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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ – UTP
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
Rosemeire Oberle de Almeida
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR E RELATO DE CASO
CURITIBA
2011
Rosemeire Oberle de Almeida
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR E RELATO DE CASO
Relatório de Estágio e Relato de Caso com Revisão Bibliográfica Apresentados ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do Grau de Medicina veterinária.
Área de Concentração: Clínica e Cirurgia Veterinária.
Orientador Acadêmico: Médico Veterinário Milton Mikio Morishin Filho, Professor Assistente de Disciplina de Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica Veterinária do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
CURITIBA
2011
TERMO DE APROVAÇÃO
Rosemeire Oberle de Almeida
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR E RELATO DE CASO
Esta Apresentação de Trabalho de Conclusão de Curso foi julgada e aprovada para a obtenção do título de
Médica Veterinária no curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.
Curitiba, 09 de Junho de 2011
_____________________________________
Curso de Medicina Veterinária
Universidade Tuiuti do Paraná
Orientador: Msc. Médico Veterinário Milton Mikio Morishin Filho
Professor Assistente da Disciplina de Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica
Veterinária do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná
Msc. Médica Veterinária Marúcia de Andrade Cruz
Professora Assistente das Disciplinas de Clínica Médica de Pequenos Animais, Obstetrícia,
Biotecnologia da Reprodução e Fisiopatologia do Curso de Medicina Veterinária da
Universidade Tuiuti do Paraná
Msc. Médica Veterinária Simone Cristine Monteiro Dallagrol
Professora Assistente da Disciplina de Diagnóstico por Imagem do Curso de
Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná
DEDICATÓRIA
Primeiramente a Deus por minha existência,
e, aos meus pais por possibilitarem ela. Aos meus
amigos pela cumplicidade e companheirismo.
Especialmente aos mestres, pela paciência em
transmitir seus conhecimentos.
Ao Hospital Veterinário Estima pela
oportunidade de realização de estágio.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Milton Mikio Morishin Filho, pela orientação, ensinamentos
transmitidos e confiança em mim depositada.
Aos médicos veterinários e aos funcionários do Hospital Veterinário ESTIMA
pela colaboração, especialmente ao MV. Dr. Lucas Campos Rodrigues e MV. Dr. Luiz
Alberto P. Marsiglia.
A todos os mestres da Universidade Tuiuti do Paraná, pela dedicação e pelo
auxílio em transmitir seus conhecimentos, pela amizade e convívio durante todos esses
anos, especialmente às professoras da banca de aprovação do Trabalho de Conclusão
de Curso MSc.MV. Marúcia de Andrade Cruz e Msc. MV. Simone Cristine Monteiro
Dallagrol.
À Universidade Tuiuti do Paraná, pela oportunidade oferecida para a realização
deste curso.
Aos colegas de graduação pela amizade e companheirismo durante o curso.
Aos funcionários de todos os departamentos da Universidade Tuiuti do Paraná
pelo convívio e paciência com os alunos.
Aos meus eternos amigos animais, Nikolau, Pelé (in memoriam), Filomena,
Xuxa (in memoriam) e Pretinha, companheiros fidedignos e inseparáveis.
Aos Meus filhos e marido, pela paciência, cumplicidade e compreensão por
muitas vezes ter ficado de lado em prol dos meus estudos.
A todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a realização
deste trabalho o mais profundo agradecimento.
SUMÁRIO
1 APRESENTAÇÃO.................................................................................. 14
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DO LOCAL.......................................... 15
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS........................................................ 32
4
4.1
4.2
4.3
4.4
4.5
RELATO DE CASO -COMPLICAÇÃO DO USO DA TÉCNICA DE
TRANSPOSIÇÃO DA TUBEROSIDADE TIBIAL ASSOCIADA À
TROCLEOPLASTIA COMO TRATAMENTO CIRÚRGICO PARA
LUXAÇÃO MEDIAL DE PATELA GRAU 4 EM POODLE..............
RESUMO.................................................................................................
Palavras chave.........................................................................................
ABSTRACT.............................................................................................
Keywords..................................................................................................
INTRODUÇÃO........................................................................................
37
37
37
37
38
38
39
4.6 REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 41
4.6.1
4.6.2
4.6.3
Articulações..............................................................................................
Epidemiologia e Fisiopatologia de Luxação de Patela...........................
Quadro Clínico.........................................................................................
41
43
46
4.6.4
4.6.5
4.6.6
Diagnóstico e Tratamento.........................................................................
Implicações de Diagnóstico Tardio..........................................................
Técnicas Cirúrgicas..................................................................................
47
50
51
4.6.7
4.6.8
4.7
4.7.1
4.8
Fisioterapia Coadjuvante ao Tratamento.................................................
Importância do Bem-Estar Animal...........................................................
Caso Clínico.............................................................................................
Complicações Trans e Pós Cirurgia.........................................................
DISCUSSÃO............................................................................................
52
53
55
58
62
4.9
4.10
4.11
CONCLUSÃO..........................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.....................................................
ANEXOS: 1 – Pedido de Exames............................................................
2 – Tabela 2...........................................................................
3 – Ficha de Internação .........................................................
65
66
69
71
73
4 – Tabela 3...........................................................................
5 – Tabela 4...........................................................................
6 – Exames de Sangue e Laudo RX – Juca..........................
75
77
79
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01 - CENTRO CIRÚRGICO.................................................................. 16
FIGURA 02 - CONSULTÓRIO 1......................................................................... 17
FIGURA 03 - CONSULTÓRIO 2......................................................................... 17
FIGURA 04 - SALA DE FLUIDOTERAPIA....................................................... 18
FIGURA 05 - ATENDIMENTO EMERGENCIAL............................................. 18
FIGURA 06 - CONFORTO MÉDICO.................................................................. 19
FIGURA 07 - RECEPÇÃO................................................................................... 19
FIGURA 08 - SALAS DE ESPERA..................................................................... 20
FIGURA 09 - SALA ESTIMA.............................................................................. 21
FIGURA 10 - LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS............................. 22
FIGURA 11 - SALA DE EXAMES DE RX......................................................... 24
FIGURA 12 - SALA DE EXAMES DE US.......................................................... 24
FIGURA 13 -
FIGURA 14 -
CAPELA.........................................................................................
SALA DE PROCEDIMENTOS ODONTOLÓGICOS..................
25
26
FIGURA 15 - INTERNAÇÃO DE CÃES............................................................. 28
FIGURA 16 - INTERNAÇÃO DE GATOS.......................................................... 28
FIGURA 17 - UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA-UTI............................... 29
FIGURA 18 - SALA DE PREPARAÇÃO ANIMAL........................................... 30
FIGURA 19 - SALA DE PARAMENTAÇÃO..................................................... 30
FIGURA 20 - VISTA CRANIAL DA EXTENSÃO E FLEXÃO DO
JOELHO.........................................................................................
42
FIGURA 21 - AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA DE AMBOS OS
JOELHOS.......................................................................................
49
FIGURA 22 - TROCLEOPLASTIA..................................................................... 57
FIGURA 23 - TÚNEL NA CRISTA DA TÍBIA................................................... 59
FIGURA 24 - ELIMINAÇÃO DA INTERCORRÊNCIA.................................... 60
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - CASUÍSTICA CIRÚRGICA DO PERÍODO DE ESTÁGIO.............32
Tabela 2 - ATIVIDADES DA INTERNAÇÃO E DA UTI.................................71
Tabela 3 - ATIVIDADES DURANTE O ESTÁGIO...........................................75
Tabela 4 - ATENDIMENTOS COM ESPECIALISTAS.....................................77
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ATP ...................................................... Avaliação e Tratamento Periodontal
BID .......................................................
Ca..........................................................
A cada 12 horas
Cálcio
CO2........................................................
Criocir....................................................
``D´´.......................................................
DAD.......................................................
Dr...........................................................
``E´´........................................................
Eco.........................................................
Eletro.....................................................
et al........................................................
Gás Carbônico
Criocirurgia
Direita
Doença Articular Degenerativa
Doutor
Esquerda
Ecocardiografia
Eletrocardiografia
E colaboradores
FC..........................................................
F.Just.....................................................
Frequência Cardíaca
Falta Justificada
FR.......................................................... Frequência Respiratória
g ............................................................ Gramas
GLI .......................................................
h............................................................
Glicemia
Horas
IM.......................................................... Intramuscular
IV........................................................... Intravenoso
kg..........................................................
KV.........................................................
LCA.......................................................
LCL.......................................................
LCM......................................................
LCP........................................................
mA.........................................................
MHz.......................................................
min.........................................................
Quilograma
Quilo voltagem
Ligamento Cruzado Cranial
Ligamento Colateral Lateral
Ligamento Colateral Medial
Ligamento Cruzado Caudal
Miliamperagem
Megahertz
Minutos
mm.........................................................
MP.........................................................
Milímetro
Membro Pélvico
m² .......................................................... Metros Quadrados
µg ..........................................................
nº............................................................
MP.........................................................
Micrograma
Número
Membro Pélvico
MPA ..................................................... Medicação Pré Anestésica
MUC .....................................................
MV........................................................
Mucosa
Médico (a) Veterinário (a)
O2........................................................... Gás Oxigênio
OSH....................................................... Ovariohisterectomia
PA.......................................................... Palpação Abdominal
PAD....................................................... Pressão Arterial Diastólica
PAM...................................................... Pressão Arterial Média
PAS........................................................
PET........................................................
Pressão Arterial Sistólica
Animal de Estimação
PO........................................................... Prescrição Oral
Pto...........................................................
Qte..........................................................
Pronto
Quantidade
QID......................................................... A cada 6 horas
RX.......................................................... Raios ``X´´ - Radiografia
SC...........................................................
Sg...........................................................
