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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE
FACULDADE DE DIREITO, CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS E ECONÔMICAS
CURSO DE DIREITO
André Alves
TRÁFICO DE DROGAS: Influência na criminalidade
Governador Valadares
2011
1
ANDRÉ ALVES
TRÁFICO DE DROGAS: Influência na criminalidade
Monografia submetida ao Curso de Direito da Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito. Orientador: Fabriny Neves Guimarães
Governador Valadares
2011
2
ANDRÉ ALVES
TRÁFICO DE DROGAS: Influência na criminalidade
Monografia submetida ao Curso de Direito da Faculdade de Direito, Ciências Administrativas e Econômicas da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de bacharel em Direito.
Governador Valadares, ____ de ____________ de 2011.
Banca Examinadora:
__________________________________________ Prof. Fabriny Neves Guimarães - Orientador
Universidade Vale do Rio Doce
____________________________________________________ Professor
Universidade Vale do Rio Doce
____________________________________________________ Professor
Universidade Vale do Rio Doce
3
Dedico à minha amada esposa, aos meus queridos filhos e aos meus familiares, pelo incentivo a minha formação profissional e acadêmica. Dedico a DEUS por ter me proporcionado uma visão ampla ao tema e força para concluí-lo. Que as informações possam servir de reflexão para que todos possam contribuir para um mundo melhor.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu Professor Orientador Fabriny Neves Guimarães pelo auxílio e
dedicação.
À minha esposa em especial, por ter ficado ao meu lado nos momentos difíceis.
Aos meus filhos por terem suportado minha ausência quando precisei deixá-los para
dedicar-me ao trabalho.
Aos meus familiares e amigos pelo carinho.
A Deus por ter me dado perseverança.
A todas as pessoas que de algum modo contribuíram para que este trabalho fosse
realizado.
5
“O homem frente ao perigo se lembra de DEUS e chama a Polícia, passado o perigo se esquece de DEUS e amaldiçoa a Polícia”.
Autor desconhecido.
6
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a grande preocupação das pessoas em geral com o tráfico de drogas, tendo em vista o mal que esse “câncer” tem trazido para a instituição família e à população. É importante ressaltar que embora seja um problema taxado como policial, é também social, tendo vista o grande número de viciados, alguns em tratamento nas clínicas particulares e outros nas organizações governamentais, entidades filantrópicas de tratamento aos viciados em drogas. O governo ainda está pouco atuante no que tange ao usuário, possui uma legislação que prevê o acompanhamento, porém, não possui muitas unidades com essa finalidade. O sistema judiciário está transbordando com os processos envolvendo crimes de tráfico de drogas e outros relacionados. As delegacias não estão diferentes, pois os policiais se perdem no meio de inquéritos de crimes de tráfico e outros crimes que, de certa forma estão ligados a esse, sejam homicídios, roubos, furtos e outros crimes violentos os quais seus autores se encontravam sob efeito de alguma substância entorpecente. Ademais, nosso sistema prisional encontra-se com uma população bem acima do número de vagas existentes, com presos que praticaram crimes de tráfico de drogas ou de outros crimes relacionados. Pode-se dizer com toda tranqüilidade que se o preso não praticou crime de tráfico, certamente o delito que ele cometeu está diretamente ligado a tal fato, pois o tráfico se tornou uma infração penal base. É notório que a maioria dos crimes estão relacionados ou ligados a esse delito, haja vista que sempre chegam ao denominador comum da motivação “droga”. Palavras chave: Droga. Crime e Polícia.
7
ABSTRACT
This paper aims to demonstrate the great concern of people in general with drug trafficking, in order that evil "cancer" has brought to the family institution and the public. Importantly, although it istaxed as a police problem, it is also social, with the large number of addicts, some in treatment in private clinics and other government rganizations, charities treatment to drug addicts. The governmentis still very active with respect to the user, has a law providing formonitoring, but do not have many units for this purpose. The justice system is overflowing with cases involving crimes of drug traffickingand related costs. The stations are not different, because the police are lost in the midst of investigations of crimes of trafficking and other crimes that are somehow linked to this, whether murder, theft, robbery and other violent crimes which their authors wereunder the influence of any narcotic substance. Moreover, our prison system is a population well above the number of vacancies, prisoners ho committed crimes with drug trafficking or related crimes. One can say with ease that if the prisoner did not committhe crime of trafficking, certainly he committed the crime is directlylinked to this fact, because trafficking has become a criminal basis. It is clear that most crimes are related or linked to this offense, given that always reach the common denominator of motivation "drug." Keywords: Drugs. Crime and Police.
8
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Gráfico 1 – Idade das vítimas de homicídio ......................................................... 27
Gráfico 2 – Motivação dos homicídios ................................................................. 28
Gráfico 3 – Meios utilizados na execução ............................................................ 29
Gráfico 4 – Sexo das vítimas de homicídio .......................................................... 30
Gráfico 5 - Média de detentos, acusados de tráfego, do presídio de Gov.
Valadares................................................................................................................ 31
Gráfico 6 - Homicídios nas áreas de atuação do Fica Vivo................................... 34
Gráfico 7 - Autoria/Elucidação dos homicídios...................................................... 35
Gráfico 8 - Área de ocorrência dos homicídios...................................................... 36
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Homicídios registrados pela PMMG em Governador Valadares ......... 30
Tabela 2 – Crimes relacionados com a Lei 11.343/06 da 8ª RPM ........................ 31
Tabela 3 – Crimes ocorridos em Governador Valadares ...................................... 31
Tabela 4 – Número de detentos da cadeia pública de Governador Valadares e os crimes por eles cometidos.................................................................................
32
Tabela 5 - Número de detentos por tráfico de drogas no presídio de Governador Valadares ..............................................................................................................
32
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 11
2 CONCEITO DE DROGAS ............................................................................... 13
3 DROGAS ILÍCITAS MAIS POPULARES E SEUS EFEITOS .......................... 14
4 A CRIMINALIDADE E AS DROGAS ................................................................. 16
5 LEGISLAÇÃO SOBRE DROGAS...................................................................... 22
6 GOVERNADOR VALADARES: A CRIMINALIDADE E AS DROGAS.............. 26
6.1 PODER JUDICIÁRIO E AS DROGAS ........................................................... 26
6.2 POLÍCIA CIVIL ................................................................................................ 26
6.3 POLÍCIA MILITAR E A PREVENÇÃO CRIMINAL.......................................... 30
6.4 CADEIA PÚBLICA............................................................................................ 31
7 INFLUÊNCIA CRIMINAL ................................................................................... 33
8 CONCLUSÃO .................................................................................................... 38
REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 43
11
1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo demonstrar a grande preocupação da
população em geral com o tráfico de drogas, tendo em vista o mal que esse “câncer”
tem trazido para a instituição família e às pessoas em particular. A sociedade tem
sofrido com as mazelas apresentadas pelo consumo exagerado das drogas.
Os índices criminais estão crescentes com relação ao crime de tráfico de
drogas, e o envolvimento de viciados no diversos delitos, principalmente os contra o
patrimônio, é cada vez mais elevado. A população carcerária cresce na medida em
que o combate é intensificado pelos órgãos que compõem o sistema de defesa
social.
