Idade Média e Trovadorismo

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IDADE MÉDIA E

TROVADORISMO

INTRODUÇÃO

A Idade Média teve início na Europa com as invasões

germânicas (bárbaras), no século V, sobre o Império Romano do

Ocidente. Essa época estende-se até o século XV, com a retomada

comercial e o renascimento urbano. A Idade Média caracteriza-se pela

economia ruralizada, enfraquecimento comercial, supremacia da

Igreja Católica, sistema de produção feudal e sociedade hierarquizada.

ESTRUTURA POLÍTICA

Prevaleceu na Idade Média as relações de vassalagem e

suserania. O suserano era quem dava um lote de terra ao vassalo, sendo

que este último deveria prestar fidelidade e ajuda ao seu suserano. O

vassalo oferecia ao senhor, ou suserano, fidelidade e trabalho, em troca de

proteção e um lugar no sistema de produção. As redes de vassalagem se

estendiam por várias regiões, sendo o rei o suserano mais poderoso.

Todo os poderes jurídico, econômico e político concentravam-se nas

mãos dos senhores feudais, donos de lotes de terras (feudos).

SOCIEDADE MEDIEVAL

A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e

hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques,

viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O

clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era

responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e

arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos

(camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e

tributos aos senhores feudais, tais como: corvéia (trabalho de 3 a 4 dias nas

terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas

pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).

Trovadorismo

INTRODUÇÃO

Podemos dizer que o trovadorismo foi a

primeira manifestação literária da língua portuguesa.

Surgiu no século XII, em plena Idade Média,

período em que Portugal estava no processo de

formação nacional.

MARCO INICIAL

O marco inicial do Trovadorismo é a “Cantiga

da Ribeirinha” (conhecida também como “Cantiga da

Garvaia”), escrita por Paio Soares de Taveirós no ano de

1189. Esta fase da literatura portuguesa vai até o ano de

1418, quando começa o Quinhentismo.

No mundo non me sei parelha,

mentre me for' como me vai,

ca ja moiro por vós - e ai!

mia senhor branca e vermelha,

Queredes que vos retraia

quando vos eu vi em saia!

Mao dia me levantei,

que vos enton non vi fea!

E, mia senhor, des aquel di', ai!

me foi a mi muin mal,

e vós, filha de don Paai

Moniz, e ben vos semelha

d'haver eu por vós guarvaia,

pois eu, mia senhor, d'alfaia

Nunca de vós ouve nem ei

valía d'ũa correa.

Cantiga da Ribeirinha

No mundo ninguém se assemelha a mim

enquanto a vida continuar como vai,

porque morro por vós, e ai!

minha senhora alva de pele rosadas,

quereis que vos retrate

quando eu vos vi sem manto.

Maldito dia que me levantei

E não vos vi feia

E minha senhora, desde aquele dia, ai!

tudo me foi muito mal

e vós, filha de Don Paio

Moniz, e bem vos parece

de ter eu por vós guarvaia

pois eu, minha senhora, como presente

Nunca de vós recebera algo

Mesmo que de ínfimo valor.

TROVADORES

Na lírica medieval, os trovadores eram os artistas de origem nobre, que

compunham e cantavam, com o acompanhamento de instrumentos musicais, as cantigas

(poesias cantadas). Estas cantigas eram manuscritas e reunidas em livros, conhecidos como

Cancioneiros. Temos conhecimento de apenas três Cancioneiros. São eles: “Cancioneiro da

Biblioteca”, “Cancioneiro da Ajuda” e “Cancioneiro da Vaticana”.

Os trovadores de maior destaque na lírica galego-portuguesa são: Dom Duarte,

Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes e Meendinho.

No trovadorismo galego-português, as cantigas são divididas em: Satíricas (Cantigas de

Maldizer e Cantigas de Escárnio) e Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo).

Cantigas de Amor: neste tipo de cantiga o trovador

destaca todas as qualidades da mulher amada, colocando-se numa

posição inferior (de vassalo) a ela. O tema mais comum é o amor não

correspondido. As cantigas de amor reproduzem o sistema

hierárquico na época do feudalismo, pois o trovador passa a ser o

vassalo da amada (suserana) e espera receber um benefício em troca

de seus “serviços” (as trovas, o amor dispensado, sofrimento pelo

amor não correspondido).

Cantigas de Amigo: enquanto nas Cantigas de Amor o eu-

lírico é um homem, nas de Amigo é uma mulher (embora os

escritores fossem homens). A palavra amigo nestas cantigas tem o

significado de namorado. O tema principal é a lamentação da mulher

pela falta do amado.

Cantigas de Maldizer: através delas, os

trovadores faziam sátiras diretas, chegando muitas

vezes a agressões verbais. Em algumas situações

eram utilizados palavrões. O nome da pessoa

satirizada podia aparecer explicitamente na cantiga

ou não.

Cantigas de Escárnio: nestas cantigas o

nome da pessoa satirizada não aparecia. As sátiras

eram feitas de forma indireta, utilizando-se de

duplos sentidos.

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