Subcutâneo
Sangue
SID......................................................... A cada 24 horas
TC .......................................................... Temperatura Corporal
TCC........................................................ Trabalho de Conclusão de Curso
TID......................................................... A cada 8 horas
TPC........................................................
Tt............................................................
Trans......................................................
Tempo de Preenchimento Capilar
Total
Durante
US........................................................... Ultrassonografia
UTI..........................................................
+ ............................................................
%.............................................................
º C...........................................................
Unidade de Tratamento Intensivo
Mais
Porcentual
Graus Celsius
14
1 APRESENTAÇÃO
O mercado brasileiro está se tornando cada vez mais exigente. A qualidade dos
serviços está diretamente relacionada com a qualificação da mão de obra e possui
valor imensurável no mercado ``PET´´ destacando-se também a nutrição e a saúde do
animal, incluindo-se ainda higiene do ambiente, dos equipamentos e dos utensílios
utilizados. Todos esses fatores influenciam a qualidade final do produto oferecido ao
responsável consumidor e propicia um desejado bem-estar animal, o que certamente
também interfere na qualidade final do serviço.
A interação conjunta dos elementos humanos envolvidos nas diferentes etapas e
nas diversas especialidades, assim como nos itens relacionados diretamente ao animal,
também favorece a qualidade da mão de obra e do serviço oferecido.
Nesta perspectiva, apresenta-se relato de caso e resultados da realização do
estágio curricular, que visaram possibilitar colocar em prática os conhecimentos
adquiridos durante o aprendizado acadêmico, propiciando seu devido aproveitamento.
15
2 DESCRIÇÃO DO ESTÁGIO E DO LOCAL
O estágio foi realizado no Hospital Veterinário ESTIMA, situado na Avenida
Granadeiro Guimarães, nº. 155, no Bairro Centro, localizado na cidade de Taubaté,
interior do Estado de São Paulo, no período de 01 de março a 20 de maio de 2011, de
segunda a sábado, no horário das 07h00min às 17h00min. com intervalo de uma hora
para almoço. No mês de abril foi realizado um plantão noturno de 12 horas que foi
compensado com folga no dia seguinte. A carga horária no final do estágio totalizou
568 horas.
O estágio foi realizado visando proporcionar experiência principalmente em
clínica cirúrgica, porém a experiência se deu de acordo com a necessidade do hospital,
das atividades, dos atendimentos e dos procedimentos diários. As atividades
acompanhadas e realizadas estão detalhadamente descritas nas tabelas 1, 2, 3 e 4.
Houve experiência em atividades simples da rotina diária, atendimento a consultas e
emergências, realização de exames e laudos médicos, cirurgias, diagnósticos, entre
diversas outras atividades.
O hospital possui uma área total construída de 490m², com seu espaço físico
dividido em três andares. Ele foi criado para oferecer aos pacientes, tecnologia,
inovação e conhecimento na área diagnóstica e terapêutica. Possui equipamentos
modernos e uma infra-estrutura estando 24 horas a disposição de responsáveis e seus
animais, com atendimento realizado por profissionais especialistas em clínica médica
geral, clínica médica de felinos, clínica médica de animais silvestres, clínica cirúrgica,
anestesiologia, dermatologia, fisioterapia, homeopatia, oncologia, ortopedia e
16
traumatologia, ortodontia, oftalmologia, cardiologia, diagnóstico por imagem, análises
clínicas, entre outras.
No primeiro andar do hospital (subsolo) localiza-se a sala de preparação
médica, o centro cirúrgico (FIGURA 01), o setor de tratamento, a sala de
procedimentos odontológicos, a sala de esterilização, a copa, a capela, o setor de
internação, a UTI e o almoxarifado. No segundo andar, ao nível da rua, ficam os
consultórios 1 e 2 (FIGURAS 02 e 03 respectivamente), a sala de fluidoterapia
(FIGURA 04), o atendimento emergencial (FIGURA 05), a recepção, as salas de
espera, a sala ESTIMA, o laboratório de análises clínicas, a sala de exames
radiológicos e a sala de exames ultrassonográficos. No terceiro e último andar,
localiza-se a administração e o conforto médico (FIGURA 06).
FIGURA 01 – CENTRO CIRÚRGICO
19
FIGURA 06 – CONFORTO MÉDICO
A recepção (FIGURA 07) é dotada de uma sala ampla, com divisão e com mais
outra pequena sala anexa (FIGURA 08) que permite a separação de pacientes,
impedindo possíveis brigas. Nela trabalham duas recepcionistas que realizam o
cadastro de admissão dos pacientes que passarão por consulta e/ou serão internados
para realização de tratamento ou cirurgia.
FIGURA 07 – RECEPÇÃO
20
FIGURA 08 – SALAS DE ESPERA
A sala ESTIMA (FIGURA 09) é onde os clientes são recebidos para troca de
informações, não sendo destinada a realização de consulta por não se tratar de espaço
propício a este tipo de atividade. Construída principalmente com a finalidade de
promover um espaço reservado, no qual o médico veterinário convida o responsável
pelo paciente, tirando-o do ambiente considerado frio de um consultório, para dar-lhe
notícias sobre o estado de saúde do estimado animal, independentemente de se ter
perspectivas de sucesso com o tratamento ou ser enfermidade progressiva, ou até
mesmo da necessidade de uma eutanásia. Nela o responsável permanece num espaço
onde pode expressar seu sentimento de estima por seu animal.
21
FIGURA 09 – SALA ESTIMA
A sala de emergência é dotada de mesa para atendimento, oxigênio móvel e
possui toda medicação necessária para atendimento emergencial propriamente dito.
Na sala de fluidoterapia os pacientes que não são internados e necessitam
receber infusão de fluido e/ou quimioterápicos são atendidos individualmente,
preferencialmente acompanhados por seus responsáveis.
O laboratório de Análises Clínicas (FIGURA 10) é dotado de equipamentos
para realização de diversos exames, dentre eles podem-se citar exames hematógenos e
bioquímicos, de urina, de secreções e de microbiologia, conforme descrição no
documento Pedido de Exames (ANEXO 1). Para realização de exames de anatomia
patológica e exames hormonais, o laboratório conta com laboratório externo de apoio.
22
FIGURA 10 – LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS
No espaço físico do laboratório existem três profissionais técnicas atuantes;
uma bióloga com especialidade em análises laboratoriais, responsável pelos laudos dos
exames. Uma acadêmica em medicina veterinária e graduada em biomedicina e outra
estudante de biologia; ambas responsáveis em auxiliar a realização dos exames.
Os consultórios 1 e 2 possuem uma mesa para atendimento, um computador
para registro das informações no prontuário do paciente e acesso aos dados já
cadastrados, uma pia para higienização do profissional e um balcão com um gaveteiro,
onde se encontram armazenados os principais itens necessários à realização de
consulta simples.
No setor de diagnóstico por imagem ficam as salas de exames de radiografia e
de ultrassonografia. A sala de Exames Radiológicos (FIGURA 11) é totalmente
23
protegida por chumbo, conforme exigência da legislação vigente e possui a porta de
entrada corrediça. O equipamento radiológico de marca Medtronch com
miliamperagem (mA) de 100 a 500 e kilovoltagem (KV) de 26 a 125, possui revelador
digital de marca Allpro Imaging, modelo Slanx 14 Portable ILE, e fica num espaço
físico separado do equipamento de RX. O computador utilizado para processamento
das imagens é um computador comum, apenas com programa específico, assim como
o da sala de exames de US. A sala de Exames Ultrassonográficos (FIGURA 12) possui
equipamento de marca Esaote, modelo Mylab 40 rct, com transdutores
multifrequenciais 5 a 8 microconvexo linear, 7,5 a 12 convexo de 2,5 a 6,6 megahertz
(MHz). Os computadores de processamento de imagem são interligados,
possibilitando verificar o processamento de uma devida imagem na outra sala e vice
versa. O setor possui ainda uma impressora com qualidade fotográfica.
A imagem e o laudo dos exames podem ser impressos, emitidos digitalmente,
assim que efetuada e analisado respectivamente pelo técnico responsável, ficando
também disponível no sistema interno computadorizado do hospital ou podendo ser
emitido por email para outros profissionais, através do programa Vertis, o que facilita
o diagnóstico da enfermidade, além é claro, da economia de material e tempo.
Existe um médico veterinário especialista em ultrassonografia e radiologia que
opera os equipamentos de imagem e é responsável pelos laudos dos exames.
25
Existe ainda um pequeno espaço, denominado Capela (FIGURA 13), onde fica
a imagem de São Francisco de Assis, protetor dos animais. É onde os responsáveis e
funcionários ou qualquer outra pessoa, podem orar por seus animais ou simplesmente
passar alguns momentos em silêncio. Este local geralmente é utilizado pelos
responsáveis quando algum paciente está internado em UTI em estado grave.
FIGURA 13 – CAPELA
A sala de procedimentos odontológicos (FIGURA 14) localiza-se no 1º andar.
Possui mesa cirúrgica com motor hidráulico e balança digital. Ela é utilizada para
realização de procedimento em que há necessidade da drenagem de líquidos
contaminados. Dentre os equipamentos existe também um monitor digital
multiparâmetro (Marca Technidyne Corporation, modelo VET TEC 2000 With Accu-
26
Lock II) com diversas funções que possibilita aferir constantemente a freqüência
respiratória, a oximetria, o ritmo cardíaco através de eletrocardiógrafo, a Pressão
Arterial Sistólica (PAS), Diastólica (PAD) e Média (PAM). No ambiente há ainda um
aparelho de radiografia (RX) portátil e digital que pode revelar instantaneamente via
Wireless o exame por intermédio de um computador Notebook programado. A sala
possui também um aspirador cirúrgico com coletor ósseo, bomba de infusão contínua,
monitor de apnéia que é acoplado no tubo endotraqueal e na traquéia do aparelho de
anestesia calibrado para isofluorano; ultrassom dentário, EQUIPO dentário (com
compressor) que contém canetas com brocas de alta e baixa rotação, Laser de CO2 com
funções de corte e hemostasia de coagulação controlados com precisão. Toda essa
tecnologia possibilita trabalhar com maior tranquilidade em procedimentos que
exigem plena atenção do profissional.
