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AUTARQUIA EDUCACIONAL DO BELO JARDIM – AEB
FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E APLICADAS DO BELO JARDIM – PE
NECLEO DE PESQUISA – NEPE
NATALICIO DE MELO RODRIGUES
CARACTERIZAÇÃO E ANALISE GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA
DE INSELBERGUE NO AGRESTE SEMIARIDO DE PERNAMBUCO:
O CASO DA PEDRA DO CACHORRO
SÃO CAETANO – PERNAMBUCO
BELO JARDIM – PE
2015
1
NATALICIO DE MELO RODRIGUES
CARACTERIZAÇÃO E ANALISE GEOLÓGICA E GEOMORFOLÓGICA
DE INSELBERGUE NO AGRESTE SEMIARIDO DE PERNAMBUCO
O CASO DA PEDRA DO CACHORRO
SÃO CAETANO – PERNAMBUCO
BELO JARDIM – PE
2015
2
AGRADECIMENTOS
Ao Eterno Deus de Israel
3
LISTA DE FIGURAS
Descrição pág.
Figura 1. Observa-se o processo de evolução em três fases: Juventude(Youthful),
maturidade(Mature) e Senilidade (Old Age). Fonte. natalgeoblogspot.com.br. Acesso
06/10/2015. 19
Figura 2: Mapa de relevo levando em consideração o clima e vegetação ou domínios
morfoclimáticos. Fonte:www.blogdoprofalexandre. blogspot.com.br. Acesso
26/12/2015. 23
Figura 3: Observa-se uma de limites de unidades de relevo construída por Aroldo
Azevedo em 1949 para classificar e delimitar as unidades presente no relevo do Brasil.
Fonte: Geografalando. Acesso 26/12/2015. 25
Figura 4. Classificação de Aziz Ab’ Saber, Domínios morfoclimáticos e províncias
fitogeográficas do Brasil. Fonte: Revista Orientação. Acesso 26/12/2015. 26
Figura 5. Moderna e atual Classificação do relevo do Brasil de Jurandir Ross. Fonte:
Geografia do Brasil, Jurandyr L. S. Ross, org. Acesso 26/12/2015. 27
Figura 6: Observa-se dois pradoes de de cores na figura, uma em tom verde
representando as massa continentes, e um outro em tom azul com aspecto enrugado
que representa áreas de formação das dorsais oceânicas nas regiões de separação
tectônica. Fonte: Myplaneterth.org. Acesso, 07/01/2016. 31
Figura 7. Observa-se uma zona de convergência de placas entre uma crosta oceânica
e uma crosta continental, a trincheira (Trench) seguindo uma tendência a de forma-se
nas bordas continentais. Fonte: studyblue.com. Acesso 26/11/2015. 33
Figura 8. Uma chapada caracteriza pela formação de grandes vales úmido ou secos
em suas bordas, em geral tem seu tipo plano e sempre circundados por depressões.
Fonte: zeviagem.blogspot.com.br/2013/ 02/chapada-diamantina-ba-brasil.html.
Acesso 26/12/2015. 34
Figura 9: As custas tende a se formar nas bordas das chapadas sedimentares e sempre
com uma face voltada para um vale consequente.
Fonte: Flogão.com. Acesso 27/11/2015. 35
4
Figura 10. Embora semelhante as formações de cuesta se diferenciam devido a sua
estrutura geológica, a Cuesta tem sua estrutura sedimentar, ao contrário das escarpas
cristalinas.
Fonte: Larousse.com.Fr; Panoramio.com.2015. Acesso 27/11/2015. 37
Figura 11. A grande Cordilheira do Himalaia formou com o choque da Placa
Asiática e Placa Eurásia. Fonte: Daniel Prudek / Shutterstock.com. Acesso 26/12/15 38
Figura 12: Observa-se a expansão urbana da cidade de Manaus sede do governo da
Amazonas sobre a planícies fluvial do rios Amazonas. Fonte: Governo do Estado,
2015. 41
Figura 13. A cidade uma das maiores metrópoles urbana do nordeste do Brasil se
desenvolveu sobre uma planície do tipo fluvio-marinha.
Fonte: Jornal do Commercio. Acesso 27/11/2015. 42
Figura 14: Observa-se uma extensa planície eólica no interior do estado de Rio
Grande do Norte, hoje muitas dessas área são dotadas um enorme potencial energético
eólico natural. Fonte: fr.m.wikipedia.org. Acesso 26/12/2015. 43
Figura15: Inselbegue sob ação erosiva – Queimadas-PB nas proximidades de
Campina Grande-PE no agreste paraibano. Fonte: GoogleEarth. Acesso 27/11/2015. 45
Figura 16: Observe-se um extenso pediplanos Quaternário Pleistoceno sertanejo
desenvolvido por processos erosivos e embutido no interior da grande Depressão
Sertaneja pernambucana. Fonte: geoconceicao. blogspot.com. br/ 2010/07/ regiao-
nordeste.html. Acesso 26/12/2015 46
Figura 17: Vista parcial em três dimensões da área rural do distrito de Santa Luzia
localização das coordenadas geográficas 08°14’11”S e 36°11’29” da Pedra do
Cachorro no Município de São Caetano. O pino em cor vermelho mostra os limites
territoriais do município de Tacaimbó, o verde por sua vez os limites territoriais do
município de Brejo da Madre de Deus, e por fim o amarelo o de São Caetano. A
imagem de satélite captado pelo satélite de domino da empresa Keyhole, Inc.,
disponibilizado pelo GoogleEarth em 2015. Autor: Natalício de Melo Rodrigues,
2015. 47
Figura 18: Observa-se que a principal característica da Pedra do Cachorro e a
exposição do seu maciço granítico exposto somando a sua grande conta altimétricas
que atingem cerca de 453 metros de altitude que somados as contas de altimetria da
Borborema eleva a altura de mais de mil metros, conforme aferições em loco feita 48
5
pelo pesquisador. Fonte: cedida pelo pesquisador Prof.Dr. Natalício de Melo
Rodrigues, 2015.
Figura 19: Observa-se um mapa elucidando a composição geológica presente nos os
tipos de terrenos e sua classificação na datação, no caso particular da Pedra do
Cachorro localiza-se nas junções de encontro das setas em Terrenos Ígneos
Metamórficos do Período Geológica Pré-cambriano. Fonte: Atlas Escolar de
Pernambuco, 2003. 51
Figura 20: Climogrma de São Caetano mostra uma grande variação de precipitações
e de temperatura. Essas variações somados ao efeito altitude fundamentais para
ampliar a eficiência das fenômenos erosivos e ampliação do intemperismo químico e
físico na Pedra do Cachorro. Fonte: Climate.dat.org. 2016. 52
Figura 21: Observa-se na figura aspectos cristalinos que compõe parte das massas
rochosas presenta no Inselbergue denominado Pedra do Cachorro. Os cristais em tom
rosa são os minerais de feldspato, os pretos o mineral biotita, e por fim os brancos que
são os quartos. Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015. 55
Figura 22: Observa-se o Inselbergue denominado Pedra do Cachorro circundado pela
mata do tipo Caatinga. Por sua composição do tipo cristalina afirmar-se em teoria que
o Inselbergue denominado Pedra do Cachorro esteve antes do Período Quaternário
submetido a processo de sedimentação, mas tarde essas massas exposta a intensos
processos erosivos ficaram a vista na superfície.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015. 56
Figura 23: Amostragem das composições químicas das massas rochosas do
inselbergue Pedra do Cachorro. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues,2015. 58
Figura 24: Amostras da composição mineralógica tipo félsica e mesocrático presente
na Pedra do Cachorro. A esquerda o granito de cor predominante, a direita o granito
rosa que aparece de forma isolada. Fonte: Pesquisa de campo –Projeto PIBID-
Geografia, 2015. 58
Figura 25: Amosta de variações da rocha ignea tipo cristalina.A direita a composição
clássica pela qual o granito é conhecico compsoto por biotita, feldspato e quarto. A
direir uma variação do granito com inserção de cristal de feldspato amarelo. Fonte:
Natalicio de Melo Rodrigues. 2015. 60
Figura 26: Compsição minerológica do granito aumentado 10 vezes com uso de app
lupa tipo Manifier: A cor preta é o mineral botita, o bracno é feldspato, o cinza e o 60
6
cristal de Quartzo, o mineral com coloração café é quarto. Fonte: Natalicio de Melo
Rodrigues.
Figura 27: Observa-se intrusões finas e rasas sobre rochas graníticas faneritica
granular grossa. Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015. 61
Figura 28: Pedra do Cachorro situada no município de São Caetano é na verdade sob
o ponto de vista geomorfológico um inselbergue. Fonte: Acervo de Natalicio de Melo
Rodrigues, 2015. 62
Figura 29: O inselbegue denominado Pedra possui uma extensa e variada fauna que
precisa ser pesquisada e catalogada. Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de
Geografia, 2015. 63
Figura 30: Observa-se na figura que os locais mais altos da massa rochosa perdem
sedimento por processos erosivos que se desprendem das rochas e se acumulam no
sopé das encostas constituindo os sedimentos coluvionares. Nas encostas muitos
sedimentos desenvolvidos em loco constituem importantes nichos de
desenvolvimento de vegetação no coluvio preso pela gravidade.
Fonte: natalgeoblogspot.com.br. Acesso 06/10/2015. 65
Figura 31: A grande fenda que dar acesso a parte superior do inselbergue denominado
Pedra do Cachorro é possível perceber ação da combinação dos intemperismos
químico, físico e biológico sobre a falha rochosa na forma de fenda. Fonte: Pesquisa
de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015. 68
Figura 32: Observa-se evolução de uma Oriçangas nas encostas íngremes do
inselbergue da Pedra do Cachorro por efeito do intemperismo químico. Após a
dissolução e formação das oriçangas o consequente preenchimento da Oriçangas por
sedimento e desenvolvimento de vegetação por dispersão de sementes por insetos,
animais ou vento. Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015. 69
Figura 33: Imagem do tipo de intemperismo físico atuando uma diaclase obre a rocha
com ação da água que penetra o solo rochoso e a ação dinâmica posteriormente das
amplitudes térmicas em função variações altas temperaturas durante o dia e queda de
temperaturas a noite. Autor: José Joaquim da Silva Neto – Pesquisa de campo em
06/10/2015. 70
Figura 34. Agentes do intemperismo do tipo Biológico vegetação envolvida na
superfície rochosa da Pedra do Cachorro apresentando arbustos e plantas densas.
