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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA
ÁREA DE CONCENTRAÇAO: POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL
O IMPACTO DA POLUIÇÃO DO AR SOBRE A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS NA POPULAÇÃO DE MANAUS: O CASO DO BAIRRO DO
MAUAZINHO ENTRE 2000 - 2003
JOÃO D’ANUZIO MENEZES DE AZEVEDO FILHO
Manaus, junho de 2004
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
CENTRO DE CIÊNCIAS DO AMBIENTE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO AMBIENTE E
SUSTENTABILIDADE DA AMAZÔNIA
ÁREA DE CONCENTRAÇAO: POLÍTICA E GESTÃO AMBIENTAL
O IMPACTO DA POLUIÇÃO DO AR SOBRE A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS NA POPULAÇÃO DE MANAUS: O CASO DO BAIRRO DO
MAUAZINHO ENTRE 2000 – 2003
JOÃO D’ANUZIO MENEZES DE AZEVEDO FILHO
Orientadora: Dra. Evelyne Marie Therese Mainbourg
Co-orientadora: Dra. Suely de Souza Costa
Dissertação apresentada ao Centro de Ciências do
Ambiente da Universidade Federal do Amazonas, como
parte dos requisitos para obtenção do Grau de Mestre.
Manaus, junho de 2004
iii
O IMPACTO DA POLUIÇÃO DO AR SOBRE A INCIDÊNCIA DE DOENÇAS
RESPIRATÓRIAS NA POPULAÇÃO DE MANAUS: O CASO DO BAIRRO DO
MAUAZINHO ENTRE 2000 – 2003
JOÃO D’ANUZIO MENEZES DE AZEVEDO FILHO
Esta Dissertação foi apresentada e julgada adequada para a obtenção do título de
Mestre em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade Amazônia. Sendo aprovada na sua forma
final pelo programa de Pós-Graduação em Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da
Amazônia da Universidade Federal do Amazonas.
Prof. Dr. Alexandre A. F. Rivas
Coordenador
BANCA EXAMINADORA:
_______________________________________
Dra. Evelyne Marie T. Mainbourg (Orientadora)
_______________________________________
Dra. Suely de Souza Costa
_______________________________________
Dra. Maria das Dores de Jesus Machado
Manaus – Amazonas
2004
iv
Xxx Azevedo Filho, João D’Anuzio Menezes de Azevedo Filho
O impacto da poluição do ar sobre a incidência de doenças respiratórias em
Manaus: o caso do bairro do Mauazinho entre 2000 – 2003/Manaus : CCA/UFAM, 2004.
Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do Amazonas
1. Poluição do ar 2. Doenças Respiratórias 3. Saúde e meio ambiente 4. Gestão
ambiental.
CDD CDU
v
ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisas compartilham o mesmo sopro – o animal, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo sopro. Parece que o homem branco
não sente o ar que respira. Como um homem agonizante há vários dias, é insensível ao mau cheiro. Mas se vendermos nossa terra ao homem branco, ele deve lembrar que o ar é precioso para nós, que o ar compartilha seu espírito com toda a vida que mantém. O vento que deu a nosso avô seu primeiro inspirar também recebe seu último suspiro. Se lhe vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la intacta e sagrada, como um lugar onde até mesmo homem branco possa ir saborear o vento açucarado pelas flores dos prados. (Trecho da Carta do Chefe Seattle ao Presidente dos Estados Unidos da América, em 1854)
O
vi
Dedico aos meus filhos D’Anuzio,
Nicholas e Giovanna.
vii
AGRADECIMENTOS
Ao concluir este trabalho não poderia deixar de agradecer a todos aqueles que me
ajudaram nesta caminhada, mesmo que possa esquecer de citar alguém, mas a estes também
deixo meus mais sinceros agradecimentos por terem compartilhado comigo estes momentos
de reflexão e angustia diante de um tema altamente preocupante.
Primeiramente devo agradecer a Deus por ter me dado a vida e o equilíbrio para
concluir este trabalho.
À Universidade Federal do Amazonas, que de forma comprometida e de grande
preocupação com a temática ambiental deu forma ao Centro de Ciências do Ambiente, que,
hoje, com seus professores, possibilitou-me o acesso aos ensinamentos interdisciplinares que
orientam a presente pesquisa.
Portanto, fazem-se complementares os agradecimentos à Coordenação do Centro de
Ciências do Ambiente que aceitou a escolha do tema, o que me estimulou a realizar essa
pesquisa.
À Dra. Evelyne Marie Therese Mainbourg que mesmo com todos seus afazeres como
mulher, mãe, esposa e pesquisadora do Centro de Pesquisas Leônidas e Maria Deane da
Fundação Oswaldo Cruz, não se negou a orientar-me de forma paciente e convicta da
importância e relevância do tema o que muito me estimulou a prosseguir mesmo com as
dificuldades encontradas no seu desenrolar.
À Prof. Dra. Suely de Souza Costa, da Coordenação de Pesquisas de Ciências
Agronômicas, do Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia, que aceitou o convite para co-
orientar essa pesquisa no complexo trabalho de tratar estatisticamente os dados obtidos de
forma a extrair-lhe toda significância.
À Secretaria de Estado da Saúde do Amazonas, a quem devo a possibilidade de
ingressar nos arquivos do Posto de Saúde Mauazinho, chefiado pelo Sr. Francisco Aquino, a
quem agradeço pela grande colaboração, nunca se negando a atender-me. À chefe da Divisão
viii
de Dados Vitais, Sra. Ana Alzira Cabrinha, pela sua disposição de colaborar, desde outros
trabalhos, o que me ajudou a ter acesso ao dados de mortalidade e morbidade junto ao Sistema
de Dados da Secretaria. A todos os demais funcionários da SUSAM pela atenção dispensada.
À Secretaria Municipal de Meio Ambiente, na pessoa da Eng. Aldenira Rodrigues
Queiroz, ex-Diretora de Controle Ambiental, com a qual tive meus primeiros contatos com os
dados sobre poluição do ar e o processo de monitoramento efetuado pela empresa poluidora.
Ao Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas que me autorizou a ter acesso aos
dados sobre poluição do ar, junto aos seus arquivos, em especial ao seu presidente senhor José
Lúcio do Nascimento Rabelo, e à Gerência de monitoramento e fiscalização.
Ao Instituto Nacional de Meteorologia, 12ª Divisão Meteorológica, pelo atendimento e
fornecimento dos dados climáticos, base desse trabalho.
A todos os colegas do curso, principalmente o Rainier Azevedo, Raimundo Nonato,
Robson Valério, Diogo e Tiziana, que compartilharam comigo os primeiros momentos da
definição do tema e com os quais pude conversar de forma interdisciplinar sobre os mesmos
problemas.
Ao Prof. Dr. Francisco Evandro Aguiar, do Departamento de Geografia da UFAM,
que sempre que consultado, esteve sempre disposto a ajudar, colaborar e contribuir sobre a
relação da poluição com as condições atmosféricas que faz parte deste trabalho.
Aos meus amigos José Max, Socorro Lima, Reginaldo Luiz, Carlossandro, Antonio,
que em diversos momentos estiveram ao meu lado nas horas de dificuldade e dúvidas, me
incentivando a prosseguir sem nunca desistir. Serei eternamente grato, pelo carinho e apoio
que me dispensaram em diferentes momentos desta caminhada.
A tantos outros colaboradores e amigos que de diversas formas contribuíram para que
pudesse realizar este trabalho. Como os colegas da árdua profissão de professor-educador que
me toleraram e permitiram que eu pudesse deixar os educandos em suas mãos durante alguns
dias de ausência. Especialmente à Fany, Francisca, Simone, Josino, Marlise, João e outros.
ix
Aos meus familiares, pai, mãe, irmãos que perceberam desde cedo minha angústia
pela situação em que vive a população de Manaus e que me levaria a trilhar por esse caminho
num compromisso político em defesa dos menos favorecidos. A eles meu afeto e apreço.
Aos meus filhos Nicholas e Giovanna que sofreram com minha ausência quando tinha
que me retirar para dar continuidade ao trabalho. Mesmo não compreendendo totalmente
minha ausência, foram os que me inspiraram nas horas decisivas da pesquisa. À Rosinda,
minha esposa, que entre todos seus afazeres, além de complementar minha ausência, ainda
encontrou tempo para fazer a revisão deste trabalho.
Ao D’Anuzio, o jovem filho, que agora se faz presente em minha vida diária e a quem
devo agradecimentos pela colaboração, principalmente na digitação dos dados.
Enfim, a todos que acreditaram, torceram ou de alguma forma contribuíram para a
realização deste trabalho, meu mais sincero agradecimento.
x
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo a compreensão da relação entre as
concentrações de poluentes atmosféricos e a ocorrência de doenças respiratórias na cidade de
Manaus a partir de um estudo de caso. O bairro escolhido foi o Mauazinho, localizado na
Zona Leste, próximo ao Distrito Industrial. É o único bairro que possui estações de coleta de
poluentes do ar (material particulado - MP e dióxido de enxofre – SO2). Foram coletados
dados de morbidade da população atendida no Centro de Saúde Mauzinho, de poluentes junto
ao IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), e climáticos junto ao INMET
(Instituto Nacional de Meteorologia). Os dados foram sistematizados e agrupados entre
dezembro de 2000 e dezembro de 2003, com ausência de dados entre abril e setembro de
2001. Foi utilizada a análise estatística descritiva e multivariada para análise de todas as
possíveis inter-relações entre os elementos. As ocorrências de doenças respiratórias foram
agrupadas em 11 grupos que tentam abarcar as características comuns e seu relacionamento
com a poluição (nasofaringites, sinusites, faringites, amigdalites, infecções das vias aéreas
superiores, gripes, pneumonias, bronquites, bronquiolites, asma e outras doenças
respiratórias) e em cinco faixas de idade (menor de 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 19 anos; 20 a 49
anos e 50 anos e mais). Os resultados apontam para uma correlação entre a poluição do ar e as
doenças respiratórias nas crianças até 4 anos e nos idosos. Doenças como pneumonia, asma,
nasofaringite e infecções das vias aéreas superiores afetam principalmente as crianças
menores de 1 ano. Entre as de 1 a 4 anos, essa associação continua para pneumonia,
nasofaringite, infecções das vias aéreas superiores, além de amigdalite e sinusite. Entre os
idosos, a gripe, a nasofaringite e as infecções das vias aéreas superiores aparecem com mais
freqüência associadas aos mesmos poluentes (material particulado e dióxido de enxofre).
Esses resultados, associados às dificuldades impostas para obtenção de dados de concentração
de poluentes, nos permite apontar para a necessidade de se criar mecanismos que viabilizem a
coleta permanente e o monitoramento da poluição atmosférica por um órgão mantido pelo
Estado. Só assim poderemos superar essas dificuldades na discussão interdisciplinar da
relação Saúde – Meio Ambiente e dar respostas mais significativas para a melhoria da
qualidade de vida da sociedade manauara.
xi
ABSTRACT
The work aims the understanding the relationship between the concentration of the
atmospheric pollutants and the occurrence of breathing diseases in the city of Manaus, as a
case study. The district chosen was Mauzinho, located at the East Zone, near the Industrial
District. It is the only district that has air pollutant collection stations (particulate material -
PM and sulfur dioxide – SO2). The following data were collected: Morbidity data on the
population assisted by the Mauazinho Health Center, pollutants data with IPAAM (The State
of Amazonas Environmental Protection Institute) and climatic data with INMET
(Meteorology National Institute). The data were systematized and grouped from December
2000 to December 2003, no data being available from April to September 2001. The
descriptive and multivariate statistical analysis was used to study all possible interrelations
between the elements. The occurrence of respiratory diseases were grouped into 11 groups
trying to embrace all the common characteristics and their relationship with pollution (throat
infection, sinusitis, running nose pharingitis, tonsillitis, VAS infections, colds, pneumonias,
bronchitis, bronchiolitis, asthma and other respiratory diseases) and in five age groups
(younger than 1 year; 1 to 4 years; 5 to 19 years; 20 to 49 years and 50 years above). The
results show a correlation between air pollution and breathing diseases in the breathing
diseases in the bracket up to 4 years of age and among the elderly. Disease such as
pneumonia, asthma, running nose and VAS infections affect mainly children up to 1 year old.
In the 1 to 4 age bracket, this association continues for pneumonia, running nose, VAS
infections in addition to tonsillitis and sinusitis. Among the elderly, cold, running nose, and
the VAS infections have appeared more frequently associated with the same pollutants
(particulate material and sulfur dioxide). These results, combined with indicate the need to
develop mechanisms, which make the continuous collections monitoring of atmosphere
pollution by a State-run agency possible. This is the only way to overcome such difficulties
within an interdisciplinary discussion as to the Health-Environment relation and to provide
more significant answers to improve the living standards of the society in Manaus.
xii
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS vii
RESUMO x
ABSTRACT xi
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS xiv
LISTA DE TABELAS xvi
LISTA DE FIGURAS xvii
LISTA DE QUADROS xviii
1. INTRODUÇÃO 1
1.1. Identificação do problema 3
1.2. Limites da pesquisa 5
1.3. Delimitação da área de estudo 7
1.4. Estações de monitoramento da qualidade do ar 9
2. JUSTIFICATIVA 11
3. OBJETIVOS 14
3.1. Objetivos Gerais 14
3.2. Objetivos Específicos 14
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 15
4.1. Poluição e doenças respiratórias 15
4.2. Clima e poluição do ar em Manaus 25
4.3. Legislação ambiental e a poluição atmosférica 28
4.3.1. A Constituição Federal e o meio ambiente 28
4.3.2. A Política Nacional do Meio Ambiente – PNMA 30
4.3.3. As Resoluções do CONAMA e a Qualidade do Ar 32
4.3.4. A Constituição do Estado do Amazonas 34
4.3.5. A Política de Meio Ambiente do Amazonas 35
4.3.6. A Lei Orgânica do Município de Manaus e o Código Ambiental 36
4.4. Estudos geográficos, meio ambiente e saúde urbana 40
4.5. Métodos de análise estatística de dados 45
4.5.1. Análise de Componentes Principais (ACP) 46
4.5.2. Análise de agrupamentos (cluster ou classificação) 48
5. MATERIAIS E MÉTODOS 49
xiii
5.1. Coleta de dados de poluição do ar 49
5.2. Coleta de dados climáticos 54
5.3. Coleta de dados de saúde 59
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 62
6.1. Parâmetros fixos de análise no bairro Mauazinho 62
6.2. Poluição do ar sobre a população menor de 1 ano 63
6.3. Poluição do ar sobre a população de 1 a 4 anos 66
6.4. Poluição do ar sobre a população de 50 anos e mais 68
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 74
BIBLIOGRAFIA 77
I – Referências bibliográfica 77
II – Obras consultadas 82
III – Direito e legislação 83
ANEXOS 84
xiv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.
CE – Causas Externas.
CEASA – Central de Abastecimento S. A
CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo.
CID10 – Classificação Internacional de Doenças, 10ª Edição.
CO2 – Dióxido de Carbono.
CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente.
COSAMA – Companhia de Saneamento do Amazonas (extinta).
DC – Doenças cardiovasculares.
DI - Distrito Industrial.
DIP – Doenças Infecciosas e Parasitárias.
DO – Declaração de óbito.
DR – Doenças Respiratórias.
EPIA – Estudo Prévio de Impactos Ambientais.
GEE – Gases de efeito estufa.
H2S – Hidróxido de Enxofre.
I N – Instrução Normativa.
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis.
INMET – Instituto Nacional de Meteorologia.
INPA – Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.
IPAAM – Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas.
LOMAM – Lei Orgânica do Município de Manaus.
MAPA – Ministério da Agricultura e Produção Alimentar.
MP – Material Particulado.
NOx – Oxidantes de Nitrogênio.
O3 – Ozônio.
OMS – Organização Mundial de Saúde.
PI – Partículas Inaláveis.
PIM – Pólo Industrial de Manaus.
PMM – Prefeitura Municipal de Manaus.
xv
PNMA – Política Nacional de Meio Ambiente.
PQAR – Padrão de Qualidade do Ar.
PRONAR – Programa Nacional da Qualidade do Ar.
REMAN – Refinaria de Manaus, da Petrobrás.
RIMA – Relatório de Impacto Ambiental.
RM – Região Metropolitana
RMSP – Região Metropolitana de São Paulo.
SEDEMA – Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente.
SIMMA – Sistema Municipal de Meio Ambiente.
SISNAMA - Sistema Nacional de Meio Ambiente.
SO2 – Dióxido de Enxofre.
SUFRAMA – Superintendência da Zona Franca de Manaus.
SUS – Sistema Único de Saúde.
SUSAM – Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas.
UTE – Usina Termelétrica.
VAS – Vias aéreas superiores.
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Alguns dados do Censo 2000 referente ao Bairro Mauazinho – Manaus 8
Tabela 2 Custos da saúde totais e per capita associados à poluição (em US$) 22
Tabela 3 Valores estatísticos de MP por mês, Mauazinho – Manaus, 04/1998 a
12/2003 53
Tabela 4 Valores estatísticos de SO2 por mês, Mauazinho – Manaus, 04/1998 a
12/2003 54
Tabela 5 Parâmetros fixos para temperatura, precipitação, umidade, SO2 e MP –
Mauazinho – Manaus, 02/12/2000 a 30/12/2003 63
xvii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Mapa de Manaus por Zona e Bairros com destaque para o Mauazinho,
2004. 7
Figura 2 - Detalhe do bairro Mauazinho e localização das estações de
monitoramento, Centro de Saúde, UTE e INMET, Manaus, 2004. 10
Figura 3 - Fonte de dados do Sistema de Vigilância (segundo FREITAS et al., 2003) 25
Figura 4 - Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade
e doenças respiratórias para faixa de idade menores de 1 ano – Mauazinho
– Manaus, 12/2000 a 12/2003. 65
Figura 5 – Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na
faixa de idade menores de 1 ano – Mauazinho - Manaus, 12/2000 a
12/2003. 65
Figura 6 - Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade
e doenças respiratórias para faixa de idade de 1 a 4 anos – Mauazinho -
Manaus, 12/2000 a 12/2003. 67
Figura 7 – Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na
faixa de idade de 1 a 4 anos – Mauazinho - Manaus, 12/2000 a 12/2003. 67
Figura 8 – Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade
e doenças respiratórias para faixa de 50 anos e mais – Mauazinho -
Manaus, 12/2000 a 12/2003. 69
Figura 9 – Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na
faixa de idade de 50 anos e mais – Mauazinho - Manaus, 12/2000 a
12/2003. 69
Figura 10 – Totais das doenças respiratórias por mês, segundo faixa de idade –
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003. 70
xviii
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Os poluentes e suas conseqüências ao organismo humano 2
Quadro 2 – Localização das estações de monitoramento do ar, Mauazinho –
Manaus, 2004 10
Quadro 3 – Resolução CONAMA n. 03/90 – Padrões e níveis da qualidade do ar 34
Quadro 4 – Total de dias para coleta de material particulado (MP) e dias sem
dados por estação – Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003 49
Quadro 5 – Total de dias para coleta de dióxido de enxofre (SO2) e dias sem dados
- Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003 50
Quadro 6 – Maiores concentrações de material particulado (MP), Mauazinho –
Manaus, 1998 a 2003 51
Quadro 7 – Maiores concentrações de dióxido de enxofre (SO2), Mauazinho –
Manaus, 1998 a 2003 52
Quadro 8 – Média geométrica anual para MP e média aritmética para SO2 (μg/m3),
Mauazinho –Manaus, 1998 a 2003 52
Quadro 9 – Precipitações mensais e médias mensais de temperatura e umidade –
Manaus, 2000 a 2003 55
Quadro 10 – Os dez meses de maior e menor precipitação – Manaus, 2000 a 2003 56
Quadro 11 – Os dez meses de maior e menor temperaturas – Manaus, 2000 a 2003 57
Quadro 12 – Os dez dias de maior e menor umidade – Manaus, 2000 a 2003 58
Quadro 13 – Faixa de idade 59
Quadro 14 – Causas de morbidade, segundo a CID 10ª edição, no Centro de saúde
Mauazinho – Mauazinho – Manaus, 02/12/2000 a 30/12/2003 60
Quadro 15 – Agrupamento de doenças respiratórias por classificação 61
1
1. INTRODUÇÃO
A poluição atmosférica além de seu aspecto visual desagradável pode causar diversos
males à população exposta, como irritação nos olhos, tosse, problemas de pele e,
principalmente, está associada a doenças do aparelho respiratório ou doenças respiratórias
(infecções ou outras doenças agudas ou crônicas das vias aéreas superiores ou inferiores).
Decorrente do processo de urbanização e industrialização, tendo a queima de
combustíveis fósseis pelas indústrias e por veículos automotores como seu principal causador,
a poluição do ar poderia ter suas conseqüências minimizadas se, uma política de
monitoramento e fiscalização das emissões de poluentes atmosféricos fosse orientadora de
políticas públicas que buscassem minimizar os impactos desta sobre a saúde da população,
além de criar mecanismos de redução da emissão a níveis menores e dentro dos padrões
aceitos como toleráveis.
Doenças respiratórias são aqueles agravos que afetam o aparelho respiratório e estão
classificadas na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
à Saúde – 10ª Revisão, da OMS (CID10) entre os códigos J00 e J99. Neste trabalho, foram
agrupadas as doenças respiratórias encontradas, de forma a permitir o tratamento estatístico
adequado e ao mesmo tempo preservar a coerência epidemiológica do estudo em questão.
Certas doenças como as rinites e sinusites aparecem com pouca freqüência, apesar de serem
numerosas, porque raramente são motivos de consulta.
A poluição do ar pode ser definida como uma alteração na composição do ar
atmosférico, decorrente da emissão de partículas sólidas pela ação antrópica (GOMES, 2002).
Os poluentes mais comuns encontrados na atmosfera são o monóxido de carbono (CO),
ozônio (O3), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2) e material particulado
(MP). Estes materiais causam reações diferentes no organismo humano de acordo com o
tempo de exposição, a quantidade e o tamanho das partículas. O Quadro 1, a seguir, nos dá
uma idéia da influência dessas substâncias no organismo humano.
2
Quadro 1
Os poluentes e suas conseqüências ao organismo humano
Poluente Órgão alvo Modo de ação e patologia
MP Aparelho respiratório Agrava a resposta a outros poluentes tóxicos
NO2 Brônquios e alvéolos Irritação, inflamação, bronquite, edema
pulmonar e fibrose
O3 Bronquíolos e alvéolos Irritação, inflamação, dificuldade
respiratória e fibrose
SO2 Árvore brônquica
Ativação dos receptores brônquicos
causando dificuldade respiratória e
bronquite
CO Sangue e células vivas de
todos os órgãos
Formação de carboxihemoglobina nos
eritrócitos, limitação da oxigenação
Fonte: adaptado de Gomes (2002)
Vale lembrar que esses acometimentos tornam o aparelho respiratório mais vulnerável
às infecções bacterianas e virais, e que, muitas vezes, as mesmas acabam apresentando a
primeira sintomatologia ou até a única que leve o paciente a consultar, mesmo que seja de
forma repetida. O diagnóstico também quase sempre se limita a essas infecções que agravam
alterações anatomo-histológicas ou fisiológicas pré-existentes causadas pelos poluentes.
Uma população ambientalmente exposta é uma população que está sujeita aos efeitos
do contaminante ambiental em um determinado período de tempo. Portanto, a exposição
pessoal baseia-se, no caso da poluição atmosférica, na presença de um poluente na zona de
respiração do indivíduo. A exposição total será representada pelo tempo de exposição ao
poluente. Idosos e crianças compõem o grupo mais susceptível aos poluentes devido a sua
pouca mobilidade e por conseguinte, maior permanência no mesmo ambiente poluído.
Todavia, as crianças são as que absorvem em maior dose os poluentes porque apresentam
uma maior ventilação por massa corporal, são mais ativas e passam mais tempo nas áreas
externas (RIBEIRO, 1998).
3
Na primeira parte deste trabalho faremos uma leitura das principais pesquisas sobre os
efeitos da poluição do ar sobre a população, suas implicações e os métodos empregados para
se chegar a alguma conclusão. Os trabalhos envolvendo a relação saúde / meio ambiente
também serão relevantes para compreender historicamente esses estudos.
Dando continuidade à leitura bibliográfica, dar-se-á ênfase à compreensão dos
dispositivos constitucionais e legais que envolvem a relação com o meio ambiente, em nível
tanto federal, quanto estadual e municipal. A relevância dos estudos interdisciplinares na
pesquisa que envolve o meio ambiente, também será objeto desses estudos preliminares.
Num segundo momento, serão analisados os dados referentes à poluição do ar,
climáticos e de saúde. Serão analisados através de estatística descritiva com o intuito de
extrair todos os dados disponíveis e coletados. Esses dados constarão de uma planilha que os
agrupará pela compatibilidade de datas e será objeto de uma análise multivariada.