FIGURA 14 – SALA DE ROCEDIMENTO ODONTOLÓGICOS
27
O centro cirúrgico possui mesa cirúrgica hidráulica, monitor cardíaco, foco
cirúrgico com cinco lâmpadas, balcão para armazenamento de materiais, eletro
cautério monopolar para diatermia e aparelho de anestesia inalatória calibrado para
isofluorano. Nela são realizados todos os procedimentos que necessitam de assepsia,
sendo preconizado o uso de touca, propé e máscara toda vez que se fizer necessário a
entrada de qualquer pessoa, além da devida antissepsia antes de qualquer
procedimento cirúrgico.
Também se localiza neste andar o setor de preparação que está subdividida em
dois setores, sendo paramentação médica - setor de antissepsia médica pré-cirúrgica, e
preparação animal - setor de preparação do paciente que entrará em cirurgia ou será
internado.
No primeiro andar está também o setor de internação que é subdividido em três
pequenos setores distintos; internação de Cães (FIGURA 15), internação de gatos
(FIGURA 16) e UTI (FIGURA 17). A internação de cães tem 13 canis separados um
do outro, com diferentes dimensões para alojar desde pequenos até grandes portes de
cães. A internação de gatos tem 10 gaiolas e a unidade de terapia intensiva - UTI, tem
04 leitos, sendo 01 dos leitos destinado principalmente a pacientes que necessitam de
oxigenoterapia. Dessa forma, totaliza-se no setor de internação, 27 leitos.
No Almoxarifado, ficam os fármacos e alguns produtos de limpeza e higiene
dos pacientes. Na cozinha dos pacientes é exclusivamente realizada a preparação da
alimentação dos pacientes. Na Copa, é onde os funcionários podem se alimentar. E,
por fim na sala de esterilização, que contém 2 autoclaves, máquina de lavar roupas,
28
secadora, 2 tanques e 1 selador para embalar os instrumentais, é onde os materiais de
uso médico que necessitam ser esterilizados são higienizados e autoclavados.
FIGURA 15 – INTERNAÇÃO DE CÃES
FIGURA 16 – INTERNAÇÃO DE GATOS
29
FIGURA 17 – UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA - UTI
Todos os ambientes, exceto a Sala de Preparação Animal (FIGURA 18), a Sala
de Paramentação Médica (FIGURA 19), o Setor de Internação, a Copa, o
Almoxarifado, a Sala de Esterilização e o Conforto Médico contém computadores, que
são interligados e através de programa específico permitem visualizar o prontuário do
paciente, todos os dados dos pacientes que foram submetidos à consulta, exame,
cirurgia ou estão internados, e quais procedimentos realizados durante sua estada, bem
como o resultado dos mesmos e o boletim médico informativo sobre a evolução do
quadro clínico do paciente.
31
O hospital foi construído baseando-se em modelo americano. O progresso dele
é notadamente evidente. Durante o período de estágio, observou-se que novos
equipamentos foram adquiridos além de estar programada a aquisição de vários outros,
a futura instalação de um hemobanco e o aumento do espaço físico do laboratório de
análises clínicas. O planejamento de crescimento para final de 2011 é de aumento de
50% do faturamento atual, com isso acredita-se também na perspectiva de que o
crescimento terá por consequência a contração de novos profissionais.
32
3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS
A oportunidade em realizar estágio, colocando a teoria ministrada em sala de
aula na prática profissional, pode ser generalizada como parte de uma prática
profissionalizante, onde o acadêmico pode desenvolver atividades relacionadas
principalmente a sua área de escolha dentro das diversas áreas da medicina veterinária.
O estágio oferece diversas situações que na rotina acadêmica não são ou não
foram possíveis de serem acompanhadas, talvez pela rotina clínica e/ou cirúrgica da
universidade e/ou talvez principalmente pelo não acompanhamento de procedimentos
realizados na clínica escola em horários divergentes dos horários de aula teórica, no
qual a acadêmica realizava outra atividade.
Diversas situações foram vivenciadas no período de estágio, tanto na prática da
clínica médica, quanto na prática da clínica cirúrgica. A casuística cirúrgica está
descrita abaixo na tabela 1, para melhor entendimento.
TABELA 1 – CASUÍSTICA CIRÚRGICA DO PERÍODO DE ESTÁGIO
CIRURGIA QUANTIDADE
Maxilectomia 4
Aproximação de ferida 1
Orquiectomia 3
OSH 7
Laparotomia exploratória 1
Cirurgia orofacial 1
Criocirurgia 1
Osteossíntese de sínfise mandibular 1
Esplenectomia 1
Nefrectomia 1
Uretrocistotomia 1
33
Punção prostática 1
Herniorrafia 1
Palatoplastia 2
Mastectomia 3
Menisectomia + denervação de MP 1
Osteossíntese de tíbia 1
Cistectomia 1
Amputação de membro torácico 1
Osteossíntese fechada – fixação de tíbia 1
Cirurgia exploratória de escápula 1
Patelopexia 1
Amputação de dígito 1
TOTAL 37
As atividades da rotina médica hospitalar diária do setor de internação estão
descritas na tabela 2 (ANEXO 2), sendo que o exame físico e clínico envolve
avaliação do estado clínico geral do paciente, teste de Turgor da pele, aferição da
frequência cardíaca (FC), frequência respiratória (FR), temperatura corporal (TC),
coloração de mucosa (MUC), tempo de preenchimento capilar (TPC), pulso femoral
(pulso), palpação abdominal (PA) e dos linfonodos além de teste de glicemia (GLI) e
aferição de pressão arterial sistólica (PAS), quando julgados necessários. Esses
procedimentos são geralmente realizados no período da manhã e todos os dados são
registrados em formulário próprio, denominado ficha de internação (ANEXO 3), no
momento do exame. Sendo o verso do mesmo formulário utilizado para anotações da
terapêutica utilizada durante cada 24 horas. Dessa maneira diariamente os pacientes
internados são acompanhados de sua evolução de quadro clínico.
Todos os dias a quantidade de pacientes internados foi levantada no início do
dia, aproximadamente às 08h00min da manhã, quando se inicia a rotina do setor de
34
internação e as cirurgias eletivas. Porém os pacientes que foram internados durante o
decorrer do dia e/ou da próxima noite que vieram a óbito ou receberam alta médica
ainda neste intervalo de tempo não foram contabilizados. Todas as tarefas
acompanhadas e/ou executadas, foram contabilizadas durante o decorrer de cada dia,
estando minuciosamente e devidamente descritas nas tabelas 2, 3 e 4.
De acordo com descrição na tabela 1, verifica-se que na clínica cirúrgica, pode-
se acompanhar 37 cirurgias, e, de acordo com descrição na tabela 2 é possível verificar
que no setor de internação pode-se efetuar 109 exames em pacientes internados, 28
exames de glicemia, 24 coletas de sangue para realização de exames laboratoriais, 06
aferições de PAS, 13 cuidados pós cirúrgico, 33 acessos venosos, 08 monitoramentos a
transfusões sanguíneas, 14 elaborações de boletim médico, 26 colocações de sonda
uretral.
Verificando-se o resultado expresso na tabela 3 (ANEXO 4), pode-se observar
que foi realizado efetivamente no setor de pronto atendimento, 22 coletas de sangue,
03 acessos venosos, tendo ainda auxiliado em 06 cirurgias eletivas.
As suspeitas de diagnósticos das consultas realizadas no hospital são
devidamente pesquisadas para confirmação através de exames laboratoriais e de
imagem quando necessário, muitos dos quais também foram acompanhados.
O acompanhamento às atividades realizadas por especialistas tais como
quimioterapia, exames e cirurgias, entre outras, merecem atenção especial, as quais
estão devidamente descritas na tabela 4 (ANEXO 5). Observando o resultado do
acompanhamento aos especialistas descrito na tabela 4 verifica-se que pode ser
acompanhado 145 atendimentos a consulta/retorno e/ou procedimentos, tendo
35
participado como auxiliar do cirurgião em 5 procedimentos. Valendo ressaltar que a
partir do dia 22 de março, a grande maioria dos atendimentos e tratamentos
quimioterápicos aos pacientes oncológicos foi acompanhada, possibilitando um maior
aprendizado na área.
Além das atividades descritas nas tabelas, também foram realizadas atividades
que não foram relacionadas por se tratar de tarefas diárias ou acontecimentos
esporádicos. Dentre as tarefas diárias pode-se citar limpeza e higienização dos canis e
gatis onde os pacientes ficam alojados, preparação e administração de fármacos
utilizados no tratamento terapêutico dos pacientes internados, cálculo de medicações a
serem administradas, elaboração de prescrição médica, acompanhamento à visita dos
responsáveis dos pacientes internados, cálculo de débito urinário, curativos pós
cirúrgicos, outros tipos de curativos (por exemplo, miíase), elaboração de pedidos de
exames histopatológicos, auxílio na retirada de suturas, auxílio na preparação e
administração de fármacos utilizados nos tratamentos quimioterápicos, administração
de fluído SC, acompanhamento em pequenos procedimentos ambulatoriais, retirada de
acesso e acompanhamento da alta de paciente internado. Já dentre as tarefas realizadas
esporadicamente pode-se citar, massagem para drenagem linfática em pacientes sem
mobilidade física, teste oftálmico com o reagente fluoresceína, limpeza, higienização,
preparação e esterilização de instrumentais e de materiais utilizados em cirurgia,
lançamento no sistema de Ordem de Serviço (OS), massagem vesical, lavagem vesical,
auxilio em coleta de material para exame citológico e/ou cultura, anamnese e avaliação
pré cirúrgica, alimentação por sonda esofágica, participação em reunião clínica,
participação em demonstração de novo produto veterinário, cuidados com neonatos,
36
acompanhamento a mielografia, acompanhamento na realização de exames e na
pesquisa de ectoparasitos,
Para melhor entendimento as principais atividades realizadas estão expressas
abaixo no GRÁFICO 1, de acordo com o tipo de tarefa e a quantidade efetuada.
