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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM
ENGENHARIA E GESTO DO CONHECIMENTO
Marisa Arajo Carvalho
FRAMEWORK CONCEITUAL PARA AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO DAS COMUNIDADES VIRTUAIS DE
PRTICA NAS UNIVERSIDADES NO CONTEXTO DE e-GOV
Tese apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do
Conhecimento da Universidade Federal de Santa Catarina, como
requisito parcial para obteno do grau de Doutora em Engenharia e Gesto do
Conhecimento. Orientador:
Prof. Dr. Aires Jos Rover Coorientador:
Prof. Dr. Tarcsio Vanzin
Florianpolis
2013
Marisa Arajo Carvalho
FRAMEWORK CONCEITUAL PARA AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO DAS COMUNIDADES VIRTUAIS DE
PRTICA NAS UNIVERSIDADES NO CONTEXTO DE e-GOV
Esta Tese foi julgada adequada para a obteno do Ttulo de
Doutora em Engenharia e Gesto do Conhecimento na rea de
Concentrao Mdia do Conhecimento, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do
Conhecimento.
Florianpolis, 10 de maio de 2013
_________________________________________
Prof. Gregrio Jean Varvakis Rados, Dr.
Coordenador do Programa
Banca examinadora:
_________________________________________
Prof. Aires Jos Rover, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________________
Prof. Tarcsio Vanzin, Dr.
Coorientador
Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________________
Prof. Alice Theresinha Cybis Pereira, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
_________________________________________
Prof. Fernando Ayuda Galindo, Dr.
Universidad de Zaragoza
_________________________________________
Prof. Gustavo Raposo Pereira Feitosa, Dr.
Universidade de Fortaleza
_________________________________________
Prof. Luiz Antnio Moro Palazzo, Dr.
Universidade de Federal de Santa Catarina
_________________________________________
Prof. Orides Mezzaroba, Dr.
Universidade de Federal de Santa Catarina
Dedico esta Tese memria de meu
pai que tanto privilegiou minha
educao
AGRADECIMENTOS
Deus
Aos meus antepassados que oportunizaram a concluso de mais uma
etapa de vida
minha famlia que compreendeu o processo exaustivo da pesquisa
Aos professores Aires Rover e Tarcsio Vanzin pelo processo de
orientao pesquisa
Aos membros da banca examinadora os professores Alice T. Cybis
Pereira, Luiz Antnio Moro Palazzo, Orides Mezzaroba, Fernando
Ayuda Galindo, Gustavo Raposo Pereira Feitosa pela apreciao,
reviso e avaliao crtica que contribuiu para o aperfeioamento da
pesquisa
Aos especialistas que colaboraram na aplicao do mtodo Grupo Focal
para verificao dos requisitos-orientaes
Aos professores do EGC pelas disciplinas ministradas proporcionando o
entendimento e contribuio a pesquisa
Aos meus colegas do EGC e os queridos amigos pela convivncia e
apoio durante a pesquisa
A todos que, direta ou indiretamente, proporcionaram realizao desta
Tese
RESUMO
A evoluo da mdia Internet tem favorecido a reunio de pessoas com
interesses comuns na aprendizagem situada e coletiva, facilitando a
formao, comunicao e colaborao entre as Comunidades Virtuais de
Prtica (VCoPs) por meio da interface digital interativa. As VCoPs
tornam-se mais visveis a partir do uso das Tecnologias da Informao e
Comunicao (TICs), tais recursos disponibilizados pela mdia Internet
ampliam a condio da Rede no contexto das aplicaes de Governo
Eletrnico (e-Gov), especificamente as Universidades. Ressalta-se que a
Rede promovem as tecnologias colaborativas e, por conseguinte formas
de comunicao adequadas ao perfil e conhecimento especfico das
VCoPs. O Ambiente Virtual Colaborativo chamado de espao Ba onde se estabelece as interaes e a criao, organizao, aquisio,
disseminao, acesso, compartilhamento do conhecimento novo, por
conseguinte, as melhores prticas colaborativas das VCoPs. Entretanto,
pouco se investiga como formalizar e representar os processos
estruturantes- formao, comunicao e colaborao- das VCoPs nas
Universidades e sua contribuio efetiva na interao com o Governo.
Esta Tese tem como objetivo propor um framework conceitual do Ambiente Virtual Colaborativo para formalizar e representar os
processos estruturantes das VCoPs, e assim especificar uma
metodologia projetual da interface digital interativa, na promoo do
acesso e compartilhamento do conhecimento entre as VCoPs as
Universidades. As abordagens utilizadas nesta pesquisa so Interao
Humano-Computador (IHC) e Design Centrado no Usurio (DCU) e
apia-se na convergncia interdisciplinar de vrios modelos tericos das
VCoPs, Colaborao 2.0, Comunicao em Rede e Criao do
Conhecimento, expandindo assim a Teoria da Cognio Situada.
Respondendo questes referentes aos aspectos comunidade, ambiente e
conhecimento como conceitos-chave gerados a partir da inter-relao e
integrao conceitual destes modelos. O entendimento destes aspectos
contribuiu para elaborar e verificar os requisitos-orientaes que do
suporte metodologia projetual na concepo da interface digital
interativa. Para isso apresenta-se as telas da interface digital do
Ambiente Virtual Colaborativo.
Palavras-chave: Governo Eletrnico. Comunidades Virtuais de Prtica.
Ambiente Virtual Colaborativo. Framework Conceitual
ABSTRACT
The evolution of Internet media has favored for bringing people together with common interests in situated learning and collective,
facilitating the formation, communication and collaboration between the Virtual Communities of Practice (VCoPs) through the interactive
digital interface. The VCoPs become more visible with Information and
Communication Technologies (ICTs), these resources made available by the Internet media amplify the condition of the network in the context of applications of Electronic Government (e-Gov), specifically the Universities. It is emphasized that the network promotes collaborative
technologies and therefore forms of communication appropriate to the profile and expertise the VCoPs. The Collaborative Virtual Environment is named the Ba space which establishes the interactions and the
creation, organization, acquisition, dissemination, access, sharing new knowledge, therefore, best practices collaborative of VCoPs. However,
do not is researched as formalized and represent the processes
structural- training, communication and collaboration- VCoPs of the Universities their effective contribution in interacting with the Government. This thesis aims to propose a conceptual framework of the
Collaborative Virtual Environment to formalize and represent the
processes of structuring of the VCoPs, and thus specify a methodology projetual interactive digital interface, in promoting access and sharing
of knowledge between VCoPs Universities. The approaches used are the Human-Computer Interaction (HCI) and User Centered Design (DCU),
and is based on the interdisciplinary convergence of various theoretical models, providing the formalization and representation of the
conceptual framework as from the interrelation and integration of conceptual the models of VCoPs, Collaboration 2.0, Communication under Network and Knowledge Creation, thereby expanding the Theory
of Situated Cognition. Answering questions pertaining to community aspects, environment and knowledge as the key concepts generated from the interrelation and integration conceptual of these models.The
understanding of these aspects has contributed to elaborate and verify requirements-guidelines that give support to the project methodology in
the design of interactive digital interface. For that is presented the
wireframe of the digital interface Collaborative Virtual Environment.
Keywords: Electronic Government. Collaborative Virtual Environment. Virtual Communities of Practice. Conceptual Framework
SUMRIO
INTRODUO .................................................................................... 15
1.1 CONTEXTUALIZAO DA PESQUISA ................................ 15 1.2 PROBLEMA DE PESQUISA .................................................... 23 1.3 QUESTO DE PESQUISA ........................................................ 27 1.4 OBJETIVOS ............................................................................... 28
1.4.1 Objetivo Geral ................................................................... 28 1.4.2 Objetivos Especficos ........................................................ 28
1.5 JUSTIFICATIVA E ESCOPO DA PESQUISA ......................... 29 1.6 RELEVNCIA E CONTRIBUIO TERICA ...................... 31 1.7 ADESO DA PESQUISA AO PPEGC ...................................... 32 1.8 METODOLOGIA E REVISO SISTEMTICA ...................... 36 1.9 DESCRIO DOS CAPTULOS .............................................. 40
2 GESTO DO CONHECIMENTO E GOVERNO ELETRNICO ... 41 2.1 CRIAO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL ...... 41 2.2 GESTO DO CONHECIMENTO ............................................. 56 2.3 GOVERNO ELETRNICO ....................................................... 67 2.4 GESTO DO CONHECIMENTO E GOVERNO ELETRNICO
........................................................................................................... 82 3 COMUNIDADES VIRTUAIS DE PRTICA................................... 95
3.1 CULTURA MIDITICA E CIBERCULTURA ......................... 95 3.2 COGNIO SITUADA E COMUNIDADES DE PRTICA . 103 3.3 MODELO DE COMUNIDADES DE PRTICA .................... 106 3.4 COMUNIDADES DE PRTICA E COMUNIDADES
VIRTUAIS ...................................................................................... 122 4 PROCESSOS DE COMUNICAO .............................................. 135
4.1 CONCEITO DE COMUNICAO ......................................... 135 4.2 PARADIGMAS E TEORIAS DA COMUNICAO ............. 141 4.3 ABORDAGEM SISTMICA DA COMUNICAO ............. 146 4.4 EVOLUO DOS MODELOS DE COMUNICAO ......... 153 4.5 MODELO DE COMUNICAO EM REDE ......................... 166 4.6 COMUNICAO NAS COMUNIDADES VIRTUAIS DE
PRTICA........................................................................................ 179 5 AMBIENTE VIRTUAL COLABORATIVO .................................. 197
5.1 INTERAO HUMANO-COMPUTADOR E AMBIENTE
VIRTUAL ....................................................................................... 197 5.2 AMBIENTE VIRTUAL E AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO ......................................................................... 208
5.3 AMBIENTE VIRTUAL COLABORATIVO DE E-GOV........ 228 5.4 PROCESSOS COLABORATIVOS E MODELO DE
COLABORAO .......................................................................... 276 6 FRAMEWORK CONCEITUAL PARA AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO DE E-GOV .......................................................... 311 6.1 DEFINIO DE FRAMEWORK CONCEITUAL .................. 313 6.2 FRAMEWORK CONCEITUAL PARA AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO DE E-GOV...................................................... 318 6.3 DESCRIO E REPRESENTAO DO FRAMEWORK
CONCEITUAL ............................................................................... 323 6.3.1 Mdulo Esquema Inter-relacional ................................... 325 6.3.2 Mdulo Mapa Conceitual Integrativo .............................. 331
6.4 REQUISITOS DO AMBIENTE VIRTUAL COLABORATIVO
DE E-GOV ...................................................................................... 340 6.5 VERIFICAO DOS REQUISITOS-ORIENTAES .......... 344 6.6 INTERFACE DIGITAL DO AMBIENTE VIRTUAL
COLABORATIVO DE E-GOV...................................................... 356 6.6.1 Metodologia Projetual para Interface Digital .................. 357 6.6.2 Mdulo Projeto Conceitual ............................................. 367
7 CONCLUSES ................................................................................ 379 REFERNCIAS .................................................................................. 385 APNDICES ....................................................................................... 429 APNDICE A- Comunidade............................................................... 430 APNDICE B- Ambiente ................................................................... 431 APNDICE C- Conhecimento ............................................................ 432
15
INTRODUO
1.1 CONTEXTUALIZAO DA PESQUISA
Para Lemos (2004) o comeo do sculo XXI propiciou uma nova fase
da Sociedade da Informao, iniciada com a popularizao da Internet na
dcada de 80, e radicalizada com o desenvolvimento da computao sem fio,
pervasiva e ubqua, a partir da popularizao dos telefones celulares, das
Redes de acesso Internet sem fio Wi-Fi e Wi-Max, e da tecnologia bluetooth e 3G. Trata-se de transformaes nas prticas sociais, na vivncia do espao urbano e na forma de produzir e consumir informao, afirma o
autor. O termo Sociedade da Informao passou a ser utilizado como
substituto do conceito de Sociedade Ps-industrial e como forma de
transmitir o contedo especfico do novo paradigma tcnico-econmico,
afirma Werthein (2000). Uma Sociedade integrada por Redes complexas de
comunicao, que rapidamente produz e compartilha informaes chamada
de Sociedade da Informao.
