View
213
Download
0
Category
Preview:
Citation preview
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
JOÃO PAULO ROMANELLI
PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A
IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO
DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS
OURO BRANCO-MG
2016
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO JOÃO DEL-REI – UFSJ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIAS
PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
JOÃO PAULO ROMANELLI
PROPOSTA DE UM MÉTODO DE AVALIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL VISANDO A
IDENTIFICAÇÃO E O MAPEAMENTO DE REGIÕES SENSÍVEIS À INSTALAÇÃO
DE NOVAS PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS EM MINAS GERAIS
Dissertação de mestrado apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Tecnologias para o
Desenvolvimento Sustentável da Universidade
Federal de São João Del-Rei como parte dos
requisitos necessários para obtenção do título de
Mestre em Tecnologias para o Desenvolvimento
Sustentável.
Orientador: Professor Dr. Rogério Antônio Picoli
Coorientador: Professor Dr. Luiz Gustavo M. da Silva
OURO BRANCO-MG
2016
AGRADECIMENTOS
À Deus e meus guias espirituais que têm me sustentado com seu amor e misericórdia ao longo
de toda a vida.
Aos meus pais, meus irmãos e a minha namorada, que formam a minha base emocional; sem
a força de vocês eu não teria conseguido.
Aos amigos queridos Cássia, Mayara e Débora que foram grandes companhias durante o
mestrado e agora para a vida.
Aos amigos e familiares que me apoiaram com orações e palavras amigas.
Ao meu orientador Prof. Rogério Antônio Picoli pela oportunidade e confiança.
Ao meu coorientador Prof. Luiz Gustavo M. da Silva pela amizade, dedicação e
companheirismo.
Aos professores do PPGTDS pelo conhecimento compartilhado.
À UFSJ-CAP pela oportunidade de cursar o mestrado.
À CAPES pelo apoio financeiro.
Muito Obrigado!
“Everybody is a genius. But if you judge a fish by its ability to climb a tree, it will live its
whole life believing that it is stupid.”
Albert Einstein
RESUMO
As discussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o desenvolvimento de
políticas voltadas ao incentivo da participação das fontes renováveis de energia para o
atendimento da demanda por esse recurso. No caso do Brasil, a exploração do potencial
hidrelétrico representa uma opção estratégica para o país, principalmente por ter caráter
renovável. Nesse sentido, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) têm um papel
importantenos planos de expansão do parque de geração de energia elétrica nos próximos
anos. Dessa forma, propõe-se uma ferramenta de auxílio ao processo de planejamento da
instalação de novas PCH’s nas bacias hidrográficas do estado de Minas Gerais; partindo de
considerações sistêmicas e das recomendações das abordagens da Avaliação Ambiental
Estratégica (AAE) e da Avaliação Ambiental Integrada (AAI). Por meio da manipulação dos
dados do Zoneamento Ecológico e Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG) e da utilização da
técnica de suporte à decisão AHP (Analytic Hierarchy Process), foram elaborados cenários de
restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s),
buscando apontar as áreas mais sensíveis à instalação desses empreendimentos. Para a
validação da metodologia, foram analisadas duas Unidades de Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos: a UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba e a UPGRH PS2
– Afluentes Mineiros dos Rios Pomba e Muriaé. O resultado da ponderação dos pesos das
variáveis mostrou-se satisfatório segundo o método AHP, obtendo-se o valor de Razão de
Consistência 0,0689. O resultado da análise dos cenários de restrições socioambientais
apresentou valores condizentes com a realidade das duas regiões analisadas, concluindo-se
que a metodologia é efetiva para a avaliação socioambiental de PCH’s.
Palavras-chave: pequenas centrais hidrelétricas; avaliação socioambiental; análise
hierárquica de processos; zoneamento ecológico e econômico de Minas Gerais
ABSTRACT
Discussions on global climate change have encouraged the development of policies to
stimulate the participation of renewable energy sources to meet the demand for this resource.
In Brazil, the exploitation of hydropower potential is a strategic option for the country, mainly
for having renewable character. In this sense, small hydropower plants (SHP) have an
important role in the expansion plans of the electricity generation park in the coming years.
Thus, we propose a tool to aid the process of planning the installation of new SHPs in river
basins of Minas Gerais; starting from systemic considerations and recommendations of the
approaches of the Strategic Environmental Assessment (SEA) and Integrated Environmental
Assessment (IEA). Through manipulation of the data of the Ecological and Economic Zoning
of Minas Gerais (ZEE-MG) and the use of support technical decision AHP (Analytic
Hierarchy Process) have been drawn up environmental restrictions scenarios in geographic
information systems (GIS's ), seeking to identify the areas most sensitive to the installation of
this kind of enterprises. To validate the methodology, we analyzed two Units of Planning and
Management of Water Resources: the UPGRH PN3 - Afluentes mineiros do Baixo Paranaíba
and UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé. The result of the weight of
the weights of the variables was satisfactory according to the AHP method, getting the
consistency ratio value 0.0689. The result of the analysis of environmental constraints
scenarios presented consistent values with the realities of the two regions analyzed,
concluding that the methodology is effective for the environmental assessment of PCH.
Keywords: Small hydroelectric plants; environmental assessment; hierarchical process
analysis; ecological and economic zoning of Minas Gerais
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Potencial hidroenergético por região, (p. 7)
Figura 2. Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma
PCH, (p.16).
Figura 3. Fluxograma das etapas de implantação de uma PCH, (p. 18).
Figura 4. Fluxograma de elaboração do cenário de restrições socioambientais (p. 51).
Figura 5. Região Hidrográfica do Paraná, (p. 83).
Figura 6. Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, (p. 84).
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais
separadas em grupos temáticos, (p. 6).
Tabela 2. Indicadores ambientais e indicadores socioeconômicos considerados na elaboração
do índice ISUH (NT DEA 21/10), (p. 33).
Tabela 3. Indicadores de impactos ambientais, indicadores de impactos socioeconômicos e
indicadores de benefícios socioeconômicos considerados na NT DEA 17/12, (p. 33).
Tabela 4. Síntese da análise socioambiental integrada dos projetos de UHE e PCH para a
região sudeste, (p. 34).
Tabela 5. Conversão de classes da componente fauna para o sistema utilizado no ZEE-MG,
(p. 37).
Tabela 6. Conversão de classes da componente flora para o sistema utilizado no ZEE-MG, (p.
39).
Tabela 7. Estimativa do risco potencial de erosão com base na associação das variáveis
erodibilidade e declividade, (p. 42).
Tabela 8. Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparatives, (p. 45).
Tabela 9. Matriz de comparação pareada e pesos calculados, (p.46).
Tabela 10. Índices de Consistência Randômicos (IR), (p. 48).
Tabela 11. Definição dos pesos de cada variável com base no método AHP, (p. 49).
Tabela 12. Definição de notas dos componentes de legenda das variáveis com base nos
atributos estabelecidos pelo ZEE-MG, (p. 50).
Tabela 13. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PN3, (p.
54).
Tabela 14. Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PS2, (p.
55).
Tabela 15. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH
PN3, (p. 56).
Tabela 16. Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH
PS2, (p. 57).
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
1.1 Objetivos ............................................................................................................................... 3
1.1.1 Objetivo geral .................................................................................................................... 3
1.1.2 Objetivos específicos ......................................................................................................... 3
1.2 Procedimentos e Métodos ..................................................................................................... 4
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS ............................................................................................. 6
2.1 RECURSOS HÍDRICOS ................................................................................................... 6
2.1.1 Potencial hidrelétrico brasileiro ......................................................................................... 6
2.1.2 Viabilidade ambiental da instalação de novas PCH’s ....................................................... 8
2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S .................................... 11
2.2.1 O setor elétrico nacional: o caso das PCH’s .................................................................... 11
2.2.2 Procedimentos de autorização e outorga para implantação de pequenas centrais
hidrelétricas .............................................................................................................................. 14
2.2.3Procedimentos de implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil ................... 17
2.2.4 Impactos ambientais de pequenas centrais hidrelétricas: considerações sobre suas
diferentes tipologias .................................................................................................................. 20
2.2.5 Licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas .......................................... 24
2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL ...................................................... 26
2.3.1 Avaliação Ambiental Estratégica .................................................................................... 26
2.3.2 Avaliação Ambiental Integrada ....................................................................................... 28
2.3.3 Esforços governamentais para o aprimoramento da gestão ambiental ............................ 31
3 SELEÇÃO, JUSTIFICATIVA E INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS ................... 35
3.1 Meio Biótico ....................................................................................................................... 35
3.1.1 Prioridade de conservação da fauna ................................................................................ 35
3.1.2 Prioridade de conservação da flora .................................................................................. 37
3.1.3 Prioridade de conservação da ictiofauna ......................................................................... 39
3.2 Meio Físico ......................................................................................................................... 41
3.2.1 Erodibilidade e Inclinação do terreno .............................................................................. 41
3.3 Componentes-Síntese ......................................................................................................... 42
3.3.1 Unidades de Conservação ................................................................................................ 42
3.3.2 Tribos Indígenas .............................................................................................................. 43
4 ESPACIALIZAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS ........................ 44
4.1 Método da Análise Hierárquica de Processos (AHP) ......................................................... 44
4.2 Elaboração e composição dos cenários de restrições ......................................................... 48
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 52
5.1 Análise do cenário de restrições socioambientais para PCH’s ........................................... 52
5.1.1 UPGRH PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba (Bacia hidrográfica do Rio
Paranaíba) ................................................................................................................................. 52
5.1.2 UPGRH PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé (Bacia do rio Paraíba do
Sul) ........................................................................................................................................... 54
5.2 Discussões .......................................................................................................................... 55
6 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 61
ANEXO I ................................................................................................................................. 73
ANEXO II ................................................................................................................................ 74
ANEXO III .............................................................................................................................. 75
ANEXO IV .............................................................................................................................. 76
ANEXO V ................................................................................................................................ 77
ANEXO VI .............................................................................................................................. 78
ANEXO VII ............................................................................................................................. 79
ANEXO VIII ........................................................................................................................... 80
ANEXO IX .............................................................................................................................. 81
ANEXO X ................................................................................................................................ 82
ANEXO XI .............................................................................................................................. 83
ANEXO XII ............................................................................................................................. 84
1
1 INTRODUÇÃO
As discussões sobre as mudanças climáticas globais têm incentivado o
desenvolvimento de políticas voltadas ao estímulo da maior participação das fontes
renováveis de energia na composição da matriz energética dos países (THE WORLD BANK,
2010). Desde a entrada em vigor do Protocolo de Quioto, em 16 de fevereiro de 2005,os
projetos de MDL1 - Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, cresceram significativamente, e
em 2012, com o fim da vigência do Protocolo, registrou-se um grande número de projetos
dessa natureza pelo mundo(USA, 2014).
Segundo dados do The World Bank (2010) a América Latina contribui com o maior
porcentual de geração de energia renovável mundial, considerando as diferentes fontes de
geração dessa categoria.
No Brasil, de acordo com o Balanço Energético Nacional (BEN, 2015), a participação
das fontes renováveis na composição da matriz energética nacional representou em 2014,
39,4% do total de energia gerada, ao passo que a média mundial em 2012 era de 13, 2%.
Dessa forma, o país se mantém com as mais elevadas médias mundiais de geração de energia
renovável.
Considerando a matriz elétrica brasileira, a participação das fontes renováveis é ainda
maior. Esse fato decorre, dentre outros fatores, a participação expressiva do potencial
hidrelétrico já instalado. Ademais, segundo Tolmasquin (2012), aproximadamente 10% de
todo o potencial hidráulico técnico mundial encontra-se no Brasil, portanto, o aproveitamento
desse recurso é estratégico para o país. No ano de 2014 a geração hidráulica representou
65,2% de todo o potencial elétrico gerado (BEN, 2015).
O parque hidrelétrico brasileiro, ao longo do século XX,desenvolveu-se priorizando a
construção de grandes usinas hidrelétricas, controladas principalmente por estatais
(ELETROBRÁS, 2000). Durante esse período, as pequenas centrais hidrelétricas (PCH’s) não
tinham participação expressiva no contexto hidroenergético do país (CARNEIRO, 2010).
No entanto, o endividamento e a falência de algumas dessas estatais, além dos
entraves ambientais associados à aprovação desses projetos, favoreceram a ascensão de um
1 O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, tornou-se uma alternativa para os países em
desenvolvimento buscarem investimentos em infraestrutura e tecnologia limpa, além da criação de um mercado
internacional de créditos de carbono (certificados emitidos quando há a redução da emissão de gases poluentes
que podem ser negociados em um mercado internacional) (MMA, 2007).
2
novo modelo setorial, baseado na privatização de concessionárias de energia
(ELETROBRÁS, 2000; LEÃO, 2008). Foi então que, por volta de 1980 se verificou um
aumento significativo no número de PCH’s no Brasil (ELETROBRÁS, 2000).
As PCH’s ainda surgem nesse contexto como uma das saídas para a questão da crise
energética de 2001. Dessa forma, diversos esforços governamentais promoveram a expansão
dessa classe de empreendimentos, de modo que a elevação da oferta de energia se desse de
forma rápida e eficiente (SOUZA et al., 2002).
Dentre os diversos esforços governamentais que buscaram o incentivo às “fontes
alternativas” de energia, destaca-se o PROINFA – Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica, instituído com objetivo de aumentar a participação da
energia elétrica produzida por empreendimentos de produtores independentes autônomos,
com base em PCH, fonte eólica e biomassa (ANEEL, 2003; CARNEIRO 2010). Esse
programa visou à expansão da oferta de energia emergencial e àuniversalização do serviço
público de energia elétrica, através da fixação dessas fontes no Sistema Interligado Nacional –
SIN (MME, 2010; CARVALHO, 2014).
Esse marco representou um passo importante no sentido da diversificação e
descentralização da matriz elétrica nacional, e estimulou a viabilização econômica das PCH’s
(FARIA, 2011). Além de simplificar o processo de outorga, o Governo concedeu uma série
de outros benefícios com o objetivo de intensificar os investimentos nesse setor (ANEEL,
2003).
Com isso, em comparação com as exigências do processo de licenciamento ambiental
para as demais categorias de aproveitamentos hidrelétricos, as aprovações de alguns projetos
de PCH’s passaram a ter modelos simplificados de avaliação de impactos ambientais
conforme a sua potência instalada(LEÃO, 2008).
Assim, o setor elétrico vem se desenvolvendo rapidamente,com a participação
expressiva das PCH’s; e ainda existe um enorme potencial a ser explorado (FARIA et al.,
2012).
Segundo dados do Banco de Informações de Geração – BIG, da Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL, está prevista para os próximos anos uma adição de
aproximadamente 27 GW na capacidade de geração do país. Desse montante, o potencial
outorgado proveniente de novas PCH’s é de 2.277.329 kW. Do total previsto, 37 já estão em
processo de construção e outras 125 em processo ainda não iniciado (ANEEL, 2016).
3
Tendo em vista a importância das PCH’s no contexto energético do país, é importante
ressaltar que, embora a geração hidrelétrica reúna importantes atributos do ponto de vista
econômico, a sua expansão acelerada e sem uma avaliação adequada pode acarretar impactos
ambientais e sociais significativos, que podem ser irreversíveis (WCD, 2000). De acordo com
Andrade et al. (2015) o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é
substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis
e ambientalmente significantes.
Dessa forma, propõe-se com esse estudo, uma metodologia de avaliação
socioambiental de pequenas centrais hidrelétricas, a qual visa contribuir com o
aprimoramento da sistemática de avaliação socioambiental desses empreendimentos,
considerando a sua fase de planejamento.
1.1 OBJETIVOS
1.1.1 OBJETIVO GERAL
O objetivo principal desse trabalho é propor uma metodologia de avaliação
socioambiental que auxilie o processo de planejamento estratégico da instalação de novas
PCH’s no estado de Minas Gerais, a partir da elaboração de cenários de restrições
socioambientais em ambientes de sistemas de informações geográficas (SIG’s).
O termo ‘metodologia’ é entendido como o conjunto de fatores, procedimentos e
recomendações que analisados e articulados que embasam a presente proposta de avaliação
socioambiental, representando um esforço para contornar as deficiências e limitações das
avaliações vigentes.
1.1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Analisar de forma crítica os procedimentos de autorização, implantação e
licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil e, em particular, no
Estado de Minas Gerais, com o intuito de detectar com embasamento científico, as questões
deficientes de avaliação socioambiental.
4
2) Identificar as variáveis críticas para a avaliação socioambiental de pequenas
centrais hidrelétricas, e posteriormente,buscar dados geoespaciais que as representem.
3) Analisar a metodologia, estrutura e conteúdo do banco de dados do Zoneamento
Ecológico e Econômico de Minas Gerais, com o intuito de investigar o seu potencial e suas
limitações para a avaliação socioambiental de PCH’s.
4) Propor, a partir das diretrizes da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), da
Avaliação Ambiental Estratégica(AAE) e das recomendações das Notas Técnicas da Empresa
de Pesquisa Energética – EPE, um método de avaliação socioambiental de PCH’s que
possibilite um diagnóstico baseado em mapas temáticos gerados em ambiente SIG.
5) Validar a metodologia proposta a partir da análise de duas Unidades de
Planejamento e Gestão de Recursos Hídricos presentes no estado de Minas Gerais.
6) Indicar as limitações da pesquisa e sugestões para o seu aprimoramento.
1.2 PROCEDIMENTOS E MÉTODOS
Voltada para a fase de planejamento, esta proposta envolve a elaboração de cenários
de restrições socioambientais em ambiente de sistemas de informações geográficas (SIG’s),
como forma de representar as áreas dentro do estado de Minas Gerais sensíveis à instalação de
novas PCH’s. A fundamentação teórica e as diretrizes de sua elaboração estão embasadas nas
recomendações da Avaliação Ambiental Integrada (AAI), Avaliação Ambiental Estratégica
(AAE) e Avaliação Socioambiental Integrada (EPE, 2012).
No primeiro momento, por meio da investigação de referenciais técnicos sobre PCH’s,
buscou-se detectar, sob um viés crítico, os aspectos deficientes das diretrizes e exigências
legais de avaliação socioambiental associados à essa fonte de geração. Para isso, foram
analisados: a atual estruturação do setor elétrico nacional, com ênfase nas PCH’s; a evolução
dos mecanismos e procedimentos de autorização, outorga e implantação; as abordagens de
avaliação de impactos ambientais e o processo vigente de licenciamento ambiental;com o
intuito de incorporar essas questões na metodologia, em uma tentativa de contornar as
limitações detectadas.
A próxima etapa preocupou-se em levantar uma lista de potenciais variáveis julgadas
como críticas para o processo de avaliação socioambiental de PCH’s,como forma de evitar ou
5
mitigar os impactos ambientais que geralmente decorrem desse tipo de exploração; para isso
foram considerados: os quesitos técnicos sobre PCH’s (ADRADA, 2013), de forma a
selecionar variáveis relevantes comuns às tipologias de PCH’s existentes; as notas técnicas da
EPE (NT DEA 21/10; NT DEA 12/12 e NT DEA 19/12), fazendo as devidas adaptações para
o contexto das PCH’s; o Estudo de Impacto Ambiental de PCH’s já licenciadas e artigos
científicos.
Dessa lista de potenciais variáveis, foram selecionadas sete (7), as quais tornaram-se
efetivas na composição do cenário de restrições socioambientais.Um dos critérios utilizados
para selecionar essas variáveis, foi a correspondência das mesmas com a existência de dados
expressos em formato shapefile, presentes no banco de dados do Zoneamento Ecológico e
Econômico de Minas Gerais (ZEE-MG). Ademais, essas variáveis tiveram de atender aos
seguintes requisitos: a) possibilidade de manipulação em ambiente SIG; b) existência e
disponibilidade de dados e; c) informações suficientes e com qualidade.
Dessa forma, foram selecionadas as variáveis para compor o cenário de restrições
socioambientais. As suas justificativas e modo de interpretação estão descritos no capítulo 3
desse trabalho. Os procedimentos e métodos utilizados na elaboração dos cenários de
restrições socioambientais, expressos por meio de mapas temáticos, estão descritos no
capítulo 4.
A validação dessa proposta é feita a partir da análise dos resultados obtidos com o
cenário de restrições socioambientais para duas UPGRH’s.
A tabela 1 apresenta as variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições
socioambientais.
6
Tabela 1 - Variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições socioambientais separadas em grupos
temáticos.
Grupo temático Variáveis
(1) Meio biótico Prioridade de conservação da fauna
Prioridade de conservação da flora
Prioridade de conservação da ictiofauna
(2) Meio físico Erodibilidade
Inclinação do terreno
(3) Componentes-síntese Unidades de conservação
Tribos indígenas
2 REFERENCIAIS TEÓRICOS
2.1 RECURSOS HÍDRICOS
2.1.1 POTENCIAL HIDRELÉTRICO BRASILEIRO
No Brasil, a maior parte da produção de energia elétrica é proveniente das fontes
hidráulicas. Estas fontes de geração são responsáveis por 67,5% da capacidade instalada do
país, e a sua importância advém do grande potencial hidrelétrico nacional, o qual representa
uma opção estratégica para a expansão do parque de geração de energia, principalmente por
ser renovável (ANEEL, 2014; EPE, 2006).
A geração hidrelétrica brasileira fundamenta-se em plantas de larga escala e com
grande capacidade de armazenamento, que juntamente com as demais fontes de geração de
energia, compensam as variações de suprimento pelo país, de modo a complementar as
sazonalidades naturais de recursos de algumas regiões (LUCENA et al., 2010).