GRÁFICO 1 – PRINCIPAIS ATIVIDADES EFETUADAS PELA ESTAGIÁRIA
6 8 11 13 14
26 28
36
46
109
0
20
40
60
80
100
120
1
Aferições de PAS
Monitoramento em Transfusões
s Sanguineas Auxiliar do Cirurgião
Cuidados Pós Cirúrgicos
Elaboração de Boletim Médico
Colocação de Sonda Uretral
Exames de Glicemia
Acessos Venosos
Coletas de Sangue
Exames Clínico e Físico em Animais Internados
37
4 RELATO DE CASO
COMPLICAÇÃO DO USO DA TÉCNICA DE TRANSPOSIÇÃO DA
TUBEROSIDADE TIBIAL ASSOCIADA À TROCLEOPLASTIA COMO
TRATAMENTO CIRÚRGICO PARA LUXAÇÃO MEDIAL DE PATELA
GRAU 4 EM POODLE
Rosemeire Oberle de Almeida ¹, Milton Mikio Morishin Filho ², Luis Alberto Pinatti
Marsiglia ³
¹ Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Tuiuti do Paraná
² Professor Assistente das Disciplinas de Técnica Cirúrgica e Clínica Cirúrgica
Veterinária do Curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná –
orientador acadêmico.
³ Médico Veterinário Especialista em Ortopedia e Traumatologia Animal– orientador
profissional.
4.1 RESUMO
O objetivo deste trabalho é evidenciar fisiopatologia e epidemiologia de luxação
de patela, e referenciar a ocorrência de complicação do uso da técnica de Transposição
da Tuberosidade Tibial associada à trocleoplastia usadas como opção de tratamento, na
cirurgia de um poodle, com 5,6 kg e 5 anos de idade. Além de discutir recursos
relacionados aos efeitos da terapêutica utilizada no animal, e suas implicações técnicas
na qualidade do serviço prestado. É relevante o estudo à medida que situa o médico
veterinário na área da ortopedia, demonstrando as dificuldades encontradas no
tratamento das afecções.
4.2 Palavras Chave: Patelopexia, cão, articulação femorotibiopatelar.
38
4.3 ABSTRACT
The objective is to highlight the epidemiology and phatophysiology of patellar
dislocation, and reverence for occurrence of complication of the technique of
transposition of the tibial tuberosity associated with trochleoplasty used as a treatment
option in the surgery of a poodle, 5,6 pounds, and 5 years old, and discuss features
related to the effects of therapies used in the animal and the technical complications on
quality of service provided. It’s important to study the measure that places the
veterinarian in the area of orthopedics, demonstrating the difficulties encountered in
the treatment of diseases.
4.4 Keywords: Patelopexy, dog, articulation femoro-tibial-pattelar.
39
4.5 INTRODUÇÃO
Segundo Burmann (2011), na medicina humana, as afecções da articulação
femoropatelar são certamente as que mais trazem frustrações ao ortopedista, tanto pela
sua alta prevalência como pelo grande número de casos insolúveis. Podendo-se afirmar
que algo semelhante ocorre em relação aos animais, pois de acordo com Silvares
(2010) o acometimento isolado da articulação femoropatelar nos processos
degenerativos pode não ser reconhecido ou diagnosticado no atendimento inicial o que
pode causar problemas para o diagnóstico pela ausência de suspeita clínica.
Segundo Padilha (2005) os animais que apresentam, ao exame clínico, sinais de
dor, claudicação e deformidades físicas dos membros afetados, explicitamente nos
poodles, pode estar presente a ocorrência de luxação de patela medial, e quando
presente e/ou sendo de origem congênita, pode progredir para marcante impotência
funcional dos membros.
Existem diversas doenças ósseas, como as luxações congênitas e deformidades
ósseas que necessitam de tratamento médico. Muitos animais sofrem de doenças
articulares que podem ser de origem hereditária ou adquirida, a qual pode originar
outras doenças que tendem a agravar-se com o tempo (ALGARVE, 2011).
Segundo Arnoczky (1996) a cirurgia ortopédica veterinária tem por objetivo
corrigir alterações na locomoção dos animais com vista a dar-lhes uma melhor
qualidade de vida, sendo indicada dependendo do grau, para resolução de luxação de
patela.
40
A tentativa em superar a deformidade esquelética, tal como o desvio da
tuberosidade tibial e sulco troclear raso, por reconstrução de tecido mole somente, é a
maior causa de insucesso, e a falha na transposição do tubérculo/tuberosidade tibial é
também talvez outra maior causa de insucesso(PIERMATTEI, 1999).
41
4.6 REVISÃO DE LITERATURA
4.6.1 ARTICULAÇÕES
Os ossos unem-se uns aos outros para formar o esqueleto, por meio de
estruturas formadas por tecidos de natureza conjuntiva, as articulações. Estas podem
ser classificadas em diartroses, que permitem grandes movimentos dos ossos, e
sinartroses, nas quais não ocorrem movimentos ou ocorrem apenas movimentos muito
limitados. Nas diartroses encontram-se as articulações (FIGURA 19) que unem os
ossos longos dotados de grande mobilidade, existindo nela uma cápsula que liga as
extremidades ósseas, delimitando uma cavidade fechada que contém um líquido
incolor, transparente e viscoso, o qual é rico em ácido hialurônico e facilita o
deslizamento das superfícies articulares, as quais são revestidas por cartilagem hialina.
A camada fibrosa da cápsula articular é formada por tecido conjuntivo denso, sendo
mais desenvolvida nos locais sujeitos as trações fortes. Ela envolve os ligamentos da
articulação e os tendões que se inserem próximo às extremidades ósseas
(JUNQUEIRA & CARNEIRO, 1999).
A patela é um componente essencial do mecanismo funcional do aparelho
extensor. O suporte articular externo é proporcionado pelos ligamentos e tendões
circundantes. Os ligamentos são os estabilizadores primários para a translação anterior
e posterior, angulação vara e valga, e para a rotação interna e externa da articulação do
joelho. O ligamento cruzado cranial (LCA) é a restrição predominante ao
42
deslocamento tibial anterior. O ligamento cruzado caudal (LCP) previne o
deslizamento posterior excessivo da tíbia em relação ao fêmur. O ligamento patelar ou
tendão patelar, com origem na patela e inserção na tuberosidade da tíbia, é
extremamente forte e ajuda no mecanismo de alavanca da patela. O ligamento
colateral medial protege a parte medial do joelho de ser aberto por uma força aplicada
nas laterais do joelho (valgus force). O ligamento colateral lateral protege as laterais
do joelho de uma força dobrante interior (varus force). E ainda existem dois meniscos,
o menisco lateral e o menisco medial, que possuem papel importante na absorção de
choque mecânico. A tuberosidade tibial tem localização e proeminência importantes
para a vantagem mecânica do mecanismo extensor. O desalinhamento de uma ou mais
estruturas pode induzir luxação patelar (IAMAGUTI, 1998).
FIGURA 19–VISTA CRANIAL DA
EXTENSÃO E FLEXÃO DO JOELHO
FONTE: www.gonartrose.com
43
As afecções da articulação femoropatelar são as que mais trazem frustrações ao
ortopedista, tanto pela sua alta prevalência como pelo grande número de casos
insolúveis, principalmente em jovens. Essa articulação centraliza forças do quadríceps
no comando de alavanca e distúrbio na sua estabilidade pode representar alteração
funcional capaz de produzir sintomas, algumas vezes incapacitantes (MELLO et al.,
2009).
Dentre as principais afecções articulares em joelho, pode-se citar
osteocondrose ou osteocondrite dissecante, deformidades ósseas angulares (varus e
valgus), doença articular degenerativa, afecções do crescimento, luxações, sendo
luxação de patela a mais referenciada, rupturas de ligamentos cruzados cranial e
caudal, doenças dos meniscos, infecções, traumas, entre outras (FRAZILIO, 2006).
4.6.2 EPIDEMIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA LUXAÇÃO DE PATELA
Problemas articulares têm alta casuística na clínica de pequenos animais e
muitas vezes o paciente ortopédico não mostra onde exatamente está o problema,
compensando e/ou sobrecarregando outros locais ou até mesmo o membro oposto.
Segundo dados obtidos através da literatura científica, cerca de 75% a 80% dos casos
de luxação de patela é de causa congênita, sendo 20% a 25% bilateral (PIERMATTEI,
1999).
Segundo Fossum (2002) a luxação de patela medial é uma causa comum de
claudicação em cães de pequenas raças, sendo que a maioria dos pacientes com
44
luxação patelar tem anormalidades músculo esquelética associadas, tendo a extensão
do distúrbio anatômico dependente da gravidade da luxação e da quantidade de
atividade da placa de crescimento. Dentre as anormalidades pode-se citar
deslocamento medial do grupo muscular quadricipital, torção lateral do fêmur distal,
inclinação lateral do terço distal do fêmur, displasia epifiseal femoral, instabilidade
rotacional da soldra ou deformidade tibial.
De acordo com Piermattei (1999) a maioria das luxações é denominada
``congênita´´ porque ocorrem na vida jovem e não são associadas com traumatismos.
E, a única investigação bem feita em relação à causa destas luxações concluiu que a
ocorrência de luxação patelar medial é caracterizada pela coxa vara e diminuição na
anteversão do colo femoral. Sendo assim, a luxação patelar deve ser considerada como
afecção hereditária, portanto o cruzamento de animais afetados não é aconselhado.