A discussão dos resultados dessa análise será realizada na terceira parte do trabalho,
onde serão feitas considerações acerca desses resultados e suas implicações na implantação de
um órgão de monitoramento da qualidade do ar na cidade.
1.1. Identificação do Problema
Viver em uma cidade representa estar envolvido em um sistema de relações muito
complexas que envolvem o meio natural e a disposição humana em criar e recriar seu espaço
de vivência.
A ação do homem sobre a natureza remonta à pré-história, mas é a partir da
Revolução Industrial e da imposição das relações capitalistas de produção que se verifica uma
mudança mais significativa na relação da sociedade com o meio natural em seu redor. As
cidades ganham importância como centros produtores e consumidores de mercadorias que
agora são produzidas em larga escala e em conseqüência dessa produção, o avanço sobre a
natureza ganha outra dimensão, atingindo patamares dantes nunca vistos.
4
A qualidade de vida nas grandes cidades atinge altos índices de degradação, seja pelas
condições de moradia, seja também pela qualidade ambiental que se deteriora cada vez mais.
Hoje, a cidade apresenta um quadro que demonstra o quanto ainda se tem a fazer para
melhorar a relação da sociedade com o seu meio ambiente. Prova disso é que a poluição do ar
provocada tanto pela indústria quanto, e principalmente, pela queima de combustível pelos
automóveis tem reflexos diretos nos indicadores de saúde da população. Muitos estudos
indicam a existência de uma forte relação entre a poluição e as doenças respiratórias.
Em Manaus, uma cidade que vem alcançando elevados índices de urbanização,
principalmente a partir da criação da Zona Franca, em 1967, a preocupação com a poluição do
ar parece não atingir a administração pública. Embora seja evidente o crescimento do número
de veículos que circulam pela cidade (eram cerca de 98.829 em 1990, e 220.816 em 2003)1,
bem como o aumento da queima de combustível pelas usinas fornecedoras de energia, que
vêm necessitando aumentar cada vez mais seu parque produtor, para atender o crescimento da
demanda, não há nenhuma ação governamental no sentido de monitorar, controlar ou mesmo
estudar os reflexos de tais fatos na qualidade do ar da cidade.
Além disso, devido ao alto índice pluviométrico existente em Manaus durante boa
parte do ano, os impactos da poluição atmosférica não ficam tão evidentes, o que faz com
que, ao menos aos olhos da população, a implantação de um sistema de monitoramento da
qualidade do ar não seja questionada ou venha a ser uma prioridade.
Não obstante isso tudo, sazonalmente, um ou outro poluente pode ser afetado pelos
ventos ou pela chuva, o que favorecerá sua dispersão e viabilizará seu deslocamento de áreas
industriais para áreas urbanas. Poderá ainda, ocorrer a combinação de elementos naturais
presentes na atmosfera, que misturados aos poluentes dão origem a outros produtos e
conseqüentemente, a problemas ainda piores ao meio ambiente e ao ser humano. Esse é o caso
da “chuva ácida”, dos gases de efeito estufa (GEE) e o ozônio (O3).
A implantação de um sistema de monitoramento da qualidade do ar em Manaus pode
instrumentalizar os diversos pesquisadores e gestores envolvidos com a questão ambiental, a
saúde e o planejamento na definição de estratégias de atuação em conjunto no sentido da
melhoria da qualidade de vida da população de Manaus.
1 Dados coletados junto ao Departamento Nacional de Transito – DENATRAN (www.denatran.gov.br, em
02/05/2003); o número de veículos para 1990, foi calculado pela porcentagem média dos últimos 5 anos
(91,43%).
5
1.2. Limites da Pesquisa
Esta pesquisa não se quer conclusiva no aspecto dos seus resultados. Pelo contrário
quer ser o primeiro passo para que a análise constante da relação entre a qualidade do ar e os
dados de saúde se torne uma preocupação e uma atividade permanente.
Por conta da falta de uma política para o setor, os dados de poluição do ar não são
diretamente acessíveis. No intuito de atingir os objetivos propostos pela pesquisa, fez-se
primeiramente solicitação à Manaus Energia, subsidiária da Eletronorte, que negou o pedido
sob a alegação de que os dados constantes em seus registros não representavam a carga de
emissão exclusiva das chaminés de seu parque termelétrico, fato que seria irrelevante ao que
este trabalho tencionava estudar.
Devido aos entraves burocráticos, optou-se por outros caminhos e a solução foi dispor
dos dados repassados pela empresa aos órgãos ambientais fiscalizadores tanto do Estado
como do município: IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) e SEDEMA
(Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente). Os dados foram compilados e
depois digitalizados. Nesse processo, verificou-se a ausência de dados referentes a alguns
meses, ausência esta que a SEDEMA justificou alegando perdas de documentos na inundação
ocorrida em suas instalações em 2002. Quanto ao IPAAM não forneceu motivo. Além disso,
faz-se necessário registrar que o monitoramento obedece a um calendário semanal e não
diário, ao mesmo tempo em que este só pode ser feito com a disponibilidade de material para
coleta e da manutenção dos equipamentos que nem sempre estavam funcionando, conforme o
constante nos relatórios apresentados pela empresa aos órgãos ambientais oficiais. Para
completar os dados ausentes estabeleceu-se parâmetros estatísticos confiáveis.
Os dados sobre morbidade ainda são um grande obstáculo para os estudiosos da saúde
pública, sejam epidemiologistas, gestores do SUS, médicos, sociólogos, geógrafos, entre
outros. A identificação das causas mórbidas em uma população geralmente é realizada,
primariamente, pelos médicos que atendem em postos e centros de saúde públicos ou
privados, próximos (ou não) ao local de moradia. São nesses atendimentos que se
providenciam as medidas curativas e preventivas. A informação das doenças de notificação
compulsória (tuberculose, AIDS, hanseníase, por exemplo) é obrigatoriamente encaminhada
6
aos órgãos centralizadores e colocada no sistema local ou nacional de notificação. Todavia, os
demais casos de morbidade não são notificados e por isso ficam restritos às fichas de cada
paciente e ao resumo de produção médica. Isto explica a dificuldade em se trabalhar com os
dados de morbidade em estudos ecológicos, que utilizam dados secundários.
Neste trabalho, os dados de morbidade utilizados foram coletados junto ao formulário
ambulatorial “produção médica diária” do Centro de Saúde Mauazinho, não sendo possível a
observação de informações em datas anteriores a dezembro de 2000. Essa dificuldade
determinou uma limitação da série temporal e da sua combinação com os demais dados,
reduzindo o período de estudo para dezembro de 2000 a dezembro de 2003, sendo que os
meses entre abril e setembro de 2001 também foram desconsiderados pela ausência de dados
de morbidade. Esses cortes, no entanto, não são impeditivos ao que se estabeleceu como
objetivo da presente pesquisa.
O monitoramento dos dados meteorológicos tem uma história bem antiga no
Amazonas, pois remontam ao início do século XX. O Instituto Nacional de Meteorologia –
INMET, ligado ao Ministério da Agricultura e Produção Alimentar (MAPA), é o órgão oficial
que faz esse levantamento. Todavia, aqui em Manaus, são conhecidos também os trabalhos do
INPA (Instituto Nacional de Pesquisas na Amazônia), que tem sua estação meteorológica na
Reserva Duck e o Centro Meteorológico da Base Aérea de Manaus, da Força Aérea. Apesar
de todas essas opções preferiu-se a do INMET, devido sua estação estar localizada mais
próxima ao bairro Mauazinho. Segundo a Instrução Normativa do MAPA número 13, de 19
de dezembro de 2000, todo dado climático emitido pelo Distrito Meteorológico tem um preço
a ser pago à União. Devido a esse custo, não foi possível dispor de dados mais detalhados do
período em estudo, ficando restrito às médias diárias de temperatura e precipitação dos anos
de 2000 a 2003 e médias mensais de umidade relativa do ar, do mesmo período2.
2 Vale salientar que para os estudantes de mestrado e doutorado há um desconto de 80% do valor
calculado, segundo a IN no. 13, do MAPA.
7
1.3. Delimitação da Área de Estudo
O bairro Mauazinho tem como data oficial de criação o dia 12 de outubro de 1983,
conforme determina a Lei Municipal nº 1840 de 08 de julho de 1986. Está situado na Zona
Leste de Manaus (PMM, 1996), entre o bairro Vila Buriti e o Distrito Industrial, em um
espaço de aproximadamente 1.800 ha e possui uma população aproximada de 15.000
habitantes (Censo 2000). O bairro, que surgiu a partir de uma ocupação clandestina, tem seu
nome devido a sua proximidade com a Usina Termelétrica do Mauá (UTE Mauá), da Manaus
Energia, produtora e fornecedora de energia para a cidade (Figura 1).
Na tabela 1 estão alguns dados populacionais obtidos junto ao censo demográfico de
2000, do bairro Mauazinho.
0 2.675 5.350 m
Figura 1 – Mapa de Manaus por Zona e Bairros com destaque para o Mauazinho, 2004
Fonte: elaborado por João D’Anuzio Filho
Base cartográfica de Carlos Hagge
8
O Mauazinho possui dois postos de saúde, um municipal e outro estadual, sendo que o
Centro de Saúde Mauazinho, mantido pelo governo do Estado, está situado em uma área
interna do bairro e tende a atender a maioria dos moradores, enquanto o outro, municipal, fica
na Avenida João Gonçalves (BR 319), na comunidade Vila Felicidade, próximo ao
denominado “porto da CEASA”, que além de atender a comunidade local recebe um
contingente significativo de moradores da zona rural que atravessam o rio pela balsa que liga
o Careiro à Manaus em busca de assistência médico-ambulatorial.
O Centro de Saúde Mauazinho atende de segunda-feira a sexta-feira, no horário de
7h00min às 18h00min, é equipado com 1 (um) gabinete odontológico, 5 (cinco) salas de
atendimento ambulatorial, sendo, 2 (duas) para clínica médica, 1 (uma) ginecologia e 2 (duas)
pediatria, 1 (uma) sala de curativos, 1 (uma) sala de imunização, 1 (uma) sala de nebulização,
1 (uma) sala para assistência social, 1 (uma) sala de enfermagem onde são realizadas
pequenas palestras, 1 (um) laboratório clínico com sala de coleta e 1 (uma) farmácia. Conta
com 58 (cinqüenta e oito) funcionários, entre eles 8 médicos (2 clínicos, 3 pediatras e 2
ginecologistas), 2 (dois) dentistas, 2 (dois) enfermeiros, 2 (dois) farmacêuticos-bioquímicos.
Fonte: IBGE. Censo 2000
1. PMM. Plano Diretor de Manaus, 2002.
2. Calculado pelo autor.
Tabela 1
Alguns dados do Censo 2000 referente ao Mauazinho - Manaus
População 15.028 hab.
Área1 1.500 ha.
Densidade Demográfica2 10,0 hab/ha.
População Masculina 7.503 hab.
População Feminina 7.525 hab.
População < de 1 ano 441 hab.
População de 1 a 4 anos 1.707 hab.
População de 5 a 19 anos 5.537 hab.
População de 20 a 49 anos 6.298 hab.
População de 50 anos e + 1.045 hab.
9
Participa de programas de saúde como o de Malária, Hipertensão/Diabete, Preventivos de
Câncer de Colo e Mama , Planejamento Familiar e Imunização.
1.4. Estações de Monitoramento da Qualidade do Ar
O Mauazinho foi escolhido como estudo de caso, por ser o único bairro na cidade de
Manaus a ter estações de monitoramento do ar atmosférico. Essas estações foram instaladas
pela empresa Manaus Energia e medem as concentrações de SO2 e MP desde 1996, de acordo
com o “Termo de Compromisso”, assinado em 26 de agosto de 1994, entre a Eletronorte e a
SEDEMA, com o aval do Ministério Público, através da Vara Especializada em Meio
Ambiente.3
Nesse documento (anexo 1), a empresa se obriga a fazer estudos de avaliação
preliminar da qualidade do ar e seu monitoramento, quanto ao SO2 e o MP, na área de
influência da UTE Mauá. Os resultados devem ser enviados para os órgãos ambientais e o
Ministério Público em forma de relatórios. Os desvios de padrão deverão ser corrigidos
através de um “plano de controle ambiental”.
As estações foram instaladas no bairro Mauazinho e na Estação Naval da Marinha,
localizada na Vila Buruti (Figura 2). Atualmente somente a estação 1 está funcionando,
coletando dados de SO2 (Quadro 2).
As estações de monitoramento do ar são compostas por dois equipamentos:
- HI-VOL: é um aparelho amostrador de grandes volumes, utilizado para determinação
de partículas em suspensão.
- TRI-GAS: aparelho de amostragem de pequenos volumes, utilizado para coleta
simultânea de três gases poluentes por amostragem (SO2, NOX e H2S), aqui utilizado apenas
para a coleta de SO2.
3 Este Termo de Compromisso se deve à denúncias por parte dos moradores sobre a presença excessiva de poeira
e fuligem na área de habitação, causando “doenças”, poeira nos móveis e nas plantas.
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Quadro 2
Localização das Estações de Monitoramento do Ar, Mauazinho –Manaus, 2004
Número Local Endereço
1 Em frente a Águas do Amazonas (ex-
Cosama)
Rua Solimões
2 Escola Mun. Ana Maria de S. Barros Rua Bom Jesus c/ Av. do Leste
3 Casa dos Padres Rua Paraíso, n. 5
4 Estação Naval Comando Naval da Marinha *
*
Por questão de segurança não nos foi permitido fotografar a referida estação.
Figura 2 – Detalhe do bairro Mauazinho e localização das estações de
monitoramento, Centro de Saúde, UTE e INMET, Manaus, 2004.
Fonte: elaborado por João D’Anuzio Filho Base cartográfica de Carlos Hagge
11
2. JUSTIFICATIVA
A poluição atmosférica não é um problema recente. A industrialização e a urbanização
têm a mesma idade da poluição do ar. O comprometimento da saúde da população devido à
presença de poluentes já é conhecido e estudado desde o início do século passado. Em alguns
lugares, a poluição do ar é percebida pelo aumento da incidência de doenças respiratórias na
população atingida.
No entanto, Manaus, uma cidade com cerca de um milhão e meio de habitantes
(estimativa 2002), que sofre as conseqüências do processo de crescimento urbano-industrial,
verificado desde o final dos anos 60, cuja lógica resulta da ação de diversos agentes
modeladores do seu espaço geográfico, por alguns considerado desordenado, seguido da
ampliação vertical dos prédios, aumento do número de fábricas do seu parque industrial e
ampliação da malha viária, ainda não possui uma política de gestão ambiental voltada para o
monitoramento e fiscalização da qualidade do ar.
Isso tudo, associado a outros fatores como a baixa renda familiar, segregação sócio-
espacial, com a presença de favela e moradias de baixa qualidade, dificuldades de acesso aos
serviços públicos de educação e saúde, definem a cidade como um espaço onde é expressiva
degradação da qualidade ambiental e de vida da população.
A incidência de doenças respiratórias na população pode ser um forte indício de sua
relação com a poluição atmosférica, principalmente nos indivíduos mais susceptíveis como
crianças e idosos.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho é analisar a relação existente entre essas duas
variáveis na cidade de Manaus, um variável ambiental (concentrações de poluentes
atmosféricos) e outra de saúde (ocorrências de doenças respiratórias), a partir dos dados
coletados no bairro Mauazinho, tendo ainda os elementos climáticos (temperatura,
pluviosidade e umidade) como fator de interferência nas outras variáveis.
Trabalhos recentes realizados por pesquisadores de diversos centros de pesquisa e
universidades têm se preocupado com a relação entre a poluição do ar e doenças respiratórias
que já se tornara um dos graves problemas da saúde pública brasileira (GOMES, 2002). Sem
12
dúvida, faz-se necessária a ação dos diversos setores do poder público no sentido de encontrar
mecanismos legais e políticos para fiscalizar, monitorar e reduzir os impactos da poluição do
ar sobre a saúde da população.
Manaus é apontada entre as quinze cidades mais poluídas do Brasil. Um trabalho
realizado pelo Banco Mundial sobre a degradação ambiental no país, que aponta os problemas
da poluição atmosférica em 15 cidades estudadas (Anexo 3), indica que das quinze cidades
pesquisadas Manaus situa-se em 9º lugar com 1.012.000 toneladas de MP por ano, com São
Paulo encabeçando a relação com 9.646.000 toneladas. Neste estudo Manaus supera em
poluição do ar cidades como Campo Grande, Recife, Cubatão e Guarulhos (IBAMA, 2002).
Essa relação entre poluição do ar e doenças respiratórias foi mensurada em estudos
realizados em cidades como São Paulo onde foi observada a ocorrência de pneumonia,
faringite, asma e sinusite, principalmente em crianças e idosos, em áreas onde a concentração
de poluentes é elevada (RIBEIRO, 1988).
As doenças respiratórias (DR) também representam uma ocorrência significativa
quanto à mortalidade na cidade de Manaus. Entre as principais causas de morte, Azevedo
Filho (2000) aponta as DR entre as primeiras causas no período de 1980 a 1995, notando a
perda de importância de causas como as doenças infecciosas e parasitárias (DIP) e o
crescimento das causas externas (CE) e das doenças cardiovasculares (DC), consideradas
doenças da urbanidade. As DR aparecem, nos últimos anos da série estudada, entre a 5ª e a 6ª
causa de morte.
A proposta do trabalho é oferecer subsídios para uma política de monitoramento da
qualidade do ar na cidade, com participação efetiva de setores como Secretarias de Saúde,
Ministério Público e a sociedade civil.
Por outro lado, há que se ressaltar que Manaus, situada à cerca de 3 º ao sul da Linha
do Equador, possui características climáticas que podem amenizar uma situação de saturação,
decorrente do aumento de partículas sólidas no ar atmosférico. Os ventos que atingem
Manaus, geralmente vindo do leste, podem dispersar os poluentes originados de fábricas,
serrarias, termelétricas e refinaria de petróleo para as áreas residenciais da cidade.
Esses fatores climáticos podem, então, apontar para uma relativa amenização dos
impactos da poluição do ar sobre a população. No entanto, isto ainda não foi mensurado na
13
cidade de Manaus, cabendo uma análise mais rigorosa dessa relação e sua implicação na
saúde da população, principalmente no que se refere às doenças respiratórias, em faixas
etárias mais vulneráveis e nos diferentes regimes sazonais do tempo na cidade.
Partimos do pressuposto que cabe ao Estado a criação de políticas voltadas para a
defesa, fiscalização e monitoramento da qualidade do meio ambiente, um meio ambiente
ecologicamente equilibrado onde o cidadão desfrute de condições adequadas que lhe
permitam uma vida digna e em perfeita harmonia com a natureza.
Por fim, acreditamos ser de fundamental importância entender esse processo na cidade
de Manaus para que seus resultados possam servir de base para propor instrumentos de
política pública no sentido de monitorar a emissão de poluentes e minimizar seus impactos
sobre a saúde da população.
Nessa perspectiva, faremos uma abordagem interdisciplinar como requer um estudo do
meio ambiente, envolvendo a compreensão ambiental, de saúde pública, geográfica, política e
até legal. A abordagem geográfica se faz necessária porque a realidade social se dá dentro de
uma dimensão espacial e que desta forma toma a feição dada pelas relações travadas na
sociedade.
14
3. OBJETIVOS
3.1. Objetivo geral
O objetivo da pesquisa é estudar a relação entre a poluição do ar e a incidência de
doenças respiratórias, a partir dos dados do bairro Mauazinho, em Manaus, Amazonas.
3.2. Objetivos específicos
Levantar dados sobre a poluição do ar, no período do estudo, junto aos órgãos
que monitoram a qualidade do ar no bairro Mauazinho (IPAAM e SEDEMA);
Selecionar os dados de ocorrência das doenças respiratórias no Centro de
Saúde Mauazinho, mantido pelo Governo Estadual, no período do estudo;
Levantar os dados relativos às condições atmosféricas – umidade, pluviosidade
e temperatura - da área de estudo, mês a mês no período do estudo, disponíveis
no INMET;
Correlacionar as concentrações de poluentes atmosféricos com os dados de
condições atmosféricas e a ocorrência de doenças respiratórias na população do
bairro em estudo, através de análise descritiva e multivariada;
Propor medidas ou estratégias para uma política de monitoramento da
qualidade do ar na cidade.
15
4. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Esta revisão concentrou-se principalmente em três aspectos: a relação ambiente –
saúde, neste caso os estudos referente a poluição do ar e as doenças respiratórias; os efeitos do
clima sobre a sociedade e sua saúde; a legislação ambiental enquanto instrumento para uma
ação mais efetiva de intervenção na questão ambiental; a compreensão do estudo do urbano
pelos geógrafos e outros cientistas para entender a relação ambiente e saúde; e as experiências
com sistemas de monitoramento da poluição atmosféricos.
4.1. Poluição e doenças respiratórias
Trabalhos realizados tanto por profissionais de saúde, médicos e epidemiologistas,
como por cientistas sociais, entre os quais geógrafos, sobre as conseqüências da poluição
sobre a saúde da população, apontam categoricamente que existe uma relação intrínseca entre
a poluição do ar e a incidência de algumas doenças e principalmente doenças respiratórias
(RIBEIRO,1988,1996; GOMES, 2002; MARTINS, 2002; BARQUERA et al., 2002, entre
outros).
Cidades industriais e com maior concentração populacional apresentando altos índices
de poluição atmosférica foram objetos de estudos, como São Paulo (RIBEIRO, 1988,1996),
Volta Redonda (PEITER; TOBAR, 1998) e Curitiba (OLIVEIRA, 2000), apontadas como as
mais poluídas e onde as doenças respiratórias apresentam altos índices de incidência.
Além da ação antrópica propiciada pelo nível de desenvolvimento técnico-científico,
há que se considerar fatores como as condições atmosféricas e o relevo como colaboradores
no agravamento da poluição e da prevalência de doenças respiratórias. Um bom exemplo é o
caso de Volta Redonda, localizada no vale do Paraíba, no Rio de Janeiro e São Paulo, onde a
topografia dificulta a atuação dos ventos e a dispersão dos poluentes atmosféricos, como foi
estudado respectivamente por Peiter; Tobar (1998) e Ribeiro (1996).
16
O surgimento e o conseqüente crescimento das cidades marcam o processo de
degradação do meio ambiente. Os geógrafos denominam essa transformação de processo de
construção do espaço geográfico, ou seja, a transformação da primeira natureza (paisagem
natural) em segunda natureza que é a paisagem construída (SANTOS, 1986). A cidade é
reflexo das várias transformações políticas, econômicas e sociais ocorridas na sociedade que a
construiu. Esse processo decorre do modo como esta sociedade se organiza e dispõe dos
meios de produção para sobreviver e se reproduzir. Milton Santos (1994) atribui esse
desenvolvimento à evolução da técnica e da ciência.
Diferente de Marx que se detém no entendimento do processo histórico do modo como
as sociedades se organizam para produzir seus bens materiais que, segundo este, evoluem na
medida do desenvolvimento das relações de produção e dos conflitos entre as classes. Santos
faz essa interpretação na medida em que verifica que o mundo se torna, na evolução histórica,
mais articulado ou globalizado, como queiram, e a técnica e a ciência se diferenciam no
tempo e no espaço, chegando aos dias atuais a um nível de articulação entre as formações
sociais e econômicas cada vez maior e mais veloz, graças, inclusive ao desenvolvimento da
informática, que ele chega a chamar de meio técnico-científico-informacional.
Neste sentido, as cidades que nos seus primórdios se constituíram em espaço político-
administrativo, se transformam em verdadeiras Cidades-Estado na Antiguidade. No Império
Romano surgem cidades não muradas dadas à prosperidade e paz do momento,
correspondendo a um período de grande urbanização, tendo como resultado um aumento da
população. No entanto, praticamente desapareceram durante a Idade Média, principalmente na
Europa, dando lugar a encastelamentos auto-sustentáveis, sem grande articulação entre os
diversos núcleos populacionais (SERRA, 1987).
Por outro lado, as relações dinâmicas proporcionadas pelo mercantilismo e pelas
relações de troca (pré-capitalistas), delimitarão a manutenção do sistema sócio-econômico em
vigor, culminando com seu desaparecimento, já em meados do século XVIII.
A nova forma de organização política e econômica surgida – capitalista, fez com que a
partir de então, a cidade se tornasse o centro dinâmico das novas atividades, a saber,
manufatura e comércio.
17
Tais atividades, implicaram em grande concentração de mão-de-obra, infra-estrutura e
mercado consumidor, o que tornaria indispensável matéria-prima em maior quantidade e em
áreas próximas, o que se tornou, inclusive, motivo de graves problemas ambientais nas
cidades localizadas próximas à extração de carvão, amianto, ouro, entre outros. Hoje, essa
proximidade não se faz necessária devido ao desenvolvimento dos meios de comunicação e
transporte.
As metrópoles passam a ser um referencial dentro do sistema capitalista. Em nossos
tempos já se fala em cidades-mundo, cidade internacional ou megacidades (SANTOS, 1996;
CARLOS, 2001).