Autor: José Joaquim da Silva Neto – Pesquisa de campo em 06/10/2015. 71
7
Figura 35: Perfil esquemático que mostra a estrutura de um líquen.Fonte:
Coladaweb.com.2016. 72
Figura 36: Liquens tipo crostoso nas superfícies rochosas ígneas graníticas do
inselbergue Pedra do Cachorro em cores amarela, laranja, verde e cinza. Fonte:
Natalicio de Melo Rodrigues, 2015. 74
Figura 37: Liquens tipo crostoso em cores verde e cinza escuro. Fonte: Natalicio de
Melo Rodrigues, 2015. 75
Figura 38: Liquens tipo crostoso em cores verde e amarelo escuro. Fonte: Natalicio de
Melo Rodrigues, 2015. 75
Figura 39: A Teoria da Deriva Continental mostra que durante os períodos geológicas
Permiano, Triassico e Jurássico o continente sul-americano e África estiveram juntos,
nessa condição o litoral brasileiro tinha um clima continental seco típico e se
assemelhava as condições atuais do semiárido do Nordeste, o que leva a entender a
posição da paleoforma do Pão de Açúcar na condição de inselbergue.
Fonte:quantumbiologist.wordpress.com 78
Figura 40: Observa-se na paisagem aspectos arredondados nas camadas superior das
faces rochosas o que denotam a ação erosiva química por hidratação dos cristais das
rochas. No centro entre os blocos rochosas onde o desnível é moderado o
desenvolvimento do solo eluvial sobre o qual cresce a vegetação e agre o
intemperismo biológico.Fonte: riodejaneironow.com.2015. 78
Figura 41: Observa-se que as feições do inselbergue da Pedra do Cachorro guardam
importante relação geológica, geomorfológica e paisagística com o morro do Pão de
Açúcar, embora ambos se encontram em condições geológicas semelhantes, por outro
lado suas condições geomorfológicas e temporais denotem uma grande inversão, o
Pão de Açucar foi inselbergue no passado, por sua vez a Pedra do Cachorro já no
passado um morro sob processo de dissecação. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues,
2015. 78
Figura 42: Concepção artística cientifica geológica da possível estrutura imersa do
Pão de Açúcar. Por ser uma baia é possível que essa concepção esteja correta. Fonte:
Universidade se São José dos Campos.SD. 81
Figura 43: Caruaru no entremeio das vertentes que compõe Vale do Ipojuca, ao fundo
em último plano os divisores de água da bacia do Rio Una. No centro é possível 82
8
observar as edificações verticais que caracteriza o bairro Mauricio de Nassau. Imagem
obtida com câmara celular tipo Motorola G.Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues 2015.
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 01 Classificação do relevo conforme Guerasimov apud Jatobá, 2008 .......... 29
Tabela 02 Tipologia Geológica do Terrenos no Estado de Pernambuco ................... 52
Tabela 03 Composição química das rochas ígneas ................................................... 58
Tabela 04 Aspectos granulométrico das rochas cristalinas do iselbegue da Pedra
do Cachorro ............................................................................................. 59
Tabela 05 Observa-se comparação entre os elementos geológicos,
geomorfológicos, climáticos, condição de política atual ......................... 77
10
RESUMO
O domínio semiárido pernambucano é caracterizado por possuir altas temperaturas durante o
dia e quedas de temperaturas a noite em função do efeito longitudinal, dessa forma as
amplitudes térmica diárias de como caráter grande variação térmica condições na qual se
estabelece o intemperismo físico, some as essas condições as chuvas irregulares, esparsas e mal
distribuídas, altos índices de evaporação, intermitência de rios, solos rasos e a vegetação
xerófila compondo assim o cenário ambiental do semiárido onde se insere os Processos de
Pediplanação que permite o desenvolvimento dos inselbergues. Nesses ambientes de
semiaridez como é o caso da Microrregião do Vale do Ipojuca que se destaca na paisagem um
perfil morfológico notadamente contrastante com o entorno da região do agreste que o
inselbergue denominado comumente Pedra do Cachorro forma de relevo típica relacionada a
Teoria da Pediplanação. Esse inselbergue, inserido na divisa dos limites intermunicipais de
Tacaimbó, São Caetano e Brejo da Madre de Deus tem em seu entorno as demais formas de
relevo comumente marcada pelos processos de pediplanação, como é caso dos pedimentos, os
pediplanos. Segundo JATOBÁ. L.; LINS, R.C. (2008), esses relevos residuais isolados e
elevados na paisagem pediplanadas são denominados na literatura de inselbergues (JATOBÁ,
L.; LINS,R.C(2008). Segundo a Teoria da Pediplanação (KING, 1967) tem por princípios a
análise da evolução do relevo, ocasionada dentre outros fatores pela termoclastia, um fenômeno
típico de dilatação e contração diária de rochas, promovidas pela variação de calor (quente/frio),
fator importante na erosão em ambientes secos, ocasionando a desagregação mecânica
(esfoliação esferoidal), erosão regressiva (recuo paralelo das encostas), modelagem dos relevos
residuais, e formação de pediplano, entendendo como áreas planas embutidas dentro de unidade
de planaltos e ligeiramente planas oriundas através da sobreposição de pedimentos. Contudo,
infere-se que a origem e evolução gradual dos inselbergues no semiárido do nordeste brasileiro,
agreste pernambucano, como é o caso da Pedra do Cachorro, estão associadas a uma dinâmica
evolutiva do relevo, pertinente às peculiaridades fisiográficas da região, essas feições são
relevos que possuem maior resistência à desagregação mecânica, pelas condições litológicas de
seu substrato rochoso, consequentemente, são considerados relevos residuais explicadas pela
teoria da Pediplanação.
11
ABSTRACT
The Pernambuco semiarid area is characterized by having high temperatures during the day and
drops temperatures the night due to the longitudinal effect, thus the thermal amplitudes daily as
character wide variation thermal conditions which establishes the physical weathering, some of
these conditions irregular, scattered and poorly distributed rainfall, high rates of evaporation,
intermittent rivers, shallow soils and xerophilous vegetation thus compounding the
environmental setting of the semiarid region where it operates the pediplanation processes that
allow the development of inselbergs. These semiaridez environments such as the Ipojuca Valley
micro-region that stands out in the landscape morphological profile markedly contrasting with
the surroundings of the rugged region that Inselberg commonly called Dog Stone typical form
of relief related to Theory of pediplanation. This Inselberg, located on the border of the
intermunicipal limits Tacaimbó, São Caetano and Brejo da Madre de Deus has in its
surroundings other landforms commonly marked by pediplanation processes, as is the case of
pediments, the pediplanos. According JATOBÁ. L.; LINS, RC (2008), these isolated residual
relief and high in pediplanadas landscape are denominated in inselbergs literature (JATOBÁ,
L .; LINS, RC (2008). According to the theory of pediplanation (KING, 1967) has the principles
analysis the evolution of relief, caused among other factors by termoclastia, a typical expansion
phenomenon and daily contraction of rocks, promoted by heat variation (hot / cold), an
important factor in the erosion in dry conditions, causing mechanical breakdown (exfoliation
spheroidal) , regressive erosion (parallel retreat of slopes), modeling of residual reliefs, and
pediplano training, understanding how embedded flat areas in uplands unit and slightly flat
originated by pediments overlap. However, it appears that the origin and evolution gradual of
inselbergs in the semiarid region of northeastern Brazil, rural Pernambuco, such as Cachorro
Stone, are associated with an evolutionary dynamics of relief, relevant to the physiographic
peculiarities of the region, these features are reliefs that have greater resistance to mechanical
breakdown, by lithological conditions of its bedrock therefore are considered waste relief
explained by the theory of pediplanation.
12
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
RESUMO
ABSTRACT
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA ............................................................. 16
2.1 A literatura e a natureza geomorfológica .................................................. 16
2.2 Teorias em Geomorfologia ......................................................................... 17
2.2.1 A teoria de William Morris Davis .............................................................. 18
2.2.2 Teoria de Pediplanação de Lester King ..................................................... 20
2.2.3 A teoria do equilíbrio dinâmico de Hack ................................................... 21
2.2.4 Perfil de Equilíbrio de Surrel ..................................................................... 21
2.3 Teoria da Pedimentação no Brasil ............................................................. 22
2.4 As classificações de relevo no Brasil ........................................................... 24
2.5 As formas de relevo ..................................................................................... 27
2.6 Contribuição da Geomorfologia Soviética para classificação do relevo 28
2.7 As Morfoestruturas .................................................................................... 29
2.7.1 Dorsais oceânicas ........................................................................................ 30
2.7.2 Trincheiras oceânicas ................................................................................. 32
2.7.3 Chapada ....................................................................................................... 34
2.7.4 Cuesta .......................................................................................................... 35
2.7.5 Escarpas de falha ........................................................................................ 36
2.7.6 Montanhas de dobramentos ....................................................................... 38
2.8 Morfoesculturas .......................................................................................... 39
2.8.1 Morfoesculturas desenvolvidas por processos de acumulação ................ 40
2.8.2 Planície fluvial ............................................................................................. 40
2.8.3 Planície flúvio marinha ............................................................................... 41
2.8.4 Planícies eólicas ........................................................................................... 42
2.9 Morfoestruturas desenvolvidas por processos de pedimentação ............ 43
13
2.9.1 Inselbergue .................................................................................................. 44
2.9.2 Pediplano ..................................................................................................... 45
2.9.3 Pedimentos .................................................................................................. 46
3 LOCALIZAÇÃO CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ...... 47
4 METODOLOGIA ....................................................................................... 49
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................ 51
5.1 Localização geológica da Pedra do Cachorro ........................................... 51
5.2 Origem geológica e geomorfológica do Inselbergue Pedra do Cachorro 53
5.3 Características geológicas das rochas presente na Pedra do Cachorro 55
5.4 Textura e classificação da rocha ígneas da Pedra do Cachorro ............... 57
5.5 Intrusões magmáticas em rochas cristalinas na Pedra do Cachorro ....... 61
5.6 Aspectos geomorfológicos .......................................................................... 62
5.7 Condições edáficas ...................................................................................... 64
5.8 A Desagregação Mecânica e Química no Inselbergue Pedra do
Cachorro ...................................................................................................... 65
5.8.1 Intemperismo Químico ............................................................................... 66
5.8.2 Intemperismo Físico ................................................................................... 69
5.8.3 Intemperismo Biológico .............................................................................. 70
5.8.4 Liquens: definição e característica ............................................................ 72
5.8.5 Caracterização das colônias de liquens no Inselbergue Pedra do
Cachorro ...................................................................................................... 73
5.8.6 As relações geomorfológicas e geológicas aplicadas ao inselbergue da
Pedra do Cachorro e o Pão de Açúcar ....................................................... 76
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................... 83
14
1 INTRODUÇÃO
No Agreste de Pernambucano, município de São Caetano, distante 160 quilômetros
do litoral, em paisagem seca da caatinga, destaca-se a Pedra do Cachorro, afloramento rochoso
de 475 metros de altura - um grande desafio para aventureiros e amantes dos esportes radicais.