Segundo a mesma referência acima, o grau de patologia esquelética associada à
luxação patelar varia consideravelmente entre as formas mais leves e mais graves. Foi
citado por Piermattei (1999), no capítulo 17 – A Articulação Fêmuro-Tíbio-Patelar
(Joelho), que foi desenvolvido por Putnam e adaptado por Singleton um sistema de
classificação da luxação patelar canina, a qual está descrita abaixo.
GRAU 1 – Luxação patelar intermitente, causando a elevação do membro
ocasionalmente. A patela luxa-se facilmente manualmente mediante a extensão
completa da articulação do joelho, mas retorna à tróclea quando liberada. Não há
creptação aparente. Quando a patela é reduzida, o desvio do tubérculo tibial da linha
média é mínimo. Após redução da patela, a flexão e extensão do joelho estão em linha
reta sem abdução do tarso.
45
GRAU 2 – A luxação da patela ocorre mais frequentemente do que no grau 1. Os
sinais de claudicação são geralmente intermitentes de natureza leve. A patela luxa-se
facilmente, especialmente quando o membro é rotacionado (internamente para luxação
medial, externamente para luxação lateral, enquanto a patela é empurrada). A redução
ocorre com manobras opostas. A posição proximal da tuberosidade tibial pode ser
rotacionado até 30º com luxações mediais, e menos do que isso em luxações laterais.
Com a patela luxada medialmente, o tarso é levemente abduzido, com os dedos
apontando medialmente. Com a luxação lateral, o tardo pode ser aduzido com os dedos
apontando lateralmente.
GRAU 3 – A patela está permanentemente luxada com torção/rotação da tíbia e desvio
da crista tibial entre 30 e 60º do plano cranial/caudal. A flexão e extensão da
articulação causam abdução e adução do tarso. A tróclea está muito rasa ou até
achatada.
GRAU 4 – A tíbia está medialmente rotacionada e a crista da tíbia pode exibir maior
desvio com o resultado de que fica de 60 a 90º do plano cranial/caudal. A patela fica
luxada de modo permanente e não pode ser reposicionada manualmente. A patela fica
logo acima do côndilo medial (luxação medial) e um ``espaço´´ pode ser palpado entre
o ligamento patelar e a extremidade distal do fêmur. O membro pode estar erguido se
unilateral, ou então o animal se move em posição agachada, com os membros
parcialmente flexionados. A tróclea está rasa, ausente, ou mesmo convexa.
46
4.6.3 QUADRO CLÍNICO
Os sinais variam de assintomáticos a flexão e extensão súbita e/ou anormal da
articulação femorotíbiopatelar, variando ainda de paciente para paciente de acordo
com o grau de luxação e idade. A claudicação pode ser intermitente ou continua.
Geralmente é claudicação sustentadora de peso leve a moderada com ocasional flexão
do membro (FOSSUM, 2002).
Segundo Piermattei (1999) animais mais velhos com luxação graus 1 a 2
geralmente podem exibir sinais súbitos de claudicação por causa de maior colapso dos
tecidos moles (tal como ruptura do ligamento cruzado), como resultado de
traumatismo menor ou piora da dor da afecção articular degenerativa.
Segundo Fossum (2002) os pacientes com luxações de grau 4 andam com o
membro posterior em posição flexionada, decorrente de incapacidade de estender
totalmente as soldras. A patela fica hipoplásica podendo se encontrar deslocada em
sentido medial ao longo da porção lateral do côndilo femoral.
Segundo informações relatadas pelo especialista em ortopedia e traumatologia
animal Marsiglia (2011) os sinais podem piorar à medida que o animal ganha peso e
envelhece.
O grau de patologia esquelética associada à luxação patelar varia
consideravelmente entre as formas mais leves e mais graves, sendo que no grau 3 as
anormalidades dos tecidos moles de apoio da patela e as deformidades do fêmur e tíbia
podem estar presentes, e, no grau 4 as anormalidades articulares e deformidades
47
femorais e tibiais são acentuadas podendo ocasionar deformidade osteomuscular
(valgus e varus) (PIERMATTEI, 1999).
4.6.4 DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
O conjunto anamnese, observação, palpação, exames complementares e terapia
adequada vão proporcionar um diagnóstico mais preciso do grau de luxação. Os
pacientes com luxações de grau 1 em geral não exibem claudicação e o diagnóstico é
feito como um achado casual, enquanto que pacientes com luxação patelar grau 4
andam com o membro posterior em posição flexionada (FOSSUM, 2002).
O teste ortopédico mais utilizado para diagnóstico de luxação de patela é o de
verificação da instabilidade patelar, onde pode ser necessária prévia sedação ou
analgesia. O animal deve ser colocado em estação, o membro testado deve ser
rotacionado interna/externamente enquanto se tenta empurrar a patela
medial/lateralmente. As observações devem incluir: instabilidade em ambas as
direções, presença de creptação, grau de rotação da tuberosidade tibial, rotação do
membro ou angulação, incapacidade de redução da patela, localização da patela na
tróclea, incapacidade de estender o membro em ângulo normal de estação,
presença/ausência do movimento de gaveta (PIERMATTEI, 1999). Vale lembrar que o
Teste de Movimento de gaveta é utilizado para a verificação de ruptura de ligamento,
porém é utilizado no caso de suspeita de luxação de patela, para verificação de
possível presença de doença articular degenerativa, ocorrendo desde leve creptação ou
48
até mesmo apenas um leve deslocamento. Sendo que nem sempre que o resultado do
teste é negativo, não há presença de doença articular degenerativa.
Ainda de acordo com Piermattei (1999) as luxações de graus 3 ou 4, as
radiografias padrão craniocaudal e medial a lateral mostram a patela deslocada, em
sentido medial, ao passo que, nas luxações de graus 1 e 2, a patela pode ficar dentro do
sulco troclear ou deslocar-se em sentido medial. Os diagnósticos diferenciais
compreendem necrose da cabeça femoral, luxação coxofemoral, entorse ligamentar da
soldra e estiramento muscular. O exame cuidadoso da articulação coxofemoral é
essencial porque alguns pacientes com luxação patelar também apresentam necrose
avascular da cabeça femoral.
A tomografia computadorizada pode também ser utilizada como meio de
diagnóstico, porém trata-se de uma técnica ainda pouco utilizada, tendo em vista o alto
custo (MORISHIN, 2010). Assim como a Ressonância Magnética, utilizada
principalmente em diagnósticos humanos, que permite o diagnóstico da lesão e das
alterações estruturais da patela e dos côndilos femorais.
O diagnóstico necessita de história e anamnese precisa do mecanismo e
sintomas da lesão, avaliação clínica e radiográfica(FIGURA 20) adequada.
49
FIGURA 20–AVALIAÇÃO RADIOGRÁFICA
DE AMBOS OS JOELHOS
FONTE: Diagnóstico por Imagem
Hospital Veterinário ESTIMA
As setas indicam as patelas ``D ´´e ``E´´
O exame de RX na técnica supra utilizado é realizado principalmente para
verificar as conseqüências da luxação, possibilitando avaliar a rotação da crista da tíbia
e as angulações em fêmur e tíbia, para que se determine o grau da luxação, porém para
a verificação da profundidade da tróclea é utilizado outra técnica denominada Skyline,
na qual o joelho é flexionado durante o exame radiológico para que o raio passe
50
tangencialmente a estrutura a ser avaliada, só não utilizada por motivos de não
proporcionar mais custos ao responsável pelo paciente.
4.6.5 IMPLICAÇÕES DE DIAGNÓSTICO TARDIO
Como na articulação não há vasos sanguíneos, linfáticos e, não há terminações
nervosas, com a evolução da patologia pode ocorrer um processo degenerativo, onde
as áreas amolecidas tornam-se quebradiças e desgastadas, expondo o osso subcondral,
o qual inicia com processo de remodelação, com um aumento da densidade, enquanto
que o restante da cartilagem começa a desgastar-se podendo levar a ocorrência de
ruptura parcial ou total dos ligamentos do joelho, que ocorre geralmente por causa
traumática (FOSSUM, 2002).
Pressões anormais exercidas sobre a placa de crescimento induzem alterações
no crescimento. Uma força de torção anormal leva à defleção das colunas de
cartilagem da placa de crescimento em padrão espiral, também afetando o crescimento
das colunas cartilaginosas. Existe desalinhamento dos músculos quadricipitais em cães
com luxação patelar medial, devido ao retardo no crescimento ocasionado pela pressão
na placa de crescimento e devido a menor pressão na face lateral da placa, permitindo
o crescimento acelerado, resultando em inclinação do fêmur distal em pacientes
jovens. Porém em luxações mais leves o quadríceps é raramente deslocado. As
deformidades tibiais compreendem deslocamento da tuberosidade tibial, inclinação
medial (deformidade vara) da tíbia proximal e torção lateral da tíbia distal. Se a
51
pressão fisiológica exercida pela patela não estiver presente sobre a cartilagem
articular, a tróclea não adquire a profundidade apropriada, portanto pacientes imaturos
com luxações graves apresentam sulco troclear ausente decorrente da ausência da
pressão normal responsável pelo desenvolvimento do sulco (PIERMATTEI, 1999).
Segundo Piermattei (1999) animais mais velhos com luxação graus 1 a 2 podem
exibir sinais súbitos de claudicação por causa de ruptura do ligamento cruzado, como
resultado de traumatismo menor ou piora da dor da afecção articular degenerativa.
Muitos pacientes inseridos no grau 2 de luxação convivem com esta condição
razoavelmente bem por muitos anos, mas a luxação constante da patela sobre o lábio
da tróclea pode causar erosão da superfície articular da patela e também da área
proximal do lábio medial. Isto resulta em creptação tornando-se aparente quando a
patela é luxada medialmente. Aumento do desconforto pode resultar no apoio do peso
do cão nos membros torácicos durante a caminhada (FOSSUM, 2002).