A Sociedade da Informao est centrada nas Tecnologias da
Informao e Comunicao (TICs) e utiliza-se deste termo para descrever
uma Sociedade e uma economia que faz o melhor uso possvel das inovaes
tecnolgicas. A propagao mundial de TICs criou novas condies para a
emergncia da Sociedade do Conhecimento, incluindo a dimenso social,
cultural, econmica, poltica e institucional, e uma perspectiva mais
pluralstica e desenvolvimentista, como a globalizao. Sociedade do
Conhecimento compreendida como aquela na qual o conhecimento o
principal fator estratgico de riqueza e poder, tanto para as organizaes
quanto para os pases. Abrange as capacidades de criar, armazenar,
compartilhar e disseminar o conhecimento (Sveiby, 1998; Dvila Calle e
Silva 2008).
Segundo Castells (1999), o termo Rede denomina a um modo da
organizao social, cunhado pelo autor como Sociedade em Rede, resultante
da revoluo das TICs e da reestruturao da Sociedade capitalista. As
dimenses da complexidade espao-temporal da organizao social o ponto
de partida para a anlise de modelos de comunicao. Entende-se como
dimenses da complexidade espao-temporal a dimenso econmica e a
evoluo dos mercados. A Rede enquanto sistema de mdia se encontra
estruturada em torno principalmente da mdia Internet embasada em vrias
TICs. Destacando que a relao entre o mercado e a comunicao contribuiu
para a globalizao comunicativa, permitindo que diferentes membros da
comunidade, possam compartilhar conhecimentos, este o resultado trazido
pelas mudanas tecnolgica e comunicacional (Cardoso, 2011).
16
A evoluo da Teoria da Comunicao baseado no Modelo de
Comunicao em Massa e para o Modelo baseado na Comunicao em Rede
resultado de uma mudana tecnolgica, que imprime uma alterao no
sistema de mdia. E na forma como os usurios se utilizam da mdia, nos
processos de mediao tecnolgica, seja no espao privado ou pblico. O
Modelo de Comunicao em Rede refere-se a um sistema de mdia
principalmente a Internet onde a alta interatividade forma o seu modelo
organizacional.
A forma organizacional da Sociedade em Rede se caracteriza pela
interao, pela transformao das bases materiais da vida, do espao e tempo,
bem como pela cultura da Realidade Virtual construda por um sistema de
mdia, interconectado e diversificado, possibilitando diferentes nveis de
interao com o ambiente virtual. Os ambientes virtuais so projetados a
partir de tcnicas de computao grfica, que por meio de um sistema que
consiste na integrao de diversos componentes que permitem a execuo de
um mundo virtual. Uma vez que possvel interagir e explorar um mundo
por meio de dispositivos de entrada e de sada, se transforma em um
ambiente virtual ou ambiente de Realidade Virtual (Vince 2004).
A criao de ambientes virtuais est diretamente ligada com realismo
visual e interao usando os outros sentidos, e o usurio torna-se parte do
mundo virtual. O termo mundo virtual usado para denotar o mundo digital.
A Realidade Virtual ainda uma tecnologia que est constantemente em
desenvolvimento, e as novas tendncias tm como objetivo tornar a
computao e a comunicao abundantes e naturais, sem os jarges tcnicos
e outros dispositivos especializados que so disponibilizados pela Internet,
afirmam Carvalho e Rover (2006).
Para Kirner, (1996) a Realidade Virtual vem trazer ao uso do
computador um novo paradigma de interface digital interativa com o usurio.
Neste paradigma, o usurio no estar mais em frente ao monitor, mas sim,
sentir-se- dentro da interface digital. uma dimenso virtual da realidade,
onde os usurios interagem atravs de computadores interligados, que
conduz ao desenvolvimento de um ambiente virtual, promovendo a formao
de uma comunidade virtual que disponibiliza as informaes e se comunica
por meio das TICs, afirmam Guimares (1997) e Monteiro (2007).
As comunidades no Ciberespao esto ampliando e popularizando a
utilizao da Internet e das TICs. Os indivduos presentes no Ciberespao,
com objetivos semelhantes e com interesse comum no aprendizado, formam
as comunidades de prtica (CoPs). O conceito foi cunhado por Lave e
Wenger (1998) como comunidades que renem indivduos, especialistas e
amadores, por interesses comuns no aprendizado e principalmente na
aplicao prtica do aprendido. Estas se formam e interagem nos ambientes
17
virtuais, onde a participao e a colaborao so voluntrias ou incentivadas
pelo contexto organizacional, cujo propsito principal criar e compartilhar
os conhecimentos, tornando efetiva a comunicao.
A Teoria da Cognio Situada transfere o foco do aprendizado
individual para o aprendizado que acontece na interao com o meio, pois
os processos cognitivos so determinados pelo ambiente e pela ao do
indivduo ali inserido, afirma Vanzin (2005:43). A Cognio Situada deriva
das teorias cognitivistas e dos princpios scio-interacionistas. A
aprendizagem e criao do conhecimento sendo um processo de interao do
indivduo com o ambiente proporciona ao conhecimento uma dinmica em
permanente transformao e reconstruo em relao aos condicionantes
situacionais, possibilitando assim uma experincia adaptativa ao contexto
social, ecolgico e cultural. Lave e Wenger (1998) argumentam que a Teoria
da Cognio Situada remete ao processo denominado de Participao
Perifrica Legtima- a relao entre amadores e especialistas de uma
determinada profisso, pois o ponto de partida para a aprendizagem a
participao social em um determinado grupo. Cuja essncia no se restringe
ao conceito de proximidade, mas sim qualidade dos sistemas sociais,
contextos histricos e culturais na criao de conhecimento de determinadas
competncias, prticas e relaes.
Ao ingressar no ambiente virtual, as CoPs passam a ser consideradas,
de acordo com Terra e Gordon (2002) e por Von Wartburg et al (2005), como Virtual Communities of Practice (VCoPs) caracterizadas por interaes virtuais, pois baseiam-se primordialmente em espaos virtuais. Conforme
Preece (2000) pressupe um conjunto de diferenas ligadas especificidade
de novas formas de interao, existentes na Web 2.0. Anthony et al (2009)
consideram que as VCoPs aplicadas nas organizaes, reunidos em um
ambiente virtual colaborativo, proporcionam um trabalho com iniciativas
conjuntas, de forma colaborativa, proporcionando solues para problemas
comuns.
Straus (2002) refere-se ao termo colaborao como o processo de
planejar, resolver problemas e tomar decises, empregado pelas pessoas que
trabalham juntas em grupo, organizao ou comunidades. Segundo Pallof e
Pratt (2007), interao e colaborao so fatores crticos no processo de
desenvolvimento das VCoPs, sem estes conceitos no haveria comunidade.
A incluso de prticas colaborativas aumenta a comunicao e a
interatividade. Coleman e Levine (2008) desenvolveram o Modelo de
Colaborao 2.0 destacando o fator tecnolgico para efetiva colaborao. O
papel crtico da tecnologia de ajudar nas interaes entre as pessoas para
que estas possam estabelecer uma relao de confiana, a qual lhes permitir
compartilhar e coordenar o seu trabalho. A colaborao trata primeiramente
18
das pessoas, da confiana e da vontade de compartilhar conhecimento e
trabalho de uma maneira coordenada a fim de atingir um objetivo comum,
afirmam os autores.
Coleman e Levine (2008) afirmam que o sucesso para a colaborao
no depende apenas das funes, nem dos recursos, mas sim de como a
tecnologia se integra e apoia os processos crticos de uma organizao, e
como esta organizao administra o processo de mudana sistmica. Ento,
se faz necessria uma abordagem sistmica, para alcanar um sistema de
colaborao de sucesso. Pode-se afirmar que a utilizao das tecnologias
propicia o compartilhamento do conhecimento, porm a dimenso humana
como a comunicao, cognio e criatividade no so afetadas pelas
tecnologias.
