda não estão bem estabelecidas e o
antagonismo existente entre eles pode gerar deficiências ou relações inadequadas entre
eles.
Estudos desenvolvidos por Petro & Bhattacharjee (1981) comprovaram o efeito
deletério da deficiência de isoleucina e valina sobre a imunidade de camundongos.
Pesquisas com ratos mostram que a imunossupressão causada por excesso de leucina na
dieta pode ser revertida pelo incremento dos níveis de isoleucina e valina
(Aschkenasy,1979). Konashi et al. (2000) observaram que a deficiência de aminoácidos
ramificados em dietas de pintos de corte causou redução mais acentuada no peso
relativo da bursa e timo comparado a outros aminoácidos.
Hale et al. (2004), trabalhando com frangos de corte de 30 a 42 dias de idade,
verificaram efeito linear dos níveis de isoleucina sobre o peso relativo da bursa, porém,
não verificaram efeito sobre as outras variáveis de resposta imune.
Segundo Thornton et al. (2006), a valina pode ser o próximo aminoácido
limitante após a treonina. Thomas (1990) recomenda 0,82% de valina digestível para
frangos na fase inicial, enquanto Mendonça & Jensen (1989) recomendam uma faixa de
0,72 a 0,83 g/kg em uma dieta de baixa PB para o período de 22 a 42 dias. Thornton et
al. (2006) verificou aumento linear do ganho de peso das fêmeas com o aumento dos
18
níveis de valina de 0,64 para 0,87%, enquanto os machos responderam de forma
quadrática, apresentando melhores resultados com 0,73% de valina, no período de
crescimento (22 a 42 dias).
A glicina é um aminoácido não essencial que pode ser sintetizado no organismo
animal por duas vias distintas: conversão direta da serina a glicina pela serina
hidroximetil transferase ou pela condensação do N5, N10-metileno-TNF com CO2 e
NH4+ pela glicina sintase. A síntese da serina, por sua vez, inicia-se com a oxidação do
3-fosfoglicerato formando 3-fosfohidroxi piruvato e NADH. A reação de transaminação
com o glutamato forma 3-fosfoserina e remove o fosfato produzindo serina. A glicina,
então, é gerada pela remoção do grupo metil da serina.
A glicina é considerada como aminoácido semi-essencial para pintos, pois
apesar das aves serem capazes de sintetizá-lo, esta síntese não atende as exigências para
o rápido crescimento, devendo a glicina ser fornecida via dieta. A glicina da dieta é
utilizada não só para a síntese protéica, mas também para a formação de DNA, RNA,
creatina e ácido úrico. Segundo Sonne et al. (1946), citados por Waldroup et al. (2005),
o aumento do requerimento da glicina em aves jovens ocorre em função da maior
excreção de nitrogênio, pois cada molécula de ácido úrico excretada representa a perda
de uma molécula de glicina pelas aves.
No catabolismo a glicina pode formar a serina, pode ser oxidada a CO2 e NH4 e
um grupo monocarbônico que é trnasferido para o tetraidrofolato (FH4) – coenzima que
trnsporta unidades monocarbônicas e apresenta em sua estrutura uma vitamina (ácido
fólico). A gli pode ainda ser deaminada oxidativamente, formando o glioxilato.
A glicina pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa PB para aves
são formuladas com níveis marginais de treonina e serina. Corzo et al. (2004)
trabalhando com níveis crescentes de 0,62 a 1,22% de glicina em rações para frangos de
corte de 7 a 20 dias, determinaram uma exigência de 0,98 e 1,02% de glicina (1,76 e
1,80% de glicina + serina), para máximo ganho de peso e melhor conversão alimentar,
respectivamente. Os autores enfatizam que a glicina deve ser considerada limitante em
dietas para animais jovens, principalmente quando estas dietas são formuladas com
ingredientes exclusivamente de origem vegetal.
Han et al., 1992, citados por Sohail et al. (2003) reportam o N amino (necessário
para a síntese de AANE) como fator limitante em dietas de baixa proteína, apontando a
19
suplementação com AANE (glicina e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria
do desempenho.
Um estudo foi desenvolvido por Sohail et al. (2003) para se verificar os efeitos
da adição de três níveis de glicina (0,00, 0,05 e 0,10%) sobre o desempenho de frangos
de corte submetidos a três dietas: dieta controle (atendendo ao requerimento de todos os
aminoácidos), dieta com deficiência de aminoácidos (com redução de 15% dos
aminoácidos) e dieta com correção de lisina e metionina (redução de 15% dos
aminoácidos, exceto lisina e metionina). Os autores concluíram que a adição de glicina
sintética (0,05 ou 0,10%) nas dietas com ou sem redução dos aminoácidos não teve
efeito significativo sobre o desempenho das aves, porém, quando houve a correção dos
níveis de lisina e metionina, um aumento parcial do desempenho foi verificado.
Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da suplementação de glicina em
dietas de frangos de corte com diferentes níveis de proteína bruta sobre o desempenho
das aves. Os autores encontraram que a adição de 0,2 ou 0,4% de glicina nas dietas com
menores teores de proteína (16 e 18% PB e 0,62 e 0,78% de glicina, respectivamente)
melhorou o desempenho das aves, enquanto em dietas com maiores teores de proteína
(20, 22 e 24%) não houve resposta da adição de glicina. Os autores sugerem que as
exigências em glicina para frangos de corte do NRC (1994) são inadequadas para dietas
com baixos níveis de proteína bruta.
20
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Atualmente, o preço da suplementação dos aminoácidos valina, isoleucina e
glicina ainda onera os custos de produção. Mas, a exemplo do que ocorreu com outros
aminoácidos, como lisina, metionina e treonina, as indústrias de nutrição e avícolas têm
mostrado grande interesse nas pesquisas sobre utilização destes produtos na otimização
do desempenho das aves. Comprovados os ganhos no desempenho, com certeza haverá
maior interesse na utilização destes aminoácidos, alavancando sua produção em maior
escala, bem como a maior comercialização e redução nos custos.
Torna-se também, imprescindível o desenvolvimento de mais pesquisas a fim de
avaliar os efeitos da suplementação de AANE ou semi-essenciais específicos em dietas
com redução da PB para frangos de corte no desempenho das aves, na tentativa de
identificar quais destes não são produzidos eficientemente pela interconversão de AAE
ou de N não específico e quais podem ser bem empregados como precursores de AANE
e, conseqüentemente, poupadores de AAE.
Cabe aos nutricionistas, enfim, não negligenciar os efeitos da redução protéica e
da suplementação com AAE e AANE específicos sobre a excreção de nitrogênio, visto a
preservação ambiental ser uma preocupação constante na atualidade e, num futuro
próximo, poderá se tornar uma alternativa para agregar valor aos produtos.
21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADKINS, J.S.; WERTZ, J.M.; HOVE, E.L. Influence of nonessential l-amino acids on
growth of rats fed high levels of essential amino acids. Proceedings of the Society for
Experimental Biology and Medicine v.122, p.519–523, 1966.
AFTAB, U.; ASHRAF, M.; JIANG, Z. Low protein diets for broilers. World’s Poultry
Science Journal, v.62, p. 688-701, 2006.
ALETOR, V.A.; HAMID, I.I.; NIEB, E. et al. Low-protein amino acid-supplemented
diets in broiler chickens: effects on performance, carcass characteristics, whole-body
composition and efficiencies of nutrient utilization. Journal of the Science of Food
and Agriculture, v.80, p.547-554, 2000.
ALLEN, N.K.; BAKER, D.H. Quantitative evaluation of nonspecific nitrogen sources
for the growing chick. Poultry Science, v.53, p.258–264, 1974.
ASCHKENASY, A. Prevention of the immunodepressive effects of excess dietary
leucine by isoleucine and valine in the rat. Journal of Nutrition, v.109, p.1214–1222,
1979.
BERNAL, F.E.M.; BAIÃO, N.C. Efeito dos níveis de energia da ração sobre o
desempenho e o teor de gordura na carcaça de frangos de corte. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária, v.48, p.595-606, 1996.
BOKKERS, E.A.M.; KOENE, P. Eating behavior, and preprandial and postprandial
correlations in male broiler and layer chickens. British Poultry Science, v.44, p.538–
544, 2003.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Effect of low-protein diets on
growth performance and body composition of broiler chicks. Poultry Science, v.81,
p.1156-1167, 2002.
CASTRO, A.J.; GOMES, P.C.; PUPA, J.M.R. et al. Exigência de triptofano para
frangos de corte de 43 a 49 dias de idade. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1998, Campinas. Anais... Campinas: FACTA, 1998,
p.22.
22
COLE, D.J.; VAN LUNEN, T.A. Ideal amino acid patterns. In: D’MELLO, J. P. F.
(Eds) Amino acids in farm animal nutrition, p.99-112 (WALLINGFORD, CAB
INTERNATIONAL), 1994.
CORZO, A.; KIDD, M.T.; BURNHAM, D.J. et al. Dietary glycine needs of broiler
chicks. Poultry Science, v.83, P.1382–1384, 2004.
DEAN, D.W.; BIDNER, T.D.; SOUTHERN, L.L. Glycine supplementation to low
protein, amino acid-supplemented diets supports optimal performance of broiler chicks.
Poultry Science, v.85, p.288–296, 2006.
FANCHER, B.; JENSEN, L.S. Male broiler performance during the starting and
growing periods as affected by dietary proteins, essential amino acids and potassium
levels. Poultry Science, v.68, p.1385-1395, 1989.
FRAIHA, M. Atualização em nutrição protéica para frangos de corte. Publicações
Ajinomoto Biolatina, p.1-12, 2002.
HALE, L.L.; PHARR, G.T; BURGESS, S.C. et al. Isoleucine needs of thirty- to forty-
day-old female chickens: Immunity. Poultry Science, v.83, p.1979-1985, 2004.
HAN, Y.; SUZUKI, H.; PARSONS, C.M. et al. Amino acid fortification of a low-
protein corn and soybean meal diet for chicks. Poultry Science, v.71, p.1168-1178,
1992.
HEGER, J. Non-essential nitrogen and protein utilization in the growing rat. British
Journal of Nutrition, v.64, p.653–661, 1990.
HEGER, J. Essential to non-essential amino acid ratios. In: D´MELLO, J.P.F. (Ed.)
Amino acids in animal nutrition (2nd Ed.). p.538 (Wallingford, Cab International),
2003.
HEGER, J.; MENGESHA, S.; VODEHNAL, D. Effect of essential: total nitrogen ratio
on protein utilization in the growing pigs. British Journal of Nutrition, v.80, p.537-
544, 1998.
HURWITZ, S.D.; SKLAN, H.; TALPAZ, H. Et al. The effect of dietary level on the
lysine and arginine requerimentes of growg chickes. Poultry Science, v.77, p.689-696,
1998.
23
JIANG, Q.; WALDROUP, P.W.; FRITTS, C.A. Improving the utilization of diets low
in crude protein for broiler chicken 1. Evaluation of special amino acid supplementation
to diets low in crude protein. International Journal of Poultry Science, v.4, n.3,
p.115-122, 2005.
JUNQUEIRA, O.M.; ARAÚJO, L.F.; FARIA, D.E. Energia para frangos de corte. In:
SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE NUTRIÇÃO DE AVES, 1999, Campinas.
Anais… Campinas: FACTA, 1999, p.41-52.
KAMRAN, Z.; SARWAR, M.; NISA, M. et al. Effect of low-protein diets having
constant energy-to-protein ratio on performance and carcass characteristics of broiler
chickens from one to thirty-five days of age. Poultry Science, v.87, p.468–474, 2008.
KERR, B.J.; EASTER, R.A. Effect of feeding reduced protein, amino acid-
supplemented diets on nitrogen and energy balance in grower pigs. Journal of Animal
Science, v.73, p.3000-3008, 1995.
KIDD, M.I.; KERR, B.J. Limiting amino acid responses in commercial broilers.
Journal Applied Poultry Research, v.9, p.223-233, 2000.
KIDD, M.T.; KERR, B.J. Lysine levels in starter and grower-finisher diets affect broiler
performance and carcass trats. Journal of Applied Poultry Research, v.7, p.351-358,
1998.
KIDD, M.T.; BURNHAM, D.J.; KERR, B.J. Isoleucine needs of Ross male broilers.
British Poultry Science, v.45, p.67-75, 2004.
KONASHI, S.; TAKAHASHI, K.; AKIBA, Y. Effects of dietary essential amino acid
deficiencies on immunological variables in broiler chickens. British Journal of
Nutrition, v.83, p.449-456, 2000.
LEESON, S. Nutrição e qualidade de carcaça de frangos de corte. In: ANAIS DA
CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1995,
Curitiba. Anais... Curitiba: FACTA, 1995, p.111-118.
LENIS, N.P.; VAN DIEPEN, H.T.M.; BIKKER, P. et al. Effect of the ratio between
essential and nonessential amino acids in the diet on utilization of nitrogen and amino
acids by growing pigs. Journal of Animal Science, v.77, p.1777–1787, 1999.
24
MARZZOCO, A.; TORRES, B.B. Bioquímica básica. Guanabara Koogan, 2 ed., rio de
Janeiro, 360p.
MENDONÇA, C.X.; JENSEN, L.S. Influence of valine level on performance of older
broilers fed a low protein diet supplemented with amino acids. Nutrition Reports
International, v.40, p.247–252, 1989.
NASCIMENTO, A.H. Deposição de proteína na carcaça de frangos de corte. Aveworld,
v.2, p.2-3, 2004.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of poultry (8th
Ed.), NATIONAL ACADEMY PRESS, Washington, DC, USA, 1994.
PAYNE, R. L. The potential for using low crude protein diets for broilers and turkeys.
Degussa AminoNews, v.8, p.2–13, 2007.
PEGANOVA, S.; EDER, K. Interactions of various supplies of isoleucine, valine,
leucine and tryptophan on the performance of laying hens. Poultry Science, v.82,
p.100-105, 2003.
PEGANOVA, S.; EDER, K. Studies on requirement and excess of isoleucine in laying
hens. Poultry Science, v.81, p.1714-1721, 2002.
PESTI, G.M. Impact of dietary amino acid and crude protein levels in broiler feeds on
biological performance. Journal of Applied Poultry Research, v.18, p.477–486, 2009.
PETRO, T.M.; BHATTACHARJEE, J.K. Effect of dietary essential amino acid
limitations upon the susceptibility of salmonella typhimurium and the effect upon
humoral and cellular immune responses in mice. Infection and Immunity, v.32, p.251–
259, 1981.
PINCHASOV, Y.; MENDONÇA, C.X.; JENSEN, L.S. Broiler chicken response to low
protein diets supplemented with amino acids. Poultry Science, v.69, p.1950-1955,
1990.
PLUMSTEAD, P.W.; ROMERO-SANCHEZ, H.; PATON, N.D. et al. Effects of
dietary metabolizable energy and protein on early growth responses of broilers to
dietary lysine. Poultry Science, v.86, p.2639–2648, 2007.
25
REGINATTO, M.F.; RIBEIRO, A.M.; PENZ JR, A.M., et al. Efeito da energia, relação
energia: proteína e fase de crescimento sobre o desempenho e composição de carcaça de
frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.2, n.3, p.229-237, 2000.
RICHARDS, M. P. Genetic regulation of feed intake and energy balance in poultry.
Poultry Science, v.82, p.907–916, 2003.
RICHARDS, M.P.; PROSZKOWIEC-WEGLARZ, M. Mechanisms regulating feed
intake, energy expenditure, and body weight in poultry. Poultry Science, v.86, p.1478–
1490, 2007.
ROSTAGNO, H.S.; BARBARINO JR, P.; BARBOSA, W.A. Exigências nutricionais
das aves determinadas no Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE
EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE AVES E SUÍNOS, 1996, Viçosa. Anais... Viçosa:
UFV, 1996, p.361-388.
SABINO, H.F.N.; SAKOMURA, N.K.; NEME, R. et al. Níveis protéicos na ração de
frangos de corte na fase de crescimento. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.39, n.5,
p.407-412, 2004.
SHARMA, J.M. Avian cellular immunology. (FLORIDA: CRS PRESS), 1991. 207p.
SILVA, J.H.V.; ALBINO, F.T.; NASCIMENTO, A.H. Níveis de energia e relações
energia:proteína para frangos de corte de 22 a 42 dias de idade. Revista Brasileira de
Zootecnia, v.30, n.6, p.1791-1800, 2001.
SILVA, P.C.; ROSTAGNO, H.S.; FONSECA, J.B. Níveis de proteína e aminoácidos
para frangos de corte na fase de acabamento. In: REUNIÃO DA SOCIEDADE
BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 34, 1997, Juiz de Fora. Anais... Juiz de Fora: SBZ,
1997, p.173.
SKLAN, D.; NOY, Y. Direct determination of optimal amino acid intake for
maintenance and growth in broilers. Poultry Science, v.84, p.412–418, 2005.
SKLAN, D.; PLAVNIK, I. Interaction between dietary crude protein and essential
amino acid intake on performance in broilers. British Poultry Science, v.43, p.442-449,
2002.
26
SOHAIL, S.S.; BRYANT, M.M.; ROLAND, D.A. The effect of glycine
supplementation on performance of broilers fed sub-marginal protein with adequate
synthetic methionine and lysine. International Journal of Poultry Science, v.2, n.6,
p.394-397, 2003.
SUIDA, D. Formulação por proteína ideal e conseqüências técnicas, econômicas e
ambientais. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ANIMAL:
PROTEÍNA IDEAL, ENERGIA LIQUIDA E MODELAGEM, 2001, Santa Maria.
Anais… Santa Maria: UFSM, 2001, p.27-43.
SUMMERS, J.D.; LEESON, S. Influence of dietary protein and energy level on broiler
performance and carcass composition. Nutrition Reports International, v. 29, n.4, p.
757-767, 1984.
SZMELCMAN, S.; GUGGENHEIN, K. Interference between leucine, isoleucine, and
valine during intestinal absorption. Biochemical Journal, v.100, p.7, 1966.
THORNTON, S.A.; CORZO, A.; PHARR, G.T. et al. Valine requirements for immune
and growth responses in broilers from 3 to 6 weeks of age. British Poultry Science,
v.47, n.2, p.190-199, 2006.
VAN CAUWENBERGHE, S.; BURNHAM, D. New developments in amino acid and
protein nutrition of poultry, as related to optimal performance and reduced nitrogen
excretion. In: EUROPEAN SYMPOSIUM POULTRY NUTRITION, 13, 2001,
Blankenberge. Proceedings… Blankenberge: EUROPEAN SYMPOSIUM POULTRY
NUTRITION, 2001 (CD-ROM).
WALDROUP, P.W.; JIANG, Q.; FRITTS, C.A. Effects of glycine and threonine
supplementation on performance of broiler chicks fed diets low in crude protein.
International Journal of Poultry Science, v.4, n.5, p. 250-257, 2005.
YAMAZAKI, M.; MURAKAMI, H.; NAKASHIMA, K. et al. Effects of excess
essential amino acids in low protein diet on abdominal fat deposition and nitrogen
excretion of the broiler chicks. Poultry Science, v.43, p.150-155, 2006.
27
CAPÍTULO 2
Utilização de Valina Industrial na Formulação de Dietas com
Diferentes Níveis de Energia Metabolizável para Frangos de Corte
28
Utilização de Valina Industrial na Formulação de Dietas com Diferentes Níveis de
Energia Metabolizável para Frangos de Corte
RESUMO
Objetivou-se avaliar o efeito da utilização da valina industrial em dietas com
diferentes níveis de energia metabolizável (EM) sobre o desempenho, qualidade de
carcaça e composição corporal de frangos de corte de 1 a 42 dias de idade. Utilizaram-
se 720 pintos de corte Cobb, machos, distribuídos em delineamento inteiramente
casualizado, em esquema fatorial 2 x 3 (sem ou com L-valina x três níveis de EM), com
seis repetições de 20 aves cada. Nos tratamentos 1, 2 e 3, foram adicionados somente L-
lisina, DL-metionina e L-treonina industriais e a EM variou de menos 50 (-50), zero (0)
e mais 50 (+50) kcal/kg de acordo com as exigências para cada uma das fases da
criação. Nos tratamentos 4, 5 e 6, além destes aminoácidos, também foi adicionado L-
valina, resultando em redução da PB até o nível que atendesse os requerimentos dos
outros AAD e a EM foi semelhante aos tratamentos anteriores. Não foi verificada
interação do uso da L-valina e o nível de EM para nenhuma das variáveis de
desempenho avaliadas. À exceção do consumo de ração (CR) de 35 a 42 dias, que foi
maior para frangos alimentados com dieta sem L-valina, não houve efeito significativo
do uso da L-valina sobre o desempenho dos frangos em nenhuma das fases. Por outro
lado, os níveis de EM influenciaram o CR nas fases de 1 a 7 e 1 a 21 dias, sendo que as
aves alimentadas com 50 kcal/kg a menos apresentaram maior CR. O GP também foi
influenciado pelos níveis de EM das dietas, sendo que as aves alimentadas com 50 kcal
de EM/kg acima das exigências apresentaram maior GP, comparadas àquelas
submetidas a dietas formuladas segundo as exigências ou com menor EM. O peso e
rendimento de carcaça e de cortes e os pesos absolutos e relativos dos órgãos e gordura
abdominal não foram influenciados pelo uso da L-valina e pelos níveis de EM. Desta
forma, pode-se afirmar que é possível reduzir a PB da dieta com a suplementação de L-
valina, sem causar prejuízo ao desempenho das aves e que o aumento da EM em 50
kcal/kg melhorou o desempenho dos frangos. De uma forma geral, a utilização da L-
valina promoveu menor consumo e excreção de N e maior deposição de proteína
corporal, melhorando também a eficiência de deposição da proteína. No entanto, a
deposição de gordura corporal também aumentou, exceto no menor nível de EM
29
estudado. Desta forma, pode-se concluir que o aminoácido industrial L-valina pode ser
utilizado em dietas para frangos de corte sem prejuízo ao desempenho, no entanto, para
se obter uma melhor qualidade de carcaça, os níveis energéticos das dietas devem ser
reavaliados.
Palavras-chave: aminoácidos, exigências, nutrição, proteína ideal, relação energia:
proteína
30
Industrial Valine Utilization in Formulation of Diets with Different Metabolizable
Energy Levels for Broiler Chickens
ABSTRACT
The aim was to evaluate the effect of proteic reduction in diets with
supplementation of valine and metabolizable energy (ME) levels on broiler chickens’
performance and carcasses from 1 to 42 days. Seven hundred and twenty male broiler
chicks, Cobb, were distributed in a completely randomized design, in a factorial scheme
2 x 3 (without or with L-valine x three ME levels), with six replicates, with 20 birds
each. To the treatments 1, 2 and 3, only L-lysine, DL-methionine and L-threonine were
added, which allowed crude protein (CP) to attend digestible amino acids (DAA) ratio,
and the me varied, -50, 0 and +50 kcal·kg-1. In treatments 4, 5 and 6, besides these
amino acids, L-valine was also added, resulting in a CP reduction until the level which
attends the other DAA requirements, and me was similar to that in the previous
treatments. No interaction between CP and ME levels was observed for the evaluated
variables. Feed intake (FI) from 35 to 42 days was higher for birds receiving diets with
greater CP without L-valine supplementation. Except for FI during this phase, there was
no significant effect of dietetic CP on broiler chickens performance in none of the
phases. On the other hand, ME levels influenced FI during the phases of 1 to 7 and 1 to
21 days, given the birds fed 50 kcal·kg-1 short, presented greater FI. Weight gain (WG)
was also influenced by dietetic ME levels, since birds fed 50 kcal·kg-1 above
requirements presented higher WG, in comparison to those submitted to diets
formulated according to requirements or with 50 kcal·kg-1 of ration below the
requirements. Similarly, weight and yield of carcass and cuts, and organ and abdominal
fat absolute and relative weight were not influenced by CP and ME separately. Thus,
one can affirm that it is possible to reduce diet CP with L-valine supplementation
without causing any harm to birds performance and that the increase in 50 kcal·kg-1 of
ME improved broilers performance. In general, the use of L-valine promoted lower N
intake and N excretion and higher body protein deposition, while improving the
efficiency of protein deposition. However, the body fat deposition also increased, except
in the lower level of EM evaluated. Thus we can conclude that the amino acid L-valine
31
industry can be used in diets for broiler chickens without prejudice to the performance,
however, to obtain a better carcass quality, the energy levels of diets should be
reviewed.
Keywords: amino acid, energy: protein ratio, ideal protein, nutrition, requirement
32
INTRODUÇÃO
A decisão por um nível de proteína na dieta e sua relação com a energia, é um
dos maiores desafios para os nutricionistas, uma vez que esta escolha tem efeito direto
no desempenho, no custo das rações e na composição das carcaças dos frangos.
A composição corporal dos frangos é afetada tanto pela quantidade como a
qualidade da proteína da ração, demonstrando que aminoácidos em menor proporção,
comparado às exigências, tornam-se limitantes e restringem a deposição protéica
(Castro et al., 1998). Da mesma forma, a composição da carcaça é influenciada pela
relação energia: proteína (EM: PB) da dieta, sendo que quando esta relação aumenta
ocorre redução no rendimento de carne e maior deposição de gordura. Por outro lado,
rações com menor relação EM: PB obtidas pelo aumento do teor de PB, proporcionam
maior ingestão protéica e rendimento de carne mais elevado (Nascimento, 2004).
Com a disponibilidade dos aminoácidos industriais como a lisina, metionina e
treonina, há uma tendência para a redução dos níveis protéicos da dieta, reduzindo a
proporção do farelo de soja e de fontes protéicas de origem animal, com conseqüente
redução nos custos (Corzo et al., 2007). Além da redução dos custos da alimentação, os
benefícios trazidos pela redução da PB da dieta incluem a maior eficiência de utilização
da proteína e a redução da poluição ambiental, em função da menor excreção de
nitrogênio (Hurwitz et al., 1998).
A progressiva redução na PB da dieta pode levar a uma situação em que outros
aminoácidos, como valina e isoleucina, que são geralmente supridos por dietas com alta
PB, tornem-se limitantes ao melhor desempenho (Peganova & Eder, 2002). Desta
forma, para se alcançar o aumento no desempenho das aves submetidas a dietas com
maiores reduções protéicas, deve-se ter a preocupação de fornecer níveis mínimos de
outros aminoácidos limitantes, como isoleucina, valina, arginina e triptofano, bem como
adequar o nível energético da dieta para se obter melhor eficiência de deposição da
proteína sem prejudicar a qualidade da carcaça.
Kidd & Hackenhaar (2005) simulando formulações combinando vários
ingredientes utilizados em dietas para frangos de corte, concluíram que a valina é o
quarto aminoácido limitante quando o farelo de soja é utilizado como principal fonte
protéica. Da mesma forma, Thornton et al. (2006) defendem a valina como próximo
33
aminoácido limitante após a treonina em dietas para frangos de corte isentas de
ingredientes de origem animal, principalmente em dietas de crescimento e final, em que
a proporção de grãos aumenta (Corzo et al., 2004).
Portanto, objetivou-se avaliar o efeito da utilização da L-valina industrial e dos
níveis de energia metabolizável das dietas sobre o desempenho, qualidade de carcaça,
composição corporal e excreção de nitrogênio em frangos de corte em diferentes fases
da criação.
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de
longitude sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618 m acima do nível do
mar.
O experimento foi conduzido no período de 13 de maio a 23 de junho de 2008,
totalizando 42 dias, divididos em 4 fases: pré-inicial (1 a 7 dias), inicial (8 a 21 dias),
crescimento (22 a 33 dias) e final (34 a 42 dias).
Foi instalado um termômetro digital de máxima e mínima, com sensores de
temperatura interno e externo (extensão com sensor de temperatura) na região central do
galpão, de forma que o sensor externo ficasse fixado na altura das aves.
Instalações e equipamentos
Nas duas primeiras fases os pintos foram alojados em baterias metálicas tipo
“Brasília”, com piso de tela com bandejas coletoras de excretas embaixo e contendo
comedouros e bebedouros tipo calha. O aquecimento dos pintos foi realizado por meio
de um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, que eram
ligadas e desligadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura observada
no termômetro (sensor na altura das aves) e o comportamento das aves.
34
Nas fases de 22 a 35 e 36 a 42 dias os frangos foram alojados em boxes de 1,40
x 1,80 m, com piso de cimento e cobertos com cama de bagaço de cana-de-açúcar,
sendo utilizados comedouros tubulares e bebedouros pendulares.
Durante o período experimental as aves receberam água e ração à vontade e o
programa de luz adotado durante todo o período foi o contínuo (24 horas de luz =
natural + artificial).
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizados 720 pintos de corte de um dia, machos, da linhagem Cobb,
distribuídos em delineamento experimental inteiramente casualizado, em esquema
fatorial 2 x 3, totalizando seis tratamentos (sem L-valina ou com L-valina x três níveis
de energia metabolizável), com seis repetições de 20aves cada. Cada um dos
tratamentos constituiu um programa de alimentação, em que as dietas foram formuladas
para cada uma das fases e os resultados foram acumulativos. Antes da distribuição das
aves nos tratamentos, os pintos foram pesados um a um e separados por faixas de peso,
garantindo-se que cada parcela recebesse o mesmo número de aves de determinada
faixa, aumentando a homogeneidade inicial entre as unidades experimentais. O peso
inicial dos pintos foi 46,6 ± 0,6g.
Nos tratamentos 1, 2 e 3 (sem L-valina), foram adicionados somente os
aminoácidos industriais L-lisina, DL-metionina e L-treonina aos três níveis de energia
metabolizável avaliados, deixando a proteína bruta livre e atendendo a relação dos
aminoácidos (em aminoácidos digestíveis) sugeridas por Rostagno et al. (2005) para
cada uma das fases. Para estabelecer os três níveis de EM utilizados, foi formulada uma
dieta atendendo as recomendações das Tabelas Brasileiras para Aves e Suínos
(Rostagno et al., 2005) e outras duas dietas, uma com 50 kcal de EM/kg acima das
recomendações e outra com 50 kcal de EM/kg abaixo das recomendações. Deste modo,
os níveis de EM estudados foram: 2900, 2950 e 3000 kcal/kg na dieta pré-inicial, 2950,
3000 e 3050 kcal/kg na dieta inicial, 3050, 3100 e 3150 kcal/kg na dieta de crescimento
e 3100, 3150 e 3200 kcal/kg na dieta final.
