Historia e literatura e ensino 2010

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HISTÓRIA, LITERATURA E ENSINO NARRATIVAS PLURAIS

Prof. Clóvis M. GrunerUniversidade Tuiuti do Paraná

Prof. Fábio L. IachtechenProf. Marcelo Fronza

Dept. De Educação Básica – SEED

Texto adaptado da palestra por Adriano Braun

Abertura

Poema

24 de agosto de 1954

Para frei beto

retirado da Obra

Que país é este?

“'É preciso desnudar o rei, tornar a literatura sem reverências, sem reducionismos estéticos,

dessocralizá-los, submetê-la ao interrogatório sistemático que

é uma obrigação do nosso ofício.Para isso historiadores a

literatura é enfim testemunho histórico.”

Sidney Chalhoub

História, literatura, ficção e narrativa

Ficção:

Ato ou efeito de fingir;

Simulação; coisa imaginária;

Fantasia, invenção, criação.(Holanda,1996.p774)

Texto: o que buscamos?

* Buscamos significações nas palavras.

* Seu significado (palavras) está no dicionário.

Jorge luiz Borges

Fronteiras da ficção: diálogos com a história e a literatura

&

História e literatura: uma velha nova história.

Sandra J. Pesavento

“A história é um romance verdadeiro”

Paul Veyne

Vídeo / Música

Chiquinha Gonzaga

Esses personagens foram reais?

História

Conjunto dos fatos ocorridos no passado;

Narrativa organizada dos acontecimentos do passado;

Ciência ou método que transmite ou explica a evolução da humanidade;

Conhecimento ou disciplina escolar a ser transmitida e ou compreendida

Aristóteles (poética): Literatura e História

São ramos do mesmo tronco, tanto poesia e história contam

algo organizado;

Poesia conta algo que poderia ter acontecido

História do que aconteceu.

História a partir de Heródoto

mitologia grega e poesia

História Científicaa partir de Tucídides

“ Dizer que a história e uma

narrativa verdadeira, de fatos conhecidos, com homens reais,

não é, entretanto, afirmar que, como narrativa

ela seja mimese daquilo que um dia

teria ocorrido. (...)

(…) Assim, há sempre a presença

de um marcador que mediatiza aquilo que viu,

vê ou ouviu falar e queconta e explica

a terceiros uma situação não presenciada por estes.”

“ Há uma atividade de voz narrativa que organiza o

acontecido, ordena os acontecimentos, apresenta

os personagens, dispõe as temporalidades e apresenta

o conteúdo de dados ao leitor/ouvinte.(...)

chamemos de ficção, como ato ou efeito de

“colocar no lugar de”, dar o efeito de real,

como aquilo que se passou longe do olhar e da vida

dos ouvintes, ou chamemos simplesmente este ato singular e mágico de representação”.

“ A sociologia da literatura desde muitos anos,

circunscrevia o texto ficcional no seu tempo compondo

o quadro histórico, no qual o autor viverá

e escreverá sua obra. (...)

(…) A história, por seu lado, enriquecia por vezes seu campo

de análise com uma“ dimensão cultural”

na qual a narrativa literária era ilustrativa de

sua época.”

“ Para enfrentar aproximação entre estas formas de

conhecimento e datas sobre algo que se deu no

passado, sem dúvida a literatura não será a melhor

fonte a ser utilizada?”

Como a Literatura ..., a Música...,

a Poesia... a sintonia fina

de uma época pode ser encontrada em Balzac,

Machado de Assis, Chiquinha Gonzaga

sem se preocupar com os fatos dos personagens terem existidos. (...)

(…) Foram reais na “verdade do simbólico” que expressam não no acontecer da vida. São dotados de realidade

porque encarnam virtudes e defeitos dos humanos, porque

nos falam do absurdo da existência, das misérias e

conquistas da vida, (...)

“ Os historiadores também mediatizam mundos,

conectando escrita e leitura. Na reconfiguração de um

tempo histórico, os historiadores elaboram versões; estas

plausíveis, possíveis daquilo que passou um dia; a

verossimilhança de um passado real.”

* O historiador está preso as fontes....

* Se dá como meta atingir o real, e isso impõe limitações...

* A carga de ficção na história é controlada pelas estratégias de argumentação – retórica- e pelos rigores do método, que dão

sentido ao texto.

Retórica, dialética, gramática

“ A literatura é pois, uma fonte para o historiador mais

privilegiada, porque lhe dará acesso especial ao imaginário,

permitindo-lhe enxergar traços e pistas que outras

fontes não lhe dariam.