O avano na computao e, por conseguinte, das novas TICs tornou o
computador mais acessvel e mais til, passando a atender mais indivduos
em diversos contextos. A rea de investigao da Interao Homem-
Computador (IHC) ganha importncia neste contexto, no fato de embasar os
seus estudos, estritamente, no ambiente virtual. A rea de IHC prioriza o
estudo de boas interfaces digitais e a relao entre o projeto e a efetiva
interao humana com os computadores e seus sistemas, e as aplicaes de
computador. A IHC constitui-se como uma rea da Tecnologia da
Informtica, voltada para a compreenso das relaes do homem com o
computador, assim sendo, abrange o Design Centrado no Usurio (UCD) que
est relacionado com os aspectos envolvidos desta interao. Sejam aspectos
fsicos, psicolgicos, comunicao, sade, relaes sociais ou prticas de
trabalho, afirma Andrade (2007). As pesquisas realizadas em IHC esto
embasadas nas caractersticas do comportamento humano que busca
informao e realiza tarefas no ambiente virtual, com objetivo de reformular
a interface digital e acomodar essas caractersticas, para obter boas
interfaces digitais. Dias (1994:1) define interface digital como uma
superfcie de contato com a informao, e tambm como um envelope para o
contedo, procurando-se adequar esta superfcie aos fatores humanos
envolvidos no processo de contato e s normas da organizao da
informao. O objeto principal de estudo da IHC o homem, mas, o objeto
de interesse prtico o sistema computacional (Andrade, 1998).
As TICs disponibilizadas na Internet alteram no apenas a velocidade
da comunicao, mas tambm o comportamento dos usurios no ambiente
virtual. Aplicando estas ao Governo Eletrnico (e-Gov), promovem
mudanas na forma como o Governo funciona internamente, como se
relaciona com a comunidade externa e interna, e como se relaciona com
outros Governos. Essa aproximao feita para superar obstculos da
comunicao entre as duas esferas. O termo e-Gov pode ser definido como o
19
uso das TICs disponibilizadas pela mdia Internet e, que objetiva o acesso as
informaes, servios e produtos de interesse pblico, assim como
conhecimento nos processos internos de Governo, de modo a agregar valor
a todos os envolvidos com a esfera pblica, como os cidados, as empresas,
entidades pblicas e outros Governos. Royo (2003) complementa que o e-
Gov se refere a programas de ao pblica que objetivam introduzir o uso
intensivo das TICs nos distintos processos de Design, implementao e
avaliao da Administrao Pblica.
A Internet tem como objetivo, no contexto do e-Gov, promover a
interao entre Governo e cidado, articular movimentos sociais, estabelecer
comunicao bidirecional, dentre tantas outras possibilidades de promoo da
Democracia e da participao dos cidados por meio do ambiente virtual.
Permite que os cidados localizados em posies geogrficas distintas
colaborarem atravs de um mundo sinttico controlado por computadores,
utilizando formas especficas de comunicao integradas a uma infra-
estrutura tal como a Internet. As formas de comunicao esto
disponibilizadas com objetivo dos usurios possam colaborar, produzir,
editar, comentar e avaliar contedos.
Por e-Gov entende-se substancialmente Administrao Pblica com o
apoio das TICs. Administrao Pblica definida no Brasil como rgos e
entidades que desempenham a atividade administrativa do Estado. A
organizao da Administrao Pblica Brasileira divide-se em administrao
direta e indireta, sendo que a direta composta pela Presidncia da Repblica e
pelos ministrios e a indireta composta por pessoas jurdicas de direito
pblico de capacidade exclusivamente administrativa, como as fundaes,
sociedade de economia mista, empresa pblica e autarquias, como por
exemplo, as Universidades Pblicas, vinculadas respectiva administrao
direta, que tm o objetivo de desempenhar as atividades administrativas de
forma descentralizada.
A evoluo das aplicaes de e-Gov est nas camadas de integrao de
servios, de gesto e entre poderes; participao nas decises; comunicao
de mltiplas vias e colaborao na disponibilizao de formas de
comunicao adequadas para formao de VCoPs, utilizando para isso a Web 2.0, Redes Sociais, crowdsourcing e Governo Aberto. Verifica-se que estas
aplicaes esto presentes por meio de ambientes virtuais com Dados Abertos
dos pases como os Estados Unidos, Austrlia, Reino Unido, Noruega, Nova
Zelndia, Grcia e Estnia. No Brasil citam-se como exemplos dos Dados
Abertos: IBGE, DataSus, IPEA, INPE, Portal da Transparncia.
No Brasil, o e-Gov segue uma srie de diretrizes e determinaes com
o objetivo de tornar o Governo acessvel ao cidado, aprimorando a prestao
dos produtos e servios pblicos para fortalecer a participao do cidado
20
pelo acesso a informao. Foram desenvolvidas diretrizes normativas e
recomendaes tcnicas para o Design e a administrao de websites ou
portais de e-Gov, respeitando os parmetros universais de gesto,
interoperabilidade, acessibilidade e usabilidade, focadas nas reais
necessidades dos cidados. Citam-se as diretrizes e determinaes registradas
em Modelos ou forma de Cartilhas: e-Ping (Padres de Interoperabilidade), e-
Mag (Modelo de Acessibilidade) e Padres Brasil e-Gov (Cartilha de
Usabilidade), Projeto Padres Brasil e-Gov (Cartilha de Redao Web), assim
como os projetos e iniciativas que esto aderentes a esses padres como os
portais: Brasil, Rede Governo/Guia de Servios Pblicos, Governo
Eletrnico, Documentao Civil, Quero Participar, Pginas da Transparncia
e Sistema de Gesto de Domnios (Bem-te-vi), Software Pblico.
A Gesto do Conhecimento compreendida, no mbito das polticas de
e-Gov, como um conjunto de processos sistematizados, com vistas conectar
pessoas com pessoas, pessoas com o conhecimento, promovendo a prtica
eficaz da criao de um novo conhecimento. Assim como processos
articulados e intencionais, capazes de incrementar a habilidade dos gestores
pblicos em criar, coletar, organizar, transferir e compartilhar informaes e
conhecimentos estratgicos para a tomada de decises, para a gesto de
polticas pblicas e para a incluso do cidado como produtor de
conhecimento coletivo. As prticas de Gesto do Conhecimento
organizacional, segundo o seu propsito central so: 1. captar e reutilizar o
conhecimento estruturado; 2. captar e compartilhar lies aprendidas com a
prtica; 3. identificar fontes e redes de expertise; 4. estruturar e mapear
conhecimentos necessrios para aumentar a performance; 5. mediar e
controlar o valor econmico do conhecimento; 6. sintetizar e compartilhar
conhecimento advindo de fontes externas (Batista et al, 2005).
Leask (2008, 2009) identifica duas tendncias pelas quais acredita que
a Gesto do Conhecimento torna-se importante para e-Gov: 1. aumento das
pesquisas e evidncias que do sustentao s decises dos profissionais, pois
a Sociedade tem uma expectativa de que os profissionais da rea pblica
demonstrem que seu trabalho realizado com base em pesquisas e
evidncias. Sendo que a Gesto do Conhecimento atualmente oferece
condies para o acesso e compartilhamento do conhecimento. A segunda
sobre o trabalho colaborativo virtual como meio de construir e manter o
conhecimento da organizao a exemplo das VCoPs.
Apesar dos nmeros crescentes, Fresneda (2009) adverte que a
formao de VCoPs ainda tem muito a avanar no Brasil, pois se trata de
mudana cultural para a Administrao Pblica. O trabalho nessas
organizaes ainda muito voltado para o aspecto presencial. Do total de
membros de uma comunidade, apenas 20% participam intensamente,
21
postando e-mails e discutindo os assuntos propostos. Os 80% restantes so
chamados de aprendizes legtimos perifricos, pois sua atitude passiva,
lendo as mensagens trocadas pelos demais. O Brasil ocupa uma posio
pouco privilegiada no cenrio cientfico internacional.
Nos anos 90, o e-Gov disponibilizou o acesso s Redes informatizadas
na esfera pblica, permitindo o processo de interao do cidado com os
vrios rgos. Para Fresneda e Gonalves (2007) implantar Gesto do
Conhecimento na Administrao Pblica no significa apenas disponibilizar
os servios pblicos on-line e melhorar sua forma de acesso ao cidado, mas implementar um conjunto de processos, mediados pela tecnologia, que
modifiquem as interaes entre os cidados e o Governo, e entre as
instituies das trs esferas de Poderes Federais e Governos Estadual e
Municipal. Assim como criar oportunidades para aperfeioamento dos
programas de e-Gov, pela incorporao de resultados de pesquisas recentes,
que indicam processos e tecnologias capazes de tornar esses programas mais
eficazes. Tais resultados tm sido objeto de estudo e desenvolvimento em
Universidades e centros de pesquisa, no Brasil e no exterior, desenvolvidos
colaborativamente, afirma Silva (2010). As agncias brasileiras de
financiamento incentivam a produo brasileira em veculos internacionais,
mas Meneghini (1998) alerta que os resultados de pesquisas brasileiras
publicados em bases indexadas correspondem apenas 20% a 25% do total. O
que no est indexada corresponde a cerca de 80% que se mantm pouco
visvel, Se os ttulos no so indexados, os autores no so citados, afirmam
Targino e Garcia (2000).
Diversos modelos de interao podem ser constitudos para formalizar
e garantir a interao produtiva do Governo com a Academia representada
pelas Universidades e centros de pesquisa. Os modelos bem formalizados e
regulados devem possibilitar aes colaborativas mais eficazes. O valor das
Universidades e centros de pesquisa pode ser objetivamente medido por sua
capacidade de produzir resultados analticos, cientficos e tecnolgicos que se
revertam em benefcios sociais, econmicos e culturais. O Governo se
beneficia de tais resultados, pois contam com estudiosos e especialistas nas
questes cientficas e tcnicas relevantes para seus projetos, de forma
operacionalmente otimizada, afirma Silva (2010).
Destacam-se como exemplo, os projetos da Organizao das Naes
Unidas (ONU), que mantm a Universidade das Naes Unidas (UNU)
www.unu.edu, uma instituio de pesquisa e ensino, possui o Centro de
Pesquisas em Governabilidade Eletrnica- http://www.egov.iist.unu.edu.
Com caractersticas semelhantes, mas com o escopo de atuao mais
diretamente focado s interaes do Estado com as Universidades, nos
Estados Unidos, pode ser destacado o Centro para Tecnologia em Governo,
http://www.unu.edu/http://www.egov.iist.unu.edu/
22
filiado Universidade de New York Albany- http://www.ctg.albany.edu.
Outro exemplo da Universidade de New York, o Instituto de Direito da
Informao e Poltica, com ateno especfica a questes regulatrias e legais,
assim como prticas sociais e de negcios, destaca-se o Workshop para
Projeto da Democracia- www.dotank.edu.