Nos tratamentos 1, 2 e 3, em função do maior nível de farelo de soja para
atender as exigências de valina e, conseqüentemente, o maior nível de PB, os demais
35
aminoácidos ficaram com as suas relações acima do recomendado, exceto
metionina+cistina, lisina e treonina (Tabelas 1, 2, 3 e 4).
Nos tratamentos 4, 5 e 6 (com L-valina), além dos aminoácidos L-lisina.HCl,
DL-metionina e L-treonina, também foi adicionado o aminoácido industrial L-Valina,
mantendo os mesmos níveis de energia estudados nos tratamentos 1, 2 e 3 e respeitando
as relações entre os aminoácidos e a lisina (perfil de aminoácidos ideal) propostas nas
Tabelas Brasileiras para cada uma das fases. Desta forma, a PB foi reduzida em relação
aos tratamentos 1, 2 e 3, até atender o próximo aminoácido limitante (isoleucina).
Antes da formulação das rações experimentais, foi realizada a análise da
composição aminoacídica do milho e do farelo de soja. Os valores de aminoácidos totais
calculados e analisados (%) das dietas experimentais estão apresentados na Tabela 5.
36
Tabela 1 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte na fase pré-inicial (1 a 7 dias)
Ingredientes
Sem L-valina Com L-valina EM (kcal/kg) EM (kcal/kg)
2900 2950 3000 2900 2950 3000 Milho grão 50,643 49,468 48,294 55,599 54,497 53,392 Farelo de soja (44,4% PB) 43,805 44,006 44,207 39,394 39,533 39,672 Óleo de soja 1,653 2,627 3,601 0,774 1,735 2,697 Fosfato bicálcico 1,872 1,875 1,878 1,896 1,899 1,902 Calcário 0,832 0,829 0,827 0,849 0,847 0,844 Sal comum 0,447 0,448 0,448 0,452 0,452 0,453 L-lisina.HCl (78,8%) 0,159 0,156 0,152 0,289 0,287 0,286 DL-metionina (99%) 0,323 0,325 0,327 0,355 0,357 0,359 L-treonina (98%) 0,069 0,069 0,069 0,127 0,127 0,128 L-valina (98%) 0,000 0,000 0,000 0,068 0,069 0,070 Colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral 1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitaminico 2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano 3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 Antioxidante 5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Composição calculada Energia metabolizável (kcal/kg) 2900 2950 3000 2900 2950 3000 Proteína bruta (%) 23,89 23,89 23,88 22,57 22,55 22,52 Relação EM: PB 121,4 123,5 125,6 128,5 130,8 133,2 Cálcio (%) 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939 0,939 Fósforo disponível (%) 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470 0,470 Sódio (%) 0,223 0,223 0,223 0,223 0,223 0,223 Lisina digestível (%) 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330 Metionina+cistina digestível (%) 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 Metionina digestível (%) 0,629 0,630 0,631 0,644 0,645 0,646 Treonina digestível (%) 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865 Arginina digestível (%) 1,600 1,602 1,604 1,476 1,476 1,477 Isoleucina digestível (%) 0,936 0,937 0,938 0,865 0,865 0,865 Leucina digestível (%) 1,827 1,824 1,820 1,727 1,722 1,718 Triptofano digestível (%) 0,286 0,286 0,287 0,262 0,263 0,263 Valina digestível (%) 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton; promotor de crescimento gram negativo = Colistin = 20 g/ton; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
37
Tabela 2 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte na fase inicial (8 a 21 dias)
Ingredientes
Sem valina Com valina EM (kcal/kg) EM (kcal/kg)
2950 3000 3050 2950 3000 3050 Milho grão 60,859 59,684 58,510 64,135 63,030 61,926 Farelo de soja (44,4% PB) 34,795 34,997 35,198 31,880 32,020 32,159 Óleo de soja 0,620 1,594 2,568 0,039 1,000 1,962 Fosfato bicálcico 1,769 1,772 1,775 1,784 1,788 1,791 Calcário 0,822 0,820 0,817 0,834 0,831 0,829 Sal comum 0,433 0,434 0,434 0,436 0,437 0,437 L-lisina.HCl (78,8%) 0,186 0,182 0,179 0,272 0,270 0,269 DL-metionina (99%) 0,255 0,256 0,258 0,276 0,278 0,280 L-treonina (98%) 0,064 0,064 0,064 0,102 0,103 0,103 L-valina (98%) 0,000 0,000 0,000 0,045 0,046 0,047 Colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral 1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitaminico 2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano 3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 Antioxidante 5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Composição calculada Energia metabolizável (kcal/kg) 2950 3000 3050 2950 3000 3050 Proteína bruta (%) 20,69 20,69 20,68 19,81 19,79 19,77 Relação EM: PB 142,6 145,0 147,5 148,9 151,6 154,3 Cálcio (%) 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884 0,884 Fósforo disponível (%) 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442 0,442 Sódio (%) 0,214 0,214 0,214 0,214 0,214 0,214 Lisina digestível (%) 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146 Metionina+cistina digestível (%) 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814 Metionina digestível (%) 0,529 0,530 0,531 0,539 0,540 0,541 Treonina digestível (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745 Arginina digestível (%) 1,347 1,349 1,351 1,265 1,267 1,266 Isoleucina digestível (%) 0,792 0,793 0,794 0,745 0,745 0,745 Leucina digestível (%) 1,624 1,621 1,617 1,558 1,553 1,549 Triptofano digestível (%) 0,238 0,239 0,239 0,223 0,223 0,223 Valina digestível (%) 0,860 0,860 0,860 0,860 0,860 0,860 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton; promotor de crescimento gram negativo = Colistin = 20 g/ton; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
38
Tabela 3 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte na fase de crescimento (22 a 35 dias)
Ingredientes
Sem valina Com valina EM (kcal/kg) EM (kcal/kg)
3050 3100 3150 3050 3100 3150 Milho grão 61,771 60,595 59,423 64,478 63,373 62,269 Farelo de soja (44,4% PB) 32,851 33,052 33,254 30,442 30,582 30,721 Óleo de soja 1,945 2,919 3,893 1,465 2,427 3,388 Fosfato bicálcico 1,617 1,620 1,623 1,630 1,633 1,637 Calcário 0,779 0,777 0,774 0,789 0,787 0,784 Sal comum 0,413 0,414 0,414 0,416 0,416 0,417 L-lisina.HCl (78,8%) 0,152 0,149 0,145 0,223 0,221 0,220 DL-metionina (99%) 0,231 0,233 0,234 0,248 0,250 0,252 L-treonina (98%) 0,044 0,044 0,043 0,075 0,076 0,076 L-valina (98%) 0,000 0,000 0,000 0,037 0,038 0,039 Colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral 1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitaminico 2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano 3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 Antioxidante 5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Composição calculada Energia metabolizável (kcal/kg) 3050 3100 3150 3050 3100 3150 Proteína bruta (%) 19,84 19,84 19,83 19,12 19,09 19,07 Relação EM: PB 153,7 156,3 158,9 159,5 162,4 165,2 Cálcio (%) 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824 0,824 Fósforo disponível (%) 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411 0,411 Sódio (%) 0,205 0,205 0,205 0,205 0,205 0,205 Lisina digestível (%) 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073 Metionina+cistina digestível (%) 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773 Metionina digestível (%) 0,497 0,498 0,499 0,505 0,506 0,507 Treonina digestível (%) 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697 Arginina digestível (%) 1,288 1,290 1,292 1,220 1,221 1,221 Isoleucina (%) 0,757 0,758 0,759 0,719 0,719 0,719 Leucina (%) 1,569 1,566 1,563 1,515 1,510 1,505 Triptofano digestível (%) 0,227 0,228 0,228 0,214 0,215 0,215 Valina (%) 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826 0,826 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton; promotor de crescimento gram negativo = Colistin = 20 g/ton; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
39
Tabela 4 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte na fase final (36 a 42 dias)
Ingredientes
Sem L-valina Com L-valina EM (kcal/kg) EM (kcal/kg)
3100 3150 3200 3100 3150 3200 Milho grão 64,507 63,334 62,160 66,760 65,657 64,552 Farelo de soja (44,4% PB) 30,120 30,321 30,523 28,116 28,255 28,395 Óleo de soja 2,168 3,142 4,115 1,768 2,730 3,691 Fosfato bicálcico 1,466 1,469 1,472 1,477 1,480 1,483 Calcário 0,739 0,736 0,734 0,747 0,744 0,742 Sal comum 0,388 0,389 0,389 0,390 0,391 0,391 L-lisina.HCl (78,8%) 0,161 0,158 0,154 0,220 0,218 0,217 DL-metionina (99%) 0,210 0,211 0,213 0,224 0,226 0,228 L-treonina (98%) 0,044 0,043 0,043 0,070 0,070 0,071 L-valina (98%) 0,000 0,000 0,000 0,031 0,032 0,033 Colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral 1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitaminico 2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano 3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012 Antioxidante 5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 Composição calculada Energia metabolizável (kcal/kg) 3100 3150 3200 3100 3150 3200 Proteína bruta (%) 18,85 18,84 18,83 18,24 18,22 18,19 Relação EM: PB 164,5 167,2 169,9 170,0 172,9 175,9 Cálcio (%) 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763 0,763 Fósforo disponível (%) 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380 0,380 Sódio (%) 0,194 0,194 0,194 0,194 0,194 0,194 Lisina digestível (%) 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 Metionina+cistina digestível (%) 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732 Metionina digestível (%) 0,466 0,467 0,468 0,473 0,474 0,475 Treonina digestível (%) 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 Arginina digestível (%) 1,210 1,212 1,214 1,154 1,154 1,155 Isoleucina digestível (%) 0,713 0,714 0,715 0,681 0,681 0,681 Leucina digestível (%) 1,505 1,501 1,498 1,459 1,455 1,450 Triptofano digestível (%) 0,212 0,213 0,214 0,202 0,202 0,202 Valina digestível (%) 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 Ul ; vit. E - 15.000 Ul ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton; promotor de crescimento gram negativo = Colistin = 20 g/ton; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
40
Tabela 5 – Valores calculados e analisados (%) de aminoácidos das dietas experimentais (em aminoácidos totais)
Sem L-valina Com L-valina Calculado Analisado Calculado Analisado -50 kcal 0 kcal +50 kcal -50 kcal 0 kcal +50 kcal Ração pré-inicial (1 a 7 dias) Lys 1,437 1,436 1,295 1,285 1,431 1,331 1,367 1,271 Met+Cys 1,026 1,073 1,058 0,983 1,022 0,945 1,052 0,852 Thr 0,968 1,006 0,972 0,903 0,963 0,916 0,945 0,848 Val 1,477 1,084 0,915 0,962 1,432 1,042 1,059 0,974 Ile 1,006 1,020 0,873 0,915 0,928 0,888 0,905 0,838 Arg 1,698 1,359 1,337 1,344 1,568 1,208 1,230 1,206 Leu 1,950 1,901 1,665 1,735 1,832 1,725 1,771 1,595 Phe 1,207 1,245 1,035 1,102 1,122 1,066 1,083 0,999 Hys 0,604 0,569 0,519 0,576 0,565 0,574 0,545 0,518 Gly+Ser 2,214 2,206 1,884 1,997 2,060 1,915 1,988 1,810 Ração inicial (8 a 21 dias) Lys 1,239 1,123 1,092 1,104 1,235 1,149 1,113 1,131 Met+Cys 0,887 0,987 0,934 0,877 0,884 0,918 0,890 0,862 Thr 0,837 0,829 0,817 0,763 0,833 0,797 0,712 0,755 Val 1,244 0,887 0,891 0,846 1,213 0,891 0,801 0,846 Ile 0,847 0,803 0,836 0,795 0,796 0,692 0,683 0,688 Arg 1,432 1,090 1,049 1,000 1,346 0,996 0,859 0,897 Leu 1,730 1,641 1,548 1,510 1,658 1,474 1,380 1,326 Phe 1,037 0,991 0,953 0,921 0,982 0,888 0,856 0,872 Hys 0,529 0,542 0,549 0,508 0,504 0,500 0,458 0,479 Gly+Ser 1,909 1,816 1,880 1,724 1,810 1,818 1,526 1,672 Ração de crescimento (22 a 35 dias) Lys 1,162 1,126 1,039 1,083 1,159 1,024 1,034 1,029 Met+Cys 0,843 0,857 0,859 0,858 0,840 0,797 0,859 0,828 Thr 0,786 0,778 0,714 0,746 0,783 0,717 0,708 0,713 Val 1,189 0,928 0,856 0,892 1,163 0,854 0,846 0,850 Ile 0,810 0,804 0,780 0,792 0,768 0,745 0,731 0,738 Arg 1,369 1,330 1,294 1,312 1,298 1,248 1,288 1,268 Leu 1,671 1,662 1,542 1,602 1,612 1,557 1,517 1,537 Phe 0,995 1,001 0,912 0,957 0,950 0,946 0,925 0,936 Hys 0,509 0,494 0,507 0,501 0,489 0,494 0,506 0,500 Gly+Ser 1,834 1,761 1,643 1,702 1,752 1,677 1,647 1,662 Ração final (36 a 42 dias) Lys 1,101 1,088 1,036 1,044 1,099 1,024 1,028 1,034 Met+Cys 0,799 0,805 0,790 0,790 0,797 0,797 0,798 0,809 Thr 0,747 0,714 0,733 0,738 0,744 0,717 0,728 0,723 Val 1,117 0,856 0,910 0,913 1,096 0,865 0,907 0,846 Ile 0,761 0,780 0,811 0,807 0,726 0,745 0,814 0,731 Arg 1,287 1,330 1,318 1,327 1,228 1,248 1,309 1,288 Leu 1,601 1,683 1,635 1,639 1,552 1,557 1,631 1,517 Phe 0,942 1,029 0,980 0,957 0,904 0,946 1,003 0,975 Hys 0,485 0,509 0,471 0,471 0,468 0,494 0,471 0,506 Gly+Ser 1,739 1,762 1,735 1,711 1,671 1,677 1,760 1,647
41
Variáveis avaliadas
Foram avaliados o consumo de ração (CR), o ganho de peso (GP) e a conversão
alimentar (CA) para cada uma das fases.
Para a avaliação das características de carcaça, aos 42 dias foram selecionadas
três aves, com peso representativo do peso médio da parcela para abate e coleta dos
dados. As aves foram abatidas por deslocamento cervical, sangradas e evisceradas. Na
determinação do rendimento de carcaça foi considerado o peso da carcaça limpa em
relação ao peso vivo após jejum. O rendimento dos cortes nobres (peito, coxa e
sobrecoxa) foram calculados em relação ao peso da carcaça eviscerada (com pés e
cabeça) e o peso relativo vísceras comestíveis (coração, fígado e moela) e da gordura
abdominal foi calculado em relação ao peso vivo em jejum.
Um grupo adicional de 10 pintos de um dia de idade foi abatido para
determinação da composição corporal (proteína, extrato etéreo, cinzas e água) no início
do experimento. Aos 21 e 42 dias de idade foram selecionadas duas aves com peso
representativo da parcela, e, após jejum de 24 horas, foram abatidas por deslocamento
cervical. As aves foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos
identificados e armazenadas em freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram
picados com o auxílio de uma serra fita e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775
rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a 4 vezes, para que se tornassem bem
homogêneas para os procedimentos laboratoriais.
As amostras foram acondicionadas em bandejas descartáveis de alumínio,
pesadas e pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60 ± 5oC, durante o tempo
necessário para a estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas,
acondicionadas em potes plásticos e armazenadas para posteriores análises. As análises
de matéria seca, cinzas, proteína bruta e extrato etéreo das amostras foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descritos por Silva &
Queiroz (2002).
Os valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria
natural e em gramas. Para o cálculo da composição corporal em gramas os valores
percentuais de cada um dos componentes da matéria natural (proteína, extrato etéreo,
cinzas e água) foram multiplicados pelo peso corporal médio da parcela.
42
As deposições de proteína e de gordura corporal (em gramas) foram calculadas
pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de corte no início e final de
cada período experimental (1 a 21 e 1 a 42 dias). Também foi realizado o cálculo da
relação da deposição de proteína pela deposição de gordura. A eficiência de deposição
de proteína foi calculada dividindo-se a deposição de proteína corporal pelo consumo de
proteína, multiplicando-se o valor por 100.
Os valores de consumo de proteína e deposição de proteína foram divididos por
6,25 para o cálculo dos valores de consumo e de retenção de N. A excreção aparente de
N foi então calculada pela diferença entre N consumido e N retido.
Análise Estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância utilizando-se o Sistema de
Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG-8.0), desenvolvido pela Universidade Federal
de Viçosa (1999), sendo as comparações das médias realizadas pelo teste Tukey a 5%
de probabilidade. O modelo matemático utilizado foi:
Yijk = µ + Ai + Bj + ABij + εijk ,
Em que:
Yijk = observação no nível de L-valina i, no nível de energia metabolizável j, na
repetição k;
µ = média geral;
Ai = Efeito da utilização da L-valina, i = 1 ou 2;
Bj = Efeito do nível de energia metabolizável, j = 1, 2 ou 3;
ABij = Efeito da interação do uso ou não da valina com o nível de energia
metabolizável;
εijk = erro aleatório associado a cada observação.
43
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de temperatura máxima e temperatura mínima registradas
durante o período experimental foram respectivamente 33,2 e 24,9 ºC.
Não foi verificada interação da utilização da L-valina e o nível de energia
metabolizável (EM) para nenhuma das variáveis de desempenho avaliadas (Tabela 6).
O consumo de ração durante a fase final (36 a 42 dias) dos frangos alimentados
com o programa de alimentação com dietas formuladas sem a inclusão de L-Valina foi
maior que das aves alimentadas com dietas formuladas com L-Valina. No entanto, esta
diferença não influenciou o consumo acumulado no período total, de 1 a 42 dias de
idade. À exceção do consumo de ração na fase de 36 a 42 dias, não houve efeito
significativo da utilização da L-valina na dieta sobre o desempenho dos frangos de corte
em nenhuma das fases de criação, nem sobre o desempenho no período total do
experimento (Tabela 6).
A possibilidade de redução dos níveis protéicos das dietas de frangos de corte
com a suplementação de aminoácidos essenciais para atender as exigências em
aminoácidos digestíveis vem sendo amplamente pesquisada, com o intuito de reduzir os
custos com a alimentação e, mais recentemente, como alternativa para minimização da
excreção de N (Corzo et al., 2008). Alguns estudos reportam a redução do desempenho
das aves com dietas de baixa proteína (Smith et al., 1998; Rahaman et al., 2002), porém,
nestes estudos a redução protéica foi feita com a correção dos níveis somente do
primeiro aminoácido limitante, a metionina. Desta forma, a redução no desempenho
pode ser atribuída não a uma deficiência de PB em si, mas à deficiência de aminoácidos
essenciais, como lisina, treonina, valina e isoleucina.
Dean et al. (2006) reportam que a redução de mais de 3% no percentual de PB,
mesmo com a correção dos níveis dos principais aminoácidos limitantes, resulta em
queda no desempenho dos frangos. Dentre as prováveis causas para a redução no
desempenho das aves submetidas a dietas com redução protéica Aftab et al. (2006)
apontam a deficiência de aminoácidos essenciais, a insuficiência de N não específico
para a síntese de aminoácidos não essenciais (AANE), a alteração na relação
AAE:AANE, a insuficiente síntese de alguns AANE específicos, como a glicina, em
44
quantidades suficientes para o atendimento do rápido crescimento e mudanças nas
concentrações de potássio e no balanço eletrolítico.
Tabela 6 - Médias das características de desempenho zootécnico de frangos de corte em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis Energia metabolizável (kcal/kg) Formulação CV
(%) -50 0 +50 L-valina
1 a 7 dias 2900 2950 3000 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 143,2 A 138,2 B 139,3 B 140 140,5 2,19
Peso final (g/ave) 181,7 177,9 181,5 180,2 180,5 2,26
Ganho de peso (g/ave) 135,2 131,4 134,8 133,8 133,8 2,98
Conversão alimentar (g/g) 1,060 1,052 1,033 1,047 1,051 2,39
8 a 21 dias 2950 3000 3050 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 1177,2 1160,4 1171,9 1165,9 1173,7 1,49
Peso final (g/ave) 962,7 954,6 956,9 956,3 959,9 2,25
Ganho de peso (g/ave) 781,1 776,7 775,4 776,1 779,4 2,72
Conversão alimentar (g/g) 1,507 1,495 1,512 1,503 1,506 2,38
22 a 35 dias 3050 3100 3150 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 1853,1 1834,0 1850,8 1846,9 1845,0 2,12
Peso final (g/ave) 2189,7 A 2150,3 B 2215,1 A 2190,3 2179,7 1,37
Ganho de peso (g/ave) 1226,9 AB 1195,7 B 1258,2 A 1234,0 1219,8 3,21
Conversão alimentar (g/g) 1,511 1,536 1,472 1,498 1,514 4,07
36 a 42 dias 3100 3150 3200 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 1385,2 1369,2 1362,0 1390,3 A 1354,0 B 2,60
Peso final (g/ave) 2876,7 B 2874,3 B 2935,8 A 2901,5 2889,7 0,72
Ganho de peso (g/ave) 687,1 B 723,9 A 720,7 A 711,2 709,9 4,00
Conversão alimentar (g/g) 2,017 1,896 1,892 1,959 1,911 4,45
1 a 21 dias - 50 0 + 50 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 1320,4 A 1298,6 B 1311,2 AB 1305,9 1314,2 1,42
Peso final (g/ave) 962,7 954,6 956,9 956,3 959,9 2,25
Ganho de peso (g/ave) 916,3 908,1 910,1 909,8 913,2 2,34
Conversão alimentar (g/g) 1,441 1,430 1,441 1,436 1,439 2,07
1 a 42 dias - 50 0 + 50 Sem Com
Consumo de ração (g/ave) 4558,8 4501,8 4524,1 4543,2 4513,3 1,48
Peso final (g/ave) 2876,7 B 2874,3 B 2935,8 A 2901,5 2889,7 0,72
Ganho de peso (g/ave) 2830,3 B 2827,4 B 2889,0 A 2855,1 2843,0 0,74
Conversão alimentar (g/g) 1,611 A 1,592 A 1,555 B 1,591 1,587 1,29
A, B Médias seguidas por letras diferentes nas colunas diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; CV = coeficiente de variação
45
No presente estudo, no entanto, todas as exigências de aminoácidos, de acordo
com Rostagno et al. (2005), foram atendidas, de forma que a redução da proteína bruta
com a utilização da L-valina foi somente até o ponto em que o próximo aminoácido
limitante, a isoleucina, foi adequadamente atendido. As dietas foram formuladas à base
de milho e farelo de soja, considerando a matriz nutricional previamente analisada dos
ingredientes, com as correções na digestibilidade dos aminoácidos feitas pelos
coeficientes de digestibilidade recomendados pela tabela de Rostagno et al. (2005).
Desta forma, não houve deficiência de nenhum dos aminoácidos essenciais, mesmo dos
considerados menos importantes. Os resultados obtidos, em que a redução dos níveis de
PB pela suplementação da L-valina na dieta não influenciaram as características
produtivas das aves, demonstram que não houve prejuízo na quantidade de N não
específico para a síntese de AANE, uma vez que mesmo com a redução protéica, alguns
AAE, como arginina, triptofano e leucina, ainda foram fornecidos com pequeno
excedente. A deficiência de N não específico para a síntese de AANE pode levar a uma
situação em que AAE sejam utilizados para este propósito, podendo, desta forma, levar
à deficiência do próprio AAE, limitando a síntese protéica, e, conseqüentemente, o
ganho de peso e eficiência alimentar (Heger, 2003).
Nas dietas sem suplementação de L-valina, o teor de isoleucina ficou acima das
exigências nutricionais, enquanto com a suplementação, esta exigência foi atendida pelo
mínimo, sem excesso ou deficiência. Os aminoácidos arginina, triptofano e leucina
ficaram em excesso, porém em menor proporção do que quando as dietas não foram
suplementadas com valina (redução média das quatro fases de criação de 6, 7 e 4% dos
excessos arginina, triptofano e leucina, respectivamente).
De acordo com Baker et al. (1996), dietas convencionais para aves possuem
consideráveis excessos de leucina em relação às quantidades de isoleucina e valina. O
excesso de leucina pode prejudicar a eficiência de ganho de peso (Allen & Baker,
1972), pelo aumento do catabolismo de aminoácidos de cadeia ramificada - isoleucina e
valina (Smith & Austic, 1978). Nas dietas do presente estudo os teores de leucina em
relação à valina, foram ligeiramente acima das recomendações para o perfil de proteína
ideal em todas as fases, sendo o excesso em maior proporção nas dietas sem
suplementação de L-valina. Porém este excesso moderado não estava prejudicando o
46
desempenho das aves, uma vez que a diminuição dos teores de leucina nas dietas com
suplementação de valina não resultou em melhoria no desempenho.
Os resultados verificados no presente estudo, em que a utilização da L-valina
na formulação promoveu a redução dos níveis de PB estão de acordo com os obtidos
por Cufadar et al. (2009), que, avaliando o efeito de dietas com redução da PB em duas
unidades percentuais em cada fase (22 para 20% de 1 a 21 dias e 20 para 18% de 22 a
42 dias) com suplementação dos aminoácidos industriais lisina, metionina e treonina
para alcançar 100, 110, 120 e 130% das recomendações do NRC (1994) em dietas
suplementadas ou não com fitase, não observaram diferenças significativas entre o
desempenho e as características de carcaça dos frangos, concluindo que a redução
protéica pode ser utilizada sem prejuízo à produção, desde que os aminoácidos da dieta
estejam bem balanceados.
Os níveis energéticos das dietas, por outro lado, influenciaram o consumo de
ração pelos frangos nas fases de 1 a 7 e 1 a 21 dias, sendo que as aves alimentadas com
os menores níveis apresentaram maior consumo. Este aumento no consumo pode ser
parcialmente explicado pela capacidade que a ave tem em regular seu consumo de
alimento em função do conteúdo energético da dieta (Morris, 2004). O consumo de
ração no período total, de 1 a 42 dias, foi semelhante entre os três níveis energéticos
estudados.
Segundo Bertechini (1997), aves e suínos têm habilidade de consumir certas
quantidades de ração de forma a atender primariamente as suas exigências de energia.
Desta maneira, variações no nível de energia da ração resultam em modificações no
nível de consumo das mesmas, e com isto, todos os outros nutrientes terão seu consumo
afetado. No entanto, Plumstead et al. (2007), trabalhando com os níveis de 3000 a 3200
kcal de EM/kg em dietas para frangos de corte, verificaram que o aumento dos níveis de
EM não promoveu redução no CR, desta forma, o consumo de EM aumentou
linearmente, evidenciando que frangos de corte selecionados para rápido crescimento
não possuem habilidade para regular o consumo voluntário pelo atendimento das
exigências de energia (Richards, 2003; Richards & Proszkowiec-Weglarz, 2007),
provavelmente em funções de alterações nos mecanismos hipotalâmicos de controle de
ingestão de alimentos (Bokkers & Koene, 2003).
47
Por estas considerações, parece que os frangos de corte das linhagens
modernas, de rápido crescimento, têm a habilidade de aumentar o consumo de alimento
na tentativa de atender seus requerimentos nutricionais de energia, no entanto, não
conseguem limitar o consumo após este requerimento ser atendido, resultando em
consumo de energia em excesso, o que pode comprometer a qualidade da carcaça. Desta
forma, a determinação de níveis adequados de energia na dieta, bem como sua relação
com a proteína, é de extrema importância.
O peso final das aves e o ganho de peso, nos períodos de 22 a 35 e de 36 a 42
dias, também foram influenciados pelos níveis de EM das dietas, refletindo igualmente
sobre o período total do experimento (1 a 42 dias).
As aves que receberam um programa de alimentação com maior nível
energético (dietas formuladas com 50 kcal de EM/kg de ração a mais que as exigências
tabeladas) apresentaram maior peso final e maior ganho de peso, comparadas àquelas
submetidas a programa de alimentação com dietas formuladas segundo as exigências de
Rostagno et al. (2005) ou 50 kcal de EM/kg de ração a menos que as exigências,
considerando o período total.
Os melhores resultados com os níveis maiores de EM nas fases finais da
criação podem ser explicados pelo fato do aumento dos níveis energéticos terem sido
obtidos através da maior participação do óleo de soja nas formulações. De acordo com
Church & Pond (1988), a adição de lipídeos em dietas para frangos de corte tem
proporcionado significativa melhora nas características de desempenho, com especial
vantagem sobre o estresse por calor, em que as aves tendem a reduzir o CR.
Os lipídeos propiciam menor incremento calórico, comparativamente a
proteínas e carboidratos, possibilitando o aumento da densidade energética da ração e
garantindo o consumo adequado de energia. Parte dessa melhora também tem sido
atribuída ao fato de as gorduras aumentarem o tempo de trânsito do alimento pelo
sistema digestório, levando alguns pesquisadores a sugerirem esse efeito redutivo na
taxa de passagem como resposta para os efeitos extracalóricos dos lipídeos (Mateos &
Sell, 1981).
No presente estudo não houve diferença para o consumo de ração no período
total em função dos níveis de energia da dieta, desta forma, em um mesmo nível de
consumo de alimento, as aves que receberam dieta com maiores níveis de EM tiveram
48
mais energia para os processos metabólicos, dentre estes, a dissipação de calor corporal,
tendo, também, mais energia disponível para os processos de síntese tecidual.
Provavelmente o efeito dos níveis de EM só foram significativos nas duas últimas fases
do experimento em função de que aves mais velhas terem menor resistência ao estresse
por calor (Macari et al., 1994). De acordo com Souza et al. (2005) sob temperaturas
elevadas os frangos aumentam a exigência de energia para dissipar o excesso de calor
corporal.