Ainda que a maior parte da matriz elétrica brasileira seja caracterizada pela geração
hidrelétrica, a taxa de utilização desse potencial é relativamente pequena em comparação com
os países industrializados como Alemanha, Japão, Estados Unidos e Noruega. Estima-se que
7
somente cerca de 30% do potencial hídrico nacional é explorado atualmente (FERREIRA et
al., 2016).
Figura 1 - Potencial hidroenergético por região.
Fonte: Adaptado de Ministério de Minas e Energia (MME, 2007).
A baixa utilização do potencial hidrelétrico no norte do Brasil pode ser explicada,
dentre outros fatores, devido à predominância topográfica da região, caracterizada por
planícies; pela grande diversidade biológica do bioma Amazônico, e pela distância dos
principais centros de consumo de energia. (EPE, 2006). Dessa forma, é possível dizer que a
disponibilidade de recursos e a configuração socioeconômica, juntamente com os
condicionantes socioambientais, direcionam fortemente a distribuição espacial dos projetos
energéticos (EPE, 2013).
De acordo com o Atlas de Energia Elétrica da ANEEL (2008), cerca de 60% da
capacidade hidrelétrica instalada no Brasil está localizada na Bacia do Rio Paraná; as bacias
do São Francisco e a do Tocantins, representam 16% e 12%, respectivamente; e as bacias com
menor potência instalada são as do Atlântico Norte/Nordeste e Amazonas, que somam juntas
1,5% da capacidade instalada do Brasil (EPE, 2013).
8
Segundo a EPE (2013), os pequenos aproveitamentos hidrelétricos se localizam
principalmente nas regiões sul e sudeste, nas bacias do Paraná e Atlântico Sudeste, próximos
aos grandes centros consumidores de energia elétrica. Na Bacia do Paraná, destacam-se as
sub-bacias do Rio Grande, do Tietê e Paraná/Paranapanema. Na Bacia do Atlântico Sudeste,
destacam-se as sub-bacias do Rio Doce e Rio Paraíba do Sul. Os demais aproveitamentos se
localizam no centro-oeste do país, principalmente nos estados de Mato Grosso e Tocantins. A
expansão das PCH’s tende para as regiões sul e sudeste; e na região centro-oeste, tende para o
Estado de Mato Grosso.
De acordo com Tiago Filho et al. (2006), o Centro Nacional de Referências em
Pequenas Centrais Hidrelétricas – CERPCH, desenvolveu uma série de trabalhos de
estimativa do potencial hidrelétrico remanescente do Brasil, com o objetivo de avaliar as
expectativas de mercado para PCH’s. Estes estudos resultaram em estimativas do potencial
teórico ainda não inventariado no Brasil, o qual aponta para o montante aproximado de
15.453 MW passíveis de serem explorados.
Nessas estimativas foram consideradas: as vazões específicas das bacias e o desnível
estimado por mapas do IBGE (escala 1:15.000 em alguns pontos da região sul e sudeste, e a
escala 1:50.000 no restante do Brasil); e a readequação de aproveitamentos inventariados
anteriormente, tendo em vista os aspectos ambientais e de uso múltiplo de recursos hídricos,
com as perspectivas de uma nova redivisão de quedas das bacias (TIAGO FILHO et al.,2006).
Diante do que foi exposto, é possível dizer que as PCH’s têm um papel extremamente
importante nos planos de expansão de geração de energia elétrica para os próximos anos,
principalmente no atendimento das demandas próximas aos centros de carga. Mas também em
áreas periféricas ao sistema de transmissão e em pontos marcados pela expansão agrícola
nacional, tendo em vista o desenvolvimento econômico do país ancorado numa fonte de
geração considerada limpa e renovável.
2.1.2 VIABILIDADE AMBIENTAL DA INSTALAÇÃO DE NOVAS PCH’S
As preocupações inerentes comas alterações climáticas e ambientais, tais como o
aquecimento global e a acidificação dos oceanos, traçaram novos rumos nas decisões políticas
dos países nos últimos anos. Os incentivos voltados à utilização das fontes renováveis de
energia para o atendimento do desenvolvimento econômico enfatizam, dentre outros aspectos,
a substituição dos combustíveis fósseis e têm por objetivo a mitigação das mudanças
9
climáticas, na premissa de que essa medida pode reduzir substancialmente a degradação
ambiental e o aquecimento global (PREMALATHA et al., 2014).
No entanto, conciliar o desenvolvimento econômico com o fornecimento de energia
compatível com seu ritmo torna-se um grande desafio para as economias emergentes como o
Brasil; especialmente, quando se tem em conta as metas de redução das emissões de gases do
efeito de estufa e outros objetivos de proteção ambiental (PRADO et al., 2016)
Com o intuito de evitar futuras crises de abastecimento de energia e garantir o
desenvolvimento econômico, muitos países estabelecem normas de segurança energética
(BAJAY, 2006; KELMAN, 2001). Geralmente, opta-se por aumentar os níveis de segurança,
incluem mandatos de ampliação da capacidade instalada de geração do país, partindo do
pressuposto que o aumento da produção pode evitar as crises de abastecimento e o que dela
decorre (BAJAY, 2006; JABUR, 2001).
Em contrapartida, o aumento da capacidade de geração implica também no aumento
dos conflitos ambientais e as emissões de gases do efeito estufa. Tais fatores, por sua vez,
podem comprometer a produção futura de energia em países que dependem fortemente da
energia hidrelétrica, entendendo que essa fonte de geração é suscetível às mudanças
climáticas e às alterações do ciclo hidrológico (PHILLIPS et al., 2009).
É possível dizer, portanto, que a energia hidrelétrica envolve uma complexa relação
com a integridade ambiental. Embora muitos ecologistas e ambientalistas não considerem as
grandes usinas hidrelétricas como fontes de energia limpa, as pequenas centrais hidrelétricas
podem ser consideradas uma possível solução para parte dos problemas advindos dos grandes
empreendimentos hidrelétricos (KOSNIK, 2010; ABBASI e ABBASI, 2011).
Nesse sentido, nos últimos anos, vem sendo dada uma maior atenção ao
desenvolvimento e integração de projetos de pequenas centrais hidrelétricas em sistemas
fluviais, com o intuito de minimizar os efeitos ambientais negativos oriundos da exploração
hidrelétrica, priorizando a conservação da água (NAUTIYAL et al., 2011).
A crença de que as PCH’s são fontes de energia limpa, com poucos problemas
ecológicos e efeitos ambientais aparentemente insignificantes contribui para o incitamento de
uma rápida expansão desse tipo de empreendimento (PANG et al., 2015; FERREIRA et
al.,2016).
No entanto, existem divergências sobre esses argumentos. De acordo Premalatha et al.
(2014) não é difícil constatar, à luz dos fundamentos da ecologia e hidrologia, os problemas
10
ambientais causados por pequenas centrais hidrelétricas, os quais podem ser tão numerosos
quanto aqueles associados às grandes centrais hidrelétricas, podendo ser não menos graves.
Os trabalhos elaborados por Zhang et al.(2014) e Pang et al. (2015) apontam para essa
questão. Os autores discutem os impactos negativos e efeitos deletérios das PCH’s sob uma
análise diferenciada em escalas espaciais, considerando: os impactos ambientais no entorno
da planta hidrelétrica e os impactos à sua jusante. A partir dessa abordagem é discutido o
potencial ambientalmente viável a ser explorado em um curso d’água e o modo como o
recurso é utilizado.
O potencial ambientalmente viável determina não só o potencial crítico para o
desenvolvimento hidrelétrico das bacias hidrográficas, mas também o potencial de
desenvolvimento específico para empreendimentos hidrelétricos. Este potencial crítico e os
potenciais específicos têm por objetivo equilibrar a geração de energia hidrelétrica com a
proteção ambiental (HENNIG et al., 2013).
Essa discussão permite que novas variáveis sejam consideradas na análise
socioambiental, ampliando o leque dos aspectos que podem ser contemplados na avaliação da
viabilidade ambiental da instalação de uma PCH em um determinado local.
De acordo com Li et al. (2007), Zhang et al. (2007) e Pascale, Urmee e Moore (2011),
os impactos ambientais no entorno de uma planta hidrelétrica estão associados, em grande
parte, às obras civis e à formação do reservatório. As atividades como: movimentações de
solos e escavações das rochas, implantação do conduto forçado, formação do reservatório,
construção da casa de força e instalação dos equipamentos técnicos, tendem a perturbar o
status original do ecossistema.
Os principais impactos ambientais decorrentes dessas atividades estão associados aos
processos erosivos do solo, à poluição ambiental, à deposição de sedimentos, à destruição de
habitats terrestres e aquáticos, à inundação da vegetação, à diminuição da qualidade da água e
da produtividade da terra, bem como à supressão de habitat humano (ZHANG et al., 2014).
Já no tocante aos impactos ambientais à jusante da planta hidrelétrica, Mcmanamay,
Orth e Dolloff (2012) e Yüksel, (2010) mencionam que são impactos muito complexos de
difícil avaliação e estão diretamente associados às alterações da hidrologia.
Como normalmente os projetos hidrelétricos desviam parte do fluxo do rio para
possibilitar a geração de energia, essa redução do fluxo normal, juntamente com as flutuações
sazonais dos rios, afetam negativamente o habitat da flora e da fauna à jusante dos canais,
planícies aluviais e estuários (ASAEDA; RASHID, 2012; GUO et al., 2012).
11
Segundo Pang et al. (2015), a degradação dos serviços ecossistêmicos à jusante,
ocasionada pelas diminuições periódicas de fluxo dos rios, constitui a maior parte dos
impactos induzidos pelo desenvolvimento desses empreendimentos. No entanto, os autores
ressaltam que se tais danos forem evitados, por exemplo, se a PCH operar a “fio d’água”, os
projetos tendem a produzir efeitos deletérios relativamente menores sobre o meio ambiente.
Conforme o que foi apresentado, pode-se concluir que novas abordagens e
considerações devem ser incorporadas ao processo de avaliação socioambiental de PCH’s,
uma vez que foi possível detectar na revisão da literatura técnica que as variáveis e fatores
econômicos se sobressaem, de certa forma, às variáveis e aos fatores ecológicos na
determinação da viabilidade de instalação de um empreendimento. Esse assunto será melhor
discutido no próximo tópico.
2.2 BASE NORMATIVA PARA A IMPLANTAÇÃO DE PCH’S
2.2.1 O SETOR ELÉTRICO NACIONAL: O CASO DAS PCH’S
O setor elétrico brasileiro, ao longo de seu desenvolvimento, passou por diversas
reestruturações. Tais reestruturações incluíram desmembramento das empresas de geração,
transmissão, distribuição e o surgimento de empresas exclusivas para a comercialização de
energia elétrica (LEÃO, 2008).
Nesse contexto, é possível citar a criação da Agência Nacional de Energia Elétrica –
ANEEL, em substituição à antiga DNAEE, e também a instituição do Operador Nacional do
Sistema – ONS, entes jurídicos que foram criados com funções administrativas específicas no
que se refere à distribuição de energia elétrica. Além disso, outros órgãos e instituições
possuem atribuições normativas e funções reguladoras. A Empresa de Pesquisas Energéticas –
EPE tem a função de planejamento do setor elétrico; o Comitê de Monitoramento do Setor
Elétrico – CMSE é responsável pelo monitoramento da segurança de suprimento de
eletricidade; e a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE, uma associação
civil composta pelos agentes das categorias de geração, distribuição e de comercialização, é
responsável por negociar a aquisição de energia elétrica no sistema interligado. Merecem
destaque ainda o poder de regulador normatizador do Ministério de Minas e Energia e a
relativa autonomia do ONS (LEÃO, 2008; CCEE, 2014).
12
Juntamente com as reestruturações e as novas instituições estabelecidas no país nesse
período, foram alteradas inúmeras resoluções do setor elétrico. No tocante às pequenas
centrais hidrelétricas – PCH’s, essas alterações influenciaram, por exemplo, os procedimentos
de licenciamento e os critérios de enquadramento e classificação atuais.
Desde a instalação das primeiras PCH’s no Brasil, foram removidas uma série de
barreiras relacionadas à viabilização econômica desses empreendimentos, o que favoreceu a
entrada de novos agentes na indústria de energia elétrica; resultado de esforços
governamentais e políticas setoriais em prol dos investimentos no setor (SOUZA et. al.,
2002).
O critério segundo o “tamanho” levou à criação dos conceitos de “pequenas
hidrelétricas” e “grandes hidrelétricas” no Brasil, sendo definido pela capacidade instalada
medida em MW.
Os critérios de enquadrament onuma ou outra categoria podem variar de um país para
outro, conforme os níveis de desenvolvimento alcançados em cada um deles, e de suas
particularidades naturais, bem como outros fatores intrínsecos à geração de energia
(ADRADAet al., 2013).
Segundo o Special Report do IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change de
2011, a classificação de acordo com o tamanho dos empreendimentos, ainda que bastante
comum e administrativamente simples, não representam critérios técnicos e científicos
capazes de avaliar seu desempenho sustentável ou econômico.
No Brasil, a primeira referência sobre a definição de pequenas centrais hidrelétricas foi
citada em 1982, pela na Portaria nº 109, do Departamento Nacional de Águas e Energia
Elétrica – DNAEE, que definiu as pequenas centrais como empreendimentos que
contemplassem cumulativamente as seguintes características (CARVALHO, 2014):
Operassem a fio d’água (sem acumulação, com aproveitamento das quedas já
existentes nos rios),ou no máximo com regularização diária;
Tivessem barragens e vertedouros com altura máxima de 10 metros;
Não utilizassem túneis;
Possuíssem estruturas hidráulicas no circuito de geração para vazão turbinável de no
máximo 20m3/s;
Fossem dotadas de unidades geradoras com potência individual de até 5.000 kW;
Tivessem potência instalada total de no máximo 10.000 kW.
13
Em 1997, o DNAEE criou um grupo multidisciplinar para realizar um novo
diagnóstico das PCH’s no Brasil e indicou, dentre outras recomendações, que houvesse uma
alteração no sentido de aumentar o limite da potência instalada para o enquadramento das
categorias desses empreendimentos. Nessa época, também foram promovidos esforços do
setor empresarial, recomendando que as pequenas centrais hidrelétricas tivessem potência de
50 MW e que a outorga fosse concedida através de uma autorização, sem a necessidade de
processo licitatório (CARNEIRO, 2010).
Assim, os limites foram sendo aumentados de 10 MW para 25 MW, através de
diversas medidas provisórias, até chegar ao limite contemplado pela Lei n.º 9.648/98, que
fixou em no máximo 30 MW a potência instalada de pequenas centrais hidrelétricas.Também
ficou definido o limite máximo de 3,0km² para a área de inundação dos reservatórios, tendo
como referência a vazão com tempo de recorrência de 100 anos (CARNEIRO, 2010).
Em 2003, com a publicação da Resolução n.º 652, da ANEEL, foram mantidos alguns
critérios de enquadramento e outros foram flexibilizados. Dessa forma, foi definido que: as
pequenas centrais hidrelétricas englobam os empreendimentos de potência superior a 1 MW e
igual ou inferior a 30 MW, destinado à produção independente ou autoprodução, com área de
reservatório inferior a 3,0 km². No entanto, o aproveitamento que não atendesse à condição
estabelecida para a área do reservatório, mas que respeitasse os limites de potência e a
modalidade de exploração, teria a possibilidade de expandir a limitação do reservatório para
até 13 km², desde que atendesse a seguinte inequação, especificada no Art. 4º da referida
resolução (CARVALHO, 2014):
𝐴 ≤14,3 . 𝑃
𝐻𝑏
Sendo:
P = potência elétrica instalada em (MW);
A = área do reservatório em (km²); Hb = queda bruta em (m), definida pela diferença entre os níveis d'água máximo normal de montante e normal
de jusante.
A última alteração nos critérios de enquadramento ocorreu recentemente, com a
Resolução Normativa - ANEEL Nº 673, de 4 de agosto de 2015. Essa resolução estabelece
que as pequenas centrais hidrelétricas representam os empreendimentos com potência
superior a 1 MW e igual ou inferior a 30 MW; e o limite para a área do reservatório pode
chegar até 13,0 km², excluindo a calha do leito regular do rio (ANEEL, 2016).
14
Remetendo ao início dos anos 80, os benefícios concedidos pelo governo não
implicaram em um aumento significativo no número de empreendimentos de PCH’s como era
esperado. No entanto, com o advento dos procedimentos de simplificação de concessões e
flexibilização de exigências ambientais, além dos programas de incentivos, do ponto de vista
técnico e econômico, criou-se um cenário atrativo para a exploração desses empreendimentos.
Embora tenham sido importantes para o país os avanços do setor elétrico e o aumento
da participação das PCH’s na composição de sua matriz elétrica, tanto no que se refere ao
aumento da capacidade instalada, quanto pela diversificação da matriz e demais benefícios, é
perceptível que, desde o início do processo de implantação do sistema regulador, inúmeras
questões foram negligenciadas ou não foram apreciadas da maneira devida, permitindo, dessa
forma, que fossem executados empreendimentos empresarialmente e ambientalmente
contestáveis.
2.2.2 PROCEDIMENTOS DE AUTORIZAÇÃO E OUTORGA PARA IMPLANTAÇÃO DE
PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS
Os procedimentos para a implantação de pequenas centrais hidrelétricas no Brasil
podem ser divididos em três processos que caminham paralelamente: (i) o processo de
autorização de exploração do potencial hidroenergético, tramitado junto à ANEEL; (ii) o
processo de outorga de uso da água, articulado com os órgãos de gestão dos recursos hídricos
e (iii) o procedimento do licenciamento ambiental, nas esferas dos órgãos ambientais
responsáveis (FARIAS, 2013).
A autorização para a exploração do potencial hidráulico é regulamentada pela
Constituição Federal de 1988, em seu artigo 20º, inciso VIII, o qual assegura o potencial
hidráulico como bem da União. A exploração do potencial energético dos cursos d’água deve
ser feita mediante a concessão (no caso das grandes usinas) ou autorização (no caso das
pequenas centrais).
Uma vez aprovado o projeto básico de um empreendimento segundo as normas
regulamentadas, é dado início ao procedimento de outorga do potencial hidráulico, o qual é
praticado nas modalidades de autorização plena ou condicionada (ANEEL, 2004; FARIAS,
2013). 2
2 Para a obtenção da autorização “plena” é necessária a apresentação da Licença Prévia, conclusão da análise e
aprovação do projeto básico. Para autorização “condicionada”, é necessária a apresentação do protocolo de
15
Os procedimentos gerais para a outorga de uso de recursos hídricos são definidos pela
Resolução nº 16 do Conselho Nacional de Recursos Hídricos – CNRH, de 08 de maio de
2001, a qual faculta ao outorgado o direito de uso do recurso hídrico, por prazo determinado e
consideradas as legislações específicas vigentes. Vale ressaltar que a outorga não implica
alienação total ou parcial das águas, que são inalienáveis (FARIAS, 2013).
Os critérios adotados pelas instituições outorgantes na avaliação dos pedidos de
outorga são bastante diversificados e variam conforme a instituição de cada Estado. É
possível constatar que existem diversos conceitos para se definir: a vazão remanescente não
outorgada (ou vazão residual), a vazão ecológica3, a vazão ambiental4 e o Trecho de Vazão
Reduzida - TVR5(ANA, 2005).
Existe ainda uma clara divisão de responsabilidades nos cumprimentos legais inerentes
à instalação de um empreendimento hidrelétrico, tanto na esfera federal, quanto nas esferas
estaduais. De acordo com a Gerência de Outorgas da ANA, a integração de informações com
o IBAMA, por exemplo, é realizada usualmente por meio de reuniões. Com relação aos
demais órgãos ambientais estaduais, essa articulação é habitualmente feita via ofício, devido à
distância física entre esses órgãos.
Os procedimentos de integração de informações entre os diferentes órgãos, segundo o
artigo 1º da Resolução CNRH nº 65/2006, fundamentam-se nos princípios do uso múltiplo e
racional dos recursos hídricos e possuem a bacia hidrográfica como unidade de planejamento
e gestão, com foco nas prioridades estabelecidas nos planos de recursos hídricos e ambientais,
e nas legislações pertinentes.
A Figura 2 apresenta um diagrama simplificado dos procedimentos necessários para a
implantação de uma pequena central hidrelétrica no Brasil, resumindo as principais etapas do
processo e os agentes envolvidos em cada uma delas.
entrega dos estudos ambientais ao órgão responsável, sendo a aprovação do projeto básico efetuada a posteriori,
época que deverá ser entregue a licença prévia, permitindo que as atividades de licenciamento ambiental sejam
implementadas em paralelo com o processo de outorga de autorização da exploração do potencial (ANEEL,
2004). 3 A vazão ecológica é definida como a vazão que deve ser mantida no rio para atender aos ambientais, incluindo
os usos de recursos hídricos a jusante da intervenção do corpo de água (ANA, 2005).
4A vazão ambiental é considerada a vazão necessária para garantir a preservação da bacia de forma integrada, de
modo a assegurar a sua sustentabilidade, levando em conta todo o ecossistema (ANA, 2005). 5 O trecho de vazão reduzida é a distância medida ao longo do curso do rio entre o eixo do barramento e o canal
de restituição das águas turbinadas (canal de fuga) de um aproveitamento hidrelétrico cuja adução é proposta por
derivação (ANA, 2005).