4.6.6 TÉCNICAS CIRÚRGICAS
Segundo Piermattei (1999) as técnicas de artroplastia aplicáveis na estabilização
das luxações patelares podem ser divididas em duas classes: reconstrução do tecido
mole e reconstrução óssea. Julgamento considerável e experiência são necessários para
decidir o melhor procedimento ou combinação de procedimentos para um caso em
particular. A deformidade esquelética, tal como desvio da tuberosidade tibial e sulco
52
troclear raso, deve ser corrigida por técnicas de reconstrução óssea, enquanto que
procedimentos no tecido mole, somente devem ser limitados a casos de grau 1.
Dentre os procedimentos de reconstrução de tecidos moles pode-se citar:
superposição/pregueamento do retináculo medial ou lateral,
superposição/pregueamento da fáscia lata, sutura anti-rotacional dos ligamentos
patelar e tibial, desmotomia e liberação do quadríceps. Dentre os procedimentos de
reconstrução óssea pode-se citar a trocleoplastia, transposição da tuberosidade tibial,
patelectomia, osteotomia, osteotomia femoral para luxação lateral (PIERMATTEI,
1999).
De acordo com o especialista em ortopedia e traumatologia veterinária, os
problemas pós operatórios mais comuns que poderiam surgir seriam os problemas de
praticamente todos os tipos de procedimentos cirúrgicos, tais como deiscência, dor,
edema localizado, infecção e hemorragia (MARSIGLIA, 2011).
4.6.7 FISIOTERAPIA COADJUVANTE AO TRATAMENTO
Segundo Cavalca (2008) a fisioterapia visando o adiamento da atrofia
muscular é parte integrante dos cuidados dos animais paralisados. Estimuladores
elétricos estimulam os músculos a efetuarem a flexão e a extensão ativa dos
membros. A contração produzida pela corrente aumenta o volume de fibras e da
massa muscular, favorecendo o aumento da resistência e força.
53
Recomenda-se a massoterapia superficial e profunda para o relaxamento
dos músculos recrutados. O ultrassom é outra modalidade que pode ser utilizada,
aplicado de forma contínua ou intermitente dependendo do tipo de enfermidade,
tendo como efeito o relaxamento muscular, analgesia, regeneração tecidual,
extensibilidade dos tecidos conjuntivos, proporcionando aceleração nos
processos de reparo. Procedimentos de alongamento são utilizados para
aumentar a amplitude de movimento. O exercício passivo é útil para manutenção
do funcionamento muscular e pode ser realizado pelo responsável do paciente
uma ou duas vezes ao dia. A hidroterapia com água morna aumenta a circulação
e estimula o movimento. Outros exercícios adicionais são a massagem vigorosa
nos músculos, a escovação em coxim plantar e membros pélvicos. (CAVALCA ,
2008 ).
4.6.8 IMPORTÂNCIA DO BEM-ESTAR ANIMAL
EMBRAPA, 2011 afirma que os animais se estressam tanto quanto o ser
humano. Acredita-se que os animais que são constantemente acometidos pelo estresse
desenvolvem doenças que afetam o estado físico e emocional, trazendo conseqüências
diretas para a saúde do animal, induzindo a perda de apetite e redução da imunidade,
tornando-o mais vulnerável a doenças. Também é de suma importância que as
instalações não agridam os animais. Um piso mal projetado, por exemplo, dificulta o
andar do animal, provocando dor.
54
Número de fatores e grau de intensidade que provocam estresse e segundo a
repetição irão determinar a grandeza do dano ao animal. E quando a intensidade do
estímulo recebido é pouco acentuada, a resposta inicial é do tipo comportamental
(PINHEIRO, 2010).
55
4.7 CASO CLÍNICO
Dia 25 de abril de 2011, o responsável compareceu ao hospital veterinário e
relatou que seu cão, denominado Juca, de raça poodle, com 5 anos e um mês de idade,
pesando 5,6 kg, caiu da cama no final do ano passado e começou a claudicar, e às
vezes estendia o membro pélvico caudalmente no seu esforço. Referiu também que o
cão, às vezes, mantinha a perna em posição flexionada por um ou dois passos, de
forma esporádica, mas nos últimos 4 dias anteriores a consulta, o paciente apresentou
relutância em caminhar e saltar e manteve o membro direito flexionado.
Foi efetuado exame físico prévio e presumiu-se luxação patelar. Foi solicitado
exame de radiologia e exames hematógenos (hematócrito, função hepática e função
renal), que foram realizados ainda no mesmo dia no próprio hospital veterinário. O
tratamento terapêutico foi iniciado pelo clínico geral ainda no hospital veterinário, e
foi agendado consulta com o especialista. No tratamento foi utilizado meloxicam 0,2%
SC, na dose de 0,2 mg/kg, SID; dipirona SC, na dose de 2,5 mg/kg, TID, e, cloridrato
de tramadol, SC, na dose de 2mg/ kg, TID, até novas recomendações.
No dia seguinte o paciente foi atendido pelo especialista em ortopedia e
traumatologia animal e foi diagnosticado clinicamente luxação de patela grau 4 no
joelho direito e grau 3 no esquerdo. Confirmada a suspeita clínica, também através dos
exames de imagem, a cirurgia foi agendada para a semana seguinte. Para tratamento
foi prescrito dipirona gotas, na dose de 25mg/kg, PO, TID, durante 7 dias, carprofen
25mg, na dose de 4,4 mg/ kg, PO, SID, por 4 dias e cloridrato de tramadol, 2 mg/ kg,
PO, TID, durante 5 dias.
56
A transposição da tuberosidade tibial foi a técnica cirúrgica inicialmente
escolhida para correção da luxação de patela de grau 4 em membro direito. O paciente
foi trazido em jejum alimentar de 12 horas e hídrico de 6 horas para realização da
cirurgia.
Como medicação pré anestésica foi utilizado acepromazina na dose de
0,03mg/kg, IM, associado a petidina na dose de 3mg/ kg, IM. Para indução usou-se
propofol, IV, na dose de 4mg/ kg associado a quetamina, IV, 1 mg/ kg. O paciente foi
mantido em isofluorano durante todo o procedimento, além de ter sido efetuado
anestesia peridural com morfina na dose de 0,1mg/Kg, associado a fentanyl na dose de
2µg/kg e lidocaína na dose de 4mg/ kg. No pós operatório, no hospital veterinário, foi
administrado cloridrato de tramadol 50mg/ml, na dose de 2,5mg/ kg, IV, TID, dipirona
na dose de 30 mg/ kg, IV, TID e ceftriaxona 250mg na dose de 30mg/ kg, IV, SID.
O tratamento cirúrgico foi realizado através de acesso latero cranial, com
artrotomia parapatelar lateral e inversão medial da patela após secção do retináculo
lateral. Como no momento da cirurgia foi observado a tróclea extremamente rasa
optou-se pela associação da técnica de trocleoplastia (FIGURA 21). A tróclea rasa
poderia ter sido verificada através do exame de radiologia com a utilização da técnica
Skyline, porém para não proporcionar aumento de custos ao responsável não foi
solicitado novo exame RX.
57
FIGURA 21 - TROCLEOPLASTIA
A seta indica o leito congruente formado para a patela
Com a utilização de um osteótomo, ao nível da tróclea inicialmente efetuou-se
uma ressecção dos osteófitos marginais, seguida de abrasão do osso subcondral,
procurando-se formar um leito congruente para a patela.
Com a utilização do osteótomo e de um martelo ortopédico e com o auxílio
também de uma serra, para a realização da técnica de transposição da tuberosidade
tibial, foi efetuado uma pequena fratura na tuberosidade da tíbia, resultando em um
pequeno fragmento que deveria ser novamente fixado.
58
4.7.1 COMPLICAÇÕES TRANS E PÓS CIRURGIA
Durante a cirurgia utilizando a técnica de transposição da tuberosidade tibial, o
fragmento de tecido ósseo ficou com pouca margem, principalmente por se tratar de
animal de pequeno porte. No momento em que a broca de 1,5mm da furadeira estava
sendo utilizada para efetuar o leito ósseo receptor na tíbia, para posterior colocação do
parafuso cortical de 2,0mm o tecido ósseo se rompeu, despregando-se totalmente do
tendão patelar, dificultando a fixação na tíbia. Optou-se então pela colocação de um
pino de Steimann de 1,5mm de diâmetro, no sentido crânio caudal na tíbia, seguida de
torção contra lateral em face lateral do tendão, e um pino, também de 1,5 mm de
diâmetro, no sentido crânio caudal, também seguido torção contra lateral só que em
face medial parapatelar, procurando fixar o tendão patelar, para dar suporte de
sustentação; porém novamente houve rompimento de tecido quando a broca de 1,5mm
estava sendo utilizada, só que dessa vez do tendão patelar. O cirurgião corrigiu as
complicações efetuando uma osteotomia a trépano com uma broca de 1,5mm no
sentido latero medial na região da crista da tíbia para ancorar a sutura, envolvendo a
osteotomia a trepano mais os pinos inseridos craniocaudal na face medial e lateral do
tendão patelar, optando em seguida pela sutura do tipo Banda de Tensão, com fio de
nylon 1 (FIGURA 22).
59
FIGURA 22 – TÚNEL NA CRISTA DA TÍBIA
A seta branca indica o túnel efetuado na tíbia
A seta preta indica o pino de Steimann torcido contralateral
Eliminada a intercorrência (FIGURA 23) foi realizado capsulorrafia com sutura
do tipo imbricação lateral com fio PGA 3-0 em seguida o procedimento continuou
com a sutura subcutânea, tipo continua com fio PGA 3-0 e a sutura da pele Tipo U
contínuo e X interrompido, com fio de nylon 3-0.