Minas Gerais vem adotando uma política de redução da criminalidade
violenta, principalmente relação ao crime de homicídio. Dados da Delegacia de
Homicídios da Polícia Civil de Governador Valadares mostram que os índices de
crimes contra a vida estão diminuindo nos últimos anos. Uma pesquisa realizada
pelo Investigador de Polícia Civil Hélio Cássio de Souza e Coordenada pelo
Delegado responsável pela Delegacia de Homicídios de Governador Valadares Bel.
Vinícius Sampaio da Costa traz dados interessantes sobre os crimes contra a vida
na cidade, mostram motivação, armas utilizadas pelos criminosos, idade das vítimas
dentre outras informações importantes. Na cidade, única a ser contemplada com o
programa no Estado, foi criado o Grupo Integrado de Intervenção Estratégica (GIIE),
uma força tarefa composta por policiais civis e militares, com o objetivo de combater
os crimes contra a vida. Isso vem reduzindo consideravelmente as estatísticas
criminais na região.
Importante ressaltar que embora seja um problema policial, é também social,
haja vista o grande número de viciados perambulando pelas ruas, cometendo
pequenos delitos para sustentar o vício.
Ademais, nosso sistema judiciário está abarrotado com processos de tráfico
de drogas ou de outros crimes ligados a ele. Os crimes de uso de drogas não ficam
de fora, pois, são muitos na única vara do Juizado Especial Criminal da cidade de
Governador Valadares.
A luta de algumas pessoas da sociedade em legalizar o consumo da
maconha tem sido alvo de protesto e foi pauta no Supremo Tribunal Federal. Um
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grupo liderado pelo deputado eleito pelo Rio de Janeiro, Fernando Gabeira (PV)
busca a liberação para o uso da maconha. Fato que já ocorre em alguns países, tais
como Argentina, Holanda e Alemanha.
Em todo país estavam sendo proibidas as manifestações em favor da
liberação da droga, que era veementemente combatida pelas forças policiais. Após
uma decisão do STF a chamada “Marcha da Maconha” foi liberada no país.
13
2 CONCEITO DE DROGAS
Droga é considerada uma substância capaz de causar mudanças no
organismo das pessoas através de reações inesperadas. Um conceito mais técnico
de droga foi encontrado no site da Wikipédia (Enciclopédia Livre):
Droga é toda e qualquer substância, natural ou sintética que introduzida no organismo modifica suas funções. As drogas naturais são obtidas através de determinadas plantas, de animais e de alguns minerais. Exemplo a cafeína (do café), a nicotina (presente no tabaco), o ópio (na papoula) e o THC tetrahidrocanabiol (da cannabis). As drogas sintéticas são fabricadas em laboratório, exigindo para isso técnicas especiais. O termo droga, presta-se a várias interpretações, mas ao senso comum é uma substância proibida, de uso ilegal e nocivo ao indivíduo, modificando-lhe as funções, as sensações, o humor e o comportamento. Do ponto de vista jurídico, segundo prescreve o parágrafo único do art. 1.º da Lei n.º 11.343, de 23 de agosto de 2006 (Lei de Drogas): "Para fins desta Lei, consideram-se como drogas as substâncias ou produtos capazes de causar dependência, assim especificados em lei ou relacionados em listas atualizadas periodicamente pelo Poder Executivo da União". Isto significa dizer que as normas penais que tratam do usuário, do dependente e do traficante são consideradas normas penais em branco. Atualmente, no Brasil, são consideradas drogas todos os produtos e substâncias listados na Portaria n.º SVS/MS 344/98.
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3 DROGAS ILÍCITAS MAIS POPULARES E SEUS EFEITOS
Maconha – A maconha é um produto vegetal oriundo da planta Cannabis
Sativa, tendo como principal composto químico o THC (delta 9 tetrahidrocanabinol),
cuja concentração média é de 8%, porém, algumas variações da droga, como o
“Skunk” produzem 33% de THC.
A droga é consumida com sua queima e posteriormente inalando a fumaça,
ou pode ser usada na forma de chá. A planta funciona como alucinógeno e
alucinante, seus efeitos são físicos e neurológicos, sendo, aumento da freqüência
cardíaca, diminuição da pressão do sangue, diminuição da coordenação
psicomotora e perda de memória.
Cocaína – A segunda droga mais consumida no mundo, perdendo apenas
para a maconha é oriunda do arbusto Erythroxylum Coca. Ela tem sua origem na
América do Sul, mais precisamente Bolívia e Peru. A cocaína tem aspecto de pó
branco e cristalino. A droga é normalmente consumida por inalação do pó, contudo,
pode ser injetada diretamente na corrente sanguínea. Sua produção é realizada
através de extração, utilizando como solventes álcalis, ácido sulfúrico, e querosene,
originando a pasta base. Nesse produto são misturados outros produtos como
bicarbonato de sódio, pó de mármore e ácido bórico.
Seus efeitos imediatos, após o consumo, duram cerca de 40 minutos,
causando euforia, sensação de poder, ausência de medo, ansiedade, agressividade,
excitação física, mental e sexual, perda de apetite, insônia e delírio. Os efeitos no
organismo variam entre taquicardia, hipertensão arterial, urgência na urinação,
tremores, dilatação da pupila, hiperglicemia, suor e salivação intensa e com textura
grossa e dentes anestesiados coração bate mais rápido e forte contra o peito. O uso
exagerado pode causar arritmia cardíaca convulsões e depressão respiratória,
levando o usuário a morte imediata.
A droga tem seu uso medicinal há mais de 1000 anos. Os trabalhadores
mastigavam a folha de coca para suportar a fome, a sede e o cansaço, assim sendo,
não precisariam transportar tanta bagagem ao saírem para trabalhar nas
montanhas.
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Crack – A droga tem esse nome devido aos estalos que provocam durante a
queima. É considerada subproduto da cocaína, pelo fato de unir o pó branco com
água e bicarbonato de sódio, essa mistura gera uma pedra amarelada.
A fumaça inalada após a queima da pedra é levada ao sistema nervoso
central em dez segundos, provocando euforia, alegria, suprema confiança, perda de
apetite, insônia, aumento de energia, necessidade de mais uma dose, constrição
dos vasos sanguíneos, pupilas dilatadas, aumento da temperatura, freqüência
cardíaca e da pressão arterial. A dependência da droga é quase imediata. A droga é
muito barata e seu consumo tem tomado proporções assustadoras.
16
4 A CRIMINALIDADE E AS DROGAS
Durante muitos anos assistiu-se à evolução da criminalidade no Brasil, foram
acontecendo diversos tipos penais, sendo que alguns de forma mais rápida, outras
até hoje, persistem na vida dos brasileiros.
Fazendo uma breve pesquisa pelo site da Revista Veja, podem-se perceber
ao longo dos anos a mudança dos crimes que estão na mídia. Os crimes acontecem
com muita freqüência em determinada época, e em outra, já não estão mais em
evidência.