Cita-se como exemplo no Brasil, a interao entre Governo,
Universidades e centros de pesquisa como compartilhamento de
conhecimento, o Portal Inovao, www.portalinovacao.mct.gov.br que visa
facilitar a colaborao entre os membros das comunidades que atuam em
inovao, em particular a colaborao entre comunidade tcnico-cientfica e
empresas. Este projeto foi desenvolvido para a realizao dos objetivos da Lei
de Inovao Brasileira. Nesse contexto, os portais de websites apresentam-se
como ambientes virtuais integradores de vrios sistemas de informao,
facilitando a colaborao, capaz de coordenar, por meio de uma interface
digital, funcionalidades da intranet e extranet com os diversos sistemas
(Pacheco e Kern, 2003).
Outro exemplo no Brasil o Portal de e-Gov, Incluso Digital e
Sociedade do conhecimento- www.e-gov.ufsc.br, projeto de parceria entre a
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade de Zaragoza
(UNIZAR) e Agncia Espanhola de Cooperao Internacional para o
Desenvolvimento (AECID). O portal consultado com frequncia, com um
registro de 130.000 acessos ao ms. Tem como um dos projetos principais o
Observatrio de e-Gov, com o objetivo de pesquisar e desenvolver um
sistema de informao georeferenciada do oramento do Estado de Santa
Catarina. Cujo ambiente virtual permite ao cidado ter acesso s informaes
nas reas da sade, educao, judicirio, ambiental e segurana pblica, por
conseguinte, interagir e monitorar os produtos e servios especficos. Para
isso conta com o mapeamento das aes democrticas digitais e a
socializao das informaes extradas dos estudos do grupo de
pesquisadores de mestrado e doutorado dos programas de ps-graduao em
Direito e de Engenharia e Gesto do Conhecimento, no qual o observatrio se
mantm (Carvalho e Rover, 2010 b).
No estudo de Silva (2010) destacam-se evidncias existentes de que o
Governo Brasileiro se dirige para a constituio de modelos de interao forte
com as Universidades, contribuindo para o desenvolvimento de seu projeto de
e-Gov. Sendo que a participao das VCoPs nas Universidades, na discusso
dos rumos a seguir neste projeto, tem sido fomentada e bem recebida. Assim,
os Ambientes Virtuais Colaborativos so desenvolvidos e aprimorados para
atender s mais diversas instituies. Com a identidade e misso de criar e
compartilhar novos conhecimentos, e que estes venham atender a Sociedade.
As Universidades criam um ambiente favorvel a discusses entre as mais
http://www.ctg.albany.edu/http://www.dotank.edu/http://www.portalinovacao.mct.gov.br/http://www.e-gov.ufsc.br/
23
diversas reas com a inteno de responder s questes e problemas como o
desenvolvimento sustentvel na Sociedade contempornea e de outros
contextos atuais que permeiam o mundo. A produo de novos
conhecimentos fortalecer a Sociedade, no sentido de que se torne mais
humana, justa, democrtica e solidria.
neste dilogo entre as questes levantadas pela Sociedade e os novos
conhecimentos criados nas Universidades, se faz necessrio adeso aos
novos paradigmas: complexidade social, que definido por Capra (1992:25)
como uma constelao de concepes, de valores, de percepes e de
prticas compartilhados por uma comunidade, que d forma a uma viso
particular da realidade, a qual constitui a base da maneira como a comunidade
se organiza, e o paradigma tecnolgico que ...no evolui para seu
fechamento como um sistema, mas rumo a abertura como uma Rede de
acessos mltiplos. forte e impositivo em sua materialidade, mas adaptvel e
aberto em seu desenvolvimento histrico. Abrangncia, complexidade e
disposio em forma de Rede so seus principais atributos, afirma Castells
(1999:113). Resume-se o paradigma tecnolgico mdia Internet e as TICs
nas aplicaes de e-Gov. O ideal de Universidade para o sculo XXI, como
objeto processual, que se constri a medida das reflexes e necessidades
humanas, e que vo requerendo conhecimentos mais avanados de acordo
com a sua realidade social/econmica/poltica, caracterizao maior do locus
universitrio, afirma Lima et al (2000).
1.2 PROBLEMA DE PESQUISA
Verifica-se que o e-Gov um conceito em consolidao. Significa
mais que um Governo informatizado, com vistas a criar um Estado aberto e
gil para atender s necessidades da Sociedade. De acordo com Chua et al (2012) os Governos no mais estabelecem sua presena por meio de
interfaces digitais dos websites de e-Gov, com contedos estticos e capacidades transacionais. Fornecem a colaborao bilateral para que os
cidados e funcionrios do Governo se tornem parceiros e co-criadores de
informao e servios, para efetividade de acesso e compartilhamento do
conhecimento.
O advento da Internet no s revolucionou a forma como os Governos
recolhem e divulgam informaes aos cidados, mas tambm redefiniu as
expectativas pblicas de rgos governamentais e seus servios. Em grande
medida as interaes entre os Governos e cidados so moldadas por
iniciativas do e-Gov, que se referem a uma variedade de esforos que vo
desde a criao de uma participao online. Esta participao favorece os
24
cidados possam realizar transaes, assim como a integrao de sistemas
dispersos em diferentes nveis e para diferentes servios.
As VCoPs apoiam os processos da Gesto do Conhecimento nas
organizaes (Gouva et al, 2006), para isso o Governo Brasileiro vem desenvolvendo, programas de e-Gov que tm conduzido uma modernizao
do Estado mais participativo, transparente e eficiente. E suas funes, as
quais, ao se apropriarem da mdia Internet e das TICs, criam oportunidades
para aperfeioamento que ampliam sua eficcia, por meio da integrao com
as Universidades. As VCoPs nnas Universidadesas Universidades tm
condies de contribuir ativamente e de forma relevante para essa
proposio, afirma Silva (2010). Conforme o autor um Modelo de Interao
forte, produtivo e eficiente do Estado com as Universidades no Brasil, com
objetivo de modernizao da Administrao Pblica, tem se desenvolvido de
forma consistente e perene.
O problema inicial se caracteriza, apesar do nmero crescente na
Administrao Pblica das aplicaes de e-Gov que utilizam as VCoPs para
efetivao da colaborao, com um ndice baixo de investigao sobre como
visualizar o processo de comunicao mediada nas interfaces digitais.
Tambm no investigado como se d a colaborao por meio de um
ambiente virtual, para que se obtenha o sucesso no ciclo de vida de uma
VCoP. Para verificar as prticas colaborativas em um Ambiente Virtual
Colaborativo e como a sua interface digital favorece a visualizao dos
contedos e a interao em Rede, apresentam-se os termos relacionados s
VCoPs, os seus processos estruturantes- formao, comunicao e
colaborao. E sua importncia para a criao, acesso, compartilhamento do
conhecimento novo e as interaes advindas deste ambiente virtual chamado
de espao Ba.
A Web 2.0 se apresenta como um conjunto emergente de aplicativos interativos, com contextos ricos e fceis de usar. Chua et al (2012) em seu estudo sobre Web 2.0 no e-Gov investigaram, com base nas categorias de criao de conhecimento e processamento de uso destas aplicaes, quais as
formas de comunicao que so prevalentes em websites de e-Gov e de Bibliotecas Acadmicas e Pblicas. Investigaram tambm como a presena de
aplicaes da Web 2.0 se correlaciona com a qualidade percebida pelos
usurios. Em termos de aspectos especficos da qualidade do website, a fora de correlao mais forte para a qualidade do servio, seguido pela qualidade
do sistema e qualidade da informao. Isto implica que as agncias do
Governo continuam a adicionar vrias aplicaes da Web 2.0, no que se refere a qualidade percebida de seus websites provvel que melhore, afirmam os autores.
25
As Bibliotecas Acadmicas so consideradas o elo de conexo entre os
diversos departamentos de estudo e pesquisas nas Universidades. Por suas
caractersticas multidisciplinares, dispem de potencial intrnseco para
servios de Web 2.0, pois representa a memria institucional, afirma Garca- Rivadulla (2010). Implementar um Ambiente Virtual Colaborativo em uma
Universidade promover a aproximao entre pesquisadores, professores e
estudantes de reas distintas estabelecendo a colaborao, potencializando o
fluxo de informao, melhorando o aprendizado e acelerando a inovao.
Para Garca- Rivadulla (2010) as Bibliotecas Acadmicas tem uma excelente
vantagem para implementar aplicativos de Web 2.0 em seus servios, pois muitos de seus usurios esto familiarizados com a linguagem e
hipermeditica. Neste ponto especfico pode-se considerar a Biblioteca como
um espao de relaes para acessar e compartilhar o conhecimento,
considerado como espao Ba no paradigma da Gesto do Conhecimento.
Pode-se constatar nos estudos levantados, no mbito nacional e
internacional, que as Universidades Privadas privilegiam os processos mais
gerais relacionados ao atendimento do aluno, ao suporte para os cursos
oferecidos e divulgao de informaes destinadas ao pblico interessado
em ingressar na instituio. Enquanto que as Universidades Pblicas
analisadas priorizam informaes mais especficas, direcionadas
disseminao da pesquisa desenvolvida internamente ou em carter
institucional. Disponibilizando o acesso do registro dos contedos
informacionais e do conhecimento produzido na Universidade em
repositrios sem comunicao integrada e colaborativa como, por exemplo, o
banco de dados dos cursos de ps-graduao, ou mesmo pesquisas
interdepartamentais, portanto, no sistmica. O pouco acesso pertinente
produo de conhecimento de cada rea de pesquisa e seus respectivos
pesquisadores, sendo estes silos de conhecimentos no mbito da
Universidade.
Destaca-se que, de acordo com os estudos sobre Web 2.0 em e-Gov e Bibliotecas 2.0, as aplicaes mais utilizadas RSS e os blogs esto em
segundo lugar na maioria das Bibliotecas Acadmicas. O uso de redes sociais
no parece estar amplamente difundido, mesmo entre Bibliotecas. As
aplicaes wikis no so utilizadas para prestao de servios e assim
envolver os usurios participar como parceiros ativos, de acordo com
resultados destas investigaes, afirma Garcia-Rivadulla (2010). Estes
estudos mostraram que no h uma diretriz nica para o sucesso das VCoPs,
mas h indcios atravs de pesquisas empricas que apontam caminhos para
responder alguns pontos crticos nesse sentido quanto as formas de
comunicao mediadas.