16
Figura 2 – Diagrama simplificado dos procedimentos necessários para implantação de uma PCH.
Fonte: Adaptado de (Farias, 2013).
17
2.2.3PROCEDIMENTOS DE IMPLANTAÇÃO DE PEQUENAS CENTRAIS
HIDRELÉTRICAS NO BRASIL
Os primeiros estudos visando a implantação de um empreendimento hidrelétrico
começam com a estimativa do potencial hidrelétrico da bacia ou sub-bacia onde se deseja
implantar um projeto. Trata-se de uma avaliação preliminar das características hidrológicas,
topográficas, geológicas e ambientais, no sentido de verificar a vocação do local para a
geração de energia elétrica (CEPEL, 2007).
É característica dessa fase a análise de dados disponíveis nos diversos órgãos
existentes, pretendendo uma primeira avaliação do potencial e a estimativa de custo do
aproveitamento da bacia hidrográfica, além das definições de prioridades para as etapas
posteriores, como os Estudos de Inventário Hidrelétrico(CEPEL, 2007; FARIA, 2011;
MAKARON, 2012).
Segundo o artigo 4 da Resolução 393 da ANEEL, os aproveitamentos de no máximo
50 MW podem conduzir os Estudos de Inventário Hidrelétrico de forma simplificada. Nestes
casos, cabe ao interessado submeter à ANEEL um relatório de reconhecimento, no qual se
fundamenta de forma técnica a simplificação desse relatório (ELETROBRÁS, 2000).
Fica reservado, portanto, às usinas com potência instalada máxima de até 50 MW o
Inventário Hidrelétrico Simplificado, enquanto os demais aproveitamentos (acima de 50 MW)
devem conduzir o Inventário Hidrelétrico Pleno (PEDREIRA, 2004; SCHWEITZER, 2010).
O Manual de Inventário Hidrelétrico de Bacias Hidrográficas – Edição 2007 é a
referência para a realização de inventários plenos, apresentando “um conjunto de critérios,
procedimentos e instruções para a realização do inventário do potencial hidroelétrico de
bacias hidrográficas” (CEPEL, 2007).
A edição de 2007 é uma atualização da edição de 1997, utilizada para a elaboração e
análise de inventários hidrelétricos simplificados. Dessa forma, entende-se que o Inventário
Hidrelétrico é o primeiro estudo necessário para a obtenção da outorga de um aproveitamento
hidrelétrico, cujo objetivo principal é apresentar a melhor divisão de quedas para cada curso
d’água estudado (SCHWEITZER, 2010).
O fluxograma a seguir descreve as etapas de implantação de uma PCH e as suas
interações, contemplando os estudos de engenharia, ambientais e providências institucionais:
18
Potencial
conhecido?
Avaliação Expedita da
Viabilidade da Usina
Potencial
interessante?
Levantamento de Dados
Estudos Básicos
Lay-out Preliminar
Orçamento Estimado
Economicamente
Viável?
Estudos Energéticos
Estudos Ambientais
Negociação Proprietários
Estudos de Interligação
Detalhamento do Projeto
Estudos Geológicos
Estudos Hidrometeorológicos
Apresentação do PB para
Aprovação da ANEEL
juntamente da LP
Projeto
Básico
Aprovado
Desenvolvimento do Projeto
Executivo, Construção da
Usina e Implantação dos
Programas Ambientais
PCH
em Operação
Projeto
Arquivado
Solicitação da
Licença de
Instalação (LI)
LI
concedida
não
não
não
sim
sim
não Cumprir
exigências
FLUXOGRAMA DE IMPLANTAÇÃO DE UMA PCH
Inventário Simplificado
(Res. 393 - ANEEL)
Elaboração do Projeto Básico
de Engenharia
Levantamentos
Complementares de Campo
Obtenção da Licença
de Operação (LO)
Solicitação da
Licença
Prévia (LP)
Definição com o Órgão
Ambiental dos Termos de
Referência Ambientais
Cumprir
Exigências
não
sim
Registro na
ANEEL para Execução do
Projeto Básico
Elaboração do EIA/RIMA
ou Relatório de Impacto
Ambiental Simplificado
Obtenção da LP junto ao
Órgão Ambiental
LP
concedida
Cumprir
Exigências
Referentes ao
Estudo
não
simOtimização do
Projeto de
Engenharia
Consulta aos Órgãos de
Recursos Hídricos para
Obtenção de Outorga de
Uso da Água
Outorga de
Uso
concedida
nãoCumprir
Exigências
sim
sim
sim
INÍCIO
interação
Elaboração do
Projeto Básico
Ambiental (PBA)
Figura 3 - Fluxograma das etapas de implantação de uma PCH
Fonte: ELETROBRÁS, 2000.
19
Antes de dar início aos procedimentos de implantação de uma PCH, é fundamental o
levantamento preliminar acerca da existência de dados prospectivos sobre o local onde se
pretende instalar determinado empreendimento. Isso contribui para a redução de incertezas e
riscos associados aos aspectos técnicos e socioambientais. Desse modo, é possível orientar os
investimentos, antecipando e prevenindo alguns dos impactos socioambientais inerentes a
cada projeto, conforme predizem as orientações da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE),
discutida no item 2.3.1.
Por essa razão, é importante o inventário das informações disponíveis, bem como a
sua sistematização e sintetização em quantidade e qualidade suficientes para a caracterização
da bacia hidrográfica em questão. Ressalta-se, assim, a importância dos estudos de
zoneamento para subsidiar informações que possibilitam as análises preliminares, estratégica
e integradas6 das regiões com potencias de utilização.
Contudo, o primeiro passo para a definição de um potencial hidroenergético é a
condução do Inventário Hidrelétrico. A sequência que se propõe a partir desse estudo é a
realização de uma avaliação expedita do aproveitamento e, caso seja interessante continuar,
são conduzidos estudos mais detalhados (FARIA, 2011).
A definição do potencial hidroenergético para as pequenas centrais hidrelétricas não é
uma tarefa simples, até porque historicamente este tipo de fonte energética foi negligenciada
até muito recentemente.
Uma ilustração desse aspecto crítico encontramos no antigo “Manual de Inventário
Hidrelétrico da ELETROBRÁS” (1997), o qual indica que: no caso dos estudos de inventário
nas regiões sul, sudeste, centro-oeste e nordeste, deveriam ser descartados da análise os
aproveitamentos com potência inferior a 20 MW; e no caso dos estudos de inventário na
região norte, deveriam ser descartados da análise os aproveitamentos com potência inferior a
50 MW. Desta forma, durante décadas, deixou-se de avaliar um número considerável de
aproveitamentos nos inventários hidrelétricos (CARVALHO, 2014)
Ademais, os estudos de inventário, da forma como são conduzidos e interpretados,
objetivam, segundo a interpretação do fluxograma (Figura 6), a determinação da viabilidade
técnica e econômica do empreendimento (ELETROBRAS, 2000). Nota-se que, até esse
momento, os condicionantes socioambientais não são elencados como fatores determinantes.
6 A abordagem da Avaliação Ambiental Integrada (AAI) está discutida no item 2.3.2.
20
Dando sequência à discussão sobre os procedimentos de implantação, com a entrega
do estudo de inventário à ANEEL, é realizada a análise dos requisitos necessários à emissão
do despacho de aceite. A partir de então, o processo evolui para a elaboração do projeto
básico, concomitantemente aos estudos de impacto ambiental (EIA), visando a obtenção da
licença prévia. A caracterização dos condicionantes socioambientais, detalhados nos estudos
técnicos do EIA, somente são conduzidos após a determinação da viabilidade econômica do
projeto.
Após a aprovação do projeto básico e do projeto ambiental, é obtida a Licença de
Instalação do empreendimento, que juntamente com a Outorga, conduz o processo para a
elaboração do projeto executivo. O passo final é a obtenção da Licença de Operação para o
comissionamento da usina.
Goodland (2005) chama a atenção para o aspecto reativo, característico de um EIA, e
o relaciona diretamente com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto
específico. Segundo o MMA (2002), o licenciamento ambiental e a avaliação de impacto
ambiental são instrumentos que se limitam a subsidiar as decisões de aprovação de projetos de
empreendimentos individuais e não as decisões políticas e estratégicas que originam esses
projetos ou o seu processo de planejamento.
Andrade et al. (2015) sinalizam, dentre outras questões, o fato de muitas decisões
importantes já terem sido tomadas antes de serem iniciados os EIA’s, também criticam o
modo e o formato da participação pública nesse processo, considerada pelos autores limitada
e restrita.
Uma das formas de se corrigir essas lacunas que tornam o processo de avaliação
socioambiental de PCH’s deficiente é fornecer informações sintetizadas e específicas já para a
etapa de planejamento desses empreendimentos. É o que se pretende mostrar nesse trabalho,
com a elaboração dos cenários de restrições socioambientais com base nos inventários de
informações e na sua sistematização e sintetização.
2.2.4 IMPACTOS AMBIENTAIS DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS:
CONSIDERAÇÕES SOBRE SUAS DIFERENTES TIPOLOGIAS
Toda ação ou atividade antrópica que causa alterações no meio ambiente ou em algum
de seus componentes é considerada impacto ambiental. Essas alterações, segundo Carvalho
21
(2014) devem ser quantificadas, uma vez que apresentam diversos níveis de influência: direto,
indireto, positivo, negativo, de curto, de médio ou de longo prazo.
No Brasil, o primeiro mecanismo legal associado à avaliação de impactos ambientais
foi colocado pela Lei Federal 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política
Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA. A partir
desse marco, a Avaliação de Impactos Ambientais – AIA passou a ser requerida nos processos
de licenciamento ambiental (SÁNCHEZ, 2008).
A Resolução CONAMA nº 01/86 consagrou o Estudo de Impacto Ambiental - EIA
como o principal documento veiculador da avaliação de impactos ambientais; e por meio da
Resolução CONAMA nº 237/1997, firmou-se a obrigatoriedade da emissão de EIA/RIMA
para empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou potencialmente causadoras de
degradação ambiental (SÁNCHEZ, 2008).
Como cada empreendimento é desenhado de forma a atender as especificidades do
local selecionado para a sua implantação, os impactos ambientais são altamente variáveis em
magnitude, extensão e efeitos (CARVALHO, 2014). Portanto, o correto entendimento sobre a
dinâmica dos impactos socioambientais gerados pelas PCH’s deve considerar assuas
diferentes tipologias.
Conforme a capacidade de regularização da vazão explorada, as PCH’s podem ser
classificadas como: (i) a fio d’água; (ii) de acumulação com regularização diária do
reservatório; e (iii) com regularização mensal (ELETROBRÁS, 2000). Uma PCH típica,
normalmente opera a fio d’água, ou seja, gera energia a partir de uma parte do fluxo normal
de um rio (BRASIL, 2013). Já as PCH’s de acumulação são instaladas em locais onde é
possível estabelecer um reservatório, visando a regularização de uma vazão (ELETROBRÁS,
2000).
Embora existam diferentes configurações e componentes de obra civil nesses
empreendimentos, é possível associar a eles uma lista de potenciais impactos ambientais que
geralmente decorrem desse tipo de exploração, considerando os impactos positivos e
negativos nas diferentes fases de evolução do projeto.
Segundo TIAGO FILHO et al. (2008); ELETROBRÁS, (2013); CARVALHO,
(2014); e ANDRADE et al., (2015), os impactos ambientais positivos geralmente são:
aumento da oferta de energia elétrica; atendimento a comunidades isoladas e geração
distribuída; geração de empregos diretos e indiretos; aumento na arrecadação de impostos;
22
valorização imobiliária no entorno do reservatório e contribuição para a sustentabilidade
local.
Segundo ANDRADE, (2006) e SALIBA et al. (2002) a dinâmica dos impactos
ambientais de uma PCH pode ser entendida a partir de uma concepção simplificada de
grandes empreendimentos hidrelétricos. Seus impactos ambientais geralmente são similares,
obedecendo obviamente, a uma escala de grandeza diferente. Dessa forma, acrescenta-se aos
impactos ambientais positivos a menor emissão de gases de efeito estufa, em comparação com
as grandes usinas, e a possibilidade de venda de créditos de carbono.
Da mesma forma, é possível elencar os principais impactos negativos associados a
esses empreendimentos. Segundo ANEEL (2002); Andrade (2006); Leão (2008); Tiago Filho
et al. (2008) e Andrade et al. (2015), tais impactos incluem: o aumento do tráfego de veículos
nas vias de acesso; riscos de acidentes; supressão da vegetação; alteração das características
físicas, químicas e microbiológicas da água; deslocamento e alteração comportamental da
fauna; poluição atmosférica e sonora; alteração das características do solo; impactos sobre a
ictiofauna; diminuição da vazão do rio no trecho entre a barragem e o canal de fuga; alteração
no ritmo de vida da população da área de entorno; e a alteração da paisagem natural.
Os impactos ambientais de empreendimentos hidrelétricos podem repercutir, de uma
forma geral, na dinâmica de todo o ecossistema de uma bacia ou sub-bacia hidrográfica.
Portanto, a potencialidade e a fragilidade desse meio, frente às especificidades das obras,
devem ser consideradas, já que podem ser gerados impactos irreversíveis sob a fauna e a flora,
assim como nas comunidades locais (ANDRADE, 2006).
Vale ressaltar que o impacto ambiental negativo advindo desse tipo de exploração é
substancialmente maior quando o local de implantação do projeto é situado em áreas sensíveis
e ambientalmente significantes(ANDRADE et al., 2015).
Embora as pequenas centrais gerem uma gama de impactos ambientais menores do
que as grandes usinas, principalmente no que se refere à área de alagamento dos reservatórios
e a emissão de gases do efeito estufa, deve-se considerar que esses empreendimentos podem
resultar na construção de vários barramentos se forem instalados em “cascata”.7 Ademais, o
sequenciamento de vários desses barramentos em um mesmo corpo d’água pode aumentar o
número de conflitos de uso e torná-los mais problemáticos (MAIA et al., 2011).
7 Uma cascata de pequenas centrais hidrelétricas corresponde a um conjunto de PCH’s que dependam da vazão
de jusante da anterior para sua geração de energia (MAIA, 2011).
23
Como os impactos ambientais não se limitam ao local de implantação dos projetos, é
possível dizer que diversos fatores influenciam suas características, como por exemplo: o tipo
de fonte de geração, as tecnologias utilizadas, o local de instalação do empreendimento,
dentre outros (PDE, 2022).
A abordagem integradora das questões socioambientais que envolvem as PCH”s pode,
dessa forma, apontar para discussões acerca de impactos cumulativos e sinérgicos 8
ocasionados por um conjunto de empreendimentos de geração de energia (PDE, 2022). Essa
perspectiva permite que novos desdobramentos sejam considerados no processo de avaliação
socioambiental (CARVALHO, 2014).
Embora exista um certo reconhecimento sobre a importância da avaliação de impactos
cumulativos e sinérgicos no contexto da avaliação de impactos ambientais, a viabilização
dessa prática sofre interferências de diversos fatores (DIAS, 2001), o que dificulta a sua
operacionalização. Dentre esses fatores, pode-se citar a insuficiência de definição de
conceitos, normas e procedimentos de avaliação. Sendo assim, a avaliação continua a ser
limitada pela consideração dos impactos diretos provocados pelos empreendimentos
(OLIVEIRA, 2008).
Também a forma como atualmente as informações são obtidas e o modo como são
interpretadas no processo de tomada de decisão influenciam a tendência a se desconsiderar os
impactos cumulativos. O processo de avaliação ambiental começa com informações pouco
precisas, que progressivamente tornam-se mais detalhadas, sobretudo em nível técnico e
econômico. Em contrapartida, o que se espera de uma avaliação de impactos ambientais
(AIA) é uma análise uniforme dos aspectos e domínios do escopo do projeto, já na fase do
planejamento, até que uma opção possa ser determinada por uma análise comparativa
(CARVALHO, 2014).
De fato, um grande número de estudos em vários países mostra que a forma como os
impactos cumulativos são descritos e incluídos nos AIA não é satisfatória (WÄRNBÄCK E
HILDING-RYDEVIK, 2009).
Segundo USA (2011) e Egré e Milewski (2002), os impactos socioambientais
cumulativos e sinérgicos gerados por um conjunto de empreendimentos de PCH’s, em
8 Entende-se por impacto cumulativo, o impacto que resulta de uma ação acrescida de outras ações (passadas,
presentes e futuras), razoavelmente previsíveis, independentes de sua magnitude, mas que coletivamente são
significativas (USA, 2016). Segundo Canter (1986), impactos cumulativos são impactos de natureza aditiva,
interativa, sinergética ou irregular (imprevisível), gerados por ações individualmente insignificantes, mas
coletivamente significativas que se acumulam no espaço e tempo.
24
comparação aos impactos socioambientais oriundos de uma grande usina hidrelétrica, ainda
permanecem obscuros; e dependem, dentre outros fatores, das especificidades de cada um dos
empreendimentos em análise.
Como forma de superar alguns desses impasses e aspectos deficientes da avaliação
socioambiental, especialistas e instituições têm sugerido que a avaliação de impactos
ambientais se desenvolva nos moldes da Avaliação Ambiental Estratégica – AAE (Strategic
Environmental Assessment – SEA, no inglês) (SADLER; VERHEEM, 1996; MMA, 2002;
RODRIGUES E ROSA, 2013; e ANDRADE et al.,2015).
A AAE se realizada em uma etapa preliminar do processo de planejamento da
expansão do setor elétrico possibilita que as demais opções de um determinado plano sejam
consideradas, contribuindo com a avaliação e mitigação de impactos ambientais (COOPER,
2004). Esse direcionamento, entretanto, só será efetivo se ocorrer de maneira transparente e
com a participação dos diversos interessados (ANDRADE et al., 2015).
2.2.5 LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS
O licenciamento ambiental de pequenas centrais hidrelétricas passou a ocorrer, em
grande parte, de forma simplificada no Brasil, conforme foram sendo desenvolvidas as
regulamentações do setor energético, visando, dentre outros fatores, o abastecimento de
energia compatível com a demanda, a partir do incremento da capacidade instalada da matriz
elétrica nacional.
A estratégia de estímulos utilizada pelo governo, fez com que muitas usinas entrassem
em funcionamento sem uma avaliação adequada desconsiderando questões socioambientais
importantes.
Segundo Bastos (2013), não existe na legislação brasileira uma padronização sobre os
critérios de análise de impactos ambientais. Tal situação favorece discrepâncias significativas
nos estudos e projetos exigidos ao longo dos processos de licenciamento e autorizações
ambientais.
O processo de licenciamento ambiental de usinas hidrelétricas está condicionado à
elaboração do EIA/RIMA previsto pela Resolução CONAMA n°01/86 (BARÃO, 2007). O
seu principal documento balizador é o termo de referência estadual, que orienta e condiciona
o processo, tratando das especificidades ambientais locais e regionais dos projetos (FACURI,
2004).
25
Entre as exigências postas por essa resolução estão: a obrigatoriedade de elaboração
do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do respectivo Relatório de Impacto Ambiental
(RIMA) para o licenciamento de usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a forma
de energia primária, acima de 10 MW e de barragens para fins hidrelétricos, acima de 10
MW; diferentemente do ocorre com os demais empreendimentos considerados de pequeno
potencial de impacto ambiental, regulados pela Resolução CONAMA nº 279 de 2001, e
sujeitos ao procedimento simplificado de licenciamento ambiental.
Nesse caso, o documento requerido é o Relatório de Controle Ambiental (RCA), um
documento mais simples que o EIA, seguido da apresentação de um Plano de Controle
Ambiental (PCA), ambos elaborados de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão
ambiental estadual ou federal competente (AGUILAR, 2011).
Percebe-se, dessa forma, que desde as primeiras fases de regulamentação do setor
elétrico, os procedimentos e prazos do licenciamento ambiental foram estabelecidos com base
no potencial instalado dos empreendimentos. É possível inferir, portanto, que no tocante às
decisões, os critérios técnicos e econômicos prevalecem sobre os demais.
Andrade et al. (2015), analisando o processo de licenciamento ambiental de 24 (vinte
e quatro) plantas hidrelétricas de grande porte que já passaram pela fase de licenciamento
prévio, juntamente com a análise de estudos já publicados na área, listaram uma série de
limitações encontradas nessa fase, dentre as quais pode-se mencionar: a baixa eficácia dos
EIA realizados na fase de planejamento; a falta de parâmetros objetivos para a determinação
da viabilidade ambiental do empreendimento; a limitação da análise de alternativas; a falta de
integração do EIA e os demais instrumentos de gestão; a lentidão da informação apresentada;
e a participação pública limitada.
A determinação da viabilidade da instalação de projetos hidroelétricos, segundo
Andrade et al. (2015) prioriza a possibilidade de minimização dos impactos negativos
previstos, confrontando-os com a possibilidade de geração de renda e desenvolvimento
regional, mas não coloca seriamente em pauta a discussão sobre da viabilidade ambiental
desses empreendimentos. A decisão final de aprovação ou não de um projeto é baseada na
avaliação do EIA, a qual é qualitativa e, em larga medida, subjetiva e discricionária.
Contudo, faz parte do conteúdo dos Termos de Referência (EPE, 2013) o laudo de
conclusão da viabilidade ambiental do empreendimento, baseado em comparação de cenários,
de maneira que a hipótese de implantação seja confrontada com a hipótese da não
implantação do projeto em uma determinada região.