Este é o cenário da terceira Reserva Particular do Patrimônio Natural de Pernambuco, uma
propriedade de 23 hectares, dos quais 18 foram transformados em unidade de conservação.
O título de RPPN foi concedido pela Agência Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (CPRH) em junho de 2002, devido à bela paisagem natural encontrada na
fazenda, além da diversidade da fauna e da flora da região. Após a titulação, o proprietário
Guaraci Cardoso assinou um termo de compromisso, assumindo a responsabilidade pela
preservação da reserva, um dos requisitos exigidos pelo Decreto Estadual nº 19.815/97, que
regulamenta a criação de unidades de conservação de caráter particular em Pernambuco.
A biodiversidade da RPPN foi conferida pelos técnicos Catarina Cabral e Cristina
Tavares, da CPRH e Aguinaldo Araújo, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente,
durante o processo de reconhecimento.
Além do valor paisagístico, o levantamento botânico da região, embora tenha sido
realizado num curto período de tempo, identificou espécies como a catingueira, o araçá nativo
e o angico-de-caroço, espécies de porte médio, presentes em fragmentos bem conservados da
vegetação. Da rica fauna levantada na fazenda, destacam-se o tatu-bola e a onça-parda, espécies
presentes na Lista Oficial de Animais Ameaçados de Extinção do País, publicada pelo Ibama.
A fazenda dispõe de alojamento para receber grupos de estudantes, pesquisadores
e visitantes, mas o desenvolvimento do ecoturismo na fazenda depende da aprovação do plano
de manejo da unidade de conservação, pela CPRH.
O proprietário da fazenda, um militar com experiência em sobrevivência na selva e
na prática de esportes radicais, orienta os visitantes sobre condutas corretas para a visitação da
área e envolve os vizinhos em programas de educação ambiental, com o objetivo de diminuir a
caça e o desmatamento realizados no entorno. Em 2002, promoveu o I Encontro dos Amigos
da Pedra, com a realização de limpeza das trilhas e exibição de vídeos ambientais.
Na verdade, sob o ponto de vista da geomorfologia do semiárido, essa paisagem
denominada Pedra do Cachorro, trata-se do ponto de vista cientifico uma forma de relevo
oriundas de processos erosivos na escala maior e diversos intemperismos na escala menor, que
15
atuando numa temporalidade quaternária holocênico denominada inselbergue. Assim, essa
pesquisa teve como objetivo construir uma caracterização Geológica e Geomorfológica da
Pedra do Cachorro considerando os atores internos e externos que ocasionou a formação desse
relevo na paisagem, localizada no município de São Caetano – PE. Identificar a tipologia das
rochas cristalinas, elucidar os processos metamórficos; caracterizar os processos de
intemperismo (o químico, o físico e biológico); localizar falhas geológicas; identificar o bioma
presentes nas diversas cotas altimetrias. Apresentar as formas Geológicas e Geomorfológicas e
Intemperismo na área do parque.
16
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 A literatura e a natureza Geomorfológica
Segundo Valter Casseti a Geomorfologia serve a para mostrar a importância do
estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento (planejamento urbano e regional,
análise ambiental...), evidenciando a estreita relação com a Geografia. A Geomorfologia
estrutura-se sob duas grandes correntes geomorfológicas e a situação atual. Quanto as duas
grandes linhagens epistemológicas advêm das escolas anglo-americana e a germânica, essas
com respectivas filiações, apresentando um panorama da situação atual (tendência holística,
fundamentada na perspectiva germânica).
Valter Casseti afirma ainda que a geomorfologia é um conhecimento específico,
sistematizado, que tem por objetivo analisar as formas do relevo, buscando compreender os
processos pretéritos e atuais. Citando Kugler, 1976 apud Geomorfologia (pagina oficial), afirma
que como componente disciplinar da temática geográfica, a geomorfologia constitui importante
subsídio para a apropriação racional do relevo, como recurso ou suporte, considerando a
conversão das propriedades geoecológicas em sócio reprodutoras, caracteriza as funções sócio
reprodutoras em suporte e recurso do homem.
Seu objeto de estudo é a superfície da crosta terrestre, apresentando uma forma
específica de análise que se refere ao relevo. A análise incorpora o necessário conhecimento do
jogo de forças antagônicas, sistematizadas pelas atividades tectogenéticas (endógenas) e
mecanismos morfoclimáticos (exógenos), responsáveis pelas formas resultantes.
Afirma ainda que partindo do princípio de que tanto os fatores endógenos, como os
exógenos, são “forças vivas'', cujas evidências demonstram grandes transformações ao longo
do tempo geológico, necessário se faz entender que o relevo terrestre não foi sempre o mesmo
e que continuará evoluindo. Portanto, a análise geomorfológica de uma determinada área
implica obrigatoriamente o conhecimento da evolução que o relevo apresenta, o que é possível
se obter através do estudo das formas e das sucessivas deposições de materiais preservadas,
resultantes dos diferentes processos morfogenéticos a que foi submetido.
17
Nessa condição o relevo assume importância fundamental no processo de ocupação
do espaço, fator que inclui as propriedades de suporte ou recurso, cujas formas ou modalidades
de apropriação respondem pelo comportamento da paisagem e suas consequências.
2.2 Teorias em Geomorfologia
Na evolução dos conhecimentos geomorfológicos, as discussões teórico-
metodológicas tiveram sua fase inicial a partir da publicação do Geographical cycle (DAVIS,
1899), embora Surell em 1841 (apud ABREU, 1983) já fizesse alusão à existência de uma
linhagem epistemológica. Os dados históricos mostram que, enquanto na América do Norte os
geólogos e engenheiros começavam a sistematização dos conhecimentos geomorfológicos,
paralelamente, no centro e leste europeu, através de Von Richthofen, iniciava-se a formalização
das bases conceituais, que foram progressivamente aprimoradas.
A avaliação global do desenvolvimento desta ciência efetuada por Abreu (1983),
consistiu em uma análise comparativa, ressaltando que a teoria geomorfológica parte de duas
fontes principais, cada uma com seus seguidores, onde se percebem interferências de uma sobre
a outra, e que evoluem paralelamente, convergindo na segunda metade do Século XX, em busca
de conceitos mais abrangentes.
Ao longo dos Séculos XIX e XX, houve uma insatisfação geral em relação aos
sistemas conceituais existentes e, nos anos do pós-guerra, houve severas críticas às linhas de
abordagem, o que levou a uma reformulação mais global, valorizando cada vez mais os aspectos
voltados para as geociências (ABREU, 1982). Esse quadro manifesta a intenção e a busca de
uma sistematização e de uma linha evolutiva epistemológica mais global, procurando entender
o pensamento geomorfológico das duas correntes epistemológicas: uma de raízes norte-
americanas, que incorpora a maior parte da produção em línguas inglesa e francesa até a
Segunda Guerra Mundial, e a outra de raízes germânicas, que engloba grande parte da produção
do leste europeu. Os trabalhos clássicos de Davis (1899) e Penck (1923), traduzido para o inglês
em 1953, representam os dois pilares da Geomorfologia: o conceitual e o metodológico.
18
2.2.1 A teoria de William Morris Davis
As teorias geomorfológicas fazem parte de um campo conceitual extremamente
importante para o estudo da Geomorfologia. Os diversos postulados elaborados desde o início
dos estudos geomorfológicos ainda nos primórdios séc. XIX até a atualidade perpassando
inicialmente por William Moris Davis e mais trade seguido por outros diversos autores em
diversas escolas e vieses, foram relevantes para a compreensão da formação do relevo e de sua
relação com ação antrópica, embora na época nem sempre se levavam em consideração a ação
do homem como maior modificador do relevo em sua superfície.
Para os geógrafos, torna-se de extrema importância o aprofundamento no
conhecimento destas relações, pois a Geomorfologia consiste num excelente campo de análise
entre os fatores antrópicos e naturais, sobretudo àqueles ligados a construção da superfície
terrestre. A compreensão da evolução do relevo gera subsídios para o entendimento dos
processos que ocorrem na superfície terrestre e, consequentemente, para a realização de estudos
ambientais, ao passo que a morfologia terrestre comporta a maioria dos seres vivos.
Dentre diversas teorias vale destacar o pioneirismo de William Morris Davis
quando da elaboração da Teoria do ciclo geográfico. Segundo essa teoria proposta por William
Morris Davis apresenta uma concepção finalista sistematizada na sucessão das formas de um
ciclo ideal conforme descreve Christofoletti (1998). Este modelo teórico se apoia na elaboração
de três fases no processo de evolução do modelado terrestre: a juventude, maturidade e
senilidade, podendo retornar novamente a uma fase de juventude através de movimentos
epirogenéticos caracterizando um processo de rejuvenescimento do relevo. Esta visão baseia-
se nas áreas temperadas úmidas que se desenvolve sobre as chamadas fases antropomórficas
comparando a evolução do relevo aos estágios da vida humana.
Os processos principais deste ciclo apresentam-se através do desenvolvimento das
seguintes etapas: Processo denudacional iniciado pela emersão e surgimento de massas
continentais. Atuação do sistema fluvial no entalhamento dos talvegues originando diversos
cânions. A partir do entalhamento do talvegue o rio caminha rumo a um perfil de equilíbrio,
caminhando orientado pelo nível de base onde a drenagem não erode nem deposita. Por fim, o
entalhamento produz nos vertentes desmoronamentos e ravina mentos surgindo uma topografia
de colinas.
19
Vale ressaltar que, uma das lacunas deixadas por essa teoria reside exatamente na
consideração do sistema fluvial como agente determinante, sem considerar outros fatores como
decisivos na evolução e gênese do relevo. Todo este processo desenvolve-se por meio da erosão
remontante que consiste no “[…] trabalho de desgaste feito de jusante para montante, ou seja,
da foz para a cabeceira do rio” (Guerra, 1989, p.159).