60
FIGURA 23 – ELIMINAÇÃO DA INTERCORRÊNCIA
Findada a cirurgia foi efetuado um curativo no membro e realizada
imobilização do tipo Robert Jones modificada. O paciente recebeu alta no dia seguinte,
sendo prescrito para uso oral, cefalexina 250 mg/5ml, na dose de 200mg/Kg, BID
durante 15 dias, dipirona gotas 25mg/ kg, TID durante 4 dias, cloridrato de tramadol,
na dose de 2 mg/kg, TID, durante 7 dias, carprofen 25mg, na dose de 4,4mg/ kg, SID,
durante 7 dias.
Na semana seguinte, quando foi trazido para nova avaliação, o paciente
apresentava sinais de alergia ao esparadrapo do curativo, foi retirada parcialmente a
sutura e optou-se pelo uso de micropore. Realizada nova imobilização do tipo Robert
Jones, porém dessa vez buscando propiciar uma pequena amplitude de movimento. O
61
uso dos analgésicos foi suspenso, porém indicado continuar com o uso da cefalexina,
conforme prescrição anterior.
Quatorze dias depois, o paciente retornou para nova avaliação, retirada o
restante da sutura e realizado nova imobilização, proporcionando ainda mais amplitude
de movimento. A medicação foi suspensa ficando apenas prescrito o uso do analgésico
dipirona gotas na dose de 25mg/kg, caso ocorresse percepção de que o paciente esteja
apresentando dor.
62
4.8 DISCUSSÃO
O paciente mencionado segundo Marsiglia (2011), especialista em ortopedia e
traumatologia veterinária, apresentou luxação grau 4 em membro direito e grau 3 em
membro esquerdo e segundo Hulsen (1981); Farias (1995) ; Iamagutti, et al (2008), a
técnica de transposição da tuberosidade tibial consiste em uma das principais técnicas
de correção cirúrgica para a luxação de patela em cães, sendo a técnica inicialmente
escolhida pelo especialista depois de considerado o exame físico e o estado geral do
paciente, por ter sido verificado ao exame de radiologia o desvio de aproximadamente
90º da crista da tíbia, além da luxação patelar. No entanto, o arrasamento da tróclea
somente foi verificado no momento da cirurgia, sendo então necessária a associação da
técnica de trocleoplastia.
De acordo com Piermattei (1999) a técnica de osteotomia corretiva do fêmur
deve ser sido utilizada se a enfermidade é grave, e se o paciente se trata de raça de
grande porte e a patologia fosse luxação lateral. Porém como o ortopedista considerou
o tamanho e a raça do cão e levando em consideração também a deformidade, mesmo
sendo considerada de grau 4, porém não grave o bastante, optou pelo procedimento
corretivo descrito para realizar a estabilização da patela.
Segundo Piermattei (1999) a incisão medial da pele é feita para luxações
mediais e laterais. Para luxações mediais, uma artrotomia lateral com ou sem
capsulectomia é usada. Para luxações laterais, uma artrotomia medial é realizada. Se a
tuberosidade está acentuadamente desviada, a incisura é feita mais caudal e lateral na
tíbia. O tratamento cirúrgico foi realizado através de acesso latero cranial, com
63
artrotomia parapatelar lateral e inversão medial da patela após secção do retináculo
lateral por ser considerado pelo cirurgião o melhor acesso, porém talvez não tenha sido
utilizado um osteótomo tão largo quanto a tuberosidade para se evitar a separação da
patela conforme indica Piermattei, 1999, o que pode ter proporcionado um fragmento
muito pequeno levando a ocasionar as complicações da cirurgia, ou ainda talvez o
local da osteotomia não tenha sido adequado.
Burmann (2011) alega que as afecções da articulação femoropatelar tem alta
prevalência e grande número de casos insolúveis. Bueno, et al. (2008) afirmam que a
luxação aguda da articulação femoropatelar é um evento pouco frequente em animais,
porém animais jovens e atletas são acometidos com maior frequência. Chambat
(2011) indaga que o acometimento isolado da articulação femoropatelar nos processos
degenerativos do joelho é raro, porém concorda com Burmann (2011) quanto ao
tratamento controverso. Silvares, et al. (2010) afirma que o acometimento de lesões
na face lateral do joelho são menos frequentes que as mediais. Padilha (2005) afirma
que a reconstituição cirúrgica é de fácil execução. Enquanto que Piermattei (1999)
afirma que a falha na transposição do tubérculo/tuberosidade tibial é talvez a maior
causa de insucesso. Porém, concordando com Chambat (2011) sempre após a falha do
tratamento conservador o tratamento cirúrgico deve ser efetuado.
Segundo Camanho & Viegas (2005) a enfermidade ocorre em conseqüência de
traumas resultantes de uma associação de movimentos rotacionais com graus variáveis
de flexão do joelho. Em discordância Mello, et al (2009) afirmam que a articulação do
joelho centraliza forças do quadríceps no comando de alavanca e qualquer distúrbio na
sua estabilidade pode representar alteração funcional, algumas vezes incapacitantes.
64
Segundo o especialista Marsiglia (2011) o exame de radiologia deve ainda ser
considerado a melhor opção para diagnóstico de luxação de patela, porém o exame
físico e clínico é o que irá determinar a necessidade ou não do procedimento cirúrgico
e/ou tratamento conservador. Discordando, acredita-se que luxações de grau leve não
devem ser exclusivamente diagnosticadas por exames clínicos e físicos para
determinação de procedimento cirúrgico ou não, havendo necessidade de exames
complementares através principalmente de radiologia e caso ainda seja necessária, a
realização de tomografia computadorizada. Não devendo esquecer de que se deve
utilizar a melhor técnica para a devida avaliação.
Segundo Piermattei (1999) a cirurgia bilateral é recomendada, porém como a
dor pós operatória pode inibir seriamente tentativas de uso dos membros, o cirurgião
optou em efetuar a cirurgia unilateral inicialmente no membro mais afetado.
Ainda segundo Piermattei (1999) a colocação de bandagem externa não é
necessária em nenhum dos procedimentos, porém a colocação de bandagem
almofadada por 10 a 14 dias pode ser útil para animais ativos. E, caso o cão não
comece a apoiar peso dentro de quatro semanas, fisioterapia ativa poderá ser indicada.
Em desacordo com Piermattei (1999) o orientador profissional, especialista em
ortopedia e traumatologia animal Marsiglia (2011) e o professor orientador de clinica
cirúrgica Morishin Filho (2011) afirmam que fisioterapia deve ser iniciada logo após a
saída da cirurgia, tendo em vista que o animal já vem sofrendo hipotrofia muscular,
concordando também com Souza, et al, 2006 que afirmam que o protocolo de terapia
física seguida de imobilização influencia positivamente no retorno funcional do
membro.
65
4.9 CONCLUSÃO
Considerando o conjunto de dados apresentados, percebe-se que há
concordância entre os autores sobre as causas determinantes de luxação de patela,
sendo a causa congênita a de maior prevalência. O tipo de piso do ambiente pode
proporcionar e/ou interferir no grau de luxação de patela.
Além das frustrações que geralmente podem ocorrer tanto pela alta prevalência
como pelo grande numero de casos insolúveis e até mesmo pela escolha talvez incerta
do tratamento das luxações de patela, ainda pode haver complicações tanto no trans
quanto no pós operatório.
O tratamento é dependente do grau da lesão e dos sinais clínicos, buscando
sempre o retorno da função e a correção anatômica, podendo ser conservador ou
cirúrgico, mas deve ter o diagnóstico radiográfico e a avaliação cirúrgica eficaz antes
da efetivação do tratamento. A escolha do método depende do histórico clínico,
achados físicos e idade do paciente. Em grau 1 geralmente se efetua o tratamento
conservador, já em grau 2 pode haver a necessidade do tratamento cirúrgico após o
tratamento conservador não ter obtido sucesso. É necessária a realização da cirurgia
principalmente quando se tratar de luxação grau 3 ou 4. É indicado o início imediato
pós cirurgia de fisioterapia assistida como coadjuvante no tratamento para favorecer a
reabilitação, fortalecer a musculatura e/ou estabilizar a hipotrofia o mais precocemente
possível.