26
A tal orientação acrescenta-se que, segundo a Agência Nacional da Águas (ANA,
2010), para se explorar um recurso hídrico com vista à geração hidrelétrica deve-se levar em
consideração os diferentes usos da água (Lei nº 9.433, de 8 de janeiro de 1997). Além disso,
deve-se analisar todos os projetos propostos para uma bacia em relação a outras bacias,
considerando seus potenciais e vulnerabilidades; sendo necessário que, ainda na fase de
planejamento, as alternativas sejam analisadas. Conclui-se, dessa forma, que um método
inclusivo, objetivo e criterioso de avaliação ainda deve ser criado (ANDRADE et al., 2015).
2.3 ABORDAGENS DE AVALIAÇÃO AMBIENTAL
2.3.1 AVALIAÇÃO AMBIENTAL ESTRATÉGICA
As discussões relativas ao meio ambiente e à conservação ambiental se intensificaram
em âmbito mundial a partir da segunda metade do século XX, refletindo na elaboração de
diversas leis norteadas pelos princípios da sustentabilidade. No Brasil, a Política Nacional do
Meio Ambiente (Lei 6.938/1981) oficializou alguns critérios e instrumentos, tais como: o
zoneamento ambiental, a avaliação de impactos ambientais (AIA), o licenciamento ambiental,
a criação de espaços territoriais especialmente protegidos, penalidades disciplinares, entre
outros.
A partir de 1995 em Minas Gerais, com a criação da Secretaria de Estado de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), foram estabelecidos vários
instrumentos de gestão ambiental integrados à Política Ambiental do Estado, dentre eles a
Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) (RODRIGUES e ROSA, 2013).
A AAE, segundo Rodrigues e Rosa (2013), passou a ser uma condição para aquisição
de créditos junto ao Banco Mundial e desde 2001 é reconhecida como uma ferramenta
importante na tomada de decisão nos estágios iniciais do planejamento de projetos e análise
de potenciais efeitos ambientais decorrentes de sua execução; bem como, um requisito de
avaliação da capacidade institucional dos estados e países solicitantes de crédito para lidar
com os impactos dos projetos.
Goodland (2005) chama a atenção para as aparentes semelhanças entre a AAE e o
Estudo de Impacto Ambiental (EIA) exigido nos estudos para licenciamento ambiental. O
autor ressalta o aspecto pró-ativo da primeira, diferentemente do que ocorre no Estudo de
27
Impacto Ambiental (EIA), que tem uma característica mais reativa, relacionada diretamente
com a demanda da análise de impacto ambiental para um projeto específico.
Por essa e outras características, a AAE é reconhecida como o instrumento da política
ambiental capaz de promover a articulação das várias dimensões de uma dada política e de,
dado um plano ou programa de desenvolvimento, favorecer a formulação clara dos objetivos e
o entendimento das questões ambientais relacionadas à implementação dos projetos, além de
orientar os agentes envolvidos no processo e indicar os caminhos para a sua viabilização
(MMA, 2002).
Entre os profissionais da área, em nível internacional, é cada vez mais claro o
consenso quanto à premência da adoção de práticas que assegurem a integração dos princípios
e do conceito geral de avaliação ambiental estratégica, o mais cedo possível, no processo
decisório (MMA, 2002; MMA, 2006).
O processo de AAE deve se manter flexível e se ajustar à natureza do processo de
decisão em que está sendo aplicado, já que não existe uma formulação específica ou mais
eficaz para a aplicação da AAE. Haverá tantas formas quantos forem os processos decisórios
que a utilizem, fazendo com que seja praticamente impossível estabelecer uma única
metodologia capaz de cobrir todas as atividades técnicas envolvidas na sua implementação
(MMA, 2002).
Em suma, a AAE tem a proposta de subsidiar a tomada de decisões governamentais e
particulares, disponibilizando informações sobre as potenciais consequências ambientais dos
programas governamentais dos setores considerados estratégicos: mineração, agronegócio,
saneamento, geração de energia e rodoviário (RODRIGUES e ROSA, 2013).
Segundo a Secretaria de Qualidade Ambiental nos Assentamentos Humanos –
SQA/MMA, é possível listar uma série de fatores que devem ser considerados na aplicação da
AAE, dentre os quais estão (SQA/MMA, 2002):
a) Adoção de procedimentos de análise e avaliação ambiental em todas as etapas do
processo de planejamento do setor elétrico;
b) A incorporação da dimensão ambiental no planejamento, por meio da consideração
e da avaliação ambiental de decisões alternativas, atualmente formuladas apenas a partir de
critérios e parâmetros econômicos e energéticos (técnicos);
c) Avaliação sistemática das consequências ambientais decorrentes das alternativas de
composição da matriz energética, a partir do conhecimento dos impactos ambientais
28
decorrentes de cada uma das fontes de energia, considerando seus efeitos globais, regionais e
locais, cumulativos e sinérgicos;
d) Definição de critérios ambientais explícitos para a seleção das fontes de energia, das
tecnologias empregadas na geração e da localização das unidades geradoras;
e) Avaliação ambiental sistemática dos planos de expansão, integrando os
procedimentos de AAE com as fases do processo de planejamento, de forma a permitir que os
resultados da avaliação ambiental sejam efetivamente incorporados ao processo decisório;
f) Conhecimento das principais características ambientais das áreas alvo do processo
de planejamento, apoiando-se em indicadores de capacidade de suporte, zoneamento, entre
outros elementos que auxiliam a avaliação da complexidade ambiental da área em estudo;
g) Identificação das questões ambientais relevantes a serem consideradas em cada
etapa do processo de planejamento, com o tratamento adequado da dimensão espacial;
h) Definição de critérios e indicadores específicos para: orientar a obtenção e o
processamento de dados e informações que sejam relevantes em cada caso; sistematizar as
análises ambientais; e acompanhar e monitorar a implementação das políticas, planos e
programas do setor.
Em síntese, é necessário que sejam incorporados novos procedimentos e metodologias
de avaliação ambiental no processo de planejamento e tomada de decisão do setor elétrico,
capazes de reduzir as incertezas e os riscos ambientais. Dessa forma, o Estado cumpre seu
papel de orientar os investimentos, prevenindo ou reduzindo as consequências ambientais
negativas e o setor privado adquire maior segurança para a implantação de seus projetos.
2.3.2 AVALIAÇÃO AMBIENTAL INTEGRADA
A avaliação de impactos ambientais (AIA) e o licenciamento ambiental contribuíram
expressivamente para o progresso da análise socioambiental de projetos, precedendo alguns
procedimentos mais específicos, como por exemplo, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
No entanto, as deficiências observadas na aplicação da AIA favoreceram o
desenvolvimento de abordagens de análises estratégicas de planejamento, norteadas pelos
preceitos de sustentabilidade, sendo compreendidas por uma visão abrangente de interações e
dinâmicas ambientais (MMA, 2006).
29
Nesse contexto, a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) se insere no âmbito da
Política Energética Nacional como um instrumento de avaliação socioambiental, presente
principalmente na etapa intermediária entre o inventário e os estudos de viabilidade (EPE,
2007).
A AAI surge como uma forma de abordagem de avaliação de impactos ambientais,
sugerindo que políticas, planos e programas referentes ao planejamento dos projetos de
desenvolvimento sejam analisados de modo pró-ativo e integrado; trata-se, então, de uma
ferramenta de auxílio, no sentido de aprimorar a concepção da avaliação da dimensão
ambiental no tocante às decisões estratégicas (MMA, 2006).
A expressão “avaliação ambiental integrada” refere-se às abordagens que assinalam a
interação do efeito conjuntural dos diferentes empreendimentos presentes em uma bacia
hidrográfica, e demais fatores que caracterizam os seus impactos socioambientais, visando
identificar e avaliar os efeitos sinérgicos e cumulativos associados a esse conjunto de fatores
ou de projetos (EPE, 2005; MMA, 2006).
Dentro da perspectiva de sustentabilidade, a AAI busca incorporar em suas
considerações a sensibilidade de determinadas áreas associadas aos impactos ambientais
decorrentes de um determinado tipo de aproveitamento. No tocante à geração hidrelétrica,
essas recomendações consideram a análise de cenários alternativos de desenvolvimento da
bacia hidrográfica em questão em relação aos seus recursos hídricos, à sua biodiversidade e ao
uso do solo, devidamente inseridos na dinâmica de desenvolvimento interregional e nacional
(EPE, 2005).
Esse conhecimento possibilita a formulação de políticas públicas específicas para o
setor elétrico, por meio de instrumentos de planejamento, acompanhamento e tomada de
decisão pela esfera pública. Segundo EPE (2005), a avaliação ambiental integrada envolve as
seguintes etapas principais:
a) Caracterização dos aspectos ambientais: devem ser definidos os temas prioritários
de gestão ambiental, relacionados com os ecossistemas e as suas interações, abordados a partir
de caracterizações socioambientais e de levantamento de dados que serão organizados em um
Sistema de Informações Geográficas – SIG’s.
b) Identificação das variáveis, indicadores de sensibilidades ambiental - ISA 9 e
indicadores de impacto ambiental - IIA10: a indicação das fragilidade e potencialidades de
9 Os Indicadores de Sensibilidade Ambiental são ferramentas analíticas que buscam sintetizar os aspectos
relevantes identificados nos estudos de caracterização. Visam permitir a representação espacial da sensibilidade
30
uma bacia hidrográfica permite uma avaliação dos impactos cumulativos e sinérgicos,
conciliando o conhecimento científico e tecnológico apropriado.
c) Simulação de cenários: um corte temporal (cena), possibilita a determinação das
condições socioambientais de um conjunto de empreendimentos e a forma como eles se
relacionam em uma análise conjuntural.
d) Avaliação dos cenários e dos aspectos ambientais de forma integrada: os resultados
obtidos nas simulações devem ser analisados e verificados para avaliar se os mesmos
produzem efeitos adicionais aos previstos nas fases anteriores.
e) Diretrizes: com base nas variáveis e indicadores ambientais, além dos resultados
oriundos dos diferentes cenários elaborados, deve-se construir uma matriz de decisão baseada
em metodologia de multicritério.
Segundo Caldarelli (2006), a Avaliação Ambiental Integrada e a Avaliação Ambiental
Estratégica guardam certa similaridade. Ambas as abordagens são ajustadas a uma visão
abrangente e estratégica do território; no entanto, distinguem-se pelo fato da AAI estar
voltada para a análise ambiental de cenários e impactos em uma bacia hidrográfica, dentro das
políticas existentes ou planejadas, enquanto que a AAE, além de envolver a avaliação
integrada, busca compatibilizar as políticas, planos e programas de gestão dos usos e da
conservação dos recursos naturais de um território, o que permite a incorporação da dimensão
ambiental nos planejamentos setoriais (MMA, 2006)
Wärnback e Hilding-Rydevik (2009) sugerem que a falta de conhecimento,
procedimentos específicos e regras claras para o estabelecimento da AAI/AAE são os
principais obstáculos para a efetividade desse tipo avaliação. Dessa forma, o estabelecimento
dessa abordagem depende do seu entendimento por parte dos responsáveis pela tomada de
decisão (THÉRIVEL E ROSS, 2007), como é o caso da Empresa de Pesquisas Energéticas –
EPE/MME com suas recomendações no âmbito dos “Estudos do Meio Ambiente”, as quais
serão discutidas no próximo tópico (2.3.3).
socioambiental encontrada em cada subárea, a partir da hierarquização, ponderação e qualificação das variáveis
socioambientais selecionadas para a composição de cada indicador. Dessa forma, as variáveis utilizadas para a
composição dos ISA são constituídas por informações disponíveis que permitam uma representação espacial
(EPE, 2007). 10 A partir da identificação dos principais processos impactantes, são selecionados os indicadores capazes de
representar uma avaliação com base em alguns atributos classificadores, tais como importância, intensidade e
abrangência, relativos aos impactos dos empreendimentos hidrelétricos sobre o meio ambiente. Nesse sentido,
define-se como fragilidade a superposição do mapeamento dos indicadores de impactos cumulativos e
sinérgicos, com grande probabilidade de ocorrência, ao mapeamento das sensibilidades, isto é, as áreas frágeis
são aquelas nas quais há maior influência espacial dos indicadores de impacto nas áreas mais sensíveis de cada
subárea (EPE, 2007).
31
Esse estudo representa, portanto, um esforço no sentido de subsidiar informações para
o planejamento estratégico da instalação de novas PCH’s em Minas Gerais, a partir da
manipulação dos dados do ZEE-MG; incorporando as recomendações da AAI e AAE na
elaboração do cenário de restrições socioambientais proposto.
2.3.3 ESFORÇOS GOVERNAMENTAIS PARA O APRIMORAMENTO DA GESTÃO
AMBIENTAL
O Estado brasileiro, na forma da lei, exerce as funções de planejamento e formulação
de políticas do setor energético através do Conselho Nacional de Política Energética – CNPE.
A implementação dessas políticas fica a cargo do Ministério de Minas e Energia – MME, o
qual é responsável por apresentar à sociedade brasileira o Plano Decenal de Expansão de
Energia – PDE, subsidiado pelos estudos elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética –
EPE. Tais estudos auxiliam o processo de planejamento e integra as projeções da expansão da
demanda e da oferta de diversas fontes energéticas para um horizonte de referência de dez
anos (PDE, 2019).
Desde a edição do PDE 2019, uma das inovações incorporadas ao Plano refere-se à
análise socioambiental. A introdução do conceito de sustentabilidade na avaliação
socioambiental dos empreendimentos de geração de energia foi intermediada pelo
desenvolvimento de metodologias em forma de notas técnicas, as quais consideram a
interação dos empreendimentos com o meio físico-biótico e socioeconômico; significando,
desse modo, um relativo aprimoramento das análises socioambientais (EPE, 2012).
Com o intuito de contemplar tais avanços na proposta metodológica do presente
estudo, foram analisadas três notas técnicas: (i) Nota Técnica NT DEA 21/10 – Metodologia
para avaliação da sustentabilidade socioeconômica e ambiental de UHE e LT; (ii) Nota
Técnica NT DEA 17/12 – Metodologia para avaliação socioambiental de Usinas
Hidrelétricas; e (iii) Nota Técnica DEA 19/12 – Metodologia para a Análise Socioambiental
Integrada.
As duas primeiras metodologias (NT DEA 21/10 e NT DEA 17/12) discutem a
avaliação da sustentabilidade de projetos hidrelétricos de grande porte por meio de
indicadores socioambientais e propõem variáveis e métricas de avaliação. A metodologia
32
DEA 19/12, trata da análise socioambiental integrada do conjunto de projetos de geração de
energia constantes no PDE 2021.
Seguem abaixo as sínteses das metodologias mencionadas anteriormente como forma
de assinalar os aspectos que foram analisados para embasar a proposta que é apresentada a
partir do capítulo 3. Destaca-se, particularmente, a seleção de variáveis e apontamentos
críticos e prioritários de gestão ambiental de empreendimentos hidrelétricos de grande porte,
fazendo adaptações desse conteúdo para o contexto das PCH’s.
2.3.3.1 Nota Técnica NT DEA 21/10 – Metodologia para avaliação da sustentabilidade
socioeconômica e ambiental de UHE e LT
Nessa metodologia são propostos dois índices: Índice de Sustentabilidade de Usinas
Hidrelétricas – ISUH e o Índice de Sustentabilidade de Linhas de Transmissão – ISUT. O
foco foi dado, entretanto, na elaboração do índice ISHU.
A partir da identificação dos impactos positivos e negativos decorrentes da
implantação de uma usina hidrelétrica de grande porte, foi definida uma lista de indicadores
para compor o índice ISUH. Os indicadores foram agrupados em duas dimensões: ambiental e
socioeconômica. Posteriormente, cada indicador foi submetido a uma métrica, sendo atribuída
uma classificação de sustentabilidade para cada um deles, variando desde “muito baixa” até
“muito alta” (sustentabilidade), passando por três níveis intermediários: “baixa”, “média” e
“alta”.
Foram considerados na composição do índice ISUH, 15 indicadores: 5 indicadores
ambientais e 10 indicadores socioeconômicos, os quais estão apresentados na tabela a seguir.
33
Tabela 2 – Indicadores ambientais e indicadores socioeconômicos considerados na elaboração do índice ISUH
(NT DEA 21/10).
Indicadores Ambientais Indicadores Socioeconômicos
Área Alagada População afetada
Perda de Vegetação Interferência em Tribos indígenas
Trecho de rio alagado Interferência em Assentamentos do INCRA
Interferência em UC11 Interferência em Infraestrutura
Interferência em APCB12 Potencial de empregos para a população local
Interferência em áreas urbanas
Interferência na circulação/comunicação
Impacto temporário na arrecadação municipal
Impacto permanentes na arrecadação municipal
Perda de área produtiva
2.3.3.2 Nota Técnica NT DEA 17/12 – Metodologia para avaliação socioambiental de
Usinas Hidrelétricas
Essa abordagem agrega os indicadores socioambientais de acordo com seu potencial
de impacto e os classifica como impactos negativos ou positivos. Os indicadores de impacto
negativo são tratados como “impactos” e os indicadores de impactos positivos são
denominados “benefícios”.
A avaliação é composta por três índices: índice de impactos ambientais, índice de
impactos socioeconômicos e índice de benefícios socioeconômicos. Cada um desses índices é
composto por três indicadores específicos, escolhidos segundo a relevância para a análise e
disponibilidade de dados para o cálculo (EPE, 2012). Dessa forma, foram selecionados nove
(9) variáveis, as quais estão apresentados na tabela 3.
Tabela 3 – Indicadores de impactos ambientais, indicadores de impactos socioeconômicos e indicadores de
benefícios socioeconômicos considerados na NT DEA 17/12.
11 UC - Unidades de Conservação. 12APCB - Área(s) Prioritária(s) para a Conservação da Biodiversidade. Uma APCB é, potencialmente, uma área
para futura constituição de uma UC (EPE, 2012).
Variáveis
Indicadores de Impactos Ambientais Perda de Vegetação
Interferência em UC
Transformação de ambiente lótico para lêntico
Indicadores de Impactos Socioeconômicos População Afetada
Interferência em Tribos Indígenas
Interferência em Infraestrutura
Indicadores de Benefícios Socioeconômicos Potencial de empregos para a população local
Impacto temporário na arrecadação municipal
Impacto permanente na arrecadação municipal
34
2.3.3.3 NT DEA 19/12 – Metodologia para a Análise Socioambiental Integrada.
A Análise Socioambiental Integrada busca indicar a incidência espacial do conjunto de
projetos de geração de energia constantes no PDE 2021, sob o ponto de vista das suas
interferências sobre as sensibilidades socioambientais regionais e os efeitos de proximidade
entre os projetos. Dessa forma, são consideradas nessa abordagem, as principais interferências
e os temas socioambientais geralmente associadosa um determinado tipo de projeto.
A partir dos temas socioambientais considerados nessa abordagem, foram
caracterizadas as sensibilidades regionais e a sua associação com os projetos de geração de
energia.
Essa análise buscou indicar os impactos socioambientais que merecem maior destaque
durante o processo de planejamento de um determinado tipo de empreendimento de geração
de energia. A tabela abaixo apresenta a síntese dos temas socioambientais mais importantes
relacionados aos projetos de UHE’s e PCH’s de acordo com as regiões onde estão localizados.
Tabela 4 – Síntese da análise socioambiental integrada dos projetos de UHE e PCH para a região sudeste.
Adaptado de EPE (2012).
Projetos Temas prioritários(região sudeste)
Usina Hidrelétrica – UHE Biodiversidade aquática
Vegetação nativa
Organização territorial
Populações indígenas
Pequena Central Hidrelétrica - PCH Biodiversidade aquática
Ainda que os temas socioambientais tenham prioridades diferentes de acordo com
cada região, todos são importantes para o planejamento da expansão da oferta de energia.
Alguns, no entanto, são prioritários para a gestão ambiental do setor energético, segundo os
resultados apontados por essa metodologia (EPE, 2012).
Os critérios de definição dos temas prioritários consideraram a frequência com que os
temas surgem no contexto de avaliação, associados às regiões e aos tipos de fontes de geração
de energia; além dos aspectos técnicos e jurídico-institucionais envolvidos.
35
Dessa forma, foram selecionados os seguintes temas considerados prioritários para o
planejamento do setor elétrico brasileiro:
Populações indígenas;
Áreas protegidas;
Biodiversidade aquática;
Vegetação nativa.
3 SELEÇÃO, JUSTIFICATIVA E INTERPRETAÇÃO DAS VARIÁVEIS
Após serem estabelecidos os critérios de seleção e agrupamento das variáveis (meio
biótico, meio físico e componentes-síntese), preocupou-se com a sua justifica e interpretação
das mesmas. Como mencionado anteriormente, foram considerados tantos os aspectos
técnicos quantos os teóricos na escolha das variáveis, tomando o cuidado para ser o mais
abrangente possível, de forma a estabelecer uma metodologia abrangente o suficiente para
considerar todas as tipologias de PCH’s existentes.
Segue abaixo a lista das variáveis selecionadas para compor o cenário de restrições
socioambientais, seguidas por suas justificativas de seleção e modo de interpretação.
3.1 MEIO BIÓTICO
3.1.1 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA
Entende-se que quando há supressão da vegetação nativa e das pastagens existentes
nas áreas destinadas à infraestrutura de apoio e operacional de uma PCH, assim como quando
ocorre a remoção da vegetação em virtude da formação do reservatório, os elementos da fauna
são afetados. A possível presença de espécies ameaçadas de extinção eleva ainda mais a
magnitude e a importância desse impacto (BARBOSA, 2004).