26
O problema a ser abordado a formalizao e representao dos
processos estruturantes das VCoPs: quanto formao os fatores crticos de
sucesso para sua sustentao reside na cultura e no perfil de seus membros.
Segundo o Modelo de VCoPs, sob a perspectiva scio-tecnicista, as relaes
se estabelecem por meio de uma comunicao mediada por computador
conectado Rede. considerada tambm como fator crtico a atmosfera de
confiana nas relaes que se estabelecem no ambiente virtual com apoio de
uma plataforma tecnolgica confivel; reconhecimento dos seus membros
nos principais objetivos da comunidade; envolvimento com o domnio de
conhecimento da comunidade e declarao clara dos benefcios oferecidos
aos membros da comunidade.
Quanto colaborao as barreiras a serem transpostas, para a sua
efetivao, foram identificadas como: interpessoais, processuais,
tecnolgicas e culturais, tendo como resposta um Modelo de Colaborao 2.0
que se baseia em processos, tecnologia e pessoas, estando de acordo e em
correspondncia com as barreiras citadas acima. Neste modelo destacada a
importncia da seleo de tecnologias colaborativas, porm no so
indicadas as formas de comunicao mediadas decorrentes desta seleo.
Quanto ao processo de comunicao destaca-se que este se estabelece
a partir da seleo das formas de comunicao mediadas, mais adequadas ao
perfil dos participantes das VCoPs, logo, h um aumento da colaborao.
Adotando para isso um ambiente virtual fundamentado na Realidade Virtual,
onde a interface digital interativa a motivadora deste processo. Verificou-se
uma vasta pesquisa voltada aos aspectos da usabilidade e acessibilidade das
interfaces digitais e que devam fazer parte da natureza de todo o ambiente
virtual, devido aos diferentes perfis de usurios que o acessam. Entretanto,
constatou-se a ausncia ou poucos registros de estudos em Web 2.0
apontando as formas de comunicao mediadas em ambientes virtuais, como
por exemplo, os chats, wikis e os fruns de discusso disponveis para o perfil das VCoPs- pesquisadores das Universidades.
Destaca-se na reviso de literatura que no houve identificao de um
ambiente virtual facilitando os processos estruturantes de formao,
comunicao e colaborao das VCoPs em vrias reas de pesquisa existente
nas Universidades. Os conhecimentos cientficos dos centros e
departamentos das Universidades no esto disponveis como Dados
Abertos, por isso no h o Empoderamento por parte dos participantes das
VCoPs, conceitos estes principais para o Governo 2.0 que privilegiam a
transparncia e a interao com o usurio por meio das aplicaes da Web 2.0.
Inicialmente a formulao do problema se faz a partir da compreenso
dos Modelos de Interao entre Governo e as VCoPs nas Universidades, que
27
apoiam Gesto do Conhecimento, no que diz respeito o acesso e
compartilhamento do novos conhecimentos, contribuindo para gesto interna
nas Universidades e governana eletrnica. Sendo que os estudos de e-Gov
destacam as formas de comunicao mais utilizadas nas aplicaes de Web 2.0 direcionadas s Bibliotecas Acadmicas apoiadas na Gesto do
Conhecimento no que diz respeito s categorias do conhecimento. Verifica-
se na reviso de literatura de que no h estudos que inter-relacione e integre
os processos estruturantes das VCoPs, assim como no h o estabelecimento
das caractersticas fortes de e-Gov como Dados Abertos e Empoderamento
para as VCoPs nas Universidades. Para que isso acontea se faz necessrio
que a Universidade tenha uma Gesto interna baseada em Dados Abertos e
Empoderamento para que as VCoPs atuantes e futuras se tornem mais
visveis e transparentes por meio de um Ambiente Virtual Colaborativo. A
visibilidade das VCoPs atuais e futuras tem resultado na promoo da
interao, acesso e compartilhamento do conhecimento, e por conseguinte,
na gerao das prticas colaborativas.
A presente Tese prope um framework conceitual de um Ambiente
Virtual Colaborativo para as VCoPs nas Universidades. Para isso
selecionado o espao virtual compartilhado Ba, de acordo com a proposta de Nonaka, Toyama e Konno (2000), situado na Biblioteca Acadmica Central.
Espao este selecionado por representar e preservar a memria institucional,
assim como convergir e integrar os vrios sistemas de informao existentes
em cada centro de pesquisa das Universidades e dos sistemas polticos do
Governo, se estendendo Sociedade. E por fim especificar uma metodologia
projetual para a concepo das interfaces digitais que favoream a
visualizao das formas de comunicao mediadas nas interfaces digitais.
Com vistas ao entendimento de como se formaliza os processos
estruturantes das VCoPs nas Universidades e como podem ser representados
por meio das interfaces digitais do Ambiente Virtual Colaborativo, a Tese
presente oferece uma possibilidade de resposta por meio de uma proposio
de um framework conceitual. A pesquisa das VCoPs no contexto de e-Gov
apresenta a convergncia das principais caractersticas: Dados Abertos e
Empoderamento, promovendo o acesso e compartilhamento do
conhecimento.
1.3 QUESTO DE PESQUISA
Como formalizar e representar os processos estruturantes das
Comunidades Virtuais de Prtica nas Universidades em um Ambiente Virtual
Colaborativo?
28
1.4 OBJETIVOS
De modo a responder pergunta de pesquisa que norteia este estudo
de tese, foram definidos os objetivos apresentados a seguir:
1.4.1 Objetivo Geral
A presente Tese tem por objetivo geral formalizar e representar os
processos estruturantes das Comunidades Virtuais de Prtica nas
Universidades na proposio de um framework conceitual para Ambiente Virtual Colaborativo
1.4.2 Objetivos Especficos
As etapas necessrias consecuo do objetivo geral so:
1. Identificar na reviso de literatura os modelos e estudos para estruturao dos processos de formao, comunicao e colaborao das Comunidades
Virtuais de Prtica
2. Identificar um espao Ba virtual na Universidade para o acesso e compartilhamento de novos conhecimentos
3. Indicar as formas de comunicao que esto alinhadas s categorias da criao do conhecimento para efetivao das prticas colaborativas
4. Identificar a inter-relao e integrao dos conceitos-chave dos Modelos de Comunidades Virtuais de Prtica, Comunicao, Colaborao,
Conhecimento e estudos de aplicaes de Web 2.0 em e-Gov
5. Propor um framework conceitual para o Ambiente Virtual Colaborativo na formalizao dos processos estruturantes das Comunidades Virtuais de
Prtica nas Universidades
6. Elaborar e verificar os requisitos-orientaes para o Ambiente Virtual Colaborativo levando em conta modelos, abordagem e aspectos inter-
relacionados para representao do framework conceitual no contexto de e-Gov
7. Especificar uma metodologia projetual para interface digital interativa do Ambiente Virtual Colaborativo para promover os processos estruturantes das
Comunidades Virtuais de Prtica nas Universidades
29
1.5 JUSTIFICATIVA E ESCOPO DA PESQUISA
A pesquisadora atua desde 2002 na rea da docncia em Design,
destacando os estudos de IHC e Ergonomia de Interfaces Digitais que
propiciou, a saber, das dificuldades, necessidades e o potencial das
comunidades virtuais na mdia Internet, sob o foco das interfaces digitais.
Por outro lado, o seu envolvimento no estudo dos ambientes virtuais de e-
Gov, aconteceu quando do ingresso no grupo de pesquisa CNPQ: Governo
Eletrnico, Incluso Digital e Sociedade do Conhecimento, no qual este
grupo estabeleceu parceria com a Universidade de Zaragoza nos estudos e
aplicaes de e-Gov Ibero-Americano.
A parceria possibilitou-lhe vrias publicaes nacionais e
internacionais na rea de concentrao de pesquisa- Mdias e Conhecimento
e linha de pesquisa- Teoria e prtica em Mdias e Conhecimento. Embora de
forma resumida, este histrico define o envolvimento da pesquisadora com a
temtica proposta nesta pesquisa de tese. Destaca-se o estudo de IHC com
foco em interfaces digitais para as VCoPs, pouco explorada nos estudos de e-
Gov, consequentemente nas Universidades. Ratifica-se, que o objeto de
estudo elencado para esta investigao, ir agregar valores em sua formao
acadmica, bem como, para a realizao de pesquisas futuras no grupo de
pesquisa a qual pertence.
O tema da presente pesquisa envolve as VCoPs no contexto do e-Gov,
apresentando alguns pontos especficos que so citados pela convergncia de
assuntos abordados. Nesta pesquisa prope-se um framework conceitual que
visa formalizar e representar os processos de formao, comunicao e
colaborao, a partir do entendimento dos modelos inter-relacionados e
integrados, embasado na comunicao e colaborao das VCoPs. O
framework conceitual integra e expande o Modelo de Colaborao 2.0 proposto Coleman e Levine (2008), na stima etapa do processo colaborativo
indicando quais as formas de comunicao correspondentes as categorias de
criao do conhecimento e processamento das aplicaes de Web 2.0. Para
conceber framework conceitual sero abordadas as reas de IHC e Design Centrado no Usurio para dar suporte Metodologia projetual da interface
digital interativa do Ambiente Virtual Colaborativo. Faz-se necessrio
elaborar os requisitos-orientaes para complementar a proposio do
framework conceitual direcionando os aspectos comunidade, ambiente e
conhecimento pertinentes concepo da interface digital interativa.
O framework conceitual composto de um esquema e mapa conceitual formalizando os processos estruturantes das VCoPs e que possam convergir e
integrar os vrios sistemas de informao existentes em cada centro de
pesquisa da Universidade, em um nico ncleo principal, compreendido
30
como espao virtual compartilhado definido de Ba. Um espao para
estabelecer o acesso e compartilhamento de conhecimento entre os
laboratrios e centros de pesquisa das Universidades e Governo. O
framework conceitual direcionado aos tomadores de deciso e equipe multi e interdisciplinar no desenvolvimento do Ambiente Virtual
Colaborativo.