Fonte especialíssima, porque lhe dá a ver,

de forma por vezes culpada,

as imagens sensíveis do mundo.”

Vídeo

Literatura

Hans Magnus Enzensberger-La literatura em cuanto História

“ Por vezes, a coerência de sentido que o texto literário

apresenta, é o suporte necessário para que o olhar

do historiador se oriente para outras fontes e nelas

consiga enxergar aquilo que ainda não viu.”

El único sistema de signos coherentes em donde se puede

leer la historia como uma realidad material y concreta parece ser –

y no se trata de uma ironia – el mismo que rechazaba y criticada Hécates de Mileto :

“La literatura”

Hans Magnus Enzenberger

Lawrence StoneO Ressurgimento da narrativa

(1979)

“ Ninguém está sendo instado a jogar fora

sua calculadora e contar uma história.”

“ Só se pode tratar da Virtú ou da fortuna através de

uma narrativa, ou mesmo de uma anedota,

na medida em que a primeira é um atributo individual

e a segunda consiste num acidente feliz ou infeliz”

Nicolau Maquiavel

“ A história narrativa se distingue da historia estrutural por dois aspectos essenciais:

Sua posição é mais descritiva que analítica,

e seu enfoque central diz respeito

ao homem e não as circunstâncias.”

Nenhum historiador narrativo(...)

deixa a analise totalmente de lado, mas ela não

constitui o arcabouço desustentação em

torno da qual constroem sua obra.

História cientifica: Século XX

Modelo econômico-marxista ( estrutural)

Ela avança num processo dialético, através do conflito

de classes; Modelo ecológico demográfico francês,

empregado pelo Annales, (...)

(…) compreende como variáveis importantes da historia as

mudanças no equilíbrio entre a oferta alimentar e a população

determinadas por estudos quantitativos sobre preços, população e produtividade.

A abordagem cliametrica americana

A história é concebida por modelos paradigmáticos

testados por meios de formulas matemáticas e algébricas,

aplicadas a dados eletronicamente processados.

“ Como o determinismo econômico e ou demográfico ditava em

larga medida o conteúdo do novo gênero de pesquisa histórica,

a modalidade para organizar e apresentar dados era a analítica,

mais do que a narrativa, e os próprios dados deviam ter uma natureza quantitativa ao máximo

possível.

“L. historia mobile” - Le Roy Moudine

“ A primeira causa do atual ressurgimento da narrativa é

uma desilusão generalizada com o modelo econômico atual.”

“ As questões que estão sendocolocadas pelos novos historiadores,

são afinal as que preocupam a todos:

a natureza do poder, da autoridade e da economia.”

O determinismo econômico

e demográfico sofreu

um enfraquecimento

das idéias, da cultura

e mesmo da vontade.

A maioria dos grandes problemas

da história continuam tão Insolúveis como sempre….

senão mais(...)

A quantificação nos informou muito sobre as questões sobre

O QUÊ da demografia histórica,

mas, pouco sobre os

PORQUÊS.

PAUL RICOEURTEMPO E NARRATIVA

- Diferentes concepções de tempo

* cósmico – coisas* vivido – pessoas

- Ricoeur trabalha no terceiro tempo

* construído pelo processo narrativo* acessível pela linguagem

- Mas os dois ocorrem ao mesmo tempo:

* Tempo humano constitui-se a partir do presente

* Tempo presente articula-se ao passado e futuro

“ O presente do passado é a memória;

o presente do presente é a visão;

o presente do futuro é a expectativa.”

Santo Agostinho

VideoIntroduccin a la literatura

Narrativas e experiência humana

Narrativas : são reconstruções do nosso

“ser-no-tempo”

Diferentes matrizes narrativas

* mito

* ficção

* historiografia

Quadrilátero do discurso

* locutor

* interlocutor

* sentido

* referência

Aproximação História e Ficção

* Ficcionalização da história.

* Historicização da Ficção.

MICHEL DE CERTEAUA OPERAÇÃO HISTORIOGRÁFICA

* O que fabrica o historiador quando

faz história?

* Trabalho historiador: mediação entre presente e passado.

* História: prática circunscrita a um lugar.

Definições

* História e historiografia

* História é uma prática, seu resultado é sua relação.

* Operação fruto de combinação entre lugar social, pratica

científica e escrita

Um Lugar Social

- Escrita se articula com lugar de produção.