Todavia, essa condição tem um preço, no que se refere à qualidade de vida e à
disponibilidade de recursos naturais. A degradação ambiental decorrente do crescimento
desordenado das cidades e o aprimoramento das técnicas de produção e de queima de
combustíveis fósseis nesse processo, concentrou nas cidades os males advindos da poluição
ambiental. As péssimas condições de vida das populações trabalhadoras já foram destacadas
por grandes sociólogos do final do século XIX e início do século XX (Locke, Marx, Engels,
entre outros).
Não há como caracterizar a cidade ideal numa realidade capitalista, visto estarmos nos
referindo a um espaço onde coexistem classes e interesses diferentes e divergentes. As
tentativas de se projetar uma cidade ideal dão origem às cidades utópicas. Freitag (2002) faz
um relato histórico desses ideais definindo a utopia como “princípios norteadores de nossas
ações e esperanças, sem fraquejar, sem abandonar o objetivo.Um mundo sem utopias, seria
um mundo entediado, desanimado, morto” (p. 17). Freitag lembra o Estatuto da Cidade,
oriunda da Lei 10.257/01, como uma dessas utopias. Objetivamente o Estatuto das Cidades
procura definir o pleno desenvolvimento das funções sociais das cidades e garantir o direito a
cidades sustentáveis. Buscando especificar esse direito é citado o direito à terra; à moradia, ao
saneamento ambiental, ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer. Na lei
também estão especificados os mecanismos para ordenar e controlar o uso do solo urbano
evitando a deterioração de áreas urbanizadas, a poluição e a degradação ambiental. Sem
dúvida, um importante instrumento legal que ultrapassa a análise dessa pesquisa.
A cidade sustentável pode ser entendida como uma cidade onde as condições
ambientais e a qualidade de vida da população são ideais. Essas condições ambientais
18
referem-se a um nível de consciência ecológica que atinja toda a sociedade, inclusive os
empresários. A qualidade de vida “deve perpassar tanto aspectos físicos como mentais, tanto
os aspectos objetivos como subjetivos” (BARBOSA, 1995, p.205).
Barbosa (1995) citando Gallopin (1996) explica que o conceito de qualidade de vida
destaca a importância do ambiente social das pessoas ou grupos, que inclui
fatores tais como o tipo e a qualidade das relações interpessoais, o acesso ao
trabalho produtivo, o acesso à educação e a liberdade de expressão, as influências
psicossociais etc., relacionados geralmente com os fatores externos que incidem na
probabilidade de satisfazer as necessidades humanas não-materiais (p. 205).
A problemática da poluição do ar e seus riscos à saúde humana têm sido objetos de
estudos desde os anos 50. Esses estudos foram realizados em torno de grandes cidades
comprometidas pela poluição do ar como Los Angeles, Londres, Tóquio e Nova Iorque, e
estavam relacionados a graves problemas ambientais, como no vale da Meuse, na Bélgica, em
1903, quando houve um aumento das doenças respiratórias, cardiovasculares e cerca de 60
mortes; em Donora, na Pensilvânia, Estados Unidos, em 1948, que atingiram 43% da
população e causaram 20 mortes em cinco dias de altos níveis de poluição atmosférica; em
Londres, Inglaterra, em 1952, com 4.000 mortes e o famoso caso da poluição generalizada
que afetou 20 Estados da região industrial dos Estados Unidos, desde os Grandes Lagos, no
norte, até o Golfo do México, ao sul do país, em 6 dias (RIBEIRO, 1996; COSTA, 2000). Em
decorrência desses estudos, muitas políticas de controle foram efetivadas, como o Clean Air
Act, nos Estados Unidos, em 1963, quando então os níveis de poluição caíram
significativamente.
O Escritório Regional da OMS para a Europa elaborou e publicou, em 1987, os
"Critérios de Qualidade do Ar para a Europa". Já em 1997, um Comitê de Especialistas da
OMS reunido em Genebra, Suíça, ampliou o documento e estendeu a cobertura desses
critérios a todo o mundo. O relatório resultou na publicação "Critérios de Qualidade do Ar",
editada em 1999 (CETESB, 2002).
19
No Brasil, o problema da degradação ambiental não é novo. Decorre desde o período
colonial, onde são conhecidos a quase extinção de espécies nativas como o pau-brasil, o
desmatamento para as grandes plantações de cana-de-açúcar, o assoreamento de rios pela
exploração mineral, e a instalação de vilas e cidades na Zona da Mata e no litoral, levando
conseqüentemente à ocupação de áreas sensíveis como morros, encostas, beira de rios,
mangues, praias, entre outros.
Segundo Ribeiro (1996), é nas cidades que mais se percebe os impactos causados pela
ação humana e onde os recursos naturais mais sofrem alterações, tanto na terra, no ar, na água
quanto nos organismos vivos. É no processo de urbanização que o homem cria novas
paisagens onde há complexas interações entre a sociedade e a natureza.
Os primeiros estudos sobre essa relação entre a cidade e o meio ambiente foram
desenvolvidos pela Escola de Chicago ou de Ecologia Humana, por Burgess e Mackenzie que
em 1925 publicaram a obra “A cidade”, aplicando conceitos básicos da biologia para o estudo
da cidade, onde a competição significa a luta pela sobrevivência; a dominação representa a
vitória dos mais adaptados ao espaço e a sucessão é a substituição de um grupo populacional
por outro. A característica filosófica dessa escola é a utilização de uma teoria naturalista para
explicação dessa relação (RIBEIRO, 1996).
Os estudos da relação da sociedade com o meio ambiente ampliaram-se nos anos
seguintes tanto na sociologia como na geografia urbana. É clássico o trabalho de Castells, “A
Questão Urbana”, escrito pela primeira vez em 1965, onde aborda a estrutura da cidade dentro
da perspectiva da ação do trabalho humano sobre a natureza e dos conflitos das classes sociais
que dão vida e forma à cidade.
A cidade pode ser considerada como um ecossistema. Essa proposta é referendada nos
anos setenta pelas ciências humanas envolvidas numa nova proposta metodológica baseada na
Teoria dos Sistemas. A análise prende-se a formulações de dados e números que possam dar
suporte à complexidade das relações das atividades antrópicas e o meio natural em um
ambiente urbano. Formulações como a de Detwyller & Marcus (1972), numa abordagem
ecossistêmica da cidade, interrelacionam os diversos componentes naturais, sociais e
construídos, entendendo a cidade como um sistema aberto, “que perpetua a cultura urbana por
meio da troca e da conversão de grandes quantidades de materiais e energia” (RIBEIRO,
1996: xiii).
20
A crítica a essa teoria baseia-se na própria dinâmica dos processos sociais urbanos.
Ribeiro, afirma que “as ações humanas não se resumem a um conjunto de leis físicas e
químicas, como no caso do ambiente natural. A ação humana está ligada a uma dinâmica
social e econômica que os modelos biológicos não conseguem explicar” (1996: xiv).
Muitas cidades ficaram à mercê das condições atmosféricas que provocam
circunstâncias ambientais desfavoráveis se associadas a algum tipo de poluente, como é o
caso da inversão térmica.
São conhecidos casos de fumaça levada pelo vento em direção às cidades ou mesmo
estacionada sobre estas devido à inversão térmica; a inversão térmica impedindo a dispersão
de poluentes provocada pela queima de combustíveis fósseis; chuvas ácidas oriundas de zonas
industriais que nem sempre estão nas cidades; deslizamentos e alagações provocadas pela
chuva, devido ao mau uso do solo e desmatamentos, entre outros.
O processo de industrialização no Brasil teve início da década de 1920, tendo tido um
grande incremento nos anos 40, durante o Estado Novo, concentrando-se principalmente na
cidade de São Paulo e suas adjacências.
Hoje, apesar do processo de descentralização industrial, a região metropolitana de São
Paulo é a mais industrializada do país e, ao mesmo tempo, a que apresenta os maiores índices
de poluição ambiental (RIBEIRO, 1996).
Penna (2003), em um trabalho recente, procura entender o processo de urbanização e
sua relação com o meio ambiente, dentro de uma perspectiva integrada da complexidade
social e espacial, introduzindo a produção da degradação do meio ambiente no seio da
discussão do espaço geográfico. Esse espaço, como já foi discutido, resulta de experiências
vivenciadas no dia a dia, e não pode ser entendido apenas como uma natureza alterada pelo
homem.
A cidade não é apenas resultado dos processos econômicos, mas da dinâmica das
relações de uma sociedade complexa envolvendo questões sociais, políticas e culturais que
moldam e dão vida à mesma. “Esta interpretação do sentido da produção social do espaço
permite ultrapassar uma análise simplesmente política do papel do Estado na reprodução e
crise da cidade, para compreender a produção de relações sociais, a partir da sua própria ação”
(PENNA, 2000).
21
Na cidade, todo espaço, seja ele natural ou construído, tem valor de uso ou de troca.
Isso se deve pela ação intencional da sociedade ou do Estado. O valor de troca na cidade é
definido por diversos fatores já bastante estudados por Corrêa (1989). Nem mesmo as áreas
“vazias” e as áreas verdes fogem a esta regra, pois possuem conotação de amenidade e/ou de
reserva de valor, para futura especulação. Já os valores de uso são definidos de acordo como
os interesses dos agentes imobiliários que definem as áreas mais valorizadas e a segregação,
base da estrutura de classes de uma sociedade desigual.
Os custos das perdas decorrentes da incidência da poluição atmosférica sobre as DR
têm sido estudados aqui no Brasil, concentrados principalmente em São Paulo, Rio de Janeiro
e Cubatão (MOTA; MENDES, 1995). Os autores levaram em consideração diferentes fatores
de mortalidade e morbidade por doenças respiratórias, gastos hospitalares e concentrações de
poluentes nos municípios citados. Utilizou-se o Estudo de Pooling para definir a relação da
poluição do ar com as doenças respiratórias e metodologias de cálculos de incidência de
morbidade e mortalidade por doenças respiratórias devido à poluição do ar. Para esse caso,
também recorreu-se ao cálculo do valor da vida ou a vida estatística4 (teoria do capital
humano), ou seja, “o valor presente da produção futura que seria gerada pelo indivíduo que
viria a falecer prematuramente por problemas respiratórios”(p. 114). Os resultados indicam
que os custos da saúde ficam entre US$317.000 (trezentos e dezessete mil dólares
americanos) no Rio de Janeiro a uma taxa de desconto de 15%, em 1984 e US$2.210.000
(dois milhões, duzentos e dez mil dólares) em São Paulo, em 1989 a uma taxa de desconto de
5%. Cubatão apresenta um custo de US$939.000 (novecentos e trinta e nove dólares) com
uma taxa de desconto de 5%. Os custos per capita associados à poluição chega a US$10.85
em Cubatão (Tabela 2).
Motta et al. (1998) utilizando-se de outros métodos, avaliou os custos do impacto
causado pelas concentrações de material particulado inaláveis a saúde humana na Região
Metropolitana de São Paulo, baseado em dados de 1997. Os métodos empregados foram os da
Função de Produção e da Função de Demanda. Neste trabalho foram aferidos os custos
monetários que levaram a morbidade por DR e por doenças cardiovasculares (DC). No caso
das DR os custos totais da doença chegam a US$47.541.155,63, sendo US$16.200.816,43
4 Vida estatística estimada para este trabalho foi de US$7.714 (São Paulo); US$5.029(Rio de Janeiro) e
US$25.002 (Cubatão).
22
para a faixa de 0 a 4 anos; US$19.274.036,56 para a faixa de 15 a 59 anos e de
US$12.066.302,64, para a faixa de 60 e mais.
Tabela 2
Custos da saúde totais e per capita associados à poluição (em US$)
Município São Paulo
(1989)
Per
capita1
Rio de Janeiro
(1984)
Per
capita
Cubatão
(1988)
Per
capita
Gastos
hospitalares 785.000 0.36 151.000 0.08 142.000 1.65
Morbidade 351.000 0.16 65.000 0.03 71.000 0.82
Mortalidade
(r=5%)2
1.073.000 0.49 201.000 0.10 725.000 8.38
Mortalidade
(r=15%) 514.000 0.23 101.000 0.05 297.000 3.44
Total (r=5%) 2.210.000 1.00 417.000 0.22 939.000 10.85
Total (r=15%) 1.650.00 0.75 317.000 0.17 511.000 5.90
1. Os custos per capita foram estimados em relação somente a população dos locais de onde as mensurações de
concentração de poluentes foram utilizadas para o cálculo dos custos totais.
2. r = taxa de desconto de 5% e 15%.
Fonte: adaptado de MOTTA; MENDES (1995).
Costa (2000), em um estudo sobre os efeitos da poluição causada pela exploração
carbonífera à saúde da população da região de Criciúma – SC, utilizou-se de métodos
quantitativos e qualitativos e de estatística multivariada para tratamento das diversas variáveis
obtidas. O trabalho objetivou perceber a relação da atividade mineradora, principalmente a
emissão de poluentes, com os problemas socioeconômicos e ambientais, envolvendo a
mortalidade e a morbidade por diversas doenças no período de estudo. Seu estudo levou em
conta ainda, a percepção da população quanto ao quadro ambiental decorrente da poluição do
ar. Com base nos resultados, propõe medidas mitigadoras como estratégias de uma política de
gestão pública voltada para a redução dos reflexos da mineração sobre a qualidade de vida da
23
população, além de mecanismos de monitoramento e controle da poluição do ar para reduzir
as conseqüências na saúde da população.
Vale ressaltar que o conceito de gestão vem sendo bastante utilizado no Brasil desde
os anos 80, principalmente na gestão urbana, gestão territorial e gestão ambiental entre outras
(SOUZA, 2003).
O certo é que esse conceito vem suceder ao de planejamento, prática bastante
difundida principalmente pós-crise de 1929 e adequado aos ditames capitalistas como forma
de ordenar a produção e estabelecer critérios para o investimento no sentido do seu
crescimento e expansão. A maneira autoritária de sua aplicação e seu fracasso enquanto
medida para resolver os problemas sociais e estabelecer uma ordem social democrata
determinou uma certa rejeição ao planejamento. Para Souza, deu-se
tudo isso sob a égide ideológica do neoliberalismo, concorreram
decisivamente , “pela direita”, no Brasil da década de 90, para enfraquecer o sistema
de planejamento e a própria legitimidade do exercício de planejar. Contra esse pano
de fundo, o termo gestão traz, para alguns observadores, a conotação de um controle
mais democrático, operando com base em acordos e consenso, em contraposição ao
planejamento, que seria mais tecnocrático. (2003, p.46)
No entanto Souza, argumenta que a substituição do planejamento pela gestão é um
erro de interpretação:
Planejamento e gestão não são termos intercambiáveis, por possuírem
referenciais temporais distintos e, por tabela, por se referirem a diferentes tipos de
atividades. Até mesmo intuitivamente, planejar sempre remete ao futuro: planejar
significa tentar prever a evolução de um fenômeno ou, para dizê-lo de modo menos
comprometido com o pensamento convencional, tentar simular os desdobramentos
de um processo, com o objetivo de melhor precaver-se contra prováveis problemas
ou, inversamente, com o fito de melhor tirar partido de prováveis benefícios. De sua
parte, gestão remete ao presente: gerir significa administrar uma situação dentro dos
marcos dos recursos presentemente disponíveis e tendo em vista as necessidades
imediatas. (2003, p. 46)
24
Dessa forma o planejamento e gestão, longe de serem concorrentes e intercambiáveis,
são, na realidade, distintas e complementares. Negar o planejamento, no sentido de tentar
conscientemente uma estratégia para o futuro, é deixar-se seguir unicamente pelo imediatismo
e circunstâncias. Aí, não tendo como gerir o cotidiano, a gestão está comprometida.
Essa atitude parece ser prática nos meios políticos atuais, onde a falta de um
planejamento de longo prazo leva à tomadas de decisões inadequadas e, conseqüentemente, a
danos muitas vezes irreversíveis ou um ônus muito pesado para a sociedade no sentido de
reverter/reparar o dano causado.
Numa situação em que o Estado não dispõe de grandes recursos e o seu endividamento
é regulado, faz-se necessário pensar o planejamento como um instrumento de superação
dessas dificuldades, principalmente quando se tem pela frente um mundo de possibilidades
que podem definir uma mudança do quadro ao longo do seu percurso. No tocante aos recursos
naturais, é imprescindível se pensar a longo prazo e fazer uma gestão participativa da
administração dos seus bens e das suas potencialidades.
Freitas e outros (2003) num estudo desenvolvido pela Secretaria de Saúde do Estado
de São Paulo, Universidade de São Paulo e CETESB, propõem um sistema de vigilância dos
efeitos da poluição na saúde. O sistema envolveria além da Secretaria de Saúde, outros órgãos
com o seguinte objetivo:
Fornecer elementos para orientar as políticas nacionais e locais de proteção
da saúde da população frente aos riscos decorrentes da poluição atmosférica, através
da quantificação de seu impacto sanitário.
Contribuir para a otimização da vigilância da qualidade do ar a partir da
construção de indicadores sanitários de poluição atmosférica.
Vigiar a tendência dos indicadores sanitários e avaliar as medidas
preventivas postas em prática. (FREITAS et al., 2002)
Os resultados dessa vigilância servirão como instrumento para construção de políticas
públicas e as informações serão disponibilizadas para a sociedade que terá mais um
instrumento para uma ação política da melhoria da qualidade de vida (Figura 3).
25
4.2. Clima e poluição do ar em Manaus
O clima sempre despertou a curiosidade dos cientistas desde a idade clássica.
Filósofos, médicos e sanitaristas vêm apontando a salubridade associada às boas condições
climáticas do lugar e a revolução sanitária deu-se sugerindo compatibilidade das moradias
com a posição do vento e do sol. Estudos de grande relevância apontam forte influência
climática na saúde humana.
Mendonça (2002) considera que “as condições térmicas, de dispersão (ventos e
poluição) e de umidade do ar exercem destacada influência sobre a manifestação de muitas
doenças, epidemias e endemias humanas”.
Ayoade (1986), em seu estudo sobre o clima e o homem, afirma: “Os organismos,
incluindo o homem, são influenciados pelo clima” (p.286). Assim, a abundância ou ausência
de determinados elementos naturais (água, ar, abrigo, animais) está diretamente dependente
Figura 3- Fonte de dados do Sistema de Vigilância (segundo FREITAS et al., 2003)
PRO-AIM - Programa de Aprimoramento de Informações de Mortalidade
DATASUS - Sistema de Informações do SUS
CVE - Centro de Vigilância Epidemiológica
IAG - Instituto de Astronomia e Geofísica
26
do tipo de clima e as formas de moradia, o vestuário, a alimentação também se diferencia de
acordo com o clima. Mesmo a ocorrência de determinadas doenças ou a ausência de outras
pode ser decorrente da variação climática.
O mesmo autor ressalta que essa influência do clima na saúde da sociedade se dá tanto
de maneira maléfica (maldição) quanto benéfica (bênção), sendo que, a percepção se dá mais
pela forma negativa, esquecendo-se que se trata de um recurso em ambos os casos
(AYOADE, op. cit.).
Os efeitos benéficos, tais como a chuva, luminosidade, nebulosidade e vento,
nas proporções próprias do tempo, lugar e intensidade ou quantidades devem ser
sabiamente utilizados antes de serem considerados como bens gratuitos a serem
desperdiçados. Os efeitos maléficos, tais como as enchentes, secas, tempestades,
vendavais, devem ser controlados antes de serem vistos como fatores inevitáveis. O
planejamento dos recursos climáticos envolve o uso racional dos efeitos benéficos do
tempo e do clima e a prevenção, eliminação e minimização dos efeitos maléficos.
(AYOADE, op. cit., 287)
Mendonça (2002) citando Haines (1992) afirma que o autor encontrou, nas regiões de
temperaturas entre –5º C e +5º C, uma relação inversamente proporcional entre mortes por
problemas cardiovasculares e cerebrovasculares (derrames), ou seja, o número de óbitos
diminui à medida que a temperatura aumenta nessa faixa. E continua:
“Acima e abaixo da faixa, porém, os aumentos de mortalidade são
especialmente acentuados, no caso de derrames, quando a temperatura ultrapassa
25°C. Segundo o autor, os efeitos sazonais comprovados sobre as doenças
respiratórias são, no inverno bronquite aguda, bronquiolite, bronquite crônica, asma e
pneumonia e, no verão, ataques de asma e febre do feno; no outono: bronquite aguda e
asma aguda”. (Mendonça, op. cit.)
27
Mendonça, autor de um importante trabalho sobre a relação do clima com a
criminalidade em grandes cidades brasileiras, lembra que existe ainda uma expressiva lacuna
nos estudos da influência do clima sobre a saúde humana, no que se refere à incidência de
doenças, principalmente na climatologia geográfica brasileira.
No que se refere à Manaus, Francisco Evandro Aguiar (1995), afirma que a cidade,
estando localizada no centro da região Amazônica, é a síntese dos parâmetros médios de toda
a região. Isto é percebido nos valores médios de temperatura, umidade e precipitação, além de
outros elementos como pressão atmosférica, ventos, insolação, nebulosidade, etc.
Aguiar (1995), baseados nos dados estudados, conclui que os ventos que sopram em
Manaus são predominantes do quadrante E (leste), o que podemos supor tendem a “empurrar”
todo e qualquer material em suspensão da área mais oriental onde está o Pólo Industrial de
Manaus (PIM), a Refinaria de Manaus (REMAN/Petrobrás), por exemplo, em direção aos
demais bairros da cidade no setor Sul, Centro-Sul, Oeste, Norte e Leste da cidade. O autor,
observando as normais meteorológicas5 obtidas no INMET entre 1961 e 1992, aponta as
seguintes sínteses climáticas da cidade de Manaus:
Temperatura:
Média Compensada : 26, 7º C
Média das Máximas : 31,5º C
Média das Mínimas : 23,2º C
Umidade Relativa do Ar:
Média : 83%
Precipitação:
Total acumulado (média anual) : 2.291.8 mm
Dias de chuva (média anual) : 190 dias (AGUIAR, op.cit., 40)
5 Segundo o Vocabulário Meteorológico Internacional, n. 182: “Normal é o valor padrão reconhecido de um
elemento meteorológico, considerando a média de sua ocorrência em um determinado local, por um número
determinado de anos; significa a distribuição dos dados dentro de uma faixa de incidência habitual”.
28
Ainda segundo as mesmas normais, os meses de agosto a novembro apresentam as
temperaturas médias compensadas mais altas, enquanto as mais baixas estão nos meses de
fevereiro e março. O mês mais chuvoso é março e o mais seco é agosto, segundo as médias
dos dados da série histórica. Os meses de janeiro a maio são apontados como os de maiores
umidades relativas e os meses de agosto e setembro os de menores (AGUIAR, op. cit.). Esses
elementos serão importantes para a compreensão da relação clima – poluição – saúde no
bairro objeto do estudo.
4.3. Legislação ambiental e a poluição atmosférica
O direito ao meio ambiente saudável é uma prerrogativa das mais relevantes para a
vida humana. As normas que regem as sociedades vêm avançando, desde o século passado,
em direção à formulação de leis mais rigorosas e punitivas que obriguem os seus cidadãos e o
próprio Estado a cuidar e preservar esse bem cada vez mais reconhecido como fundamental
para a vida na Terra. A Constituição Brasileira reserva espaço significativo para essa questão
e tem servido de modelo para o moderno Estado de direito.
4.3.1. A Constituição Federal e o Meio Ambiente
A crescente preocupação com o meio ambiente que se verificou mais acentuadamente
após a I Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, realizada em 1972,
em Estocolmo na Suécia, e o crescimento dos movimentos ecológicos no país6, foram
determinantes para que a Constituição Federal de 1988 reservasse um capítulo integral ao
meio ambiente.
No seu Artigo 225 está contido o próprio conceito de desenvolvimento sustentável, ou
seja, “todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do
6Ver Pádua (2002)
29
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o
dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações”. A Constituição
Federal elevou o meio ambiente à categoria de bem jurídico7, um bem de uso comum da
sociedade. Sendo assim, é um direito de todos ter um meio ambiente ecologicamente
equilibrado. Ao mesmo tempo, a própria Constituição determina que sua defesa e preservação
para as presentes e futuras gerações são deveres do poder público e de toda a coletividade.
Determina ainda, no parágrafo 3º, que todos aqueles que infringirem essa regra, pessoas
físicas ou jurídicas, respondam por suas condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente, no plano penal e administrativo, “independentemente da obrigação de reparar os
danos causados”.
Por conta da dificuldade em legislar sobre o meio ambiente, no que diz respeito à
materialização da relação causa – efeito, comum no processo jurídico, onde cabe a culpa a
quem infringiu regra do direito, o que requer o acusador, o acusado ou culpado e o bem ou
propriedade de direito, transfere a defesa do meio ambiente à sociedade, relacionando-o na
lista dos interesses difusos8. Os interesses difusos são uma preocupação geral da sociedade,
pois na observância do preceito constitucional de preservar a natureza em favor da sociedade,
é da obrigatoriedade de todos preservá-la e mantê-la. É aqui que nasce o Direito Ambiental,
instrumento de defesa ante o crescimento desordenado e arbitrário e às vezes anárquico das
relações de produção (CARVALHO, 1991).
