Uso das linguas nacionais no processo de inclusão

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Paper apresentado nas VII Jornadas da radiodifusão " Jornalismo e as Linguas Nacionais" 28-29 Set-2011

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Uso das linguas nacionais no processo de inclusão na

radiodifusão digital

Celestino Joanguete

Temas de abordagem

• Digitalização da radiodifusão e as linguas nacionais;

• Radiodifusão digital

• Afrocomplmentarismo;

• Conclusão.

Digitalização da radiodifusão e as linguas nacionais

ContextualizaçãoOs media estão em mudanças profundas, não só

devido à evolução tecnológica, mas também da forma como os usuários se apropriam dos mesmos.

O processo de digitalização da rádio merece uma atenção especial, quer pela elevada taxa de penetração na população moçambicana , quer pelo facto da ser um meio que está totalmente integrado no quotidiano dos cidadãos

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• Vilches (2003) já reconhecia que as mudanças aceleradas operadas pela Internet provocaria o desequilíbrio linguístico entre o inglês e as demais línguas do mundo (Vilches, 2003:44).

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• Omojola (2009) critica a TIC assente na exclusão dos conteúdos e da lingua das populações indígenas africanas. O autor encontrou na estatísticas algumas linguas europeias, faladas por minoria, que estão incluídas nas TIC.

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• Contrariamente, existem grupos linguísticos africanos como Hausa falada por 70 milhões de pessoas, Swahili por 100 milhões, Yoruba por 40 milhões e em contrapartida, estas não estão incluídas nas suas TIC, tal como as linguas Inglesa, francesa ou italiana, (Omojola, 2009: 36).

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• No caso Moçambicano, das 22 linguas moçambicanas, três, excluindo o Português, são as mais faladas: Macua, 26.1% ; Changana,10.5% ; Sena 7.8% e a lingua portuguesa é falada por 10.8% da população Moçambicana; ( INE, 2007)

• Apenas RM e as rádios comunitárias usam quase 90% das linguas moçambicanas nas suas emissões (FORCOM, 2011)

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• Mcquail (2003) os novos media, incluindo a radiodifusão digital, constituem o factor de “ integração e identidade”, ou seja, elementos unificadores de distâncias geográficas e de abertura para a formação de redes de conhecimentos e de informação.

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• Radio DigitalRádio Digital será num futuro próximo o

standard da rádio, que vai exigir aos seus ouvintes habilidades técnicas de acesso aos conteúdos, facto que deve passar por uma nova educação para os media ou literacia digital.

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• A transição do sistema analógico ao digital e sua difusão na web pressupõe a “ruptura de fronteiras” locais, regionais e nacionais.

• Neste cenário, com a predominância da lingua portuguesa na radiodifusão para (10.5%) de falantes, 89.5% das populações falantes das Línguas Moçambicanas serão os próximos info-excluídos da radiodifusão digital

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O multilinguismo na radiodifusão digital facilita o acesso ao conhecimento e a produção de conteúdos diversificados.

Afrocomplementarismo

• Face a exclusão de algumas linguas africanas faladas por um número considerável da população, sugere-se uma solução baseada no “afrocomplementarismo” (convergência de conteúdos produzidos no contexto africano e a tecnologia ocidental), Omojola (2009).

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• O afrocomplementarismo seria uma crítica ao modelo de transferência de tecnologias para o continente africano, de forma vertical e unilateral, com ênfase no fabricador e sua cultura, deixando para o plano de extemporaneidade o conhecimento nativo africano e toda a sua rede de produção de sentido

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• Justifica-se que , a língua tem o seu sentido partilhado e compreendido dentro da comunidade linguística ou das redes de relações sociais. Então, a presença de uma segunda lingua, estranha e imposta pelas tecnologias poderá complicar a compreensão e uma “leitura negociada” com o novo meio.

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A efectiva inclusão da nova audiência e das linguas nacionais na radiodifusão digital, passa por duas questões a ter em conta: fortalecimento do usuário e a produção de conteúdos locais

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• Fortalecimento do usuárioO desafio importante da radiodifusão digital é o

fortalecimento das populações locais , inseridas em culturas e valores tradicionais, em técnicas de inserção na auto-estrada de informação.

Manuseamento do computador, navegação na Internet, pesquisa e recuperação de informação, etc

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• Produção de conteúdos A produção de conteúdos deve começar pela

inclusão nas políticas públicas dos princípios de livre acesso à informação e de política nacional sobre as Línguas Moçambicanas

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• Nesse contexto, os sistemas nacionais de educação e projectos de natureza pública têm a responsabilidade de formar pessoas com habilidade e capacidade para adquirir conhecimento, tornando-se tanto produtores quanto usuários de conteúdos baseados em TIC.

Algumas iniciativas

• Programa de Centros Multimedias Comunitário , CMC, oferecerem as comunidades pobres uma porta de entrada à Sociedade de informação , através de combinação de dois serviços: rádio e TIC.

• Os CMCs podem fortalecer as comunidades locais, incluindo grupos de baixa renda, microempreendimentos, mulheres e jovens, para desenvolverem e utilizarem conteúdos locais ( Cyrenek, 2000).

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Tentativas falhadas• Sistema de Informação de Educação; SchoolNet; • introdução da disciplina de informática (ensino

secundário);• Um currículo certificado de TIC para

Desenvolvimento;• Rede Moçambicana de Ensino Superior e de

Pesquisa (MoRENet) (CIUEM, 2009)

Conclusão

• ConclusãoO afrocomplementarismo deve ser visto como

uma teoria “dialogista” (Gushiken, 2006: 75-76)) que pretende romper com o modelo unilateral e vertical de comunicação de massa, propondo o modelo de “ horizontalização dos processos de troca simbólica”

OBRIGADO

• Bibliografia

• CIUEM (2009) Inclusão Digital em Moçambique: Um Desafio para Todos, Maputo

• INE, (2007) Censo 2007, www. Ine.gov.mz acessado 25/09/11

• Revista Forcom, 2011• • Mcquail, D. (2003) Teorias da Comunicação de Massas, Ed. Fundação Calouste

Gulbenkian, Lisboa;

• Omojola, O.(2009), English-oriented ICTs and etnnic language survival strategies in Africa, in Global media Journal, African edition, Vol.3 (1), pp. 33-45

• Vilches, L. (2003) Tecnologia digital: perspectivas mundiais, In Comunicação & Educação, nº 26, S. Paulo, pp.43-61