Um assunto que está na atualidade são as chamadas moda e tendência.
Moda é aquilo que chega ao nosso convívio, fica certo tempo, e depois sai de cena.
Já a chamada tendência chega e assume seu lugar, sem mais sair.
Fazendo uma analogia pode-se dizer que a criminalidade segue o mesmo
ritmo. Nesse país passaram crimes que são considerados da moda, ou seja, eles
iniciam, ficam por certo tempo e depois saem de cena.
A Revista Veja publicou em suas matérias de capa os crimes mais evidentes
e que ocorriam com mais freqüência em cada período, sendo possível notar que
alguns tipos penais passaram de forma avassaladora pelo povo brasileiro. A história
mostra que os criminosos vão evoluindo à medida que os órgãos de segurança
pública se tornam eficazes no combate àqueles crimes os quais eles tendem a
praticar.
O crime de extorsão mediante seqüestro foi um deles, veio de tal modo que
no final dos anos 80, início dos anos 90, tinha vários seqüestros ocorrendo ao
mesmo tempo, dificultando ainda mais o trabalho da polícia. As vítimas eram os
grandes empresários, os artistas famosos e até os políticos.
Embora a história nos remeta ao Século XLIII, foi no início dos anos 90 que o
Jogo do Bicho tomou expressão no cenário nacional. A contravenção caiu nas
graças do povo e a simpatia com o ilícito penal era tão grande que todos faziam uma
“fezinha”. As apostas eram coisas tão populares que tornava muito difícil o combate.
As notícias veiculadas na imprensa da época era que o Jogo do Bicho estava
financiando tudo, campanha política, times de futebol e até o carnaval carioca.
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O crime de roubo a banco também teve seu ápice, pois nas grandes cidades,
isso estava se tornando rotina, chegando ao ponto de ocorrerem cerca de 10 crimes
desta natureza diariamente. A onda de violência era tão grande que assustou o país.
À medida que os órgãos de segurança pública agiam para evitar as
modalidades delituosas, as quadrilhas viam migrando para outro tipo penal; daí
então chegou a vez do seqüestro relâmpago. Eram inúmeros os casos diários,
levando as instituições policiais e o bancos a tomarem algumas medidas para
garantir a segurança dos clientes. Foi assim que se definiu que os caixas
eletrônicos, grandes alvos dos criminosos, deixassem de funcionar no período
compreendido entre 22:00 às 06:00 da manhã.
Nos últimos dias a mídia tem divulgado com frequência uma onde de
explosões a caixas eletrônicos, os criminosos utilizam explosivos para arrombá-los e
levar o dinheiro.
Durante longos anos o Brasil pode assistir essa evolução criminal, condutas
que estavam na moda através de fatos marcantes, rapidamente saíam da mídia e
dava lugar a outro tipo de crime, que assumia o lugar e à partir daí era considerado
a “bola da vez”, contudo, não permanecia por muito tempo, dando ênfase à definição
de tendência.
Nesse íterim, pôde-se acompanhar o acontecimento de delitos que não
saíram mais. Crimes como o contrabando e descaminho, as falsificações e o tráfico
de drogas.
Um documentário dirigido por Kátia Lund e João Moreira Salles, produzido em
1999, mostra a realidade das favelas cariocas. O documentário mostra depoimentos
de policiais, criminosos e moradores das favelas.
Um estudo realizado durante a gravação do documentário mostra que a
maconha entrou no Brasil no final dos anos 70, início dos anos 80, no movimento
Hipe. A droga representava a liberdade, cultura vinda do EUA, posteriormente veio a
cocaína, droga dos ricos, somente a classe alta tinha poder aquisitivo para custear
as despesas.
Com a entrada das drogas no país, os militares, que eram representados pelo
Governo Militar da época no Brasil, tomaram algumas medidas que de certa forma
auxiliaram no crescimento da criminalidade. Nas cadeias que já eram lotadas
ficavam os presos comuns. O governo da época então decidiu colocar junto com
esses criminosos os presos políticos, à partir daí, de acordo com o governo, em uma
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cela de maioria preso comum, baixa instrução, sendo cerca de 50 ou 60 detentos, se
colocasse 5 presos políticos, esses teriam, em tese, seus ideais absorvidos pelos
demais, isso de acordo com os pensamentos medíocres dos líderes da época.
Porém, o tiro saiu pela culatra, o preso político, dotado de conhecimento políticos
começou a incutir valores sociais aos demais companheiros de cela, levando esses
a conhecerem os objetivos e ideais de liberdade, justiça e igualdade.
Naquela época, traduzindo esses objetivos e os transportando para a
realidade dos criminosos, surgiu o “Comando Vermelho”, organização criminosa que
foi crescendo e hoje é esse monstro que assola a segurança de nosso país,
explorando principalmente o tráfico de drogas como atividade principal. Essa
organização criminosa comanda o tráfico na maioria das favelas das grandes
capitais do país, principalmente na cidade do Rio de Janeiro onde foi fundada.
Com o surgimento dessa facção criminosa surgiram as divergências dentro do
grupo, fazendo surgir na seqüência outros grupos, que se tornaram rivais para
disputarem os pontos de vendas de drogas, grupos como “Terceiro Comando” e
“Amigo Dos Amigos”.
Na data de 2 de outubro de 1992, na capital, São Paulo, ocorreu o chamado
“Massacre do Carandiru”, matéria veiculada no O GLOBO ON LINE, pela internet,
mostra que deu a invasão deu início a uma grande revolução na criminalidade
daquele Estado e consequentemente a criação de uma grande facção criminosa.
Ocorreu uma rebelião seguida da invasão da polícia, ordenada pelo Coronel
Ubiratan, que culminou na morte de 111 detentos daquela unidade prisional.
Desse acontecimento histórico é que nasceu o Primeiro Comando da Capital
(PCC), hoje com expressão em todo território nacional. Uma facção criminosa
divulgada pelos seus membros como “Partido”, com fins sociais, porém, só para
seus correligionários, seguindo os mesmos ideais do Comando Vermelho, porém,
com objetivos criminosos mais amplos, explorando outros crimes além do tráfico de
drogas.