Não houve interação dos níveis de PB e os níveis de EM para nenhuma das
variáveis avaliadas (Tabela 7). Da mesma forma, os níveis de PB ou de EM
separadamente não influenciaram os pesos e rendimentos de carcaça, de peito, de coxa e
de sobrecoxa, nem os pesos absolutos e relativos do coração, do fígado, da moela e da
gordura abdominal de frangos de corte aos 42 dias de idade.
Tabela 7 – Médias dos pesos e rendimentos de carcaça e cortes nobres e pesos absolutos e relativos de vísceras comestíveis e gordura abdominal dos frangos aos 42 dias, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis Energia metabolizável (kcal/kg) L-valina CV
(%) -50 0 + 50 Sem Com
Carcaça (g) 2328,2 2261,1 2313,2 2306 2295,7 4,07
Rendimento de carcaça (%) 82,9 82,4 83,0 82,8 82,7 1,55
Peito (g) 783,7 747,0 763,6 760,7 768,9 5,54
Rendimento de peito (%) 33,7 33,0 33,0 34,0 33,5 3,16
Coxa (g) 273,9 268,8 273 274,6 269,3 5,91
Rendimento de coxa (%) 11,8 11,9 11,8 11,9 11,7 3,79
Sobrecoxa (g) 346,5 321,8 338 335 335,8 7,06
Rendimento de sobrecoxa (%) 14,9 14,2 14,6 14,5 14,6 5,79
Coração (g) 14,2 13,3 14,3 14,1 13,8 11,6
Peso relativo do coração (%) 0,51 0,49 0,51 0,51 0,49 11,1
Fígado (g) 45,2 42,6 42,3 43,1 43,7 6,87
Peso relativo do fígado (%) 1,61 1,56 1,52 1,55 1,58 6,25
Moela (g) 35,4 35,9 36,1 36,1 35,5 8,65
Peso relativo da moela (%) 1,27 1,32 1,29 1,31 1,38 9,38
Gordura abdominal (g) 36,2 32,8 38,7 34,5 31,4 26,8
Peso relativo da gordura abdominal (%) 1,29 1,20 1,39 1,24 1,13 26,6
CV = coeficiente de variação
49
De acordo com Castro et al. (1998) o rendimento de carcaça dos frangos é
afetado tanto pela quantidade como a qualidade da proteína da ração, demonstrando que
aminoácidos em menor proporção, comparado às exigências, tornam-se limitantes e
restringem a deposição protéica. Kidd et al. (1998) ressaltam que o rendimento de carne
de peito é particularmente influenciado pela composição da proteína dietética.
Como no presente estudo a redução protéica nas dietas com adição de L-valina
não influenciou os pesos e rendimentos da carcaça e de cortes nobres, presume-se que
esta redução não causou deficiência de nenhum aminoácido essencial.
A redução na deposição de gordura na carcaça está vinculada com ingestão
adequada de energia à necessidade para manutenção e crescimento (Summers &
Leeson, 1984). Bernal & Baião (1996) observaram efeito da elevada densidade calórica
da ração inicial sobre a deposição de gordura abdominal do frango de corte abatido.
Para Leeson (1995), a composição da carcaça é influenciada mais facilmente pela
relação energia: proteína (EM: PB) da dieta, sendo que quando essa relação aumenta
ocorre uma redução no rendimento de carne e aumento na deposição de gordura
abdominal, tanto em machos como em fêmeas.
Os valores médios para composição corporal das aves aos 21 dias foram
semelhantes aos encontrados na literatura. As percentagens médias de proteína, gordura
e água na matéria natural foram 15,8; 10,3 e 70,5%, enquanto os valores 16,2; 11,0 e
70,3%; 16,0; 10,7 e 70,3% e 16,5; 11,6 e 66,1% foram encontrados por Bregendahl et
al. (2002a), Bregendahl et al. (2002b) e Cella et al. (2009), respectivamente. Estes
autores não apresentaram os teores de cinzas na composição corporal.
Não houve interação da utilização da L-valina e os níveis de energia para a
percentagem de PB e umidade na matéria natural (Tabela 8). A percentagem de
umidade foi maior nas aves que receberam dieta sem utilização de L-valina, para
qualquer nível de EM estudado, enquanto a percentagem de PB não foi influenciada por
nenhum dos fatores estudados.
50
Tabela 8 – Médias das características de composição corporal (na matéria natural) de frangos de corte frangos aos 21 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis
L-valina Energia metabolizável (kcal/kg)
– 50 0 + 50 CV (%) Proteína
% Sem 16,2 16,5 15,9
3,88 Com 15,4 15,2 15,8
g Sem 155,3 156,6 a 152,6
2,28 Com 149,0 146,2 b 149,2 Gordura
% Sem 8,7 A b 7,5 B b 8,3 AB b
1,72 Com 12,0 B a 12,5 AB a 13,0 A a
g Sem 83,5 A b 73,5 B b 79,4 A b
2,15 Com 116,4 C a 120,2 B a 124,0 A a Cinzas
% Sem 2,3 B b 2,5 A 2,3 B b
1,66 Com 2,6 a 2,6 2,6 a
g Sem 21,9 B b 23,3 A b 22,5 AB b
2,24 Com 24,7 a 24,7 a 24,8 a Umidade
% Sem 71,5 a 72,6 a 72,0 a
0,70 Com 68,9 b 69,4 b 68,3 b
g Sem 686,2 688,7 692,4 a
2,27 Com 666,0 666,7 650,4 b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Foi verificado efeito da interação da utilização de L-valina nas dietas e os níveis
de energia para as variáveis proteína, gordura, cinzas e água, em gramas, e gordura e
cinzas, em percentagem na matéria natural.
A quantidade total de proteína corporal das aves aos 21 dias foi semelhante entre
as dietas formuladas com ou sem L-valina tanto no nível mais alto quanto no nível mais
baixo de EM. Porém, ao se comparar os resultados dentro do nível intermediário de
energia (exigência), as aves alimentadas com dieta suplementada com L-valina
apresentaram menores valores.
As dietas formuladas com L-valina promoveram maiores valores de gordura,
tanto em percentagem quanto em gramas, do que as dietas formuladas sem L-valina.
Este fato pode ser atribuído à redução da PB, e conseqüente redução dos excessos de
aminoácidos a serem excretados, com o uso da L-valina na formulação (Tabelas 2, 3, 4
e 5). Uma vez que o custo metabólico para excreção de um aminoácido é maior que o
custo para depositá-lo na cadeia protéica (Macleod, 1997), a necessidade de energia
para o processo de excreção na dieta com L-valina passa a ser menor, resultando em
maior sobra de energia a ser armazenada como ácidos graxos.
51
Comparando os níveis de energia estudados dentro de cada tipo de formulação,
verificou-se aumento no teor de gordura corporal com o aumento da EM da dieta, nas
dietas formuladas com L-valina. Por outro lado, nas dietas sem L-valina a maior
percentagem de gordura foi verificada nas aves alimentadas com dietas com redução de
50 kcal/kg e a maior quantidade de gordura em gramas foi observada tanto com dietas
formuladas com 50 kcal/kg a mais ou a menos em relação às exigências nutricionais das
aves. A dieta que resultou em menor quantidade de gordura corporal foi a dieta com
maior nível de PB (formulada sem L-valina) e com a EM atendendo as exigências.
Em relação ao teor de cinzas (em percentagem e em gramas), enquanto a maior
percentagem foi verificada nas dietas sem L-valina com o nível intermediário de EM,
não foram verificadas diferenças significativas entre os níveis de EM nas dietas
formuladas com L-valina. No entanto, dentro do mesmo nível de EM, o teor de cinzas
foi sempre maior para as dietas formuladas com L-valina, à exceção da percentagem de
cinzas corporal no nível intermediário de EM, que não foi influenciado pela utilização
da L-valina.
Em alguns estudos (Laurin et al., 1985; Andreotti et al., 2004) a redução no teor
de cinzas corporal dos frangos foi atribuída aos maiores teores de óleo de soja na dieta,
em razão da formação de sabões de cálcio no lúmen intestinal, com conseqüente
redução na absorção e/ou deposição de minerais, independentemente da idade das aves.
No entanto, no presente estudo, em função da interação existente entre os fatores, o
menor teor de cinzas corporal apresentado pelas aves alimentadas com dietas sem L-
valina não pode ser atribuído unicamente às quantidades de óleo de soja das dietas,
embora em um mesmo nível de EM, estas quantidades sejam sempre maiores nestas
dietas em relação às formuladas com L-valina.
A quantidade de água corporal, em gramas, somente diferiu entre as dietas com e
sem L-valina quando as dietas continham 50 kcal a mais de EM/kg.
No período de um a 21 dias de idade houve interação da utilização da L-valina e
os níveis de EM da dieta para as deposições de proteína e gordura corporal, relação
deposição proteína: deposição gordura, eficiência de deposição de proteína e excreção
aparente de N, enquanto para consumo de proteína as aves alimentadas com dieta sem
L-valina apresentaram valores superiores em quaisquer dos níveis de EM (Tabela 9).
52
Tabela 9 – Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura, relação deposição de proteína: deposição de gordura, eficiência de deposição da proteína e excreção aparente de N em frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis L-valina Energia metabolizável (kcal/kg) CV
(%) - 50 0 + 50
Consumo de proteína (g/ave) Sem 250,3 a 246,5 a 251,1 a
1,42 Com 239,9 b 236,8 b 239,8 b
Deposição de proteína (g/ave) Sem 148,4 149,8 a 145,7
2,36 Com 142,1 139,3 b 142,3
Deposição de gordura (g/ave) Sem 80,8 A b 70,8 C b 76,7 B b
2,19 Com 113,7 C a 117,5 B a 121,4 A a
Deposição de proteína: deposição de gordura
Sem 1,836 C a 2,114 A a 1,899 B a 0,03
Com 1,249 A b 1,185 B b 1,172 C b
Eficiência de deposição de proteína (%) Sem 59,6 AB 60,8 A 58,0 B
2,07 Com 59,3 58,8 59,4
Excreção aparente de N (g/ave) Sem 16,3 AB 15,5 B 16,9 A a
3,54 Com 15,6 15,6 15,6 b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Não houve diferença significativa para deposição de proteína entre os diferentes
níveis de EM estudados para ambas as dietas. No entanto, no nível intermediário de
EM, a deposição protéica foi maior nas aves alimentadas com dieta sem L-valina na
formulação.
A deposição de gordura corporal foi maior quando as aves foram alimentadas
com dietas contendo L-valina na formulação, para todos os níveis de EM estudados.
Nesta dieta, foi verificado aumento da deposição de gordura corporal com o aumento
dos níveis de EM. Nas aves que receberam dieta sem L-valina, a deposição de gordura
foi maior no menor nível de EM e menor com o nível intermediário de EM.
A deposição de proteína é pré-estabelecida pela genética da ave e independente
da ingestão, há um limite de deposição diário, que não pode ser compensado
(Nascimento, 2004). Entretanto, as variações ocorridas no total de deposição de proteína
dentro deste limite pode ser devido a nutrição. Por outro lado, a quantidade de gordura
depositada é diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para a síntese
de ácidos graxos, ou seja, toda energia consumida que exceder as exigências de
mantença e produção será armazenada na forma de gordura (Leeson, 1995).
53
Mendonça et al. (2007), trabalhando com diferentes relações EM: PB para aves
de corte de crescimento lento verificaram aumento na deposição de gordura corporal
com o aumento dos níveis de EM nas aves de um a 21 dias de idade.
De acordo com Leeson (1995), a energia também pode ser oriunda das proteínas
a partir da desaminação dos aminoácidos e oxidação dos alfa-cetoácidos resultantes,
portanto, o fornecimento de proteína bruta em excesso ou de pouca digestibilidade, sem
um equilíbrio ideal de aminoácidos, significa que haverá maior potencial para deposição
de gordura. Desta forma, tanto a falta como o excesso de aminoácidos causam
desequilíbrios que limitam o crescimento de tecido magro, aumentando a quantidade de
gordura corporal.
A relação deposição de proteína: deposição de gordura corporal foi melhor
quando se utilizou dieta sem L-valina, independente da EM da dieta. No entanto,
comparando os resultados entre os níveis de energia com cada uma das dietas
separadamente, a melhor relação foi observada no nível intermediário de EM na dieta
sem L-valina e no menor nível de EM na dieta com L-valina.
Não houve diferença na eficiência relativa de deposição da proteína entre as
dietas sem e com L-valina. Entretanto, utilizando-se L-valina nas dietas, a deposição de
proteína foi mais eficiente naquela que continha a EM recomendada nas Tabelas de
Rostagno et al. (2005).
A excreção aparente de N somente diferiu entre as dietas com o maior nível de
EM, em que a dieta sem L-valina resultou em maior excreção. Não houve diferenças
significativas na excreção aparente de N entre os níveis de EM, quando as aves
receberam dieta com L-valina. No entanto, utilizando-se este aminoácido na
formulação, a maior excreção de N foi observada com 50 kcal a mais de EM/ kg na
dieta e a menor excreção com EM atendendo as exigências nutricionais.
Os valores médios para composição corporal das aves aos 42 dias (Tabela 10),
em percentagem na matéria natural, verificados no presente estudo foram coerentes com
os encontrados por Aletor et al. (2000) (16,9; 12,7; 2,1 e 67,3% e 18,8; 12,9; 2,4 e
64,7%, para proteína, gordura, cinzas e água, respectivamente).
54
Tabela 10 – Médias das características de composição corporal (na matéria natural) de frangos de corte frangos aos 42 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis
L-valina Energia metabolizável (kcal/kg) CV
(%) - 50 0 + 50
Proteína %
Sem 15,9 B b 17,1 A 16,4 AB 2,05
Com 17,5 a 17,0 17,7
g Sem 457,7 B b 487,4 A b 486,1 A b
0,72 Com 501,5 B a 498,9 B a 512,2 A a
Gordura %
Sem 13,2 A 10,3 B b 11,6 AB 4,72
Com 12,5 12,8 a 13,4
g Sem 380,3 A a 294,3 C b 343,6 B b
0,72 Com 360,1 C b 371,8 B a 388,8 A a
Cinzas %
Sem 2,0 2,2 2,0 5,77
Com 2,1 2,2 2,2
g Sem 57,3 C b 61,7 A a 59,2 B b
0,73 Com 61,3 B a 57,5 C b 63,3 A a
Umidade %
Sem 67,5 68,5 68,4 a 0,84
Com 66,5 67,1 65,9 b
g Sem 1945,7 B a 1969,9 B a 2031,6 A a
0,72 Com 1910,7 B b 1941,6 A b 1912,5 B b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
Houve interação da utilização de L-valina e os níveis de energia para todas as
características de composição corporal avaliadas, exceto para percentagem de cinzas,
em que nenhum dos fatores influenciou os resultados.
No menor nível de EM a percentagem de proteína corporal foi superior nas aves
que receberam dieta com L-valina em relação àquelas alimentadas com dieta sem L-
valina, não havendo diferenças significativas entre as dietas nos níveis mais altos de
EM. Não foram verificadas diferenças entre os níveis de EM utilizados nas dietas com
L-valina, enquanto com as dietas sem L-valina na formulação a maior percentagem de
proteína corporal foi verificada com o nível intermediário de energia e a menor
percentagem com o menor nível de EM.
Ao se avaliar a quantidade de proteína corporal em gramas, verifica-se que a
dieta com utilização de L-valina mostrou-se superior em quaisquer dos níveis de EM,
sendo que nesta dieta a maior quantidade de proteína foi obtida com a maior EM na
dieta, enquanto nas dietas sem L-valina tanto o nível intermediário quanto o maior nível
de EM apresentaram quantidades superiores de proteína em relação ao menor nível
energético.
55
A superioridade da quantidade de proteína corporal nas aves alimentadas com
dieta formulada com L-valina pode ter relação com a maior eficiência da utilização da
energia da dieta para a síntese protéica, bem como com o melhor balanceamento
aminoacídico. Quando a L-valina foi adicionada na formulação, a combinação entre os
ingredientes da ração foi feita de forma a atender o próximo aminoácido limitante, que
no caso dos ingredientes utilizados e de acordo com as exigências estipuladas, foi a
isoleucina. Desta forma, a PB foi reduzida em relação à dieta sem L-valina, reduzindo,
conseqüentemente, os excessos de aminoácidos da dieta (Tabelas 2, 3, 4 e 5) a serem
excretados. Segundo Macleod (1997), o custo metabólico da excreção de um
aminoácido seria de 6 a 18 moles de ATP, enquanto, para depositá-lo na cadeia
protéica, o gasto seria em torno de 4 mol de ATP. A eliminação do aminoácido,
portanto, teria alto custo energético e reduziria a utilização de energia na deposição de
tecidos, em virtude da necessidade de excreção do nitrogênio. Assim, verificou-se que o
melhor balanceamento entre os aminoácidos na dieta com L-valina resultou em maior
quantidade de proteína corporal em razão da melhor utilização da energia para a
deposição protéica.
A percentagem de gordura corporal foi superior quando se utilizou dieta com L-
valina somente no nível intermediário de EM, não havendo diferenças significativas
entre as dietas para os outros níveis energéticos. Com a L-valina na formulação não
houve diferença no percentual de gordura entre os diferentes níveis de EM estudados,
enquanto que nas aves alimentadas com dietas sem L-valina o maior e o menor
percentual de gordura foram observados nas dietas com o menor e o nível intermediário
de EM, respectivamente.
A gordura corporal total (em gramas) foi menor nos frangos que receberam dieta
formulada sem L-valina nos níveis intermediário e alto de EM. Com esta dieta a menor
quantidade de gordura corporal foi verificada com a EM atendendo as exigências
nutricionais, enquanto a maior quantidade foi observada no menor nível de EM. Aletor
et al. (2000) trabalhando com frangos de 21 a 42 semanas de idade verificaram maior
teor de gordura corporal quando a PB da dieta reduziu de 22,5 para 15,3%.
A maior quantidade de gordura corporal verificada nas aves alimentadas com
dieta contendo L-valina nos níveis mais altos de EM pode ser explicado por dois
fatores: a maior eficiência de utilização da energia para a deposição de proteína e pela
56
maior produção da enzima málica. Uma vez que esta dieta apresentou menores excessos
de aminoácidos a serem excretados, houve menor gasto de energia para este processo, e
a quota de energia que ultrapassou as exigências para a deposição protéica foi
armazenada na forma de ácidos graxos. Por sua vez, o menor teor de PB da dieta pode
ter aumentado a expressão genética do RNA mensageiro da enzima málica, em relação à
dieta com maior teor de PB. Trabalhos desenvolvidos por Adams & Davis (2001) e
Chendrimada et al. (2007) demonstram que a redução da PB da dieta aumenta o nível de
RNAm para enzima málica nos hepatócitos, enquanto dietas com alta PB reduzem este
nível. A enzima málica é uma proteína citoplasmática que catalisa a descarboxilação
oxidativa do malato à piruvato e CO2, ao mesmo tempo NADPH (nicotinamida adenina
dinucleotídeo-fosfato reduzida). O NADPH gerado pode ser utilizado para a síntese do
palmitato, que é precursor na síntese de outros ácidos graxos de cadeia longa (Champe
& Harvey, 1997). De acordo com Chendrimada et al. (2007), a atividade da enzima
málica hepática está diretamente correlacionada com a taxa de síntese de ácidos graxos,
com a percentagem de gordura corporal e com a percentagem de gordura abdominal em
aves.
A quantidade de cinzas corporal foi superior nas aves que receberam dieta com
L-valina para os níveis de EM mais baixo e mais alto, enquanto no nível intermediário
de EM a quantidade de cinzas foi maior nas aves alimentadas com dietas formuladas
sem L-valina. Avaliando a quantidade de cinzas dentro de cada dieta, a utilização da L-
valina resultou em maior quantidade de cinzas com dietas contendo 50 kcal de EM/kg
acima das recomendações e na dieta sem L-valina a maior quantidade de cinzas foi
observada com a EM atendendo as exigências nutricionais.
A percentagem de umidade corporal nos frangos somente diferiu entre as dietas
no maior nível de EM estudado, em que a dieta sem L-valina apresentou maior
umidade.
A quantidade de água corporal em gramas foi sempre superior nos frangos que
receberam dieta sem L-valina. Comparando os níveis de EM quando se utilizou a dieta
sem L-valina, a maior quantidade de água foi verificada no maior nível energético,
enquanto para a dieta com L-valina a maior quantidade de água foi verificada no nível
intermediário.
57
Houve interação da utilização da L-valina e os níveis de EM da dieta para
consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura corporal, relação deposição
proteína: deposição gordura e eficiência da deposição de proteína dos frangos de corte
de 1 a 42 dias (Tabela 11).
Tabela 11 – Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura, relação deposição de proteína: deposição de gordura, eficiência de deposição da proteína e excreção aparente de N em frangos de corte de 1 a 42 dias de idade, em função da utilização da L-valina e dos níveis de energia metabolizável das dietas
Variáveis L-valina Energia metabolizável (kcal/kg) CV
(%) - 50 0 + 50
Consumo de proteína (g) Sem 833,5 A a 808,4 B 832,6 A a
1,46 Com 787,3 b 792,9 780,4 b
Deposição de proteína (g) Sem 450,8 B b 480,6 A b 479,2 A b 0,73 Com 494,6 B a 492,0 B a 505,3 A a
Deposição de gordura (g) Sem 377,6 A a 291,6 C b 341,0 B b 0,73 Com 357,4 C b 369,1 B a 386,1 A a
Deposição de proteína: deposição de gordura
Sem 1,194 C b 1,648 A a 1,405 B a 0,01 Com 1,384 A a 1,333 B b 1,308 C b
Eficiência relativa de deposição da proteína (%)
Sem 54,1 C b 59,5 A b 57,6 B b 1,31 Com 62,8 B a 62,1 B a 64,7 A a
Excreção aparente de N (g) Sem 61,2 A a 52,4 C a 56,5 B a 3,28 Com 46,8 AB b 48,1 A b 44,0 B b
Médias seguidas por letras maiúsculas diferentes na mesma linha ou letras minúsculas diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade.
O consumo de proteína pelas aves foi maior com as dietas formuladas sem L-
valina no maior e no menor nível de EM estudado, não diferindo entre as dietas quando
o nível de EM utilizado foi o intermediário. Com a dieta com L-valina, não foram
verificadas diferenças significativas no consumo dos frangos alimentados com os
diferentes níveis energéticos, enquanto que na dieta sem L-valina, a utilização do nível
energético recomendado por Rostagno et al. (2005) resultou em menor consumo de
proteína.
A deposição de proteína foi sempre superior nas aves que receberam dieta com
L-valina. Avaliando os níveis de EM dentro de cada dieta, verificou-se que para as aves
alimentadas com dietas sem L-valina, não houve diferença entre as deposições de
proteína quando a EM foi igual ou superior às recomendações de Rostagno et al. (2005),
que por sua vez foram superiores à verificada com redução de 50 kcal de EM/kg. No
58
entanto, quando a L-valina foi utilizada na formulação a maior deposição de proteína foi
verificada com o maior nível de EM.
Macleod (1997) reportou que os frangos de corte respondem à relação energia:
nutrientes por meio da variação na taxa de deposição de gordura, sem ocorrer alteração
na dissipação de energia na forma de calor. Nas dietas com proteína reduzida
suplementadas com aminoácidos industriais e formuladas com base em aminoácidos
digestíveis, melhorias na deposição de proteína e redução na deposição de gordura
corporal das aves podem ser obtidas pela utilização de menores relações EM:
aminoácidos, uma vez que a necessidade de energia para a excreção dos excessos de
aminoácidos será diminuída e a eficiência de utilização dos aminoácidos será
aumentada.
A deposição de gordura corporal foi maior quando as aves foram alimentadas
com dietas contendo L-valina na formulação, exceto no menor nível de EM. No entanto,
nas aves que receberam dieta sem L-valina, a deposição de gordura foi maior no menor
nível de EM. Diferentemente, nas aves alimentadas com dieta formulada com L-valina a
deposição de gordura aumentou com o aumento dos níveis de EM.
Trabalhando com diferentes relações EM: PB para frangos de corte nas fases
inicial e de crescimento, Reginatto et al. (2000) verificaram que o fornecimento das
dietas com alta energia proporcionou melhor desempenho, no entanto resultou em maior
deposição de gordura nas carcaças. As aves alimentadas com as dietas com baixa
densidade energética apresentaram GP similar àquelas alimentadas com as dietas com
alta energia no período total (1 a 42 dias), porém melhor conversão calórica (kcal/ kg).
O maior nível de energia e a redução da PB dietética melhoraram a utilização da PB
consumida. Os autores sugeriram que a menor densidade energética das dietas tenha
promovido maior taxa de degradação e menor taxa de síntese protéica devido ao aporte
insuficiente de energia.
De acordo com Aletor et al. (2000) uma maior relação energia: proteína na dieta
leva ao consumo de excesso de energia, uma vez que as aves aumentam o CR na
tentativa de alcançar o atendimento das exigências em aminoácidos. Ao contrário, dietas
contendo menor relação energia: proteína (desde que atendam o requerimento mínimo
de energia) levam à redução da gordura corporal, uma vez que as exigências em
aminoácidos são atendidas sem necessitar de um consumo excedente de ração.
59
O mecanismo primário envolvido na redução da gordura corporal pelas dietas de
alta proteína está associado ao aumento do gasto de energia e do incremento calórico
para a degradação do excesso de aminoácidos e excreção como ácido úrico (Bartov et
al., 1974).
No entanto, Aletor et al. (2000) constataram que este mecanismo não explica o
aumento na deposição de gordura corporal quando dietas com redução protéica
suplementadas com aminoácidos industriais foram utilizadas em seus experimentos. Os
autores avaliaram uma dieta controle, com 22,5% PB e dietas com redução da PB para
21,0; 19,0; 17,2 e 15,3% suplementadas com aminoácidos industriais de forma que
todas fornecessem quantidades de aminoácidos essenciais equivalentes à dieta controle.
Com a finalidade de avaliar o efeito da relação EM: PB, foram constituídas outros
quatro tratamentos, em que as dietas com redução protéica foram suplementadas com
uma mistura de aminoácidos não essenciais (alanina, aspartato e glutamato) de forma a
alcançarem a mesma PB da dieta controle (22,5%). Desta forma, a relação EM: PB
destas dietas foram equivalentes. Os autores concluíram que, se a relação EM: PB por si
fosse responsável pela redução da deposição de gordura corporal, então a dieta controle
e estas últimas deveriam resultar em idênticas deposições de gordura, o que não
ocorreu. Assim, a relação EM: proteína intacta seria mais importante que a relação EM:
PB no que diz respeito à deposição de gordura, sugerindo que os aminoácidos
cristalinos influenciam na lipogênese de forma diferente da proteína intacta.
Trabalhando com dietas com redução protéica (de 22,5 para 15,3%)
suplementadas com aminoácidos industriais para frangos de 22 a 42 dias, Aletor et al.
(2000) não encontraram efeito da redução da PB sobre a retenção de proteína corporal.
No entanto, à medida que a PB da dieta reduziu, a retenção de gordura corporal
aumentou significativamente.
A relação deposição de proteína: deposição de gordura corporal foi melhor
quando se utilizou dieta sem L-valina nos níveis mais altos de EM, enquanto que com o
menor nível de EM a dieta com L-valina resultou em melhor relação. No entanto,
comparando os resultados entre os níveis de energia com cada uma das dietas
separadamente, a melhor relação foi observada no nível intermediário de EM na dieta
sem L-valina e no menor nível de EM na dieta com L-valina.
60
A eficiência relativa de deposição de proteína foi maior para a dieta com L-
valina, independentemente do nível de EM estudado. Avaliando-se a eficiência de
deposição de proteína entre os níveis energéticos utilizados dentro de cada uma das
dietas, verificou-se maior valor com a EM atendendo as exigências para as dietas sem
L-valina e com 50 kcal de EM/kg acima das exigências para as dietas com L-valina.
Aletor et al. (2000) verificaram correlação altamente significativa (-0,70) entre
consumo de proteína e eficiência de retenção de proteína, sendo que o aumento no
consumo promove redução na eficiência (y = 79,9 – 0,05x). Da mesma forma, no
presente estudo, ao fazer a regressão dos valores de eficiência de deposição de proteína
em função do consumo de proteína dos frangos de 1 a 42 dias, foi verificada uma alta
correlação (-0,78), com redução na eficiência de deposição à medida que o consumo de
proteína aumenta (y = 167,6 – 0,134x, r2 = 0,61).
Sklan e Plavnik (2002) observaram que a performance das aves com dietas com
baixo conteúdo de proteína bruta foi limitada pela deficiência de aminoácidos
essenciais, e os altos níveis de proteína diminuíram a eficiência da utilização dos
aminoácidos.
A excreção aparente de N foi menor com a dieta com L-valina, para quaisquer
dos níveis energéticos avaliados. Para a dieta sem L-valina, a menor excreção foi
observada com o nível intermediário de EM e para a dieta com L-valina, a menor
excreção foi verificada com 50 kcal de EM a mais na dieta.
A excreção de N proveniente de proteínas da dieta é em grande parte
responsável pelas questões ambientais suscitadas da produção pecuária intensiva.
Segundo Bregendahl et al. (2002a), uma das medidas adotadas para tentar diminuir a
poluição ambiental é a substituição parcial de proteína intacta da dieta por aminoácidos
industriais, de forma que excessos de aminoácidos na dieta são minimizados em relação
ao seu requerimento, trazendo a proteína dietética mais perto do perfil ideal e,
conseqüentemente, diminuindo o teor de PB na dieta.
Bregendahl et al. (2002a), avaliando resultado de três experimentos com dietas
de baixa proteína suplementadas com aminoácidos industriais para frangos de corte de 7
a 21 dias de idade, verificaram alta correlação entre consumo de N e excreção de N.
De uma forma geral, a utilização da L-valina na formulação das dietas para
frangos de corte promoveu menor consumo e excreção de N e maior deposição de
61
proteína corporal, melhorando também a eficiência de deposição da proteína. No
entanto, apesar de não ter havido diferenças significativas na deposição de gordura
abdominal, a deposição de gordura corporal total também aumentou, exceto no menor
nível de EM estudado. Desta forma, pode-se inferir que o aminoácido industrial L-
valina pode ser utilizado em dietas para frangos de corte, no entanto, para se obter uma
melhor qualidade de carcaça, os níveis de energéticos das dietas devem ser revistos.