Quando a supressão e a fragmentação de habitat nativo são combinadas, há
modificação na dinâmica da paisagem; podem ser gerados efeitos de borda13 em relação às
13 Os fragmentos de florestas não se comportam como florestas intactas. A criação dos fragmentos implica em
formação de bordas, ou seja, uma região de transição entre a área de uso atual do solo e o fragmento de floresta.
A borda do fragmento, portanto, está submetida às condições microclimáticas diferentes do interior do
fragmento, como por exemplo, a maior radiação solar lateral, a maior densidade de plantas,menor humidade, e
36
áreas contínuas e, consequentemente, podem ocorrer distúrbios que alteram as condições
físicas e biológicas originais, como por exemplo, a diminuição dos fluxos gênicos14 entre os
fragmentos; o que pode resultar na simplificação dos sistemas ecológicos (EPE, 2012).
De acordo com De Filippo et al. (1999), a transformação de um trecho de rio em
reservatório desencadeia uma série de processos biogeoquímicos, os quais podem interferir
nas características ambientais de uma área. Nesse sentido, é possível citar os impactos sob as
comunidades biológicas tanto no entorno da planta hidrelétrica quanto à sua jusante, com
reflexos sobre as áreas ribeirinhas.
Segundo Tiago Filho et al. (2003), o impacto ambiental da vazão ecológica que ocorre
em PCH’s do tipo desvio, compromete principalmente a fauna à jusante. Mesmo em pequenos
trechos, a interrupção do fluxo de organismos vivos pode impossibilitar a sua reprodução. Os
efeitos dos impactos ambientais à jusante de um empreendimento hidrelétrico, segundo
Yüksel,(2010) e Mcmanamay, Orth e Dolloff (2012) são complexos para serem avaliados e
não são totalmente equacionados.
Por fim, todos esses efeitos culminam na perda da biodiversidade por meio da perda
de espécies da fauna e da flora, sobretudo daquelas mais sensíveis à modificação do meio
(EPE, 2012).
Considerando o que foi exposto e tendo em vista a representação das áreas mais
suscetíveis aos impactos sobre a fauna em Minas Gerais, com vistas à elaboração do cenário
de restrições socioambientais para implantação de novas PCH’s no Estado, selecionamos no
banco de dados do ZEE-MG o mapa temático Prioridade de Conservação da Fauna.
Essa variável é analisada tendo como foco os grupos de vertebrados (peixes,
mamíferos, aves, répteis e anfíbios). Apesar de representarem uma pequena parcela da
diversidade geral de animais, assume-se que estes grupos apresentam maiores sensibilidades,
e como vertebrados, os humanos teriam também suscetibilidades semelhantes (SCOLFORO
et al., 2008).
em regiões temperadas já é consenso que as bordas de fragmentos florestais possuem composição de espécies
diferente do seu interior (RODRIGUES, 1998).
14Fluxo gênico é o movimento de genes de uma população para outra (geralmente da mesma espécie), resultante
do deslocamento de indivíduos ou de seus gametas. A movimentação de indivíduos entre populações, seguida de
cruzamentos, permite que novos genes e características se espalhem a partir de sua população de origem para
toda a espécie. (FUTUYMA, 2002).
37
As informações utilizadas na elaboração dessa variável pelo ZEE-MG foram obtidas
da base de dados do IEF (Instituto Estadual de Florestas), o qual orientou a publicação
“Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua conservação” (DRUMMONT et al.,
2005).
Para cada área considerada prioritária para a conservação, segundo o ZEE-MG, foi
feita uma reclassificação dos critérios utilizados pelo estudo supracitado, associando às áreas
valores de integridade em razão: do grau de endemismo, número de espécies ameaçadas e a
riqueza de espécies em uma determinada região (SCOLFORO et al., 2008).
A correspondência entre as classes definidas pelo Atlas de Áreas Prioritárias para a
Conservação e as classes utilizadas no sistema do ZEE-MG são apresentadas na tabela 5.
Tabela 5 – Conversão de classes da componente fauna para o sistema utilizado no ZEE-MG.
Classes no Atlas Biodiversitas Classes no ZEE-MG
Nenhuma Baixa
Potencial Média
Alta Alta
Muito alta Muito alta
Extrema Muito alta
Especial Muito alta
Fonte: ZEE-MG (2008).
3.1.2 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA FLORA
A vegetação nativa frequentemente é afetada por empreendimentos de geração de
energia, seja por alagamento ou supressão, o que implica em perda de habitat nativo e
biodiversidade. Alguns empreendimentos podem ser vetores de desmatamentos, promovendo
a abertura de clareiras e estradas em áreas preservadas (EPE, 2012).
Nem todas as PCH’s operam em associação com reservatórios, no entanto, os
empreendimentos que utilizam desse recurso para estabelecer uma vazão contínua,
necessariamente inundam áreas. As dimensões das áreas inundadas são altamente variáveis e
dependentes das características físicas do rio e de seu entorno, do regime de operação do
reservatório e de outros elementos de projeto (EPE, 2010).
38
Com o represamento dos rios e a inundação das lagoas marginais, a vegetação ripária15
é afetada; a alteração da hidrodinâmica do ecossistema implica em grandes alterações físicas,
químicas, limnológicas e ambientais (SMITH et al., 2002). Além disso, o processo de
formação dos reservatórios pode representar considerável aporte de matéria orgânica para
esses sistemas (CUNHA-SANTINO; BIANCHINI JR., 2002).
A maioria das alterações associadas aos meios físico, biótico e socioeconômico
decorre da formação dos reservatórios (EPE, 2010). Dessa forma, a perda de vegetação
ocasionada pela inundação pode reduzir os nichos ecológicos, 16 diminuir os recursos
alimentares e os locais de reprodução da fauna terrestre (EPE, 2012).
Em alguns casos, quando a vegetação anterior ao represamento é abundante, o
primeiro estágio de formação do reservatório pode ocasionar uma grande produção pesqueira
devido à grande disponibilidade de nutrientes no novo ambiente aquático. No entanto, ao
longo do tempo, os nutrientes tendem a se esgotar e a produção pesqueira diminui
substancialmente, podendo se estabilizar em níveis de baixa produção (BARBOSA, 2004).
Especificamente no sudeste e centro-oeste do Brasil, a importância das questões dos
impactos ambientais sob a flora relaciona-se diretamente aos remanescentes florestais dessas
regiões, os quais se encontram bastante fragmentados. Especificamente na região sudeste, a
vegetação nativa é considerada de alta sensibilidade devido à fragmentação dos poucos
remanescentes florestais existentes. Essa condição é agravada pelo fato de grande parte do
Estado estar sob o domínio da Mata Atlântica,17 o bioma brasileiro mais ameaçado e com o
menor percentual de cobertura original (EPE, 2012).
15 A definição de Mata Ripária pode ser subdividida em duas categorias: Mata Ciliar e Mata de Galeria. A Mata
Ciliar é definida como a vegetação florestal que acompanha os rios de médio e grande porte na região do
Cerrado, em que a vegetação arbórea não forma galerias; e por Mata de Galeria entende-se a vegetação florestal
que acompanha os rios de pequeno porte e córregos dos planaltos do Brasil Central, formando corredores
fechados (galerias) sobre o curso de água (ICMBio, 2016).
16 O habitat de um organismo é o local onde este vive, ou o local onde se deverá procurá-lo. O nicho ecológico,
por sua vez, é um termo com maior âmbito que inclui, não apenas o espaço físico ocupado por um organismo,
mas também o seu papel funcional na comunidade (como por exemplo, a sua posição trófica) e a sua posição nos
gradientes ambientais de temperatura, umidade, pH, solo e outras condições de existência (ODUM, 2004).
17A Mata Atlântica é formada por um conjunto de formações florestais e ecossistemas associados como as
restingas, manguezais e campos de altitude. Hoje os remanescentes de vegetação nativa estão reduzidos a cerca
de 22% de sua cobertura original e encontram-se em diferentes estágios de regeneração. Apenas cerca de 7%
estão bem conservados em fragmentos acima de 100 hectares. Estima-se que na Mata Atlântica exista cerca de
20.000 espécies vegetais, incluindo diversas espécies endêmicas e ameaçadas de extinção, por isso a região da
Mata Atlântica é altamente prioritária para a conservação da biodiversidade mundial. Em relação à fauna, os
levantamentos já realizados indicam que a Mata Atlântica abriga 849 espécies de aves, 370 espécies de anfíbios,
200 espécies de répteis, 270 de mamíferos e cerca de 350 espécies de peixes (BRASIL, 2016).
39
Considerando o que foi exposto, e tendo em vista a representação das áreas mais
suscetíveis aos impactos sobre a flora em Minas Gerais com vistas à elaboração do cenário de
restrições socioambientais para implantação de novas PCH’s no Estado, foi selecionado no
banco de dados do ZEE-MG, o mapa temático Prioridade de Conservação da Flora.
Na elaboração dos estudos do ZEE-MG, a variável “prioridade de conservação da
flora” é considerada um dos indicadores para a determinação da vulnerabilidade ambiental
natural de uma região. A sua determinação foi derivada da base de dados do IEF, que orientou
a publicação “Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para a sua conservação”
(DRUMMONT et al., 2005). Nessa publicação são apresentadas as áreas prioritárias para a
conservação da flora de acordo com a ocorrência de espécies endêmicas18 ameaçadas de
extinção e outras variáveis operacionais (SCOLFORO et al., 2008).
Para cada área prioritária foi feita uma reclassificação dos critérios estabelecidos pelo
Atlas supracitado, associando as áreas a valores de vulnerabilidade estabelecidos pelo ZEE-
MG (Tabela 6), principalmente no que se refere à perda futura de vegetação nativa. A
correspondência entre as classes definidas no Atlas de Áreas Prioritárias para a Conservação e
as considerações do ZEE-MG são apresentadas na tabela abaixo.
Tabela 6 – Conversão de classes da componente flora para o sistema utilizado no ZEE-MG.
Classes no Atlas Biodiversitas Classes no ZEE-MG
Nenhuma Muito baixa
Corredor Baixa
Potencial Média
Alta Alta
Muito alta Muito alta
Extrema Muito alta
Especial Muito alta
Fonte: ZEE-MG (2008).
3.1.3 PRIORIDADE DE CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA
De acordo com Yüksel (2010) e Mcmanamay, Orth e Dolloff (2012) os impactos
ambientais à jusante de uma planta hidrelétrica associam-se principalmente com as alterações
da hidrologia. As flutuações de vazão dos rios afetam negativamente a flora e a fauna
18Em biologia, botânica e zoologia chamam-se endemismos (do grego endemos, ou seja, indígena) grupos
taxonômicos que se desenvolveram numa região restrita (CAIXINHAS, 1999).
40
(ASAEDA; RASHID, 2012; GUO et al., 2012), e podem comprometer os serviços
ecossistêmicos19, constituindo a maior parte dos impactos induzidos pelo desenvolvimento
desses empreendimentos (PANG et al., 2015).
A perda de ambientes e espécies aquáticas pode representar consequências adversas
sobre os ecossistemas, sobre a pesca de subsistência e comercial. Este tema apresenta alta
sensibilidade nas regiões sudeste, nordeste e sul, devido à fragmentação a que estão sujeitas as
populações de peixes (EPE, 2012).
Os ecossistemas aquáticos sofrem os impactos das atividades humanas com maior
intensidade em relação aos ambientes terrestres, pois toda a influência das atividades
antrópicas irá afetar o fluxo de matéria e de energia, e impactar diretamente os corpos d’água
(KARR, 1998). Os ecossistemas aquáticos continentais são os ambientes mais ameaçados do
mundo (DUDGEON et al., 2006) e apresentam taxas de extinção superiores à dos ambientes
terrestres (SALA et al., 2000).
A conectividade de bacias e rios encontra-se comprometida pelo grande número de
barramentos construídos ao longo dos últimos 60 anos no país. Dessa forma, entende-se que
novos empreendimentos hidrelétricos podem aumentar ainda mais essa fragmentação e alterar
os ambientes aquáticos remanescentes ainda íntegros (EPE, 2012).
Vale ressaltar o efeito das PCH’s nesse processo, uma vez que contribuem de forma
expressiva para o aumento do número de barramentos, podendo não só reduzir a velocidade
do fluxo da água, como também comprometer o conflito de usos múltiplos da água (EPE,
2012).
Considerando o que foi exposto e tendo em vista a representação das áreas mais
suscetíveis aos impactos sobre a ictiofauna em Minas Gerais, com foco na elaboração do
cenáriode restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do ZEE-MG o mapa
temático Ictiofauna.
Essa variável é analisada separadamente dos demais grupos de vertebrados como
forma de melhor abordá-la e representá-la, visto que os peixes estão entre os componentes da
19Entende-se por serviços ambientais ou serviços ecossistêmicos os benefícios que as pessoas obtêm da natureza,
direta ou indiretamente, através dos ecossistemas, a fim de sustentar a vida no planeta (OECO, 2014). Segundo
a Avaliação Ecossistêmica do Milênio da ONU (2005), os serviços ambientais, podem ser divididos em:Serviços
de Provisão: alimentos, água doce, fibras, produtos químicos, madeira; Serviços de Regulação: fotossíntese das
florestas; controle do clima, polinização de plantas, controle de doenças e pragas; Serviços Culturais: de natureza
recreativa, educacional, religiosa ou estético-paisagística; eServiços de Suporte: Ciclagem de nutrientes,
formação do solo e dispersão de sementes.
41
biodiversidade faunística que sofrem a maior pressão antrópica, principalmente quando se
trata de exploração de recursos hídricos; além de ser o único grupo faunístico brasileiro para
em relação ao qual a caça amadora e profissional ainda é permitida (SCOLFORO et al.,
2008).
Para cada área considerada prioritária para a conservação da ictiofauna, foi feita uma
reclassificação dos critérios de prioridade para a conservação, conforme a descrição
apresentada anteriormente na tabela 5.
3.2 MEIO FÍSICO
3.2.1 ERODIBILIDADE E INCLINAÇÃO DO TERRENO
Entende-se que o revolvimento dos solos quando da instalação de uma PCH pode
causar impactos ambientais sob o meio físico, principalmente no momento da instalação dos
componentes de obra civil, abertura de vias de acesso e formação do reservatório.
A movimentação do solo pode induzir processos erosivos e instabilização; ademais,
podem agravar focos de erosão já existentes, constituindo aporte de sedimentos para os corpos
hídricos, com impacto sobre a qualidade da água (BARBOSA, 2004; ADRADA, 2013).
Os impactos ambientais associados ao meio físico, abordados em diferentes escalas
espaciais, tendem a ser mais expressivos no entorno da planta hidrelétrica, onde se encontram
os principais componentes de infraestrutura (LI et al., 2007; ZHANG et al., 2007 e
PASCALE, URMEE E MOORE, 2011).
De acordo com Andrade et al.(2015), o quadro de impactos tende a se agravar quando
os empreendimentos são instalados em locais sensíveis e ambientalmente significantes.
Segundo Scolforo et al. (2008), a geomorfologia é considerada o principal fator responsável
pela susceptibilidade dos solos à erosão, juntamente com a intensidade de chuvas e a
exposição do solo.
Dessa forma, foram selecionadas do banco de dados do ZEE-MG os mapas temáticos
de erodibilidade e declividade do terreno, com o intuito de representar as principais variáveis
associadas aos impactos ambientais sob o meio físico, com vistas à elaboração do cenário de
restrições socioambientais.
42
O mapa de declividade foi obtido a partir de um modelo digital de elevação e foi
classificado conforme Lemos e Santos (1996) em: plano (0 a 3%); suave-ondulado (3 a 8%);
ondulado (8 a 20%); forte-ondulado (20 a 45%); montanhoso (45 a 75%); e escarpo (> 75%).
A tabela 7 ilustra a associação das variáveis erodibilidade e declividade para a
determinação do risco potencial de erosão dos solos de Minas Gerais, conforme metodologia
estabelecida pelo ZEE-MG.
Tabela 7 – Estimativa do risco potencial de erosão com base na associação das variáveis erodibilidade e
declividade.
Risco de erosão Erodibilidade Declividade
Muito baixo Muito baixa ou Baixa Plano ou suave-ondulado
Baixo Muito baixa Ondulado
Média Plano ou suave-ondulado
Médio
Muito baixa Forte-ondulado
Baixa ou Média Ondulado
Alta ou Muito alta Plano ou suave-ondulado
Alto Forte-ondulado
Baixa ou Média
Alta Ondulado
- Montanhoso
Alta Forte-ondulado
Muito alto Muito Alta Ondulado ou Forte-ondulado
Fonte: ZEE-MG (2008).
3.3 COMPONENTES-SÍNTESE
3.3.1 UNIDADES DE CONSERVAÇÃO
A Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que instituiu o SNUC, define Unidade de
Conservação - UC como:
[o] espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais,
com características naturais relevantes, legalmente instituído pelo Poder Público,
com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de
administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção.
43
As UC’s podem ser reunidas em dois grupos: unidades de proteção integral e unidades
de uso sustentável (a Lei nº 9.985 conceitua e caracteriza cada um desses tipos de unidades de
conservação).
Assim, os empreendimentos hidrelétricos podem ser avaliados em função de sua
localização em relação à unidade e ao grupo de UC’s a que se referem (proteção integral ou
uso sustentável).
A introdução da variável Unidades de Conservação na composição do cenário de
restrições socioambientais tem por objetivo considerar as possíveis interferências
socioambientais que essas áreas podem sofrer, bem como sinalizar essa informação na fase de
planejamento de novos projetos de PCH’s. Partindo-se da premissa de que as UC’s são áreas
legalmente protegidas e constituintes de áreas de preservação permanente e reservas legais,
deve-se considerá-las no planejamento da expansão do setor de geração de energia.
Considerando o que foi exposto e tendo em vista a consideração das UC’s na
composição do cenário de restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do
ZEE-MG, o mapa temático Unidades de Conservação. O intuito principal é sinalizar as
possíveis desvantagens socioambientais associadas à proximidade com as áreas legalmente
protegidas.
3.3.2 TRIBOS INDÍGENAS
O art. 231 da Constituição Federal reconhece a organização social, costumes, línguas,
crenças, tradições e os direitos originários dos povos indígenas sobre as terras que
tradicionalmente ocupam, definindo como competência da União demarcá-las, proteger e
fazer respeitar todos os seus bens.
O conceito “terras tradicionalmente ocupadas pelos índios”, segundo a Constituição
Federal, é definido como sendo as áreas:
por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades
produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários ao
seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos,
costumes e tradições (art. 231, § 1º).
Essas terras "são bens da União" (art. 20, inciso XI) e são "inalienáveis e indisponíveis
e os direitos sobre elas imprescritíveis" (art. 231, §4º).
44
Nas regiões norte e centro-oeste situam-se as terras indígenas mais extensas do país,
onde se concentra a maior parte das etnias e das populações indígenas que habitam o território
nacional. No entanto, as questões indígenas relacionadas aos projetos hidrelétricos também
repercutem na região sudeste do país.
Tendo em vista a tutela especial estabelecida pela Constituição, as interferências de
empreendimentos de qualquer natureza em tribos indígenas(TI’s) demandam estudos
antropológicos específicos para determinar os impactos sobre esses povos (EPE, 2012). Nesse
trabalho, a introdução da variável Tribos Indígenas na composição do cenário de restrições
socioambientais tem por objetivo considerar as possíveis interferências socioambientais que
essas áreas podem sofrer, bem como, sinalizar essa informação na fase de planejamento de
novos projetos de PCH’s.
Partindo da premissa de que as TI’s são áreas legalmente protegidas e constituintes de
áreas de preservação permanente e reservas legais, deve-se considerá-las na fase de
planejamento da expansão do setor de geração de energia.
Considerando o que foi exposto e tendo em vista a consideração das TI’s na
composição dos cenários de restrições socioambientais, foi selecionado do banco de dados do
ZEE-MG, o mapa temático Tribos Indígenas. O intuito principal é sinalizar na fase de
planejamento dos projetos, as possíveis desvantagens socioambientais associadas à
proximidade com essas áreas.
4 ESPACIALIZAÇÃO E ELABORAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS
4.1 MÉTODO DA ANÁLISE HIERÁRQUICA DE PROCESSOS (AHP)
O método AHP (Analytic Hierarchy Process) foi desenvolvido por Thomas L. Saaty, e
publicado no livro The analytic hierarchy process em 1980. A motivação do desenvolvimento
dessa técnica partiu, dentre outros fatores, das dificuldades de comunicação e da ausência de
enfoque sistêmico na prática de determinação de prioridades na tomada de decisão (SAATY,
1991).
Segundo o seu idealizador, o método AHP pode ser útil na tomada de decisão, uma
vez que articula o conhecimento ao julgamento, de forma que as questões envolvidas sejam
claramente avaliadas, debatidas e priorizadas. Uma das grandes vantagens do AHP é a
45
possibilidade de se moldar ao problema considerado, combinando dados quantitativos e
aspectos subjetivos, envolvendo também o grau de certeza ou incerteza associado à análise
(SAATY, 1991).
A escolha do método de multicritério AHP como parte integrante dessa pesquisa foi
motivada pelos aspectos de consistência lógica e facilidade de uso; além da alta frequência de
seu emprego em estudos aplicações práticas em vários campos de estudo e trabalhos similares
(TAGLIANI, 2003; DONHA et al., 2006; KAYA; KAHRAMAN, 2011; CHAN et al.,2014;
SHEN; MUDULI; BARVE, 2015; SIVAKUMAR; KANNAN; MURUGESAN, 2015;
TOPUZ; VAN GESTEL, 2016; e SINGH; NACHTNEBEL, 2016).