SÃO PAULO - O episódio que ficou conhecido 'massacre do Carandiru' ocorreu em 2 de outubro de 1992, quando a Tropa de Choque da Polícia Militar, comandada pelo coronel Ubiratan Guimarães , invadiu o presídio para por fim a uma rebelião. Durante as cerca de sete horas de invasão da PM, 111 detentos foram mortos. O massacre virou tema de filmes e livros. A rebelião teria começado por um motivo banal: uma briga entre detentos por um espaço no varal. Relatos dão conta
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de que não havia perigo de fuga e os presos já tinham começado a se render quando a PM iniciou a invasão. Muitos detentos foram mortos dentro de suas celas, onde teriam se refugiado durante a invasão. Os PMs dispararam contra eles com metralhadoras, fuzis e pistolas automáticas. A invasão começou por volta das 16h e a PM deixou o prédio perto da meia-noite. Foram ao todo 515 tiros, disparados principalmente na cabeça e no tórax. Ao final da operação, foram encontrados 111 detentos mortos: 103 vítimas de disparos e 8 feridos com objetos cortantes. Outros 153 ficaram feridos, entre detentos (130) e policiais (23). Eram 2.069 internos no Pavilhão 9 de Carandiru no dia da rebelião. Segundo entidades de direitos humanos, apenas 15 guardas penitenciários faziam a vigilância do local. Ocorrido na gestão do então governador Antonio Fleury Filho (1991-1992), o massacre teve repercussão internacional. De todos os acusados, apenas o coronel Ubiratan Guimarães, hoje deputado estadual, foi julgado e condenado por júri popular. Segundo o Movimento Nacional dos Direitos Humanos, 84 policiais envolvidos ainda não foram julgados pelos homicídios por conta dos vários recursos apresentados e da morosidade da Justiça. Outros 29 sequer foram julgados, pois eram acusados de lesão corporal leve e os crimes prescreveram. (O GLOBO ON LINE, 1992)
Ainda seguindo essa evolução, observa-se os delitos como contrabando,
descaminho e falsificação, os shoppings populares vêm crescendo em todo o país, a
simpatia da população vem fomentando essa modalidade delituosa, o povo prefere
comprar produtos pirateados com preços menores, e correr o risco de não ter a
garantia por um produto inferior, do que pagar mais caro e ter a garantia de um
produto original.
Produtos como um DVD, onde o original custa cerca de R$30,00, e o
pirateado pode custar até R$3,00, ou seja, 10% do valor. Um aparelho de telefone
celular está custando cerca de R$200,00, enquanto o mesmo produto falsificado
custa cerca de R$50,00 nos shoppings populares ou camelôs.
O grande fator que favorece essa modalidade criminosa é a simpatia popular,
pois enquanto houver procura dos consumidores por esses produtos falsificados,
haverá um mercado para fornecer esses produtos.
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O que mais chama a atenção é que poucas pessoas ganham com esse
comércio, pois além da negativa do imposto, existe o superfaturamento até a
chegada do produto nas mãos do consumidor.
Esses produtos entram no país de forma ilegal e acompanhados de outros
produtos como armas e munições, que acabam parando nas mãos de criminosos e
principalmente traficantes, que as usam não só nas lutas por território, mas, também,
no confronto com as forças policiais.
A evolução criminal é notória desde os primórdios. Nota-se em épocas
remotas que a criminalidade trazia alguns requisitos que atualmente não se fazem
presentes nos dias de hoje, passados os períodos onde eram comuns os crimes de
seqüestros, também houve uma época onde o crime da moda era o roubo à banco,
e até mesmo por um período onde a moda da vez era o jogo do bicho, esse foi difícil
tirar da população, a maioria das pessoas tinham o costume de jogar um pouco do
seu dinheiro .
Pouco a pouco todos esses crimes foram perdendo terreno, alguns até caíram
de moda e quase não se vê mais. Embora alguns ainda persistissem, são mais
raros.
O que preocupa é o crime de tráfico de drogas, a droga chegou ao país, vinda
dos Estados Unidos, foi ocupando espaço devagar e agora está presente em todo
território nacional e ninguém consegue controlar. O mercado da droga é o mais
próspero atualmente, pois sempre tem comprador e, conseqüentemente, sempre
terá vendedor.
No Brasil se iniciou com esse mal com a “maconha”, posteriormente veio a
“cocaína” e por último veio o “crack”, essa última é a mais violenta, pois seus efeitos
são arrebatadores, o consumo é rápido, o efeito é instantâneo e a dependência é
imediata. É claro que existem outras drogas que entraram no Brasil nesse ínterim,
mas que não tomam uma proporção preocupante no cenário nacional. Atualmente
foi descoberto o “óxi”, com efeitos mais fortes e intensos que o crack, por isso, os
próprios usuários estão receosos em consumir a droga, mas que, devagar, vai
tomando espaço entre eles.
O exemplo mais visível no Brasil de domínio da criminalidade é na cidade do
Rio de Janeiro. As favelas são dominadas por facções criminosas que exploram a
venda de drogas. Nesses locais o Estado quase não entra, quando entra é através
da polícia com invasão coordenada e confronto com os traficantes.
21
Por muitos anos foram noticiados na mídia os confrontos nas favelas
cariocas, causados pela invasão policial ou até mesmo entre facções rivais.
Contudo, ocorreu um fato que teve repercussão mundial, em pleno domingo a
Polícia Militar do Rio invadiu a favela apoiado por uma força tarefa composta pela
Polícia Civil, Marinha, Exército e Polícia Federal. Foi um verdadeiro “pandemônio”. A
fuga dos criminosos em uma estrada sem pavimentação nos fundos da favela foi o
mais comentado no mundo todo. Os criminosos evitaram o confronto frente a uma
força tão grande. O resultado foi melhor que o esperado. A pergunta que não quer
calar é porque demorou tanto?
O que todos já sabiam é que não adiantava invadir, prender traficantes,
drogas e armas e depois ir embora. O correto é ficar e realizar um trabalho social
com a comunidade. Adotar ali uma política de segurança duradoura aliada a um
trabalho social.
Porém, tudo já estava planejado, após a invasão a comunidade foi ocupada e
implantada na região a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), modelo criado pelo
governo carioca para melhorar a vida dos moradores das favelas do Rio.
O que se pode observar é que esse modelo onde a polícia está mais próxima
da comunidade foi aprovado e aplaudido por todos.
22
5 LEGISLAÇÃO SOBRE DROGAS
O problema é tão preocupante que foi alvo recente de mudanças na
legislação brasileira, de acordo com a nova lei antidrogas, Lei 11.343/2006, a pena
ficou mais exigente com relação ao traficante e mais branda com relação ao usuário,
pois o novo modelo segue o americano, tratando o usuário de drogas como uma
pessoa que necessita de tratamento, extinguindo, portanto a pena de prisão prevista
no artigo 16 da Lei nº 6.368/ 76, atribuindo a ele somente prestação de serviço à
comunidade, advertência sobre os efeitos das drogas e comparecimento em cursos
e palestras antidrogas.
Antes: Lei 6.368/1976
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornecer ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
Pena - Reclusão, de 3 (três) a 15 (quinze) anos, e pagamento de 50 (cinqüenta) a 360 (trezentos e sessenta) dias-multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem, indevidamente:
I - importa ou exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda ou oferece, fornece ainda que gratuitamente, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda matéria-prima destinada a preparação de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita de plantas destinadas à preparação de entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica.
§ 2º Nas mesmas penas incorre, ainda, quem:
I - induz, instiga ou auxilia alguém a usar entorpecente ou substância que determine dependência física ou psíquica;
II - utiliza local de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, para uso indevido ou tráfico ilícito de entorpecente ou de substância que determine dependência física ou psíquica.
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III - contribui de qualquer forma para incentivar ou difundir o uso indevido ou o tráfico ilícito de substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica.
Art. 16. Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso próprio, substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e pagamento de (vinte) a 50 (cinqüenta) dias-multa.