Figura 1. Observa-se o processo de evolução em três fases: Juventude(Youthful), maturidade(Mature) e
Senilidade (Old Age).
Fonte. natalgeoblogspot.com.br. Acesso 06/10/2015
20
Após este processo temos o período da maturidade que se caracteriza por uma
estabilidade tectônica. Diminuindo o ritmo da erosão linear as vertentes se alargam e a
declividade diminui (Christofoletti, 1980). Neste momento ocorre uma horizontalização
topográfica. Na fase da senilidade temos a “sucessão de colinas rebaixadas, cobertas por um
manto contínuo de detritos intemperizados e separados por vales com fundo
largo” (Christofoletti, 1980, p.162), formando o que se denomina de peneplanícies, termo que
designa uma superfície aplainada com leves ondulações originária de áreas temperadas úmidas.
Isso demonstra um período onde o relevo apresenta formas predominantemente aplainadas,
pronto para a execução de um novo ciclo a partir de um movimento epirogenético e a
consequente quebra da estabilidade tectônica.
2.2.2 Teoria de Pediplanação de Lester King
Uma outra teoria importante que explicar o relevo é a Teoria da pediplanação
(Lester King) de acordo com Ross (1991) a teoria da pediplanação, se baseia no princípio da
atividade erosiva desencadeada por processos de ambientes áridos e semiáridos com a
participação dos efeitos tectônicos, elaboradas ao longo do tempo em diferentes níveis. Nesta
teoria, os soerguimentos de caráter epirogenéticos são decisivos.
Diferentemente da visão davisiana os estudos de King desenvolveram-se apoiados
em áreas de clima árido e semiárido. Essa interpretação apoia-se na teoria de que nas áreas
tropicais e subtropicais os climas alteram-se de áridos e semiáridos para quentes e úmidos em
contraposição ás áreas e periglaciais em que os climas se alteram em períodos glaciais e
interglaciais úmidos”. (Ross, 1991, p.26) O principal ponto desta teoria geomorfológica repousa
na formulação do chamado recuo paralelo das vertentes, conceito que se contrapõe a visão de
Davis, pois afirma que o processo de erosão ocasiona o recuo das vertentes sem que haja perda
de sua declividade ou inclinação de seu “knic”.
Conforme (Casseti, 1994, p.42), o processo que envolve o recuo das vertentes é
acompanhado de um ajuste isostático: Como se sabe, a crosta interna é constituída de silicatos
de magnésio, razão pela qual é conhecida como sima, ao passo que externa, de densidade
inferior, é representada por silicatos de alumínio sial […] o sial flutua sobre o sima […]
refletindo numa acomodação operada em profundidade. Assim a parte elevada, submetida à
21
erosão, sofre um alívio de carga, que é contrastado pela subsidência gerada pelo material
depositado. Essa diferença resulta em acomodação isostática, que por sua vez origina degraus
topográficos […].
Este processo cria depósitos de sedimentos correlativos que geram pedi planos
embutidos. O modelo de King não estabelece um nível de base geral, ao contrário, propõem um
nível de base local ou regional sem que necessariamente seja o nível marítimo, o que
desconsidera os períodos glaciais e interglaciais no tocante à sua atuação e participação no
processo de elevação do nível do mar. Na visão davisiana este processo interferiria bastante nos
níveis de erosão local.
2.2.3 A teoria do equilíbrio dinâmico de Hack
Proposta por Hack, chamada de Teoria do equilíbrio dinâmico baseia-se
inteiramente na concepção sistêmica do meio ambiente, tendo como “princípio básico o
entendimento de que o ambiente natural se encontra em estado de equilíbrio, porém não
estático, graças ao mecanismo de funcionamento dos diversos componentes do sistema […]
sendo, portanto entendida pela funcionalidade na entrada de fluxo de energia no sistema que
produz determinado trabalho”. (Ross, 1991, p.26). Conforme Christofoletti (1980), “a teoria do
equilíbrio dinâmico baseia-se num comportamento balanceado entre os processos
morfogenéticos e a resistência das rochas, e também leva em consideração as influencias
diastróficos na região”.
2.2.4 Perfil de Equilíbrio de Surrel
Dentre as várias contribuições que auxiliaram na evolução nas discussões a respeito
das teorias geomorfológicas, temos o postulado de Surrel, que definiu o perfil de equilíbrio das
drenagens. De acordo com Surrel o perfil de equilíbrio consiste no ponto máximo da ação
erosiva.
22
Na visão davisiana, o nível de base consiste no “ponto limite abaixo do qual a erosão
das águas correntes não pode trabalhar, constituindo o ponto mais baixo a que o rio pode chegar
[…] O nível de base geral de todos os rios é o nível do mar” (Guerra, 1989, p.303).
Contrapondo-se a visão do ciclo geográfico, o princípio da pediplanação de King
apresenta níveis de bases locais e regionais sem necessariamente acoplá-lo a um nível geral,
relacionado ao nível do mar. Isto opõe a visão de Davis quando o próprio afirma que, ao longo
da história geológica os períodos de oscilações climáticas interferiam diretamente na ação
erosiva devido a oscilação marinha, já que o perfil de equilíbrio caminha rumo a ação máxima
erosiva baseada no nível de base.
Outra contribuição importante é a de Gilbert, que definiu princípios como:
declividade (as maiores declividades são encontradas próximas ao topo, estando diretamente
ligada a inclinação da vertente), estrutura (dureza da rocha) e divisores. Estes princípios
nortearam muitos pensamentos ulteriores, contribuindo para definição das mais variadas teorias
no campo de estudo da Geomorfologia.
Voltados a este aspecto, apresentam-se os estudos da escola alemã iniciados por
Humboldt e Richthofen, os quais tiveram uma contribuição substancial para as formulações de
W. Penck. Esta visão apoia-se em três elementos: os processos exogenéticos, endogenéticos e
os processos decorrentes dos anteriores, que podem ser chamados de feições atuais da
morfologia.
Neste aspecto, a Geomorfologia Climática estuda a relação da zonalidade climática
e o relevo, estabelecendo assim as zonas ou domínios morfoclimáticos sem desconsiderar os
outros fatores.
2.3 Teoria da Pedimentação no Brasil
No Brasil o geógrafo Aziz Ab’ Saber, baseando-se nesta visão, determinou os
domínios morfoclimáticos, tendo este, grande influência davisiana. De modo que, as influências
litológicas são pouco consideradas, ocasionando uma lacuna vazia em suas análises.[…]
Percebe-se assim, que a tônica da interpretação geomorfológica passa a ser a correlação da
tipologia do modelado com os processos denudacionais influenciados pelos diferentes tipos
climáticos e coberturas vegetais, onde se combinam os fatores ligados à alteração físico-
23
química das rochas de um lado e o desgaste erosivo das águas correntes, geleiras, oceanos e
ventos, de outro (Ross, 1991, p. 24) Pode-se dizer que esta interpretação resume-se em: tipos
de relevos, tipos climáticos e cobertura vegetal alterados pelas ações físicos químicas e o
consequente desgaste erosivo pelos fatores externos.
Os Domínios Morfoclimáticos e Fitogeográficos do Brasil foram estabelecidos pelo
geógrafo Aziz Ab' Saber. Ele agrupou os espaços de acordo com características do relevo
juntamente com as influências climáticas. Para tal mapeamento, ele considerou a vegetação
natural, como se o homem não tivesse interferido. Os domínios são seis, juntamente com as
áreas de transição, que são: Amazônico, Cerrados, Mares de Morros, Caatingas, Araucárias e
Pradarias.
Figura 2: Mapa de relevo levando em consideração o clima e vegetação ou domínios morfoclimáticos.
Fonte:www.blogdoprofalexandre.blogspot.com.br. Acesso 26/12/2015.
24
É justamente nos domínios geomorfológicos da Caatinga do semiárido que se
desenvolve as formas de relevo relacionadas aos processos de pedimentação estabelecidos por
outros teóricos como já se citou nesse TCC que são pertinentes a geomorfologia, a saber o
inselberg, os pedi planos e os pedimentos.
2.4 As classificações de relevo no Brasil
As raízes da geomorfologia no Brasil se inicia com classificações do relevo. Uma
das primeiras classificações feitas no Brasil sobre o relevo do país começou a ser produzida nos
anos 1940 pelo geógrafo e geomorfólogo brasileiro Aroldo de Azevedo. Professor da USP,
Aroldo publicou seu trabalho em 1949. Mais tarde, em meados dos finais dos anos 1950 surgiu
uma nova classificação de relevo para o Brasil, elaborada pelo geógrafo e geomorfólogo Aziz
Nacib Ab'Sáber.
Também professor da USP, Ab'Sáber elaborou uma classificação mais complexa
do que a de seu antecessor. Introduziu a abordagem morfoclimática, que considera os efeitos
do clima sobre o relevo. Identificam-se sete planaltos e três planícies na classificação de Aziz.
No momento atual prevalece a classificação de 1989 foi divulgada como a nova classificação
de relevos do Brasil elaborada pelo professor Jurandyr Ross, do Laboratório de Geomorfologia
do Departamento de Geografia da USP. Ele usou no seu trabalho os dados produzidos pelo
Projeto Radam Brasil.
Uma das primeiras classificações feitas no Brasil sobre o relevo do país começou a
ser produzida nos anos 1940 pelo geógrafo e geomorfólogo brasileiro Aroldo de Azevedo.
Professor da USP, Aroldo publicou seu trabalho em 1949.
A classificação baseava-se no critério da altimetria que dividia o Brasil em
planícies, áreas de até 200 metros de altitude, e planaltos, áreas superiores a 200 metros de
altitude. Aziz Ab' Saber em seu trabalho sobre a classificação do relevo brasileiro levou em
consideração em estudo sobre o relevo apenas a atuação conjunta dos agentes internos e
externos que atuam sobre a gêneses do modelado da superfície terrestre, ou seja, dos elementos
da natureza como: clima, solo, hidrografia, vegetação etc.) principalmente da ação do clima nos
diferentes tipos de rochas. Juntamente com a influência interna representada pelo tectonismo.
25
Figura 3. Observa-se uma de limites de unidades de relevo construída por Aroldo Azevedo em 1949 para
classificar e delimitar as unidades presente no relevo do Brasil.
Fonte: Geografalando. Acesso 26/12/2015.
Segundo esse estudo o relevo brasileiro tem sua formação antiga e resulta
principalmente da ação das forças internas da terra e da sucessão de ciclos climáticos. A
alternância de climas quentes e úmidos com áridos ou semiáridos favoreceu o processo de
erosão e explicam a formação do atual modelado do relevo brasileiro.