Para elucidar como as VCoPs representam a base de uma estratgia de
acesso e compartilhamento de conhecimento, apoiando-se nas aes de
planejamento estratgico com foco na expertise dos seus membros, ou seja,
visam tornar insumos sua poltica de Gesto do Conhecimento nas
aplicaes de e-Gov. Para isso busca-se teorias e estudos em Web 2.0 que
possam favorecer uma proposta de um framework conceitual mais prximo
da realidade, que promova os processos estruturantes nas VCoPs nas
Universidades, assim como as referencias de sucesso das aplicaes de e-
Gov. Entende-se as VCoPs nas Universidades- os pesquisadores que
produzem o conhecimento cientfico integrados reas de competncia e
interesses coletivos ou individuais, resultando em acesso e compartilhamento
desse conhecimento.
Os Ambientes Virtuais Colaborativos representam uma contribuio
aos sistemas de Governo especificamente o Governo Brasileiro, para
construir sistemas inovadores que levem desejada modernizao do Estado,
apropriam-se dos resultados provenientes das Universidades e centros de
pesquisa. Dessa forma, a aproximao do Governo com os centros de
pesquisa e inovao , na realidade, inevitvel e incontestvel, afirma Silva
(2010). Entretanto, no seu desenvolvimento, as metodologias exploram
pouco os processos comunicativos e colaborativos entre as VCoPs, o que
dificulta, assim o acesso e compartilhamento do conhecimento.
Pode-se citar, como importante questo desta pesquisa e muito visvel
nos artigos relacionados, a ineficincia na investigao dos processos
estruturantes das VCoPs da Universidade em Ambiente Virtual Colaborativo.
Nesta Tese no ser estudado o contexto da aprendizagem e da cognio, ou
mesmo os fatores de sucesso das VCoPs, assuntos caractersticos do tema. O
objetivo aqui a pesquisa efetivo dos ambientes virtuais para formalizao e
representao dos processos estruturantes das VCoPs ao longo do seu ciclo
de vida. Apontando para isso os requisitos-orientaes para concepo das
interfaces digitais. A presente pesquisa abordar as VCoPs em Ambientes
Virtuais Colaborativos no contexto de e-Gov, especificamente aplicado
Universidade.
31
1.6 RELEVNCIA E CONTRIBUIO TERICA
A relevncia desta pesquisa est circunscrita a constatao da ausncia
de uma proposta de um framework conceitual para o Ambiente Virtual Colaborativo das VCoPs nas Universidades, localizado em um nico ncleo
de acesso e compartilhamento do conhecimento. Entende-se por ncleo uma
unidade acadmica como a Biblioteca Acadmica Central, considerada nesta
pesquisa como um espao virtual para interaes e estabelecimento das
relaes sociais em Rede, intitulado de Ba. Na reviso sistemtica de literatura evidencia-se diversos estudos para
a formao das VCoPs, identificando diversos fatores que so denotados
como crticos de sucesso para a sobrevivncia dessas comunidades.
Entretanto, na fase de reviso sistemtica desta Tese, no foram encontradas
evidncias de estudos que abordassem a interligao entre os termos VCoPs,
e-Gov e Gesto do Conhecimento, de forma a promover a criao, acesso e o
compartilhamento de conhecimento pelas VCoPs nas Universidades. Diante
disso, entende-se que tais estudos apresentem pouca consistncia operacional
no entendimento das VCoPs investigando seus processos estruturantes, que
se estendem na criao, acesso e o compartilhamento de conhecimentos.
Pelo exposto, salienta-se que a originalidade desta pesquisa reside na
proposio de um framework conceitual de Ambiente Virtual Colaborativo
no contexto de e-Gov. A lacuna diagnosticada na investigao cientfica
fomentou o aprofundamento dos estudos na rea. Desta forma, a reviso de
literatura permitiu estabelecer um dilogo com teorias, modelos e estudos
atuais. A inter-relao e integrao conceitual de modelos tericos como:
Criao do Conhecimento, Comunicao em Rede, Comunidades Virtuais de
Prtica, Colaborao 2.0 e mais os estudos de Web 2.0, traduziram a
abordagem sistmica desta Tese. O resultado no a seleo de uma Teoria
como aporte para a pesquisa e sim a elaborao de novos conhecimentos que
surgem a partir de vrias Teorias pertinentes teorizao do framework conceitual.
Como resultado do dilogo, a pesquisa amplia o entendimento dos
fundamentos da Teoria da Cognio Situada por meio da contribuio da
abordagem IHC e Design Centrado no usurio, contribuindo para o
aperfeioamento e avano da cincia ao propor um framework conceitual na formalizao em ambiente virtual dos processos de formao, comunicao e
colaborao das VCoPs. Constitui-se de importncia para a aplicao de e-
Gov, por conseguinte, a originalidade e relevncia descrita acima, e
qualificam esta pesquisa acadmica na categoria de Tese.
32
1.7 ADESO DA PESQUISA AO PPEGC
Considerando a dinmica multidisciplinar, dialgica das pesquisas
desenvolvidas no Programa de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do
Conhecimento/PPEGC e, tendo o conhecimento como fator principal de
investigao cientfica, o tema de pesquisa abordado apresenta aderncia, na
medida em que busca valer-se das trs reas constituintes do PPEGC, para
estabelecer a proposta do framework conceitual para Ambiente Virtual
Colaborativo para o acesso e compartilhamento de conhecimento das VCoPs.
O presente e o futuro sero determinados essencialmente pela
habilidade em usar o conhecimento, sendo que o importante recurso a
incorporao dos ativos de conhecimento: capital intelectual humano e a
tecnologia para a qualidade e produtividade do conhecimento, afirma Shariq
(1997). Pode-se definir conhecimento como o estado interno dos seres
humanos que resulta da entrada e processamento da informao durante o
aprendizado, a realizao de tarefas e solues inovadoras do conhecimento.
Esta definio implica que o conhecimento, em sentido estrito, deve ser
associado com os seres humanos (Stanoevska-Slabeva, 2002).
Segundo Takeuchi e Nonaka (2008), pode-se distinguir dois tipos de
conhecimento: tcito e explcito. O conhecimento explcito dito em
linguagem e nmeros; pode ser codificado e transmitido, precisamente,
porque foi analisado e separado em partes discretas. Os elementos modelos
mentais, premissas, habilidades e capacidades e que no se tem muita
conscincia, os quais Polanyi (apud Sveiby, 1998) chama de conhecimento
tcito.
A principal questo a ser levantada nos estudos de Gesto do
Conhecimento como o conhecimento tcito e explcito nos indivduos e
organizaes pode ser codificado, armazenado e faz-lo disponvel para uso
ou reuso posterior, de forma independente do ser humano (Stanoevska-
Slabeva, 2002). O conhecimento tcito individual e est nas aes e
experincias, bem como em suas ideias, valores e emoes. Este tipo de
conhecimento difcil de formalizar, adquirir, comunicar e compartilhar.
Aquisio de conhecimento, ou seja, sua transformao de tcito para
explcito conhecimento, bem como armazenamento e compartilhamento de
conhecimento so duas grandes preocupaes de pesquisa em Gesto do
Conhecimento. Ento a Gesto do Conhecimento refere-se a todas as
atividades necessrias para a gesto efetiva da criao, aquisio,
armazenamento, compartilhamento, estruturao, representao e
distribuio dos ativos de conhecimentos, internamente e entre organizaes
e indivduos.
33
O instrumento bsico para a compartilhamento de conhecimento a
comunicao. Como resultado, ocorre o intercmbio de conhecimentos em
espaos de comunicao, o que Nonaka e Konno (1998) chamam de Ba. O Ba um espao de encontro fsico ou um espao virtual criado pela mdia digital. Ao longo da histria, vrios meios de comunicao tm aparecido e
so capazes de armazenamento e compartilhamento de conhecimento. A
mdia pode ser classificada em dois grupos: mdias naturais ou humanas
vinculadas, como por exemplo, o DNA e o crebro humano; e a mdia
independente dos seres humanos, tais como o papel e os ambientes virtuais.
O conceito de Mdias do Conhecimento foi introduzido por Stefik em
1986, com base na interao e no meio digital inteligente, afirma
Stanoevska-Slabeva (2002). Os meios de comunicao mais recentes para o
armazenamento e compartilhamento de conhecimentos so as mdias digitais
resultante da convergncia de informaes e tecnologia de comunicao. A
autora enfatiza, que nos estudos de Stefik, a integrao, a interao e a
interoperao dos sistemas especialistas proporcionaria uma nova infra-
estrutura de comunicao que permitiria a rpida difuso do conhecimento.
Para contemplar a discusso da difuso do conhecimento Lvy (1993),
(1998) estudou a relao das tecnologias e a inteligncia humana e cunhou os
termos tecnologias da inteligncia e inteligncia coletiva. Lvy (1998)
utiliza analogia da Rede para indicar a formao de uma inteligncia
coletiva e distribuda por toda parte, incessantemente valorizada,
coordenada em tempo real, e que resulta em uma mobilizao efetiva das
competncias. Nos estudos mais recentes o autor defende a participao em
comunidades virtuais como um estmulo formao de inteligncias
coletivas, s quais os indivduos podem recorrer para trocar informaes e
conhecimentos (Lvy, 1999, 2001 e 2002).
As VCoPs pelas suas caractersticas sociais e de comunicao
representadas pelo resultado da interao e colaborao, situa-se mais
efetivamente na rea da Mdia e Conhecimento. Esta oferece Gesto do
Conhecimento metodologias e formas de compartilhamento e disseminao,
tornando a comunicao mais efetiva no processo de gesto. Estas
metodologias e recursos tecnolgicos de compartilhamento compem a parte
estrutural de uma comunidade.
A Gesto do Conhecimento substancialmente reforada atravs dos
recursos que as TICs oferecem. O uso de tecnologias avanadas aproxima
indstria, laboratrios de Governo e a comunidade de inteligncia,
conduzindo programas de desenvolvimento e aplicaes computacionais
especficas apoiando as necessidades dos profissionais do conhecimento e
das organizaes, afirma Shariq (1997). A Sociedade de Gesto do
Conhecimento proposta pelo o autor requerer um forte e sustentando
34
compromisso da instituio/organizao, de uma liderana visionria, de um
grupo empreendedor de Universidades/comunidades, conduzindo parceiros
principais na indstria e Governo. O autor defende que a pesquisa deve ser
mantida pela colaborao das Universidades, Governo e indstria organizada
como Sociedade. Os tpicos a serem aplicados e estudados para
compreenso dos processos e prticas para gerao, identificao,
assimilao e compartilhamento do conhecimento, como um recurso de
inovaes fundamentais ao indivduo nos nveis organizacionais, poltica e
Sociedade.