Antunes(1996) define Direito Ambiental
como um direito que se desdobra em três vertentes fundamentais, que são
constituídas pelo direito ao meio ambiente, direito sobre o meio ambiente e direito
do meio ambiente. Tais vertentes existem, na medida em que o Direito Ambiental é
um direito humano fundamental que cumpre a função de integrar os direitos à
saudável qualidade de vida, ao desenvolvimento econômico e à proteção dos
recursos naturais. Mais do que um direito autônomo, o Direito Ambiental é uma
concepção de aplicação da ordem jurídica que penetra, transversalmente, em todos
os ramos do Direito. O Direito Ambiental, portanto, tem uma dimensão humana,
uma dimensão ecológica e uma dimensão econômica que se deve harmonizar sob o
conceito de desenvolvimento sustentável” (p. 8).
7 Moraes (2002), define bem jurídico como “qualquer bem que por seu valor e interesse ao mundo jurídico,
merece deste a proteção necessária a garantir sua existência” (p. 14). 8 A Constituição Federal, no capítulo destinado aos Direitos e Garantias Individuais, Art. 5º, inciso LXXIII,
estabelece que: “Qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise anular ato lesivo ao
patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe [...], ao meio ambiente ...”.
30
É importante frisar que a Constituição Federal possibilita ao Direito Ambiental uma
ampla atuação quando dos interesses da coletividade sob o meio ambiente. No Direito
tradicional é impossível compreender o meio ambiente como um direito de todos, pois
decorria de uma definição de direito relacionado à existência de uma relação material
subjacente (causa – efeito). “A defesa dos interesses difusos, não estando baseada em critérios
de dominialidade, entre sujeito ativo e objeto tutelado, dispensa esta relação prévia do direito
material” (ANTUNES, op. cit., p. 16). Todavia, como nos lembra Antunes, não dispensa uma
base legal capaz de assegurar a proteção buscada perante o Poder Judiciário. A própria
Constituição Federal de 1988 estabelece no seu Artigo 129, inciso III, que é função do
Ministério Público: “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos”.9
4.3.2. A Política Nacional do Meio Ambiente - PNMA
A Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, já com as alterações introduzidas depois da
Constituição de 198810
, dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), que
cria o Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA e institui o Cadastro de Defesa
Ambiental.
A criação da PNMA visa, segundo a Lei, a preservação, melhoria e recuperação da
qualidade ambiental que são condições essenciais à vida humana, com dignidade,
desenvolvimento social e econômico e os interesses políticos do país. É, portanto, imperiosa a
atuação do Estado no planejamento, controle, fiscalização e monitoramento da ação humana e
das atividades produtivas sobre o meio ambiente.
Entre os preceitos estabelecidos na Lei, estão aqueles relacionados à qualidade do ar,
como condição de qualidade de vida e do meio ambiente.
9 A Lei Nº 7.347, de 24 de julho de 1985, disciplina a ação civil pública de responsabilidade por danos causados
ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, e dá outras
providências. 10
A nova redação foi dada pela Lei nº 8.028, de 12 de abril de 1990.
31
No seu Artigo 3º, inciso I, definiu-se o que é o meio-ambiente, ou seja, o conjunto de
condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica que permite,
abriga e rege a vida em todas as suas formas.
A degradação da qualidade ambiental é definida, no inciso II, como a alteração
adversa das características do meio ambiente.
A definição de poluição, conforme a Lei, inciso III, é a degradação da qualidade
ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente:
a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;
b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais
estabelecidos.
A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado, responsável, direta ou
indiretamente, por atividades causadoras de degradação ambiental é definida como poluidor,
segundo o inciso IV, da mesma Lei.
No que se refere à preocupação com a poluição do ar, a PNMA estabelece em seu
Artigo 8º, inciso I, que, entre as competências do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA), cabe: estabelecer, mediante proposta do IBAMA, normas e critérios para
licenciamento de atividades efetivas e potencialmente poluidoras, a ser concedido pelos
Estados e supervisionado pelo IBAMA11
e no seu inciso VI: estabelecer, privativamente,
normas e padrões nacionais de controle da poluição por veículos automotores, aeronaves e
embarcações, mediante anuência dos Ministérios competentes.12
A mesma Lei, no seu Artigo 10º estabelece que “a construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos e atividades [...] potencialmente poluidoras [...], capazes
11
A Resolução nº 1, de 23/01/1986 do CONAMA, estabelece as definições, os critérios básicos e as diretrizes
gerais para uso e implementação da Avaliação de Impacto Ambiental, parcialmente modificada pela Resolução
nº 237, de 19/12/1997 que dispõe sobre a definição de Licenciamento Ambiental, Licença Ambiental, Estudos
Ambientais e Impacto Ambiental Regional. 12
A Resolução CONAMA nº 5, de 15/06/1989, estabelece a Política Nacional de Controle da Qualidade do Ar
(PRONAR) e a Resolução nº 3, de 26/06/1990, que dispõe sobre os Padrões de Qualidade do Ar serão tratadas
posteriormente.
32
[...] de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão estadual
competente [...]”. Continuando, ainda no seu parágrafo 3º: “O órgão estadual [...] e o IBAMA
[...] poderão [...] determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter as
emissões gasosas [...] dentro das condições e limites estipulados no licenciamento concedido”.
Além do caráter regulador das atividades poluidoras, a PNMA define que “a
fiscalização e o controle da aplicação de critérios, normas e padrões de qualidade ambiental
são exercidos pelo IBAMA, em caráter supletivo da atuação dos órgãos estadual e municipal
competentes (Art. 11º).
4.3.3. As Resoluções do CONAMA e a Qualidade do Ar
A Resolução nº 5, de 15 de junho de 1989 do CONAMA, institui o Programa Nacional
de Controle da Qualidade do Ar – PRONAR, destinado a criar instrumentos de gestão da
qualidade do ar no país. Em seus princípios, estabelece estratégias para o controle,
preservação e recuperação da qualidade do ar, considerando que o controle da emissão de
poluentes atmosféricos tende a melhorar a qualidade de vida da sociedade.
A Resolução CONAMA nº 5/89 tem ainda como estratégia, limitar as emissões de
poluentes, estabelecendo padrões de qualidade do ar. Para tanto conceitua como limite
máximo à quantidade permissível de ser lançada para a atmosfera, sendo ainda mais rigorosa
para fontes novas de poluição, ou seja, aquelas que ainda não possuem licença prévia do
órgão ambiental autorizado.
Nesta resolução são definidos os dois tipos de padrões de qualidade do ar:
a) os primários, que são as concentrações de poluentes atmosféricos que, se ultrapassados, podem
afetar a saúde da população; isto é, os níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes no
ar.
b) os secundários, onde as concentrações de poluentes atmosféricos que produzem o mínimo de
efeito sobre o bem estar da população, nas plantas, em animais e no meio ambiente em geral; são
consideradas baixas, ou seja, é o nível ideal de concentração de poluentes.
33
Da mesma forma, define as classes de usos pretendidos, considerando como classe I,
as áreas protegidas, como as unidades de conservação; classe II, as áreas onde a poluição do
ar seja limitada pelo padrão secundário de qualidade e classe III, as demais áreas, não
consideradas na classe II. A Resolução CONAMA nº 5/89, como estratégia de
monitoramento, estabelece a criação de uma Rede Nacional de Monitoramento da Qualidade
do Ar, através de uma Rede Básica de Monitoramento; o gerenciamento do licenciamento de
fontes e poluentes do ar, como auxílio na prevenção da poluição atmosférica; o inventário
nacional de fontes e poluentes do ar, como base para desenvolver metodologias de
acompanhamento e estimativa das emissões e processamento dos dados referentes às fontes
poluidoras do ar. Cabe aos órgãos ambientais, IBAMA, Secretarias Estaduais e Municipais de
Meio Ambiente e demais órgãos governamentais e não-governamentais, o gerenciamento,
fiscalização e apoio de acordo com a competência estabelecida por lei.
Em respeito aos princípios e estratégias do PRONAR, a Resolução nº 3, de 28 de
junho de 1990, do CONAMA, estabelece os padrões de qualidade do ar (PQAR), definindo as
concentrações que, se ultrapassadas, poderão afetar a saúde, segurança e bem-estar da
população, a flora e a fauna e o meio ambiente em geral (Quadro 3).
Assim, define como poluente atmosférico, toda e qualquer forma de matéria ou
energia com intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou características em
desacordo com os níveis estabelecidos, e que tornem ou possam tornar o ar: impróprio, nocivo
ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à flora e à
fauna, prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da
comunidade.
34
Quadro 3
Resolução CONAMA Nº 03/90 – Padrões e níveis da qualidade do ar
Poluentes Tempo de
Amostragem
Padrão Primário Padrão Secundário Nível
Concentração
Média
Conc.
Anual 1
Concentração
Média
Conc.
Anual 1 ATENÇÃO ALERTA
EMER-
GÊNCIA
Partículas
Totais em
suspensão
(µg /m³) *
24 h 240 80 2 150 60 2 375 625 875
Fumaça
(µg /m³) 24 h 150 60 100 40 250 420 500
SO2 - Dióxido
de Enxofre
(µg /m³)
24 h 365 80 100 40 800 1.600 2.100
PI - Partículas
Inaláveis
(µg /m³)
24 h 150 50 150 50 250 420 500
CO - Monóxido
de Carbono
(ppm)
1 h 35,0 9,0 ** 35,0 9,0 ** 15,0 30,0 40,0
O3- Ozônio (µg
/m³) 1 h 160 400 800 1.000
NO2 - Dióxido
de Nitrogênio
(µg /m³)
1 h 320 100 190 100 1.130 2.260 3.000
1 Concentração Média Geométrica Anual
2 Concentração Média Aritmética Anual
* µg - micrograma / ppm - partes por milhão
** Concentração média em 8 horas
4.3.4. A Constituição do Estado do Amazonas
A Constituição do Estado do Amazonas de 1989 reserva o capítulo XI ao meio
ambiente. São 13 artigos destinados a estabelecer as diretrizes para a política ambiental do
Estado em estreita consonância com a Constituição Federal.
No Artigo 229, o primeiro, estabelece como princípio que “todos têm direito a um
ambiente equilibrado essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à
coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo”. Claro está que cabe ao Estado e à
sociedade, o dever de defender e preservar o meio ambiente, de modo a mantê-lo saudável
para que possibilite boa qualidade de vida à população. Ressaltando, ainda, no parágrafo
primeiro, a imperiosa necessidade de compatibilizar o desenvolvimento econômico e social
35
com a proteção do meio ambiente, para preservá-lo de alterações que sejam prejudiciais à
saúde.
Mais diretamente sobre as questões que envolvem a poluição do ar, a Constituição
Estadual estabelece em seu artigo 230, sobre as incumbências do Estado e dos municípios,
nos incisos II e VI: “prevenir e eliminar as conseqüências prejudiciais do desmatamento, da
erosão, da poluição sonora, do ar, do solo, das águas, e de qualquer ameaça ou dano ao
patrimônio ambiental; [...] exigir na forma da lei, para instalação de obra ou atividade
potencialmente de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto
ambiental e das medidas de proteção a serem adotadas [...]”. Sendo, então, obrigação do
Estado e dos municípios em que os empreendimentos vierem a ser instalados, de exigir um
estudo prévio de impactos ambientais (EPIA) e outros instrumentos legais de modo que venha
a prever e prevenir os possíveis impactos ao ambiente.
E como forma de controle e monitoramento, no Artigo 233, fica estabelecido que: “O
Poder Público estabelecerá o sistema de controle da poluição, da prevenção e redução de
riscos e acidentes ecológicos, valendo-se para tal, de mecanismos para avaliação dos efeitos
de agentes predadores ou poluidores[...] sobre a saúde dos trabalhadores expostos a fontes
poluidoras, e da população afetada”.
4.3.5. A Política de Meio Ambiente do Amazonas
A Lei 1.532, de 06 de julho de 1982, estabelece a Política Estadual da Prevenção e
Controle da Poluição, Melhoria e Recuperação do Meio Ambiente e da Proteção dos Recursos
Naturais, e nela estão fixadas os objetivos e as diretrizes da política ambiental do Estado.
Entre os objetivos desta Lei destacamos:
Art. 2º - I – Fixar diretrizes da ação governamental, com vistas à proteção do Meio
Ambiente, à conservação e proteção da flora, da fauna e das belezas cênicas e ao uso
racional do solo, da água e do ar; II – Contribuir para a racionalização do processo de
desenvolvimento econômico e social, procurando atingir a melhoria dos níveis da qualidade
36
ambiental, tendo em vista o bem estar da população; III – propor critérios de exploração e
uso racional dos recursos naturais, objetivando o aumento da produtividade, sem prejuízo à
saúde.
O Decreto No 10.028, de 04 de fevereiro de 1987, que regulamenta a Lei 1.532,
acrescenta no seu Art. 3º, entre os instrumentos da Política Estadual do Meio Ambiente, no
seu inciso IV, a necessidade da implementação de um sistema de informação ambiental e no
seu inciso VII, a implementação de mecanismos de consulta à comunidade.
No mesmo Decreto, Art. 42, III, afirma que é considerada infração GRAVÍSSIMA,
provocar, pontual ou continuamente, riscos à saúde pública, à flora, à fauna ou aos materiais
ou que provoquem alterações sensíveis ao meio ambiente.
O Estado do Amazonas, ainda dispõe de um Plano de Controle da Poluição de
Veículos em Uso – PCPV, criado pelo Decreto No 21.623, de 22 de dezembro de 2000, que
tem entre seus objetivos a limitação e a diminuição da poluição atmosférica pela queima de
combustíveis fósseis por veículos automotores, através de um Plano de Inspeção e
Manutenção de Veículos em Uso (I/M) que estabelece as normas e padrões de emissão de
poluentes a serem seguidos.
4.3.6. A Lei Orgânica do Município de Manaus e o Código Ambiental
A Lei Orgânica do Município de Manaus – LOMAN, de 1990, reserva, também, no
Capítulo II, do Título V das Políticas Públicas, espaço para a Política do Meio Ambiente. No
Artigo 283 fica definido que
o meio ambiente ecologicamente saudável e equilibrado é direito de todo
cidadão, bem de uso comum do povo e essencial à qualidade de vida, incumbindo ao
Poder Público e à coletividade o dever de preservá-lo, inclusive quanto ao
comprometimento do ambiente de trabalho.
37
O município é a unidade administrativa mais importante na questão do gerenciamento
das políticas voltadas ao meio ambiente, pois é onde os problemas se manifestam e essa
proximidade com a poluição lhe possibilita uma maior intervenção, mesmo que seja como
órgão suplementar à ação das esferas de poder superior, conforme determina a Constituição
Federal.
O município integra o SISNAMA como órgão local, conforme determina a PNMA e
está contemplado no Artigo 284 da LOMAN.
A LOMAN não especifica nas suas prioridades (Artigo 286) nenhum item diretamente
voltado à poluição do ar, a não ser a provocada por veículos, o que não deixa de ser
importante para a cidade de Manaus. Todavia, no Artigo 293 fica estabelecido que: “Os
empreendimentos cuja atividade resulte em liberação de resíduos poluentes ou potencialmente
poluentes, obrigam-se a instalar equipamentos que eliminem, transformem ou reduzam essa
condição”.
O LOMAN se coaduna com a Constituição Federal, Leis Federais e Estaduais quanto à
competência de licenciamento, fiscalização e monitoramento das atividades instaladas ou a
serem instaladas com potencial poluidor.
O Poder Municipal instituiu um importante instrumento de política urbana que é o
Código Ambiental do Município de Manaus, Lei Nº 605, de 24 de julho de 2001, destinado a
estabelecer mecanismos para a “preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação e
controle do meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de natureza difusa e essencial à
sadia qualidade de vida”.
O Artigo 3º estabelece os objetivos do Código:
I. compatibilizar o desenvolvimento econômico-social com a proteção da
qualidade do meio ambiente e o equilíbrio ecológico;
II. articular e integrar as ações e atividades ambientais desenvolvidas pelos
diferentes órgãos e entidades do Município, com aquelas dos órgãos federais e
estaduais, quando necessário;
III. articular e integrar ações e atividades ambientais intermunicipais,
favorecendo consórcios e outros instrumentos de cooperação;
38
IV. identificar e caracterizar os ecossistemas do município, definindo as
funções específicas de seus componentes, as fragilidades, as ameaças, os riscos e os
usos compatíveis, consultando as instituições públicas de pesquisa da área ambiental;
V. preservar e conservar as áreas protegidas, bem como o conjunto do
patrimônio ambiental local;
VI. adotar todas as medidas necessárias no sentido de garantir o cumprimento
das diretrizes ambientais estabelecidas no Plano Diretor da Cidade, instrumento básico
da política de pleno desenvolvimento das funções sociais, de expansão urbana e de
garantia do bem estar dos habitantes;
VII. estimular o desenvolvimento de pesquisas e uso adequado dos recursos
ambientais, naturais ou não;
VIII. garantir a participação popular, a prestação de informações relativas ao
meio ambiente e o envolvimento da comunidade;
IX. melhorar continuamente a qualidade do meio ambiente e prevenir a
poluição em todas as suas formas;
X. cuidar dos bens de interesse comum a todos: os parques municipais, as
áreas de proteção ambiental, as zonas ambientais, os espaços territoriais especialmente
protegidos, as áreas de preservação permanente e as demais unidades de conservação
de domínio público e privado;
XI. definir as áreas prioritárias da ação municipal, relativas à questão
ambiental, atendendo aos interesses da coletividade;
XII. garantir a preservação da biodiversidade do patrimônio natural do
município e contribuir para o seu conhecimento científico;
XIII. propugnar pela regeneração de áreas degradadas e pela recuperação dos
mananciais hídricos do município;
XIV. estabelecer normas que visam coibir a ocupação humana de áreas
verdes ou de proteção ambiental, exceto quando sustentado por plano de manejo.
O Código Ambiental cria o Sistema Municipal de Meio Ambiente (SIMMA)
incumbido direta ou indiretamente do planejamento, implementação, controle e fiscalização
de políticas públicas, serviços ou obras que afetam o meio ambiente, bem como da
preservação, conservação, defesa, melhoria, recuperação, controle do meio ambiente e
administração dos recursos ambientais do município, consoante o disposto neste Código
(Artigo 6º). O órgão central do SIMMA é a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio
ambiente (SEDEMA).
39
O Código Ambiental na sua preocupação quanto à poluição do meio ambiente define a
proibição quanto ao lançamento ou a liberação nas águas, no ar ou no solo, de toda e qualquer
forma de matéria ou energia que venha causar poluição ou degradação ambiental (Artigo 82).
O Código Ambiental também reserva um capítulo inteiro a uma Política Municipal de
Controle da Poluição Atmosférica, tendo como diretrizes definidas no Artigo 88:
I. exigência da adoção das melhores tecnologias de processo industrial e de
controle de emissão, de forma a assegurar a redução progressiva dos níveis de
poluição;
II. melhoria na qualidade ou substituição dos combustíveis e otimização da
eficiência do balanço energético;
III. implantação de procedimentos operacionais adequados, incluindo a
implementação de programas de manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos
de controle da poluição;
IV. adoção de sistema de monitoramento periódico ou contínuo das fontes
por parte das empresas responsáveis, sem prejuízo das atribuições de fiscalização da
SEDEMA;
V. integração dos equipamentos de monitoramento da qualidade do ar, numa
única rede, de forma a manter um sistema adequado de informações;
VI. proibição de implantação ou expansão de atividades que possam resultar
em violação dos padrões fixados;
VII. seleção de áreas mais propícias à dispersão atmosférica para a
implantação de fontes de emissão, quando do processo de licenciamento, e a
manutenção de distâncias mínimas em relação a outras instalações urbanas, em
particular hospitais, creches, escolas, residências e áreas naturais protegidas.
A Lei veta a queima ou emissão de qualquer substância que provoque poluição ou
comprometa a qualidade do ar:
Art. 90 - Ficam vedadas:
I. a queima ao ar livre de materiais que comprometam de alguma forma o
meio ambiente ou a sadia qualidade de vida, sem a autorização do órgão ambiental
competente;
II. a emissão de fumaça preta acima de 20% (vinte por cento) da Escala
Ringelman, em qualquer tipo de processo de combustão, exceto durante os 2 (dois)
40
primeiros minutos de operação, para os veículos automotores, e até 5 (cinco) minutos
de operação para outros equipamentos;
III. a emissão visível de poeiras, névoas e gases, fora dos padrões
estabelecidos;
IV. a emissão de odores que possam criar incômodos à população;
V. a emissão de substâncias tóxicas, conforme enunciado em legislação
específica;
VI. a transferência de materiais que possam provocar emissões de poluentes
atmosféricos acima dos padrões estabelecidos pela legislação.
Parágrafo Único - O período de 5 (cinco) minutos referidos no inciso II,
poderá ser ampliado até o máximo de 10 (dez) minutos, nos casos de justificada
limitação tecnológica dos equipamentos.
O Código Ambiental também estabelece que serão definidos padrões de emissão de
poluentes que se baseiam nos padrões estabelecidos pela Lei Federal, cabendo ao
município complementá-la tecnicamente para as especificidades do município.
Pelo que foi visto, podemos afirmar que o Brasil, como um todo, possui uma
legislação que atende as exigências de proteção e gerenciamento do meio ambiente e, sua
conseqüente, importância na preservação e melhoria da qualidade de vida, que envolve a
saúde, da população. Suas dificuldades de implantação e aplicação talvez estejam no plano
político, pois cabe aos governantes criar mecanismos de viabilizem a aplicação das suas
normas.
A sociedade, na ausência do poder público, consciente da sua importância neste
processo, cabe propugnar pela sua aplicação junto aos gestores e fiscalizar sua atuação.
Sem isso, a participação consciente da sociedade, não alcançaremos um “meio ambiente
saudável e de qualidade” para todos.
4.4. Estudos geográficos, meio ambiente e saúde urbana
O envolvimento da Geografia com as condições de saúde e o ambiente em que vivem
as sociedades estudadas já é bem antigo; e muitos estudos não considerados científicos foram
41
realizados levando em conta a relação intrínseca existente entre as sociedades e o ambiente
em que viviam.
Basicamente, tais trabalhos foram considerados deterministas, por considerarem
unicamente a influência direta dos fatores naturais sobre a população. Neste caso destacamos
o trabalho de Hipócrates, “Dos ares, dos mares e dos lugares”, que procura descrever a
relação do homem com o seu meio (MORAES, 1993) e que foi um dos primeiros estudiosos
considerado geógrafo. Samuel Pessoa (1978), em um estudo sobre a Geografia Médica, no
qual cita Littré que numa análise de Hipócrates verifica que este procura perceber a relação
das cidades em relação ao sol e os ventos, como fatores importantes para a saúde e a produção
de doenças, além de examinar a qualidade das águas, com que poderia determinar as doenças
predominantes em cada estação e nas suas variáveis ( p. 95).
O entendimento de que as doenças apresentam uma distribuição espacial que se
caracteriza pelas condições ambientais e climáticas da região contribuiu para os estudos de
geografia médica por todo o mundo, como é o caso de Celso (1478), Hoffmann (1742), Sorre
(1951) e Fuchs (1835), que perceberam a distribuição das doenças pelo mundo, agora cada
vez mais globalizado com a melhoria das relações comerciais e trocas, e consideraram a
Geografia Médica como “o conhecimento das leis segundo as quais as doenças se distribuem
e se propagam no globo terrestre” (PESSOA, op. cit., p. 104).
Samuel Pessoa cita ainda importantes pesquisas de geografia médica realizadas no
século XIX: M. Suss, Sobre as enfermidades endêmicas na Suécia, de 1852; Simonin,
Pesquisas topográficas e médicas sobre Nancy, 1854; Rigler, A Turquia e seus habitantes,
1852; Morshison, Notas sobre o clima de Burma, 1855; entre outras.
Destaque maior é dado por Samuel Pessoa a August Hirsch, com sua obra sobre
patologia histórica e geográfica, de 1860, onde encara a relação da doença no espaço e no
tempo com a situação geográfica, do clima, da altitude e da constituição do solo, das estações,
dos fenômenos elétricos e das condições de vida. Tendo influenciado várias gerações de
geógrafos e epidemiologistas até nossos dias (PESSOA, op. cit.).
No Brasil, são conhecidos os trabalhos de Josué de Castro, Geografia da fome (1946)
e Geopolítica da fome (1953) entre dezenas deles, que via uma relação do espaço geográfico
42
com as condições de vida e saúde da população, acrescentando a necessidade de uma
discussão política dessa relação.