A aplicação do AHP baseia-se na comparação entre pares de critérios e subcritérios (se
existirem), e na construção de uma série de matrizes quadradas. As comparações par a par,
expressas em termos linguísticos/verbais, são convertidas em valores numéricos usando a
Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparativos(ver Tabela 8). Dessa forma, é
arbitrado o grau de importância do elemento de um determinado nível sobre os elementos de
níveis inferiores.
Tabela 8 – Escala Fundamental de Saaty para julgamentos comparativos.
A comparação par a par das variáveis permite a geração de matrizes quadradas, onde o
número na linha i e na coluna j dá a importância do critério Ci em relação à Cj, como se
observa na forma matricial indicada abaixo:
Intensidade de
importância Definição Explicação
1 Mesma importância As duas atividades contribuem igualmente para o objetivo
3
Importância pequena de
uma sobre a outra
A experiência e o julgamento favorecem levemente uma atividade
em relação a outra
5
Importância grande ou
essencial
A experiência e o julgamento favorecem fortemente uma
atividade em relação a outra
7
Importância muito grande
ou demonstrada
Uma atividade é muito fortemente favorecida em relação a outra;
sua dominação de importância é demonstrada na prática
9 Importância absoluta
Quando se procura uma condição de compromisso entre as
definições
2,4,6,8
Valores intermediários
entre os valores adjacentes Quando se procura uma condição entre as duas definições
46
Os elementos aij indicam o julgamento do par de critérios (Ci, Cj) e α o valor
daintensidade de importância. Saaty (1991) define as seguintes regras para cada elemento aij
da matriz:
• Se aij = α, então aij = 1/ α, α ≠ 0.
• Se Ci é julgado como de igual importância relativa a Cj, então aij = 1, aji = 1 e aii = 1, para
todo i.
A tabela 9 apresenta a matriz de ponderação dos pesos das variáveis selecionadas para
compor o cenário de restrições socioambientais, com base na atribuição de julgamentos
comparativos.
Tabela 9 – Matriz de comparação pareada e pesos calculados.
Variáveis
Comparação
pareada
Ictiof. TI Fauna Flora UC Erodib. Decliv. Pesos Arredond.
Ictiof. 1 - - - - - - 0,281256 0,28
TI 3 1 - - - - - 0,238886 0,24
Fauna 3 3 1 - - - - 0,178371 0,17
Flora 5 3 1 1 - - - 0,1409 0,14
UC 5 5 3 3 1 - - 0,109418 0,11
Erodib. 7 7 7 5 5 1 - 0,025585 0,03
Decliv. 7 7 7 5 5 1 1 0,025585 0,03
Cumprida a fase de julgamento dos valores e a formação das matrizes de comparação,
a fase seguinte é o momento da obtenção do Quadro de Julgamentos Normalizados. Para cada
nó de julgamento da hierarquia calcula-se a matriz normalizada. O cálculo compreende o
somatório dos elementos de cada coluna e a divisão de cada elemento da coluna pelo
respectivo somatório. A matriz resultante desse processo é chamada de matriz normalizada, e
a partir desse resultado são definidos os pesos associados a cada variável. A equação da
matriz normalizada é definida como:
𝐴′ = [𝑎′𝑖𝑗]
𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑎′𝑖𝑗 =
𝑎′𝑖𝑗
∑ 𝑎𝑖𝑘𝑛𝑘−1
𝑝𝑎𝑟𝑎 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛, 𝑒 1 ≤ 𝑗 ≤ 𝑛
47
Como a base do método AHP é a realização de um julgamento de valor, podem se
esperar, em algumas situações, avaliações inconsistentes. Prevendo essa eventualidade, Saaty
propõe procedimentos que permitem avaliar a consistência dosjulgamentos:
i) Cálculo do Índice de Consistência (IC): do inglês Consistency Index, avalia ograu de
inconsistência da matriz de julgamentos paritários, através da seguinte equação:
𝐼𝐶 =[𝜆𝑚𝑎𝑥 − 𝑁]
𝑁 − 1
onde:
N é a ordem da matriz e λmax é o maior autovalor da matriz de julgamentos paritários.
O parâmetro λmax foi calculado pelo comando >> eig(matriz) no software Matlab,
obtendo-se como resultado o valor 7.5460. Portanto, para o cálculo de IC tem-se:
𝐼𝐶 =[7,5460 − 7]
7 − 1= 0,0910
ii) Cálculo da Razão de Consistência (RC): do inglês Consistency Ratio, permite avaliar a
inconsistência em função da ordem da matriz de julgamentos, através da seguinte equação:
𝑅𝐶 =𝐼𝐶
𝐼𝑅
onde:
IC é o Índice de Consistência e IR é o Índice Randômico (do inglês, Random Index).
O IR é o índice de consistência obtido para uma matriz randômica recíproca, com
elementos não-negativos. Para vários tamanhos da matriz N foram aproximados os valores de
IR com base em um grande número de simulações, segundo Saaty (1981), conforme
demonstra a tabela 10:
48
Portanto, para o cálculo de IR, tem-se:
𝐼𝑅 =0,0910
1,32= 0,0689
Em seu trabalho, Saaty sugere que é aceitável uma razão de consistência menor que
0,10. Para valores de RC > 0,10, sugere-se uma revisão da matriz de comparações.
4.2 ELABORAÇÃO E COMPOSIÇÃO DOS CENÁRIOS DE RESTRIÇÕES
De acordo com Ross (1990), o planejamento territorial deve ser entendido como uma
leitura dinâmica do ambiente, inserido no processo de ocupação, o qual norteia o
desenvolvimento e a apropriação do território e de seus recursos naturais.
Os trabalhos de planejamento e gerenciamento dos recursos naturais requerem vários
tipos de dados para possibilitar a sua análise. Para cada problema em questão são criados
cenários específicos com o propósito de identificar as principais variáveis necessárias para
produzir a informação desejada e possibilitar a tomada de decisão (PAREDES, 1994).
Segundo Maximiniano (1996), os sistemas de informações geográficas (SIG’s),
auxiliam a integração desses dados, permitindo a avaliação de determinado fenômeno,
portanto, trata-se uma ferramenta importante para o planejamento estratégico.
Nesse trabalho, foram selecionadas sete (7) variáveis para representar os principais
condicionantes socioambientais de PCH’s, visando o planejamento da instalação de novos
empreendimentos em Minas Gerais. Essas variáveis, dependendo de sua situação atual,
influenciam mais ou menos na viabilidade ambiental da instalação de determinado projeto
hidrelétrico em uma área potencial para esse tipo de aproveitamento.
Dessa forma, empregou-se a análise de multicritério para operacionalizar a
investigação combinada dessas variáveis e para, posteriormente, gerar um mapa síntese como
produto final (cenário de restrições socioambientais). A análise de multicritério em ambiente
Tabela 10 – Índices de Consistência Randômicos (IR).
Ordem da matriz (N) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Valores de IR 0 0 0,58 0,9 1,12 1,24 1,32 1,41 1,45 1,49 1,51
49
SIG, combinada com o método de álgebra de mapas, permitiu o agrupamento e classificação
das áreas que apresentam potencial de restrições socioambientais semelhantes, caracterizando
as áreas de acordo com o seu grau de restrições.
Para a elaboração dos mapas foram utilizados os softwares ArcMap versão 9.3e gvSIG
desktop versão 2.0.0, obedecendo os seguintes procedimentos:
Definição das variáveis que integram o estudo (Prioridade de conservação da flora,
Prioridade de conservação da fauna, Prioridade de conservação da ictiofauna,
Erodibilidade, Inclinação do terreno, Unidades de Conservação e Tribos Indígenas) e
as áreas potenciais de exploração hidroenergética em Minas Gerais,mencionadas no
tópico 2.1.1;
Inserçãodos arquivos shapefile no ArcMap;
Criação de arquivo raster para cada shapefile inserido. Paraa conversãodo arquivo
vetorial em matricial, foi utilizada a coluna da tabela de atributos correspondente à
informação selecionada de cada variável, através das ferramentas:
ArcToolbox> Conversion tools > To raster > Feature to raster.
Após a conversão dos dados vetoriais, foi necessário definir pesos (de 0 – 100%) para
cada variável, de modo marcar o grau de importância relativa de cada uma delas e a sua
correlação com o fenômeno em questão (restrições socioambientais para PCH’s). Além disso,
foram definidas notas de 1 a 5 para cada componente de legenda das variáveis, entendendo
que quanto maior a nota/peso, maior a sua importância.
A definição dos pesos de cada variável (Tabela 11) foi estabelecida através do método
da Análise Hierárquica de Processos – AHP, proposta por Saaty (1980), o qual está descrito
no tópico 4.1 deste trabalho; e a definição das notas dos componentes de legenda tomou-se
como base a classificação original do ZEE-MG (Tabela 12).
Tabela 11 – Definição dos pesos de cada variável com base no método AHP.
Variável Pesos (0-1) 100%
Prioridade de conservação da ictiofauna 0,28
Tribos indígenas 0,24
Prioridade de conservação da fauna 0,17
Prioridade de conservação da flora 0,14
Unidades de Conservação 0,11
Erodibilidade 0,03
Inclinação do terreno 0,03
50
Tabela 12 – Definição de notas/pesos dos componentes de legenda das variáveis com base nos atributos
estabelecidos pelo ZEE-MG.
Variável Atributos (ZEE-MG) Notas/Pesos (1 a 5)
Prioridade de conservação da flora
Muito baixa 1
Baixa 2
Média 3
Alta 4
Muito Alta 5
Prioridade de conservação da fauna
Ausente 1
Alta 2
Muito alta 3
Extrema 4
Especial 5
Prioridade de conservação da ictiofauna
Baixa 2
Média 3
Alta 4
Muito alta 5
Erodibilidade
Muito baixa 1
Baixa 2
Média 3
Alta 4
Muito Alta 5
Inclinação do terreno
Plano ou suave-ondulado 2
Ondulado 3
Forte-ondulado 4
Montanhoso ou escarpo 5
Unidades de Conservação
Ausente 1
Uso sustentável 4
Proteção Integral 5
Tribos Indígenas Ausente 1
Presente 5
Após a conversão de todos os shapefiles em arquivo raster, foi necessário
reclassificar os valores/informações da coluna de atributos selecionada para representar os
níveis de restrições socioambientais de cada variável, atribuindo notas de importância
conforme a Tabela 12. Os mapas temáticos de cada variável após a reclassificação e a
associação de notas/pesos encontram-se nos anexos (ANEXO I ao ANEXO VII).
Para reclassificar os valores utilizou-se a ferramenta Spatial Analyst > Reclassify.
A partir do comando Reclassify, em Input raster selecionou-se o raster submetido à
reclassificação; em Reclass Field, selecionou-se a coluna de atributos a ser
51
reclassificada; em Set values to reclassify, foram inseridas as notas. Esse comando foi
repetido para todos os arquivos raster.
A combinação das variáveis para a criação do mapa de restrições socioambientais
obedeceu ao seguinte sequenciamento:
Spatial Analyst > Raster Calculator.
Nesse momento foi inserida a equação de criação do mapa com base nos pesos
estabelecidos para cada variável (pesos/notas dos componentes de legenda e pesos
entre as variáveis – Método AHP). O resultado dessa equação gerou o mapa final em
formato raster (ANEXO VIII).
Na etapa seguinte foram definidas e renomeadas as classes obtidas:
Symbology > Classified
definição da quantidade de classes, método de classificação e cores (nesse trabalho
foram definidas 5 classes).
Em síntese, o processo como um todo obedeceu ao sequenciamento do fluxograma
abaixo: Figura 4 - Fluxograma de elaboração do cenário de restrições socioambientais.
52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 ANÁLISE DO CENÁRIO DE RESTRIÇÕES SOCIOAMBIENTAIS PARA PCH’S
A validação dos resultados produzidos pelo cenário de restrições socioambientais, foi
procedida através da análise de dois mapas temáticosque foram elaborados (ANEXO IX e
ANEXO X), correspondentes às duas UPGRH’s20 - Unidades de Planejamento e Gestão de
Recursos Hídricos: a UPGRH PN3 (Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba) e a UPGRH PS2
(Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé).
O cenário de restrições socioambientais foi classificado em cinco (5) intervalos, os
quais variam desde “muito baixa” (restrição socioambiental para a implantação de PCH’s) até
“muito alta”, passando pelos estágios “baixo”, “médio” e “alto”.
5.1.1 UPGRH PN3 - AFLUENTES MINEIROS DO BAIXO PARANAÍBA (BACIA
HIDROGRÁFICA DO RIO PARANAÍBA)
A Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba está inserida na Região Hidrográfica (RH) do
Paraná (ANEXO XI). A RH do Paraná possui uma área de aprox. 879.873 km² (10% do
território nacional), e abrange sete estados da federação: São Paulo, Paraná, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais, Goiás, Santa Catarina e Distrito Federal. A região apresenta o maior
desenvolvimento econômico do país e as maiores demandas por recursos hídricos, tendo
como destaque o uso industrial (ANEEL, 2015).
A RH do Paraná está dividida em 11 bacias hidrográficas, dentre as quais estão:
Aguapeí Peixe, Grande, Iguaçu, Ivaí, Paranaíba, Paranapanema, Piquiri, Tietê, Bacias de
contribuição ao reservatório Ilha Solteira, Bacias de contribuição ao reservatório Itaipu e
Afluentes da Margem Direita do Rio Paraná (ANEEL, 2015).
Os principais rios da região, com comprimento maior que 500 km, são: Paraná (1.405
km), Grande (1.270 km), Iguaçu (1008 km), Paranaíba (994 km), Tietê (947 km),
Paranapanema (819 km), Ivaí (639 km) e Tibagi (522 km) (ANEEL, 2015).
20As UPGRHs foram estabelecidas visando a implantação dos instrumentos da Política Estadual e da gestão
descentralizada dos recursos hídricos no Estado de Minas Gerais (EUCLYDES et al., 2010b).
53
A população total dessa região hidrográfica, segundo Brasil (2010), é de
aproximadamente 61,3 milhões de habitantes. A densidade populacional média dessa região é
bastante alta, chegando a 69,7 hab./km², em relação à média nacional que é de 22,4 hab./km².
A bacia hidrográfica do rio Paranaíba é a segunda maior unidade hidrográfica da RH
do Paraná, abrangendo parte dos estados de Goiás (65%), Minas Gerais (30%), Distrito
Federal (3%) e do Mato Grosso do Sul (2%). O rio Paranaíba, cuja nascente ocorre na Serra
da Mata da Corda, percorre cerca de 1.160 km até sua foz, no encontro com o Rio Grande
(EUCLYDES et al.,2010a).
Os principais tributários do rio Paranaíba em território mineiro são os rios Araguari,
Tijuco, da Prata, Dourados, Perdizes, Bagagem, Uberabinha, Pouso Alegre, São Domingos,
Capivara, Quebra Anzol, Misericórdia, Arantes, São Jerônimo, São Lourenço, do Peixe,
Piracanjuba, Cocal, Douradinho, Monte Alegre, Babilônia, Bom Jardim, das Furnas,
Mandaguari, Claro, Tamanduá, Salitre, Santo Antônio, São João, Santo Inácio e Preto
(EUCLYDES et al., 2010a).
De acordo com Deliberação Normativa do CERH/MG, nº 06/2002 e suas alterações, a
bacia hidrográfica do rio Paranaíba foi dividida em três UPGRH's: PN1 - Rio Dourados; PN2
- Rio Araguari; e PN3 - Afluentes Mineiros do Baixo Paranaíba.
A região selecionada da UPGRH PN3, segundo o cenário elaborado, apresentou
restrições nas classes “alta” e “muito alta” em parte da extensão do Rio Tijuco e seus
principais tributários: Ribeirão São Lourenço, Ribeirão Monte Alegre, Ribeirão Babilônia e o
Rio Dourado. As regiões próximas à Uberlândia e Uberaba apresentaram os maiores
percentuais de restrições na classe “muito alta”, com destaque para o Rio Tijuco e o Rio
Dourado.
A classe de restrição “média” foi encontrada na extensão do Rio Prata e os seus
principais tributários, além de alguns tributários do Rio Tijuco. A classe de restrição “baixa”
foi encontrada em alguns dos principais tributários do Rio Prata: Rio do Peixe, Rio Cocal, Rio
Piracanjuba e Ribeirão São Jerônimo. Também foram encontradas a classe de restrições
“baixa” em parte da extensão dos Rios Arantes, Rio São Domingos e Rio Piedade.
A tabela 13 apresenta o resultado da análise espacial do cenário de restrições
socioambientais para a UPGRH - PN3.
54
Tabela 13 – Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PN3.
UPGRH - PN3
Classe Percentual Área (Km²)
Muito baixa 69,90% 18.429,51
Baixa 23,76% 6.264,88
Média 4,39% 1.159,56
Alta 1,27% 333,41
Muito alta 0,68% 178,78
Total 100% 26.366,14
5.1.2 UPGRH PS2 - AFLUENTES MINEIROS DOS RIOS POMBA E MURIAÉ (BACIA
DO RIO PARAÍBA DO SUL)
A Região Hidrográfica Atlântico Sudeste (ANEXO XII) drena uma das mais
expressivas regiões hidrográficas brasileiras. É a segunda RH mais populosa, com
aproximadamente 28.3 milhões de habitantes (BRASIL, 2010). Apresenta alta diversidade de
atividades econômicas e significativo parque industrial, constituindo-se em uma das mais
desenvolvidas regiões do país. A densidade demográfica é alta, chegando a 131,6 hab./km²
(ANEEL, 2015).
A RH é formada pelas bacias hidrográficas dos rios que deságuam no litoral sudeste
brasileiro, do norte do Espírito Santo ao norte do Paraná. Essa RH está dividida em cinco
unidades hidrográficas: Doce, Litorânea/RJ-ES, Litorânea/SP-RJ, Paraíba do Sul e Ribeira de
Iguapé. É constituída por diversos e pouco extensos rios que formam as bacias dos rios
Itapemirim, Fluminense e Paulista, destacando-se os rios Paraíba do Sul, Doce, Ribeira do
Iguape, Manhuaçu, Piranga, Pomba, Muriaé, Suaçuí Grande, Santo Antônio, Paraitinga e
Peixe (ANEEL, 2015).
A bacia do rio Paraíba do Sul, selecionada para a análise do cenário de restrições,
situa-se na região sudeste do Brasil. Ocupa área de aproximadamente 62.074 km²,
estendendo-se pelos estados de São Paulo (14.510 km²), Rio de Janeiro (26.851 km²) e Minas
Gerais (20.713 km²), abrangendo 184 municípios - 88 em Minas Gerais, 57 no Estado do Rio
e 39 no estado de São Paulo(EUCLYDES et al., 2010b).
Os principais tributários do rio Paraíba do Sul em território mineiro são os rios
Paraibuna, Brumado, Peixe, Preto, Bananal, Cágado, Angú, Pirapetinga, Pomba, Formoso,
55
Piau, Novo, Glória, Muriaé, Carangola, Porciúncula, São João, Itabapoana,
Aventureiro(EUCLYDES etal.,2010b).
De acordo com Deliberação Normativa do CERH/MG, nº 06/2002 e suas alterações, a
bacia hidrográfica do rio Paraíba do Sul foi dividida em duas UPGRH’s: PS1 - Afluentes do
rio Preto e Paraibuna e PS2 - Afluentes mineiros dos rios Pomba e Muriaé.
A região selecionada da UPGRH PS2, segundo o cenário elaborado, apresentou
resultado de restrições nas classes “alta” e “muito alta” em parte da extensão do Rio Glória.
As classes de restrições “alta” e “média” foram encontradas em parte da extensão do Rio
Carangola e do Rio Pomba. Já a classe de restrição “baixa” foi encontrada em parte da
extensão do Rio São Geraldo.
A Tabela 14 apresenta o resultado da análise espacial do cenário de restrições
socioambientais para a UPGRH – PS2.
Tabela 14 – Resultado da análise espacial do cenário de restrições para a UPGRH – PS2.
UPGRH – PS2
Classe Percentual Área (Km²)
Muito baixa 67,75% 8.136,32
Baixa 14,80% 1.776,00
Média 10,57% 1.269,35
Alta 5,90% 709,69
Muito alta 0,98% 117,31
Total 100% 12.008,67
5.2 DISCUSSÕES
De acordo com os resultados apresentados anteriormente, pode-se observar que os
maiores percentuais de restrições socioambientais nas classes “alta” e “muito alta”, e seus
correspondentes em área, ocorreram na UPGRH PS2 (Bacia do Paraíba do Sul).
Com o intuito de entender o comportamento do resultado final dos mapas de restrições
socioambientais das duas áreas analisadas, foi investigado o percentual de ocorrência
individual de cada classe de variável nas UPGRH’s. A Tabela 15 apresenta o percentual de
ocorrência das variáveis para a UPGRH – PN3 e a Tabela 16 apresenta o percentual de
ocorrência das variáveis para a UPGRH – PN3.
56
Tabela 15 – Percentual de ocorrência das classes restrições de cada variável para a UPGRH PN3.