66
4.10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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71
Anexo 2
TABELA 2 – ATIVIDADES DA INTERNAÇÃO E DA UTI
Data
Exames
Físico e
Clínico
Gli Emergência
em UTI
Coleta
de Sg
Aferição
de PAS
Pós
Cirúrgico
Acesso
Venoso
Monitoramento em
Transfusão de Sg
Elaboração de
Boletim Médico
Colocação de
Sonda uretral
01.03 02² - - - - 01² - - - -
02.03 05² - - - - - - - - -
03.03 11² - - - - 01¹ - - - -
04.03 12² 03=1²,2¹ - 01² 01² - - - - -
07.03 10² - - - - 01¹ - 01¹ - -
09.03 12² - - - - - - - - -
10.03 09² - - 01² - - - - - -
11.03 11² 01¹ 01 ² - 01¹ - 01² 01¹ - -
14.03 12² - - - - - - - - -
15.03 14² - - - - - - - - -
16.03 13² - - - - - - - - -
17.03 11² - - - - 02¹ - - - -
18.03 12² - - 2=1²,1¹ - - - 01¹ - -
21.03 06² - - - - - - - - -
22.03 03² - - - - - - 01 ¹ - -
23.03 08² - - - - - - 01¹ - 02=1²,1¹
24.03 09=8²,1¹ - - - 01² 01¹ - - - 01¹
25.03 12=8²,4¹ - - 01¹ - - 01¹ - - -
28.03 13=8²,5¹ 01¹ - - - 01¹ 01¹ - - -
29.03 13² - - 02¹ - 01¹ - - - -
30.03 07² - - - - - - 01¹ - -
31.03 08=5²,3¹ - - 01¹ - 01¹ 01¹ - - -
01.04 08² - - - - 01¹ - - - -
04.04 04² 01¹ - - - - - - - -
05.04 05¹ - - - - 01¹ - - - -
06.04 07=5²,2¹ - - - - 01² - - - -
07.04 08² - - 01¹ - - - 01¹ - -
08.04 08² - - - - 01² - - - -
09.04 05² - - - - - - - - -
72
11.04 04² - - - - - - - - -
12.04 06¹ - - - - - 01¹ - - 01¹
14.04 04 ² - - - - - - - - -
15.04 03¹ - - - - - - - - -
16.04 02¹ - - - - - - - 02² -
18.04 10¹ - - - - - 02¹ - - 02¹
19.04 08¹ - - - - - - 01¹ 08¹ -
20.04 07² - - - - 01¹ - - - -
21.04 08² - - 02¹ - - - - - 01¹
22.04 09¹ - - - - - - - - 01¹
25.04 04=1²,3¹ - 01² - - - - - - 01¹
26.04 08=5¹,3² - - 02¹ - 02¹ 01¹ - - -
27.04 09=7¹,2² - - 03¹ - - - - - -
29.04 09=4¹,5² - - - - - - - 02² -
30.04 11=10¹,1² - - - 01¹ - 04¹ - 06¹ 01¹
02.05 11=5¹,6² - - 01¹ 01¹ - - - - -
03.05 13=2¹,11² 01¹ 03² - - 01¹ 03¹ - - -
04.05 8=1¹,7² 01¹ - - - - 01¹ - - -
05.05 07=4¹,3² - - 01¹ - - - - - 01¹
06.05 08² - - - - - - - - -
07.05 06=3¹,3² - - 01¹ - - - - - 03¹
09.05 08=5¹,3² 07¹ - 01¹ - - 03¹ - - 05¹
10.05 09=2¹,7² - - - - - - - - -
11.05 05=2¹,3² 03¹ - - - - - - - 01¹
12.05 08=3¹,5² - - - - - 01¹ - - 01¹
13.05 08=2¹,6² 02¹ - 02¹ - - 03¹ - - -
14.05 08=8² - - - - 02¹ - - -
16.05 11=2¹,9² 04¹ 01² 03¹ 01¹ - 04¹ - - 01¹
17.05 12=1¹,11² - - - - - 01¹ - - 02¹
18.05 10=1¹,9² - - - - - - - - -
19.05 08=3¹,5² 03¹ - - 01¹ - 03¹ - - 01¹
20.05 9 =2¹,7² 02¹ - 01¹ 01¹ - 01¹ - - 02¹
TOTAL¹ 109 28 - 24 06 13 33 08 14 26
¹ Atividade Realizada pela estagiária
² Realizado por outro profissional e acompanhado pela estagiária
75
Anexo 4
TABELA 3 – ATIVIDADES DURANTE O ESTÁGIO Data Consulta Pto Atendimento emergência Coleta
de Sg
Acesso Cirurgias Eletivas US RX
01.03 02 01 (Acidente Ofídico) - - 01 (Maxilectomia – massa tumoral) 01 01
02.03 - 01 (Discopatia) - - 01 Aproximação de feridas 02 01
03.03 - - - - 01 Maxilectomia-fratura bilateral
01 Orquiectomia
01
04.03 - - 02 - - 01 -
07.03 - - - - 01 OSH (Piometra) - 01
10.03 02 01 Otite
01Cardiopatia descompensada
01 - - - -
11.03 01 Convulsão Focal - - - - -
14.03 - - - - - 02 -
15.03 - - - - - 01 01
16.03 - - - - - 01 Cistocentese -
17.03 01 - - - 01 OSH
01 Laparatomia Exploratória
01 02
18.03 - - - - 01 OSH (Piometra)¹ - -
21.03 01 (retorno) - 01 - - 01 -
22.03 - - - - 01Cirurgia Orofacial+01Criocir. - -
24.03 - - - - - 01 -
28.03 - - - - 01 (Osteossíntese de Sínfise
Mandibular )¹
01¹ 01
29.03 - - - - 01 Esplenectomia¹ - -
31.03 - - - - 01 Orquiectomia - -
01.04 - - - - 01 Nefrectomia - -
04.04 - - 01² - - - -
05.04 - - - - 01 OSH (Piometra) - -
07.04 01 - - - - 01 -
08.04 - - 01² - - - -
09.04 - 01 Parto distocico - 02 (1²) - 01cistocentese
01 distocia
-
11.04 - - 01² - - - -
15.04 - - 02² - - - -
18.04 - - 01² - - 1 -
76
(Toracocentes+
Abdominocen-tese
19.04 01 - - - - - -
20.04 - - - - 01
Uretrocistotomia+Orquiectomia
- -
21.04 - 01 ( Trauma – Atropelamento) - - - - 02
22.04 - 08 (2 Traumas - atropelamentos,
1 hemorragia dental, 1 Trauma – briga ,
4 quadros de desidratações)
- - - - -
23.04 Feriado - - - - - -
25.04 - - - - - 01 01
26.04 - - - - 01 OSH (Piometra)¹ 01 -
27.04 - - - - - 02 01
30.04 - - - - - 01 -
02.05 - - - - - 01 07
03.05 01 - - - 01 OSH (Piometra)¹ - -
04.05 01 01² - - - -
06.05 01 - 01² - 01 Punção prostática + Hérnior- rafia¹ - -
07.05 02 - - - - - -
09.05 - - 02² 01² - 01 06
10.05 - 01 Trauma - atropelamento com
laceração e hemorragia abdominal
02² - - 01 02
11.05 01 - - - - 01 01
12.05 02 01 01² - - 01 04
13.05 01 - 02² - - 02 02
14.05 - 01 (paciente oncológico) 01² 01² - 01 01
16.05 01 - 02² - - 01 -
17.05 - - - - - - 04
18.05 03 - - - - - -
20.05 - - 04² - - - 01
TOTAL - - 22 03 06 - -
¹ Auxilio em Cirurgia
² Realizado pela estagiária
77
Anexo 5
TABELA 4 - ATENDIMENTOS COM ESPECIALISTAS Data Qte. Tt. Especialidade Qte Tipo de Procedimento
01.03 02 Gastroenterologia 01 Exame de Endoscopia
Ortodontia 01 Cirurgia (Maxilectomia)
03.03 01 Ortodontia 01 Cirurgia (Maxilectomia)
04.03 06 Cardiologia 05 Consultas/Exame-Ecografia e
Eletrografia
Neurologia 01 Avaliação Neurológica
07.03 01 Ortopedia 01 Avaliação Ortopédica
22.03 02 Oncologia 02 Consulta/Retorno
24.03 01 Ortodontia (fístula de palato duro) 01 Cirurgia – Palatoplastia
01.04 12 Endocrinologia 02 Consulta
Oncologia 08 Consulta/Retorno
02 Quimioterapia
04.04 04 Oncologia 01 OSH + Mastectomia
01 Quimioterapia
02 Consulta/Retorno
05.04 02 Ortopedia 01 Cirurgia Meniscectomia + Denervação
de Membro Pélvico¹
01 Cirurgia Osteossintese de Tibia¹
06.04 09 Oncologia 01 Cirurgia Cistectomia
02 Quimiterapia
06 Consulta/Retorno
08.04 09 Oncologia
01 Amputação de Membro Torácico
01 Mastectomia
03 Consulta/Retorno
04 Quimioterapia
11.04 07 Oncologia 02 Mastectomia¹
03 Quimioterapia
02 Consulta/Retorno
12.04 06 Cardiologia 04 Consulta/Exame Ecografia e/ou
Eletrografia
Especialista em Felinos 01 Consulta (Hipertireoidismo)
Endocrinologia 01 Consulta (Diabete)
14.04 02 Cardiologia 02 Consulta/Exame Ecografia e/ou
Eletrografia
15.04 07 Oncologia 03 Quimioterapia
04 Consulta/Retorno
18.04 09 Oncologia 03 Quimioterapia
06 Consulta/Retorno
19.04 05 Ortopedia 05 Consulta/Retorno
20.04 04 Oncologia 03 Consulta/Retorno
01 Quimioterapia
21.04 03 Ortopedia 01 Consulta (Lombalgia)
Oncologia 02 Quimioterapia
25.04 02 Ortodontia 01 Cirurgia - Palatoplastia
01 01 ATP
26.04 02 Ortopedia 01 Cirurgia-osteossintese - Fixação
externa de Tíbia ¹
01 Cirurgia Exploratória de Escápula
78
27.04 03 Oncologia 02 Quimioterapia
01
Consulta e exame citológico (Lipoma)
27.04
Plantão
03 Oncologia 02 Consulta
Neurologia 01 Consulta
02.05 01 Oncologia 01 Quimioterapia
03.05 01 Ortopedia 01 Cirurgia-Patelopexia ¹
04.05 02 Oncologia 02
Quimioterapia (01 reação a
Dactinomicina)
05.05 01 Cardiologia 01 Consulta
06.05 08 Oncologia 06 Quimioterapias
02 Consulta
07.05 01 Ortodontia 01 ATP
09.05 02 Oncologia 02 Consulta
10.05 04 Oncologia 01 Cirurgia-Amputação de dígito
01 Quimioterapia
02 Consulta
14.05 04 Dermatologia 04 Consulta-coleta de material para
citologia e pesquisa de ectoparasitas
16.05 04 Oncologia 02 Consulta
02 Quimioterapia
18.05 09 Ortodontia 01 ATP
Oncologia 04 Quimioterapia
04 Consulta/Retorno
20.05 06 Oncologia 03 Quimioterapia
03 Consulta/Retorno
TOTAL 145 - ¹ = 05
¹ Auxilio em cirurgia
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