Muito antes, destacamos os trabalhos de Sigaud, Du climat et maladies du Brasil
(1844), que buscava descrever a climatologia local e esboçar uma geografia médica
descrevendo as doenças intertropicais conhecidas; Manuel V. Pereira, Moléstias Parasitárias
mais Freqüentes nos climas tropicais (1876); Paulo Candido, Considerações topográficas
sobre a cidade a cidade do Rio de Janeiros e suas imediações (1833) entre outros do último
quartel do século XIX. (PESSOA, op. cit.).
Recentemente foi dado maior importância aos escritos de A. Rendu, médico geógrafo
da Academia Imperial de Medicina que esteve pesquisando no Império brasileiro, entre 1844
e 1845. Suas observações deram origem ao relato Études topographiques, médicales et
agronomiques sur le Brésil (1848), que foram ofuscadas pela Du climat et des maladies, de
Sigaud. Apesar de sua visão notadamente eurocentrista, Rendu descreve as condições
climáticas, costumes e as doenças mais comuns encontradas no Brasil da época. Um
importante material da nascente geografia médica (EDLER, 2001).
O sucesso dos experimentos de Pasteur nos fins do século XIX sobre a etiologia das
doenças infecciosas, com a descoberta da atuação das bactérias no corpo humano, acabam
mudando o enfoque médico da relação saúde-doença que agora ficará centrada simplesmente
na infestação e reprodução do agente infeccioso, não mais importando os aspectos ambientais
e sociais. O que vai ser reforçado com as descobertas de Fleming sobre a penicilina, a solução
para a maioria das doenças infecciosas. A geografia médica é colocada no esquecimento
(PESSOA, 1975; RIBEIRO, 1987).
Depois de um período sem grandes publicações, a crise ambiental 13
vai dar novo
sentido para as discussões em geografia médica. Trabalhos destinados à pesquisa da
influência da ação antrópica sobre a qualidade de vida e saúde da população principalmente
nas regiões industriais e urbanizadas, onde a degradação ambiental é mais perceptível e seus
impactos sobre a população ainda carecia de maiores estudos, vai abrir um novo campo de
atuação da geografia médica, tanto por geógrafos como por profissionais da área médica
(sanitaristas, epidemiologistas, enfermeiros, médicos, e outros). “Chega-se novamente à
13
Crise ambiental refere-se ao período pós Segunda Guerra Mundial, quando se percebe o quanto a lógica do
desenvolvimento industrial a qualquer custo causa ao meio ambiente. É destaque desse período o livro de
Bárbara Carson “Primavera Silenciosa”, de 1962.
43
conclusão de que o estudo das doenças precisa envolver os agentes patogênicos, o hospedeiro
e o ambiente, tanto físico quanto social” (RIBEIRO, 1987).
Uma coletânea de artigos de geografia médica foi editada em 1972, em Londres, no
livro “Medical geography, techniques and field studies”. Segundo Ribeiro, os autores, todos
geógrafos, procuram fazer a relação entre “conceitos geográficos de distribuição espacial com
a ocorrência e a difusão de doenças ou com a localização de serviços médicos”
(RIBEIRO,1987).
Ribeiro (1987), citando Mayer, aponta as quatro áreas de estudos da geografia médica:
a análise rigorosa dos padrões de distribuição espacial e temporal das doenças, usando
técnicas e conceitos da Geografia quantitativa e da Geo-estatística; mapeamento de doenças,
com o uso do geoprocessamento; progresso no estudo da ecologia das doenças, com o uso de
conceitos de análise sistêmica, para atender os padrões de causalidade das doenças dentro de
diferentes contextos ambientais e a aplicação de conceitos geográficos ao planejamento para
localização de serviços de saúde.
Poucos geógrafos brasileiros têm produzido trabalhos na geografia médica. A maior
parte dessa produção é de profissionais da área da saúde, como médicos e epidemiologistas.
Já foi citada a obra de Josué de Castro (1946), sobre a geografia da fome no Brasil, entre
outros. O médico Lacaz lançou em 1972, a Introdução à Geografia Médica do Brasil, com a
geografia da distribuição das doenças e sua relação com os aspectos físicos.
Outro médico que se preocupou em entender a relação natureza e sociedade para
compreender o processo saúde-doença foi Samuel Pessoa que entre muitos dos seus trabalhos
sobre geografia médica destaca-se os Ensaios médico-sociais (1960).
Todavia, nos dias atuais, o que se observa é um significativo crescimento do número
de geógrafos que trabalham a geografia médica ou a geografia da saúde, havendo inclusive,
participação expressiva em espaço de discussão exclusiva para esse tema nos recentes
Encontros Nacionais de Geógrafos.
Na Amazônia, a preocupação com o espaço e as condições de salubridade da região foi
relatada desde o período colonial pelos viajantes e nas expedições oficiais, além das
expedições científicas como a do casal Agassiz que, em um trecho dos seus relatos, comenta
sobre a salubridade da região e de suas cidade onde “os índios pareciam ter uma vida mais
44
livre e agradável, em face do clima e do meio ambiente físico” (AGASSIZ; AGASSIZ, 1938
apud AB’SABER, 1953, p. 27).
Posteriormente, a visita do sanitarista Oswaldo Cruz quando convidado pela empresa
responsável pela construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré para controlar a epidemia
de malária no canteiro de obras, fará considerações sobre a topografia, hidrografia, vegetação,
clima e sua relação com a salubridade da região. (CRUZ et al, 1972).
Trabalhos como o de Alfredo da Matta, Geographia e topographia médica de Manaus
(1917); Ney Lacerda, Aspectos da luta contra a malária no Amazonas e Territórios limítrofes
(1958), Djalma Batista, O complexo amazônico (1976) entre outros, são algumas referências
no estudo da relação saúde – ambiente no Estado.
A Amazônia, sendo o reservatório da maior floresta tropical do planeta, sem dúvida é
palco da atenção mundial quando se fala de ecologia, preservação e desenvolvimento
sustentável. Mas, também, é palco de múltiplas relações travadas desde os anos 50 quando o
Governo vem tentando incorporar esse espaço à economia nacional e mundial. Durante a
ditadura militar foi estimulada a migração interna em direção à região, e também grandes
projetos minerais e industriais, sem falar da infra-estrutura implantada, principalmente a
construção de grandes hidrelétricas e rodovias. Esse processo vai trazer sérios danos à saúde e
a qualidade de vida na região. Principalmente se considerarmos que esse processo de
ocupação do espaço amazônico se fez de modo a privilegiar a urbanização (BECKER, 1984).
A urbanização é ao mesmo tempo causa e efeito desse processo que envolve a
migração e a industrialização. Os impactos da urbanização sobre a saúde “depende tanto dos
fatores quanto da sinergia entre eles, através da qual, um potencializa os efeitos do outro”
(MACHADO, 2001). Os efeitos podem ser percebidos a partir do ritmo como ela se
desenvolve; da origem da migração e dos tipos de migrantes, do local onde se instalam, aí
inclui o tipo de solo, clima, relevo e da infra-estrutura de serviços coletivos instalados, até do
tipo de indústrias instaladas na área, da quantidade e da qualidade dos serviços para atenção à
saúde (MACHADO, op. cit.).
A ocorrência de epidemias de malária, leishmaniose, cólera, dengue, tuberculose entre
outras aponta a necessidade de se repensar a ocupação desse espaço. Sabroza e Leal vão falar
em uma nova ética nessa relação com o meio ambiente e a saúde. Para eles “esse modelo já se
45
mostrou incompetente para resolver as crises econômicas do capitalismo, mas permite que
aqueles que têm interesse na manutenção da situação atual da economia, nos níveis global,
nacional ou local, ganhem tempo” (SABROZA; LEAL, 1992). Lembrando que uma mudança
no atual modelo requer a consolidação de uma nova ética, caminhando para uma nova relação
com a vida humana e em busca da justiça social, como podemos lembrar o princípio 1 da
Carta do Rio:
Os seres humanos devem estar no centro das preocupações, no
que diz respeito ao desenvolvimento sustentado. Todos têm direito a
uma vida saudável e produtiva em harmonia com a natureza.
4.5. Métodos de análise estatística de dados
A dificuldade em se trabalhar com um conjunto de dados de variáveis diferentes em
um estudo ecológico que envolve interdisciplinaridade está na complexidade e na necessidade
de se dispor de um arsenal de instrumentos que auxiliem na correlação e interpretação de seus
resultados. Neste trabalho, a principal dificuldade é decorrente do fato de, em nossas
experiências anteriores, não haver a interferência de variáveis tão distintas: temperatura em
oC; umidade relativa em %, precipitação em mm; SO2 e MP em μg/m
3 e ocorrência de
doenças respiratória por faixa de idade.
As análises estatísticas escolhidas para a compreensão dos dados que compõem este
trabalho foram as análises univariada e multivariada.
A análise univariada é comumente utilizada como análise exploratória dos dados de
que se dispõe, seja nos estudos quantitativos ou nas pesquisas qualitativas. Costa (2000)
argumenta que esse método de análise estatística “proporciona uma primeira sintetização da
informação, com relação às medidas de posição e dispersão dos dados. A inferência está
relacionada com os testes de hipóteses, seja de forma paramétrica ou não paramétrica” (p.41).
Costa (2000), na explicação dos métodos multivariados, lembra que esses métodos são
recomendados quando se trabalha com diversas variáveis distribuídas no tempo,
46
possibilitando a estratificação de grupos padrões das informações dessas variáveis em estudo.
Nos métodos de análise multivariada fatorial são utilizadas a Análise de Componentes
Principais (ACP), e a Análise de Agrupamento (AA).
4.5.1. Análise de Componentes Principais (ACP)
Nessa metodologia, o conjunto de informações utilizado na análise corresponde a uma
matriz n x k (31 x 16), em que n representa o número de indivíduos (ou seja: meses) e k é o
número de variáveis ou atributos que expressam as características específicas de cada
indivíduo n. A partir destes dados, pode-se caracterizar e comparar cada um dos aspectos da
relação existente entre poluição, saúde e clima.
A ACP proporciona uma explicação conjunta da estrutura de dispersão interna
(variância e covariância) de um vetor aleatório obtido por meio de combinações lineares das
variáveis originais. Vale dizer, esta técnica permite reduzir o número de variáveis, de
características, de cada indivíduo a um pequeno número de índices explicativos (componentes
principais). Uma ACP procura o mínimo de combinações lineares que possam ser utilizadas
para explicar a dispersão de uma nuvem de pontos que, geometricamente, caracteriza a matriz
de informação básica original.
Formalmente diz-se que uma ACP é uma transformação ortogonal de um conjunto de
variáveis correlacionadas (atributos originais) em um conjunto de variáveis não
correlacionadas (componentes principais). Um alto nível de correlação entre as variáveis
proporciona uma imperfeição nos valores estimados para a variância das estimativas dos
parâmetros, o que torna os testes de hipótese inconsistentes.
Esta correlação linear pode ser descrita como:
47
Onde xik é a observação do indivíduo i para a variável k; xk é a média da variável k; sxk
é o desvio padrão da variável k; xip é a observação do indivíduo i para a variável p; xp é a
média da variável p; sxp é o desvio padrão da variável p.
Se X1 , X2 , ..., Xk são as variáveis originais para n indivíduos, procede-se uma
combinação linear dos mesmos criando-se componentes Z1, Z2, ..., Zk não correlacionados.
Formalmente tem-se:
Estes componentes principais Zk são calculados de forma que o primeiro componente
(Z1) represente a maior parcela da variância (ou da Inércia Total do conjunto de pontos) do
conjunto de variáveis explicativas; o segundo componente (Z2) represente a segunda maior
parcela e assim consecutivamente; com a vantagem de que os Z são variáveis não
correlacionadas por construção. Dessa forma, a variância total das variáveis originais é, por
construção, igual à variância total dos componentes Z. As variâncias dos componentes
principais Z são calculadas a partir dos autovetores da matriz de correlação (ou de
covariância) sendo os autovetores os valores dos coeficientes para os componentes principais
calculados.
Por fim, o objetivo de uma ACP é representar de forma simplificada uma estrutura de
dados buscando “planos” (combinações, componentes) que representem e sintetizem a
distribuição dos indivíduos n num espaço k dimensional, ℜk, sem que seja necessário um
modelo apriorístico.
Assim, buscando adequar a metodologia à base de dados disponíveis visando poder
interpretar seus resultados, procedeu-se uma Análise de Componentes Principais.
Os resultados estão apresentados em quadros bi-dimensionais que plotam os primeiros
componentes principais (Z1 e Z2) em eixos ortogonais, sendo os pontos definidos como
categorias de resposta dos meses (indivíduos) a cada uma das perguntas caracterizadas como
variáveis (atributos).
48
4.5.2. Análise de Agrupamentos (cluster ou classificação)
Os métodos existentes para análise de agrupamento consistem em separar um
conjunto de objetos em grupos (ou classes). De um lado, os objetos apresentam
características homogêneas dentro de cada grupo ou classe (meses dos anos). Por outro
lado, estes grupos são heterogêneos entre os objetos dos outros grupos ou classes
distintas. Isto é, serve para averiguar a existência de uma estrutura de grupos embutida
nos dados (COSTA, 2000).
Pereira (1993) em análise de agrupamentos ressalta sobre suas aplicações,
A aplicação de AA tem finalidades bastante diferenciadas, tais como: a
determinação de objetos semelhantes num primeiro estágio de um esquema de
amostragem estratificada, formulação de hipóteses sobre a estrutura de dados e a
determinação de esquemas de classificação. Tendo aplicações por exemplo em
plantas, animais e doenças.
As seqüências resultantes das classificações são usualmente representadas sob
a forma de uma árvore de classificação chamada dendrograma. O ponto central é a
escolha de uma linha de corte que indique, no dendrograma, um conjunto significativo
de grupos ou que coloque em evidência os cortes naturais implícitos na estrutura de
dados. Um possível corte deverá ser realizado, quando a curva crescer mais
rapidamente, havendo um saldo entre os valores. Entretanto, observa-se que a escolha
do corte, ainda, é um critério subjetivo (COSTA, 2000).
49
5. MATERIAIS E MÉTODOS
A pesquisa foi constituída por dados secundários originários de fontes oficiais como os
órgãos ambientais oficiais, a Secretaria de Saúde do Estado, através do Centro de Saúde do
Mauazinho, e o Instituto de Meteorologia (INMET) em Manaus.
5.1. Coleta de dados de poluição do ar
Os dados sobre a poluição do ar na área do Mauazinho foram coletados em 1001 (mil
e um) dias, de 13 de abril de 1998 a 31 de dezembro de 2003, pelo Laboratório de Química da
Usina Termelétrica do Mauá, da Manaus Energia. Todavia, os mesmos não apresentam uma
continuidade, conforme pode ser constatado junto aos relatórios apresentados pela empresa
aos órgãos ambientais: SEDEMA e IPAAM.
Quadro 4
Total de dias para coleta de Material Particulado (MP) e dias sem dados por estação: Mauzinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
ESTAÇÃO
(MP)
TOTAL DE DIAS DO PERÍODO
DIAS
SEM DADOS %
1ª. Estação 1001 584 58,3
2ª. Estação 1001 641 64,0
3ª. Estação 1001 712 71,1
4ª. Estação 1001 799 79,8
MÉDIA1 1001 469 46,8
1 A média se refere aos dias onde foi possível obter a média aritmética entre as quatro
estações.
50
O quadro 4 mostra o número de dias que não apresentam dados referentes a coletas
sobre emissão de Material Particulado (MP) e o quadro 5 referente à emissão de Dióxido de
Enxofre (SO2). O MP, coletado nas quatro estações instaladas pela empresa, teve a maior
parte da série histórica sem dados. Observa-se que na primeira estação, 58,3% dos dias não
apresentam dados. A quarta estação, com 79,8% sem dados, é a que apresenta o maior número
de dias sem dados. Os dias em que nenhuma das estações apresentou dados correspondem a
46,8 % do período em estudo. Além do fato de não haver coleta de dados diários, há falta de
material para coleta e manutenção dos equipamentos que são importados e requerem tempo de
licitação para se efetivarem, conforme justificativa apresentada junto aos relatórios.
Quadro 5
Total de dias para coleta de Dióxido de Enxofre (SO2) e dias sem dados por estação: Mauzinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
ESTAÇÃO
(SO2)
TOTAL DE DIAS
DO PERÍODO
DIAS
SEM DADOS %
1ª. Estação 1001 146 14,6
2ª. Estação 1001 875 87,4
3ª. Estação 1001 587 58,6
MEDIA1 1001 46 4,6
1 A média se refere aos dias onde foi possível obter a média aritmética entre as quatro
estações.
O SO2 apresenta situação pior, haja vista que a 2ª estação apresenta uma ausência de
dados de 87,4% dos dias da série, seguida da 3ª estação com 58,6%; e na 4ª estação, não há
coleta de SO2. Somente a 1ª estação apresenta um número significativo de dias de coleta. Isso
se verifica quando observamos a média das estações onde o número de dias sem dados
representa apenas 4,6%, ou seja, os dados de SO2 são basicamente todos da 1ª estação.
Verificando os dados de poluição atmosférica constata-se que houve sete dias em que
a concentração de MP superou o padrão estabelecido pela Resolução CONAMA no. 003/90
51
(240 μg/m3) que determina que essa concentração não pode ser ultrapassada mais de uma vez
por ano (Quadro 6 e 7). Segundo os dados, durante os anos de 1998 e 1999, o PQAR foi
ultrapassado três vezes.
Quadro 6
Maiores concentrações de material particulado (MP)
Mauzinho- Manaus, 1998 a 2003
DIA ESTAÇÃO CONCENTRAÇÃO
(μg /m3)
17/9/1998 2ª. 385
18/9/1998 2ª. 342
09/6/1999 2ª. 270
20/01/2000 2ª. 266
16/4/1998 1ª. 257
23/11/1999 4ª. 253
19/8/1999 3ª. 248
23/4/1998 2ª. 236
22/7/1999 2ª. 235
20/1/2000 4ª. 233
27/7/1999 3ª. 223
30/6/1999 2ª. 214
25/9/2001 1ª. 213
18/8/1999 2ª. 213
21/7/1999 2ª. 211
19/8/1999 2ª. 210
52
Quadro 7
Maiores concentrações de dióxido de enxofre (SO2)
Mauazinho – Manaus, 1998 a 2003
Já o SO2 somente em novembro de 2001 ultrapassou a concentração permitida pela
Resolução 03/90 que é de 365 μg/m3 (Quadro 8).
Quadro 8
Média geométrica anual para MP e média aritmética para SO2 (μg/m3)
Mauazinho – Manaus, 1998 a 2003
Quanto às médias anuais, observa-se que, da série histórica, apenas o MP apresentou
concentração superior ao PQAR (80 μg/m3), em 1999.
DIA ESTAÇÃO CONCENTRAÇÃO
(μg/m3)
07/11/2001 1ª. 417
24/9/2001 3ª. 176
29/9/1998 1ª. 123
ANO MP SO2 PQAR
1998 70,6 11,0 80
1999 81,1 9,6 80
2000 63,0 4,4 80
2001 76,1 15,5 80
2002 30,9 9,0 80
2003 - 7,3 80
53
A análise descritiva dos dados sobre as concentrações de MP e SO2 no Mauazinho foi
sintetizada nas tabelas 3 e 4, onde podem ser vistos os valores mínimo e máximo, a mediana,
a média aritmética, a média geométrica assim como variância e desvio padrão respectivos,
entre outros, para todo o período em que foi possível coletar os dados, agrupados por mês.
Em razão da ausência de dados referentes a alguns meses da série histórica, que
impossibilitava qualquer procedimento estatístico junto aos dados de saúde e climáticos, foi
aproveitado esse levantamento estatístico e optou-se por completar a série pela máxima de
concentração mensal de poluentes. Optou-se pela máxima dos meses por considerar esse valor
mais significativo, pois a máxima não chega a atingir o PQAR; e a média aritmética mensal é
muito inferior.
Tabela 3
Valores estatísticos para o MP por mês , Mauazinho – Manaus, 04/1998 a 12/2003
Estatística Descritiva JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
N = 2 5 3 5 4 4 4 2 4 5 4 2
Mínimo 62,3 43,4 48 57,5 49,7 14,3 12,4 77 13,3 72,1 62,3 77,9
Máximo 69,6 56,9 56,9 118,1 81,7 93,2 109,8 110,4 106,7 100,4 93,6 87,4
Amplitude Total 7,3 13,5 8,9 60,6 32 78,9 97,4 33,4 93,4 28,3 31,3 9,5
Mediana 65,95 53,4 53,4 59,15 74,95 79,2 75,6 93,7 88,2 95,95 90,4 82,65
1º Quartil (25%) 64,125 48 50,7 57,6 65,15 57,95 52,6 85,35 59,425 91,9 81,275 80,275
3º Quartil (75%) 67,775 53,4 55,15 118,1 80,125 87,725 91,35 102,05 102,875 100,4 93,3 85,025
Desvio Interquartílico 3,65 5,4 4,45 60,5 14,975 29,775 38,75 16,7 43,45 8,5 12,025 4,75
Média Aritmética 65,95 51,02 52,7667 58,78 70,325 66,475 68,35 93,7 74,1 72,88 84,175 82,65
Variância 26,645 28,272 20,1033 1745,167 213,6025 1283,363 1712,65 557,78 1838,7133 1791,677 220,1758 45,125
Desvio Padrão 5,1619 5,3171 4,4837 41,7752 14,6151 35,824 41,3842 23,6174 42,8802 42,3282 14,8383 6,7175
Erro Padrão 3,65 2,3779 2,5887 18,6824 7,3076 17,912 20,6921 16,7 21,4401 18,9297 7,4192 4,75
Coeficiente de Variação 7,83% 10,42% 8,50% 71,07% 20,78% 53,89% 60,55% 25,21% 57,87% 58,08% 17,63% 8,13%
Assimetria --- -2209,31 -4890,5 0,0323 -75,6615 -5,9328 -3,9362 --- -4,8719 -1,8649 -1,8069 ---
Curtose --- -91220,2 --- 1,9816 775,9101 -6,4322 -9,826 --- -8,8767 3,4706 3,2528 ---
N (média geom.) = 2 5 3 4 4 4 4 2 4 4 4 2
Média geométrica 65,8489 50,7908 52,6379 69,8043 69,0417 53,6748 52,602 92,1998 57,3064 90,3121 83,0656 82,5134
Variância (geom.) 1,0027 1,005 1,0032 1,0551 1,023 1,4084 1,5247 1,0286 1,5258 1,0106 1,0165 1,0029
D. padrão (geom.) 1,0815 1,113 1,0898 1,4211 1,257 2,4302 2,6792 1,2902 2,6815 1,1683 1,2143 1,0848
54
Tabela 4
Valores estatísticas para o SO2 por mês, Mauazinho – Manaus, 04/1998 a 12/2003
5.2. Coleta de dados climáticos
Os dados sobre as condições climáticas (temperatura, precipitações e umidade) da
cidade foram adquiridos junto ao Instituto Nacional de Meteorologia – INMET, 12º Distrito
Meteorológico, em Manaus. Sua estação de coleta de dados está situada na Avenida João
Gonçalves, no Distrito Industrial. A referida estação foi escolhida por estar próxima ao bairro
Mauazinho.
Os dados de temperatura, precipitação e umidade foram obtidos junto ao INMET,
compreendendo os anos de 2000 a 2003 (Quadro 9). Os dados diários de temperatura e
umidade foram agrupados em médias mensais e os de precipitação são cumulativos. A média
acumulada dos quatro anos de precipitação é de 2.159,28 mm por ano. A média de
temperatura da série foi de 27,1 oC e a umidade relativa do ar foi de 82 %, segundo os
mesmos dados.