Variável Classe Ocorrência (100%)
Prioridade de conservação da flora
Muito baixa 76,80%
Baixa -
Média 11,45%
Alta 11,75%
Muito Alta -
Prioridade de conservação da fauna
Ausente 94,44%
Alta 0,76%
Muito alta 0,09%
Extrema 4,71%
Especial -
Prioridade de conservação da ictiofauna
Baixa -
Média 95,54%
Alta 0,04%
Muito alta 4,42%
Erodibilidade
Muito baixa 16,49%
Baixa 78,42%
Média 3,95%
Alta -
Muito Alta 1,14%
Inclinação do Terreno
Plano ou suave-ondulado 95,21%
Ondulado 4,63%
Forte-ondulado 0,16%
Montanhoso ou escarpo -
Unidades de Conservação
Ausente 99,64%
Uso sustentável -
Proteção Integral 0,36%
Tribos Indígenas Ausente 100%
Presente -
No caso da UPGRH PN3, a variável “Prioridade de Conservação da Ictiofauna”
influenciou fortemente o resultado final do cenário de restrições, uma vez que apresentou
percentual elevado para os componentes de legenda nas classes “muito alta”, além de ter
recebido o maior valor na ponderação dos pesos pela Análise Hierárquica de Processos
(AHP). Estão atribuídas a essas classificações valores de integridade em razão ao grau de
endemismo das espécies da ictiofauna, o número de espécies ameaçadas de extinção e a
riqueza de espécies dessa região.
57
As variáveis “Prioridade de Conservação da Fauna” e “Prioridade de Conservação da
Flora” apresentaram predominância nas classes “ausente” e “muito baixa”; por essa razão,
essas variáveis foram pouco expressivas em termos de restrições no tocante ao resultado final.
Espera-se, dessa forma, que nessa região exista baixa ocorrência de espécies endêmicas e/ou
ameaçadas de extinção.
A predominância da inclinação do terreno nas classes “plano ou suave-ondulado” e a
variável “Erodibilidade”com predominância na classe “baixa” também representaram pouca
expressividade no mapa final. Não foram encontradas restrições expressivas para a variável
“Unidades de Conservação”; e não foram registradas ocorrências de tribos indígenas nessa
região.
Tabela 16 – Percentual de ocorrência das classes de restrições de cada variável para a UPGRH PS2.
Variável Classe Ocorrência
Prioridade de conservação da flora
Muito baixa 48,50%
Baixa 44,98%
Média -
Alta -
Muito Alta 6,52%
Prioridade de conservação da fauna
Ausente 76,80%
Alta 0,16%
Muito alta 1,55%
Extrema 18,47%
Especial 3,02%
Prioridade de conservação da ictiofauna
Baixa 97,60%
Média 0,85%
Alta 0,05%
Muito alta 1,50%
Erodibilidade
Muito baixa 17,35%
Baixa 77,40%
Média 1,87%
Alta 3,38%
Muito Alta -
Inclinação do Terreno
Plano ou suave-ondulado 43,60%
Ondulado 41,25%
Forte-ondulado 14,80%
Montanhoso ou escarpo 0,35%
Unidades de Conservação
Ausente 90,06%
Uso sustentável 9,65%
Proteção Integral 0,29%
Tribos Indígenas Ausente 100%
Presente -
O cenário de restrições da UPGRH PS2 foi fortemente influenciado pelas variáveis
“Prioridade de Conservação da Ictiofauna”, “Prioridade de Conservação da Fauna” e
58
“Prioridade de Conservação da Flora”; a ocorrência de classes altamente restritivas nessa
região, combinadas com os valores mais elevados da ponderação de pesos das variáveis,
influenciaram de forma expressiva no resultado final. Portanto, é possível associar a essa
região maior valor de integridade em função do grau de endemismo, espécies ameaçadas e
riqueza de espécies, conforme a classificação do ZEE-MG.
As variáveis “Erodibilidade” e “Inclinação do Terreno” apresentaram predominância
nas classes menos restritivas, que combinadas com os menores valores da ponderação de
pesos, influenciaram de maneira pouco expressiva no resultado final. As Unidades de
Conservação ocorrem em maiores proporções na bacia do Paraíba do Sul, principalmente na
categoria “Uso Sustentável”; por esse motivo, influenciaram de maneira significativa no
resultado final. Não foram encontradas tribos indígenas nas limitações dessa região, da
mesma forma como ocorreu na UPGRH PN3.
6 CONCLUSÕES
A energia é um recurso fundamental para o crescimento econômico e para a
sustentabilidade ambiental. O acesso à energia disponível e sustentável é vital para dar fim às
situações de pobreza extrema e promover a prosperidade compartilhada. Dessa forma, os
serviços modernos de energia podem ajudar a melhorar a qualidade de vida de milhões de
pessoas ao redor do mundo, bem como sustentar o progresso em todas as áreas do
desenvolvimento (THE WORLD BANK, 2015).
No contexto político e regulatório brasileiro, as PCH’s têm sido consideradas como
fontes alternativas aos combustíveis fósseis; por seu caráter renovável, pelo impacto
ambiental substancialmente menor que o de uma usina hidrelétrica de grande porte, por
representar oportunidade de avanços socioeconômicos em comunidades isoladas e, em nível
mundial, são importantes na busca da universalização do acesso à energia elétrica e na
mitigação dos gases de efeito estufa (CARVALHO, 2014). No entanto, pôde ser observado
com essa pesquisa que os critérios econômicos prevalecem, de certa forma, como indicadores
de viabilidade desses empreendimentos; os demais aspectos relativos à sustentabilidade dos
empreendimentos, portanto, estão longe de ser alcançados.
59
Na busca por um meio de se contornar esses impasses, nesse trabalho buscou propôs-
se um método de avaliação socioambiental baseado na utilização das informações disponíveis
nos bancos de dados oficiais como o ZEE-MG combinada com a técnica de suporte a decisão
(AHP). O método mostrou-se efetivo na geração de resultados de caracterização
socioambiental a partir da manipulação de informações geoespaciais em ambiente de sistemas
de informações geográficas. É possível, dessa forma, auxiliar o planejamento da instalação de
novas pequenas centrais hidrelétricas em Minas Gerais, reduzindo incertezas e riscos
associados aos aspectos técnicos e socioambientais de PCHs, conforme predizem as
orientações da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE).
Os resultados, no entanto, são dependentes da atualização e da qualidade da
informação dos bancos de dados; bem como, da escala espacial utilizada para representar as
áreas conforme os atributos de cada variável. As áreas indicadas como restritivas para a
instalação de PCH’s nas duas UPGRH’s podem, dessa forma, não ser suficientemente
representativas, entendendo que o resultado final desse trabalho depende fortemente da
informação utilizada no início da elaboração dos cenários. O recorte de análise das UPGRH’s
pode não ser o mais apropriado para se avaliar recursos hídricos, uma vez que considera
fronteiras políticas na sua forma de abordagem, o que limita as considerações sistêmicas no
processo de mapeamento. No entanto, devido ao fato de as informações do ZEE-MG também
se limitarem às fronteiras políticas, e as UPGRH’s representarem uma das menores unidades
de planejamento oficiais do estado de Minas Gerais, foi utilizado esse nível de detalhamento
para a análise dos resultados.
A ponderação dos pesos das variáveis a partir da técnica AHP possui aspectos
subjetivos inerentes ao método e ao perfil do analista. Portanto, novas atribuições de pesos
podem ser conduzidas conforme o perfil de cada profissional responsável por conduzir o
processo de tomada à decisão. Apesar do amplo e crescente espectro de aplicações dessa
técnica, existem problemas associados principalmente à reversão de ordem (rank reversal).
Para Gomes e Freitas Junior (2005) esse problema relaciona-se à forma com que o método
clássico da AHP normaliza os pesos das comparações. Outro problema relacionado ao método
refere-se à escolha de uma opção verbal que represente fielmente a sua preferência (escala de
1 a 9), a qual pode gerar comparações redundantes e inconsistentes (ALONSO et al., 2006).
As variáveis que compõem o cenário de restrições desse trabalho foram selecionadas a
partir da abordagem das principais interferências socioambientais de PCH’s sob uma análise
diferenciada em escalas espaciais, considerando principalmente os impactos ambientais no
60
entorno da planta hidrelétrica e os impactos à sua jusante. Novas variáveis podem ser
selecionadas e se ajustarem ao processo de tomada de decisão em questão.
Neste trabalho, não se teve a pretensão de construir um parecer definitivo sobre a
avaliação socioambiental de PCH’s, mas sim a de contribuir para o avanço das discussões
sobre a viabilidade ambiental da instalação desses empreendimentos em uma determinada
região e de indicar um modo de operacionalizar essa análise, representando um avanço para
contornar as deficiências das avaliações vigentes.
61
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBASI, Tasneem; ABBASI, S.A. Small hydro and the environmental implications of its
extensive utilization. Renewable And Sustainable Energy Reviews, [S.l.], v. 15, n. 4,
p.2134-2143, maio 2011. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2010.11.050.
ADRADA, T.; MANCEBO, J.A.; MARTINEZA, C. Pequenas centrais hidrelétricas.
Programa de capacitação em energias renováveis. Observatório de Energias Renováveis para
a América Latina e o Caribe - ONUDI. 2013.
AGUILAR, G. T.. Licenciamento ambiental para implantação de PCH no Brasil. Revista Pch
Notícias & Shp News, Itajubá, v. 28, n. 55, p.11-13, 2011.
ALONSO, J A.; LAMATA, M T. Consistency in the analytic hierarchy process: a new
approach. International Journal Of Uncertainty, Fuzziness And Knowledge-based
Systems, [S.I], v. 14, n. 4, p.445-459, [S.I]. 2006.
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DA ÁGUAS (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Conjuntura dos recursos hídricos no Brasil: regiões hidrográficas brasileiras –
Edição Especial. Brasília: MMA/ANA, 2015. 164 p.
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DA ÁGUAS (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Plano Estratégico de Recursos Hídricos da Bacia Amazônica: afluentes da
margem direita. Brasília: MMA/ANA, 2012. 404 p.Disponível em:
<http://arquivos.ana.gov.br/institucional/sge/CEDOC/Catalogo/2012/PlanoEstrategicoDeRec
ursosHidricosDosAfluentesDaMargemDireitaDoRioAmazonas.pdf>. Acesso em: 20 nov.
2015.
ANA – AGÊNCIA NACIONAL DA ÁGUAS (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Cadernos de Recursos Hídricos. Disponibilidade e demandas de recursos hídricos
no Brasil. Brasília: MMA/ANA, 2005. 127 p.Disponível em:
<http://arquivos.ana.gov.br/planejamento/planos/pnrh/Avaliacao_Programas_Nacionais.pdf >.
Acesso em: 04 mai. 2016.
ANDRADE, A. L.; SANTOS, M. A. Hydroeletric plants environmental viability: Strategic
environmental assessment application in Brazil. Renewable and Sustainable Energy, [S.I.],
n.52, p. 1413–23. [S.I.]. 2015.
ANDRADE, J S O. Pequenas centrais hidrelétricas: análise das causas que impedem a
rápida implantação de PCHs no Brasil. 2006. 132 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de
Curso de Mestrado em Regulação da Indústria de Energia, Universidade Salvador –
UNIFACS, Salvador, 2006.
ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Ministério de Minas
e Energia (Ed.). Guia do Empreendedor de Pequenas Centrais Hidrelétricas. Brasília:
MME, 2003. 707 p. Disponível em:
62
<http://www2.aneel.gov.br/biblioteca/downloads/livros/Guia_empreendedor.pdf>. Acesso
em: 04 mar. 2016.
ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Ministério de Minas
e Energia (Ed.). Banco de Informação de Geração - BIG. Brasília: MME, 2016.Disponível
em: <www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 09
fev. 2016.
ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Ministério de Minas
e Energia (Ed.). Banco de Informação de Geração - BIG. Brasília: MME, 2014.Disponível
em: <www.aneel.gov.br/aplicacoes/capacidadebrasil/capacidadebrasil.cfm>. Acesso em: 09
fev. 2016.
ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Ministério de Minas
e Energia (Ed.). Atlas de energia elétrica do Brasil. Brasília: MME, 2008. 236 p.
ANEEL – AGÊNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Ministério de Minas
e Energia (Ed.). Atlas de energia elétrica do Brasil. Brasília: MME, 2002. 153 p.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução ANEEL nº. 652, de 9 de dezembro
de 2003. Estabelece os critérios para o enquadramento de aproveitamento hidrelétrico na
condição de Pequena Central Hidrelétrica (PCH) e revoga a Resolução
ANEEL nº 394, de 04 de dezembro de 1998. Diário Oficial daUnião. Brasília, DF, 2003.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução ANEEL nº. 393, de 4 de dezembro
de 1998. Estabelece os procedimentos gerais para Registro e Aprovação dos estudos de
inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas. DiárioOficial da União. Brasília - DF, 1998.
ANEEL. Agência Nacional de Energia Elétrica. Resolução Normativa ANEEL nº 116, de 29
de novembro de 2004. Altera o Regimento Interno da ANEEL, aprovado pela Portaria MME
nº 349, de 28 de novembro de 1997, para modificar a estrutura administrativa da Agência
Nacional de Energia Elétrica – ANEEL. DiárioOficial da União. Brasília, DF, 2004.
ASAEDA, Takashi; RASHID, Md H.. The impacts of sediment released from dams on
downstream sediment bar vegetation.Journal Of Hydrology, [S.l.], v. 430-431, p.25-38, abr.
2012. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jhydrol.2012.01.040.
BAJAY, S. Integrating competition and planning: A mixed institutional model of the
Brazilian electric power sector. Energy, [S.l.], v. 31, n. 6-7, p.865-876, maio 2006. Elsevier
BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.energy.2005.10.004.
BARÃO, M A. Avaliação crítica do licenciamento ambiental como ferramenta para o
desenvolvimento sustentável – estudo de caso do setor hidrelétrico. 2007. 186 f.
Dissertação (Mestrado) - Curso de Curso de Pós-graduação em Engenharia de Recursos
Hídricos e Ambiental, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2007.
BARBOSA, T A S. Análise do estudo de impacto ambiental da PCH Ninho da Águia.
Proposta de otimização do processo de licenciamento ambiental utilizando uma matriz
simplificada. 2004. 132 f. Dissertação (Mestrado) - Programa de pós-graduação em
Engenharia da energia, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2004.
63
BASTOS, L. P. Matriz e índice de avaliação de impactos ambientais para a implantação
de pequenas centrais hidrelétricas. 111 f. Dissertação (Mestrado) -, Programa de Pós-
Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia – PRODETEC, Instituto de Tecnologia para o
Desenvolvimento – LACTEC, Curitiba, 2013.
BRASIL. ELETROBRÁS - CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS. (Ed.). Informações
sobre o setor elétrico. 2013. Disponível em:
<www.eletrobras.com/elb/data/Pages/LUMIS293E16C4PTBRIE.htm>. Acesso em: 05 fev.
2016.
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.
(Ed.). Saneamento básico segundo Bacia hidrográfica: População segundo Bacia
Hidrográfica. 2000. Disponível em:
<www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/atlas_saneamento/pdfs/mappag100.pd>.
Acesso em: 20 jun. 2016.
BRASIL. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE.
(Ed.). Atlas do Censo Demográfico: Distribuição espacial da população. 2010. Disponível
em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv64529_cap4.pdf >. Acesso em: 20
jun. 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. MMA (Ed.). Mata Atlântica. 2016. Disponível em:
<www.mma.gov.br/biomas/mata-atlantica>. Acesso em: 02 jun. 2016.
CAIXINHAS, M. L. Endemismos, in "Enciclopédia Verbo Luso-Brasileira da Cultura,
Edição Século XXI", Volume X, Editorial Verbo, Braga, Junho de 1999.
CALDARELLI, S B. O Patrimônio Arqueológico na Avaliação Ambiental Integrada de
Bacias Hidrográficas. In: 1° CONGRESSO BRASILEIRO DE AVALIAÇÃO DE IMPACTO
/ 2ª CONFERÊNCIA DA REDE DE LÍNGUA PORTUGUESA DE AVALIAÇÃO DE
IMPACTOS, 2006, São Paulo. Associação Brasileira de Avaliação de Impacto. São Paulo:
ABAI, 2006. p. 1 - 9. Disponível em:
<http://www.scientiaconsultoria.com.br/site2009/pdf/artigos/SBCaldarelli_Patrimonio.pdf>.
Acesso em: 26 jun. 2016.
CANTER, L W. Environmental Impact Assessment, Second Edition, New York: McGraw-
Hill Book Co., Inc., 1986.
CARNEIRO, D A. PCHs: pequenas centrais hidrelétricas: aspectos jurídicos, técnicos e
comerciais.Rio de Janeiro: Synergia: Canal Energia, 2010.
CARVALHO, N B. Avaliação dos Impactos Sinérgicos e Cumulativos de Pequenas
Centrais Hidrelétricas Construídas em Sequência. 172 f. Dissertação (Mestrado) -
Programa de Planejamento Energético, UFRJ/COPPE, Rio de Janeiro, 2014.
CCEE – CÂMARA DE COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). CCEE
(Ed.). Panorama CCEE 2014. Brasília: ANEEL/MME, 2014. 36 p. Disponível em: <
www.ccee.org.br/ccee/documentos/CCEE_302044> Acesso em: 10 fev. 2016.
64
CEPEL – CENTRO DE PESQUISAS DE ENERGIA ELÉTRICA (Brasil). Manual de
inventário hidrelétrico de bacias hidrográficas. Rio de Janeiro: MME, 2007. 686 p.
Disponível em: <www.provedor.nuca.ie.ufrj.br/eletrobras/estudos/mme34.pdf> Acesso em:
25 jun. 2016.
CHAN, Hing Kai; WANG, Xiaojun; RAFFONI, Anna. An integrated approach for green
design: Life-cycle, fuzzy AHP and environmental management accounting. The British
Accounting Review, [s.l.], v. 46, n. 4, p.344-360, dez. 2014. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.bar.2014.10.004.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº. 001, de 23 de
janeiro de 1986. Dispõe sobre o licenciamento ambiental e o estudo prévio de impacto
ambiental. Diário Oficial da União, de 17 de fevereiro de 1986. Brasília, DF, 1986.
CONAMA. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução CONAMA nº. 237. Dispõe
sobre o licenciamento ambiental; competência da União, dos Estados e dos Municípios;
listagem das atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais; Estudos de Impacto
Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental, de 19 de dezembro de 1997. Diário Oficial da
União, de 22 de dezembro de 1997. Brasília, DF, 1997.
COOPER, Lourdes M. Guidelines for Cumulative Effects Assessment in SEA of
Plans. 2004. Environmental Policy and Management Group. Department of Environmental
Science and Technology. Imperial College London. Disponível em:
<www.imperial.ac.uk/pls/portallive/docs/1/21559696.PDF>. Acesso em: 20 jun. 2016.
CUNHA-SANTINO, M. B.; BIANCHINI JUNIOR, I. Humic substance mineralization in a
tropical oxbow lake. Hydrobiologia, São Paulo, v. 468, n. 1-3, p. 33-43, 2002.
DE FILIPPO, R.; GOMES, E. L.; LENS-CÉSAR, J.; SOARES, C. B. P. & MENEZES, C. F.
S.As alterações da qualidade da água durante o enchimento do reservatório de UHE Serra da
Mesa -GO. In: HENRY, R. ed.Ecologia de reservatórios: estrutura, função e aspectos
sociais. Botucatu, Fapesp/ Fundibio. p.323-345, 1999.
DIAS, E G C S. Avaliação de impacto ambiental de projetos de mineração no Estado de
São Paulo: a etapa de acompanhamento. 2001. 303 f. Tese (Doutorado) - Curso de
Engenharia Mineral, Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
DONHA, A. G.; SOUZA, L. C. P.; SUGAMOSTO, M. L. Determinação da fragilidade
ambiental utilizando técnicas de suporte à decisão e SIG. Revista Brasileira de Engenharia
Agrícola e Ambiental, [S.I.], v. 10. n. 1, p. 175 – 181. 2006
DRUMMOND, G M.; MARTINS, C S.; MACHADO, A B M S., ANTONINI, F A Y.,
(Org.). Biodiversidade em Minas Gerais: um Atlas para sua conservação. 2. ed. Belo
Horizonte: Fundação Biodiversitas, 2005. 222p.
DUDGEON, D.; ARTHINGTON, A.H., GESSNER, M.O., KAWABATA, Z.-I.,
KNOWLER, D.J., LÉVÊQUE, C., NAIMAN, R.J., PRIEUR-RICHARD, A.-H., SOTO, D.,
STIASSNY, M.L.J., SULLIVAN, C.A. Freshwater biodiversity: importance, threats, status
65
and conservation challenges. Biological reviews of the CambridgePhilosophical Society,
[S.I.], v. 81, p. 163–82, 2006.
DUDHANI, Surekha; SINHA, A.k.; INAMDAR, S.s.. Assessment of small hydropower
potential using remote sensing data for sustainable development in India. Energy
Policy, [s.l.], v. 34, n. 17, p.3195-3205, nov. 2006. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enpol.2005.06.011.
EGRÉ, Dominique; MILEWSKI, Joseph C. The diversity of hydropower projects. Energy
Policy, [S.l.], v. 30, n. 14, p.1225-1230, nov. 2002. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/s0301-4215(02)00083-6.
ELETROBRÁS - CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S.A (Brasil). Centro da
Memória da Eletricidade no Brasil (Ed.). Diretrizes para estudos e projetos de Pequenas
Centrais Hidrelétricas. Rio de Janeiro: MME, 2000. 458 p.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Balanço Energético Nacional 2015. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2015. 291 p.
Disponível em: <https://ben.epe.gov.br/downloads/Relatorio_Final_BEN_2015.pdf >. Acesso
em: 25 mar. 2016.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Plano Decenal de Expansão de Energia 2019. Brasília: MME/EPE, 2010. 82 p.