Nessa perspectiva, Aziz Ab’ Saber observou a evolução do clima (paleoclimas),
para realizar a classificação do relevo brasileiro, isto é, as dramáticas alterações ocorridas ao
longo do tempo geológico no território brasileiro. Portanto, a análise do relevo atual envolveu
também o estudo dos chamados paleoclimas, ou seja, os fatores climáticos passados, que
contribuem para explicar o modelado do presente.
Com base no estudo dos processos fisiológicos que envolveram as rochas que
compõem a estrutura geológica de brasileira Aziz Ab’ Saber classificou o relevo brasileiro em
dois tipos de macro unidades geomorfológicas: Planaltos e Planície. Além de aumento de 8
unidades para 10 unidades de relevo.
26
Figura 4. Classificação de Aziz Ab’ Saber, Domínios morfoclimáticos e províncias fitogeográficas do Brasil.
Fonte: Revista Orientação. Acesso 26/12/2015
A classificação do relevo brasileiro de Jurandyr Ross, elaborada com base em
imagens de radar nas décadas de 80 e 90, possibilitou ampliar a complexidade da geomorfologia
do Brasil. Ross propôs a criação de uma terceira macro unidade além dos planaltos e planícies,
as depressões; além de ter estendido para quase trinta unidades de relevo.
Planaltos: superfícies acima de 300 metros de altitude que sofrem desgaste
erosivo. Contém formas de relevo irregulares como morros, serras e chapadas.
Planícies: é uma superfície plana, com altitude inferior a 100 metros, formada
pelo acúmulo de sedimentos de origem marinha, fluvial e lacustre.
Depressões: superfícies entre 100 e 500 metros de altitude sendo mais planas
que os planaltos (é uma superfície com suave inclinação) e mais rebaixadas que
as áreas de entorno, além de sofrer desgaste erosivo (formada por prolongados
processos de erosão) e apresentar elevações residuais como inselbergs e
planaltos residuais.
27
Figura 5. Moderna e atual Classificação do relevo do Brasil de Jurandir Ross.
Fonte: Geografia do Brasil, Jurandyr L. S. Ross, org. Acesso 26/12/2015.
2.5 As formas de relevo
O relevo corresponde às variações de reentrâncias que se apresentam sobre a
camada superficial da litosfera da Terra. Assim, podemos perceber que o relevo terrestre
apresenta diferentes fisionomias, isto é, áreas com diferentes características: algumas mais
28
altas, outras mais baixas, algumas mais acidentadas, outras mais planas, entre outras feições
que se distribuem sobre os oceanos e continentes.
A formação do relevo em termos geológicos e geomorfológicos dependem ter duas
origens, provenientes de fatores endógenos (internos) e exógenos (externos), que somados a
energia solar que atuam sobre todos os fatores erosivos que compõe a dinâmica terrestre e a
força da gravidade que atuam carreados os produtos da erosão para as partes mais baixa do
relevo.
Os fatores internos da formação do relevo são o tectonismo e o vulcanismo. O
tectonismo influencia na formação de relevo por meio das acomodações das placas litosferas
que podem ser de aproximação ou de afastamento. Os movimentos das placas tectônicas e são
provocados pela quantidade de calor existente dentro da Terra, dando origem às correntes de
convecção que podem ser convergentes e divergentes: a primeira quando as placas se chocam
e a segunda quanto se afastam.
O processo de vulcanismo interfere na formação do relevo, pois quando existe uma
grande pressão no interior da Terra, as camadas da crosta se rompem. De uma forma geral, o
vulcanismo dá origem a duas formas de relevo: as montanhas e os planaltos.
Já os fatores exógenos (externos) formam o relevo por meio de erosões, que podem
ser pluviais (provocadas pela água da chuva) e fluviais (provocadas pelas águas dos rios e mar).
Nesses casos, o relevo sofre alterações, pois o escoamento das águas o desgasta dando a ele
gradativamente novas formas.
As geleiras também promovem modificações no relevo através da erosão glacial,
quando ocorrem avalanches e porções de rochas se desprendem, alterando, assim, o relevo do
local. Por fim, existe a modificação do relevo por meio da ação dos ventos, denominada erosão
eólica.
O homem também é um agente externo de transformação do relevo. Essas
modificações são provenientes das atividades e das relações humanas. O homem, através do
trabalho, transforma o relevo segundo os interesses econômicos ou mesmo para habitação.
2.6 Contribuição da Geomorfologia Soviética para classificação do relevo
O mapeamento geomorfológico realizado pelos pesquisadores da escola soviética,
consiste numa ferramenta de tamanha utilidade para a execução de diagnósticos ambientais e
29
consequentemente nas ações de planejamento. No entanto, esta visão deixou uma lacuna
conceitual e metodológica durante muito tempo. Isto ocorreu, pois nos estudos da cartografia
geomorfológica soviética desprezava-se o fator estrutural em relação ao escultural ou vice-
versa, tendo como resultado uma carta que, regra geral, voltava-se a tão somente um dos
aspectos citados.
Segundo Lucivânio Jatobá (2008), foi através das contribuições da escola soviética,
criaram-se então os conceitos de morfoescultura e morfoestrutura, importantíssimos para o
desenvolvimento da Geomorfologia atual e para melhor analisar e compreender a forma com
que essas dinâmicas se revelam, dessa preocupação foi elaborada uma classificação do relevo
terrestre com base em suas características geomorfológicas principais, que segundo o russo
I.P.Guerasimov classifico para designar a estrutura geológica e aos processos erosivo e
deposicionais como são os casos dos conceitos de morfoestrutras e morfoesculturas.
Morfoestruturas Morfoesculturas
Dorsais oceânicas Pedimentos
Trincheiras oceânicas Pediplanos
Chapada Inselbergues
Cuesta Planícies marinhas
Escarpa de falha Planície fluvial
Montanhas de dobramento Planícies eólicas
Rift Planícies lacustres
Planícies Glaciais
Tabela 1. Classificação do relevo conforme Guerasimov apud Jatobá, 2008.
Autoria: José Joaquim da Silva Neto,2016.
2.7 As Morfoestruturas
A Cartografia Geomorfológica se constitui em importante instrumento na
espacialização dos fatos geomorfológicos, permitindo representar a gênese das formas do
relevo e suas relações com a estrutura e processos, bem como com a própria dinâmica dos
processos, considerando suas particularidades. Para Tricart (1965), o mapa geomorfológico
30
refere-se à base da pesquisa e não à concretização gráfica da pesquisa realizada, o que
demonstra seu significado para melhor compreensão das relações espaciais, sintetizadas através
dos compartimentos, permitindo abordagens de interesse geográfico como a vulnerabilidade e
a potencialidade dos recursos do relevo. Ao se elaborar uma carta geomorfológica devem-se
fornecer elementos de descrição do relevo, identificar a natureza geomorfológica de todos os
elementos do terreno e datar as formas (Ross, 1996).
Muitas são as propostas existentes para a representação do relevo. A maior
unanimidade entre elas refere-se à questão do conteúdo geral dos mapas, independentemente
da maneira de representação gráfica, que geralmente provoca divergência entre as diversas
tendências. Portanto, “o que parece mais problemático é a questão relativa à padronização ou
uniformização da representação cartográfica, pois ao contrário de outros tipos de mapas
temáticos, não se conseguiu chegar a um modelo de representação que satisfaça os diferentes
interesses dos estudos geomorfológicos” (Ross, 1990).
Abreu (1982) procura destacar o problema da classificação dos fatos
geomorfológicos, “na medida que isto é um dado fundamental para o processo de análise”. Para
tal, o autor considera procedente “deslocar o eixo de abordagem do problema da escala para o
problema da essência dos fenômenos que interessa ao estudo do georelevo”. Destaca a “forma”
como síntese metodológica, “procurando obter dela as informações necessárias para a
compreensão da essência de sua dinâmica e das propriedades adquiridas (...)”. Defende assim
uma geomorfologia mais funcionalista, na medida que oferece subsídios de interesse
geográfico. Ressalta, contudo, que o problema da escala apresenta significância
“principalmente na definição do encaminhamento metodológico, na escolha dos instrumentos
de investigação e no nível de resolução gráfica do tratamento cartográfico (...)”. A forma passa
a se caracterizar, então, como expressão da dinâmica ou do movimento dos materiais
responsáveis pela morfogênese na crosta terrestre.
2.7.1 Dorsais Oceânicas
As dorsais oceânicas ou dorsais meso-oceânicas são feições do relevo submarino
que apresentam elevações abruptas em altitudes muito superiores ao seu relevo circundante,
formando verdadeiras cadeias de montanhas submersas. Não por acaso, as dorsais oceânicas
31
também recebem o nome de cordilheiras oceânicas ou meso-oceânicas. A formação das
dorsais oceânicas está ligada à expulsão do magma existente no manto terrestre a partir das
fraturas originadas pelo afastamento entre as placas tectônicas, de modo que o magma
rapidamente se transforma em rochas ígneas. Essas rochas podem permanecer nesse
estado ou se transformarem gradativamente em rochas metamórficas, a depender das condições
de pressão do ambiente.
Nas extremidades das dorsais meso-oceânicas, formam-se escarpas, cuja incidência
depende da taxa de propagação tectônica das formas de relevo submarino, uma vez que esse
ambiente é predominantemente condicionado pelos agentes endógenos de transformação do
relevo. Por isso, em algumas localidades, formam-se elevações muito íngremes e até fossas
oceânicas, onde a profundidade é maior e a pressão da água alcança valores muito elevados.
Figura 6: Observa-se dois pradoes de de cores na figura, uma em tom verde representando as massa continentes,
e um outro em tom azul com aspecto enrugado que representa áreas de formação das dorsais oceânicas nas regiões
de separação tectônica.
Fonte: Myplaneterth.org. Acesso, 07/01/2016.
As áreas onde se formam as dorsais oceânicas são, obviamente, geologicamente
mais jovens e constituem os pontos de renovação das rochas, uma vez que o magma se solidifica
nessas áreas. Já nas localidades de choque e encontro entre duas placas tectônicas, no extremo
32
oposto das dorsais, a placa mais pesada submerge e as rochas são gradativamente convertidas
em magma novamente, constituindo o processo de renovação cíclica das rochas.