Estatística Descritiva
JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
N = 4 9 5 6 5 5 5 5 5 5 6 5
Mínimo 6,4 1,8 1,8 0 2,9 0,6 4,7 4,2 5 0,9 0 2,3
Máximo 23,5 22,4 11,5 31,8 31,4 13,1 11,2 22,5 83,2 9,4 32,5 13,7
Amplitude Total 17,1 20,6 9,7 31,8 28,5 12,5 6,5 18,3 78,2 8,5 32,5 11,4
Mediana 7,5 7,1 7,1 9 9 8,5 10,1 9,8 9,2 4,6 5,9 5,8
1º Quartil (25%) 6,55 6,2 6,6 5,775 5,4 4,6 8,1 9,5 6,1 3,3 1,975 5,6
3º Quartil (75%) 12,175 8,9 8,9 11,475 24,5 9,7 10,8 12,7 20,8 9,4 17,325 12,5
Desvio Interquartílico 5,625 2,7 2,3 5,7 19,1 5,1 2,7 3,2 14,7 6,1 15,35 6,9
Média Aritmética 11,225 8,1889 7,18 11,1333 14,64 7,3 8,98 11,74 24,86 5,52 11,0167 7,98
Variância 67,7758 37,6486 12,727 120,0627 158,283 23,255 7,147 45,583 1102,908 14,307 164,9017 23,957
Desvio Padrão 8,2326 6,1358 3,5675 10,9573 12,5811 4,8223 2,6734 6,7515 33,2101 3,7825 12,8414 4,8946
Erro Padrão 4,1163 2,0453 1,5954 4,4733 5,6264 2,1566 1,1956 3,0194 14,852 1,6916 5,2425 2,1889
Coeficiente de Variação 73,34% 74,93% 49,69% 98,42% 85,94% 66,06% 29,77% 57,51% 133,59% 68,52% 116,56% 61,34%
Assimetria -1,4493 0,5199 -4,0411 1,6396 -0,0121 -1,8533 -17,1157 -1,1084 1,8754 0,05 1,1414 -1,5484
Curtose -27,4132 -1,8413 -2,6753 3,4233 -6,2709 -5,75 51,4769 -3,2051 2,2474 -2,2971 0,1028 -7,7067
N (média geom.) = 4 9 5 5 5 5 5 5 5 5 5 5
Média geométrica 9,5558 6,3699 6,1268 10,8971 10,1631 4,9531 8,5804 10,2244 13,7169 4,1338 7,7669 6,6282
Variância (geom.) 1,1767 1,3126 1,2511 1,2213 1,5496 1,9499 1,0576 1,1728 1,7697 1,5003 1,9957 1,2556
D. padrão (geom.) 1,8443 2,2064 2,0508 1,971 2,7298 3,4556 1,4322 1,8327 3,147 2,6286 3,5304 2,0625
55
Quadro 9
Precipitações mensais e médias mensais de temperatura e umidade
Manaus - 2000-2003
MÊS ANO PRECIPITAÇÃO TEMPERATURA UMIDADE
mm oC %
1 2000 350,2 25,9 83
2 2000 344,4 25,7 84
3 2000 340,7 25,7 85
4 2000 535,4 25,5 86
5 2000 172,6 26,3 84
6 2000 48,2 26,7 81
7 2000 40,8 26,2 88
8 2000 140 27,1 83
9 2000 218,1 27,3 86
10 2000 47,2 27,3 85
11 2000 169,7 27,5 84
12 2000 192,3 27,1 82
1 2001 348,4 25,2 87
2 2001 219,5 26 85
3 2001 216,8 26,7 85
4 2001 188,2 26,5 86
5 2001 188,2 27,2 84
6 2001 164,1 25,7 84
7 2001 30,6 26,7 80
8 2001 14,9 28,3 71
9 2001 88,2 27,8 75
10 2001 28,1 29,8 69
11 2001 55 29,3 74
12 2001 213 27,5 85
1 2002 380,8 27 82
2 2002 239,9 26,5 84
3 2002 195,3 26,7 84
4 2002 376,7 26,7 83
5 2002 262,9 26,8 84
6 2002 159,1 26,8 81
7 2002 3,4 27,8 76
8 2002 35,4 28,1 74
9 2002 60,1 28,8 71
10 2002 216,1 28 76
11 2002 81,2 27,7 81
12 2002 311,2 26,9 86
1 2003 105,8 26,7 81
2 2003 340,9 27,1 84
3 2003 209,2 26,7 86
4 2003 390,1 26,6 87
5 2003 219,6 26,8 85
6 2003 110,7 27 85
7 2003 93 27,4 81
8 2003 118,3 27,4 82
9 2003 60,9 27,9 84
10 2003 96,9 28,5 79
11 2003 119,6 28 81
12 2003 95,4 28 83
MÉDIAS 2.159,28 * 27,1 ** 82 **
* Concentração média anual.
** Média aritmética do período.
Fonte: MAPA/INMET/12º DM, 2004.
56
No Quadro 10, podemos verificar que os meses de janeiro, fevereiro, março e abril são
os meses que apresentam maior precipitação. O mês de abril de 2000, da série histórica,
apresenta a maior precipitação acumulada, com 535,4 mm, seguido do mês de abril de 2003,
com um acumulado de 390,1 mm. Os meses de julho, agosto, setembro, outubro e novembro
são os que apresentam as menores médias da série, sendo que o mês de julho de 2002
apresentou somente 3,4 mm de precipitação, seguida do mês de agosto de 2001, com 14,9
mm.
Quadro 10
Os dez meses de maior e menor precipitação – Manaus – 2000 a 2003
Mês Ano Precipitação (mm)
ABR 2000 535,4
ABR 2003 390,1
JAN 2002 380,8
ABR 2002 376,7
JAN 2000 350,2
JAN 2001 348,4
FEV 2000 344,4
FEV 2003 340,9
MAR 2000 340,7
DEZ 2002 311,2
SET 2002 60,1
NOV 2001 55,0
JUN 2000 48,2
OUT 2000 47,2
JUL 2000 40,8
AGO 2002 35,4
JUL 2001 30,6
OUT 2001 28,1
AGO 2001 14,9
JUL 2002 3,4
Fonte: MAPA/INMET/12º DM, 2004.
57
As médias de temperatura têm uma pequena variação entre os dias mais e menos
quentes. Segundo os dados da série (Quadro 11), os meses mais quentes são agosto, setembro,
outubro e novembro, sendo que o mês de outubro de 2001, foi o que apresentou a maior
média mensal de temperatura (29,8 oC) e o mês de janeiro de 2001 apresentou a menor
temperatura média da série, com 25,2 oC. Os meses de janeiro, fevereiro, março e abril
aparecem como os meses onde as temperaturas foram em média mais baixas.
Quadro 11
Os dez meses de maior e menor temperaturas – Manaus – 2000 a 2003
Fonte: MAPA, INMET/12º DM, 2004.
MÊS ANO TEMPERATURA
OUT 2001 29,8
NOV 2001 29,3
SET 2002 28,8
OUT 2003 28,5
AGO 2001 28,3
AGO 2002 28,1
NOV 2003 28,0
OUT 2002 28,0
DEZ 2003 28,0
SET 2003 27,9
ABR 2001 26,5
MAI 2000 26,3
JUL 2000 26,2
FEV 2001 26,0
JAN 2000 25,9
FEV 2000 25,7
MAR 2000 25,7
JUN 2001 25,7
ABR 2000 25,5
JAN 2001 25,2
58
Quanto à umidade relativa (Quadro 12), os dados informam que o mês de abril é o mês
onde as médias são mais elevadas, sendo que, no entanto foi o mês de julho de 2000 que
apresentou a maior média (88%). Por outro lado, os meses de menor umidade são os meses de
agosto, setembro, outubro e novembro. O mês de outubro de 2001 foi o mês com menor
média de umidade relativa, 69%.
Quadro 12
Os dez meses de maior e menor umidade – Manaus – 2000 a 2003
Fonte: MAPA, INMET/12º DM, 2004.
MÊS ANO UMIDADE
JUL 2000 88
JAN 2001 87
ABR 2003 87
ABR 2000 86
ABR 2001 86
MAR 2003 86
DEZ 2002 86
SET 2000 86
OUT 2000 85
DEZ 2001 85
JUL 2001 80
OUT 2003 79
JUL 2002 76
OUT 2002 76
SET 2001 75
AGO 2002 74
NOV 2001 74
AGO 2001 71
SET 2002 71
OUT 2001 69
59
5.3. Coleta de dados de saúde
Nesta pesquisa os dados de morbidade foram coletados junto ao formulário
ambulatorial “produção médica diária” do Centro de Saúde Mauazinho (Anexo 2), que
apresentou diversas falhas no processo de identificação da causa mórbida, principalmente em
relação à CID-10, base para identificação padronizada da doença. Houve também falhas
temporais no relatório da morbidade da população do bairro.
Os dados de saúde correspondem a 10.833 informações, em 623 dias onde se pode
coletar tais informações junto ao formulário padrão. Foram coletados todos os dados
referentes aos pacientes como idade, sexo e o código correspondente da CID. Não foram
anotados nome, nem o número de matrícula junto ao Centro de Saúde. Só foram anotados
aqueles códigos da CID referentes às doenças respiratórias (Capítulo X, classificação J00 a
J99, da CID10). Foram excluídas 39 ocorrências em que as informações apresentavam
ausência de idade ou de código da CID.
As doenças respiratórias e sua classificação encontrada junto às informações médicas
obtidas no Centro de Saúde Mauazinho constam na quadro 14.
As idades dos pacientes foram agrupadas em faixas de acordo com a proposta de
Moraes (1959) referendada por Pereira (2000) e usada por Costa (2000) em seu trabalho sobre
as conseqüências sociais e ambientas da poluição do carvão no sul de Santa Catarina (Quadro
13). Para este trabalho foram selecionadas exclusivamente as faixas 1 (menores de 1 ano), 2
(de 1 a 4 anos) e 5 (de 50 anos e mais).
Quadro 13
Faixa de idade
FAIXA INTERVALO
1 < 1 ano
2 1 - 4 anos
3 5 - 19 anos
4 20 - 49 anos
5 50 e + anos
60
Quadro 14
Causas de Morbidade, segundo a CID-10ª edição, no Centro de Saúde Mauazinho
Mauazinho – Manaus – 02/12/2000 a 30/12/2003.
Fonte: Produção Médica diária, Centro de Saúde Mauazinho (1996 – 2003).
61
As DR foram agrupadas levando em consideração sua importância no conjunto das
ocorrências e sua possível associação com a poluição atmosférica (Quadro 15).
Quadro 15
Agrupamento de doenças respiratórias por classificação
GRUPO CID 10 Doenças
A J00 Nasofaringite
B J01 Sinusite
C J02 Faringite
D J03 Amigdalite
E J06 Infecções das VAS
F J10 - J11 Gripes
G J12 - J13 -J15 - J16 - J18 Pneumonias
H J20 - J40 – J41 - J42 Bronquites
I J21 Bronquiolite
K J45 Asma
O Todas as outras Outras DR
Fonte : elaborado pelo autor
Os dados de saúde, poluição e climatológicos foram, então, recortados no período de
dezembro de 2000 a dezembro de 2003. Sendo que, no entanto, devido à ausência de dados de
saúde entre os meses de abril e setembro de 2001, foram excluídos todos os demais dados
desse período.
A análise descritiva dos dados de poluição foi realizada no software Biostat versão
2.0. A armazenagem e a análise univariada de cada uma das variáveis foi feita utilizando as
planilhas do software Excel 2000; e a análise multivariada foi realizada com a exportação dos
bancos de dados para o SPADN, versão 3.514
.
14
Software francês disponibilizado pela UFSC, através do convênio PRESTA/UFSC.
62
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise e a discussão partem dos resultados obtidos da análise multivariada realizada
no software SPADN, versão 3.5. Os dados de poluição e climáticos são considerados
parâmetros fixos, pois não variam nas tabelas de resultados. As demais análises serão
realizadas por faixa etária, exclusivamente a faixa 1 (menores de 1 ano), faixa 2 (1 a 4 anos) e
a faixa de idosos (mais de 50 anos). Os dados compreendem aqueles de dezembro de 2000 a
dezembro de 2003, excluídos os meses de abril a setembro de 2001.
6.1. Parâmetros fixos de análise no bairro Mauazinho
A tabela 5 apresenta as estatísticas descritivas (média aritmética, desvio-padrão e
limites máximo e mínimo) das variáveis climáticas (temperatura, precipitação e umidade) e
dos poluentes atmosféricos (SO2 e MP) considerados como parâmetros fixos em todas as
tabelas da análise multivariada. A temperatura média do período ficou em 27,34%, sendo que
a temperatura máxima foi de 29,8º C em outubro de 2001.
A precipitação teve uma média de 179,21 mm, sendo que a máxima de chuva foi
390,1º C no mês de abril de 2003, do período em estudo.
A média de umidade ficou em 81,52% na série, sendo que o mês de janeiro de 2001
foi o que apresentou o máximo de umidade (187%).
Quanto aos poluentes atmosféricos, a média de SO2 foi de 12,7 μg/m3, bem abaixo do
máximo de concentração obtido, ou seja, 83,2 μg/m3; e a média de MP foi de 75,99 μg/m
3,
sendo que foi de 118,1 μg/m3 o máximo de concentração no período.
63
Tabela 5
Parâmetros fixos para temperatura, precipitação, umidade, SO2 e MP
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
Parâmetros Média Desvio-padrão Máximo Mínimo
Temperatura 27,34 0,93 25,2 29,8
Precipitação 179,21 111,02 3,4 390,1
Umidade 81,52 4,56 69 87
SO2 12,7 14,36 1,5 83,2
MP 75,99 28,18 12,4 118,1
O resultado indica que há uma correlação positiva (r = 0,65) entre a precipitação e a
umidade (p<0.01). Já entre a temperatura e a precipitação existe uma correlação negativa
(r = -0,69) ao nível de 1% de probabilidade. Correlação negativa (r = -0,83) existe também
entre a temperatura e a umidade (p<0,01). Isto significa que, quando a temperatura fica
elevada, a precipitação e a umidade ficam baixos.
Por sua vez, entre as variáveis poluidoras (SO2 e o MP) existe uma correlação inversa
(r = -0,38). Quando o SO2 é elevado, o MP é baixo; e vice-versa (p<0,05) no período de
estudo (ver o gráfico de correlações em anexo).
6.2 Poluição do ar sobre a população menor de 1 ano.
Dentre as variáveis em estudo, observa-se que nos três primeiros componentes, o
modelo explicou 52,72% da Inércia Total.
O primeiro componente (eixo 1) explicou 20,24% do modelo, sendo que as variáveis
que mais contribuíram foram: SO2; precipitação, umidade e temperatura; associadas à
pneumonia.
64
O segundo componente (eixo 2) explicou 19,22%. As doenças que mais contribuiram
foram: nasofaringite, infecções das VAS, bronquite, bronquiolite e asma.
O terceiro componente explicou 13,26%, sendo as variáveis MP e casos de faringites e
amigdalite as que mais contribuíram.
Observa-se pelo gráfico de variáveis, no eixo 1, que quando aumenta a temperatura e
concentrações de SO2, aumentam também os casos de pneumonias (Figura 4). No mesmo
gráfico, no eixo 2, percebe-se que os casos de asma, nasofaringite, bronquiolite, amigdalite e
infecções das VAS são afetados pelas altas temperaturas e concentrações de material
particulado. As maiores precipitações e umidade aparecem no gráfico associadas à bronquite
no eixo 2.
Com base no gráfico de indivíduos (meses do ano), observa-se que foi nos meses
novembro de 2001, julho e setembro de 2002 que houve a maior temperatura e a maior
quantidade de dióxido de enxofre; assim como houve o maior número de casos de pneumonia
registrados no Mauazinho (Figura 5).
Percebe-se ainda que os casos de bronquiolite e amigdalite foram representados de
maneira similar; e que, assim como os casos de asma e infecções das VAS, eles foram
registrados principalmente nos meses de abril a junho de 2003 e agosto de 2002. Os casos de
nasofaringite associados às maiores temperaturas deram-se nos meses de julho de 2002 e
outubro de 2001. Os demais meses encontram–se dentro da média dos grupos (Figura 5).
65
Figura 4 – Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade e
doenças respiratórias para a faixa de idade menor de 1 ano – Mauazinho – Manaus,
12/2000 a 12/2003.
Figura 5 – Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na faixa de
idade menor de 1 ano – Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003.
>TEMP
<TEMP
>SO2
<SO2
<MP
>MP
66
6.3. Poluição do ar sobre a população de 1 a 4 anos.
Desta feita, na análise das variáveis para as crianças entre 1 e 4 anos, observa-se que
também nos três primeiros componentes, o modelo explicou 54,39% da Inércia Total.
O primeiro componente (eixo 1) explicou 22,80% do modelo, sendo que desta vez, as
variáveis que mais contribuíram foram: precipitação, umidade e temperatura; e entre as
doenças respiratórias, foram a nasofaringite, as infecções das VAS e as pneumonias.
O segundo componente (eixo 2) explicou 18,55% do modelo, sendo os poluentes
dióxido de enxofre e material particulado junto com as doenças sinusite, amigdalite e gripe, as
variáveis que mais contribuíram.
E o terceiro componente explicou 13,04%, sendo a variável bronquiolite a mais
importante.
Observa-se pelo gráfico de variáveis (Figura 6), no eixo 2, o mesmo que ocorreu entre
as crianças menores de 1 ano, ou seja, a elevação da temperatura e das concentrações de
dióxido de enxofre aumentou os casos de pneumonia. Ainda no eixo 2, as temperaturas mais
elevadas junto com o material particulado foram associados com as doenças respiratórias
como nasofaringite, infecções das VAS, amigdalite e sinusite. E no eixo 1, percebe-se que em
situações onde a precipitação e a umidade foram elevadas, houve associação com casos de
bronquite e gripe.
Observando-se o gráfico de indivíduos (meses do ano), verifica-se desta vez, além dos
meses de julho e setembro de 2002, que os meses de agosto de 2002 assim como outubro e
novembro de 2001 apresentaram as maiores temperaturas e a maior concentração de dióxido
de enxofre, bem como o maior número de casos de pneumonia registrado no Mauazinho
(Figura 7).
Os maiores níveis de umidade e precipitação foram registrados principalmente nos
meses de janeiro a março de 2001, meses em que houve maior ocorrência de gripes e
bronquites (Figura 7).
67
Figura 6 - Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade e
doenças respiratórias para a faixa de idade de 1 a 4 anos – Mauazinho – Manaus,
12/2000 a 12/2003.
Figura 7 – Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na faixa de
idade de 1 a 4 anos – Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003.
<TEMP
>TEMP
<SO2
>SO2 < MP
> MP
68
6.4. Poluição do ar sobre a população de 50 anos e mais
No caso dos idosos (idade de 50 anos e mais), observa-se que o modelo explicou mais
de 50% da Inércia Total somente quando incluiu o quarto componente (58,42%). Os três
primeiros componentes explicaram apenas 48,05% do modelo.
A explicação do modelo é bem melhor distribuída entre os quatro componentes. O
primeiro componente (eixo 1) explicou 19,67% do modelo, sendo que as variáveis que mais
contribuíram foram: as variáveis fixas dióxido de enxofre, precipitação, temperatura e
umidade; e a doença respiratória associada foi a bronquiolite.
O segundo componente (eixo 2) explicou 14,96% do modelo. As doenças associadas
foram: nasofaringite, faringite, infecções das VAS, gripe e outras doenças respiratórias.
O terceiro componente explicou 13,44% do modelo. As doenças associadas foram:
amigdalite, pneumonia, bronquite e asma.
O quarto componente explicou 10,37% do modelo. As variáveis associadas foram o
poluente material particulado e a sinusite.
Observando o gráfico de variáveis, percebe-se, no eixo 1, que o aumento da
precipitação e da umidade, junto com o material particulado não teve reflexo sobre muitas
DR. Apenas a amigdalite apareceu como a mais significativa (Figura 8). No eixo 2 do mesmo
gráfico, as temperaturas mais elevadas e as concentrações maiores de dióxido de enxofre
mostraram-se associadas a doenças como nasofaringite, gripe, infecções das VAS e
bronquiolite.
Analisando o gráfico de indivíduos (meses do ano), percebe-se que os meses de junho
e julho de 2002, assim como janeiro, fevereiro, maio e dezembro de 2003, e até mesmo o mês
de setembro de 2002, foram os que apresentaram maior concentração de dióxido de enxofre e
maior elevação de temperatura, em associação com os casos de pneumonia, nasofaringite,
gripe e infecções das VAS. Já os meses de outubro, novembro e dezembro de 2001, agosto e
outubro de 2002 e novembro de 2003 apresentaram alta concentração de material particulado
associada aos casos de faringite (Figura 9).
69
Figura 8 - Representação das variáveis MP, SO2, temperatura, precipitação, umidade e
doenças respiratórias para faixa de 50 anos e mais – Mauazinho – Manaus, 12/2000 a
12/2003.
Figura 9 - Representação dos indivíduos (meses do ano) no plano fatorial 1 –2 na faixa de
idade de 50 anos e mais – Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003.
< TEMP
>TEMP
>M P
< M P
< S O2 > S O2
70
Uma discussão sobre os dados de saúde por faixa de idade, constante na figura 10,
indica que a faixa de 1 a 4 anos foi a que apresentou maior ocorrência de doenças
respiratórias, sendo que as Infecções Agudas das Vias Aéreas Superiores (J06) foram as
causas mórbidas mais apontadas pelos médicos, seguidas da Nasofaringite (resfriado comum)
na mesma faixa etária .
Figura 10 – Totais das doenças respiratórias por mês, segundo faixa de idade
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003.
Além disso, verificou-se a existência de grande concentração de poluentes, mais
especificamente de MP e SO2 em diversos meses, sendo que a maior concentração ocorreu
nos meses quentes: junho, julho, agosto, setembro, outubro e novembro. A esse fator, sempre
foi associada a pneumonia. Entre as crianças menores de 1 ano, foi possível averiguar,
estatisticamente a associação com outras doenças respiratórias, como asma, nasofaringite e
infecções das VAS. Entre as de 1 a 4 anos, essa associação continua com a pneumonia, a
nasofaringite, as infecções das VAS, além da amigdalite e da sinusite. Entre os idosos, as
gripes, nasofaringites e infecções da VAS apareceram com mais freqüência também
associadas aos mesmos poluentes.
FAIXA 1 FAIXA 5 FAIXA 3 FAIXA 4 FAIXA 2
MAUAZINHO - TOTAIS DE DR POR MÊS, SEGUNDO FAIXA DE IDADE 12/2000 a 12/2003
A
B C D
E
F G H
I
K O
A
B C
D
E
F G
H
I
K
O
A
B C
D
E
F G H I K
O A B
C
D E F
G H
I K
O A B C D E
F
G H
I K O
EXCLUIDO
S 0
200
400
600
800
1000
1200
1400
1600
1800
2000
Ocorrências
A (Nasofaringite) B (Sinusite) C (Faringite) D (Amigdalite) E (Infecções das VAS) F (Gripes) G (Pneumonias) H (Bronquites)
I (Bronquiolite) K (Asma) O (Outras DR)
71
De fato, a literatura sobre o assunto já aponta uma maior susceptibilidade à poluição
atmosférica para crianças e idosos. Martins et al. (2002) demonstram em seu trabalho essa
associação entre poluentes atmosféricos e atendimentos de urgência por pneumonia e gripe
em idosos, mesmo afirmando que esses eventos dependem também de outros fatores.
A incidência de doenças respiratórias no Mauazinho pode ser agravada, pela elevada
concentração de poluentes atmosféricos. Pela análise dos dados obtidos desde 1998,
verificou-se que a poluição atmosférica ultrapassou sete vezes o PQAR, no que se refere à
concentração de MP. Tal fato contraria o que determina a Resolução CONAMA 003/90, que
estabelece a não ultrapassagem desse limite mais de uma vez ao ano. Mais grave ainda é que
os dados demonstram que durante os anos de 1998 e 1999, o PQAR foi ultrapassado não
apenas uma, mas três vezes em cada ano.
Em razão da disponibilidade dos dados de saúde restringir-se aos anos 2000 a 2003 e
as maiores concentrações de MP e SO2 terem ocorrido nos anos de 1998 e 1999, não se pôde
aferir com precisão e nem estabelecer uma relação mais efetiva entre ambos. Porém, deve-se
levar em conta que os poluentes não provocam imediato dano ao aparelho respiratório,
seguindo-se os atendimentos ambulatoriais ao longo dos dias posteriores aos de grande
concentração de poluentes. Vale lembrar o estudo citado por Martins et al.(2002) afirmando
que mesmo os poluentes atmosféricos encontrando-se dentro dos padrões estabelecidos,
continuam afetando a morbidade e mortalidade por problemas respiratórios, principalmente
em crianças e idosos.
A análise das condições atmosféricas e da sua implicação sobre os poluentes ainda
carece de um maior estudo. Pôde-se perceber neste estudo que em temperaturas mais
elevadas, o SO2 está sempre associado, inversamente ao MP que se concentra mesmo durante
as precipitações e elevada umidade. Não significa dizer que não haja MP nos dias mais
quentes, ou SO2 nos dias de chuva. O que se verificou estatisticamente foi uma associação
entre esses fatores. Os motivos necessitam de um estudo mais aprofundado.
As doenças respiratórias têm causas múltiplas, de modo que o SO2 e o MP não
incidem exclusivamente sobre sua morbidade. Todavia, como já foi referendado por outros
estudos citados neste trabalho, têm a capacidade de favorecer a introdução de outros agentes
etiológicos ou mesmo complicar o quadro pré-existente. Ribeiro (1996) afirma que, quando
controlados outros fatores, o nível de poluição aparece como um fator etiológico significativo
72
que pode ser agravado com a conjugação de outros fatores, como baixas condições
socioeconômicas, principalmente condições precárias de moradia, e o fumo. A implicação de
outros poluentes como, por exemplo, o ozônio (O3) e o monóxido de carbono (CO) que
afetam mais gravemente o aparelho respiratório inferior (bronquíolos e alvéolos), precisa ser
monitorada e estudada em Manaus.