- Autor e seu discurso operam no interior de

“ instituições do saber ”.

* Nós - fabricamos o historiador a partir de “ Leis ”

* Leis - possibilidades e critérios de validação do discurso.

História e Sociedade

* História demandas do historiador e determinações

Sociais.

* Situação social do historiador

Uma Prática

- Procedimentos do Historiador

* Estabelecimento de fontes

* Atenção as diferenças

* Trabalho sobre o limite(este pré-estabelecido -o que se quer provar)

( o historiador remete a um... )

- Duplo movimento

* Retorno de fato / acontecimento

* Diálogo com outras disciplinas

Novas Funções

* Mudança de sentido e Concepção de real.

* Ênfase nas particularidades

* Distancia entre passado e presente

“ Eu vou ao passado para saber o que me diferencia dele”

Michel de Foucault

Video

O caderno

Uma Escrita

Escrita: operação que faz passar da

“ prática investigativa ” a representação literária.

Representação Literária:

História é articulada a um “lugar social” e ligada a uma “prática”

* Toma ao mais anterior como ponto de partida.

* Pesquisa interminável X

fim da escrita (necessária)

* Representação plena

Escrita é uma prática social controlada

* Cronologia

* Construção historiográfica

* Manifestação do discurso historiográfico

Invenção do cotidiano ( Michel de Foucaut )

A produção dos lugares

- Escrita combina operação de erosão e construção de unidades

* Discurso não é passado

* Passado não é pensável sem escrita

ROGER CHARTIER

A história é “Duplo crítica” de

* Paradigmas contemporâneos

* Paradigmas tradicionais

História deve pensar sempre

* Maneiras como o indivíduo constroe o mundo social

* Processos e redes sociais Complexas e dinâmicas

História e Narrativa

- Narrativa: atribui significado as ações / decisões dos indivíduos

- Construção de novas narrativas

Tende a Recuperar propriedades

específicas da narrativa histórica.

História e Narrativa

* Efeito Realidade

* Procedimentos “acreditação” e produção de “verdades”

As especificidades da História

História é um discurso

* Aciona construções, figuras e composições da escrita narrativa.

* Produz um corpo de enunciados “ científicos ”

As especificidades da História

Visa coerência nas relações entre

* Um passado construído pela operação histórica

e a

* Realidade referencial que a narrativa histórica representa.

Conceitos- Representação

* Representações coletivas* Estilização da vida* Presentificação do ausente

- Leitura

- Apropriação

ConceitosHistória e Fonte Literária

Como o Passado nos chega?

* Fragmentado* Lacunas* Descontextualizado

Narrativa LiteráriaNarrativa Histórica

Suas aproximações

* Representações do Real* Ordenação do real * Busca de coerência* Se completam pela leitura

Narrativa LiteráriaNarrativa Histórica

Tensões

* História parte do fato, fonte e documento

* Modalidade de leitura* Noção de verdade* Autoridade do texto

Pressupostos metodológicos

Literatura É uma recriação imaginária do real

* textos não mantêm com realidade de transparência.

* Texto como construção historicizada.

Individualismo: “... organização econômica e política que proporcione a seus membros

um amplo leque de escolhas e de uma ideologia baseada não na tradição do

passado, mas na autonomia do indivíduo, sem levar em conta seus Status social

ou capacidade pessoal”

Este se evidenciou após:* Advento do capitalismo Industrial

* Difusão do protestantismo, sobretudo em suas formas calvinista e puritana

Vídeo Machado de Assis

Analisar os textos a seguir buscando localizar neles as seguintes referências:

Intertextualidade

Localização tempo / espaço

Relação ficção / história

Política

Memóriaou

Oposição Memória e História

O Único Assassinato de Cazuza

* Intertextualidade

* Referência ao Náutilus

* Caracterização Cazuza

* Oposição interior e cidade

Política* Ambiente intelectual* Preconceito social e racial* Diferenças entre cidade X interior* Estrutura política

Memória* Temas recorrentes* Trajetória personagem* Morte da mãe* passagem da história da esfera privada para o espaço público

Triste Fim de Policarpo Quaresma

- Intertextualidade

* Trajetória de Quaresma* Referência ao Bovarismo* Oposição interior e cidade* cultura popular X cultura cosmopolita

- Política

* Ambiente intelectual* Processo de modernização urbana* Diferenças entre cidade e interior* Estrutura política

- Oposição memória e história

* Passado historicizado X

Passado rememorado

* Discurso da ciência X experiência vivida

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