CONCLUSÕES
A utilização de dietas com 50 kcal de EM acima das exigências nutricionais
tabeladas promove maior ganho de peso e melhor conversão alimentar dos frangos.
A L-valina proporcionou redução protéica, menor excreção de nitrogênio e maior
eficiência de utilização da proteína sem causar prejuízo ao desempenho dos animais.
62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, K. A.; DAVIS, A.J. Dietary protein concentration regulates the mRNA
expression of chicken hepatic malic enzyme. Journal of Nutrition, v.131, p.2269–
2274, 2001.
AFTAB, U.; ASHRAF, M.; JIANG, Z. Low protein diets for broilers. World’s Poultry
Science Journal, v. 62, p. 688-701, 2006.
ALETOR, V.A.; HAMID, I.I.; NIEß, E. et al. Low-protein amino acid-supplemented
diets in broiler chickens: effects on performance, carcass characteristics, whole-body
composition and efficiencies of nutrient utilization. Journal of the Science of Food
and Agriculture, v.80, p.547-554, 2000.
ALLEN, N. K.; BAKER, D. H. Quantitative efficacy of dietary isoleucine and valine
for chick growth as influenced by variable quantities of excess dietary leucine. Poultry
Science, v.51, p.1292-1298, 1972.
ANDREOTTI, M.O.; JUNQUEIRA; O.M.; BARBOSA, M.J.B. et al. Tempo de trânsito
intestinal, desempenho, característica de carcaça e composição corporal de frangos de
corte alimentados com rações isoenergéticas formuladas com diferentes níveis de óleo
de soja. Revista Brasileira de Zootecnia, v.33, n.4, p.870-879, 2004.
BAKER, D.H.; FERNANDEZ, S.R.; PARSONS, C.M. et al. Maintenance requirement
for valine and efficiency of its use above maintenance for accretion of whole body
valine and protein in young chicks. Journal Nutrition, v.126, p.1844-1851, 1996.
BARTOV, I.; BORNSTEIN, S.; LIPSTEIN, B. Effect of calorie to protein ratio on the
degree of fatness in broilers fed on practical diets. British Poultry Science, v.15, p.107-
117, 1974.
BERNAL, F.E.M.; BAIÃO, N.C. Efeito dos níveis de energia da ração sobre o
desempenho e o teor de gordura na carcaça de frangos de corte. Arquivo Brasileiro de
Medicina Veterinária, v.48, n., p.595-606, 1996.
BERTECHINI, A.G. Nutrição de Monogástricos. Lavras, UFLA/FAEPE, 1997, 274p.
63
BOKKERS, E.A.M.; KOENE, P. Eating behavior, and preprandial and postprandial
correlations in male broiler and layer chickens. British Poultry Science, v.44, p.538–
544, 2003.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Effect of low-protein diets on
growth performance and body composition of broiler chicks. Poultry Science, v.81,
p.1156–1167, 2002a.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Prediction of whole-body
composition from the whole-body dry matter percentage of three-week-old broiler
chicks. Poultry Science, v.81, p.1168–1171, 2002b.
CASTRO, A.J.; GOMES, P.C.; PUPA, J.M.R. et al. Exigência de triptofano para
frangos de corte de 43 a 49 dias de idade. In: CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA
E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1998, Campinas. Anais ... Campinas: FACTA, 1998,
p.22.
CELLA, P.S.; MURAKAMI, A.E.; FRANCO, J.R.G. Níveis de lisina digestível em
dietas baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte na fase inicial.
Ciência Animal Brasileira, v.10, n.1, p.101-106, 2009.
CHAMPE, C.P.; HARVEY, R.A. Bioquímica Ilustrada. 2a edição. Editora Artes
Médicas, 1996. 446p.
CHENDRIMADA, T.P.; FREEMAN, M.E.; DAVIS, A.J. Dietary nitrogen intake
regulates hepatic malic enzyme messenger ribonucleic acid expression. Poultry Science,
v.86, p.1980–1987, 2007.
CHURCH, D.C.; POND, W.G. Basic animal nutrition and feeding. 3.ed. New York:
John Wiley and Sons, 1988. p.196-199.
CORZO, A.; MORAN JR., E.T.; HOEHLER, D. Valine needs of male broilers from 42
to 56 days of age. Poultry Science, v.83, p.946–951, 2004.
CORZO, A.; DOZIER III, W.A.; KIDD, M.T. Valine nutrient recommendations for
ross × ross 308 broilers. Poultry Science, v.87, p.335-338, 2008.
64
CORZO, A.; KIDD, M.T.; DOZIER III, W.A. et al. Marginality and needs of dietary
valine for broilers fed certain all-vegetable diets1. Journal of Applied Poultry
Research, v.16, p.546–554, 2007.
CUFADAR, Y.; YILDIZ, A.O.; OLGUM, O. The effects of microbial phytase to low-
protein diets supplemented with individual amino acids on performance and carcass
characteristics in broilers. Journal of Animal and Veterinary Advances, v.8, n.8, p.1472-
1477, 2009.
DEAN, D.W., BIDNER, T.D., SOUTHERN, L.L. Glycine supplementation to low
protein, amino acid-supplemented diets supports optimal performance of broiler chicks.
Poultry Science, v. 85, p.288–296, 2006.
HEGER, J. Essential to non-essential amino acid ratios. In: D´Mello, J.P.F. (ed.) Amino
acids in animal nutrition (2nd ed.). (Wallingford, CAB International). 2003, 538p.
HURWITZ, S.D.; SKLAN, H.; TALPAZ, H.; PLAVNIK, I. The effect of dietary level
on the lysine and arginine requerimentes of growg chickes. Poultry Science, v.77,
p.689-696, 1998.
KIDD, M. T.; HACKENHAAR, L. Dietary threonine for broilers: dietary interactions
and feed additive supplement use. CAB Reviews, v.1, n.5, 2005.
KIDD, M.T.; KERR, B.J.; HALPIN, K.M. et al. Lysine levels in starter and grower-
finisher diets affect broiler performance and carcass trats. Journal of Applied Poultry
Research, v.7, p.351-358, 1998.
LAURIN, D.E.; TOUCHBURN, S.P.; CHAVEZ, E.R. et al. Effect of dietary fat
supplementation on the carcass composition for three genetic lines of broilers. Poultry
Science, v.64, p.2131-2135, 1985.
LEESON, S. Nutrição e qualidade de carcaça de frangos de corte. In: CONFERÊNCIA
APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1995, Curitiba. Anais ...
Curitiba: FACTA, 1995, p.111-118.
MACARI, M. Fisilogia avaria aplicada a frangos de corte. Jaboticabal:
FUNEP/UNESP, 1994. 296p.
65
MACLEOD, M.G. Effects of amino acid balance and energy: protein ratio on energy
and nitrogen metabolism in male broiler chickens. British Poultry Science, v.38,
p.405-411, 1997.
MATEOS, G.G.; SELL, J.L. Nature of the extrametabolic effect of supplemental fat
used in semipurifield diets for laying hens. Poutry Science, v.60, p.1925-1931, 1981.
MENDONÇA, M.O.; SAKOMURA, N.K.; F.R. et al. Níveis de energia metabolizável
e relações energia:proteína para aves de corte de crescimento lento criadas em sistema
semiconfinado. Acta Scientiarum Animal Science, v. 29, n.1, p.23-30, 2007.
MORRIS, T.M. Nutrition of chicks and layers. World’s Poultry Science Association,
(S.I.), v.60, p. 5-12, 2004.
NASCIMENTO, A.H. Deposição de proteína na carcaça de frangos de corte. Aveworld,
v.2, p.2-3, 2004.
PEGANOVA, S.; EDER, K. Interactions of various supplies of isoleucine, valine,
leucine and tryptophan on the performance of laying hens. Poultry Science, v.82,
p.100-105, 2003.
PLUMSTEAD, P.W., ROMERO-SANCHEZ, H., PATON, N.D., SPEARS, J.W. and
BRAKE, J. Effects of dietary metabolizable energy and protein on early growth
responses of broilers to dietary lysine. Poultry Science, v.86, p. 2639–2648, 2007.
RAHMAN, M.S.; PRADMANIK, H.A.; BASAK, B. et al. Effect of feeding low protein
diets on the performance of broilers during hot-humid season. International Journal of
Poultry Science, v.1, p.35-39, 2002.
REGINATTO, M.F.; RIBEIRO, A.M.; PENZ JR., A.M. et al. Efeito da energia, relação
energia: proteína e fase de crescimento sobre o desempenho e composição de carcaça de
frangos de corte. Revista Brasileira de Ciência Avícola, v.2, n.3, p.229-237, 2000.
RELANDEAU, C.; Le BELLEGO, L. Amino acid nutrition of the broiler chicken
update on lysine, threonine and other amino acids. Ajinomoto Eurolysine
Information, n. 27, p.1-36., 2004.
RICHARDS, M. P. Genetic regulation of feed intake and energy balance in poultry.
Poultry Science, v.82, p.907–916, 2003.
66
RICHARDS, M.P.; PROSZKOWIEC-WEGLARZ, M. Mechanisms regulating feed
intake, energy expenditure, and body weight in poultry. Poultry Science, v.86, p.1478–
1490, 2007.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA,
R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras para
Aves e Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed.
UFV/DZO, 2005, 186p.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e
biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2002, 235p.
SKLAN, D.; PLAVNIK, I. Interaction between dietary crude protein and essential
amino acid intake on performance in broilers. British Poultry Science, v.43, p.442-449,
2002.
SMITH, E.R.; PESTI, G.M.; BAKALLI, R.I. ET AL. Further studies on the influence
os genotype and dietary protein on the performance of broilers. Poultry Science, v.77,
p.1678-1687, 1998.
SMITH, T.K.; AUSTIC, R. E. The branched-chain amino acid antagonism in chicks.
Journal Nutrition, v.108, p.1180-1191, 1978.
SOUZA, B.B.; BERTECHINI, A.G.; TEIXEIRA, A.S. et al. Efeito do nível energético
e da suplementação com cloretos de potássio e de amônia na dieta sobre as respostas
fisiológicas e o desempenho de frangos de corte no verão. Ciência e Agrotecnologia,
v.29, n.1, p.185-192, 2005.
SUMMERS, J.D.; LEESON, S. Influence of dietary protein and energy level on broiler
performance and carcass composition. Nutrition Reports International, v.29, n.4,
p.757-767, 1984.
THORNTON, S.A.; CORZO, A.; PHARR, G.T. et al. Valine requirements for immune
and growth responses in broilers from 3 to 6 weeks of age. British Poultry Science,
v.47, n.2, p.190-199, 2006.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. SAEG – Sistema de análises
estatísticas e genéticas. Versão 8.0. Viçosa, MG:1999. 59p. (Manual do usuário).
67
CAPÍTULO 3
Proteína Bruta e Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos Não
Essenciais para Frangos de Corte de 8 a 40 Dias de Idade
68
Proteína Bruta e Relação Aminoácidos Essenciais: Aminoácidos Não Essenciais
para Frangos de Corte de 8 a 40 Dias de Idade
RESUMO
Objetivou-se avaliar o efeito dos níveis de proteína bruta (PB) e da relação
aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE:AANE) da dieta sobre o
desempenho de frangos de corte de 8 a 21 e de 22 a 40 dias de idade e carcaça dos
frangos aos 40 dias. Utilizaram-se 480 aves para cada uma das fases, distribuídas em
delineamento inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições com
20 aves. Foi formulada uma dieta controle para cada uma das fases, com 18% e 16,5%
PB, respectivamente, suplementada com lisina, metionina, treonina, arginina, valina,
isoleucina, glicina e triptofano, de forma a atender as exigências em aminoácidos (AA)
digestíveis. Os outros tratamentos foram formados a partir da suplementação de
glutamato para alcançar os níveis de 19, 20 e 21% PB, na fase de 8 a 21 dias e 17,5,
18,5 e 19,5%, na fase de 22 a 40 dias. Amido, óleo e inerte foram utilizados nas rações
de forma a torná-las isoenergéticas. As relações AAE: AANE das dietas foram 55:45,
52:48, 49:51 e 47:53 e 49:51, 46:54, 44:56 e 41:59, para as fases inicial e final,
respectivamente. No período de 8 a 21 dias, houve efeito linear decrescente dos níveis
de PB sobre o consumo de ração (CR) e a conversão alimentar (CA). Verificou-se que a
utilização da dieta com 21% PB promoveu melhor desempenho dos frangos e redução
na deposição de gordura corporal. No entanto, a eficiência de retenção foi otimizada e a
excreção de N reduzida com a dieta contendo 19% PB. Por outro lado, na fase de 22 a
40 dias, foi verificado efeito linear decrescente dos níveis de PB sobre o CR e GP. No
entanto, a dieta com 17,5% PB resultou em maior deposição protéica, melhorando
também a relação deposição proteína: deposição gordura e a eficiência de deposição da
proteína em relação à dieta com 16,5% PB. Desta forma, considerando-se o
desempenho, aliado à menor excreção de N e maior qualidade na composição corporal
dos frangos de corte, recomenda-se a utilização de dietas com 19% PB, com relação
AAE: AANE de 52: 48 e 17,5% PB, com relação AAE: AANE de 49: 51, para as fases
de 8 a 21 e 22 a 40 dias, respectivamente.
69
Palavras-chave: carcaça, glutamato, nitrogênio não específico, proteína ideal,
suplementação
70
Crude Protein and Essential: Non-Essential Amino Acids Ratio for Broiler
Chickens From 8 to 40 Days
ABSTRACT
The aim was to evaluate the effect of crude protein (CP) levels and of diet essential: non
essential amino acids ratio (EAA: NEAA) on broiler chickens performance from 8 to 21
and 22 to 40 days and carcasses of broilers at 40 days of age. Four hundred and eighty
broiler chicks were distributed in a completely randomized design, with four treatments
and six replicates with 20 birds. A control was formulated for each phase with 18% and
16.5% cp, respectively, supplemented with lysine, methionine, threonine, arginine,
valine, isoleucine, glycine and tryptophan, in order to attend digestible amino acids
(AA) requirements. The other treatments were formed from glutamate supplementation
in order to reach the levels of 19, 20 and 21% of cp, at 8 to 21 days and 17.5, 18.5 and
19.5%, at 22 to 40 days. Starch, oil and inert were used in the diets to make them
isoenergetic. EAA:NEAA ratios were 55:45, 52:48, 49:51 and 47:53 and 49:51, 46:54,
44:56 e 41:59, respectively, for the initial and final phases. In the period from 8 to 21
days, there was linear effect of CP levels on feed intake (FI) and feed conversion ratio
(FCR). By Dunnett's test found that the use of L-glutamate as N source in the diet up to
19% did not impair the performance of broilers and improved protein deposition and
efficiency of retention of N. Similarly, in the period from 22 to 40 days, was found
linear effect of CP levels of the FI and weight gain (WG) and the Dunnett’s test were
significantly different only for the FI with 16.5% CP, no significant differences for
other variables in any protein level. However, the diet with 17.5% CP resulted in greater
protein deposition and lower levels of body fat, while improving the protein deposition:
fat deposition ratio and protein deposition efficiency compared with 16.5% CP diet.
Thus, considering the performance, combined with lower N excretion and higher body
composition quality of broilers, we recommend the use of diets with 19% CP, with
EAA: NEAA ratio of 52: 48 and 17.5% CP, with EAA: NEAA ratio of 49: 51, for the
periods from 8 to 21 and 22 to 40 days, respectively.
71
Keywords: carcass, glutamate, ideal protein, non-specific nitrogen, requirement,
supplementation
72
INTRODUÇÃO
Na prática, os nutricionistas buscam uma situação de equilíbrio, em que níveis
mínimos de ingredientes protéicos são otimizados com a suplementação de aminoácidos
essenciais (AAE) comercialmente disponíveis, de forma a assegurar o atendimento dos
níveis exigidos de todos os outros aminoácidos que não podem ser suplementados nas
dietas (Relandeau & Lebellego, 2004).
A suplementação das dietas de frangos de corte com lisina, metionina e
treonina, tem sido prática comum das fábricas de rações para aves, com a finalidade de
reduzir os níveis protéicos das dietas. Além da redução dos custos das rações, a redução
protéica traz como benefícios a redução dos excessos de aminoácidos na dieta, o
aumento da eficiência na utilização do N pelas aves, com conseqüente redução na
excreção e menor poluição ambiental (Aletor et al., 2000).
Entretanto, a redução dos níveis de proteína bruta das dietas de frangos de corte
precisa ser avaliada com cautela, pois pesquisas apontam que reduções acima de 3%
podem causar prejuízo na taxa de crescimento e na eficiência alimentar, mesmo com o
atendimento das exigências conhecidas dos AAE por meio da suplementação com
aminoácidos industriais (Dean et al., 2006).
Dentre as causas prováveis para a redução do desempenho das aves submetidas
a dietas de baixa proteína bruta, Aftab et al. (2006) apontam a alteração da relação
aminoácidos essenciais:aminoácidos não essenciais (AAE: AANE), a insuficiência de N
não específico para a síntese de AANE, a síntese insuficiente de AANE, como a glicina,
para atender as exigências de rápido crescimento e a deficiência de alguns AAE.
Em concordância com a necessidade da redução de proteína bruta da dieta,
vem sendo utilizado pelos nutricionistas o conceito de proteína ideal para a formulação
de rações, definida como o balanço exato de aminoácidos que é capaz de prover sem
excesso ou falta, os requerimentos de todos os aminoácidos necessários para a
manutenção animal e máxima deposição protéica (Suida, 2001).
Cole & Van Lunen (1994) sugeriram que, ao fornecer proteína ideal, seria
necessário fornecer uma mistura perfeitamente balanceada de AAE com nitrogênio
suficiente para a síntese de AANE. No entanto, apesar dos AANE constituírem uma
parte quantitativamente importante do consumo de proteína (Heger, 2003), pouca
73
atenção tem sido dada à determinação de suas exigências e proporção ideal entre AAE:
AANE para aves não foi ainda bem estabelecida pelas pesquisas.
Algumas pesquisas sugerem que o N proveniente de AANE tem um efeito
poupador na utilização de AAE (Heger et al.,1998; Dean et al., 2006), bem como a
ineficiência da interconversão mútua de AANE como fontes de N não específico e que
certas quantidades de AANE devem ser supridos como tal na dieta para se obter a
máxima utilização da proteína (Heger, 2003).
Assim, objetivou-se avaliar os níveis de proteína bruta e a relação aminoácidos
essenciais: aminoácidos não essenciais da dieta para frangos de corte de 8 a 21 e 22 a 40
dias de idade.
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
Foram realizados dois experimentos, o primeiro com aves de 8 a 21 dias e o
segundo com aves de 22 a 40 dias. Os experimentos foram conduzidos no Módulo de
Avicultura do Departamento de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da
Universidade Federal da Paraíba, Campus II, no município de Areia, na região Norte do
Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de longitude sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com
altitude de 618 m acima do nível do mar. Os experimentos tiveram a duração de 32 dias
e foram conduzidos no período de 14 de agosto a 15 de setembro de 2008.
Instalações e equipamentos
No primeiro experimento (8 a 21 dias) os pintos foram alojados em baterias
metálicas tipo “Brasília”, com piso de tela com bandejas coletoras de excretas e
contendo comedouros e bebedouros tipo calha. O aquecimento dos pintos foi realizado
utilizando-se um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela,
que eram ligadas e desligadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura
observada no termômetro (sensor na altura das aves) e o comportamento das aves.
No segundo experimento (22 a 40 dias) os frangos foram alojados em boxes de
1,40 x 1,80 m, com piso de cimento e cobertos com cama de bagaço de cana-de-açúcar,
sendo utilizados comedouros tubulares e bebedouros pendulares.
74
Até o início de cada um dos experimentos, as aves foram criadas num outro
galpão, em piso coberto por bagaço de cana, aquecidos por campânulas a gás e
recebendo ração balanceada para cada fase (Rostagno et al., 2005).
Durante os períodos pré-experimental e experimental as aves receberam água e
ração à vontade e o programa de luz adotado durante foi o contínuo (24 horas de luz =
natural + artificial).
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizados 480 pintos de corte machos, linhagem Cobb, para cada
experimento. As aves foram pesadas individualmente e distribuídas em delineamento
inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e seis repetições com 20 aves, de
forma que o peso inicial médio (182,7 ± 0,5 g e 914,8 ± 0,2 g, respectivamente, no
primeiro e segundo experimentos) ficou homogeneizado entre as parcelas.
Para a fase de 8 a 21 dias, foi formulada uma dieta com 18% PB, suplementada
com lisina, metionina, treonina, arginina, valina, isoleucina, glicina e triptofano, de
forma a atender as exigências em aminoácidos digestíveis, conforme Rostagno et al.
(2005). Após a formulação, verificou-se o fornecimento dos AAE em aminoácidos
totais. Foram considerados como AAE: lisina, metionina+cistina, treonina, arginina,
valina, triptofano, isoleucina, leucina, fenilalanina, histidina e glicina. Somou-se a
quantidade dos AAE totais e foi calculada a relação com o nível de PB da ração,
considerando-se este valor como o total de aminoácidos da dieta (AAT). A quantidade
de AANE foi calculada, então, pela diferença entre AAT e AAE. Os outros tratamentos
foram formados a partir da suplementação de glutamato para alcançar os níveis de 19,
20 e 21% PB. Amido, óleo e inerte foram utilizados nas rações de forma a torná-las
isoenergéticas. As relações AAE: AANE das dietas com 18, 19, 20 e 21% PB foram
55:45, 52:48, 49:51 e 47:53, respectivamente (Tabela 1).
75
Tabela 1 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 8 a 21 dias de idade
T1 T2 T3 T4 Ingredientes PB (%) (Relação AAE:AANE) 18 (55:45) 19 (52:48) 20 (49:51) 21 (47:53) Milho grão 61,216 61,216 61,216 61,216 Soja farelo (44,4% PB) 25,175 25,175 25,175 25,175 Fosfato bicálcico 1,866 1,866 1,866 1,866 Calcário 0,839 0,839 0,839 0,839 Sal comum 0,450 0,450 0,450 0,450 L-lisina HCl 0,497 0,497 0,497 0,497 DL-metionina 0,358 0,358 0,358 0,358 L-treonina 0,215 0,215 0,215 0,215 L-arginina 0,177 0,177 0,177 0,177 L-valina 0,182 0,182 0,182 0,182 L-isoleucina 0,132 0,132 0,132 0,132 Glicina 0,400 0,400 0,400 0,400 L-triptofano 0,001 0,001 0,001 0,001 Cloreto de colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,010 0,010 0,010 0,010 Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 Amido de milho 5,300 3,540 1,810 0,000 Glutamato 0,000 1,790 3,570 5,340 Inerte 6 2,200 2,015 1,845 1,735 Óleo de soja 0,795 0,950 1,070 1,220 Total 100,000 100,000 100,000 100,000 Composição calculada (Composição analisada7) Energia metabolizável (kcal/kg) 3000 3000 3000 3000 Proteína bruta (%) 18,000 19,000 20,000 21,000 Cálcio (%) 0,884 0,884 0,884 0,884 Fósforo disponível (%) 0,442 0,442 0,442 0,442 Cloro (%) 0,328 0,328 0,328 0,328 Potássio (%) 0,647 0,647 0,647 0,647 Lisina (%) 1,228 (1,085) 1,228 (1,182) 1,228 (1,095) 1,228 (1,166) Lisina digestível (%) 1,146 1,146 1,146 1,146 Metionina+ cistina (%) 0,874 (0,606) 0,874 (0,606) 0,874 (0,830) 0,874 (0,606) Metionina+cistina digestível (%) 0,814 0,814 0,814 0,814 Metionina (%) 0,603 (0,543) 0,603 (0,582) 0,603 (0,535) 0,603 (0,561) Metionina digestível (%) 0,580 0,580 0,580 0,580 Treonina (%) 0,821 (0,797) 0,821 (0,817) 0,821 (0,785) 0,821 (0,835) Treonina digestível (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 Arginina (%) 1,270 (1,089) 1,270 (1,124) 1,270 (1,117) 1,270 (1,057) Arginina digestível (%) 1,203 1,203 1,203 1,203 Valina (%) 0,930 (0,845) 0,930 (0,971) 0,930 (0,924) 0,930 (0,926) Valina digestível (%) 0,860 0,860 0,860 0,860 Triptofano (%) 0,202 (nd) 0,202 (nd) 0,202 (nd) 0,202 (nd) Triptofano digestível (%) 0,183 0,183 0,183 0,183 Isoleucina (%) 0,800 (0,745) 0,800 (0,845) 0,800 (0,798) 0,800 (0,815)
76
Isoleucina digestível (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 Leucina (%) 1,402 (1,304) 1,402 (1,522) 1,402 (1,444) 1,402 (1,437) Leucina digestível (%) 1,319 1,319 1,319 1,319 Fenilalanina+tirosina (%) 1,389 1,389 1,389 1,389 Fenilalanina (%) 0,815 (0,745) 0,815 (0,876) 0,815 (0,834) 0,815 (0,893) Fenilalanina digestível (%) 0,757 0,757 0,757 0,757 Histidina (%) 0,418 (0,433) 0,418 (0,480) 0,418 (0,497) 0,418 (0,502) Histidina digestível (%) 0,413 0,413 0,413 0,413 Glicina + serina (%) 1,895 (1,739) 1,895 (1,952) 1,895 (1,852) 1,895 (1,911) Glicina (%) 1,087 (0,987) 1,087 (1,080) 1,087 (1,032) 1,087 (1,067) AAE 9,847 9,847 9,847 9,847 Relação AAE:AANE 55:45 52:48 49:51 47:53 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g; 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g ; 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g; 6 Areia lavada; 7 Valores determinados em duplicata, no Laboratório de Nutrição da Ajinomoto Biolatina, São Paulo, Brasil.
Da mesma forma, para o segundo experimento (22 a 40 dias), formulou-se uma
dieta com 16,5% PB, também suplementada com lisina, metionina, treonina, arginina,
valina, isoleucina, glicina e triptofano, de forma a atender as exigências em aminoácidos
digestíveis. Os outros tratamentos foram formados a partir da suplementação de
glutamato para alcançar os níveis de 17,5; 18,5 e 19,5% PB. Amido, óleo e inerte foram
utilizados nas rações de forma a torná-las isoenergéticas. As relações AAE: AANE das
dietas com 16,5; 17,5, 18,5 e 19,5% de PB foram 49:51, 46:54, 44:56 e 41:59,
respectivamente. Para esta fase foram considerados como AAE: lisina,
metionina+cistina, treonina, arginina, valina, triptofano, isoleucina, leucina, fenilalanina
e histidina e as relações AAE: AANE foram calculadas de forma semelhante à fase
anterior (Tabela 2).
77
Tabela 3 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 22 a 40 dias de idade
T1 T2 T3 T4 Ingredientes PB (%) (Relação AAE:AANE) 16,5 (49:51) 17,5 (46:54) 18,5 (44:56) 19,5 (41:59) Milho grão 67,547 67,547 67,547 67,547 Soja farelo (44,4% PB) 20,889 20,889 20,889 20,889 Fosfato bicálcico 1,629 1,629 1,629 1,629 Calcário 0,788 0,788 0,788 0,788 Sal comum 0,415 0,415 0,415 0,415 L-lisina HCl 0,489 0,489 0,489 0,489 DL-metionina 0,320 0,320 0,320 0,320 L-treonina 0,200 0,200 0,200 0,200 L-arginina 0,224 0,224 0,224 0,224 L-valina 0,187 0,187 0,187 0,187 L-isoleucina 0,152 0,152 0,152 0,152 Glicina 0,247 0,247 0,247 0,247 L-triptofano 0,017 0,017 0,017 0,017 Cloreto de colina 60% 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 Promotor de crescimento 4 0,012 0,012 0,012 0,012 Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 Amido de milho 5,340 3,540 1,782 0,000 Glutamato 0,000 1,778 3,554 5,335 Inerte 6 0,490 0,361 0,203 0,058 Óleo de soja 0,869 1,020 1,160 1,306 Total 100,000 100,000 100,000 100,000 Composição calculada (Composição analisada7) Energia metabolizável (kcal/kg) 3125 3125 3125 3125 Proteína bruta (%) 16,500 17,500 18,500 19,500 Cálcio (%) 0,793 0,793 0,793 0,793 Fósforo disponível (%) 0,442 0,442 0,442 0,442 Cloro (%) 0,395 0,395 0,395 0,395 Potássio (%) 0,587 0,587 0,587 0,587 Lisina (%) 1,115 (1,134) 1,115 (1,198) 1,115 (1,156) 1,115 (1,093) Lisina digestível (%) 1,045 1,045 1,045 1,045 Metionina+ cistina (%) 0,808 (0,782) 0,808 (0,738) 0,808 (0,822) 0,808 (0,795) Metionina+cistina digestível (%) 0,752 0,752 0,752 0,752 Metionina (%) 0,551 (0,495) 0,551 (0,545) 0,551 (0,591) 0,551 (0,495) Metionina digestível (%) 0,53 0,53 0,53 0,53 Treonina (%) 0,750 (0,747) 0,750 (0,801) 0,750 (0,795) 0,750 (0,724) Treonina digestível (%) 0,679 0,679 0,679 0,679 Arginina (%) 1,132 (0,990) 1,132 (0,976) 1,132 (1,087) 1,132 (0,996) Arginina digestível (%) 1,193 1,193 1,193 1,193 Valina (%) 0,870 (0,843) 0,870 (0,918) 0,870 (0,916) 0,870 (0,822) Valina digestível (%) 0,804 0,804 0,804 0,804 Triptofano (%) 0,193 (nd) 0,193 (nd) 0,193 (nd) 0,193 (nd) Triptofano digestível (%) 0,177 0,177 0,177 0,177
78
Isoleucina (%) 0,750 (0,747) 0,750 (0,789) 0,750 (0,824) 0,750 (0,740) Isoleucina digestível (%) 0,7 0,7 0,7 0,7 Leucina (%) 1,310 (1,367) 1,310 (1,447) 1,310 (1,515) 1,310 (1,340) Leucina digestível (%) 1,234 1,234 1,234 1,234 Fenilalanina+tirosina (%) 1,268 (1,304) 1,268 (1,405) 1,268 (1,375) 1,268 (1,140) Fenilalanina (%) 0,740 (0,794) 0,740 (0,848) 0,740 (0,833) 0,740 (0,780) Fenilalanina digestível (%) 0,686 0,686 0,686 0,686 Histidina (%) 0,386 (0,525) 0,386 (0,561) 0,386 (0,600) 0,386 (0,531) Histidina digestível (%) 0,379 0,379 0,379 0,379 Glicina + serina (%) 1,612 (1,738) 1,612 (1,832) 1,612 (1,886) 1,612 (1,730) Glicina (%) 0,876 (0,945) 0,876 (1,087) 0,876 (1,007) 0,876 (0,984) AAE 8,054 8,054 8,054 8,054 Relação AAE:AANE 49:51 46:54 44:56 41:59 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g; 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g ; 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g; 6 Areia lavada; 7 Valores determinados em duplicata, no Laboratório de Nutrição da Ajinomoto Biolatina, São Paulo, Brasil. Variáveis avaliadas
As variáveis avaliadas nos dois experimentos foram: consumo de ração (CR),
ganho de peso (GP), conversão alimentar (CA), composição corporal, deposição de
proteína e de gordura corporal, relação deposição de proteína: deposição de gordura,
eficiência relativa de deposição de proteína e excreção aparente de nitrogênio.