Uma das dorsais mais conhecidas e mais estudadas pelos cientistas é a dorsal
mesoatlântica, formada durante a separação continental e com a consequente constituição do
Oceano Atlântico durante o período cretáceo, há cerca de 140 milhões de anos. Como as placas
que se encontram submersas por esse oceano estão em processo de afastamento, as áreas
continentais por ele banhadas apresentam uma acentuada estabilidade geológica, com poucos
terremotos e praticamente nenhum vulcanismo, o que inclui o território brasileiro.
2.7.2 Trincheiras oceânicas
Há cerca de 50 mil km de margens de placas convergentes, principalmente ao redor
do Oceano Pacífico, razão para acontecer à referência do “tipo Pacífico”. Elas também estão no
leste do Oceano Índico, com curtos segmentos de margens convergentes no Oceano Atlântico
e no Mar Mediterrâneo. Trincheiras são às vezes enterradas e não têm expressão batimétrica.
Trincheiras junto com arcos vulcânicos possuem 700 quilômetros (430 milhas) nos
diagnósticos de limites de placas convergentes e nas manifestações profundas. Trincheiras são
relacionadas com zonas de colisão continental, onde a crosta entra na zona de subducção. A
subducção ocorre quando uma crosta continental flutuante entra em uma trincheira ou
subducção a margem de placa convergente torna-se zona de colisão.
Trincheiras não foram claramente definidas até final dos anos 1940 e 1950. A
batimetria do mar não teve nenhum interesse real até o final dos anos do século XIX e início do
século XX, com a colocação inicial de cabos telegráficos transatlânticos no fundo do mar entre
os continentes. Mesmo assim, a expressão alongada batimétrica de trincheiras não foi
reconhecida até boa parte dos anos XX. Trincheiras são peças centrais da fisiografia distintivo
de uma margem de placa convergente. Transecções atravessando trincheiras produzem perfis
assimétricos, com relativa inclinação (lado do mar) e o exterior mais íngreme. Esta assimetria
acontece devido ao facto de a rampa exterior ser definida pela parte superior da placa, que deve
dobrar quando inicia a descida.
A grande espessura da litosfera exige que esta flexão seja gentil. À medida que a
placa se aproxima da trincheira, primeiro é dobrada para cima para formar a ondulação da
33
trincheira exterior, depois desce para formar o declive na vala exterior. Ele é interrompido por
um conjunto de subparalelas falhas no fundo do mar. O limite de placa está definido pelo eixo
de trincheiras em si.
Por baixo da parede da trincheira interna, as duas placas se deslizam umas sobre as
outras ao longo da base do fundo do mar, que define o local de trincheira. A placa contém
primordial arco vulcânico causado por interações físicas e químicas entre a placa de
profundidade e o manto associado com a placa de substituição.
Figura 7. Observa-se uma zona de convergência de placas entre uma crosta oceânica e uma crosta continental, a
trincheira (Trench) seguindo uma tendência a de forma-se nas bordas continentais.
Fonte: studyblue.com. Acesso 26/11/2015.
A parede interior da trincheira marca a borda da placa principal. Se o fluxo de
sedimentos é elevado, o material passa a ser transferido à placa de substituição. Neste caso, um
prisma de aceleração cresce e a localização da trincheira migra progressivamente fora do arco
vulcânico ao longo da vida da margem convergente.
O perfil assimétrico em uma vala reflete diferenças fundamentais em materiais e
evolução tectônica. A parede da trincheira exterior incha e compreendem fundo do mar que
leva alguns milhões de anos para se deslocar de onde subducção relacionada com a deformação
começa perto da trincheira exterior.
34
Em contraste, a parede interior trincheira é deformada por interações da placa para
toda a vida da margem convergente. É continuamente submetida à subducção relacionadas de
sismos. Esta deformação prolongada causa agitação segura na inclinação interior controlada
por ângulo de repouso em qualquer material composto.
2.7.3 Chapada
Em geografia, chapada corresponde a uma área reta (plana) localizada no alto de
serras. No Brasil é mais comum na região Centro-Oeste, como são os casos da chapadas do
Centro-Oeste, como a dos Veadeiros em Goiás e dos Guimarães no Mato Grosso, são divisores
de águas entre as Bacias Amazônicas, Platina, do rio São Francisco e do Tocantins. No Nordeste
Oriental a Depressão Sertaneja e do rio São Francisco sofreram transgressão marinha, o que
contribuiu para a presença de fósseis de répteis gigantescos na Chapada do Araripe e em jazidas
de sal-gema (cloreto de sódio encontrado no subsolo). A maior chapada brasileira é a Chapada
Diamantinano estado da Bahia.
Figura 8. Uma chapada caracteriza pela formação de grandes vales úmido ou secos em suas bordas, em geral tem
seu tipo plano e sempre circundados por depressões.
Fonte: zeviagem.blogspot.com.br/2013/02/chapada-diamantina-ba-brasil.html. Acesso 26/12/2015
35
No Norte do Brasil, em especial nos estados do Tocantins onde se encontra uma
grande variedade de chapadas e Região Nordeste onde no Maranhão pode se encontrar a
Chapada das Mesas. Há uma diversidade de chapadas, que se traduz por uma faixa de terra
arenosa, de solo quartzareno, muito propício à erosão, sendo uma variedade do cerrado, também
conhecida como carrasco.
A Chapada tocantinense constitui-se de uma vegetação xerófita, seca, dura, grossa,
de árvores de galhos retorcidos e casquentos, um tanto longe umas das outras. Essa formação
vegetal estende-se por todo o estado do Tocantins, na região de Araguaína, Babaçulândia,
Filadélfia, Piraquê, Ananás, Xambioá, Wanderlândia e outros municípios.
2.7.4 Cuesta
Cuesta é uma forma de relevo em que colinas e montes têm um declive não
simétrico, ou seja, suave de um lado e íngreme do outro. A palavra tem origem no idioma
espanhol e significa encosta de uma colina ou monte. Em geologia e geomorfologia, cuesta
refere-se especificamente a um cume assimétrico com inclinação longa e suave. As mais
comuns são as cuestas arenítico-basálticas, intercalando sequências de camadas sedimentares
de inclinação suave com níveis mais resistentes à erosão.
Figura 9: As custas tende a se formar nas bordas das chapadas sedimentares e sempre com uma
face voltada para um vale consequente.
Fonte: Flogão.com. Acesso 27/11/2015
36
O relevo de cuesta representa um meio termo entre os relevos de mesa e de hogback.
A assimetria do relevo de cuesta promove a erosão mais acentuada (maior energia dos rios) nas
vertentes escarpadas do que nas vertentes suaves (paralelas ao mergulho) o que leva a uma
regressão lateral dessas escarpas de cuesta.
É também uma forma de relevo dissimétrico, constituído por uma sucessão
alternada de camadas rochosas com diferentes resistências ao desgaste e que se inclinam numa
direção, formando um decline suave no reverso e um corte abrupto ou íngreme na chamada
frente da cuesta.
2.7.5 Escarpas de falha
Em geologia, uma falha geológica é uma descontinuidade que se forma pela fratura
das rochas superficiais da Terra (até cerca de 200 km de profundidade) quando as forças
tectônicas superam a resistência das rochas. A zona de ruptura tem uma superfície geralmente
bem definida, denominada "plano de falha" e sua formação é acompanhada de um deslizamento
de rochas tangencial a este plano.
Os elementos de uma falha são:
Plano da falha: Plano ou superfície ao largo da qual se distribuem os blocos que
se separam na falha. Com frequência, o plano de falha apresenta estrias, que se
originam pelo atrito dos dois blocos.
Lábio levantado: Também chamado Bloco Superior, é o bloco que se localiza
acima do plano de falha.
Lábio fendido: Também chamado Bloco Inferior, é o bloco que se localiza
abaixo do plano de falha.
As seguintes características permitem descrever as falhas:
Direção: Ângulo que forma uma linha horizontal contida no plano de falha com
a extremidade norte-sul.
Encosta: Ângulo que forma o plano de falha com a horizontal.
37
Salto de falha: Distância entre um ponto dado de um dos blocos (por exemplo,
uma das superfícies de um extrato) e o correspondente ao outro, tomada ao largo
do plano de falha.
Escarpa: Distância entre as superfícies dos dois lábios, tomada em vertical.
Espelho de falha: é a superfície plana ainda que com leve declive, que se projeta
ao largo da escarpa da falha
Facetas triangulares: são espelhos de falhas que mostram o corte produzido em
um filamento montanhoso quando a falha se apresenta em forma perpendicular
à direção do mesmo filamento montanhoso mencionado. Tanto a parte fendida
como o próprio espelho de falha possuem aspecto triangular, de onde origina-se
seu nome.
Falhas metamórficas: são falhas exteriores que se dispõem uma sobre a outra.
Uma falha é ativa quando deforma sedimentos quaternários, ou seja, quando mostra
evidências de movimentos durante os últimos 1,8 milhões de anos. Algumas falhas ativas estão
ligadas a movimentos tectônicos, o que demonstra que a área continua em pleno movimento e
transformação. O deslizamento pode ser repentino em forma de saltos, o que dá lugar a sismos
e ocorre um processo que é o choque entre duas falhas distintas, e ao chocarem-se produzem
sismos seguidos de períodos de inatividade. Os sismos mais importantes tiveram origem em
saltos de 8 a 12 m. O deslizamento também pode dar-se de maneira lenta e contínua, perceptível
somente com instrumentos tais como estações GPS, após vários anos de observações.
Figura 10. Embora semelhante as formações de cuesta se diferenciam devido a sua estrutura geológica, a Cuesta
tem sua estrutura sedimentar, ao contrário das escarpas cristalinas.
Fonte: Larousse.com.Fr; Panoramio.com.2015. Acesso 27/11/2015
38
2.7.6 Montanhas de dobramentos
Dobramentos modernos são grandes estruturas formadas por rochas magmáticas e
sedimentares pouco resistentes. Foram afetadas por forças tectônicas durante o período
Terciário provocando o enrugamento e originando as cadeias montanhosas ou cordilheiras.
Em regiões como os Andes, as Montanhas Rochosas, os Alpes, o Atlas e o
Himalaia, são frequentes os terremotos e as atividades vulcânicas. Apresentam também as
maiores elevações da superfície terrestre. Os dobramentos resultam de forças laterais ou
horizontais ocorridas em uma estrutura sedimentar que forma as cordilheiras. As falhas
resultam de forças, pressões verticais ou inclinadas, provocando o desnivelamento das rochas
resistentes.
Figura 11. A grande Cordilheira do Himalaia formou com o choque da Placa Asiática e Placa Eurásia.