Antes de compartilhar o conhecimento, dever ser externalizado,
afirma Nonaka (1997). Um sistema baseado em conhecimento visto como a
construo de um conjunto de modelos relacionados a um comportamento de
soluo de problemas (Abel, 2007). A construo de sistemas que utilizam o
conhecimento so chamados de sistemas de inteligncia artificial, e que esto
voltados para as tcnicas de aquisio para explicitao do conhecimento de
especialistas, da organizao e de seu contexto; da codificao em diversos
formalismos de representao, assim como a transferncia do conhecimento
de um especialista para uma base, o que prope a Engenharia de
Conhecimento. Um sistema especialista uma forma de sistema baseado no
conhecimento especialmente projetado para emular a especializao humana
de algum domnio especfico, permitindo e definindo estratgias de
integrao com os demais sistemas da organizao. Os sistemas baseados em
conhecimento so sistemas computacionais que tratam problemas
complexos, como o uso do conhecimento.
A Engenharia do Conhecimento est voltada em dois
desenvolvimentos: a estrutura de compartilhamento do conhecimento
estabelecida pelo crescimento da World Wide Web (www), e a identificao
do conhecimento como fator chave de produo, ao lado do capital e trabalho
(Studer et al 2004). A sobrecarga da WWW com informaes irrelevantes levou necessidade do desenvolvimento da computao para apoio a Gesto
do Conhecimento. Os recursos computacionais objetivam aquisio e/ou
utilizar o conhecimento organizacional para a tomada de deciso, assim
como para a comunicao via intranet ou extranet.
A Gesto do Conhecimento dada sua viso de organizao como uma
estrutura de conhecimento, permite novas abordagens de bases cognitivas
para concepo e desenvolvimento das pesquisas. A importncia da Gesto
do Conhecimento reconhecido no apoio das prticas processuais para
codificar ou mesmo recuperar o conhecimento explicitado ou armazenado
nos repositrios, neste caso das VCoPs. Para codificar e recuperar o
conhecimento tcito torna-se mais complexo, pois este tipo de conhecimento
est interiorizado nos indivduos. O conhecimento tcito decorrente de
35
experincias profissionais, relatos, ideias, valores e emoes, tornando-se um
grande desafio para a Gesto do Conhecimento recuperar, codificar e
armazenar e assim conceber e desenvolver inovao sob o ponto de vista
cientfica.
Enfatiza-se que o conhecimento tcito est materializado ou descrito
nos relatos registrados nos ambientes virtuais das VCoPs, ento se faz
necessrio que as formas de comunicao sejam adequadas e
disponibilizadas na interface digital interativa para facilitar a aquisio e
compartilhamento do conhecimento tcito. As Mdias do Conhecimento
oferece Gesto do Conhecimento metodologias e tcnicas de criao,
compartilhamento e transferncia de conhecimento, tornando a comunicao
mais efetiva no processo de gesto para assim incrementar os ativos
intangveis que as interaes virtuais que proporcionam ao colaborativa,
por isso a rea das Mdias do Conhecimento ganha importncia, justificando
o estudo a ser apresentado nesta Tese.
O desenvolvimento da investigao da Tese, por meio de uma
abordagem interdisciplinar, ser proporcionado pela rea de Engenharia e
Gesto do Conhecimento, tendo um aporte terico de maior concentrao na
rea de Mdias do Conhecimento, sendo que a integrao e a analogia do
tema a ser estudado se estabelecem com as outras reas do programa da
seguinte forma: 1. a Gesto do Conhecimento, que envolve a formao, a
cultura e a infra-estrutura da organizao est relacionado com as VCoPs
porque possibilita o entendimento dos processos estruturais do conhecimento
e o contexto da comunidade ; 2. a Engenharia do Conhecimento, com seus
processos e recursos tecnolgicos de aquisio, armazenamento e
representao do conhecimento de especialistas est relacionado com
sistemas computacionais integrados que possibilitar para a concepo e
aplicao de novos artefatos para representao do conhecimento; e 3. as
Mdias do Conhecimento, se preocupa com o processo comunicacional,
assim como a visualizao, disseminao e compartilhamento de
conhecimento por meio do conceito da interface digital, visando os ativos de
conhecimento, conforme a Figura 1:
Figura 1: Abordagem Interdisciplinar de Pesquisa Fonte: Elaborado pela Autora
36
1.8 METODOLOGIA E REVISO SISTEMTICA
A metodologia estuda os meios ou os mtodos de investigao do
pensamento correto e do pensamento verdadeiro, que visam delimitar um
determinado problema, analisar e desenvolver observaes, critic-las e
interpret-las a partir das relaes de causa e efeito, afirma Oliveira (2000).
Este pesquisa se enquadra por identificar um problema e, a partir do seu
escopo, resolv-lo seguindo mtodos. Adotouse a pesquisa exploratria, que
visa proporcionar tornar o problema explcito ou construir o conhecimento
cientfico. A pesquisa exploratria envolve levantamento bibliogrfico,
entrevistas com especialistas com experincia prtica em relao ao
problema pesquisado e anlise de benchmarking na busca das melhores
prticas, assim como o estudo de caso. O benchmarking um mtodo em que o processo sistemtico estruturado etapa a etapa, a fim de recolher
informao e avaliar os mtodos de trabalhos no mercado. Estudo de Caso
pressupe-se que o conhecimento s possa ser obtido atravs de construes
sociais (Klein e Myers, 1999). Este mtodo adequado para pesquisar a
relao entre o contexto e o fenmeno (Pinsonneault e Kraemer, 1993).
A reviso de literatura levantada nesta Tese evidencia a possibilidade
de fazer convergir os temas de Teoria da Cognio Situada, da Teoria da
Comunicao, dos estudos de IHC e da abordagem do Design Centrado no
Usurio na proposta de um framework conceitual. Permite estruturar o domnio do conhecimento e a arquitetura das plataformas computacionais
voltadas construo dos ambientes virtuais. Para tanto, a metodologia
utiliza-se do Mtodo de Triangulao (Denzin, 1979) ou Pesquisa Multi-
mtodos (Brewer e Hunter, 1989), que reconhece a combinao e o
cruzamento de mltiplos pontos de vista.
Conforme Creswell (2003:18), os pressupostos (ou paradigmas), as
estratgias e o mtodo contribuem como um todo para uma abordagem de
pesquisa quantitativa, qualitativa ou multi-mtodos. Para o autor a
importncia das trs abordagens devido a um crescente interesse no uso da
pesquisa qualitativa, uma emergncia nas abordagens multi-mtodos e um
contnuo uso das formas tradicionais de delineamento quantitativo. Sendo
assim, este trabalho ir adotar como instrumentos de investigao a pesquisa
bibliogrfica sobre o tema e a problemtica das VCoPs- pesquisadores em
Ambientes Virtuais Colaborativos, contendo anlises qualitativas e
quantitativas, e uma elaborao de requisitos-orientaes com a aplicao de
questionrio fechado verificados por especialistas em VCoPs e e-Gov. Todas
as anlises adotadas referem-se identificao das formas de comunicao
usadas pelas VCoPs, o modo como acessam e compartilham o conhecimento
no ambiente virtual.
37
A abordagem da pesquisa qualitativa adotada um mtodo de
investigao til para explorar e compreender um fenmeno central. Elabora-
se questes gerais e analisam-se as opinies registradas dos participantes
especialistas envolvidos no processo. A partir desses dados, interpreta-se o
significado das informaes com base em pesquisas anteriores. Para que
possam ser identificadas as formas de comunicao, necessita-se de uma
anlise sobre os requisitos ou conceitos-chave comuns que caracterizam as
formas de comunicao mais usadas pelas VCoPs e como a literatura aborda
essas questes de comunicao no sentido de enfatizar a colaborao em
uma comunidade, tendo em vista os seus processos estruturantes.
Nesta Tese so utilizados vrios mtodos para a anlise e verificao
da questo de pesquisa. Richardson (1999) define mtodo como um
procedimento regular, explcito e possvel de ser repetido para efetivao do
objetivo, seja material ou conceitual. Mtodo pode ser considerado como o
procedimento ao longo de um caminho. Os mtodos constituem-se nos
instrumentos bsicos que ordenam o pensamento em sistemas, pois traam de
modo ordenado forma de proceder do pesquisador ao longo de um processo
para alcanar um objetivo.
A abordagem dos mtodos nesta Tese, conforme sugerem Lakatos e
Marconi (2005) segue o mtodo indutivo e dedutivo. O mtodo indutivo de
acordo com as autoras um processo mental, a partir de dados constatados,
infere-se uma verdade geral ou universal, no contida nas partes examinadas.
A generalizao no buscada como ponto de partida, pois pode ser
constatada a partir da observao de um nmero de casos concretos e
confirmados dessa realidade. Os dados obtidos por meio deste mtodo
podem ser qualitativos. Busca-se ento interpretar o objeto em termos do seu
significado, fornecendo subsdios para que se possa descrever o fenmeno
posteriormente.
Deste modo, o objetivo dos argumentos indutivos levar a concluses
cujo contedo muito mais amplo do que o das premissas na quais se
basearam. Para o mtodo dedutivo parte-se do geral para o particular,
explicitando o que est implcito atravs de uma lgica, ou seja, nesta Tese a
interpretao da inter-relao e integrao dos Modelos Tericos dedutivo,
na indicao das formas de comunicao indutivo a partir da identificao
de um gap no Modelo de Colaborao 2.0 apresentado posteriormente. Sob o ponto de vista da abordagem do problema, o mtodo
qualitativo. Segundo Richardson (1999) o mtodo qualitativo quando
estabelece a compreenso detalhada dos significados e das caractersticas
situacionais apresentadas pelo problema. Tem como objetivo descrever a
complexidade do problema, analisar a interao de certas variveis,
compreender e classificar processos dinmicos vividos por grupos sociais, ao
38
invs da produo de medidas quantitativas de caractersticas ou de
comportamentos.