Um grupo adicional de 10 pintos de 8 dias de idade e outro grupo de 5 frangos
de 22 dias de idade foram abatidos para determinação da composição corporal (proteína,
extrato etéreo, cinzas e água) no início de cada experimento. Ao final dos experimentos
(21 e 40 dias de idade) foram selecionadas duas aves por repetição, com peso
representativo da parcela, que foram abatidas por deslocamento cervical, após jejum de
24 horas. As aves foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos
identificados e armazenadas em freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram
picados com o auxílio de uma serra fita e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775
rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a 4 vezes, para que se tornassem bem
homogêneas para os procedimentos laboratoriais.
79
As amostras foram acondicionadas em bandejas descartáveis de alumínio,
pesadas e pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60 ± 5oC, durante o tempo
necessário para a estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas,
acondicionadas em potes plásticos e armazenadas para posteriores análises. As análises
de matéria seca, cinzas, proteína bruta e extrato etéreo das amostras foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descritos por Silva &
Queiroz (2002).
Os valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria
natural e em gramas. Para o cálculo da composição corporal em gramas os valores
percentuais de cada um dos componentes da matéria natural (proteína, extrato etéreo,
cinzas e água) foram multiplicados pelo peso corporal médio da parcela.
As deposições de proteína e de gordura corporal (em gramas) foram calculadas
pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de corte no início e final de
cada experimento (8 a 21 e 22 a 40 dias). Também foi realizado o cálculo da relação da
deposição de proteína pela deposição de gordura. A eficiência de deposição de proteína
foi calculada dividindo-se a deposição de proteína corporal pelo consumo de proteína,
multiplicando-se o valor por 100.
No primeiro experimento também foi avaliado o balanço de nitrogênio
(consumo, retenção e excreção de N) de 18 a 21 dias de idade, pelo método de coleta
total de excretas. Durante estes dias a excreta foi coletada, identificada e pesada às
8h00min e 16h00min. O consumo de ração foi monitorado, pela pesagem da ração
fornecida e das sobras de ração, para o cálculo do consumo de N. Posteriormente, a
excreta foi homogeneizada e uma amostra de cerca de 200 g foi retirada e armazenada
em freezer, em sacos plásticos identificados, até o final do período experimental. Após
os 3 dias de coleta, as amostras de excreta de cada parcela foram reunidas para formar
uma mistura. Dessa mistura, aproximadamente 150g de excreta foram reservados para
análise de PB. Inicialmente, cada amostra foi identificada e colocada em bandejas de
alumínio em estufa ventilada a 60 ± 5 ºC, até atingir peso constante, para a obtenção da
amostra seca ao ar. Após a secagem, cada amostra foi pesada, moída e guardada em
potes plásticos identificados até o momento da análise de matéria seca e N. O consumo
e a excreção média diária de N, por parcela experimental, foram calculados dividindo-se
o consumo e a excreção média diária de PB, expresso na matéria seca a 105 ºC, pelo
80
fator 6,25. A retenção média diária de N foi calculada pela diferença entre o consumo
médio diário de N e a excreção média diária de N.
No segundo experimento foi avaliado também o peso e rendimento da carcaça e
de cortes nobres (peito, coxa e sobrecoxa) e peso absoluto e relativo das vísceras
(coração, fígado e moela) e da gordura abdominal aos 40 dias de idade. Foram
selecionadas três aves, com peso representativo do peso médio da parcela para abate e
coleta dos dados. As aves foram abatidas por deslocamento cervical, sangradas e
evisceradas. Na determinação do rendimento de carcaça foi considerado o peso da
carcaça limpa em relação ao peso vivo após jejum. O rendimento dos cortes nobres
(peito, coxa e sobrecoxa) foram calculados em relação ao peso da carcaça eviscerada
(com pés e cabeça) e o peso relativo vísceras comestíveis (coração, fígado e moela) e da
gordura abdominal foi calculado em relação ao peso vivo em jejum.
Análise Estatística
Os dados foram submetidos à análise de variância e análise de regressão
polinomial utilizando-se o Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG-8.0),
desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (1999). Também foi realizado o teste
de Dunnett, a 5% de probabilidade, em que as dietas com 18 e 16,5% PB foram
consideradas como dieta controle para o primeiro e segundo experimentos,
respectivamente.
O modelo matemático utilizado foi:
Yij = µ + Ai + εij ,
Em que:
Yij = observação no nível de PB (relação AAE:AANE) i, na repetição j;
µ = média geral;
Ai = Efeito do nível de PB (relação AAE:AANE) i, i = 1, 2, 3 ou 4;
εij = erro aleatório associado a cada observação.
81
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de temperatura máxima e temperatura mínima registradas
durante o período experimental foram respectivamente 33,4 e 25,1 ºC.
Para o experimento de 8 a 21 dias houve efeito linear dos níveis de PB e relações
AAE: AANE sobre o CR e CA (Tabela 3), sendo que a cada 1% de aumento na PB
estima-se uma redução de 18,9 g no CR (ŷ = 1510,8 - 18,882x, r2 = 0,92) e melhoria de
0,034 g/g na CA (ŷ = 2,136 - 0,0336x, r2 = 0,94 - Figura 1).
Tabela 3 – Médias de das características de desempenho de acordo com os níveis de PB (relação AAE: AANE) da dieta de frangos de corte no período de 8 a 21 dias de idade
Variáveis PB (%) (AAE: AANE)
Reg CV (%) 18 (55: 45) 19 (52: 48) 20 (49: 51) 21 (47: 53)
Consumo de ração (g/ave) 1164,4 1159,9 1137 1109,1 δ L* 3,24
Peso final (g/ave) 942,0 955,0 968,3 954,2 NS 2,99
Ganho de peso (g/ave) 759,8 771,9 785,4 771,4 NS 3,72
Conversão alimentar (g/g) 1,533 1,504 1,449 1,439 δ L** 4,13
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; L= efeito linear; * = 5% de probabilidade; ** = 1% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
O consumo de diário de PB pelos frangos foi de 15,0; 15,7; 16,2 e 16,6 g/ave,
para as dietas com 18, 19, 20 e 21% PB, respectivamente, evidenciando que não só a
energia da dieta, mas também a necessidade de PB e aminoácidos interferem no
consumo de ração das aves.
82
y = 2,136 - 0,0336x
R2 = 0,94
1,40
1,45
1,50
1,55
1,60
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Conversão alimentar (g/g)
Figura 1 – Efeito dos níveis de PB e relações AAE: AANE sobre a conversão alimentar de frangos de corte de 8 a 21 dias de idade.
Avaliando o consumo diário de AAE, percebe-se que as aves alimentadas com
maior nível de PB e menor relação AAE: AANE consumiram menores quantidades que
aquelas alimentadas com menor PB e maior relação AAE: AANE. Provavelmente isso
ocorreu em função da menor necessidade da utilização de AAE para a síntese de
AANE, uma vez que N não essencial foi fornecido na dieta, via suplementação com
glutamato. Vários pesquisadores relatam que os AANE têm efeito poupador na
utilização de AAE (Allen & Baker, 1972; Heger et al., 1998; Heger, 2003).
Heger et al. (1998) verificaram menor valor de AAE: AANE (48: 52)
correspondente à máxima retenção de N , quando comparado ao valor para utilização de
N (66: 34). Com a relação AAE: AANE de 66: 34, menos que 50% de N essencial foi
utilizado, enquanto a utilização do N não essencial ultrapassou 100%. Isto implica que
parte dos AAE são utilizados para a síntese de AANE nestas condições. Os autores
mencionam também que a melhor retenção de N em baixa relação AAE: AANE sugere
uma resposta adaptativa do organismo ao consumo excessivo de AANE através do
aumento do tamanho e conteúdo de proteína dos órgãos, representando uma reserva
protéica lábil para o organismo.
A melhor CA com os níveis mais altos de PB e menor relação AAE: AANE foi
resultado da redução do CR, uma vez que não houve efeito sobre o GP das aves.
Pelo teste de Dunnett verificou-se que somente a dieta com 21% PB resultou em
menor consumo de ração e melhor conversão alimentar das aves que a dieta controle
83
(18% PB). Como todas as dietas continham a mesma quantidade de AAE, pode-se
inferir que nas dietas com 18, 19 e 20% de PB parte dos AAE foi utilizado para a
síntese de AANE. A suplementação de 3% de PB na forma de glutamato como fonte de
N não específico foi necessário para otimizar o desempenho das aves.
Hussein et al. (2001) verificaram que a adição de 2,8 ou 5,5% de L-glutamato
em dietas com redução protéica não foi capaz de restituir o desempenho dos frangos de
corte, sugerindo que mesmo com a redução da PB de 22,6 para 17,65% o N não
específico não foi fator limitante.
Um experimento foi conduzido por Namroud et al. (2008) para avaliar o efeito da
redução da PB e da suplementação com AANE e AAE sobre o desempenho de frangos
de corte de 10 a 28 dias de idade. Foram constituídas dietas com 23, 21, 19 e 17% PB,
sempre suplementadas com AAE de forma a atender o requerimento mínimo
estabelecido no NRC (1994). Foram também avaliadas duas dietas com 19 e 17% PB
suplementadas com AANE (glicina + glutamato) de forma a alcançar os mesmos níveis
de glicina e glutamato da dieta controle (23% PB) e duas dietas, também com 19 e 17%
PB suplementadas com 10% a mais dos AAE (lisina, arginina, treonina, triptofano). Os
autores verificaram que a redução protéica até 19% não prejudicou o GP e a CA das
aves. A suplementação das dietas de baixa PB com AAE, por outro lado, reduziu o GP e
a CA, enquanto a suplementação com AANE promoveu melhoria no GP e na CA das
aves aos 19 dias de idade.
Foi verificado efeito linear dos níveis de PB sobre o consumo de ração, peso final
e ganho de peso (Tabela 4), sendo que a cada 1% de aumento na PB estima-se uma
redução de 57,3 g no consumo (ŷ = 3961,3 -57,288x, r2 = 0,76), 28,9 g no peso das aves
(ŷ = 3150,4 -28,86x, r2 = 0,96) e 30,0 g no ganho de peso (ŷ = 2256,3 -30,011x, r2 =
0,91 – Figura 2).
Pelo teste Dunnett verificou-se diferença somente para o consumo de ração das
aves que receberam dieta contendo 19,5% PB, que foi menor que o consumo das aves
que receberam a dieta controle, não havendo diferenças significativas para as outras
variáveis em nenhum nível protéico. O consumo diário de PB pelos frangos foi de 26,4;
26,7; 28,6 e 29,2 g/ave, para as dietas com 16,5; 17,5; 18,5 e 19,5% PB,
respectivamente.
84
Tabela 4 – Médias de consumo de ração (CR), peso final (PF), ganho de peso (GP) e conversão alimentar (CA) de acordo com os níveis de PB da dieta de frangos de corte no período de 22 a 40 dias de idade
Variáveis
PB (%) (AAE: AANE)
Reg CV (%) 16,5
(49:51) 17,5 (46:54)
18,5 (44:56)
19,5 (41:59)
Consumo de ração (g/ave) 3044,5 2899,9 2933,8 2842,2 δ L** 3,54
Peso final (g/ave) 2671,3 2644,6 2626,6 2581,1 L* 2,62
Ganho de peso (g/ave) 1753,9 1734,4 1716,4 1659,8 L* 3,87
Conversão alimentar (g/g) 1,736 1,674 1,71 1,713 NS 3,03
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; L= efeito linear; * = 5% de probabilidade; ** = 1% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
y = 2256,3 - 30,011x
R2 = 0,91
1600
1650
1700
1750
1800
16,5 17,5 18,5 19,5
Proteína bruta (%)
Ganho de peso (g/ave)
Figura 2 – Efeito dos níveis de PB e relações AAE: AANE sobre o ganho de peso de frangos de corte de 22 a 40 dias de idade.
Os maiores valores para peso final e ganho de peso dos frangos com menor PB e
maior relação AAE: AANE provavelmente ocorreu por uma menor exigência de AANE
nesta fase, em que a taxa de crescimento é menor que na fase inicial da criação. Desta
forma, a adição de AANE na forma de L-glutamato pode ter promovido um excedente
de N, levando o organismo a desviar energia dos processos produtivos para a excreção.
Outro fator que pode ter prejudicado o desempenho das aves com níveis maiores
de PB e menor relação AAE: AANE é o desbalanço entre os aminoácidos. De acordo
com Dahiya et al. (2005), o desbalanceamento de aminoácidos não essenciais provoca
redução do crescimento, podendo comprometer a deposição de tecido magro e,
conseqüentemente, direcionar calorias para o tecido adiposo.
85
Resultados diferentes foram encontrados por Adkins et al.(1966), que
encontraram efeitos favoráveis no desempenho com a inclusão de AANE nas dietas. Os
resultados com a suplementação de AANE foram superiores aos obtidos com dietas
contendo um excesso de AAE suficiente para a síntese de AANE. Os autores
concluíram que a taxa de síntese de um ou mais AANE não foi suficiente para suportar
o máximo crescimento dos animais. Em contraposição, Lenis et al. (1999) verificaram
que, apesar da ótima retenção e utilização do N terem sido obtidas com a relação 50:50
de N de AAE e N de AANE, o aumento desta relação até 70:30 não resultou em
decréscimo na utilização do N, levando à conclusão de que o N deaminado dos AAE foi
eficientemente utilizado na síntese de AANE.
Trabalhando com diferentes níveis de PB e EM, mantendo a relação EM: PB
constante (132, 143 e 155, para os períodos de 1 a 10, 11 a 26 e 27 a 35 dias,
respectivamente), Kamran et al. (2008) verificaram redução no ganho de peso, aumento
no CR e pior CA, com a redução dos níveis de PB e EM, embora os níveis dos
principais aminoácidos limitantes (lisina, metionina+cistina, treonina e triptofano)
tenham sido adequados. Os autores sugerem a possibilidade da redução protéica ter
limitado o fornecimento de outros aminoácidos, como a arginina, isoleucina e valina,
que passaram, então, a limitar a síntese de proteínas.
Em relação à carcaça, não foi verificado efeito significativo dos níveis de PB
sobre nenhuma das características avaliadas (Tabela 5). No entanto, algumas pesquisas
mostram aumento na deposição de gordura abdominal com a redução dos níveis
protéicos da dieta (Sklan & Plavnik, 2002; Faria Filho, 2003). Aletor et al. (2000)
verificaram que frangos de corte alimentados com dietas com níveis protéicos variando
de 21,0 a 15,3%, quando estas dietas eram suplementadas com aminoácidos não-
essenciais (alanina, ácido aspártico e ácido glutâmico) para alcançar o nível protéico da
dieta controle (22,5%), houve maior deposição de gordura comparado ao controle.
86
Tabela 5 – Média dos pesos e rendimentos de carcaça e de cortes nobres e pesos absolutos e relativos das vísceras comestíveis e gordura abdominal de frangos de corte aos 40 dias, de acordo com os níveis de PB e relação AAE: AANE das dietas
Variáveis PB (%) (AAE: AANE)
Reg CV (%) 16,5
(49: 51) 17,5
(46: 54) 18,5
(44: 56) 19,5
(41: 59)
Carcaça (g) 2069,5 2055,7 2072,5 2014,2 NS 4,02
Rendimento de carcaça (%) 81,4 82,4 81,3 82,0 NS 1,45
Peito (g) 689,4 671,2 682,7 651,7 NS 6,8
Rendimento de peito (%) 33,3 32,6 32,9 32,4 NS 3,86
Coxa (g) 239,4 245,2 237,8 233,9 NS 5,47
Rendimento de coxa (%) 11,8 11,9 11,5 11,6 NS 4,56
Sobrecoxa (g) 299,5 294,5 293,2 288,6 NS 3,8
Rendimento de sobrecoxa (%) 14,5 14,3 14,1 14,3 NS 3,19
Coração (g) 12,5 12,1 12,0 11,6 NS 24,3
Peso relativo do coração (%) 0,49 0,48 0,47 0,47 NS 22,1
Fígado (g) 41,5 42,1 41,9 40,5 NS 8,72
Peso relativo do fígado (%) 1,63 1,69 1,65 1,65 NS 9,1
Moela (g) 43,8 44,5 43,6 44,1 NS 9,75
Peso relativo da moela (%) 1,72 1,78 1,71 1,80 NS 9,1
Gordura abdominal (g) 22,8 20,6 16,2 18,6 NS 24,19 Peso relativo da gordura abdominal (%)
0,90 0,82 0,63 0,76 NS 23,8
NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
Schutte & Pack (1995) encontraram uma diminuição na percentagem da gordura
abdominal e de vísceras comestíveis quando ocorreu um aumento dos níveis de AAE da
dieta. Segundo os autores, a diminuição da gordura abdominal resultante do acréscimo
de aminoácidos na dieta, está associado ao aumento do incremento calórico envolvido
na degradação do excesso de nitrogênio até ácido úrico.
Foi verificado aumento linear no consumo de N com o aumento dos níveis de
PB da dieta (Tabela 6), em que a cada 1% no aumento de PB o consumo de N aumentou
em 0,148 g/ave/dia (Figura 3). O aumento do nível protéico da dieta também resultou
em aumento linear da excreção de N, sendo este aumento estimado da ordem de 0,1
g/ave/dia a cada 1% PB a mais na dieta (Figura 4). Este valor pode parecer muito pouco,
mas considerando-se um lote de 20000 aves e esta excreção de N como média do
período de criação (o que de fato está subestimado, uma vez que aves mais velhas irão
consumir ração em maior proporção, e conseqüentemente, mais N será excretado), em
um período de 42 dias serão excretados 84 kg de N a mais para o ambiente. E, levando-
87
se em consideração a alta densidade de criação de aves em algumas regiões do país, este
aumento na excreção de N pode se tornar um problema ambiental sério.
Tabela 6 – Médias de balanço de nitrogênio de frangos de corte de 18 a 21 dias de idade, de acordo com os níveis de PB e da relação AAE: AANE da dieta
PB (%) (AAE: AANE) 18 (55: 45) 19 (52: 48) 20 (49: 51) 21 (47: 53) Reg CV
N consumido (g/ave/dia) 2,95 3,25 δ 3,31 δ 3,41 δ L** 6,44 N excretado (g/ave/dia) 1,07 1,13 δ 1,21 δ 1,38 δ L** 5,45 N excretado (% do consumido) 36,4 34,7 δ 36,8 40,3 δ Q* 5,58 N retido (g/ave/dia) 1,87 2,12 δ 2,10 δ 2,04 δ NS 8,93 Eficiência de retenção de N (%) 63,6 65,2 δ 63,2 59,6 δ Q* 3,30 δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; Reg = regressão; L= efeito linear; Q = efeito quadrático; * = 5% de probabilidade; ** = 1% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
Pelo teste de Dunnett todos os demais tratamentos apresentaram maior consumo,
excreção e retenção de N em relação ao tratamento controle (18% PB), sendo que para
percentagem do N consumido e eficiência de retenção do N o tratamento com 20% PB
não diferiu estatisticamente do controle.
y = 0,3705 + 0,1467x
R2 = 0,88
2,9
3,0
3,1
3,2
3,3
3,4
3,5
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Consumo de nitrogênio
(g/ave/dia)
Figura 3 – Efeito dos níveis de proteína bruta sobre o consumo de nitrogênio de frangos
de corte de 18 a 21 dias de idade
88
y = - 0,7514+ 0,1x
R2 = 0,95
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Excreção de nitrogênio
xxxxxx (g/ave/dia) xxxx
Figura 4 – Efeito dos níveis de PB sobre a excreção de nitrogênio de frangos de corte de
18 a 21 dias de idade
Si et al. (2004), estudando o efeito de dietas com níveis de PB de 16 a 23%,
suplementadas com aminoácidos industriais para atender 100 ou 110% das exigências
recomendadas pelo NRC para frangos de corte de 1 a 21 dias de idade, verificaram
redução linear da percentagem de N nas excretas (% na matéria seca - MS) à medida
que a PB da dieta foi reduzida, estimando que a cada 1% de redução na PB o N reduziu
0,23% na MS.
Em experimento realizado por Namroud et al. (2008) com frangos de corte de 10
a 28 dias de idade alimentados com dietas contendo 23, 21, 19 e 17% PB,
suplementadas com AANE de forma a atender as exigências mínimas estabelecidas no
NRC (1994) foi verificada a redução linear no teor de N da excreta (% na MS) com a
redução dos níveis de PB da dieta . A suplementação das dietas de baixa PB (19 e 17%)
com 10% a mais de AAE promoveu aumento no teor de N na excreta, enquanto a
mistura de AANE (glicina + glutamato) somente aumentou a excreção de N quando
adicionada à dieta com 19% PB, não tendo efeito significativo sobre a excreção quando
foi suplementada na dieta com 17% PB.
Applegate et al. (2008) avaliaram o efeito da utilização de dois (lisina e
metionina) ou três (lisina, metionina e treonina) aminoácidos industriais na formulação
das dietas, sendo suplementados para atender 100 ou 110% das exigências do NRC
(1994) para perus. Os autores verificaram que a utilização dos três aminoácidos
industriais resultou em dietas com redução média de 2,0; 1,5; 1,4 e 1,0 unidades
percentuais na PB, para os períodos de 4 a 8; 8 a 12; 12 a 16 e 16 a 20 semanas de
89
idade, respectivamente, e 8,4% a menos no consumo de N e 10,8% a menos de N na
cama, sem contudo afetar o desempenho das aves.
Os valores de N excretado como percentagem do N consumido apresentaram
resposta quadrática, sendo a menor percentagem verificada com 19% PB na dieta
(Figura 5).
y = 503,77 - 49,414x + 1,3025x2
R2 = 0,98
3435363738394041
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
N excretado (%)
Figura 5 – Efeito dos níveis de PB sobre a percentagem do nitrogênio consumido que
foi excretado por frangos de corte de 18 a 21 dias de idade
Não houve efeito dos níveis de PB da dieta sobre a retenção de N pelas aves. No
entanto, a eficiência de retenção do N respondeu de forma quadrática ao aumento da
PB, sendo maior na dieta com 19% PB (Figura 6) e relação AAE: AANE de 52:48.
y = - 403,77+ 49,414x -1,3025x2
R2 = 0,98
5960616263646566
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Eficiência de retenção do
xxxxxx nitrogênio (%)
Figura 6 – Efeito dos níveis de PB sobre a eficiência de retenção do nitrogênio por
frangos de corte de 18 a 21 dias de idade
19,0%
19,0%
90
Heger (1990), trabalhando com ratos em crescimento, utilizando uma dieta basal
com perfil ideal de aminoácidos suplementada com N não essencial para atingir a
proporção NAAE: NT de 0,96, verificou resultados inferiores comparados a uma dieta
com relação NAAE: NT de 0,65. Quando os níveis de arginina, lisina ou aminoácidos
sulfurosos totais foram reduzidos, mantendo-se constante a concentração de N total pela
suplementação de AANE houve aumento da retenção de N. O autor reportou que estes
resultados sugerem a ineficiência da conversão da arginina e da lisina em AANE.
De acordo com Schreurs et al. (1994), um certo nível de degradação metabólica
de AAE é inevitável. A maior parte do N liberado pela degradação dos AAE é
convertido em ácido úrico e excretado, sendo que cada molécula de ácido úrico
excretada representa a perda de uma molécula de glicina pelas aves (Waldroup et al.
(2005). Desta forma, Schreurs et al. (1994) apontam a incorporação de AANE nas dietas
das aves como uma forma de melhorar a eficiência de retenção de N, uma vez que estes
AANE seriam utilizados na interconversão para formar glicina, poupando AAE de
serem utilizados para este fim.
As percentagens médias de proteína, gordura e água na matéria natural
encontradas no presente estudo foram 13,0; 10,0 e 73,7%, enquanto os valores 16,2;
11,0 e 70,3%; 16,0; 10,7 e 70,3% e 16,5; 11,6 e 66,1% foram verificados por
Bregendahl et al. (2002a), Bregendahl et al. (2002b) e Cella et al. (2009),
respectivamente. Estes autores não apresentaram os teores de cinzas na composição
corporal.
Não foram verificados efeitos significativos do teor de PB e das relações AAE:
AANE sobre o teor de cinzas, tanto em gramas quanto em percentagem (Tabela 7).
A umidade corporal aumentou linearmente com o aumento dos níveis de PB na
dieta, no entanto este aumento não foi percebido quando este teor de umidade foi
relacionado com o peso médio das aves.
91
Tabela 7 – Médias de composição corporal de frangos de corte aos 21 dias, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta
Variáveis PB (%) (AAE: AANE) 18 (55: 45) 19 (52: 48) 20 (49: 51) 21 (47: 53) Reg CV
Proteína % 13,1 13,0 13,3 12,6 δ NS 1,74 g 125,1 125,9 126,7 118,3 δ Q** 3,00
Gordura % 11,3 11,1 9,1 δ 8,6 δ L** 1,84 g 108,1 107,2 86,6 δ 80,8 δ L** 3,23
Cinzas % 2,7 2,7 2,6 2,6 NS 6,02 g 25,5 26,2 25,0 24,8 NS 3,02
Umidade % 72,5 73,0 74,7 δ 75,3 δ L** 0,81 g 692,0 707,3 713,0 709,0 NS 2,96
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; Reg = regressão; L= efeito linear; Q = efeito quadrático; ** = 1% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
Não houve efeito dos níveis de PB sobre a percentagem de proteína corporal,
enquanto a proteína corporal total em gramas respondeu de forma quadrática ao
aumento dos níveis de PB na dieta, sendo a maior quantidade de proteína corporal
estimada com 19,1% PB (Figura 7). Pelo teste de Dunnett somente o maior nível de PB
estudado apresentou valores inferiores para estas variáveis, em relação à dieta controle
(18% PB).
A gordura corporal, tanto em percentagem quanto em gramas (Figura 8) reduziu
linearmente com o aumento da PB da dieta e conseqüente menor relação AAE: AANE.
Pelo teste de Dunnett a suplementação de até 1% PB na forma de L-glutamato (dieta
com 19% PB) não resultou em aumento nos teores de gordura corporal, em relação à
dieta com 18% PB.
92
y = - 706,97 + 87,468x -2,2927x2
R2 = 0,91
118
120
122
124
126
128
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Proteína corporal (g)
Figura 7 - Efeito dos níveis de PB sobre a proteína corporal em frangos de corte aos 21
dias de idade
y = 295,96 -10,27x
R2 = 0,89
60708090100110120
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Gordura corporal (g)
xxxxxxxxxx
Figura 8 - Efeito dos níveis de PB sobre a gordura corporal em frangos de corte aos 21 dias de idade
Os resultados de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura,
eficiência de deposição da proteína e excreção aparente de N dos frangos de corte de 8 a
21 dias submetidos a dietas com diferentes níveis de PB e relação AAE: AANE estão
apresentados na Tabela 8.
Houve aumento linear do consumo de proteína e da relação deposição de
proteína: deposição de gordura (Figura 9), enquanto a deposição de gordura (em g e g/g
de peso corporal – Figura 10) e a eficiência de deposição da proteína (Figura 11)
diminuíram linearmente com o aumento da PB e redução da relação AAE: AANE.
19,1%
93
Tabela 8 – Médias de consumo, deposição e eficiência de deposição de proteína e deposição de gordura em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta
PB (%) (AAE: AANE) 18 (55: 45) 19 (52: 48) 20 (49: 51) 21 (47: 53) Reg CV
Consumo de proteína (g) 186,7 192,8 δ 195,3 δ 198,4 δ L** 3,26 Deposição de proteína (g) 107,0 107,8 108,6 100,3 δ Q** 3,53
Deposição de proteína (g/g de peso corporal)
0,112 0,111 0,114 δ 0,106 δ NS 0,54
Deposição de gordura (g) 96,2 95,2 74,6 δ 68,8 δ L** 3,70
Deposição de gordura (g/g de peso corporal)
0,101 0,098 δ 0,078 δ 0,073 δ L** 0,46
Deposição de proteína: deposição de gordura
1,112 1,132 δ 1,455 δ 1,457 δ L** 0,10
Eficiência de deposição da proteína (%)
57,4 56,0 55,7 50,6 δ L** 5,53
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; Reg = regressão; L= efeito linear; Q = efeito quadrático; * = 5% de probabilidade; ** = 1% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação Por sua vez, a deposição de proteína apresentou efeito quadrático em função do
aumento dos níveis de PB da dieta (Figura 12), sendo a maior deposição obtida com
19,1% PB. Pela análise de regressão, a deposição de proteína em gramas não
demonstrou efeitos significativos. No entanto, pelo teste de Dunnett, a dieta com 20%
PB resultou em maior quantidade de proteína, enquanto a dieta com 21% resultou em
menor quantidade.
y = - 1,3556 + 0,1356x
R2 = 0,82
1,0
1,1
1,2
1,3
1,4
1,5
1,6
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Deposição de proteína:
deposição de gordura corporal
xxx
Figura 9 - Efeito dos níveis de PB sobre a relação ganho em proteína: ganho em gordura
em frangos de corte de 8 a 21 dias de idade
94
y = 283,8 -10,26x
R2 = 0,89
50
60
70
80
90
100
110
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Deposição de gordura xxx
corporal (g) xxxxxxx
Figura 10 - Efeito dos níveis de PB sobre o ganho em gordura em frangos de corte de 8
a 21 dias de idade
y = 95,097 - 2,0609x
R2 = 0,81
50
52
54
56
58
60
18 19 20 21
Proteína bruta (%)
Eficiência de deposição x de
proteína (%) xxxxxxx
Figura 11 - Efeito dos níveis de PB sobre a eficiência protéica em frangos de corte de 8
a 21 dias de idade
De acordo com Nascimento (2004), a deposição de proteína é pré-estabelecida
pela genética da ave. Independente da ingestão, ocorre limite de deposição diário, que
não pode ser compensado, entretanto, as variações ocorridas no total de deposição pode
ser devido a nutrição. No entanto, a quantidade de gordura depositada em qualquer dia é
diretamente proporcional à quantidade de energia disponível para a síntese (Leeson,
1995).