Fonte: Daniel Prudek / Shutterstock.com. Acesso 26/12/15
Quando os pesquisadores do século 19 e início do século passado observavam as
diferentes formas de relevo, perguntavam-se por que alguns lugares possuíam montanhas
elevadas com picos pontiagudos, outros eram montanhas arredondadas e outros eram planícies
(áreas amplas e planas, geralmente muito baixas). Para tentar explicar a questão, chegaram a
propor que a Terra estava se expandindo (crescendo como um pão de queijo ou um bolo no
forno) e conforme se expandia apareciam essas diferenças de altitude e formas da superfície
(essas desigualdades são chamadas de relevo).
39
Outros pesquisadores pensavam que a Terra estaria se encolhendo como uma
ameixa que seca e ao encolher apareceriam as montanhas e depressões. Então o pesquisador
Alfred Wegener elaborou a teoria da deriva continental. A teoria foi confirmada com o
surgimento da teoria de movimento das placas tectônicas.
A teoria da Tectônica de Placas afirma que o planeta Terra é dividido em várias
placas tectônicas (como uma bola de capotão, mas com gomos irregulares e de diferentes
tamanhos) que se movimentam, pois estão flutuando sobre o magma (como a lava vulcânica
derretida que sai dos vulcões). Ao se movimentarem, formam as montanhas mais recentes
(dobramentos modernos), fossas oceânicas, atividade vulcânica, terremotos, cordilheiras meso-
oceânicas, tsunamis, etc.
A Terra é formada por várias camadas, as três principais são: núcleo, manto e crosta,
existindo ainda várias subdivisões. As placas apresentam uma densidade menor (em média 2,8)
que a do magma (em média 3,2) e por isso as placas "flutuam" no magma da astenosfera que é
tão quente (geralmente mais de 1.000ºC) que se apresenta derretido, portanto quase líquido,
mas muito viscoso. Como todo líquido quente, o magma gira e ao girar empurra as placas em
um certo sentido. Então, elas podem se chocar ou se afastar. Na zona de convergência, as placas
se chocam resultando na formação de dobramentos modernos e fossas oceânicas.
2.8 Morfoesculturas
Como vimos os conceitos de morfoestrutura e morfoescultura foram propostos pelo
soviético Guerasimov (Jatobá, 2008) na década de 1960, a partir das concepções de Walter
Penck que fundamentou a análise morfológica pelo antagonismo dos processos endógenos
(dinâmica interna da Terra) e exógenos (ação das intempéries). Nesta concepção de Penck, os
processos endógenos formam o arranjo estrutural das litologias, do que os soviéticos
denominaram de morfoestruturas, e os processos endógenos com a ação climática e o desgaste
erosivos das estruturas litológicas, geram as morfoesculturas. Para Ross (1990), a
definição das unidades morfoestruturais e morfoesculturais deve partir do estudo dos processos
morfogenéticos, pois em apenas uma morfoestrutura pode ter várias morfoesculturas, como
podemos citar a Depressão Sertaneja e o Planalto Atlântico (Serras e planaltos de Leste e
Sudeste) ambas morfoesculturas localizadas na morfoestrutura do Cinturão Orogênico do
40
Atlântico. Assim, uma morfoescultura pode estar presente em duas morfoestruturas, como a
Depressão do Araguaia que se estende pelas litologias do Cráton Sul-amazônico e do Cinturão
Orogênico Paraguai-Araguaia, cuja depressão foi formada por processos denudacionais que
erodiram as litologias cristalinas e gerou uma superfície morfológica homogênea.
No mapeamento geomorfológico, as unidades morfoestruturais e morfoesculturais
são delimitadas conforme a taxonomia do relevo. No caso da proposta apresentada por Ross
(1990), em seis unidades taxonômicas, sendo o primeiro táxon representado pela unidade
morfoestrutural, e o segundo táxon pela unidade morfoescultural.
2.8.1 Morfoesculturas desenvolvidas por processos de acumulação
Segundo Lucivâncio Jatobá (2008) essas formas de relevo foram elaboradas pelas
acumulações de sedimentos de épocas remotas e atuais e por isso são denominadas de planícies
ter ciarias e pleistocênicas. Essas áreas que, desde épocas remotas, e que muitas destas estão
ocupadas hoje pelos processos urbanos presente nas grandes cidades do litoral. Esses
modelados de acumulação são diferenciados, em função de sua gênese, em e por isso recebem
denominações diferentes, como são os casos das planícies fluviais, lacustres, marinhos,
lagunares, eólicos e de gêneses mistas, resultantes da conjugação ou atuação simultânea de
processos diversos.
2.8.2 Planície Fluvial
As planícies aluviais são formações geológicas que se caracterizam por serem
planas ou muito pouco inclinadas. Formam-se pela deposição ao longo do tempo
de sedimentos trazidos por um ou mais rios, criando um solo aluvionar constituído
de argila, silte e areia.
Uma planície de inundação ou várzea se forma como parte do processo, sendo esta
uma faixa mais estreita que alaga toda vez que o rio transborda; a planície aluvial associada
pode ser muito maior, abarcando a área de antigas várzeas que já não inundam devido à elevação
41
do solo pelo acúmulo de sedimentos, ou à mudança do curso do rio ao longo de milhares ou
milhões de anos.
Figura 12: Observa-se a expansão urbana da cidade de Manaus sede do governo da Amazonas sobre a planícies
fluvial do rios Amazonas.
Fonte: Governo do Estado, 2015.
Solos aluviais são formados basicamente pela atuação do intemperismo químico na
mesma região em que ocorre o desgaste da rocha, conservando por isso as características (ex.:
massapê e terra roxa). Um exemplo aqui no Brasil são as planícies do Amazonas, Lagoa dos
Patos e Mirins, Pantanal, Litorânea e no Brasil central a do Araguaia.
2.8.3 Planície flúvio marinhas
O Domínio das Planícies Flúvio-Marinhas corresponde a relevos de agradação, em
zona de acumulação atual. São superfícies extremamente planas, com amplitude de relevo nula,
em ambientes mistos de interface dos Sistemas Deposicionais Continentais e Marinhos
constituídos de depósitos argilo-arenosos a argilosos, com terrenos mal drenados,
prolongadamente inundáveis, com padrão de canais meandrantes e divagantes, sob influência
das oscilações das marés ou resultantes da colmatação de paleo-lagunas.
42
Figura 13. A cidade uma das maiores metrópoles urbana do nordeste do Brasil se desenvolveu sobre
uma planície do tipo fluvio-marinha.
Fonte: Jornal do Commercio. Acesso 27/11/2015
2.8.4 Planícies eólicas
Erosão eólica é um tipo de erosão pelo vento com a retirada superficial de
fragmentos mais finos. A diminuição da velocidade do vento ou deflação ocorre frequentemente
em regiões de campos de dunas com a retirada preferencial de material superficial mais fino,
permanecendo, muitas vezes, uma camada de pedregulhos e seixos adaptando a superfície
erodida.
Pode ocorrer forte erosão associada à deflação, esculpindo nas rochas formas
ruiniformes e outras feições típicas de deserto regiões desérticas e outras assoladas por fortes
ventos. Em locais de forte e constante deflação podem se formar zonas rebaixadas, em meio a
regiões desérticas, e que com as escassas chuvas formam lagos rasos (playa), secos na maior
parte do tempo; lama endurecida ou camadas de sal e sedimentos.
43
Figura 14: Observa-se uma extensa planície eólica no interior do estado de Rio Grande do Norte, hoje muitas
dessas área são dotadas um enorme potencial energético eólico natural.
Fonte: fr.m.wikipedia.org. Acesso 26/12/2015
2.9. Morfoestruturas desenvolvidas por processos de pedimentação
A importância da estrutura é um tema recorrente nas teorias clássicas acerca da
evolução do relevo. Embora os modelos pioneiros tenham sido bastante detalhados (DAVIS
1899, PENCK 1924) e contenham informações implícitas e explícitas sobre a tectônica
operando as estruturas em diversas escalas, era notável que a questão das morfoestruturas e o
motor das mesmas (tectônica) não foram perpetrados com mais relevância nos estudos
geomorfológicos. O que se via era os autores que comumente trabalhavam com escalas maiores
de processos e estudos das formas terem uma dificuldade de aplicar seus trabalhos a uma escala
regional ou continental, no qual a tectônica teria muito mais relevância (KIRKBY 1997).
O termo estrutura superficial refere-se à forma de jazimento dos depósitos
correlativos em superfície, diferindo do conceito de estrutura geológica, cujos depósitos
originários foram letificados ao longo do tempo, perturbados ou não por atividades tectônicas.
A expressão de “depósitos ou formações correlativas” é devida a Penck (1924), que a utilizou
no sentido de conjunto dos depósitos e entulhamentos resultantes do trabalho da erosão sobre
44
um relevo e que testemunham, por suas características, a energia desse relevo, além dos
sistemas de erosão que comandam a evolução (Archambault et al, 1967).
O termo “formação superficial”, muitas vezes utilizado como sinônimo de
“estrutura superficial”, é conceituado por Dewolf (1965) como sendo “formações continentais,
friáveis ou secundariamente consolidadas, provenientes da desagregação mecânica e da
alteração química das rochas, que tenham ou não sofrido remanejamento e transporte, qualquer
que seja a sua gênese e sua evolução”.
Ab´Sáber (1969, p.4) ressalta que “custou muito para se compreender que as bases
rochosas da paisagem respondem apenas por uma certa ossatura topográfica, e que, na
realidade, são os processos morfoclimáticos sucessivos que realmente modelam e criam feições
próprias no relevo”. Partindo do princípio de que a estrutura superficial se refere a toda forma
de depósito relacionada a uma determinada condição climática, entende-se que desde as
menores extensões, como os depósitos de vertentes ou detritos de encostas, a exemplo dos
pedimentos detríticos associados a relevos residuais, até maiores, como as superfícies de
aplainamento, de extensão regional, se caracterizam como tal.
2.9.1 Inselbergue
Essa interpretação apoia-se na teoria de que em áreas tropicais e subtropicais os
climas alteram-se de árido e semiáridos, para quentes e úmidos em contraposição ás áreas e Peri
glaciais em que os climas se alteram em períodos glaciais e interglaciais úmidos (ROSS, 1991,
p.26). O principal ponto desta teoria geomorfológica repousa na formulação do chamado recuo
paralelo das vertentes, conceito que se contrapõe a visão de Davis, pois afirma que o processo
de erosão ocasiona o recuo das vertentes sem que haja perda de sua declividade ou inclinação
de seu “knic”. No caso da Pedra do Cachorro na verdade um inselberg que se encontra inserido
em um ambiente semiárido o que justifica a aplicação da teoria.