A nova lei visa tratar o usuário de drogas não como criminoso, mas, como
alguém que comete um ilícito sui generis, ou seja, ainda está previsto como ilícito
penal, contudo não recebeu a chamada descriminalização.
Atualmente: Lei 11.343/2006
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar:
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem:
I - importa, exporta, remete, produz, fabrica, adquire, vende, expõe à venda, oferece, fornece, tem em depósito, transporta, traz consigo ou guarda, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, matéria-prima, insumo ou produto químico destinado à preparação de drogas;
II - semeia, cultiva ou faz a colheita, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, de plantas
24
que se constituam em matéria-prima para a preparação de drogas;
III - utiliza local ou bem de qualquer natureza de que tem a propriedade, posse, administração, guarda ou vigilância, ou consente que outrem dele se utilize, ainda que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar, para o tráfico ilícito de drogas.
§ 2o Induzir, instigar ou auxiliar alguém ao uso indevido de droga:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa de 100 (cem) a 300 (trezentos) dias-multa.
§ 3o Oferecer droga, eventualmente e sem objetivo de lucro, a pessoa de seu relacionamento, para juntos a consumirem:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e pagamento de 700 (setecentos) a 1.500 (mil e quinhentos) dias-multa, sem prejuízo das penas previstas no art. 28.
§ 4o Nos delitos definidos no caput e no § 1o deste artigo, as penas poderão ser reduzidas de um sexto a dois terços, vedada a conversão em penas restritivas de direitos, desde que o agente seja primário, de bons antecedentes, não se dedique às atividades criminosas nem integre organização criminosa.
Embora tenha melhorado, não ouve uma mudança expressiva no tocante ao
tráfico, pois a pena mínima aumentou para cinco anos e a multa aumentou entre 500
a 1500 dias multa.
O professor Luiz Flávio Gomes, em sua obra “Lei de Drogas Comentada”,
disserta sobre a preocupação do legislador com o tráfico de drogas, mas, também,
faz referência ao uso, que na nova lei, é tratado não como um criminoso, mas como
alguém que precisa de tratamento.
[...] De acordo com nossa opinião, a posse de droga para consumo pessoal deixou de ser formalmente “crime”, mas não perdeu seu conteúdo de infração. [...]
[...] A conduta descrita no art. 28 da nova lei continua sendo ilícita. [...] (Gomes, Luiz Flávio,2007)
Na obra o doutrinador diz que, ao contrário de que alguns entendem, não
houve a descriminalização do uso de drogas, contudo, houve a chamada
descriminalização formal, pois não é imputado ao usuário pena de prisão, conforme
25
a lei anterior. A nova lei traz como medida punitiva a advertência sobre os efeitos
das drogas, prestação de serviço à comunidade e à frequência em curso ou
palestra.
26
6 GOVERNADOR VALADARES: A CRIMINALIDADE E AS DROGAS
6.1 PODER JUDICIÁRIO E AS DROGAS
Nas varas criminais de Governador Valadares havia no ano de 2010 7.248
processos no total, sendo que desses, 932 são de tráfico de drogas. Já no ano de
2011, de janeiro a julho, haviam 4055, sendo 438 por tráfico de drogas,
representando 12,86% em 2010 e 10.8% em 2011. Isso demonstra que grande parte
dos processos em andamento nas varas criminais da cidade é de crime de tráfico de
drogas. (TJMG/CPD)
6.2 POLÍCIA CIVIL
A Delegacia de Homicídios de Governador Valadares, através do Inspetor
Hélio Cássio, realizou uma pesquisa dos crimes apurados por seus agentes nos
anos de 2008 à 2011, foi constato que a maioria das vítimas tinha idade entre 18 e
24 anos, e que o meio utilizado nos crimes é arma de fogo. A pesquisa mostra ainda
que só no ano de 2010, foram 17 mortes motivadas por drogas, sendo que no ano
todo 98 pessoas foram assassinadas, isso significa um percentual de 17,35%.
Os dados não mostram uma influência tão expressiva quanto a esperada,
poré m, de acordo com a delegacia, esse percentual pode mudar na medida em que
os inquéritos vão sendo concluídos. Os crimes que estão em apuração, na maioria
das vezes, não apresentam motivação, ou quando apresenta, essa pode ser
mudada com a conclusão do procedimento investigatório. Assim sendo, os crimes
cuja motivação não consta na pesquisa podem acrescer os parâmetros já
apresentados.
Há um fator que não foi apresentado na pesquisa, mas, que é levado em
consideração pelos agentes, os crimes cuja motivação é apresentado gangues,
vingança e dívidas podem ter ligação direta com o tráfico de drogas.
27
Gráfico 1 – Idade das vítimas de homicídio
8º DPC – 1 ª DRPC
DIVISÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA
IDADE DAS VÍTIMAS DE HOMICÍDIOS
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
O gráfico 1 mostra o número esmagador de jovens como vítimas de crime de
homicídio. É vidente a queda desses crimes devido à intervenção estatal. O Grupo
Integrado de Intervenção Estratégica vêm fazendo um trabalho excelente na cidade
e região, além da política de redução de criminalidade entre os órgãos que
compõem Sistema de Defesa Social.
Embora a pesquisa faça uma divisão entre as vítimas por idade, o que se
pode notar é que as vítimas estão entre a faixa etária das pessoas economicamente
ativas.
28
Gráfico 2 – Motivação dos Homicídios
8º DPC – 1 ª DRPC
DIVISÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA
MOTIVAÇÕES DOS HOMICÍDIOS
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
Os crimes de homicídio apresentam razões diversas e motivações variadas.
O que se pode notar através da pesquisa é participação significativa das drogas. No
ano de 2008, dos 105 crimes, 34 foram motivados pelas drogas.
Já no ano de 2009 foram 5 crimes motivados por drogas, de um total 112.
Esse número volta a subir no ano seguinte, foram 17 mortes motivadas por
drogas em um montante de 108.
29
Gráfico 3 – Meios utilizados na execução
8º DPC – 1 ª DRPC
DELEGACIA DE CRIMES CONTRA A VIDA
MEIOS UTILIZADOS NA EXECUÇÃO
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
É muito grande o número de armas de fogo utilizadas nos crimes, ficando as
armas brancas e outras armas, com menos de 20% do total. Mesmo com as
mudanças na legislação com relação às armas de fogo, nota-se que existem muitas
armas nas mãos dos criminosos.
30
Gráfico 4 – Sexo das vítimas de homicídio
8º DPC – 1 ª DRPC
DIVISÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA
SEXO DAS VÍTIMAS DE HOMICÍDIOS
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
O gráfico 5 apresenta a esmagadora vitória dos homens como vítimas de
homicídio, em todos os anos o que se pode observar é que o número de mulheres
como vítima não alcançam os 10%.
6.3 POLÍCIA MILITAR E A PREVENÇÃO CRIMINAL
De acordo com dados da Polícia Militar, as apreensões de drogas por tráfico
vêm aumentando na cidade, isso não quer dizer que o tráfico está aumentando, mas
sim que o trabalho tem sido mais efetivo e com maiores resultados. Já o crime de
uso de drogas se manteve estável.