95
A redução da gordura corporal pode ser explicado por dois fatores: o maior gasto
de energia para a excreção dos excessos de aminoácidos e pela menor produção da
enzima málica.
De acordo com Macleod (1997), o custo metabólico da excreção de um
aminoácido seria de 6 a 18 moles de ATP, enquanto, para depositá-lo na cadeia
protéica, o gasto seria em torno de 4 mol de ATP. A eliminação do aminoácido,
portanto, teria alto custo energético e reduziria a utilização de energia na deposição de
tecidos, em virtude da necessidade de excreção do nitrogênio. Pelos resultados, percebe-
se que a maior deposição de proteína foi obtida com 19,1% PB na dieta. Desta forma,
níveis acima deste valor representaram excesso de aminoácidos, que resultaram em
maior gasto de energia para sua eliminação, restando menos energia para ser
armazenada na forma de ácidos graxos.
Por sua vez, o maior teor de PB da dieta pode ter reduzido a expressão genética
do RNA mensageiro da enzima málica, em relação à dieta com menor teor de PB,
resultando em menor síntese de ácidos graxos. Trabalhos desenvolvidos por Adams &
Davis (2001) e Chendrimada et al. (2007) demonstram que a redução da PB da dieta
aumenta o nível de RNAm para enzima málica nos hepatócitos, enquanto dietas com
alta PB reduzem este nível. A enzima málica é uma proteína citoplasmática que catalisa
a descarboxilação oxidativa do malato à piruvato e CO2, ao mesmo tempo NADPH
(nicotinamida adenina dinucleotídeo-fosfato reduzida). O NADPH gerado pode ser
utilizado para a síntese do palmitato, que é precursor na síntese de outros ácidos graxos
de cadeia longa (Champe & Harvey, 1997). De acordo com Chendrimada et al. (2007),
a atividade da enzima málica hepática está diretamente correlacionada com a taxa de
síntese de ácidos graxos, com a percentagem de gordura corporal e com a percentagem
de gordura abdominal em aves.
Namroud et al. (2008) verificaram que a suplementação com uma mistura de
AANE (glutamato + glicina) em dietas com redução protéica resultou em redução na
deposição de gordura corporal em frangos de corte, quando comparado às aves que
receberam as dietas de baixa PB (19 e 17%) sem suplementação.
Pela análise de regressão, não foi verificado efeito dos níveis de PB e relações
AAE: AANE sobre as características de composição corporal estudadas, exceto para a
96
quantidade de cinzas corporal (g), que respondeu de forma quadrática ao aumento do
teor de proteína da dieta (Tabela 9).
Tabela 9 – Médias de composição corporal de frangos de corte aos 40 dias, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta
Variáveis PB (%) (AAE: AANE)
Reg CV 16,5 (49: 51) 17,5 (46: 54) 18,5 (44: 56) 19,5 (41: 59)
Proteína % 12,9 14,8 δ 12,7 12,2 δ NS 10,68 g 333,7 366,6 δ 334,9 325,9 NS 2,54
Gordura % 9,1 10,0 δ 8,8 8,1 δ NS 8,97 g 236,1 263,4 δ 231,6 215,5 δ NS 2,47
Cinzas % 2,9 2,3 δ 2,2 δ 2,4 δ Q* 7,40 g 75,4 60,6 δ 57,9 δ 63,2 δ NS 2,53
Umidade % 75,2 71,9 76,2 74,7 NS 2,81 g 1941,9 1888,9 2014,7 δ 1996,4 NS 2,53
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; Reg = regressão; Q = efeito quadrático; * = 5% de probabilidade; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
Em alguns estudos (Laurin et al., 1985; Andreotti et al., 2004) a redução no teor
de cinzas corporal dos frangos foi atribuída aos maiores teores de óleo de soja na dieta,
em razão da formação de sabões de cálcio no lúmen intestinal, com conseqüente
redução na absorção e/ou deposição de minerais, independentemente da idade das aves.
No presente estudo os teores de óleo de soja aumentaram com o aumento da PB da
dieta, em função da substituição do amido pelo glutamato e necessidade de
suplementação de óleo para tornar as dietas isoenergéticas. Esperava-se, portanto, uma
redução no teor de cinzas com o aumento dos níveis de PB. No entanto, o teor de cinzas
reduziu somente até o nível de 18,4% de PB na dieta (y = 69,88 - 7,36x + 0,2x2, r2 =
0,99), a partir do qual voltou a aumentar. Este fato pode ser explicado pela redução
numérica nos teores de gordura e proteína corporal que também foram verificadas com
as dietas contendo 18,5 e 19,5% de PB. Como em uma mesma amostra o conteúdo total
da matéria seca é distribuído entre proteína, gordura e cinzas, proporcionalmente, a
redução nos teores dos dois primeiros resulta em um aumento no teor de cinzas.
Pelo teste de Dunnett a dieta com 17,5% de PB apresentou valores de proteína
superiores aos verificados com a dieta controle (16,5% PB), enquanto os valores de
gordura foram superiores com a dieta de 17,5% PB e inferiores com a dieta contendo
97
19,5% PB e o teor de cinzas foi maior, tanto em percentagem quanto em gramas, em
aves alimentadas com dietas com PB maior do que 16,5% (Tabela ).
A melhoria no teor de proteína corporal com a suplementação de 1% de PB na
forma de glutamato na dieta com 17,5% de PB pode ser explicada pela utilização do N
do glutamato para a síntese de AANE, enquanto que na dieta com 16,5% de PB parte
dos AAE da dieta tiveram que ser desviados para este processo, provocando menor
síntese protéica. Por outro lado, nas dietas com 18,5% e 19,5% de PB a deposição
protéica foi menor em função da suplementação com glutamato ter excedido a
capacidade de síntese de proteínas e este excesso ter sido excretado por um processo
com gasto de energia. Este fato também explica o menor teor de gordura corporal das
aves alimentadas com estas dietas, uma vez que a energia necessária para a excreção de
um aminoácido é maior do que a energia para sua deposição na cadeia protéica
(Macleod, 1997) e, desta forma, houve menos energia a ser depositada como ácidos
graxos.
Através da análise de regressão não foram verificadas respostas significativas do
aumento dos níveis de PB sobre o consumo, deposição e eficiência de deposição de
proteína e deposição de gordura em frangos de corte de 22 a 40 dias de idade (Tabela
10).
Tabela 10 – Médias de consumo, deposição e eficiência de deposição de proteína e deposição de gordura em frangos de corte de 22 a 40 dias de idade, de acordo com os níveis de proteína bruta (PB) e da relação aminoácidos essenciais: aminoácidos não essenciais (AAE: AANE) da dieta
Variáveis
PB (%) (AAE: AANE) 16,5
(49: 51) 17,5
(46: 54) 18,5
(44: 56) 19,5
(41: 59) Reg CV
Consumo de proteína (g) 448,1 446,8 474,5 δ 478,4 NS 3,46 Deposição de proteína (g) 214,5 270,3 δ 216,6 206,1 NS 3,90
Deposição de proteína (g/g de peso corporal)
0,083 0,103 δ 0,082 0,077 δ NS 1,45
Deposição de gordura (g) 144,5 172,6 δ 140,8 123,6 δ NS 4,22
Deposição de gordura (g/g de peso corporal)
0,056 0,066 δ 0,053 δ 0,046 δ NS 1,89
Deposição de proteína: deposição de gordura
1,484 1,566 δ 1,536 δ 1,667 δ NS 0,70
Eficiência de deposição da proteína (%)
48,0 60,5 δ 45,6 43,1 NS 5,98
δ Médias seguidas por este símbolo diferem estatisticamente do controle, pelo teste Dunnett, a 5% de probabilidade; Reg = regressão; NS = não significativo; CV = coeficiente de variação
98
No entanto, pelo teste de Dunnett, foi observado maior consumo de proteína com
os dois maiores níveis de PB na dieta (18,5 e 19,5%). A semelhança no consumo de
proteína entre as dietas com 16,5% e 17,5% PB pode ser explicado pelo aumento no
consumo de ração das aves alimentadas com dieta contendo 16,5% PB, provavelmente
em função da deficiência de N não essencial para os processos metabólicos, uma vez
que os AAE foram fornecidos em quantidades iguais em todas as dietas.
Este aumento no consumo de ração provavelmente foi o suficiente para que os
frangos conseguissem obter um aporte de AANE para seu metabolismo, no entanto,
junto com AANE, os frangos acabaram consumindo um excesso de AAE, que precisou
ser excretado. Da mesma forma, nas dietas com 18,5 e 19,5% PB, a suplementação com
L-glutamato levou ao excesso de aminoácidos, uma vez que houve redução na
deposição e eficiência de utilização da proteína.
A excreção dos excessos de aminoácidos representa um processo energético
dispendioso para o organismo das aves (MacLeod, 1997). Desta forma, as dietas com
16,5; 18,5 e 19,5% PB apresentaram menor teor de gordura que a dieta com 17,5% PB,
uma vez que parte da energia foi utilizada no processo de excreção de aminoácidos.
Embora a dieta com 17,5% PB tenha apresentado maior teor de gordura em
relação à dieta controle, como a deposição de proteína corporal também foi maior, a
relação deposição de proteína: deposição de gordura acabou se tornando melhor que a
obtida com a dieta controle, embora esta apresentasse menor deposição de gordura.
Trabalhando com dietas com redução protéica (de 22,5 para 15,3%)
suplementadas com aminoácidos industriais para frangos de 22 a 42 dias, Aletor et al.
(2000) não encontraram efeito da redução da PB sobre a retenção de proteína corporal.
No entanto, à medida que a PB da dieta reduziu, a retenção de gordura corporal
aumentou significativamente.
A dieta com 17,5% PB resultou também em maior eficiência de deposição da
proteína pelas aves, quando comparada à dieta controle. Aletor et al. (2000) verificaram
correlação altamente significativa entre o aumento do consumo de proteína e redução da
eficiência de retenção de proteína.
Pesti (2009) afirma que para obter a otimização do ganho de peso e CA não basta
suplementar as dietas de baixa proteína com aminoácidos essenciais, e sim garantir
também o balanço entre aminoácidos essenciais e a PB ou o somatório de aminoácidos
99
essenciais e aminoácidos não essenciais. No presente estudo a melhor qualidade de
composição corporal foi obtida quando a dieta apresentou 17,5% PB, com todos os
aminoácidos essenciais estando presentes de acordo com as exigências de Rostagno et
al. (2005) para esta fase e com relação AAE: AANE de 46: 54.
CONCLUSÕES
Recomendam-se dietas para frangos de corte com 19 e 17,5% de PB e relação
AAE:AANE de 52:48 e 49:51 para as fases de 8 a 21 e 22 a 40 dias, respectivamente.
100
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, K. A.; DAVIS, A.J. Dietary protein concentration regulates the mRNA
expression of chicken hepatic malic enzyme. Journal of Nutrition, v.131, p.2269–
2274, 2001.
ADKINS, J.S.; WERTZ, J.M.; HOVE, E.L. Influence of nonessential L-amino acids on
growth of rats fed high levels of essential amino acids. Proceedings of the Society for
Experimental Biology and Medicine, v.122, p.519–523, 1966.
AFTAB, U.; ASHRAF, M.; JIANG, Z. Low protein diets for broilers. World’s Poultry
Science Journal, v. 62, p. 688-701, 2006.
ALETOR V.A.; HAMID II; N.E.; PFEFFER, E. Low-protein amino acid-supplemented
diets in broiler chickens: effects on performance, carcass characteristics, whole body
composition and efficiencies of nutrient utilization. Journal of the Science of Food
and Agriculture, v.80, p.547-554, 2000.
ALLEN, N.K.; BAKER, D.H. Quantitative efficacy of dietary isoleucine and valine for
chick growth as influenced by variable quantities of excess dietary leucine. Poultry
Science, v.51, p.1292-1298, 1972.
APPLEGATE, T.; POWERS, W.; ANGEL, R. et al. Effect of amino acid formulation
and amino acid supplementation on performance and nitrogen excretion in turkey toms.
Poultry Science, v.87, p.514–520, 2008.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Effect of low-protein diets on
growth performance and body composition of broiler chicks. Poultry Science, v.81,
p.1156–1167, 2002a.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Prediction of whole-body
composition from the whole-body dry matter percentage of three-week-old broiler
chicks. Poultry Science, v.81, p.1168–1171, 2002b.
CELLA, P.S.; MURAKAMI, A.E.; FRANCO, J.R.G. Níveis de lisina digestível em
dietas baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte na fase inicial.
Ciência Animal Brasileira, v.10, n.1, p.101-106, 2009.
101
CHAMPE, C.P.; HARVEY, R.A. Bioquímica Ilustrada. 2a edição. Editora Artes
Médicas, 1996. 446p.
CHENDRIMADA, T.P.; FREEMAN, M.E.; DAVIS, A.J. Dietary nitrogen intake
regulates hepatic malic enzyme messenger ribonucleic acid expression. Poultry
Science, v.86, p.1980–1987, 2007.
COLE, D. J.; VAN LUNEN, T.A. ideal amino acid patterns. In: D’MELLO, J. P. F.
Amino acids in farm animal nutrition. Wallingford: CAB International, 1994. p.99-
112.
DAHIYA, J.P., HOEHLER, D., WILKIE, D.C. et al. Glycine concentration affects
intestinal clostridium perfringens and lactobacilli populations in broiler chickens.
Poultry Science, v.84, p.1875–1885, 2005.
DEAN, D.W.; BIDNER, T.D.; SOUTHERN, L.L. glycine supplementation to low
protein, amino acid-supplemented diets supports optimal performance of broiler chicks.
Poultry Science, v.85, p.288–296, 2006.
FARIA FILHO, D.E. Efeito de dietas com baixo teor protéico, formuladas usando o
conceito de proteína ideal, para frangos de corte criados em temperaturas fria,
termoneutra e quente. Jaboticabal: UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA,
2003. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) - UNIVERSIDADE ESTADUAL
PAULISTA, 2003.
HEGER, J. Essential to non-essential amino acid ratios. In: D´MELLO, J.P.F. Amino
acids in animal nutrition. 2nd edition. Wallingford: CAB International, 2003.
HEGER, J. Non-essential nitrogen and protein utilization in the growing rat. British
Journal of Nutrition, v.64, p.653–661, 1990.
HEGER, J.; MENGESHA, S.; VODEHNAL, D. Effect of essential: total nitrogen ratio
on protein utilization in the growing pigs. British Journal of Nutrition, v.80, p.537-
544, 1998.
HUSSEIN, A.S.; CANTOR, A.H.; PESCATORE, A.J. et al. Effect of low protein diets
with amino acid supplementation on broiler growth. Journal of Applied Poultry
Research, v.10, p.354–362, 2001.
102
KAMRAN, Z.; SARWAR, M.; NISA, M. et al. Effect of low-protein diets having
constant energy-to-protein ratio on performance and carcass characteristics of broiler
chickens from one to thirty-five days of age. Poultry Science, v.87, p.468–474, 2008.
LEESON, S. Nutrição e qualidade de carcaça de frangos de corte. In: ANAIS DA
CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1995,
CURITIBA. Anais... Curitiba: FACTA, 1995, p.111-118.
LENIS, N.P.; VAN DIEPEN, H.T.M.; BIKKER, P. et al. Effect of the ratio between
essential and nonessential amino acids in the diet on utilization of nitrogen and amino
acids by growing pigs. Journal of Animal Science, v.77, p.1777–1787, 1999.
MACLEOD, M.G. Effects of amino acid balance and energy: protein ratio on energy
and nitrogen metabolism in male broiler chickens. British Poultry Science, v.38,
p.405-411, 1997.
NAMROUD, N.F.; SHIVAZAD, M.; ZAGHARI, M. Effects of fortifying low crude
protein diet with crystalline amino acids on performance, blood ammonia level, and
excreta characteristics of broiler chicks. Poultry Science, v.87, p.2250–2258, 2008.
NASCIMENTO, A.H. Deposição de proteína na carcaça de frangos de corte. Aveworld,
v.2, p.2-3, 2004.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of poultry (8th
Ed.), NATIONAL ACADEMY PRESS, Washington, DC, USA, 1994.
PESTI, G.M. Impact of dietary amino acid and crude protein levels in broiler feeds on
biological performance. Journal of Applied Poultry Research, v.18, p.477–486, 2009.
RELANDEAU, C.; Le BELLEGO, L. Amino acid nutrition of the broiler chicken
update on lysine, threonine and other amino acids. Ajinomoto Eurolysine
Information, n. 27, p.1-36. 2004.
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA,
R.F.; LOPES, D.C.; FERREIRA, A.S.; BARRETO, S.L.T. Tabelas Brasileiras para
Aves e Suínos: Composição de Alimentos e Exigências Nutricionais. 2ª ed.
UFV/DZO, 2005, 186p.
103
SCHREURS, V.V.A.M.; TEN DOESCHATE, R.A.H.M.; BOEKHOLT, H.A. et al.
Physiological determinants to optimize metabolic utilization of dietary amino acids for
animal protein production. Netherlands Journal of Agricultural Science, v.42, n.1,
p.47-50, 1994.
SCHUTTE, J.B; PACK, M. Sulfur amino acid requirement of broiler chicken from
fourteen to thirty-eight days of age. 1. Performance and carcass yield. Poultry Science,
v.74, n.3, p.480-87, 1995.
SI, J.; FRITTS, C.A.; WALDROUP, P.W. et al. Effects of excess methionine from
meeting needs for total sulfur amino acids on utilization of diets low in crude protein by
broiler chicks. Journal of Applied Poultry Research, v.13, p.579–587, 2004.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e
biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2002, 235p.
SKLAN, D.; PLAVNIK, I. Interaction between dietary crude protein and essential
amino acid intake on performance in broilers. British Poultry Science, v.43, p.442-449,
2002.
SUIDA, D. Formulação por proteína ideal e conseqüências técnicas, econômicas e
ambientais. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ANIMAL:
PROTEÍNA IDEAL, ENERGIA LIQUIDA E MODELAGEM, 2001, Santa Maria.
Anais... Santa Maria: EMBRAPA, 2001. p.27-43.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV. Manual de utilização do
programa SAEG – Sistema de Análise Estatística e Genética. Viçosa, MG:
Universidade Federal de Viçosa, 1999, 59p.
WALDROUP, P.W.; JIANG, Q.; FRITTS, C.A. Effects of glycine and threonine
supplementation on performance of broiler chicks fed diets low in crude protein.
International Journal of Poultry Science, v.4, n.5, p.250-257, 2005.
104
CAPÍTULO 4
Utilização de Valina, Isoleucina e Glicina em Dietas para Frangos de
Corte
105
Utilização de Valina, Isoleucina e Glicina em Dietas para Frangos de Corte
RESUMO
Objetivou-se avaliar a utilização de L- valina, L-isoleucina e glicina na
formulação de dietas para frangos de corte. Foram utilizados 600 pintos de corte
machos, Cobb, distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, com cinco
tratamentos, seis repetições, de 20 aves por parcela. O tratamento 1 consistiu de uma
dieta controle, à base de milho e farelo de soja, suplementada com DL-metionina, L-
lisina.HCl e L-treonina, de forma a atender os requerimentos em aminoácidos
digestíveis. No tratamento 2 também foi utilizada a L-valina (Val), e a PB foi reduzida
até atender a exigência de isoleucina, no entanto, esta dieta ficou deficiente em
glicina+serina. O tratamento 3 foi semelhante ao T2, porém adicionou-se a glicina
(Val+Gly). No tratamento 4, além dos aminoácidos já utilizados nos tratamentos 2 e 3,
também foi utilizada a L-isoleucina (Val+Ile) e a PB foi reduzida até atender a
exigência de arginina. Da mesma forma que no T2, a exigência de glicina+serina não
foi atendida, então, constituiu-se o tratamento 5, com a adição de Gly (Val+Ile+Gly). As
variáveis de desempenho, no período total de criação (1 a 42 dias), e de carcaça não
foram influenciadas pelos tratamentos. A maior redução da PB nas dietas suplementadas
com Val+Ile resultou em menores valores de retenção e eficiência de retenção de N e
maior excreção de N. O melhor resultado para deposição de proteína foi obtido com a
dieta contendo somente L-valina. A maior deposição de gordura foi observada nas aves
que receberam dieta Val+Ile, seguido pelas aves alimentadas com Val na formulação. A
suplementação de glicina promoveu redução na gordura depositada, em ambas as dietas
(Val+Ile+Gly e Val+Gly). Portanto, conclui-se que a utilização dos aminoácidos
industriais L-valina e L-isoleucina na formulação das dietas promove a redução da
proteína bruta sem causar redução no desempenho dos frangos de corte. A
suplementação com glicina nas dietas, nos níveis de redução protéica estudados, não
promove melhoria no desempenho das aves.
Palavras-chave: aminoácidos industriais, aminoácidos limitantes, perfil aminoacídico,
proteína ideal
106
Use of Valine, Isoleucine and Glycine in Diets for Broilers
ABSTRACT
The aim was to evaluate the use of L-valine, L-isoleucine and L-glycine in the
diet formulations for broilers. Six hundred male broiler chicks Cobb was distributed in a
completely randomized design with five treatments, six replicates of 20 birds each.
Treatment 1 consisted of a control diet based on corn and soybean meal, supplemented
with DL-methionine, L-lysine.HCl and L-threonine, in order to meet the requirements
of digestible amino acids. In treatment 2 was also used L-valine (Val), and CP was
reduced to meet the requirement of isoleucine, however, this diet was deficient in
glycine + serine. Treatment 3 was similar to T2, but added to L-glycine (Val+Gly). In
the treatment 4, and amino acids already used in treatments 2 and 3, was also used L-
isoleucine (Val+Ile) and CP was reduced to meet the requirement of arginine. Just as in
T2, the requirement of glycine + serine was not met, then, consisted of treatment 5, with
the addition of Gly (Val+Ile+Gly). The treatments had no effect on the performance
variables, in the total period (1-42 days), and carcass variables. The largest reduction of
CP in diets supplemented with Val+Ile resulted in lower N retention and efficiency of N
retention and increased N excretion. The best result for protein deposition was obtained
with the diet containing only L-valine. The higher fat deposition was observed in
broilers fed diet Val+Ile, followed by birds fed with Val in the formulation. The
addition of glycine caused a reduction in fat deposited in both diets (Val+Ile+Gly and
Val+Gly). Therefore, we conclude that the use of industrial amino acids L-valine and L-
isoleucine in the formulation of diets promote the reduction of crude protein without
causing reduction in performance of broilers. Supplementation with glycine in the diet,
in the protein reduction levels studied, does not promote improved performance of
birds.
Keywords: amino acids profile, ideal protein, industrial amino acids, limiting amino
acids
107
INTRODUÇÃO
Durante muitos anos, as rações para aves foram formuladas para satisfazer as
necessidades de proteína bruta dos animais. Com o crescente desenvolvimento da
indústria de aminoácidos sintéticos, os nutricionistas puderam passar a formular as
rações com o objetivo de satisfazer as necessidades específicas de aminoácidos
essenciais (Araújo et al., 2004).
Muitas pesquisas demonstram a possibilidade da redução dos níveis de PB com
a adição de aminoácidos industriais (Costa et al., 2001; Aftab et al., 2006). Porém, a
progressiva redução da PB da dieta pode levar a uma situação em que outros
aminoácidos, como a treonina e principalmente os aminoácidos de cadeia ramificada
valina e isoleucina, que são geralmente supridos por dietas com alta PB, tornem-se
limitantes ao melhor desempenho (Peganova & Eder, 2003). Desta forma, para se
alcançar o aumento do desempenho das aves submetidas a dietas com maiores reduções
protéicas, deve-se observar os níveis mínimos de outros aminoácidos limitantes, como
isoleucina, valina, arginina e triptofano.
Kidd et al. (2000) afirma que a isoleucina apresenta-se como o quarto
aminoácido limitante, enquanto a valina é defendida por Thornton et al. (2006) como
próximo aminoácido limitante após a treonina em dietas para frangos de corte isentas de
ingredientes de origem animal.
A valina e a isoleucina são similares em sua estrutura, sendo comumente
chamados de aminoácidos de cadeia ramificada e podem se tornar limitantes para o
desempenho de frangos de corte de maneira semelhante (Thornton et al., 2006).
A glicina é considerada como aminoácido semi-essencial para pintos, pois
apesar das aves serem capazes de sintetizá-lo, esta síntese não atende as exigências para
o rápido crescimento, devendo a glicina ser fornecida via dieta. A glicina da dieta é
utilizada não só para a síntese protéica, mas também para a formação de DNA, RNA,
creatina e ácido úrico. Segundo Sonne et al., 1946, citados por Waldroup et al. (2005),
este aumento da exigência de glicina em aves jovens ocorre em função da maior
excreção de nitrogênio, uma vez que cada molécula de ácido úrico excretada representa
a perda de uma molécula de glicina pelas aves.
108
A glicina pode se tornar um fator limitante, quando dietas de baixa proteína
bruta para aves são formuladas com níveis marginais de treonina e serina. Corzo et al.
(2004) trabalhando com níveis crescentes de 0,62 a 1,22% de glicina em rações para
frangos de corte de 7 a 20 dias, determinaram uma exigência de 0,98 e 1,02% de glicina
(1,76 e 1,80% de glicina + serina), para máximo GP e melhor CA, respectivamente. Os
autores enfatizam que a glicina deve ser considerada limitante em dietas para animais
jovens, principalmente quando estas dietas são formuladas com ingredientes
exclusivamente de origem vegetal.
Han et al., 1992, citados por Sohail et al. (2003) reportam o nitrogênio amino
(necessário para a síntese de aminoácidos não essenciais) como fator limitante em dietas
de baixa proteína, apontando a suplementação com aminoácidos não essenciais (glicina
e ácido glutâmico) como alternativa para a melhoria do desempenho.
Um estudo foi desenvolvido por Sohail et al. (2003) para se verificar os efeitos
da adição de três níveis de glicina (0,00, 0,05 e 0,10%) sobre o desempenho de frangos
de corte submetidos a três dietas: dieta controle (atendendo ao requerimento de todos os
aminoácidos), dieta com deficiência de aminoácidos (com redução de 15% dos
aminoácidos) e dieta com correção de lisina e metionina (redução de 15% dos
aminoácidos, exceto lisina e metionina). Os autores concluíram que a adição de glicina
sintética (0,05 ou 0,10%) nas dietas com ou sem redução dos aminoácidos não teve
efeito significativo sobre o desempenho das aves, porém, quando houve a correção dos
níveis de lisina e metionina ocorreu um aumento parcial do desempenho.
Waldroup et al. (2005) verificaram a influência da suplementação de glicina em
dietas de frangos de corte com diferentes níveis de proteína bruta sobre o desempenho
das aves. Os autores encontraram que a adição de 0,2 ou 0,4% de glicina nas dietas com
menores teores de proteína (16 e 18%de PB e 0,62 e 0,78% de glicina, respectivamente)
melhorou o desempenho das aves, enquanto em dietas com maiores teores de proteína
(20, 22 e 24%) não houve resposta da adição de glicina. Os autores sugerem que as
exigências em glicina para frangos de corte do NRC (1994) são inadequadas para dietas
com baixos níveis de proteína bruta.
O preço da suplementação das dietas com valina, isoleucina e glicina ainda não é
uma realidade nas empresas avícolas, em razão destes não serem produzidos na forma
“feed grade” (apropriada para a alimentação animal) e o seu custo ser muito elevado.
109
No entanto, as indústrias de nutrição têm mostrado grande interesse nas pesquisas sobre
utilização destes produtos na otimização do desempenho das aves. Comprovados os
ganhos no desempenho, com certeza haverá maior interesse na utilização destes
aminoácidos industriais, alavancando a produção em maior escala e maior
comercialização, com conseqüente redução nos custos.
Desta forma, objetivou-se avaliar o efeito da suplementação dos aminoácidos
industriais valina, isoleucina e glicina, em dietas com redução protéica, sobre o
desempenho, qualidade da carcaça, balanço de nitrogênio e composição corporal de
frangos de corte de 1 a 42 dias de idade.
110
MATERIAL E MÉTODOS
Local e duração do experimento
O experimento foi conduzido no Módulo de Avicultura do Departamento de
Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal da Paraíba, Campus
II, no município de Areia, na região Norte do Estado da Paraíba, a 6º57’48’’ de
longitude sul e 35º41’30’’ de longitude oeste, com altitude de 618m acima do nível do
mar.
O período experimental foi compreendido entre os dias 17 de outubro e o dia 27
de novembro de 2008, totalizando 42 dias de duração e foi dividido em 4 fases: pré-
inicial (1 a 7), inicial (8 a 21), crescimento (22 a 33) e final (36 a 42 dias).