No que se refere abordagem dos objetivos, esta pesquisa
considerada exploratria e descritiva. A pesquisa exploratria
caracterizada, para Alyrio (2008), pela existncia de poucos dados
disponveis, em que se procura aprofundar e apurar ideias e a construo de
hiptese. A pesquisa exploratria, segundo Gil (1995), desenvolvida com
objetivo de proporcionar viso geral, de tipo aproximativo, acerca de
determinado fato. Este tipo de investigao realizado em rea na qual h
pouco conhecimento acumulado e sistematizado que, por sua natureza de
sondagem no comporta hipteses, sendo possvel que as hipteses possam
surgir durante ou ao final da pesquisa. Esta pesquisa de Tese foi realizada por
meio de um levantamento bibliogrfico, com o objetivo de proporcionar uma
maior familiaridade com o problema, com vistas a torn-lo mais explcito
(Lakatos e Marconi, 2005).
Em seguida tal pesquisa realizada por um levantamento de estudos
de aplicaes de Web 2.0 em e-Gov, com o auxlio da pesquisa descritiva. A
pesquisa descritiva , segundo Trivios (1987) e Gil (1995), uma busca em
reconhecer e interpretar a realidade sem interferir ou modific-la. Visa
descrever as caractersticas de determinada populao, fenmeno ou o
estabelecimento de relaes entre variveis. Envolve o uso de tcnicas
padronizadas de coleta de dados: questionrio e observao sistemtica,
procurando descrev-los, classific-los e interpret-los.
Busca tambm a enumerao e a ordenao de dados, sem o objetivo
de comprovar ou refutar hipteses exploratrias, abrindo espao para uma
nova pesquisa explicativa, fundamentada na experimentao ou assume, em
geral, a forma de levantamento. A pesquisa descritiva aquela com que o
pesquisador observa, registra, analisa e correlacionam fatos ou fenmenos.
Neste tipo de pesquisa, no h interferncia do pesquisador, isto , no h
manipulao do objeto da pesquisa. Procura descobrir a frequncia com que
um fenmeno ocorre, sua natureza, caracterstica, causas, relaes e
conexes com outros fenmenos.
Os dados coletados desta Tese tiveram como base a reviso
bibliogrfica, que contemplou questes a respeito da formalizao e
representao dos processos estruturantes das VCoPs; da apresentao das
funcionalidades e aspecto tecnolgico do ambiente virtual da comunidade;
descrio da dimenso do processo de comunicao em sua evoluo; dos
aspectos crticos das prticas colaborativas das VCoPs; da inter-relao dos
elementos estruturais principais dos Modelos Tericos; e a integrao dos
principais conceitos-chave destes modelos e relacionados criao, ao
acesso e o compartilhamento de conhecimentos resultando em requisitos-
39
orientaes para a elaborao da interface digital Ambiente Virtual
Colaborativo.
A reviso sistemtica uma reviso planejada para responder a uma
pergunta especfica e que utiliza mtodos explcitos e sistemticos para
identificar, selecionar e avaliar criticamente os estudos, e para coletar e
analisar os dados destes estudos includos na reviso. Os resultados obtidos e
sintetizados nesta pesquisa foram realizados por meio de disciplinas no EGC,
reunies de orientao. E, principalmente, estudos especficos de livros,
artigos cientficos, documentos publicados em diversos anais, journals, revistas cientficas nacionais e internacionais, relacionados com o tema de
interesse, tendo como referencial terico de reviso sistemtica dos autores
Crossan e Apaydin (2009).
Para identificar o problema de pesquisa, foi realizada uma pesquisa
bibliogrfica em bases de dados nacionais e internacionais. Destaca-se que
na reviso de literatura realizada para investigar a questo de pesquisa, ou
seja, a inexistncia acerca dos Ambientes Virtuais Colaborativos para VCoPs
nas Universidades. Na literatura existente encontra-se muitos estudos
especficos para Ambientes Virtuais de Aprendizagem inseridos no mbito
da Universidade, aps essa anlise inicial o tema de pesquisa foi
determinado. A reviso sistemtica se deu por meio das bases de dados
nacionais e internacionais. Para identificao do problema foram
selecionadas e utilizadas oito publicaes principais de um total de quinze
publicaes cientficas relevantes pesquisa entre os anos de 1990 2012,
sendo as reas de pesquisa: multidisciplinar e sociais aplicadas.
A partir dos cinco artigos selecionados e analisados na reviso
sistemtica, foi possvel sintetizar os termos e conceitos dos diferentes
autores e aportes tericos. Estabeleceu-se relaes importantes entre os
principais conceitos, visando alcanar os objetivos iniciais do estudo no
entendimento 1. da criao e compartilhamento do novo conhecimento; 2.
dos processos de formao, comunicao e colaborao das VCoPs, e 3. das
caractersticas dos conceitos-chave do Governo 2.0. Assim, a pesquisadora
selecionou os estudos: de Nonaka; Toyama; Konno (2000) investigando a
Teoria da Aprendizagem Organizacional no Espao Ba como fator principal do Modelo de Criao do Conhecimento; de Lave; Wenger (1988), pela
Teoria da Cognio Situada estabelecida no Modelo de VCoP; de Cardoso
(2003;2007;2009) na evoluo da Teoria Sociolgica da Comunicao que se
apresenta no Modelo de Comunicao em Rede; de Coleman; Levine (2008)
na investigao dos processos tecnolgicos como suporte para o Modelo de
Colaborao 2.0. E na definio do termo Governo 2.0, os estudos de
Ropponen (2010) e no Modelo de Maturidade de e-Gov pelos autores Lee e
Kwak (2012); na interao do Governo e Universidades tem-se o Modelo de
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Interao proposto por Silva (2010); e nos estudos de Chua et al (2008;
2010; 2012) as aplicaes de Web 2.0 em obteno de perspectivas na
proposio do framework conceitual para Ambiente Virtual Colaborativo.
1.9 DESCRIO DOS CAPTULOS
Apresenta-se os captulos que compem a proposio do texto de
Tese:
1. No captulo I apresenta-se o projeto de pesquisa e a reviso sistemtica de literatura, a qual apresenta um conjunto de consideraes de pesquisas,
relacionada s caractersticas das VCoPs e o estado da arte das propostas de
aplicaes de Ambiente Virtual Colaborativo de e-Gov, e apresenta-se o
procedimento metodolgico da pesquisa, bem como, o processo emprico
para subsidiar e possibilitar a verificao da proposta de framework conceitual
2. No captulo II delineia-se a Fundamentao Terica para subsidiar a elaborao da pesquisa. Inserem-se neste captulo a relao da Gesto do
Conhecimento e e-Gov, e a contribuio do Modelo de Criao do
Conhecimento traz para o estabelecimento da evoluo do Governo 2.0
3. O captulo III apresenta-se os fundamentos da Cultura Meditica e na sequncia, apresentam-se os fundamentos da Teoria da Cognio Situada
para explicar as caractersticas e o comportamento das VCoPs na
Cibercultura
4. O captulo IV apresenta-se a evoluo dos processos comunicativos e o atual Modelo de Comunicao situado no paradigma em Rede para discutir o
processo de comunicao nas VCoPs
5. O captulo V descreve-se os fundamentos da IHC para compreender o desenvolvimento dos ambientes virtuais sob a abordagem de Design
Centrado no Usurio. Destaca-se o Modelo de Colaborao 2.0 para
responder a seleo das formas de comunicao para favorecer as prticas
colaborativas
6. No captulo VI proposto um framework conceitual para o Ambiente Virtual Colaborativo, embasados na inter-relao e integrao conceitual dos
modelos tericos estudados anteriormente, para delinear os requisitos-
orientaes que correspondem a primeira fase da metodologia projetual da
interface digital interativa
7. No captulo VII encerra-se o texto apresentando as consideraes finais, estudos futuros e as referncias bibliogrficas
41
2 GESTO DO CONHECIMENTO E GOVERNO ELETRNICO
2.1 CRIAO DO CONHECIMENTO ORGANIZACIONAL
O que conhecimento? Esta questo estudada pelos filsofos ao
longo do tempo sem que se tenha chegado a um consenso. O termo
epistemologia - teoria do conhecimento provm da palavra grega episteme
que significa verdade absolutamente certa ou crena verdadeira justificada. O
conhecimento, indicando uma teoria, isto , uma explicao ou interpretao
filosfica do conhecimento humano. Conhecimento um peculiar fenmeno
da conscincia, apresentando trs elementos principais: o sujeito, a imagem e
o objeto. Pelo sujeito, o fenmeno do conhecimento toca na esfera
psicolgica; pela imagem, com a lgica; pelo objeto, com a ontolgica. Um
conhecimento diz-se verdadeiro se o seu contedo concorda com o objeto
designado. O conceito de verdade assim, o conceito de uma relao.
Exprime uma relao de contedo, do pensamento, da imagem, com o
objetivo (Hessen, 1987).
No dicionrio Webster, conhecimento definido como os fatos,
verdades ou princpios adquiridos a partir de estudo ou investigao;
aprendizado prtico de uma arte ou habilidade; a soma do que conhecido
com o que ainda pode ser aprendido. Conhecimento pode ser considerado
como uma forma de capital. Neste mesmo dicionrio define-se capital como
qualquer forma de riqueza empregada com objetivo de se produzir mais
riqueza, a habilidade do ser humano, sua formao, gerando uma forma de
conhecimento, podendo ser considerado capital na forma humana ou capital
humano. No mesmo dicionrio, define-se tecnologia como aplicao do
conhecimento no trabalho. O desenvolvimento do conhecimento um pr-
requisito para o desenvolvimento de tecnologia, pois novos conhecimentos
levam a novas tecnologias, gerando mudana na economia e que, por sua
vez, promove mudana social e, consequentemente, mudana poltica e de
paradigma, ou seja, conduzindo um processo de mudana como um todo.
A palavra conhecer deriva do grego gnosis, atravs do latim noscere significando tambm saber. A palavra cognio e o verbo notar derivam da
mesma fonte. O sufixo mento se relaciona a processo ou ao. Existem
muitas definies para conhecimento, mas uma definio que se provou ser
til a capacidade para ao eficaz, no contexto atual. Esta definio no
considera conhecimento sinnimo de informao acumulada. Informao
confundida com conhecimento, sendo definida como notcia ou inteligncia
transmitidas por palavras ou na forma escrita; fatos ou dados. Na opinio de
Crawford (1994) quando se diferencia informao de
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