Tabela 1 - Homicídios registrados pela PMMG em Governador Valadares
Ano/Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Total
2007 8 9 11 11 11 8 9 9 12 7 3 4 102 2008 11 7 11 11 6 11 6 5 6 9 5 6 94 2009 6 10 12 7 10 10 8 4 5 11 7 5 95 Dados Básicos: Armazém de dados de Ocorrências da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) Elaboração: Núcleo de Estudos em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro (NESP-FJP)
31
Tabela 2 – Crimes relacionados à Lei 11.343/06 da 8ª RPM
2008 2009 2010 SOMA
POSSE PARA USO DE DROGAS 518 613 601 1.732 TRÁFICO DE DROGAS 201 302 379 882 SOMA 719 915 980 2.614
Fonte: 8ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais Tabela 3 – Crimes ocorridos em Governador Valadares
2008 2009 2010 SOMA
FURTOS 5.555 5.101 5.970 16.626
CRIMES VIOLENTOS 1.771 1.319 1.133 4.223
Fonte: 8ª Região da Polícia Militar de Minas Gerais
6.4 CADEIA PÚBLICA
O presídio de Governador Valadares possui atualmente 601 detentos
acusados de praticar crimes diversos e aguardam julgamento. Desse número, 124
são acusados de terem cometido crime de tráfico de drogas, representando um
percentual de 20.63% do número total de detentos.
Dados da administração do presídio revelam que em média o presídio
mantém cerca de 550 detentos, sendo que aproximadamente 130 são acusados de
tráfico de drogas, aumentando o percentual para 23.63%.
Gráfico 5 – Média semestral de detentos acusados de tráfego, do presídio de Governador Valadares
Fonte: Presídio de Governador Valadares/Infopen
32
Tabela 4 – Número de detentos da cadeia pública de Governador Valadares e os crimes por eles cometidos.
Crime/artigo Nº de detentos Percentual %
Homicídio 87 15
Seqüestro 2 0.33
Furto 162 26.95
Roubo 136 22.62
Extorsão 2 0.33
Apropriação indébita 2 0.33
Estelionato 2 0.33
Receptação 8 1.33
Porte de arma 42 6.98
Estupro 10 1.66
Quadrilha ou bando 6 0.99
Moeda falsa 1 0.16
Falsificação 4 0.66
Uso de documento Falso 4 0.66
Lei 8069 – ECA 8 1.33
Lei 9455 – Tortura 1 0.16
Tráfico 124 20.63
Total 601 100
Fonte: Presídio de Governador Valadares/ Infopen
Tabela 5 - Número de detentos por tráfico de drogas no presídio de Governador Valadares
Crime/artigo 2009 2010 2011
Janeiro 103 54 143
Fevereiro 106 57 124
Março 83 65 115
Abril 79 61 138
Maio 79 74 134
Junho 70 81 138
Julho 71 104 124
Agosto 68 118 -
Setembro 68 121 -
Outubro 57 128 -
Novembro 57 134 -
Dezembro 55 143 -
Média 74.66% 92% 130.85%
Fonte: Presídio de Governador Valadares/ Infopen
33
7 INFLUÊNCIA CRIMINAL
As drogas se tornaram tão comuns em nossa sociedade que praticamente,
todos os crimes estão diretamente ligados ao tráfico ou consumo de drogas.
Todos os dias são noticiados crimes relacionados às drogas, sejam grandes
apreensões de drogas, crimes violentos ligados ao comércio ou consumo e até
mesmo violências relacionadas com esses produtos.
O Delegado Regional da 1ª Delegacia Regional da Polícia Civil, em
Governador Valadares, Dr. Jéferson Botelho, em entrevista ao Diário do Rio Doce,
jornal impresso de maior circulação na cidade, disse que a criminalidade tem sido
motivada pela reincidência. Ele alega que a maioria dos crimes são praticados por
indivíduos que já foram presos por outros motivos. Os dados passados pelo
delegado mostram que os indivíduos citados na pesquisa possuem entre 10 a 51
prisões por motivos diversos. Dado importante na pesquisa é que das 10 pessoas
citadas, 8 delas foram presas por tráfico e uso de drogas. (DRD, 2010)
Os usuários estão mais dependentes das drogas, para consumirem eles
furtam ,roubam e até matam. Não se fala mais em criminosos, e sim, em pessoas
que perderam o controle e a autoestima. É sabido que os efeitos das drogas causam
nas pessoas reações adversas e incontroláveis, fazendo do cidadão um verdadeiro
mendigo, ou aquele que não tem vontade de viver.
Após o consumo, os usuários se tornam tão violentos que tendem a praticar
qualquer tipo de violência para conseguir mais, ou até mesmo por estarem sob o
efeito do psicotrópico.
O que se verifica na mídia falada, escrita e televisiva é que cada vez mais, os
jovens estão se envolvendo com drogas. Todos os dias são noticiados casos em
que pessoas morrem por causa das drogas.
Como medidas de prevenção adotadas pela polícia Militar de Minas Gerais
existem o policiamento GEPAR (Grupo Especializado em Patrulhamento em Área de
Risco). Esse grupamento é composto de policiais altamente treinados para atuar em
área de risco, ou seja, nos aglomerados urbanos, mais conhecidos como favelas. É
feito pelo grupo um policiamento voltado ao atendimento comunitário, com
relacionamento estreito com a comunidade com o objetivo de reduzir a criminalidade
violenta, principalmente o crime de homicídio. (PMMG/8ª RPM)
34
Outro trabalho muito importante realizado pela PM de minas no combate as
drogas é o PROERD (Programa Educacional de Resistência as Drogas). Um grupo
de policiais capacitados para trabalhar na educação e conscientização das crianças
e jovens com relação às drogas, com o objetivo de evitar que a criança seja
recrutada pelo traficante. São inúmeras crianças formadas pelo programa que tem
suas bases em todo o estado de Minas Gerais. (PMMG/8ª RPM)
Milhares de jovens passam pelo treinamento todos os anos, fazendo valer o
dever constitucional da Polícia Militar de prevenção criminal. O trabalho visa incutir
na cabeça das crianças as conseqüências de quem se envolve com drogas, seus
malefícios À saúde e ao desenvolvimento educacional.
O importante é evitar a entrada das crianças no mundo das drogas. Pois
percebeu-se que elas estão entrando cada vez mais jovens.
Ademais, a Polícia realiza outro projeto denominado “Fica Vivo”, com a
participação de outros seguimentos da sociedade, ela realiza oficinas de teatro e
dança, além de outras atividades, com o objetivo de evitar o grande número de
mortes entre jovens nas comunidades dos bairros abrangidos pelo projeto.
Gráfico 6 – Homicídios nas áreas de atuação do Fica Vivo
8º DPC – 1 ª DRPC
DIVISÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA
HOMICÍDIOS EM ÁREAS DE ATUAÇÃO DO
PROGRAMA FICA VIVO
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
35
O gráfico mostra a ocorrência da queda dos homicídios nas localidades onde
há o Projeto Fica Vivo, levando credibilidade aos organizadores e sensação de
segurança para as comunidades.