Os poluentes atmosféricos além de sua implicação na morbidade por DR, podem
agravar quadros de doenças cardiovasculares. Também podem causar danos materiais
decorrentes da chuva ácida e da poeira sobre os móveis e imóveis, o que nos leva a ponderar
que além de se tratar de um problema social grave que por si já requer do Poder Público uma
atenção maior, a poluição atmosférica e suas implicações na saúde da população têm um custo
monetário significativo. Os números apresentados neste trabalho sobre os casos de São Paulo
e outros municípios dão-nos uma idéia desses valores (MOTTA; MENDES, 1995 e MOTTA
et al., 1998). Desta feita, qualquer investimento no monitoramento e fiscalização da poluição
atmosférica em Manaus terá conseqüências positivas em dois sentidos: na melhoria da
qualidade do ar da cidade e da saúde da população e na redução dos gastos com reparos ao
patrimônio público e com atendimentos e internações hospitalares.
As políticas estatais na gestão ambiental não se dão de forma integradora. O que se
percebe é que o Estado vem se transformando em um gestor financeiro de recursos escassos.
Ou seja, o gestor está preocupado apenas em garantir a arrecadação e o gasto dos recursos
contidos no orçamento. Logicamente que alguns itens da administração pública, como a
ambiental, ou são colocados como gastos, e não como investimento15
, podendo ser deixados
para depois, ou são encarados unicamente como fonte de arrecadação, ou seja, podem poluir,
desde que paguem os devidos impostos e multas. Costa (2000) propõe a conscientização do
poder público e da sociedade organizada no sentido de adotar uma visão integradora,
sistêmica e interdisciplinar, no que diz respeito à saúde e ao meio ambiente no
desenvolvimento racional e sustentado.
Uma gestão participativa da questão ambiental envolveria não somente o aparelho do
Estado ligado ao meio ambiente, as Secretarias e institutos ambientais, como também outros
setores públicos e privados que têm relação direta com o meio ambiente e a qualidade de vida
15
Investimento em qualidade de vida, em atividades preventivas que por sua vez remeterão a economia futura,
seja com atendimento ambulatorial, hospitalar, perdas de vida prematura, reparos ao meio ambiente, etc.
73
da população. É o caso dos setores ligados à educação, saúde, igrejas, comunitários, ONG’s,
entre outros.
Governos que têm se investidos numa gestão ambiental baseada em órgão publico que
monitore a qualidade ambiental, possuem grande número de relatórios e pesquisas realizadas
por instituições de pesquisa e universidades acerca da poluição e seus reflexos na qualidade
de vida da sociedade. É o caso da CETESB – Companhia de Tecnologia e Saneamento
Ambiental do Estado de São Paulo, órgão bem sucedido nesse setor, que disponibiliza seus
dados e relatórios anuais via internet. Além desta, o Departamento de Monitoramento
Ambiental da Agência Ambiental de Goiás (DMA/Agência Ambiental/GO) que monitora a
qualidade do ar em Goiânia e Anápolis; a FEPAM – Fundação Estadual de Proteção
Ambiental de Minas Gerais que monitora a qualidade do ar através de uma Rede Manual e de
uma Rede Automática adequadas às características espaciais e ambientais analisadas, entre
outros.
A criação e as atividades desse órgão em Manaus, ou mesmo no Estado, já estão
amplamente contempladas na legislação em vigor, tanto do Estado quanto do município,
necessitando-se apenas da sua implantação.
74
7. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
O objetivo deste trabalho foi dar uma contribuição para o entendimento da relação
existente entre a poluição do ar e as doenças respiratórias, a partir de um estudo de caso,
visando mostrar a necessidade de se criar instrumentos que efetivamente façam o
monitoramento da qualidade do ar na cidade de Manaus.
O pressuposto desse trabalho é que é obrigação do Estado criar condições para a melhoria da qualidade ambiental da cidade, sendo portanto, deste, o dever de monitorar e controlar efetivamente a emissão de poluentes por potenciais empreendimentos públicos ou privados. A contribuição dessa pesquisa, no momento, limita-se a levantar discussões, fundamentadas na análise dos dados coletados, que evidenciam a existência do problema.
As limitações quanto aos dados e as dificuldades impostas para uma efetiva
compreensão dessa relação reforçam ainda mais a necessidade de continuação do estudo e da
intervenção do Estado na concretização de um órgão que realize a coleta e análise da
qualidade do ar na cidade, atuando interdisciplinar e institucionalmente, a fim de possibilitar
uma percepção mais ampla dos efeitos danosos dos poluentes atmosféricos à sociedade, além
de disponibilizar os dados obtidos à toda a comunidade.
Os órgãos ambientais não podem ficar dependentes dos empreendimentos
potencialmente poluidores, quanto ao monitoramento de suas próprias unidades produtoras.
Essa ação tem se mostrada inadequada para o controle efetivo das emissões, como foi
percebido pelos relatórios apresentados pela Manaus Energia aos órgãos ambientais. Das
estações de monitoramento existentes hoje, apenas uma ainda está em funcionamento e em
estado precário, coletando apenas um tipo de amostra de poluente.
É significativa a concentração de poluentes na cidade de Manaus. Baseados no estudo
de caso do Mauazinho podemos afirmar que Manaus tem um nível elevado de poluição
atmosférica, afetando a saúde de sua população, principalmente crianças e idosos, implicando
na ocorrência de doenças respiratórias como pneumonia, gripes, bronquites entre outras.
Essa relação entre a poluição e a saúde da população decorre do crescimento da cidade
enquanto espaço urbano-industrial sujeito aos efeitos da emissão de poluentes de origem
75
diversos como queimadas, poeiras, queima de combustíveis fósseis por indústrias e por
automóveis.
Por conta disso, existem pontos na cidade de Manaus que precisam ser constantemente
monitorados. Em uma breve visita pelo PIM foi possível constatar a existência de outros
pontos de emissão de poluentes como a Refinaria de Manaus e serrarias (fotos nos anexos).
Isso, sem desconsiderar que os maiores emissores de poluentes atmosféricos atualmente são
os veículos automotores, sendo, portanto, necessário monitorar as vias de maior circulação da
cidade para verificar qual a implicação dessas emissões na qualidade do ar respirado pela
população que reside nas proximidades e aos transeuntes.
É necessária a criação de um órgão estatal ligado à Secretaria de Desenvolvimento Sustentável (SDS), com a participação dos órgãos ambientais federal e municipal, mantido com recursos do Poder Federal, Estadual e Municipal e das empresas que tenham potencial poluidor, inclusive empresas de transporte coletivo e similares; além de recursos da saúde e do departamento de trânsito, que assegurariam sua manutenção, com grande possibilidade de convênios com instituições de pesquisa e prestadoras de serviços; enfim, uma entidade interdisciplinar e interinstitucional.
Aponta-se a seguir, alguns itens a serem abordados pelo órgão de monitoramento da
qualidade do ar em Manaus, levando em consideração a legislação vigente:
o Determinar a redução das atividades geradoras de poluição, para manter
as emissões gasosas dentro das condições e limites estipulados no
licenciamento concedido aos empreendimentos;
o Fiscalizar e controlar a aplicação de critérios, normas e padrões de
qualidade ambiental, atuando em conjunto com o IBAMA e outros
órgãos ambientais, além de definir os padrões locais de qualidade do ar;
o Estabelecer como estratégia de monitoramento, a criação de um
Sistema de Informação Ambiental e uma Rede Básica de
Monitoramento integrada a uma Rede Nacional de Monitoramento da
Qualidade do Ar;
o Como instrumento de aplicação da política estadual de meio ambiente,
atuar no sentido de prevenir e eliminar as conseqüências prejudiciais do
76
desmatamento, da erosão, da poluição sonora, do ar, do solo, das águas,
e de qualquer ameaça ou dano ao patrimônio ambiental;
o Participar da avaliação dos EPIA´s e RIMA´s para instalação de obra
ou atividade potencialmente de significativa degradação do meio
ambiente, e das medidas de proteção a serem adotadas;
o Criar mecanismos de divulgação e informação dos resultados das suas
atividades e pesquisas, além de propugnar pela implementação de
mecanismos de consulta à comunidade;
o Colaborar com o Plano de Controle da Poluição de Veículos em Uso –
PCPV;
o Atuar junto ao município que tem como dever: melhorar continuamente
a qualidade do meio ambiente e prevenir a poluição em todas as suas
formas; adotando um sistema de monitoramento periódico ou contínuo
das fontes por parte das empresas responsáveis, sem prejuízo das
atribuições de fiscalização do órgão municipal de meio ambiente;
o Integrar uma Rede Estadual de Monitoramento da Qualidade Ambiental
envolvendo o sistema de monitoramento do ar, a vigilância sanitária e
de saúde, o sistema de análise meteorológica, e o sistema de educação,
entre outros.
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84
ANEXOS
85
ANEXO 1
Termo de compromisso: Eletronorte (Manaus Energia) e SEDEMA- Manaus, 1994
86
87
88
ANEXO 2
Formulário padrão “Produção Médica Diária”
89
ANEXO 3
Quinze Municípios Maiores Emissores de Material Particulado(MP10)
Município (Estado) População (1.000) Total
MP10
(t.)
Transp.
MP10 (t.)
Transp.
% do
total
Ind.
MP10 (t.)
Gr. Ind.
% do
total
Peq. Ind.
% do
total
São Paulo (SP) 9.646 41.204 24.081 58 17.123 41 1
Rio de Janeiro (RJ) 5.481 16.684 9.727 58 6.957 41 1
Belo Horizonte(MG) 2.020 10.140 4.934 49 5.206 50 1
Curitiba (PR) 1.315 9.759 6.053 62 3.706 36 2
Porto Alegre (RS) 1.263 6.107 4.694 77 1.413 21 2
Salvador (BA) 2.075 6.104 4.796 79 1.308 19 2
Brasília (DF) 1.601 6.089 3.628 60 2.461 39 1
Volta Redonda (RJ) 220 5.833 390 6 5.443 93 1
Manaus (AM) 1.012 5.480 3.680 67 1.800 32 1
Campo Grande (RS) 526 4.603 3.964 86 639 13 1
Recife (PE) 1.298 4.542 2.048 45 2.494 52 3
Itapeva (SP) 82 4.515 112 2 4.403 97 1
Cubatão (SP) 91 4.406 238 6 4.168 90 4
Sete Lagoas (MG) 144 4.316 334 8 3.982 92 1
Guarulhos (SP) 788 4.228 2.020 48 2.208 50 2
Fonte: BRASIL – IBAMA, 2002.
90
ANEXO 4
Análise Descritiva – faixa menores de 1 ano - Mauazinho – Manaus, 12/2000 a
12/2003 ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS ESTATISTICAS SUMÁRIAS DAS VARIÁVEIS CONTÍNUAS EFETIVO TOTAL : 31 PESO TOTAL : 31.00
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| NUM . IDENT EFETIVO PESO | MEDIANA DESV.-PADRÃO| MÍNIMO MÁXIMO |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| 1 . MP 31 31.00 | 75.99 28.18 | 12.40 118.10 |
| 2 . SO2 31 31.00 | 12.70 14.36 | 1.50 83.20 |
| 3 . PREC 31 31.00 | 179.21 111.02 | 3.40 390.10 |
| 4 . TEMP 31 31.00 | 27.34 0.93 | 25.20 29.80 |
| 5 . UMID 31 31.00 | 81.52 4.56 | 69.00 87.00 |
| 6 . A 31 31.00 | 11.68 9.02 | 0.00 35.00 |
| 7 . B 31 31.00 | 0.06 0.25 | 0.00 1.00 |
| 8 . C 31 31.00 | 0.29 0.58 | 0.00 2.00 |
| 9 . D 31 31.00 | 1.90 2.15 | 0.00 9.00 |
| 10 . E 31 31.00 | 24.84 12.32 | 0.00 48.00 |
| 11 . F 31 31.00 | 2.94 4.87 | 0.00 23.00 |
| 12 . G 31 31.00 | 0.97 1.91 | 0.00 7.00 |
| 13 . H 31 31.00 | 0.19 0.47 | 0.00 2.00 |
| 14 . I 31 31.00 | 7.00 6.96 | 0.00 33.00 |
| 15 . K 31 31.00 | 1.58 1.98 | 0.00 7.00 |
| 16 . O 31 31.00 | 0.10 0.30 | 0.00 1.00 |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
ANEXO 5
Matriz das correlações – menores de 1 ano - Mauazinho – Manaus, 12/2000 a
12/2003
MATRIZ DAS CORRELAÇÕES | MPX SO2 PREC TEMP UMID A B C D E F G H I K O
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M P | 1.00
SO2 | -0.38 1.00
PREC | -0.06 -0.17 1.00
TEMP | 0.21 0.32 -0.69 1.00
UMID | 0.08 -0.44 0.65 -0.83 1.00
A | 0.31 -0.08 -0.17 0.10 0.14 1.00
B | 0.09 -0.08 0.14 -0.05 0.00 -0.01 1.00
C | -0.37 0.07 -0.10 0.13 -0.19 -0.11 -0.13 1.00
D | 0.40 -0.28 -0.24 0.20 0.14 0.46 0.01 -0.21 1.00
E | 0.04 -0.04 -0.01 0.02 0.06 0.56 0.14 0.31 0.03 1.00
F | -0.20 -0.01 -0.07 -0.19 0.01 -0.39 -0.13 -0.03 -0.34 -0.55 1.00
G | -0.39 0.51 -0.39 0.31 -0.51 0.03 -0.06 0.33 -0.23 0.10 0.16 1.00
H | 0.03 -0.07 0.36 -0.29 0.24 -0.24 -0.11 0.15 -0.14 -0.22 -0.02 0.04 1.00
I | 0.24 -0.03 0.10 -0.20 0.17 0.57 0.00 -0.03 -0.05 0.50 -0.11 0.17 -0.09 1.00
K | 0.27 -0.08 -0.13 -0.13 0.05 0.50 0.12 -0.09 0.01 0.31 0.05 0.26 -0.09 0.63 1.00
O | -0.05 -0.06 -0.25 0.23 -0.32 0.06 0.36 0.02 -0.14 -0.02 -0.15 -0.17 -0.13 0.06 0.07 1.00
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
| M P SO2 PREC TEMP UMID A B C D E F G H I K O
ANEXO 6
Histograma dos 16 primeiros valores próprios – menores de 1 ano
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
VALORES PRÓPRIOS RESUMO DA PRECISÃO DOS CÁLCULOS: TRAÇO ANTES DA DIAGONALIZAÇÃO .. 16.0000
SOMA DOS VALORES PRÓPRIOS.... 16.0000 HISTOGRAMA DOS 16 PRIMEIROS VALORES PRÓPRIOS +--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| NUMERO | VALOR | PORCENT. | PORCENT. | |
| | PRÓPRIO | |ACUMULADA | |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| 1 | 3.2388 | 20.24 | 20.24 | ******************************************************************************** |
| 2 | 3.0746 | 19.22 | 39.46 | **************************************************************************** |
| 3 | 2.1224 | 13.26 | 52.72 | ***************************************************** |
| 4 | 1.4882 | 9.30 | 62.02 | ************************************* |
| 5 | 1.4453 | 9.03 | 71.06 | ************************************ |
| 6 | 1.0043 | 6.28 | 77.33 | ************************* |
| 7 | 0.9590 | 5.99 | 83.33 | ************************ |
| 8 | 0.7521 | 4.70 | 88.03 | ******************* |
| 9 | 0.6423 | 4.01 | 92.04 | **************** |
| 10 | 0.3501 | 2.19 | 94.23 | ********* |
| 11 | 0.2966 | 1.85 | 96.08 | ******** |
| 12 | 0.2374 | 1.48 | 97.57 | ****** |
| 13 | 0.2049 | 1.28 | 98.85 | ****** |
| 14 | 0.1060 | 0.66 | 99.51 | *** |
| 15 | 0.0546 | 0.34 | 99.85 | ** |
| 16 | 0.0234 | 0.15 | 100.00 | * |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
91
Anexo 7
Coordenadas das variáveis sobre o eixo 1 a 5 - menores de 1 ano
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003 COODENADAS DAS VARIÁVEIS DOS EIXOS 1 A 5
VARIÁVEIS ATIVAS ----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
VARIÁVEIS | COODENADAS | CORRELAÇÕES VARIAVEL-FATOR | ANTIGOS EIXOS UNITÁRIOS
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
IDENT | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
M P | -0.36 -0.45 -0.48 -0.25 -0.07 | -0.36 -0.45 -0.48 -0.25 -0.07 | -0.20 -0.26 -0.33 -0.20 -0.06
SO2 | 0.61 0.06 0.30 -0.03 0.07 | 0.61 0.06 0.30 -0.03 0.07 | 0.34 0.03 0.21 -0.03 0.05
PREC | -0.69 0.41 0.27 0.25 0.05 | -0.69 0.41 0.27 0.25 0.05 | -0.38 0.23 0.18 0.20 0.05
TEMP | 0.75 -0.38 -0.40 -0.01 0.13 | 0.75 -0.38 -0.40 -0.01 0.13 | 0.42 -0.21 -0.28 -0.01 0.11
UMID | -0.90 0.18 0.14 -0.05 0.10 | -0.90 0.18 0.14 -0.05 0.10 | -0.50 0.10 0.10 -0.04 0.08
A | -0.23 -0.84 0.11 -0.12 0.12 | -0.23 -0.84 0.11 -0.12 0.12 | -0.13 -0.48 0.07 -0.10 0.10
B | -0.11 -0.16 -0.10 0.56 -0.48 | -0.11 -0.16 -0.10 0.56 -0.48 | -0.06 -0.09 -0.07 0.46 -0.40
C | 0.34 0.06 0.44 0.31 0.39 | 0.34 0.06 0.44 0.31 0.39 | 0.19 0.03 0.30 0.26 0.33
D | -0.22 -0.44 -0.55 -0.22 0.36 | -0.22 -0.44 -0.55 -0.22 0.36 | -0.12 -0.25 -0.38 -0.18 0.30
E | -0.13 -0.66 0.42 0.36 0.30 | -0.13 -0.66 0.42 0.36 0.30 | -0.07 -0.37 0.29 0.30 0.25
F | 0.13 0.50 0.13 -0.52 -0.49 | 0.13 0.50 0.13 -0.52 -0.49 | 0.07 0.28 0.09 -0.42 -0.41
G | 0.64 -0.11 0.56 -0.24 0.02 | 0.64 -0.11 0.56 -0.24 0.02 | 0.36 -0.07 0.38 -0.20 0.02
H | -0.23 0.40 0.19 0.01 0.22 | -0.23 0.40 0.19 0.01 0.22 | -0.13 0.23 0.13 0.00 0.19
I | -0.29 -0.60 0.54 -0.13 -0.21 | -0.29 -0.60 0.54 -0.13 -0.21 | -0.16 -0.34 0.37 -0.11 -0.18
K | -0.17 -0.58 0.41 -0.30 -0.43 | -0.17 -0.58 0.41 -0.30 -0.43 | -0.09 -0.33 0.28 -0.25 -0.35
O | 0.22 -0.22 -0.21 0.57 -0.52 | 0.22 -0.22 -0.21 0.57 -0.52 | 0.12 -0.12 -0.14 0.47 -0.43
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
ANEXO 8
Análise dos componentes principais – faixa de 1 a 4 anos
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
ANALISES DOS COMPONENTES PRINCIPAIS – 1 A 4 ANOS
ESTATISTICAS SUMÁRIAS DAS VARIÁVEIS CONTÍNUAS
EFETIVO TOTAL : 31 PESO TOTAL : 31.00
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| NUM . IDENT EFETIVO PESO | MEDIANA DESV.-PADRÃO| MÍNIMO MÁXIMO |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| 1 . M P 31 31.00 | 75.99 28.18 | 12.40 118.10 |
| 2 . SO2 31 31.00 | 12.70 14.36 | 1.50 83.20 |
| 3 . PREC 31 31.00 | 179.21 111.02 | 3.40 390.10 |
| 4 . TEMP 31 31.00 | 27.34 0.93 | 25.20 29.80 |
| 5 . UMID 31 31.00 | 81.52 4.56 | 69.00 87.00 |
| 6 . A 31 31.00 | 28.26 17.46 | 0.00 68.00 |
| 7 . B 31 31.00 | 0.87 1.16 | 0.00 5.00 |
| 8 . C 31 31.00 | 1.45 2.08 | 0.00 7.00 |
| 9 . D 31 31.00 | 9.55 6.55 | 0.00 26.00 |
| 10 . E 31 31.00 | 61.13 33.19 | 0.00 117.00 |
| 11 . F 31 31.00 | 7.13 12.16 | 0.00 55.00 |
| 12 . G 31 31.00 | 2.55 5.82 | 0.00 30.00 |
| 13 . H 31 31.00 | 0.97 1.53 | 0.00 6.00 |
| 14 . I 31 31.00 | 12.58 10.64 | 0.00 37.00 |
| 15 . K 31 31.00 | 6.45 3.52 | 0.00 14.00 |
| 16 . O 31 31.00 | 0.32 0.53 | 0.00 2.00 |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
ANEXO 9
Matriz das correlações – faixa de 1 a 4 anos - Mauazinho – Manaus, 12/2000 a
12/2003
MATRIZ DAS CORRELAÇÕES | M P SO2 PREC TEMP UMID A B C D E F G H I K O
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M | 1.00
SO2 | -0.38 1.00
PREC | -0.06 -0.17 1.00
TEMP | 0.21 0.32 -0.69 1.00
UMID | 0.08 -0.44 0.65 -0.83 1.00
A | 0.20 0.12 -0.33 0.33 -0.14 1.00
B | 0.34 -0.19 -0.10 0.07 0.07 0.45 1.00
C | -0.20 0.03 -0.03 0.09 -0.12 0.12 -0.08 1.00
D | 0.43 -0.31 -0.26 0.20 0.15 0.47 0.40 -0.12 1.00
E | -0.07 0.09 0.04 0.08 -0.11 0.55 0.44 0.21 0.10 1.00