Instalações e equipamentos
Nas duas primeiras fases, os pintos foram alojados em baterias metálicas tipo
“Brasília”, com piso de tela com bandejas coletoras de excretas embaixo e contendo
comedouros e bebedouros tipo calha. O aquecimento dos pintos foi realizado através de
um sistema elétrico, com lâmpadas incandescentes de 60 W por parcela, que eram
ligadas e desligadas conforme a necessidade, tendo como base a temperatura observada
no termômetro (sensor na altura das aves) e o comportamento das aves.
Nas duas últimas fases os frangos foram alojados em boxes de 1,40 x 1,80 m,
com piso de cimento e cobertos com cama de bagaço de cana-de-açúcar, sendo
utilizados comedouros tubulares e bebedouros pendulares.
Durante o período experimental as aves receberam água e ração à vontade e o
programa de luz adotado foi o contínuo (24 horas de luz = natural + artificial).
Animais, delineamento e dietas experimentais
Foram utilizados 600 pintos de corte machos, da linhagem Cobb, distribuídos em
delineamento experimental inteiramente casualizado, com cinco tratamentos, seis
repetições, de 20 aves por unidade experimental.
O tratamento 1 (Controle) consistiu de uma dieta formulada à base de milho e
farelo de soja, suplementada com os aminoácidos DL-metionina, L-lisina.HCl e L-
treonina, de forma a atender as exigências das aves para cada uma das fases, conforme
111
Rostagno et al. (2005), sendo os requerimentos de aminoácidos digestíveis atendidos
pelo mínimo ou fornecendo ligeiro excedente. No tratamento 2 (Val), além dos
aminoácidos DL-metionina, L-lisina.HCl e L-treonina, também foi utilizada a L-valina,
e a PB foi reduzida até atender o próximo aminoácido limitante, a isoleucina, porém, a
exigência de glicina+serina não foi atendida, ficando esta dieta deficiente nestes
aminoácidos. O tratamento 3 (Val+Gly) foi semelhante ao 2, porém adicionou-se a
glicina de forma a atender as exigências de glicina+serina. No tratamento 4 (Val+Gly),
além dos aminoácidos já utilizados nos tratamentos 2, também foi utilizada a L-
isoleucina, e a PB foi reduzida até atender a exigência de arginina. Da mesma forma que
no T2, a exigência de glicina+serina não foi atendida, então, constituiu-se o tratamento
5 (Val+Ile+Gly), com a adição de glicina.
As dietas experimentais estão apresentadas nas Tabelas 1, 2, 3 e 4. Os valores
calculados e analisados dos aminoácidos das dietas estão apresentados na Tabela 5.
Variáveis avaliadas
Foram avaliados o consumo de ração (CR), o ganho de peso (GP) e a conversão
alimentar (CA) para cada uma das fases.
Para a avaliação das características de carcaça, aos 42 dias foram selecionadas
três aves, com peso representativo do peso médio da parcela para abate e coleta dos
dados. As aves foram abatidas por deslocamento cervical, sangradas e evisceradas. Na
determinação do rendimento de carcaça foi considerado o peso da carcaça limpa em
relação ao peso vivo após jejum. O rendimento dos cortes nobres (peito, coxa e
sobrecoxa) foram calculados em relação ao peso da carcaça eviscerada (com pés e
cabeça) e o peso relativo vísceras comestíveis (coração, fígado e moela) e da gordura
abdominal foi calculado em relação ao peso vivo em jejum.
112
Tabela 1 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 1 a 7 dias
Ingredientes Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly Milho 49,467 54,569 54,344 57,784 57,401 Farelo de soja 44,006 39,524 39,552 36,678 36,722 Óleo de soja 2,628 1,672 1,728 1,045 1,140 Fosfato bicálcico 1,875 1,899 1,899 1,914 1,915 Calcário calcítico 0,829 0,847 0,847 0,858 0,858 Sal 0,448 0,452 0,452 0,455 0,455 DL-metionina 99% 0,325 0,357 0,357 0,377 0,378 L-lisina.HCl 78,8% 0,156 0,287 0,287 0,371 0,370 L-treonina 98% 0,069 0,127 0,127 0,164 0,164 L-valina 98% 0,000 0,069 0,069 0,112 0,113 L-isoleucina 98% 0,000 0,000 0,000 0,045 0,046 Glicina 98% 0,000 0,000 0,141 0,000 0,241 Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Antimicrobiano4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012
Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010 Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000 Composição calculada Energia metabolizável (kcal/kg) 2950 2950 2950 2950 2950 Proteína bruta (%) 23,890 22,550 22,720 21,730 22,010 Lisina digestível (%) 1,330 1,330 1,330 1,330 1,330 Metionina+cistina digestível (%) 0,944 0,944 0,944 0,944 0,944 Metionina digestível (%) 0,630 0,645 0,645 0,655 0,655 Treonina digestível (%) 0,865 0,865 0,865 0,865 0,865 Valina digestível (%) 0,998 0,998 0,998 0,998 0,998 Isoleucina digestível (%) 0,937 0,865 0,865 0,865 0,865 Arginina digestível (%) 1,602 1,476 1,476 1,397 1,397 Triptofano digestível (%) 0,286 0,263 0,263 0,248 0,248 Fenilalanina digestível (%) 1,207 1,122 1,122 1,068 1,068 Histidina digestível (%) 0,596 0,557 0,557 0,535 0,535 Leucina digestível (%) 1,824 1,723 1,722 1,657 1,657 Glicina+serina (%) 2,214 2,062 2,199 1,966 2,199 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
113
Tabela 2 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 8 a 21 dias
Ingredientes Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly
Milho 59,683 63,078 62,934 65,608 65,342 Farelo de soja 34,997 32,013 32,032 29,773 29,804 Óleo de soja 1,595 0,958 0,994 0,465 0,531 Fosfato bicálcico 1,772 1,788 1,788 1,800 1,801 Calcário calcítico 0,820 0,832 0,831 0,840 0,840 Sal 0,434 0,437 0,437 0,439 0,439 DL-metionina 99% 0,256 0,278 0,278 0,294 0,294 L-lisina.HCl 78,8% 0,182 0,270 0,270 0,336 0,336 L-treonina 98% 0,064 0,103 0,103 0,132 0,132 L-valina 98% 0,000 0,046 0,046 0,080 0,080 L-isoleucina 98% 0,000 0,000 0,000 0,036 0,036 Glicina 98% 0,000 0,000 0,090 0,000 0,168 Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070 Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050 Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025 Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030 Antimicrobiano4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012
Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição calculada
Energia metabolizável (kcal/kg) 3000 3000 3000 3000 3000 Proteína bruta (%) 20,69 19,8 19,9 19,15 19,35 Lisina digestível (%) 1,146 1,146 1,146 1,146 1,146 Metionina+cistina digestível (%) 0,814 0,814 0,814 0,814 0,814 Metionina digestível (%) 0,530 0,540 0,540 0,548 0,548 Treonina digestível (%) 0,745 0,745 0,745 0,745 0,745 Valina digestível (%) 0,860 0,860 0,860 0,860 0,860 Isoleucina digestível (%) 0,793 0,745 0,745 0,745 0,745 Arginina digestível (%) 1,394 1,266 1,266 1,203 1,203 Triptofano digestível (%) 0,239 0,223 0,223 0,211 0,211 Fenilalanina digestível (%) 0,964 0,911 0,911 0,871 0,871 Histidina digestível (%) 0,518 0,493 0,493 0,474 0,474 Leucina digestível (%) 1,621 1,553 1,553 1,503 1,502 Glicina+serina (%) 1,909 1,808 1,895 1,732 1,895 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
114
Tabela 3 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 22 a 35 dias
Ingredientes Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly Milho 56,720 63,412 63,412 67,190 67,158 Farelo de soja 36,424 30,577 30,577 27,233 27,237 Óleo de soja 3,624 2,392 2,392 1,655 1,663 Fosfato bicálcico 1,602 1,633 1,633 1,651 1,651
Calcário calcítico 0,763 0,787 0,787 0,800 0,800
Sal 0,411 0,416 0,416 0,419 0,419
DL-metionina 99% 0,209 0,250 0,250 0,274 0,274
L-lisina.HCl 78,8% 0,050 0,222 0,222 0,320 0,320
L-treonina 98% 0,000 0,076 0,076 0,119 0,119
L-valina 98% 0,000 0,038 0,038 0,089 0,089
L-isoleucina 98% 0,000 0,000 0,000 0,053 0,053
Glicina 98% 0,000 0,000 0,000 0,000 0,020 Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Antimicrobiano4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012
Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição calculada
Energia metabolizável (kcal/kg) 3100 3100 3100 3100 3100 Proteína bruta (%) 20,88 19,1 19,1 18,14 18,16 Lisina digestível (%) 1,073 1,073 1,073 1,073 1,073 Metionina+cistina digestível (%) 0,773 0,773 0,773 0,773 0,773 Metionina digestível (%) 0,487 0,506 0,506 0,518 0,518 Treonina digestível (%) 0,697 0,697 0,697 0,697 0,697 Valina digestível (%) 0,877 0,826 0,826 0,826 0,826 Isoleucina digestível (%) 0,812 0,719 0,719 0,719 0,719 Arginina digestível (%) 1,384 1,221 1,221 1,127 1,127 Triptofano digestível (%) 0,246 0,215 0,215 0,197 0,197 Fenilalanina digestível (%) 0,984 0,881 0,881 0,822 0,822 Histidina digestível (%) 0,528 0,478 0,478 0,449 0,449 Leucina digestível (%) 1,641 1,510 1,510 1,435 1,435 Glicina+serina (%) 1,947 1,750 1,750 1,637 1,656 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
115
Tabela 4 - Composição percentual e nutricional das rações experimentais para frangos de corte de 36 a 42 dias
Ingredientes T1
Controle T2 Val
T3 Val+Gly
T4 Val+Ile
T5 Val+Ile+Gly
Milho 63,333 65,690 65,690 69,162 69,156 Farelo de soja 30,322 28,251 28,251 25,176 25,176 Óleo de soja 3,142 2,700 2,700 2,023 2,025 Fosfato bicálcico 1,469 1,480 1,480 1,496 1,496
Calcário calcítico 0,736 0,745 0,745 0,757 0,757
Sal 0,389 0,391 0,391 0,394 0,394
DL-metionina 99% 0,211 0,226 0,226 0,248 0,248
L-lisina.HCl 78,8% 0,158 0,218 0,218 0,309 0,309
L-treonina 98% 0,043 0,070 0,070 0,110 0,110
L-valina 98% 0,000 0,032 0,032 0,079 0,079
L-isoleucina 98% 0,000 0,000 0,000 0,049 0,049
Glicina 98% 0,000 0,000 0,000 0,000 0,004 Colina 0,070 0,070 0,070 0,070 0,070
Suplemento mineral1 0,050 0,050 0,050 0,050 0,050
Suplemento vitamínico2 0,025 0,025 0,025 0,025 0,025
Anticoccidiano3 0,030 0,030 0,030 0,030 0,030
Antimicrobiano4 0,012 0,012 0,012 0,012 0,012
Antioxidante5 0,010 0,010 0,010 0,010 0,010
Total 100,000 100,000 100,000 100,000 100,000
Composição calculada
Energia metabolizável (kcal/kg) 3150 3150 3150 3150 3150 Proteína bruta (%) 18,84 18,22 18,22 17,34 17,34 Lisina digestível (%) 1,017 1,017 1,017 1,017 1,017 Metionina+cistina digestível (%) 0,732 0,732 0,732 0,732 0,732 Metionina digestível (%) 0,467 0,474 0,474 0,484 0,484 Treonina digestível (%) 0,661 0,661 0,661 0,661 0,661 Valina digestível (%) 0,783 0,783 0,783 0,783 0,783 Isoleucina digestível (%) 0,714 0,681 0,681 0,681 0,681 Arginina digestível (%) 1,212 1,154 1,154 1,068 1,068 Triptofano digestível (%) 0,213 0,202 0,202 0,186 0,186 Fenilalanina digestível (%) 0,857 0,839 0,839 0,784 0,784 Histidina digestível (%) 0,475 0,457 0,457 0,430 0,430 Leucina digestível (%) 1,501 1,459 1,459 1,385 1,385 Glicina+serina (%) 1,739 1,669 1,669 1,565 1,569 1 Premix mineral (concentração/kg do produto): Mn - 60 g; Fe - 80 g; Zn - 50 g; Cu - 10 g; Co - 2 g; I - 1 g; veículo q.s.p. - 500 g. 2 Premix vitamínico (concentração/kg do produto): vit. A - 15.000.000 UI ; vit. D3 - 1.500.000 UI; vit. E - 15.000 UI ; vit.B1 - 2,0 g ; vit. B2 - 4,0 g; vit. B6 - 3,0 g; vit. B12 - 0,015 g; Acido nicotinico - 25 g; Acido pantotenico - 10 g; vit.K3 - 3,0 g; Acido folico - 1,0 g; Bacitracina de zinco - 10 g; Se - 250 mg; Antioxidante BHT - 10 g; veiculo q.s.p. - 1.000 g. 3 Coban; 4 Promotor de crescimento gram positivo = Enradin 100g/ton.; Promotor de crescimento gram negativo = Colistin 20 g/ton.; 5 Etoxiquim - 10 g; veículo q.s.p. - 1.000 g.
116
Tabela 5 – Valores calculados (C) e analisados (A) dos aminoácidos (totais) das dietas experimentais (%)
Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly
C A C A C A C A C A Ração pré-inicial (1 a 7 dias)
Lys 1,437 1,326 1,431 1,434 1,431 1,397 1,428 1,428 1,427 1,288 Met+Cys 1,026 0,810 1,022 0,867 1,022 0,866 1,019 0,867 1,019 0,848 Thr 0,968 0,896 0,963 0,979 0,962 0,934 0,959 0,978 0,959 0,899 Val 1,478 1,019 1,431 1,086 1,431 1,063 1,400 1,094 1,401 1,017 Ile 1,007 0,972 0,996 0,970 0,996 0,930 0,988 0,968 0,989 0,903 Arg 1,700 1,503 1,568 1,542 1,568 1,471 1,484 1,475 1,484 1,440 Leu 1,946 1,849 1,837 1,854 1,836 1,791 1,767 1,851 1,766 1,686 Phe 1,207 1,165 1,123 1,143 1,122 1,107 1,069 1,114 1,068 1,058 Hys 0,604 0,576 0,566 0,577 0,566 0,547 0,542 0,555 0,542 0,518 Gly+Ser 2,214 2,078 2,062 2,084 2,062 2,142 1,966 2,035 1,965 2,056
Ração inicial (8 a 21 dias) Lys 1,238 1,363 1,235 1,137 1,235 1,222 1,232 1,183 1,232 1,203 Met+Cys 0,886 0,885 0,884 0,712 0,884 0,749 0,882 0,718 0,881 0,734 Thr 0,837 0,925 0,833 0,791 0,833 0,841 0,831 0,794 0,830 0,818 Val 1,246 1,046 1,214 0,899 1,214 0,932 1,190 0,922 1,190 0,927 Ile 0,849 0,915 0,841 0,776 0,842 0,885 0,836 0,799 0,836 0,842 Arg 1,434 1,494 1,346 1,267 1,346 1,411 1,280 1,146 1,280 1,143 Leu 1,726 1,836 1,653 1,642 1,653 1,764 1,599 1,627 1,597 1,609 Phe 1,037 1,140 0,981 0,946 0,981 1,056 0,938 0,992 0,938 0,987 Hys 0,528 0,572 0,503 0,503 0,503 0,557 0,484 0,492 0,484 0,488 Gly+Ser 1,909 2,088 1,808 1,741 1,808 1,931 1,732 1,688 1,732 1,690
Ração de crescimento (22 a 35 dias) Lys 1,166 1,147 1,159 1,144 1,159 1,144 1,154 1,103 1,154 1,114 Met+Cys 0,846 0,789 0,840 0,785 0,840 0,785 0,837 0,806 0,837 0,786 Thr 0,790 0,813 0,783 0,820 0,783 0,820 0,778 0,747 0,778 0,755 Val 1,278 1,318 1,165 1,141 1,165 1,141 1,128 0,962 1,128 0,982 Ile 0,871 0,864 0,805 0,857 0,805 0,857 0,797 0,760 0,797 0,789 Arg 1,471 1,571 1,299 1,361 1,299 1,361 1,200 1,062 1,200 1,025 Leu 1,749 1,827 1,607 1,796 1,607 1,796 1,525 1,514 1,525 1,441 Phe 1,059 1,136 0,949 1,044 0,949 1,044 0,886 0,909 0,886 0,844 Hys 0,537 0,511 0,488 0,499 0,488 0,499 0,460 0,517 0,460 0,476 Gly+Ser 1,948 2,179 1,750 1,978 1,750 1,889 1,637 1,595 1,637 1,505
Ração finall (36 a 42 dias) Lys 1,102 1,175 1,098 1,085 1,098 1,085 1,095 1,127 1,095 1,042 Met+Cys 0,798 0,758 0,797 0,691 0,797 0,691 0,794 0,718 0,794 0,766 Thr 0,746 0,796 0,743 0,730 0,743 0,730 0,740 0,755 0,740 0,755 Val 1,119 0,960 1,097 0,908 1,097 0,908 1,064 0,905 1,064 0,947 Ile 0,763 0,866 0,758 0,752 0,758 0,752 0,750 0,765 0,750 0,747 Arg 1,290 1,203 1,228 0,943 1,228 0,943 1,137 1,042 1,137 1,018 Leu 1,598 1,735 1,547 1,631 1,547 1,631 1,472 1,599 1,472 1,517 Phe 0,943 1,090 0,904 0,959 0,904 0,959 0,845 0,976 0,845 0,871 Hys 0,485 0,525 0,467 0,524 0,467 0,524 0,441 0,536 0,441 0,505 Gly+Ser 1,739 1,908 1,669 1,920 1,669 1,920 1,565 1,708 1,565 1,617
117
Um grupo adicional de 10 pintos de 1 dia de idade foi abatido para determinação
da composição corporal (proteína, extrato etéreo, cinzas e água) no início do
experimento. Aos 7, 21 e 42 dias de idade foram selecionadas duas aves com peso
representativo da parcela, e, após jejum de 24 horas, foram abatidas por deslocamento
cervical. As aves foram acondicionadas inteiras (com penas) em sacos plásticos
identificados e armazenadas em freezer. Posteriormente, os frangos congelados foram
picados com o auxílio de uma serra fita e moídos em “cutter” comercial de 30 hp e 1775
rpm. As amostras passaram pelo “cutter” 2 a 4 vezes, para que se tornassem bem
homogêneas para os procedimentos laboratoriais.
As amostras foram acondicionadas em bandejas descartáveis de alumínio,
pesadas e pré-secas em estufa com ventilação forçada a 60 ± 5oC, durante o tempo
necessário para a estabilização do peso. Após esta etapa, as amostras foram moídas,
acondicionadas em potes plásticos e armazenadas para posteriores análises. As análises
de matéria seca, cinzas, proteína bruta e extrato etéreo das amostras foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal do DZ/CCA/UFPB, conforme descritos por Silva &
Queiroz (2002).
Os valores de composição corporal foram expressos em percentagem na matéria
natural e em gramas. Para o cálculo da composição corporal em gramas os valores
percentuais de cada um dos componentes da matéria natural (proteína, extrato etéreo,
cinzas e água) foram multiplicados pelo peso corporal médio da parcela.
As deposições de proteína e de gordura corporal (em gramas) foram calculadas
pela diferença entre a composição da carcaça dos pintos de corte no início e final de
cada período experimental (1 a 21 e 1 a 42 dias). Também foi realizado o cálculo da
relação da deposição de proteína pela deposição de gordura, dividindo-se um valor pelo
outro. A eficiência relativa de deposição de proteína foi calculada dividindo-se a
deposição de proteína corporal pelo consumo de proteína, multiplicando-se o valor por
100.
Os valores de consumo de proteína e deposição de proteína foram divididos por
6,25 para o cálculo dos valores de consumo e de retenção de N. A excreção aparente de
N foi então calculada pela diferença entre N consumido e N retido.
O ensaio para a determinação do balanço de nitrogênio (BN) foi realizado nos
três últimos dias do primeiro experimento (18 a 21 dias). Durante estes dias a excreta foi
118
coletada, identificada e pesada às 8h00min e 16h00min. O CR foi monitorado, pela
pesagem da ração fornecida e das sobras de ração, para o cálculo do consumo de N.
Posteriormente, cada excreta foi homogeneizada e uma amostra de cerca de 200 g foi
retirada e armazenada em freezer, em sacos plásticos identificados, até o final do
período experimental. Após os 3 dias de coleta, as amostras de excreta de cada parcela
foram reunidas para formar uma mistura. Dessa mistura, aproximadamente 150g de
excreta foram reservados para análise de PB. Inicialmente, cada amostra foi identificada
e colocada em bandejas de alumínio em estufa ventilada a 60ºC, até atingir peso
constante, para a obtenção da amostra seca ao ar. Após a secagem, cada amostra foi
pesada, moída e guardada em potes plásticos identificados até o momento da análise de
matéria seca e N.
O consumo e a excreção média diária de N, por parcela experimental, foram
calculados dividindo-se o consumo e a excreção média diária de PB, expresso na
matéria seca a 105ºC, pelo fator 6,25. A retenção média diária de N foi calculada pela
diferença entre o consumo médio diário de N e a excreção média diária de N.
Análise Estatística
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o Sistema de Análises
Estatísticas e Genéticas (SAEG-8.0), desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa
(1999), sendo as comparações das médias realizadas pelo teste Tukey a 5% de
probabilidade.
O modelo matemático utilizado foi:
Yij = µ + Ai + εij ,
Em que:
Yij = observação no tratamento i, na repetição j;
µ = média geral;
Ai = efeito do tratamento i, i = 1, 2, 3, 4 ou 5;
εij = erro aleatório associado a cada observação.
119
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores médios de temperatura máxima e temperatura mínima registradas
durante o período experimental foram respectivamente 32,2 e 25,4 ºC.
No período de 1 a 7 dias o menor consumo de ração foi apresentado pelas aves
que receberam dieta controle (23,9% PB), enquanto as aves alimentadas com dietas
suplementadas com L-valina, L-isoleucina e glicina (22,0% PB) apresentaram o maior
consumo (Tabela 6).
Nesta fase, os melhores valores para peso final, ganho de peso e conversão
alimentar foram obtidos quando somente a L-valina foi suplementada (Val), resultando
na redução da PB da dieta para 22,6% PB. Provavelmente estes resultados foram
obtidos pelo melhor balanceamento dos aminoácidos desta dieta, em função da menor
quantidade de excessos de aminoácidos em relação à dieta controle (23,9% PB), visto
que os excessos de aminoácidos necessitam ser excretados e este processo aumenta o
custo energético. De acordo com Costa et al. (2001), o custo metabólico para incorporar
um aminoácido na cadeia protéica é estimado em 4 mol de ATP e que o custo para
excretar um aminoácido é de 6 a 18 mol de ATP (valores variáveis conforme a
quantidade de N do aminoácido), portanto, a eliminação desses aminoácidos tem alto
custo energético para o frango, pois a energia que poderia ser utilizada para deposição
de tecidos é desviada para excreção de nitrogênio.
A redução protéica para 21,7% com utilização de L-valina e L-isoleucina
(Val+Ile) resultou em pior conversão alimentar em relação às dietas controle (23,9%
PB) e a dieta suplementada com L-valina (22,6% PB). Embora as exigências dos
aminoácidos lisina, metionina+cistina, treonina, triptofano, arginina, valina, leucina e
isoleucina tenham sido atendidos, a redução na PB da dieta pode ter levado à deficiência
de aminoácidos não essenciais, e, conseqüentemente, parte dos aminoácidos essenciais,
no lugar de serem utilizados na síntese protéica, foram usados para a síntese destes
aminoácidos não essenciais, tornando-se, desta forma, deficientes, resultando em menor
ganho de peso das aves.
120
Tabela 6 – Médias das características de desempenho de frangos de corte de 1 a 7, 8 a 21, 22 a 35 e 36 a 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais nas dietas
Variáveis Tratamento
CV (%) Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly
1 a 7 dias
Consumo de ração (g/ave) 157,2 b 163,0 ab 164,8 ab 160,3 ab 167,1 a 3,37
Peso final (g/ave) 197,1 ab 204,7 a 199,5 ab 192,9 b 199,9 ab 2,46
Ganho de peso (g/ave) 150,6 ab 158,1 a 152,8 ab 146,3 b 153,0 ab 3,23
Conversão alimentar (g/g) 1,044 bc 1,031 c 1,078 ab 1,095 a 1,093 a 1,94
8 a 21 dias
Consumo de ração (g/ave) 1088,5 1121,7 1095,8 1087,5 1116,7 2,85
Peso final (g/ave) 970 938,7 964,1 935,1 941,1 3,83
Ganho de peso (g/ave) 772,9 734 764,6 742,2 741,2 4,92
Conversão alimentar (g/g) 1,411 1,532 1,434 1,467 1,511 5,35
22 a 35 dias
Consumo de ração (g/ave) 2039,3 a 2003,1 ab 1961,9 ab 1923,7 b 1958,7 ab 2,94
Peso final (g/ave) 2144,5 2137,3 2126,3 2057,2 2085,1 2,59
Ganho de peso (g/ave) 1174,5 1198,7 1162,6 1122,1 1144 6,52
Conversão alimentar (g/g) 1,74 1,672 1,695 1,718 1,722 6,29
36 a 42 dias
Consumo de ração (g/ave) 1280 1291,6 1301,8 1250,8 1252 4,03
Peso final (g/ave) 2849,6 2838,2 2845,5 2789,2 2747,7 2,37
Ganho de peso (g/ave) 705,1 700,9 719,1 732,0 662,7 6,35
Conversão alimentar (g/g) 1,818 ab 1,844 ab 1,814 ab 1,718 b 1,894 a 5,63
1 a 21 dias
Consumo de ração (g/ave) 1245,7 1284,7 1260,6 1247,8 1283,8 2,54
Peso final (g/ave) 970 938,7 964,1 935,1 941,1 3,83
Ganho de peso (g/ave) 923,4 892,1 917,4 888,5 894,1 4,02
Conversão alimentar (g/g) 1,351 1,442 1,375 1,406 1,438 4,41
1 a 42 dias
Consumo de ração (g/ave) 4565 4579,4 4524,3 4422,3 4494,6 2,34
Peso final (g/ave) 2849,6 2838,2 2845,5 2789,2 2747,7 2,37
Ganho de peso (g/ave) 2803,1 2791,7 2798,8 2742,7 2700,8 2,41
Conversão alimentar (g/g) 1,628 1,64 1,617 1,612 1,665 2,11 a, b, c Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; CV = coeficiente de variação
A suplementação de glicina juntamente com L-valina e L-isoleucina
(Val+Ile+Gly) na dieta resultou em melhoria do peso final e ganho de peso, em
comparação à dieta formulada somente com L-valina e L-isoleucina (Val+Ile), porém o
121
desempenho ainda ficou abaixo do obtido com as aves suplementadas somente com L-
valina e com menor redução protéica (Val).
No período de 8 a 21 dias não foram verificadas diferenças estatísticas para
nenhuma das variáveis avaliadas (Tabela 6).
De 22 a 35 dias, no entanto, o consumo de ração foi menor para as aves que
receberam dieta formuladas com L-valina e L-isoleucina (Val+Ile) com 19,1% PB, e
maior com a dieta controle (19,9% PB), não influenciando, porém, o ganho de peso e a
conversão alimentar das aves (Tabela 6).
Na fase de 36 a 42 dias, não foram verificadas diferenças significativas no
consumo de ração, peso final e ganho de peso dos frangos. No entanto, a melhor
conversão alimentar foi apresentada pelas aves alimentadas com dieta formulada com
L-valina e L-isoleucina (Val+Ile) com 17,3% PB (Tabela 6). Uma possível explicação
para a melhor conversão alimentar com a dieta de menor PB nesta fase pode estar
relacionado ao menor incremento calórico produzido por esta dieta, em relação às dietas
de maior conteúdo protéico, juntamente com a maior susceptibilidade de aves mais
velhas (e mais pesadas) ao estresse térmico. De acordo com Caires et al. (2008), a
redução dos níveis de PB da dieta, por meio da suplementação com aminoácidos
industriais para atender as exigências nutricionais (em aminoácidos digestíveis) é uma
estratégia utilizada para reduzir o incremento calórico das dietas e melhorar o bem estar
das aves criadas em condições de altas temperaturas.
A suplementação da glicina, além destes dois aminoácidos na dieta final dos
frangos de corte (Val+Ile+Gly) resultou em pior conversão alimentar. De acordo com
Corzo et al. (2004), a glicina é essencial para aves jovens, em função do rápido
crescimento, no entanto, em aves adultas a glicina pode ser dispensável na alimentação,
uma vez que pode ser sintetizada pelo organismo das aves em quantidades que atendam
os requerimentos. Desta forma, a adição de glicina na dieta com menor PB para esta
fase da criação dos frangos de corte pode ter representado um excesso de aminoácido a
ser excretado, em um processo com alto custo energético, resultando em pior conversão
alimentar.
Quando analisado o período de 1 a 21 dias e de 1 a 42 dias, não foram
verificadas diferenças estatísticas para nenhuma das variáveis avaliadas.
122
Os resultados obtidos no presente estão em acordo com os relatados por Sohail
et al. (2003), que avaliaram os efeitos da adição de três níveis de glicina sobre o
desempenho de frangos de corte submetidos a três dietas: dieta controle (atendendo ao
requerimento de todos os aminoácidos), dieta com deficiência de aminoácidos (com
redução de 15% dos aminoácidos) e dieta com correção de lisina e metionina (redução
de 15% dos aminoácidos, exceto lisina e metionina). Os autores concluíram que a
adição de glicina industrial (0,05 ou 0,10%) nas dietas com ou sem redução dos
aminoácidos não teve efeito significativo sobre o desempenho das aves, porém, quando
houve a correção dos níveis de lisina e metionina, um aumento somente parcial do
desempenho foi verificado.
Do mesmo modo, Waldroup et al. (2005) verificaram que a adição da L- glicina
em dietas com 16 e 18% PB aumentou o peso corporal dos frangos, sem, contudo,
alcançar os valores obtidos com as dietas com 22 e 24 % PB.