Esse projeto funciona em Governador Valadares apenas nesses bairros, pois
foi notado um grande número de crimes contra a vida, sendo que À partir do seu
início em 2007, os índices de crimes contra a vida vem caindo consideravelmente.
O trabalho em conjunto faz a diferença. A Polícia Militar chama a comunidade
para participar do combate a criminalidade, seja com ações sociais, seja com
denúncias através do 181, disque denúncia da Secretaria de Defesa Social do
Estado de Minas Gerais.
Com essas ações conjuntas o resultado aparece. O povo se sente mais
seguro e o dever constitucional da Polícia Militar vai sendo cumprido.
Gráfico 7 – Autoria/Elucidação dos homicídios
8º DPC – 1 ª DRPC
DELEGACIA DE CRIMES CONTRA A VIDA
AUTORIAS/ELUCIDAÇÃO DOS HOMICÍDIOS
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
Com a criação do GIIE os crimes estão sendo solucionados e as autorias
definidas em um tempo menor. Fazendo com que as pessoas sintam-se mais
seguras.
36
Pode-se notar pelo gráfico que segue o alto índice de homicídios na área da
AISP 95, essa localidade compreende os bairros Turmalina, Palmeiras, Jardim do
Trevo, Santa Paula, Mãe de Deus, Altinópolis, Fraternidade, Bela Vista, dentre
outros. A área em questão abriga o maior número de aglomerados da cidade,
portanto deixando claro que os crimes violentos atingem em grande maioria as
comunidades com menos infra-estrutura.
Gráfico 8 – Área de ocorrência dos homicídios
8º DPC – 1 ª DRPC
DIVISÃO DE CRIMES CONTRA A VIDA
ÁREA DE OCORRÊNCIA DOS HOMICÍDIOS
Fonte: Delegacia de Homicídios de Governador Valadares
A cidade de Governador Valadares é dividida em 4 AISP, sendo:
AISP 94/1º DP abrange os bairros Vila Isa, São Raimundo, Vera Cruz, Atalaia,
Asteca, Jardim Ipê, Jardim Primavera, Vila dos Montes, Vila Parque Ibituruna e Vila
do Sol.
AISP 95/2º DP abrange os bairros Santa Rita, Nova Santa Rita, Pastoril I e II,
Jardim Alice, Nova JK, São Cristóvão, Vila Rica, Kennedy, Vila Império, Distrito
Industrial, Penha, Caravelas, Fraternidade, Palmeiras, Vila Ozanam, Altinópolis,
37
Santo Antônio, Mãe de Deus, Planalto, Turmalina, Jardim do Trevo, Santa Paula e
Bela Vista.
AISP 96/3º DP abrange os bairros Centro, Esplanada, Ilha dos Araújos, São
Geraldo, Vila Mariana, Lourdes, Vila Bretas, Santa Terezinha e São Paulo,
AISP 97/4º DP abrange os Bairros Nossa Senhora das Graças, Grã Duquesa,
Morada do Vale, Carapina, Vale Verde, Esperança, Santa Helena, Santa Efigênia,
Monte Carmelo, Santo Agostinho, Lagoa Santa, Cidade Nova, São Pedro,
Universitário, Alto Esplanada, Belvedere, Vila Mariquita, Santos Dumont, Sir e
Capim.
O gráfico aponta o que já foi mostrado nesse trabalho, os bairros onde a
infraestrutura é deficitária tende a ter um índice criminal mais elevado, a exemplo
dos bairros compreendidos pela AISP 95.
38
8 CONCLUSÃO
Deve-se ressaltar a importância do combate aos crimes relacionados com o
tráfico de drogas. A nova lei visa a prevenção. Os artigos descritos nesta lei trazem
penas mais severa para delitos de tráfico e produção. A indústria das drogas é muito
rentável e tem fomentado a violência.
A indústria das drogas movimenta milhões de reais por ano, fato esse que
merece a atenção de todos, principalmente pelo mal que causa na vida das pessoas
e o efeito que causa também na economia do país.
Lembrando que a liberação desse mau não é a solução, pois se fosse assim,
o cigarro não mataria tanta gente, haja vista que é uma droga lícita, ou seja, sua
venda é liberada. Temos também as bebidas alcoólicas, quantas pessoas não
consomem álcool e morrem em conseqüência disso.
O que se percebe é que a legislação atual optou pelo sistema norte
americano de combate as drogas, o fator primordial é a prevenção, tratar o usuário
de drogas como doente e aplicar a ele penas alternativas como advertência,
comparecimento a palestras e serviços comunitários. O dependente de drogas deve
ser tratado, pois o uso de drogas é um problema de saúde pública, devido ao mal
que causa nas pessoas e na sociedade. O problema que se discute atualmente é se
ele deve ou não ser forçado ao tratamento.
Pessoas morrem todos os dias por causa de dívidas com traficantes de
drogas, outras porque, durante um assalto, o criminoso acaba matando por
nervosismo ou inconsciência devido o efeito da substância maligna.
O Delegado de Polícia e Professor Universitário Antônio Carlos de Lima
publicou um artigo titulado como “Drogas estão fomentando violência e
criminalidade”, nele o professor faz menção aos acontecimentos recentes que
chamam a atenção da população brasileira quanto à violência, principalmente nas
cidades. Os assaltos onde os algozes matam suas vítimas apenas por estarem sob
efeito de alguma substância entorpecente, quando as vítimas possuem algum tipo
de dívida com o traficante, ou até mesmo pela briga de território do tráfico.
O psiquiatra e escritor inglês Anthony Daniels disse em entrevista à Revista
Veja, Edição de 17 de agosto de 2011, que a forma de tratamento praticado
atualmente ao usuário não está correta, pois ele não é uma vítima.
39
A maneira como vemos o vício de drogas é errada. Tratamos os viciados como vítimas, incapazes de ser responsabilizados por suas escolhas. Isso é falso. Eles não são vítimas de seu próprio comportamento. Não existe droga tão viciante a ponto de ser impossível de livrar-se dela. Os drogados usam os entorpecentes por uma decisão pessoal. Isso não significa que eu não me solidarize com essas pessoas. O estado mental que as drogas induzem é muito atraente para elas, em comparação com a sua realidade. Mas, quando cometessem algum crime, ainda que pequeno, sob efeito de drogas ou para comprá-las, os viciados deveriam ser forçados a entrar em uma clínica de reabilitação. Se não aceitassem o tratamento, deveria ser mandados para a prisão. Isso lhes daria motivação para levar a sério o processo de reabilitação, pois o maior problema com o vício é que as pessoas não encontram razões para parar. O medo da prisão pode ser uma delas. A outra é a certeza de ter uma vida melhor livre das drogas. (Daniels, Anthony,2011)
O psiquiatra diz ainda que a prisão é a melhor saída para a redução da
criminalidade, ele alega que quanto mais tempo o presos é mantido encarcerado,
menor probabilidade ele tem de voltar a delinqüir. Perguntado se a prisão pode ser
eficiente mesmo com a facilidade de conseguir drogas atrás das grades ele
respondeu:
Sim, porque o indivíduo não estará na rua, violando a lei. A prisão não é uma instituição terapêutica. Sua função principal é prevenir crimes que um condenado poderia cometer se estivesse solto. Há também evidências de que, quanto mais tempo uma pessoa fica na cadeia, menor a probabilidade de voltar à bandidagem depois de ser libertada. (Daniels, Anthony,2011)
Na busca por soluções ao problema temos várias idéias, entre elas a do
Ministro Tarso Genro, enquanto no ministério, em penalizar o pequeno traficante
com penas alternativas, isso certamente reduziria consideravelmente o número de
traficantes nas cadeias, por outro lado mostraria ainda mais, o quanto o nosso
sistema judiciário é fraco.