F | -0.21 0.11 0.07 -0.28 0.06 -0.47 -0.29 -0.20 -0.36 -0.52 1.00
G | -0.10 0.26 -0.33 0.25 -0.48 0.30 0.04 0.12 -0.09 0.28 0.21 1.00
H | -0.35 0.06 0.02 -0.10 0.02 -0.05 -0.27 0.26 -0.21 -0.20 0.52 0.22 1.00
I | -0.03 0.12 0.01 -0.19 0.08 0.46 0.24 -0.06 0.08 0.57 -0.12 0.26 -0.15 1.00
K | 0.06 0.02 -0.26 -0.09 0.05 0.36 0.05 -0.06 0.25 0.08 0.33 0.38 0.15 0.31 1.00
O | -0.25 0.63 -0.29 0.30 -0.29 0.24 -0.04 -0.10 0.13 0.11 0.01 0.18 -0.11 0.10 0.28 1.00
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
| M P SO2 PREC TEMP UMID A B C D E F G H I K O
92
ANEXO 10
Histograma dos 16 primeiros valores próprios – faixa de 1 a 4 anos
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
RESUMO DA PRECISÃO DOS CÁLCULOS: TRAÇO ANTES DA DIAGONALIZAÇÃO.... 16.0000
SOMA DOS VALORES PRÓPRIOS.... 16.0000 HISTOGRAMA DOS 16 PRIMEIROS VALORES PRÓPRIOS +--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| NUMERO | VALORES | PORCENT. | PORCENT. | |
| | PRÓPRIOS | |ACUMULADA | |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| 1 | 3.6481 | 22.80 | 22.80 | ******************************************************************************** |
| 2 | 2.9677 | 18.55 | 41.35 | ****************************************************************** |
| 3 | 2.0866 | 13.04 | 54.39 | ********************************************** |
| 4 | 1.7237 | 10.77 | 65.16 | ************************************** |
| 5 | 1.4027 | 8.77 | 73.93 | ******************************* |
| 6 | 0.9968 | 6.23 | 80.16 | ********************** |
| 7 | 0.6556 | 4.10 | 84.26 | *************** |
| 8 | 0.5590 | 3.49 | 87.75 | ************* |
| 9 | 0.5239 | 3.27 | 91.03 | ************ |
| 10 | 0.4216 | 2.64 | 93.66 | ********** |
| 11 | 0.3092 | 1.93 | 95.59 | ******* |
| 12 | 0.2653 | 1.66 | 97.25 | ****** |
| 13 | 0.1852 | 1.16 | 98.41 | ***** |
| 14 | 0.1377 | 0.86 | 99.27 | **** |
| 15 | 0.0728 | 0.46 | 99.72 | ** |
| 16 | 0.0440 | 0.28 | 100.00 | * |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
ANEXO 11
Coordenadas das variáveis sobre os eixos 1 a 5 – faixa de 1 a 4 anos
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
COODENADAS DAS VARIÁVEIS DOS EIXOS 1 A 5
VARIÁVEIS ATIVAS ----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
VARIAVEIS | COORDENADAS | CORRELAÇÕES VARIAVEL FATOR | ANTIGOS EIXOS UNITÁRIOS
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
IDEN | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
M P | -0.18 -0.56 -0.38 -0.39 0.08 | -0.18 -0.56 -0.38 -0.39 0.08 | -0.09 -0.32 -0.26 -0.30 0.07
SO2 | -0.32 0.64 0.13 0.26 -0.43 | -0.32 0.64 0.13 0.26 -0.43 | -0.17 0.37 0.09 0.20 -0.36
PREC | 0.64 -0.32 0.33 0.33 -0.13 | 0.64 -0.32 0.33 0.33 -0.13 | 0.34 -0.19 0.23 0.25 -0.11
TEMP | -0.68 0.31 -0.59 0.00 0.10 | -0.68 0.31 -0.59 0.00 0.10 | -0.36 0.18 -0.41 0.00 0.08
UMID | 0.59 -0.59 0.38 -0.11 -0.10 | 0.59 -0.59 0.38 -0.11 -0.10 | 0.31 -0.34 0.26 -0.08 -0.09
A | -0.79 -0.26 0.26 -0.04 0.13 | -0.79 -0.26 0.26 -0.04 0.13 | -0.41 -0.15 0.18 -0.03 0.11
B | -0.44 -0.56 0.08 -0.05 0.05 | -0.44 -0.56 0.08 -0.05 0.05 | -0.23 -0.33 0.05 -0.04 0.04
C | -0.09 0.15 0.07 0.44 0.65 | -0.09 0.15 0.07 0.44 0.65 | -0.05 0.09 0.05 0.34 0.55
D | -0.43 -0.54 -0.14 -0.42 0.00 | -0.43 -0.54 -0.14 -0.42 0.00 | -0.22 -0.31 -0.10 -0.32 0.00
E | -0.57 -0.29 0.44 0.49 0.07 | -0.57 -0.29 0.44 0.49 0.07 | -0.30 -0.17 0.30 0.37 0.06
F | 0.46 0.53 0.28 -0.53 -0.01 | 0.46 0.53 0.28 -0.53 -0.01 | 0.24 0.31 0.19 -0.40 -0.01
G | -0.48 0.43 0.35 -0.16 0.29 | -0.48 0.43 0.35 -0.16 0.29 | -0.25 0.25 0.24 -0.12 0.24
H | 0.25 0.48 0.30 -0.19 0.53 | 0.25 0.48 0.30 -0.19 0.53 | 0.13 0.28 0.21 -0.14 0.44
I | -0.39 -0.23 0.67 0.10 -0.15 | -0.39 -0.23 0.67 0.10 -0.15 | -0.20 -0.13 0.46 0.08 -0.12
K | -0.29 0.08 0.53 -0.65 0.02 | -0.29 0.08 0.53 -0.65 0.02 | -0.15 0.05 0.36 -0.49 0.02
O | -0.46 0.40 0.11 -0.05 -0.58 | -0.46 0.40 0.11 -0.05 -0.58 | -0.24 0.23 0.08 -0.04 -0.49
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
ANEXO 12
Análise dos componentes principais – faixa de 50 anos e mais
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS ESTATISTICAS SUMÁRIAS DAS VARIÁVEIS CONTÍNUAS EFETIVO TOTAL : 31 PESO TOTAL : 31.00
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| NUM . IDENT EFETIVO PESO | MEDIANA DESV.-PADRÃO| MÍNIMO MÁXIMO |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
| 1 . MPX 31 31.00 | 75.99 28.18 | 12.40 118.10 |
| 2 . SO2X 30 30.00 | 13.06 14.47 | 1.50 83.20 |
| 3 . PREC 31 31.00 | 179.21 111.02 | 3.40 390.10 |
| 4 . TEMP 31 31.00 | 27.34 0.93 | 25.20 29.80 |
| 5 . UMID 31 31.00 | 81.52 4.56 | 69.00 87.00 |
| 6 . A 31 31.00 | 0.65 1.21 | 0.00 5.00 |
| 7 . B 31 31.00 | 1.81 2.15 | 0.00 8.00 |
| 8 . C 31 31.00 | 0.35 1.18 | 0.00 6.00 |
| 9 . D 31 31.00 | 1.29 1.42 | 0.00 6.00 |
| 10 . E 31 31.00 | 1.94 1.52 | 0.00 5.00 |
| 11 . F 31 31.00 | 7.94 7.17 | 0.00 30.00 |
| 12 . G 31 31.00 | 0.55 0.98 | 0.00 4.00 |
| 13 . H 31 31.00 | 3.61 2.89 | 0.00 11.00 |
| 14 . I 31 31.00 | 0.97 1.31 | 0.00 5.00 |
| 15 . K 31 31.00 | 1.58 1.81 | 0.00 7.00 |
| 16 . O 31 31.00 | 0.39 0.66 | 0.00 2.00 |
+-------------------------------------------------------+----------------------+----------------------+
93
ANEXO 13
Matriz das correlações – faixa de 50 anos e mais - Mauazinho – Manaus,
12/2000 a 12/2003
MATRIZ DE CORRELAÇÕES | M P SO2 PREC TEMP UMID A B C D E F G H I K O
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
M P | 1.00
SO2 | -0.38 1.00
PREC | -0.06 -0.17 1.00
TEMP | 0.21 0.32 -0.69 1.00
UMID | 0.08 -0.44 0.65 -0.83 1.00
A | -0.18 0.29 -0.06 0.02 -0.06 1.00
B | 0.15 -0.05 -0.37 0.27 -0.18 0.12 1.00
C | 0.09 0.10 -0.08 0.25 -0.07 -0.16 -0.04 1.00
D | -0.06 -0.19 0.26 -0.17 0.04 -0.28 0.03 0.13 1.00
E | -0.29 0.05 -0.04 0.11 -0.12 0.23 0.19 -0.17 -0.05 1.00
F | -0.26 0.08 -0.25 0.00 -0.12 0.56 -0.01 -0.07 0.07 0.42 1.00
G | 0.22 0.04 0.05 -0.07 0.11 0.08 0.02 -0.03 -0.16 -0.06 0.13 1.00
H | -0.03 -0.18 -0.04 -0.04 -0.09 0.20 0.28 0.08 0.52 0.11 0.21 -0.14 1.00
I | -0.17 0.39 -0.23 0.11 -0.09 0.24 0.07 -0.20 -0.22 0.19 0.34 0.11 -0.25 1.00
K | 0.28 0.21 -0.14 0.07 0.04 0.15 0.16 -0.22 -0.12 0.07 0.17 0.42 -0.17 0.39 1.00
O | -0.18 -0.09 0.06 -0.07 0.15 0.30 0.05 0.07 -0.02 0.32 0.29 -0.28 0.18 0.09 0.06 1.00
-----+----------------------------------------------------------------------------------------------------------------
ANEXO 14 Histograma dos 16 primeiros valores próprios – faixa de 50 anos e mais
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
RESUMO DA PRECISÃO DOS CÁLCULOS: TRAÇO ANTES DA DIAGONALIZAÇÃO.... 16.0000
SOMA DOS VALORES PRÓPRIOS.... 16.0000 HISTOGRAMA DOS 16 PRIMEIROS VALORES PRÓPRIOS +--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| NUMERO | VALOR | PORCENT. | PORCENT. | |
| | PRÓPRIO | | ACUMULADA| |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
| 1 | 3.1474 | 19.67 | 19.67 | ******************************************************************************** |
| 2 | 2.3907 | 14.94 | 34.61 | ************************************************************* |
| 3 | 2.1506 | 13.44 | 48.05 | ******************************************************* |
| 4 | 1.6589 | 10.37 | 58.42 | ******************************************* |
| 5 | 1.1619 | 7.26 | 65.68 | ****************************** |
| 6 | 1.0518 | 6.57 | 72.26 | *************************** |
| 7 | 0.8985 | 5.62 | 77.87 | *********************** |
| 8 | 0.8152 | 5.10 | 82.97 | ********************* |
| 9 | 0.7406 | 4.63 | 87.60 | ******************* |
| 10 | 0.6319 | 3.95 | 91.55 | ***************** |
| 11 | 0.4440 | 2.77 | 94.32 | ************ |
| 12 | 0.3400 | 2.13 | 96.45 | ********* |
| 13 | 0.2935 | 1.83 | 98.28 | ******** |
| 14 | 0.1319 | 0.82 | 99.11 | **** |
| 15 | 0.0874 | 0.55 | 99.65 | *** |
| 16 | 0.0556 | 0.35 | 100.00 | ** |
+--------+------------+----------+----------+----------------------------------------------------------------------------------+
ANEXO 15 Coordenadas das variáveis sobre os eixos 1 a 5 – faixa de 50 anos e mais
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
COODENADAS DAS VARIÁVEIS DOS EIXOS 1 A 5
VARIÁVEIS ATIVAS ----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
VARIAVEIS | COORDENADAS | CORRELAÇÕES VARIAVEL FATOR | ANTIGOS EIXOS UNITÁRIOS
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
IDENT. | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5 | 1 2 3 4 5
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
M P | 0.17 0.48 0.25 -0.64 0.15 | 0.17 0.48 0.25 -0.64 0.15 | 0.10 0.31 0.17 -0.50 0.14
SO2 | -0.56 -0.01 0.17 0.52 -0.37 | -0.56 -0.01 0.17 0.52 -0.37 | -0.32 -0.01 0.12 0.40 -0.35
PREC | 0.72 -0.40 0.13 0.14 -0.13 | 0.72 -0.40 0.13 0.14 -0.13 | 0.41 -0.26 0.09 0.11 -0.12
TEMP | -0.69 0.60 -0.18 0.00 0.08 | -0.69 0.60 -0.18 0.00 0.08 | -0.39 0.39 -0.12 0.00 0.08
UMID | 0.71 -0.47 0.29 -0.17 0.12 | 0.71 -0.47 0.29 -0.17 0.12 | 0.40 -0.30 0.20 -0.13 0.11
A | -0.48 -0.55 -0.01 -0.09 -0.04 | -0.48 -0.55 -0.01 -0.09 -0.04 | -0.27 -0.36 0.00 -0.07 -0.03
B | -0.35 0.13 -0.23 -0.55 0.18 | -0.35 0.13 -0.23 -0.55 0.18 | -0.20 0.09 -0.15 -0.43 0.17
C | 0.04 0.36 -0.30 0.13 -0.21 | 0.04 0.36 -0.30 0.13 -0.21 | 0.02 0.23 -0.20 0.10 -0.20
D | 0.34 -0.04 -0.55 -0.20 -0.53 | 0.34 -0.04 -0.55 -0.20 -0.53 | 0.19 -0.03 -0.37 -0.15 -0.49
E | -0.39 -0.47 -0.23 -0.07 0.23 | -0.39 -0.47 -0.23 -0.07 0.23 | -0.22 -0.30 -0.15 -0.05 0.22
F | -0.49 -0.58 -0.16 -0.17 -0.23 | -0.49 -0.58 -0.16 -0.17 -0.23 | -0.27 -0.38 -0.11 -0.13 -0.21
G | -0.07 -0.01 0.58 -0.39 -0.44 | -0.07 -0.01 0.58 -0.39 -0.44 | -0.04 -0.01 0.39 -0.30 -0.41
H | 0.03 -0.16 -0.72 -0.40 -0.30 | 0.03 -0.16 -0.72 -0.40 -0.30 | 0.02 -0.10 -0.49 -0.31 -0.28
I | -0.55 -0.30 0.39 0.08 -0.04 | -0.55 -0.30 0.39 0.08 -0.04 | -0.31 -0.19 0.26 0.06 -0.04
K | -0.34 -0.12 0.55 -0.46 -0.14 | -0.34 -0.12 0.55 -0.46 -0.14 | -0.19 -0.08 0.38 -0.36 -0.13
O | -0.12 -0.52 -0.32 -0.06 0.42 | -0.12 -0.52 -0.32 -0.06 0.42 | -0.07 -0.34 -0.22 -0.05 0.39
----------------------------+------------------------------------+-------------------------------+-------------------------------
94
Anexo 16
Classificação hierárquica direta – faixa menores de 1 ano
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
C las si fi caç ão H i erá rq ui ca D ir eta
1 12
2 02
2 03
2 01
3 01
3 06
4 02
3 02
4 01
2 12
3 11
3 10
4 03
3 12
3 03
3 05
3 04
3 07
3 09
2 11
2 10
4 07
4 08
4 09
4 12
4 11
4 10
3 08
4 06
4 05
4 04
0%
0%
0%
0%
0%
0%
6
95
Anexo 17
Classificação hierárquica direta – faixa de 1 a 4 anos - Mauazinho – Manaus,
12/2000 a 12/2003
Classi fic ação Hierárquic a Di reta
112
401
402
311
310
301
312
403
302
212
304
306
305
303
404
405
201
202
203
407
406
408
411
412
409
410
210
211
307
308
309
0%
0%
0%
1%
4
96
Anexo 18
Classificação hierárquica direta – faixa de 1 a 4 anos
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
Classi fic ação Hierárquic a Di reta
112
312
203
202
201
305
403
303
301
302
304
310
212
411
308
211
210
404
407
406
311
409
408
410
309
402
306
412
307
401
405
0%
0%
0%
0%
0%
5
97
Anexo 19
Planilha de variáveis: poluição, clima e doenças respiratórias para menores de 1 ano
Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
Anexo 20
Planilha de variáveis: poluição, clima e doenças respiratórias
para faixa de 1 a 4 anos - Mauazinho – Manaus, 12/2000 a 12/2003
DATA MPx SO2x PREC TEMP UMIDADE A B C D E F G H I K O
12/00 87,4 6,0 192,3 27,1 82 0 0 0 2 0 8 0 1 0 0 0
01/01 69,6 23,5 348,4 25,2 87 0 0 0 1 2 5 0 1 6 3 0
02/01 56,9 7,2 219,5 26,0 85 0 0 0 1 2 11 0 0 3 1 0
03/01 56,9 6,6 216,8 26,7 85 0 0 0 0 1 23 0 0 4 1 0
10/01 92 9,4 28,1 29,8 69 1 0 0 0 9 1 0 0 0 0 1
11/01 88 32,5 55,0 29,3 74 3 0 2 1 33 0 1 0 0 0 0
12/01 87 13,7 213,0 27,5 85 5 0 0 3 19 0 0 1 0 1 0
01/02 62 8,4 380,8 27,0 82 0 1 0 1 34 1 1 0 0 0 0
02/02 43 2,0 239,9 26,5 84 10 0 0 1 25 0 1 0 0 0 0
03/02 53 7,1 195,3 26,7 84 10 0 1 2 48 0 0 0 8 1 0
04/02 61 7,5 376,7 26,7 83 15 0 1 1 34 1 1 1 7 1 0
05/02 82 5,4 262,9 26,8 84 9 0 1 0 27 1 3 2 10 1 0
06/02 14,3 13,1 159,1 26,8 81 16 0 1 0 34 1 0 0 11 1 1
07/02 12 11,2 3,4 27,8 76 10 0 2 1 29 9 7 0 9 3 0
08/02 110,4 9,8 35,4 28,1 74 12 0 0 0 23 9 5 0 14 7 0
09/02 13,3 83,2 60,1 28,8 71 11 0 0 0 24 3 7 0 8 1 0
10/02 100,4 9,4 216,1 28,0 76 12 0 0 1 29 1 0 0 9 1 0
11/02 93,6 20,3 81,2 27,7 81 16 0 0 0 25 8 0 0 2 0 0
12/02 87,4 12,5 311,2 26,9 86 12 0 1 2 25 3 0 0 5 1 0
01/03 69,6 6,6 105,8 26,7 81 0 0 0 2 27 3 0 0 4 0 0
02/03 56,9 22,4 340,9 27,1 84 9 0 0 0 13 0 0 0 0 0 0
03/03 56,9 8,9 209,2 26,7 86 10 0 0 1 30 0 0 0 9 0 0
04/03 118,1 10,5 390,1 26,6 87 19 0 0 1 40 1 0 0 33 3 0
05/03 81,7 9,0 219,6 26,8 85 35 0 0 3 45 1 0 0 15 7 0
06/03 93,2 9,7 110,7 27,0 85 27 0 0 2 40 0 2 0 20 5 0
07/03 109,8 8,1 93,0 27,4 81 23 1 0 3 29 0 0 0 14 5 1
08/03 110,4 4,2 118,3 27,4 82 14 0 0 4 34 0 0 0 7 3 0
09/03 106,7 9,2 60,9 27,9 84 25 0 0 4 30 1 1 0 6 1 0
10/03 100,4 9,4 96,9 28,5 79 26 0 0 9 14 0 1 0 8 0 0
11/03 93,6 2,0 119,6 28,0 81 18 0 0 6 23 0 0 0 4 0 0
12/03 87,4 5,8 95,4 28,0 83 14 0 0 7 22 0 0 0 1 2 0
DATA MPx SO2x PREC TEMP UMIDADE A B C D E F G H I K O
12/00 87,4 6,0 192,3 27,1 82 0 0 1 0 0 19 0 0 3 4 0
01/01 69,6 23,5 348,4 25,2 87 0 0 0 2 3 27 0 0 6 10 1
02/01 56,9 7,2 219,5 26,0 85 0 0 0 5 10 35 1 4 11 7 0
03/01 56,9 6,6 216,8 26,7 85 6 0 0 7 0 55 2 5 5 12 0
10/01 91,9 9,4 28,1 29,8 69 13 0 2 4 22 3 0 1 0 1 0
11/01 87,6 32,5 55,0 29,3 74 40 1 6 12 84 1 2 0 1 6 1
12/01 87,4 13,7 213,0 27,5 85 47 0 5 13 35 0 0 6 0 3 0
01/02 62,3 8,4 380,8 27,0 82 3 2 0 6 115 4 0 1 0 1 0
02/02 43,4 2,0 239,9 26,5 84 15 0 7 7 46 2 0 1 0 7 0
03/02 53,4 7,1 195,3 26,7 84 28 2 7 10 108 2 0 1 30 6 0
04/02 60,7 7,5 376,7 26,7 83 32 1 1 9 117 2 4 1 15 6 1
05/02 81,7 5,4 262,9 26,8 84 39 0 3 6 87 0 4 2 13 10 0
06/02 14,3 13,1 159,1 26,8 81 29 1 2 0 81 0 2 2 15 6 0
07/02 12,4 11,2 3,4 27,8 76 52 0 2 9 89 8 12 2 23 11 1
08/02 110,4 9,8 35,4 28,1 74 43 2 3 10 86 19 30 2 18 11 0
09/02 13,3 83,2 60,1 28,8 71 38 0 1 1 86 16 12 2 26 8 2
10/02 100,4 9,4 216,1 28,0 76 24 0 0 2 62 4 2 0 20 3 0
11/02 93,6 20,3 81,2 27,7 81 22 0 0 0 56 6 0 0 3 7 0
12/02 87,4 12,5 311,2 26,9 86 21 0 1 11 57 4 0 0 10 4 0
01/03 69,6 6,6 105,8 26,7 81 5 0 1 8 50 4 0 0 10 0 0
02/03 56,9 22,4 340,9 27,1 84 27 0 1 9 25 1 1 0 2 1 0
03/03 56,9 8,9 209,2 26,7 86 15 1 0 12 65 0 1 0 23 1 0
04/03 118,1 10,5 390,1 26,6 87 38 2 2 6 100 2 1 0 37 6 0
05/03 81,7 9,0 219,6 26,8 85 68 2 0 14 98 2 1 0 29 8 0
06/03 93,2 9,7 110,7 27,0 85 38 0 0 19 70 2 0 0 30 11 1
07/03 109,8 8,1 93,0 27,4 81 57 5 0 17 80 0 0 0 19 7 0
08/03 110,4 4,0 118,3 27,4 82 39 1 0 20 72 0 3 0 21 14 0
09/03 106,7 9,0 60,9 27,9 84 48 2 0 16 67 1 1 0 8 8 1
10/03 100,4 9,4 96,9 28,5 79 36 1 0 26 28 0 0 0 6 7 1
11/03 93,6 2,0 119,6 28,0 81 23 1 0 21 52 1 0 0 4 8 0
12/03 87,4 5,8 95,4 28,0 83 30 3 0 14 44 1 0 0 2 6 1
98
Anexo 21
Mauazinho – Planilha de variáveis: poluição, clima e doenças respiratórias
12/2000 a 12/2003 - faixa de 50 anos e mais
Foto 1 – Posto de Saúde Mauazinho – Rua Rio Negro (João D’Anuzio Filho, março/2004)
Anexo 22
DATA MPx SO2x PREC TEMP UMIDADE A B C D E F G H I K O
12/00 87,4 6,0 192,3 27,1 82 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0
01/01 69,6 23,5 348,4 25,2 87 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0
02/01 56,9 7,2 219,5 26,0 85 0 0 0 1 0 0 0 2 0 0 0
03/01 56,9 6,6 216,8 26,7 85 0 0 0 0 1 2 1 2 2 2 0
10/01 91,9 9,4 28,1 29,8 69 0 0 1 0 0 1 0 1 1 0 0
11/01 87,6 32,5 55,0 29,3 74 0 1 3 2 2 9 1 4 0 1 0
12/01 87,4 13,7 213,0 27,5 85 0 2 6 2 1 5 0 5 0 0 1
01/02 62,3 8,4 380,8 27,0 82 0 1 0 3 4 3 0 6 0 0 0
02/02 43,4 2,0 239,9 26,5 84 1 2 0 1 3 7 1 10 0 0 0
03/02 53,4 7,1 195,3 26,7 84 0 2 1 3 0 11 2 5 0 0 0
04/02 60,7 7,5 376,7 26,7 83 0 1 0 6 3 8 0 8 0 2 1
05/02 81,7 5,4 262,9 26,8 84 0 1 0 2 1 8 2 2 0 0 0
06/02 14,3 13,1 159,1 26,8 81 1 4 0 1 4 4 0 5 1 0 1
07/02 12,4 11,2 3,4 27,8 76 2 1 0 1 5 30 0 2 1 1 1
08/02 110,4 9,8 35,4 28,1 74 0 4 0 3 1 9 0 11 0 1 0
09/02 13,3 83,2 60,1 28,8 71 3 3 0 0 2 11 1 2 4 4 0
10/02 100,4 9,4 216,1 28,0 76 0 0 0 3 2 4 0 4 0 1 0
11/02 93,6 20,3 81,2 27,7 81 0 0 0 0 1 8 0 1 1 4 0
12/02 87,4 12,5 311,2 26,9 86 0 0 0 0 3 2 0 0 0 1 0
01/03 69,6 6,6 105,8 26,7 81 2 1 0 1 4 28 0 8 2 1 1
02/03 56,9 22,4 340,9 27,1 84 0 0 0 0 4 9 0 0 3 3 2
03/03 56,9 8,9 209,2 26,7 86 0 1 0 3 1 15 0 1 2 2 0
04/03 118,1 10,5 390,1 26,6 87 3 0 0 0 1 12 3 2 1 4 0
05/03 81,7 9,0 219,6 26,8 85 5 2 0 1 1 18 0 8 1 2 2
06/03 93,2 9,7 110,7 27,0 85 0 2 0 3 1 9 0 4 5 3 0
07/03 109,8 8,1 93,0 27,4 81 0 3 0 0 3 13 4 1 3 5 0
08/03 110,4 4,2 118,3 27,4 82 0 7 0 2 2 4 1 4 0 7 1
09/03 106,7 9,2 60,9 27,9 84 1 1 0 0 3 4 1 3 0 4 0
10/03 100,4 9,4 96,9 28,5 79 2 8 0 0 5 9 0 2 2 0 0
11/03 93,6 2,0 119,6 28,0 81 0 7 0 1 0 1 0 5 0 1 0
12/03 87,4 5,8 95,4 28,0 83 0 2 0 0 2 2 0 3 1 0 2
99
Foto 2 – Estação de Monitoramento 1 – Rua Solimões – Ativa (João D’Anuzio Filho, março/2004)
Foto 3 – Estação de monitoramento 2 – Rua Paraíso - DESATIVADA
(João D’Anuzio Filho, março/2004)
Anexo 23
Anexo 24
100
Foto 4 – Estação de monitoramento 3 – DESATIVADA
(João D’Anuzio Filho, março/2004)
Foto 5 – Vista da UTE Mauá , emissão de fumaça pelas chaminés
(João D’Anuzio Filho, dezembro/2003)
Anexo 25
Anexo 26
101
Foto 6 – Vista da UTE Mauá , emissão de fumaça pelas chaminés
(João D’Anuzio Filho, Abril/2004)
Foto 7 - Fumaça negra sai da usina Termoelétrica do Mauazinho, onde repousa o
destroyer Hoel (A Crítica, Manaus, p. C4, domingo, 30/11/2003)
Anexo 27
Anexo 28
102
Foto 7 – Emissão de fumaça pelas chaminés da REMAN vista pela Estação Naval da
Marinha – Vila Buriti (João D’Anuzio Filho, domingo, 13/06/2004)
Foto 7 – Emissão de fumaça pelas chaminés da REMAN vista da Estrada da
REfinaria – Distrito Industrial (João D’Anuzio Filho, domingo, 13/06/2004)
Anexo 29
Anexo 30
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