Disponível em: <www.epe.gov.br/PDEE/20101129_2.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2016.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Plano Nacional de Energia 2030. Brasília: MME/EPE, 2007. 412 p. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/PNE/20080111_1.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2016.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Plano Decenal de Expansão de Energia 2022. Brasília: MME/EPE, 2013. 384 p.
Disponível em: <www.epe.gov.br/imprensa/PressReleases/20131029_1.pdf >. Acesso em: 25
jun. 2016.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Metodologia para a avaliação socioeconômica e ambiental de UHE e LT. Nota
Técnica DEA 21/10. Rio de Janeiro: MME/EPE, 2010. 50 p. Disponível em:
<http://www.epe.gov.br/default.aspx>. Acesso em: 12 fev. 2015.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Avaliação Socioambiental de Usinas Hidrelétricas. Nota Técnica DEA 17/12. Rio
de Janeiro: MME/EPE, 2012a. 39 p. Disponível em: <http://www.epe.gov.br/default.aspx>.
Acesso em: 12 fev. 2015.
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Análise Socioambiental Integrada. Nota Técnica DEA 19/12. Rio de Janeiro:
MME/EPE, 2012b. 27 p. Disponível em: < www.epe.gov.br/default.aspx >. Acesso em: 18
fev. 2015.
66
EPE - EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). Termo de Referência (TDR) para a elaboração do PNE 2050. Rio de Janeiro:
MME/EPE, 2013. 27 p. Disponível em: <www.epe.gov.br>. Acesso em: 18 jan. 2016.
EUCLYDES, H. P. et al. Atualização dos estudos hidrológicos na bacia hidrográfica do
rio Paranaíba em Minas Gerais. 2010a. Atlas digital das águas de Minas. Consulta
informativa. Disponível em: <www.atlasdasaguas.ufv.br/paranaiba/resumo_paranaiba.html>.
Acesso em: 10 maio 2016.
EUCLYDES, H. P. et al. Atualização dos estudos hidrológicos nas bacias dos rios Paraíba
do sul e Itabapoana em Minas Gerais. 2010b. Atlas digital das águas de Minas. Consulta
informativa. Disponível em: <www.atlasdasaguas.ufv.br/paranaiba/resumo_paranaiba.html>.
Acesso em: 10 maio 2016.
FACURI, M.F. A Implantação de Usinas Hidrelétricas e o Processo de Licenciamento: A
Importância da articulação entre os setores elétrico e de meio ambiente no Brasil.2004.
77p. Dissertação (Mestrado). Pós Graduação em Engenharia, Instituto de Recursos Naturais
da Energia, Universidade Federal de Itajubá, Itajubá, 2004.
FARIA, F. A. M. Metodologia de prospecção de pequenas centrais hidrelétricas. 2011.
212 f. Dissertação (Mestrado). Departamento de Engenharia Hidráulica e Sanitária, Escola
Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
FARIA, R. C.; KNIESS, C. T.; MACCARI, E. A. Sustentabilidade em grandes usinas
hidrelétricas. Revista de gestão e projetos - GeP, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 225-251, jan./abr.
2012.
FARIAS, R. A. N. Avaliação dos Procedimentos de Autorização e Outorga para
Implantação de Pequenas Centrais Hidrelétricas. 2013. 259p. Dissertação (Mestrado).
Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, Departamento de Engenharia Civil e Ambiental,
Universidade de Brasília, Brasília, 2013.
FERREIRA, Jacson Hudson Inácio et al. Assessment of the potential of small hydropower
development in Brazil. Renewable And Sustainable Energy Reviews, [S.l.], v. 56, p.380-
387, abr. 2016. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2015.11.035.
FUTUYMA, D. J. Evolução, Ciência e Sociedade. Edição exclusiva do 48º Congresso
Nacional de Genética. São Paulo: Sociedade Brasileira de Genética, 2002. Disponível em:
<http://pt.slideshare.net/marcelobiosul/futuyma-evoluo-cincia-e-sociedade> Acesso em
01/06/2016.
GOMES, L.F.A.M. O ensino do Método AHP a futuros Administradores: Análise Crítica e
Experiência Didática. REVISTA ANGRAD – Associação Nacional dos Cursos de
Graduação em Administração, [S.I.], v.6, n.3, p. 75 – 86, jul/set. 2005.
GOODLAND, R. Strategic environmental assessment and The World Bank Group.
International Journal of Sustainable Development e World Ecology, Lancs, v. 12, n.3, p.
245-255, 2005.
67
GUO, Hua et al. Effects of the Three Gorges Dam on Yangtze River flow and river
interaction with Poyang Lake, China: 2003–2008. Journal Of Hydrology, [s.l.], v. 416-417,
p.19-27, jan. 2012. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jhydrol.2011.11.027.
HENNIG, Thomas et al. Review of Yunnan's hydropower development. Comparing small and
large hydropower projects regarding their environmental implications and socio-economic
consequences. Renewable And Sustainable Energy Reviews, [s.l.], v. 27, p.585-595, nov.
2013. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2013.07.023.
ICMBIO - INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE
(Brasil). Ministério do Meio Ambiente (Org.). Fitofisionomias: Projeto Corredor Ecológico
do Jalapão. 2016. Disponível em:
<www.icmbio.gov.br/projetojalapao/pt/biodiversidade3/fitofisionomias.html?start=6>.
Acesso em: 02 jun. 2016.
JABUR, M. A. Racionamento, do susto à consciência. Primeira edição. São Paulo: Editora
Terra das Artes, 2001.
KARR, James R. Rivers As Sentinels: Using the Biology of Rivers to Guide Landscape
Management. 1998. Disponível em:
<http://www.cbr.washington.edu/salmonweb/pubs/pacnwfin.html>. Acesso em: 27 jun. 2016.
KAYA, Tolga; KAHRAMAN, Cengiz. An integrated fuzzy AHP–ELECTRE methodology
for environmental impact assessment.Expert Systems With Applications, [s.l.], v. 38, n. 7,
p.8553-8562, jul. 2011. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.eswa.2011.01.057
KELMAN, J. Relatório da comissão de análise do sistema hidrotérmico de energia
elétrica. 2001. Disponível em: <www.kelman.com.br>. Acesso em: 20 jun. 2016.
KOSNIK, Lea. The potential for small scale hydropower development in the US. Energy
Policy, [S.l.], v. 38, n. 10, p.5512-5519, out. 2010. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enpol.2010.04.049.
LEÃO, L. L. Considerações sobre Impactos Socioambientais de Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs) – Modelagem e Análise. 2008.150p. Dissertação (Mestrado). Centro
de Desenvolvimento Sustentável, Universidade de Brasília, Brasília. 2008.
LEMOS, R.C.; SANTOS, R.D. Manual de descrição e coleta de solo no campo. 3.ed.
Campinas: Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 1996. 84p.
LI, J.Q., CHEN, Q. B., WANG, K.Q., LEI, J.J., WANG, J., ZHENG, H.Y., 2007. Study on
Rock and Soil Erosion in Dumpling Pile of Hydropower Station Construction Project.
Research of Soil and Water Conservation 6, 40-42in Chinese with English abstract.
LUCENA, A F P et al. Alternative Energy Generation Options: International Experience
with Renewable Energy Implementation. Rio de Janeiro: Palmer Development Group,
2010. COPPE/UFRJ.
MAIA, G A R; ZAMBON, R C; BARROS, M T L de. OTIMIZAÇÃO DA OPERAÇÃO
DE PEQUENAS CENTRAIS HIDRELÉTRICAS: XIX Simpósio Brasileiro de Recursos
68
Hídricos. 2011. Disponível em:
<https://www.abrh.org.br/SGCv3/UserFiles/Sumarios/ea19cbe3a76496c7a8ac8dcbd3977806
_3a45fc268a999d92c2df19240a4a398d.pdf>. Acesso em: 27 jun. 2016.
MAKARON, P. M. Análise de Viabilidade de Projetos de Pequenas Centrais
Hidrelétricas: Pontos Críticos de Sucesso a Partir de Estudos de Caso no Estado de
Santa Catarina. 2012. 144f. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós -Graduação Em
Energia - EP/FEA/IEE/IF, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2012.
MAXIMINIANO, G. A. Bacia do Rio Pato Branco: ensaio cartográfico para análise da
fragilidade do meio físico com uso de geoprocessamento. 1996. [S.I] Dissertação
(Mestrado). Departamento de Geografia, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.
MCMANAMAY, Ryan A.; ORTH, Donald J.; DOLLOFF, Charles A.. Revisiting the
homogenization of dammed rivers in the southeastern US. Journal Of Hydrology, [S.l.], v.
424-425, p.217-237, mar. 2012. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.jhydrol.2012.01.003.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Manual de Avaliação Ambiental Estratégica. Brasília: MMA/SQA, 2002. 92 p.
Disponível em: <www.mma.gov.br/estruturas/sqa_pnla/_arquivos/aae.pdf>. Acesso em: 09
fev. 2016.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Caderno Regional da Região Hidrográfica do Tocantins-Araguaia (Relatório
Final). Brasília: MMA, 2006. 256 p.
MMA – MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE (Brasil). Ministério do Meio Ambiente
(Ed.). Mecanismo de desenvolvimento limpo aplicado a resíduos sólidos: conceito,
planejamento e oportunidades. Rio de Janeiro: MMA/IBAM, 2007. 40 p. Disponível em:
<www.mma.gov.br/estruturas/srhu_urbano/_publicacao/125_publicacao12032009023847>.
Acesso em: 11 abr. 2016.
MME – MINISTÉRIO DE MINAS E ENERGIA (Brasil). Ministério de Minas e Energia
(Ed.). O PROINFA. Brasília: MME, 2009. 39 p. Disponível em:
<www.mme.gov.br/programas/proinfa/galerias/arquivos/apresentacao/PROINFA-ANEXO1-
InstitucionalMME.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2016.
NAUTIYAL, Himanshu et al. Small hydropower for sustainable energy development in
India. Renewable And Sustainable Energy Reviews, [S.l.], v. 15, n. 4, p.2021-2027, maio
2011. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2011.01.006.
ODUM ,E. P. Fundamentos de Ecologia. 6ª ed. São Paulo: Fundação Calouste Gulbenkian ,
2004 .
OECO (Brasil). O que são Serviços Ambientais? 2014. Disponível em:
<http://www.oeco.org.br/dicionario-ambiental/28158-o-que-sao-servicos-ambientais/>.
Acesso em: 26 jun. 2016.
69
OLIVEIRA V. R. S. Impactos cumulativos na avaliação de impactos ambientais:
fundamentação, metodologia, legislação, análise de experiências e formas de abordagem.
Dissertação (Mestrado). Programa de Pós Graduação em Engenharia Urbana, Universidade
Federal de São Carlos. São Carlos, 2008.
PANG, Mingyue et al. Ecological impacts of small hydropower in China: Insights from an
emergy analysis of a case plant.Energy Policy, [S.l.], v. 76, p.112-122, jan. 2015. Elsevier
BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.enpol.2014.10.009.
PAREDES, E. A. Sistemas de informação geográfica: princípios e aplicações. São Paulo:
Editora Érica Ltda. 1994. 690p.
PASCALE, Andrew; URMEE, Tania; MOORE, Andrew. Life cycle assessment of a
community hydroelectric power system in rural Thailand. Renewable Energy, [s.l.], v. 36, n.
11, p.2799-2808, nov. 2011. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.renene.2011.04.023.
PEDREIRA. A. C. Avaliação do Processo de Licenciamento Ambiental para Pequenas
Centrais Hidrelétricas no Estado de Minas Gerais. 2004. 129p. Dissertação (Mestrado).
Instituto de Recursos Naturais, Pós Graduação em Engenharia da Energia, Universidade
Federal de Itajubá. Itajubá, 2004.
PHILLIPS, Oliver L et al. Drought Sensitivity of the Amazon Rainforest. 2009. Disponível
em: <http://josh.yosh.org/publications/Phillips et al 2009 - Drought sensitivity of the Amazon
rainforest.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2016.
PRADO, Fernando Almeida et al. How much is enough? An integrated examination of energy
security, economic growth and climate change related to hydropower expansion in
Brazil. Renewable And Sustainable Energy Reviews, [s.l.], v. 53, p.1132-1136, jan. 2016.
Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2015.09.050
PREMALATHA, M. et al. A critical view on the eco-friendliness of small hydroelectric
installations. Science Of The Total Environment, [S.l.], v. 481, p.638-643, maio 2014.
Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.scitotenv.2013.11.047
RODRIGUES, E. Edge Effects on the regeneration of forest fragments in South Brasil.
1998. 194p. Tese (Doutorado). Harvard University, Cambridge. 1998.
RODRIGUES, G. S. S. C.; ROSA, R. M. Strategic Environmental Assessment in State of
Minas Gerais and Proliferation of Small Hidropower Plant in Uberabinha River
Basin.Boletim de Geografia, Maringá, v. 31, n. 3, p. 125-137, set.-dez., 2013. Disponível
em:
<http://www.ufsj.edu.br/portal2repositorio/File/ppgtds/NORMAS%20ABNT/Topico_16_-
_Referencias.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2016.
ROSS, J. L. S. Análise empírica da fragilidade dos ambientes naturais e antropizados. Revista
do Departamento de Geografia, São Paulo, n. 8, p. 3 – 74. 1994.
ROSS, J. L. S. Geomorfologia, ambiente e planejamento. São Paulo: Contexto, 1990. 88p.
70
SAATY, T. L. Método de Análise Hierárquica. São Paulo: Makron Books do Brasil Editora
Ltda., 1991.
SADLER, B; VERHEEM, R. Strategic Environmental Assessment Status, Challenges and
Future Directions. 1996. Disponível em:
<http://ec.europa.eu/ourcoast/download.cfm?fileID=856>. Acesso em: 20 jun. 2016.
SALA, O. E. et al. Global Biodiversity Scenarios for the Year 2100 . Science, [s.l.], v. 287, n.
5459, p.1770-1774, 10 mar. 2000. American Association for the Advancement of Science
(AAAS). http://dx.doi.org/10.1126/science.287.5459.1770.
SALIBA, A. P.M.; MARTINEZ, C. B.; VERSIANI, B. R. A. Análise de Viabilidade das
Pequenas Centrais Hidrelétricas e o Conceito de Envoltórias de Vazão: Uma Abordagem
Estocástica dos Recursos Hídricos. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, [S.I]; v.7, n. 2,
p. 35-55. 2002.
SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de impacto ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:
Oficina de Textos, 2008.
SCHWEITZER, D. S. Pequenas Centrais Hidrelétricas: Regras para implantação e
potencial desperdiçado. 2010. 83 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado de
Santa Catarina, Florianópolis, 2010.
SCOLFORO, J.R.S, OLIVEIRA, A.D; TAVARES, L.M. Zoneamento ecológico econômico
do Estado de Minas Gerais:zoneamento e cenários exploratórios. Lavras: Editora UFLA,
2008.
SHEN, Lixin; MUDULI, Kamalakanta; BARVE, Akhilesh. Developing a sustainable
development framework in the context of mining industries: AHP approach. Resources
Policy, [s.l.], v. 46, p.15-26, dez. 2015. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.resourpol.2013.10.006.
SINGH, Rana Pratap; NACHTNEBEL, Hans Peter. Analytical hierarchy process (AHP)
application for reinforcement of hydropower strategy in Nepal. Renewable And Sustainable
Energy Reviews, [s.l.], v. 55, p.43-58, mar. 2016. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2015.10.138.
SIVAKUMAR, R.; KANNAN, Devika; MURUGESAN, P.. Green vendor evaluation and
selection using AHP and Taguchi loss functions in production outsourcing in mining
industry. Resources Policy, [s.l.], v. 46, p.64-75, dez. 2015. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.resourpol.2014.03.008.
SIVAKUMAR, R.; KANNAN, Devika; MURUGESAN, P.. Green vendor evaluation and
selection using AHP and Taguchi loss functions in production outsourcing in mining
industry. Resources Policy, [s.l.], v. 46, p.64-75, dez. 2015. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.resourpol.2014.03.008.
SMITH, W. S.; ESPÍNDOLA, E. L. G.; PEREIRA, C. C. G. F.; ROCHA, O. Impactos dos
reservatórios do médio e baixo rio Tietê (SP) na composição das espécies de peixes e na
atividade de Pesca. In: PPG – CEA. Recursos Hidroenergéticos: usos, impactos e
71
planejamento integrado. São Carlos: RiMa, 2002, p. 57-70. Série Ciências da Engenharia
Ambiental, v. 1.
SOUZA, P A P; FELICIDADE, N; MAUAD, F F. Planejamento e gestão ambiental
integrada quando da implantação de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). 2002.
Disponível em:
<https://www.researchgate.net/publication/237794405_PLANEJAMENTO_E_GESTAO_A
MBIENTAL_INTEGRADA_QUANDO_DA_IMPLANTACAO_DE_PEQUENAS_CENTR
AIS_HIDRELETRICAS_PCHs>. Acesso em: 20 jun. 2016.
TAGLIANI, Carlos Roney Armanini. Técnica para avaliação da vulnerabilidade
ambiental de ambientes costeiros utilizando um sistema geográfico de
informações. 2003. Anais SBSR. Disponível em:
<http://marte.sid.inpe.br/col/ltid.inpe.br/sbsr/2002/10.31.13.33/doc/13_028.pdf>. Acesso em:
10 jun. 2016.
THE WORLD BANK (USA). Meeting the Electricity Supply/Demand Balance in Latin
America & the Caribbean. Washington, D.C: IBRD And IDA, 2010. 144 p. Disponível em:
<http://siteresources.worldbank.org/EXTLACOFFICEOFCE/Resources/LACElectricityChall
enge.pdf>. Acesso em: 26 jun. 2016.
THÉRIVEL, R., ROSS, W. Cumulative effects assessment: does scale matter?
Environmental Impact Assessment Review, [S.I.], v. 27, p. 365–385, 2007.
TIAGO FILHO, G. L., 2003. As Novas Diretrizes da ANEEL para o Enquadramento de
Pequenas Centrais Hidrelétricas. SPH NEWs. 2003.
TIAGO FILHO, G. L.; GALHARDO, C. R.; ANTLOGA, J.G.N., FERRARI, J. T. Um
Panorama das Pequenas Centrais no Brasil. Cômite Brasileiro de Barragens. V Simpósio de
Pequenas e Médias Centrais Hidrelétricas. Florianópolis, 2006.
TOLMASQUIM, Mauricio Tiomno. Perspectivas e planejamento do setor energético no
Brasil. Estudos Avançados, [S.l.], v. 26, n. 74, p.247-260, 2012. FapUNIFESP (SciELO).
http://dx.doi.org/10.1590/s0103-40142012000100017.
TOPUZ, Emel; VAN GESTEL, Cornelis A.m.. An approach for environmental risk
assessment of engineered nanomaterials using Analytical Hierarchy Process (AHP) and fuzzy
inference rules. Environment International, [s.l.], v. 92-93, p.334-347, jul. 2016. Elsevier
BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.envint.2016.04.022.
USA. IPCC - INTERGOVERMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE. (Org.). Special
Report on Renewable Energy Sources and Climate Change Mitigation.: Working Group
III of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press,
Cambridge, United Kingdom And New York, Ny, Usa: Unep And Wmo, 2011. 1075 p.
USA. THE WORLD BANK GROUP. (Ed.). About The World Bank. 2015. Disponível em:
<www.worldbank.org/en/about>. Acesso em: 04 maio 2016.
USA. U.S. Department Of Transportation. Federal Highway Administration
(Org.). Questions and Answers Regarding the Consideration of Indirect and Cumulative
72
Impacts in the NEPA Process. 2016. Disponível em:
<https://www.environment.fhwa.dot.gov/guidebook/qaimpact.asp>. Acesso em: 26 jun. 2016.
USA. UNITED NATIONS. Framework convention on climate change. 2014. Disponível
em: <http://unfccc.int/meetings/lima_dec_2014/meeting/8141.php>. Acesso em: 20 jun. 2016.
VON BERTALANFFY, L. General System Theory. Foundations, development and
applications. New York: George Braziler, 1968.
WÄRNBÄCK, Antoienette; HILDING-RYDEVIK, Tuija. Cumulative effects in Swedish
EIA practice — difficulties and obstacles.Environmental Impact Assessment Review, [s.l.],
v. 29, n. 2, p.107-115, fev. 2009. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.eiar.2008.05.001
WCD - WORLD COMISSION ON DAMS (UK/USA). Dams and development: A new
framework for decision making. 2000. Disponível em:
<https://www.internationalrivers.org/files/attached-
files/world_commission_on_dams_final_report.pdf>. Acesso em: 15 maio 2016.
YÜKSEL, Ibrahim. Hydropower for sustainable water and energy development. Renewable
And Sustainable Energy Reviews, [S.I.], v. 14, n. 1, p.462-469, jan. 2010. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rser.2009.07.025.
ZHANG, Jin et al. Environmentally feasible potential for hydropower development regarding
environmental constraints.Energy Policy, [s.l.], v. 73, p.552-562, out. 2014. Elsevier BV.
http://dx.doi.org/10.1016/j.enpol.2014.04.040.
83
Região Hidrográfica
do Paraná
ANEXO XI
Figura 5 – Região Hidrográfica do Paraná. Fonte: Adaptado de (ANA, 2015).
Região Hidrográfica
do Paraná
Região Hidrográfica
Atlântico Sudeste
Recommended