Uma frente liderada pelo ex Presidente da República Fernando Henrique
Cardoso, com participação do ex Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, do
Deputado Fernando Gabeira e de alguns artistas famosos busca a liberação do uso
da maconha, de acordo com as idéias do grupo, a droga não traz nenhum malefício
40
à saúde das pessoas. O grupo cita ainda países como Holanda, Alemanha e
Argentina, onde o consumo da droga é liberado.
A chamada “Marcha da Maconha” estava proibida em todo país por ser
considerada uma incitação ao uso da droga que é proibido no país. Em decisão
recente o Supremo Tribunal Federal autorizou as manifestações pela liberação da
maconha, em atendimento ao ADPF Nº 187. O STF acatou o pedido da Procuradoria
Geral da República alegando que a proibição descumpre os direitos de liberdade de
expressão e de reunião. As manifestações eram proibidas por todo o país e vinham
sendo duramente reprimidas pelas autoridades policiais, e agora poderão ocorrer
livremente sem intervenção policial.
O problema das drogas e da criminalidade está diretamente ligado com a
segurança pública, assim sendo, é sabido que a responsabilidade é de todos,
conforme o legislador constituinte colocou sabiamente na Carta Constitucional
Brasileira.
A sociedade é composta por instituições que contribuem para o crescimento
das pessoas. Um dito popular alega que “a educação vem de berço”, nesse contesto
pode-se dizer que a Família é a mais antiga e mais importante instituição no
processo de formação do indivíduo, por isso ela não pode se omitir.
O modelo tradicional de família traz a mãe zelosa com os filhos e marido. O
marido sai para trabalhar e só retorna no fim do dia. Contudo, estão presentes aí os
bons princípios da moral e da ética, formando uma base sólida de educação.
Já no modelo de família moderna, os pais estão ausentes, seja pela
separação do casal, seja pela saída dos dois para trabalhar, deixando os filhos em
creches ou com familiares que, muitas das vezes, não preocupados com a educação
ou formação do caráter daquele indivíduo.
Também existem os casos em que as crianças são deixadas sozinhas na
casa. A necessidade de trabalhar para o sustento da família é tamanha que os
menores são deixados à mercê da própria sorte. Essa ausência certamente vai
causar uma deficiência na educação dos filhos.
A Igreja, nesse contesto, ocupa um lugar importante na formação do
indivíduo, pois reforça o ideal de crença e dá esperança às pessoas. É salutar a
busca do conforto espiritual através da religião, não importando qual religião ou qual
templo, e sim a busca pela fé.
41
A Escola aparece nesse contesto como complemento dos ensinamentos
adquiridos em casa, pois somente quando já se tem um caráter formado é que se
começa a freqüentar a escola. A educação faz parte do crescimento cultural,
contribuindo para um futuro melhor e auxiliando na formação ética. Os professores
exercem um papel fundamental nesse processo, contudo, esbarram na ausência da
família, pois, aquelas crianças que tiveram uma educação deficiente em casa,
certamente terão dificuldade para se adequarem ao aprendizado proposto pela
instituição.
É importante ressaltar que a solução não é o regresso da palmatória, mas, um
controle mais eficaz, não se trata de restrição de liberdades constitucionais, apenas
um modelo de educação com pilares fortes de disciplina e hierarquia. A presença
dos pais na criação dos filhos é primordial, é necessária. Assim como se dá o arroz
com feijão, deve-se dar amor, carinho, afeto e educação.
Na sequência de formação do homem está o Estado, esse deveria
proporcionar à família condições mais dignas de vida, moradia, emprego, saúde,
educação e infra-estrutura. Contudo, a omissão estatal não permite que ele faça seu
papel constitucional, deixando resguardar os direitos básicos, inerentes à dignidade
da pessoa humana.
Os dados estatísticos mostram que os locais onde o Estado está ausente,
onde inexiste infra-estrutura, a criminalidade impera. São nesses, popularmente
conhecidos por favelas, onde existem as mazelas governamentais. A ausência do
Estado permite que o crime venha ocupar o seu lugar, não por interesse social, mas,
por interesses escusos.
Uma facção criminosa não dá um remédio para uma pessoa da comunidade
porque ele é “bonzinho”, ele o faz sabendo que pode precisar do orador futuramente,
ou até mesmo, pode precisar dos serviços do filho daquele morador.
Então, o que se pode observar é que o disposto na Carta Constitucional deve
ser cumprido por todos, contribuindo para a segurança pública, assumindo cada um
sua responsabilidade.
A educação, os princípios da moral e da ética devem começar em casa. Dotar
os filhos de conhecimentos, e das armadilhas apresentadas pelo mundo moderno
pode contribuir para o futuro deles.
42
As drogas representam a maior das armadilhas. Um jovem pode ganhar muito
dinheiro trabalhando para o tráfico de drogas, já seu pai, trabalhando honestamente,
volta pra casa com salário mínimo que mal dá para as despesas da casa.
O crime é muito atrativo, mas, a realidade é perversa. A ilusão de dinheiro
fácil ofusca o verdadeiro futuro que aguarda o criminoso.
A repressão é importante, porém, o trabalho preventivo e social é mais
importante. Não se pode achar que a repressão policial vai resolver o problema. O
tráfico de drogas é uma atividade extremamente lucrativa e atraente. Isso torna o
combate mais difícil.
O mercado é impulsionado pela lei da oferta e da procura, assim sendo, se
tem consumidor o produto é ofertado. Se não tem consumidor, o produto será
ofertado a quem?
Portanto, o tratamento do usuário é a melhor saída para acabar com esse
comércio. O Estado não pode ser omisso, não pode cruzar os braços para um
problema de tamanha proporção.
O problema no Rio de Janeiro era impossível de resolver, Acreditavam que a
ocupação das favelas não tinha solução, contudo, a repressão qualificada, aliada a
uma ocupação ordenada do Estado através da Unidade de Polícia Pacificadora e de
projetos sociais, mostraram que todo problema pode ser resolvido com interesse,
estratégia e a participação de todos.
Com todas as soluções propostas pelo governo mineiro, a inclusão de
projetos sociais e o trabalho efetivo das forças policiais, o problema poderá ser
resolvido. È uma utopia se falar em criminalidade zero, contudo busca-se um baixo
número de incidência criminal. O mais preocupante são os crimes violentos como
homicídio, assalto, estupro e extorsão.
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REFERÊNCIAS
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