Namroud et al. (2008) verificaram que a adição de L-glutamato e glicina em
dietas com redução protéica (19 e 17% PB) melhorou o desempenho das aves, porém
esta melhoria não foi suficiente para alcançar o mesmo GP e CA dos frangos
alimentados com dietas de alta PB (21 e 23% PB). Os autores atribuíram a melhoria no
desempenho ao importante papel dos AANE na transaminação, deaminação e síntese
do ácido úrico para excreção dos excessos de aminoácidos.
Não foram verificados efeitos significativos dos tratamentos sobre o peso e
rendimento de carcaça e cortes nobres (peito, coxa e sobrecoxa), e peso absoluto e
relativo de vísceras comestíveis (coração, fígado e moela) e gordura abdominal (Tabela
7).
De acordo com Leeson (1995), a composição da carcaça é influenciada mais
facilmente pela relação energia: proteína (EM: PB) da dieta, sendo que quando essa
relação aumenta ocorre uma redução no rendimento de carne e aumento na deposição de
gordura abdominal, tanto em machos como em fêmeas. No presente estudo a relação
EM: PB foi reduzida à medida que os aminoácidos industriais L-valina ou L-Valina e L-
isoleucina foram acrescentados na formulação, pois a PB intacta dos alimentos passou a
ser combinada e reduzida de forma a atender o próximo aminoácido limitante. No
entanto, a redução da PB das dietas, com conseqüente aumento da relação EM: PB não
influenciou as características de carcaça.
123
Tabela 7 – Médias dos pesos e rendimentos de carcaça e de cortes nobres e pesos absolutos e relativos de vísceras comestíveis e da gordura abdominal dos frangos aos 42 dias, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais nas dietas
Variáveis Tratamento
CV (%) Controle Val Val+Gly Val+Ile
Val+Ile +Gly
Carcaça (g) 2331,7 2303,2 2293,6 2215,6 2207,6 4,56
Rendimento de carcaça (%) 81,7 83,5 82,8 83,5 83,3 1,11
Peito (g) 763,4 784,9 774,9 739,7 717,9 5,68
Rendimento de peito (%) 32,4 34 33,8 33,4 32,5 3,91
Coxa (g) 282,3 269,2 265,7 260,9 266,3 6,07
Rendimento de coxa (%) 12 11,7 11,6 11,8 12,1 3,12
Sobrecoxa (g) 350,8 334,2 333,9 333,6 328,5 6,7
Rendimento de sobrecoxa (%) 14,9 14,5 14,6 15,1 14,9 4,98
Coração (g) 12,7 11,7 12,8 10,4 11,8 19,2
Peso relativo do coração (%) 0,44 0,43 0,46 0,44 0,39 17,8
Fígado (g) 39,9 38,2 38,5 35 37,5 11,3
Peso relativo do fígado (%) 1,4 1,38 1,39 1,31 1,41 9,2
Moela (g) 41,7 42,9 43,8 42,2 43,7 9,66
Peso relativo da moela (%) 1,46 1,56 1,58 1,59 1,65 8,43
Gordura abdominal (g) 30,5 33,7 34,1 30,0 31,0 19,3 Peso relativo da gordura abdominal (%)
1,06 1,22 1,23 1,13 1,18 19,3
CV = coeficiente de variação
Schutte & Pack (1995) encontraram uma diminuição na percentagem da gordura
abdominal e de vísceras comestíveis quando ocorreu um aumento dos níveis de AAE da
dieta. Segundo os autores, a diminuição da gordura abdominal resultante do acréscimo
de aminoácidos na dieta, está associado ao aumento do incremento calórico envolvido
na degradação do excesso de nitrogênio até ácido úrico.
Não houve diferença para consumo e excreção de N entre os tratamentos (Tabela
8). No entanto, o N excretado como percentagem do N consumido foi menor na dieta
com L-valina e glicina (Val+Gly) e maior na dieta em que a L-valina e a L-isoleucina
foi utilizada na formulação (Val+Ile).
124
Tabela 8 – Médias de consumo, excreção, retenção e eficiência de retenção de nitrogênio em frangos de corte de 18 a 21 dias, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta
Variáveis Tratamento
CV (%) Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly
N consumido (g/ave/dia) 3,17 3,01 3,00 2,83 2,76 6,37
N excretado (g/ave/dia) 1,40 1,29 1,20 1,29 1,16 8,95
N excretado (%) 44,2 ab 42,1 ab 40,1 b 46,8 a 41,0 ab 6,26
N retido (g/ave/dia) 1,77 a 1,77 a 1,80 a 1,47 b 1,68 ab 7,86
Eficiência de retenção
do N (%) 55,8 ab 57,9 ab 59,9 a 53,2 b 59,0 ab 4,69
a, b, c Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; CV = coeficiente de variação
A dieta com utilização de L-valina e L-isoleucina na formulação (Val+Ile)
resultou em menores valores de retenção e eficiência de retenção de N. Provavelmente
isto ocorreu em razão da maior redução na PB, o que pode ter levado à deficiência de
AANE para o metabolismo e conseqüente desvio de AAE para sua síntese, no lugar de
serem utilizados para a deposição protéica. Esta afirmativa pode ser confirmada pela
recuperação parcial na retenção do N e na eficiência de retenção, quando a glicina foi
adicionada a esta dieta. Não foram verificadas diferenças estatísticas entre a dieta
controle e as dietas com L-valina (Val) ou L-valina e glicina (Val+Gly), que
apresentaram os melhores valores para retenção de N. A melhor eficiência de retenção
foi obtida com a dieta contendo L-valina e glicina (Val+Gly) na formulação.
De acordo com Schreurs et al. (1994), um certo nível de degradação metabólica
de AAE é inevitável. A maior parte do N liberado pela degradação dos AAE é
convertido em ácido úrico e excretado, sendo que cada molécula de ácido úrico
excretada representa a perda de uma molécula de glicina pelas aves (Waldroup et al.
(2005). Desta forma, a incorporação de AANE nas dietas das aves como uma forma de
melhorar a eficiência de retenção de N, uma vez que estes AANE seriam utilizados na
interconversão para formar glicina, poupando AAE de serem utilizados para este fim
(Schreurs et al., 1994).
Bregendahl et al. (2002a), avaliando resultado de três experimentos com dietas
de baixa proteína suplementadas com aminoácidos industriais para frangos de corte de 7
a 21 dias de idade, verificaram alta correlação entre consumo e excreção de N.
125
Em experimento realizado por Namroud et al. (2008) com frangos de corte de 10
a 28 dias de idade alimentados com dietas contendo 23, 21, 19 e 17% PB,
suplementadas com AANE atendendo o requerimento mínimo estabelecido no NRC
(1994) foi verificada a redução linear no teor de N da excreta (% na MS) com a redução
dos níveis de PB da dieta (%Nexcreta = 0,879 - 0,269PB, r2 = 0,91). A suplementação das
dietas de baixa PB (19 e 17%) com 10% a mais de AAE promoveu aumento no teor de
N na excreta, enquanto a mistura de AANE (glicina + glutamato) somente aumentou a
excreção de N quando adicionada à dieta com 19% PB, não tendo efeito significativo
sobre a excreção quando foi suplementada na dieta com 17% PB.
Os valores percentuais de proteína bruta, gordura, cinzas e água corporal (na
matéria natural) dos pintos aos 7 dias de idade não foram influenciados pelos
tratamentos (Tabela 9).
Tabela 9 – Médias das características de composição corporal de frangos de corte aos 7, 21 e 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta
Características Tratamento
CV (%) Controle Val Val+Gly Val+Ile Val+Ile+Gly
7 dias de idade
Proteína bruta (%) 13,3 14,3 13,8 13,8 14,3 6,39
Gordura (%) 6,9 8,9 7,9 7,7 7,5 6,73
Cinzas (%) 1,9 2,5 2,3 2,4 2,3 9,47
Água (%) 75,7 73,6 74,9 75,3 75,8 1,6
21 dias de idade
Proteína bruta (%) 16,2 15,8 12,8 15,4 13,8 6,75
Gordura (%) 8,7 b 9,4 b 9,4 b 12,0 a 11,6 a 4,53
Cinzas (%) 2,3 2,2 2,4 2,6 2,6 9,24
Água (%) 71,5 71,5 74,7 68,9 71,7 2,31
42 dias de idade
Proteína bruta (%) 13,1 16,9 14,6 16,1 16,7 6,98
Gordura (%) 9,6 11,3 10,9 11,7 11 9,5
Cinzas (%) 2 1,9 2,5 2,3 2,3 11,1
Água (%) 75,1 a 68,3 b 70,9 ab 68,6 b 68,5 b 2,18 a, b, c Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; CV = coeficiente de variação
Os valores médios para composição corporal das aves aos 21 dias foram
semelhantes aos encontrados na literatura. As percentagens médias de proteína, gordura
126
e água na matéria natural foram 14,8; 10,2 e 71,7%, enquanto os valores 16,2; 11,0 e
70,3%; 16,0; 10,7 e 70,3% e 16,5; 11,6 e 66,1% foram verificados por Bregendahl et al.
(2002a), Bregendahl et al. (2002b) e Cella et al. (2009), respectivamente. Estes autores
não apresentaram os teores de cinzas na composição corporal.
Aos 21 dias de idade, também não foram verificadas diferenças significativas
para percentual de proteína bruta, cinzas e água, porém, a percentagem de gordura
corporal foi maior nas aves alimentadas com dietas contendo menor teor de PB (Val+Ile
e Val+Ile+Gly) (Tabela 9).
Os valores médios para composição corporal das aves aos 42 dias, em
percentagem na matéria natural, verificados no presente estudo foram coerentes com os
encontrados por Aletor et al. (2000) (15,5; 10,9; 2,2 e 70,3% e 18,8; 12,9; 2,4 e 64,7%,
para proteína, gordura, cinzas e água, respectivamente).
A composição corporal dos frangos de corte aos 42 dias apresentou diferenças
estatísticas para as percentagens de proteína bruta e água, em que a dieta formulada com
L-valina (Val) resultou em aves com maior conteúdo protéico e a dieta controle, de alta
PB, resultou em aves com maior conteúdo de água corporal. As aves alimentadas com
dietas de menor conteúdo protéico (Val+Ile e Val+Ile+Gly) e com a dieta com teor
protéico intermediário, suplementada com glicina (Val+Gly) apresentaram menor
percentagem de água corporal (Tabela 9).
No período de 1 a 7 dias de idade, o maior consumo de proteína foi observado
nos pintos alimentados com a dieta controle e com a dieta contendo L-valina e glicina
(Val+Gly) na formulação e o menor na dieta com L-valina e L-isoleucina (Val+Ile)
(Tabela 10).
No entanto, a maior deposição protéica neste período foi verificada quando a
dieta foi formulada somente com L-valina (Val). Este resultado foi obtido,
provavelmente, em função do melhor balanceamento dos aminoácidos da dieta, com a
redução dos excessos de aminoácidos em relação à dieta de alta proteína. No entanto,
quando a dieta foi suplementada com L-valina e glicina (Val+Gly), houve menor
deposição de proteína, demonstrando que a redução de 20,7% para 19,8% na PB não
resultou em deficiência de AANE e a glicina suplementar passou a representar um
excesso de aminoácidos, com conseqüente gasto energético para sua excreção.
127
Tabela 10 - Médias de consumo de proteína, deposições de proteína e de gordura corporal, relação deposição de proteína: deposição de gordura e eficiência de deposição de proteína em frangos de corte de 1 a 7, 1 a 21 e 1 a 42 dias de idade, de acordo com a utilização de aminoácidos industriais na dieta.
Características Tratamento
CV (%) Controle Val Val+Gly Val+Ile
Val+Ile+Gly
1 a 7 dias de idade
Consumo de PB (g) 34,6 a 33,6 ab 34,3 a 32,1 b 33,8 ab 3,35
Deposição de proteína (DPB)(g/ave) 19,3 d 22,3 a 20,6 bc 19,8 cd 21,6 ab 3,39
Deposição de gordura (DGD) (g/ave) 11,0 d 15,5 a 13,2 b 12,2 c 12,3 c 3,16
Relação DPB: DGD 1,76 a 1,43 d 1,56 c 1,62 b 1,75 a 0,32
Eficiência de deposição de proteína (%) 56,0 d 66,4 a 60,0 c 61,7 c 64,0 b 2,07
1 a 21 dias de idade
Consumo de PB (g) 242,5 a 239,0 a 233,6 ab 230,9 ab 225,5 b 2,89
Deposição de proteína (DPB)(g/ave) 150,1 a 141,6 ab 116,3 c 137,3 b 122,3 b 4,13
Deposição de gordura (DGD) (g/ave) 81,8 c 85,6 bc 88,5 b 110,0 a 106,5 a 3,96
Relação DPB: DGD 1,84 a 1,65 b 1,31 c 1,25 d 1,15 e 0,08
Eficiência de deposição de proteína (%) 61,9 a 59,2 a 49,8 b 61,3 a 52,6 b 4,49
1 a 42 dias de idade
Consumo de PB (g) 853,9 a 804,1 b 793,4 b 740,5 c 755,5 c 2,26
Deposição de proteína (DPB)(g/ave) 367,6 d 472,9 a 407,5 c 441,3 b 452,5 b 2,47
Deposição de gordura (DGD) (g/ave) 270,4 d 317,1 ab 307,0 bc 322,6 a 299,7 c 2,44
Relação DPB: DGD 1,36 d 1,49 b 1,33 e 1,38 c 1,51 a 0,02
Eficiência de deposição de proteína (%) 43,0 c 58,8 a 51,4 b 59,6 a 59,9 a 2,16 a, b, c Médias seguidas por letras diferentes na mesma coluna diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey, a 5% de probabilidade; CV = coeficiente de variação
Da mesma forma, quando foi utilizada a L-isoleucina associada à L-valina na
formulação (Val+Ile), a deposição de proteína foi menor em relação à observada
somente com a L-valina na dieta (Val). Porém, a suplementação com a glicina nesta
dieta recuperou parcialmente a deposição de proteína nas aves. A menor deposição
proteíca foi verificada com a dieta controle. Avaliando estes resultados, presume-se que
a redução protéica, de 19,8 para 19,1% levou à deficiência de N para a síntese de
AANE, e que parte dos AAE passou a ser utilizado para a sua síntese, reduzindo a
deposição protéica. A adição da glicina na dieta teve um efeito poupador de AAE,
resultando em uma recuperação na deposição de proteína, porém sem alcançar os
mesmos níveis da dieta formulada somente com L-valina.
A deposição de gordura corporal de 1 a 7 dias foi maior nas aves alimentadas
com dieta contendo somente L-valina na formulação e menor na dieta controle, de alta
128
PB. A suplementação com glicina na dieta com L-valina reduziu a deposição de
gordura, enquanto a suplementação com este aminoácido na dieta com L-valina e L-
isoleucina não resultou em diferenças significativas. Estes resultados mostram que na
dieta com L-valina, a menor necessidade de excreção dos excessos de aminoácidos
resultou numa maior sobra de energia consumida, que foi armazenada na forma de
ácidos graxos corporais.
As melhores relações deposição de proteína : deposição de gordura foram
obtidas com a dieta controle e com a dieta com a utilização dos três aminoácidos
industriais (Val+Ile+Gly).
A dieta contendo somente L-valina resultou em maior eficiência de deposição de
proteína pelas aves. Quando a dieta foi suplementada com L-valina e glicina, a
eficiência de deposição de proteína diminuiu. A utilização de L-valina e L-isoleucina na
formulação promoveu menor eficiência, quando comparada à dieta com somente L-
valina. No entanto, a suplementação de glicina na dieta, juntamente com L-valina e L-
isoleucina, promoveu uma melhoria parcial na eficiência de deposição de proteína, em
relação à dieta somente com L-valina e L-isoleucina. A menor eficiência de deposição
de proteína foi verificada com a dieta controle, de alta PB.
No período de 1 a 21 dias, o consumo de proteína foi maior nas aves alimentadas
com a dieta controle e com a dieta somente com L-valina e menor nas aves que
receberam dieta com os três aminoácidos industriais.
A deposição de proteína corporal de 1 a 21 dias foi superior utilizando-se a dieta
controle. A formulação da dieta com L-valina e L-isoleucina (Val+Ile) resultou em
redução na deposição protéica, em relação à utilização de somente L-valina na
formulação. A suplementação de glicina nesta dieta (Val+Ile+Gly) não alterou a
resposta de deposição protéica, enquanto que a suplementação de glicina na dieta
formulada somente com L-valina (Val+Gly) resultou em menor deposição de proteína.
A deposição de gordura corporal nas aves no período de 1 a 21 dias foi menor
com o uso da dieta controle e maior nas dietas de menor PB (Val+Ile e Val+Ile+Gly),
seguindo o mesmo comportamento observado nas aves no período de 1 a 7 dias. A
suplementação de glicina na dieta formulada somente com L-valina aumentou a
deposição de gordura corporal, em relação à dieta somente com L-valina, enquanto que
129
a suplementação de glicina não influenciou a deposição de gordura nas aves quando a
L-isoleucina estava presente juntamente com a L-valina na formulação.
A suplementação de glicina nas dietas (Val+Gly e Val+Ile+Gly) resultou em
menor eficiência de deposição de proteína.
No período de 1 a 42 dias, o consumo de proteína foi maior nas aves alimentadas
com dieta controle e menor nas aves que receberam dieta contendo menor teor de PB
(Val+Ile e Val+Ile+Gly).
No período total da criação, as aves que receberam dieta controle apresentaram
menor deposição de proteína e eficiência de deposição de proteína. No entanto, a
deposição de gordura corporal também foi menor.
O melhor resultado para deposição de proteína foi obtido com a dieta contendo
somente L-valina. A suplementação de glicina nesta dieta reduziu a deposição protéica.
Do mesmo modo, a utilização de L-isoleucina juntamente com a L-valina na formulação
resultou em menor deposição de proteína, quando comparada à dieta com somente L-
valina. A suplementação de glicina nesta dieta não promoveu qualquer melhoria em
relação à dieta somente com L-valina e L-isoleucina.
A maior deposição de gordura foi observada nas aves que receberam dieta com
L-valina e L-isoleucina, seguido pelas aves alimentadas somente com utilização da L-
valina na formulação. A suplementação de glicina promoveu redução na gordura
depositada, em ambas as dietas.
Estas dietas apresentaram maior deposição de gordura que a dieta controle em
função da redução dos excessos de aminoácidos a serem excretados. Desta forma, houve
menor gasto de energia para este processo, e a quota de energia que ultrapassou as
exigências para a deposição protéica foi armazenada na forma de ácidos graxos. Por sua
vez, o menor teor de PB da dieta pode ter aumentado a expressão genética do RNA
mensageiro da enzima málica, em relação à dieta com maior teor de PB. Trabalhos
desenvolvidos por Adams & Davis (2001) e Chendrimada et al. (2007) demonstram que
a redução da PB da dieta aumenta o nível de RNAm para enzima málica nos
hepatócitos, enquanto dietas com alta PB reduzem este nível. A enzima málica é uma
proteína citoplasmática que catalisa a descarboxilação oxidativa do malato à piruvato e
CO2, ao mesmo tempo NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo-fosfato reduzida).
O NADPH gerado pode ser utilizado para a síntese do palmitato, que é precursor na
130
síntese de outros ácidos graxos de cadeia longa (Champe & Harvey, 1997). De acordo
com Chendrimada et al. (2007), a atividade da enzima málica hepática está diretamente
correlacionada com a taxa de síntese de ácidos graxos, com a percentagem de gordura
corporal e com a percentagem de gordura abdominal em aves.
A eficiência de deposição de proteína foi igual para os frangos alimentados com
dietas contendo somente L-valina (Val), L-valina e L-isoleucina (Val+Ile) ou L-valina,
L-isoleucina e glicina (Val+Ile+Gly). A suplementação da glicina e L-valina (Val+Gly),
no entanto, reduziu a eficiência de deposição da proteína, em relação à dieta somente
com L-valina (Val).
Sklan & Plavnik (2002) observaram que o desempenho das aves com dietas com
baixo conteúdo de proteína bruta foi limitada pela deficiência de aminoácidos
essenciais, e os altos níveis de proteína diminuíram a eficiência da utilização dos
aminoácidos, resultando também em diminuição no crescimento das aves. Por sua vez,
Aletor et al. (2000) verificaram correlação altamente significativa entre o aumento do
consumo de proteína e a redução da eficiência de retenção da proteína.
CONCLUSÕES
A utilização dos aminoácidos industriais L-valina e L-isoleucina na formulação
das dietas promove a redução da proteína bruta sem causar redução no desempenho dos
frangos de corte, enquanto que a glicina em dietas com redução abaixo de 1,88 pontos
percentuais não é recomendada.
131
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADAMS, K. A.; DAVIS, A.J. Dietary protein concentration regulates the mRNA
expression of chicken hepatic malic enzyme. Journal of Nutrition, v.131, p.2269–
2274, 2001.
AFTAB, U.; ASHRAF, M.; JIANG, Z. Low protein diets for broilers. World’s Poultry
Science Journal, v. 62, p. 688-701, 2006.
ALETOR V.A.; HAMID II; N.E.; PFEFFER, E. Low-protein amino acid-supplemented
diets in broiler chickens: effects on performance, carcass characteristics, whole body
composition and efficiencies of nutrient utilization. Journal of the Science of Food
and Agriculture, v.80, p.547-554, 2000.
ARAÚJO, L.F.; JUNQUEIRA, O.M.; ARAÚJO, C.S.S. Redução do nível protéico da
dieta, através da formulação baseada em aminoácidos digestíveis. Ciência Rural, v.34,
n.4, p.1197-1201, 2004.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Effect of low-protein diets on
growth performance and body composition of broiler chicks. Poultry Science, v.81,
p.1156–1167, 2002a.
BREGENDAHL, K.; SELL, J.L.; ZIMMERMAN, D.R. Prediction of whole-body
composition from the whole-body dry matter percentage of three-week-old broiler
chicks. Poultry Science, v.81, p.1168–1171, 2002b.
CAIRES, C.M.; CARVALHO, A.P.; CAIRES, R.M. Nutrição de frangos de corte em
clima quente. Revista Eletrônica Nutritime, v.5, n.3, p.577-583, 2008.
CELLA, P.S.; MURAKAMI, A.E.; FRANCO, J.R.G. Níveis de lisina digestível em
dietas baseadas no conceito de proteína ideal para frangos de corte na fase inicial.
Ciência Animal Brasileira, v.10, n.1, p.101-106, 2009.
CHAMPE, C.P.; HARVEY, R.A. Bioquímica Ilustrada. 2a edição. Editora Artes
Médicas, 1996. 446p.
132
CHENDRIMADA, T.P.; FREEMAN, M.E.; DAVIS, A.J. Dietary nitrogen intake
regulates hepatic malic enzyme messenger ribonucleic acid expression. Poultry
Science, v.86, p.1980–1987, 2007.
CORZO, A., KIDD, M.T., BURNHAM, D.J. et al. Dietary glycine needs of broiler
chicks. Poultry Science, v.83, p.1382–1384, 2004.
COSTA, F.G.P.; ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T. et al. Níveis dietéticos de
proteína bruta para frangos de corte de 1 a 21 e 22 a 42 dias de idade. Revista
Brasileira de Zootecnia, v.30, n.5, p.1498-1515, 2001.
KAMRAN, Z.; SARWAR, M.; NISA, M. et al. Effect of low-protein diets having
constant energy-to-protein ratio on performance and carcass characteristics of broiler
chickens from one to thirty-five days of age. Poultry Science, v.87, p.468–474, 2008.
KIDD, M.I.; KERR, B.J.; ALLARD, J.F. et al. limiting amino acid responses in
commercial broilers. Journal Applied Poultry Research, v.9, p.223-233, 2000.
KIDD, M.T.; BURNHAM, D.J.; KERR, B.J. Isoleucine needs of Ross male broilers.
British Poultry Science, v.45, p.67-75, 2004.
LEESON, S. Nutrição e qualidade de carcaça de frangos de corte. In: ANAIS DA
CONFERÊNCIA APINCO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AVÍCOLAS, 1995,
CURITIBA. Anais... Curitiba: FACTA, 1995, p.111-118.
NAMROUD, N.F.; SHIVAZAD, M.; ZAGHARI, M. Effects of fortifying low crude
protein diet with crystalline amino acids on performance, blood ammonia level, and
excreta characteristics of broiler chicks. Poultry Science, v.87, p.2250–2258, 2008.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirements of poultry (8th
Ed.), NATIONAL ACADEMY PRESS, Washington, DC, USA, 1994.
PARR, J.F.; SUMMERS, J.D. The effect of minimizing amino acid excesses in broiler
diets. Poultry Science, v.70, p.1540–1549, 1991.
PEGANOVA, S.; EDER, K. Interactions of various supplies of isoleucine, valine,
leucine and tryptophan on the performance of laying hens. Poultry Science, v.82,
p.100-105, 2003.
133
ROSTAGNO, H.S.; ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L. et al. Tabelas brasileiras para
aves e suínos: composição de alimentos e exigências nutricionais. 2ª ed. UFV/DZO,
2005, 186p.
SCHREURS, V.V.A.M.; TEN DOESCHATE, R.A.H.M.; BOEKHOLT, H.A. et al.
Physiological determinants to optimize metabolic utilization of dietary amino acids for
animal protein production. Netherlands Journal of Agricultural Science, v.42, n.1,
p.47-50, 1994.
SCHUTTE, J.B; PACK, M. Sulfur amino acid requirement of broiler chicken from
fourteen to thirty-eight days of age. 1. Performance and carcass yield. Poultry Science,
v.74, n.3, p.480-87, 1995.
SILVA, D. J.; QUEIROZ, A.C. Análise de alimentos (Métodos químicos e
biológicos). Viçosa: Universidade Federal de Viçosa, 2002, 235p.
SKLAN, D.; PLAVNIK, I. Interaction between dietary crude protein and essential
amino acid intake on performance in broilers. British Poultry Science, v.43, p.442-449,
2002.
SOHAIL, S.S.; BRYANT, M.M.; ROLAND, D.A. The effect of glycine
supplementation on performance of broilers fed sub-marginal protein with adequate
synthetic methionine and lysine. International Journal of Poultry Science, v.2, n.6,
p.394-397, 2003.
THORNTON, S.A.; CORZO, A.; PHARR, G.T. et al. Valine requirements for immune
and growth responses in broilers from 3 to 6 weeks of age. British Poultry Science,
v.47, n.2, p.190-199, 2006.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. SAEG – Sistema de análises
estatísticas e genéticas. Versão 8.0.Viçosa, MG:1999. 59p. (Manual do usuário).
WALDROUP, P.W.; JIANG, Q.; FRITTS, C.A. Effects of glycine and threonine
supplementation on performance of broiler chicks fed diets low in crude protein.
International Journal of Poultry Science, v.4, n.5, p.250-257, 2005.
134
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O aumento da produtividade dos frangos de corte com melhor aproveitamento
do alimento e redução dos custos por quilograma de carne produzida é uma
preocupação constantes dos nutricionistas.
O melhor balanceamento da proteína da dieta através da utilização de
aminoácidos industriais nas formulações é uma realidade que vem crescendo a cada dia
nas empresas avícolas. Os aminoácidos DL-metionina, L-lisina e L-treonina vêm sendo
utilizados há um bom tempo em dietas para frangos de corte com excelentes resultados
econômicos.
Entre as principais vantagens apontadas para a utilização de dietas com redução
protéica e suplementação de aminoácidos estão o melhor desempenho das aves, a
redução no custo da alimentação, a possibilidade da inclusão de alimentos alternativos
de baixo custo nas dietas, a maior eficiência de utilização da proteína e a diminuição da
excreção de nitrogênio para o meio ambiente.
No entanto, apesar das muitas vantagens da redução da proteína bruta das dietas
para frangos de corte, existem limitações para esta redução, relacionadas principalmente
à redução no desempenho e na qualidade de carcaça das aves em função da deficiência
de outros aminoácidos essenciais e/ou de nitrogênio para a síntese de aminoácidos não
essenciais.
No presente estudo foi avaliada a utilização de L-valina, L-isoleucina, glicina e
L-glutamato nas dietas para frangos de corte. Os aminoácidos valina e isoleucina são
considerados o quarto e o quinto limitantes nas dietas à base de milho e farelo de soja.
Desta forma, sua inclusão nas formulações das dietas promove uma redução na PB de
forma a melhorar o perfil dos aminoácidos, diminuindo os excessos a serem excretados.
A glicina e o L-glutamato foram utilizados como fonte de N para a síntese de
aminoácidos não essenciais.
De um modo geral, foi comprovado o benefício da redução da PB da dieta com a
inclusão dos aminoácidos industriais, tanto no desempenho quanto na redução da
excreção de N para o ambiente e na melhoria eficiência de deposição da proteína. No
entanto, a redução da PB, mesmo com a suplementação dos AAE, deve ser realizada
com critério, garantindo-se um aporte de N (proveniente de AANE ou e do ligeiro
135
excesso de AAE) suficiente para a síntese de AANE. De outra forma, os AAE passarão
a ser utilizados para a síntese de AANE, tornando-se deficientes e reduzindo,
conseqüentemente, a deposição protéica e o ganho de peso dos frangos.
A suplementação com glicina ou L-glutamato nas dietas com redução da PB
pode ter efeito poupador de AAE e melhorar o desempenho das aves. Entretanto, sua
utilização em excesso ou em dietas que não apresentem deficiência de AANE pode
provocar prejuízo ao desempenho das aves.
A redução da PB com a inclusão dos aminoácidos industriais resultou em maior
deposição de gordura corporal. Desta forma, os níveis de energia metabolizável
utilizados nestas dietas devem ser revistos, de forma a aliar melhor desempenho e
melhor qualidade do produto.
Enfim, os aminoácidos industriais chegaram para ficar e estão conquistando cada
vez mais espaço na indústria de nutrição animal e avícola. Cabe aos nutricionistas
estudarem a melhor forma para sua utilização objetivando maiores ganhos de
desempenho e econômicos, sem esquecer a qualidade do produto e do meio ambiente.
Recommended