Esses inselbergues sempre são dinâmicos embora possa a luz da paisagem parecer
estático, mas não é, pôs por sua condição estão associadas a uma dinâmica evolutiva do relevo,
pertinente às peculiaridades fisiográficas da região, essas feições são relevos que possuem
maior resistência a desagregação mecânica, pelas condições litológicas de seu substrato
rochoso, consequentemente, são considerados relevos residuais.
45
Figura15: Inselbegue sob ação erosiva – Queimadas-PB nas proximidades de Campina Grande-PE no agreste
paraibano. Fonte: GoogleEarth. Acesso 27/11/2015
Inselbergs são ilhas de rochas, cuja evolução se faz em função de uma erosão
específica de clima seco, a esfoliação esferoidal. Esse termo (inselberg) foi introduzido pelo
geólogo alemão Friedrich Bornhardt em 1900 para caracterizar montanhas pré-cambrianas,
geralmente monolíticas, de gnaisse e granito (GUERRA, 2001). São feições de relevo típicas
de domínio morfoclimático semiárido, considerados relevos residuais, ou seja, aqueles que
resistem às ações intempéricas e erosivas.
2.9.2 Pediplano
Pediplanação é o processo que leva, em regiões de clima árido a semiárido, ao
desenvolvimento de áreas aplainadas, ou então superfícies de aplainamento. O pediplano
desenvolve-se por processo erosivo com regressão de escarpas, típico de climas áridos a
semiáridos, com coalescência e expansão de áreas planas do "pé de monte" que apresentam
tênue capeamento de material fragmentário (pedimento) e rocha nua na frente de leques
46
aluvionares. Arrasada a região montanhosa, o pediplano amplia-se até sobrarem somente raros
testemunhos das zonas mais elevadas na superfície de aplainamento.
Figura 16: Observe-se um extenso pediplanos Quaternário Pleistoceno sertanejo desenvolvido por processos
erosivos e embutido no interior da grande Depressão Sertaneja pernambucana.
Fonte:geoconceicao.blogspot.com.br/2010/07/regiao-nordeste.html. Acesso 26/12/2015
2.9.3 Pedimentos
Em geologia, chama-se sedimento ao detrito rochoso resultante da erosão, da
precipitação química a partir de oceanos, vales ou rios ou biológica (gerado por organismos
vivos ou mortos), depositado na superfície da Terra em camadas de partículas soltas quando
diminui a energia do fluido que o transporta, água, gelo ou vento.
As características dos sedimentos dependem da composição da rocha erosionada
(erodida), do agente de transporte, da duração do transporte e das condições físicas da bacia de
sedimentação. As rochas sedimentares são formadas pelo acúmulo e litificação dos sedimentos.
Os sedimentos e as rochas sedimentares formadas por eles são classificados de acordo com o
tamanho de grão (granulometria), material constituinte, grau de arredondamento e textura.
47
3 LOCALIZAÇÃO CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Localizado em São Caetano, cidade da Microrregião do Vale do Ipojuca,
Mesorregião do Agreste de Pernambuco dista pela Rodovia BR 232, de Recife a 153 Km, no
Distrito de Santa Luzia. A Pedra do Cachorro, afloramento rochoso de 475 metros, cenário da
terceira Reserva Particular do Patrimônio Natural de Pernambuco, em uma propriedade de 23
hectares, dos quais 18 foram transformados em unidade de conservação, e que serve de limites
territoriais de três municípios ao Norte Brejo da Madre de Deus, ao Sul a cidade de São Caetano,
e a Oeste a cidade de Tacaimbó.
Figura 17: Vista parcial em três dimensões da área rural do distrito de Santa Luzia localização das coordenadas
geográficas 08°14’11” S e 36°11’29” da Pedra do Cachorro no Município de São Caetano. O pino em cor vermelho
mostra os limites territoriais do município de Tacaimbó, o verde por sua vez os limites territoriais do município
de Brejo da Madre de Deus, e por fim o amarelo o de São Caetano. A imagem de satélite captado pelo satélite de
domino da empresa Keyhole, Inc., disponibilizado pelo Google Earth em 2015. Autor: Natalício de Melo
Rodrigues, 2015.
O título de RPPN foi concedido pela Agência Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (CPRH) em junho de 2002, devido à bela paisagem natural encontrada na
fazenda, além da diversidade da fauna e da flora da região. Após a titulação, o proprietário
48
Guaraci Cardoso assinou um termo de compromisso, assumindo a responsabilidade pela
preservação da reserva, um dos requisitos exigidos pelo Decreto Estadual nº 19.815/97, que
regulamenta a criação de unidades de conservação de caráter particular em Pernambuco.
Além do valor paisagístico, o levantamento botânico da região, embora tenha sido
realizado num curto período de tempo, identificou espécies como a catingueira, o araçá nativo
e o angico-de-caroço, espécies de porte médio, presentes em fragmentos bem conservados da
vegetação. A biodiversidade da RPPN foi conferida pelos técnicos Catarina Cabral e Cristina
Tavares, da CPRH e Aguinaldo Araújo, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente,
durante o processo de reconhecimento. Da rica fauna levantada na fazenda, destacam-se o tatu-
bola e a onça-parda, espécies presentes na Lista Oficial de Animais Ameaçados de Extinção do
País publicados pelo IBAMA.
Figura 18: Observa-se que a principal característica da Pedra do Cachorro e a exposição do seu maciço granítico
exposto somando a sua grande conta altimétricas que atingem cerca de 453 metros de altitude que somados as
contas de altimetria da Borborema eleva a altura de mais de mil metros, conforme aferições em loco feita pelo
pesquisador.
Fonte: cedida pelo pesquisador Prof.Dr. Natalício de Melo Rodrigues, 2015.
49
4 METODOLOGIA
Nesse projeto de geografia utilize-se inicialmente de um dos Princípios da
Geografia denominado da Extensão (Friedrich Raztel -1844-1904), na qual recomenda que o
geografo ao estuda um objeto proceda a localização do objeto fazendo uso dos métodos
cartográficos, por isso nesse projeto foi acrescentado um item denominado.
LOCALIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO.
Para alcançar os objetivos desse projeto de pesquisa, optou-se como técnica de
procedimento metodológico aplicar o método indutivo, condição em que se primeiro se observa
para chegar-se a um princípio geral, que vai da escala maior e geral para menor e particular.
Condição na qual obrigatoriamente perpassou por uma ampla revisão bibliográfica de autores
que estudaram e pesquisaram Teoria da Pediplanação aplicada a ambientes Semiárido, as
análises dos relevos residuais tido como é o caso das formações inselbergues. Utilizou-se para
delimitação de escala de análise de relevo a taxonomia de Jurandir Ross, entre outros e o
trabalho de levantamento de registro de campo que inclui dados geológicos e registros de
imagens. Quanto a execução optou-se por dividir as etapas da pesquisa em duas partes um
relacionado ao levantamento do referencial teórico, onde buscar-se a o entendimento dos
processos relacionados a teoria da Pediplanação proposta por Lester King (1967), na qual
desenvolvera apoiados em áreas de clima árido e semiárido, a caracterização da evolução da
paisagem e geomorfológica do inselbergues denominado comumente Pedra do Cachorro do
município de São Caetano.
Em outro momento visando fazer em face de caracterização dos aspectos
geológicos e geomorfológicos, que permite identificar a características gerais da estrutura
cristalina, feições erosivas nas superfícies rochosas, falhas, etc, e as geomorfológicas que diz
respeitos as feições erosivas, se aplicara como encaminhamento do desenvolvimento de texto a
classificação taxonômica de Jurandir Sanches Ross. Outro assunto importante para melhor
compreensão da compartimentação do relevo diz respeito às unidades taxonômicas têmporo-
espaciais, que têm por princípio a dimensão das formas na perspectiva tridimensional (tamanho
50
gênese e idade). Ross (1992), utilizando-se das unidades taxonômicas apresentadas por Demek
(1967), propõe seis níveis para a representação geomorfológica (Figura 4)
51
5 RESULTADOS
5.1 Localização geológica da Pedra do Cachorro
Conforme Andrade (2003) em seu Atlas Escolar de Pernambuco mostra que a maior
parte do Estado de Pernambuco é ocupada por rochas cristalinas e metamórficas do período
geológico denominado Pré-Cambriano. Fazem parte desses terrenos os seguintes tipos de
rochas: gnaisses, migmatitos, granitos, quartizitos, sienitos e filitos, mas nem todos esses podem
ser encontrados na Pedra do Cachorro como veremos mais adiante. São rochas muito antigas
que chegam a datar mais de 1 bilhão de anos conforme tabela geológica Time Scale.
Por sua localização das coordenadas geográficas 08°14’22”S Latitude Sul e
Longitude Oeste 36°11’54” a Pedra do Cachorro no Município de São Caetano, com 1038 m.
de altitude insere-se no Planalto da Borborema, planalto esse sob domínio de ações erosivas e
geologicamente cristalinos e são classificados como Terrenos Ígneos e Metamórficos do Pré-
Cambriano conforme figura 19. Aspectos informativos dessa classificação geológica dos
terrenos podem ser observados com mais detalhes na Tabela 2.
Figura 19: Observa-se um mapa elucidando a composição geológica presente nos os tipos de terrenos e sua
classificação na datação, no caso particular da Pedra do Cachorro localiza-se nas junções de encontro das setas em
Terrenos Ígneos Metamórficos do Período Geológica Pré-cambriano. Fonte: Atlas Escolar de Pernambuco, 2003.
52
CLASSIFICAÇÃO GEOLÓGICA DOS TERRENOS
Terrenos Sedimentares do Quaternário/Terciário
Terrenos Sedimentares do Cretáceo
Terrenos Vulcânico do Cretáceo
Terrenos Sedimentares do Jurássico
Terrenos Sedimentares do Siluro-Devoniano
Terrenos Ígneos e Metamórficos do Pré-Cambriano
Tabela 2: Tipologia Geológica do Terrenos no Estado de Pernambuco.
Fonte: Atlas Escolar de Pernambuco, 2003.
Por sua localização no agreste do Nordeste especificamente no semiárido, o que
condiciona a São Caetano possuir um clima onde prevalecente clima de tipo quase de estepe
com pouca pluviosidade no ano, por isso o clima é classificado como BSh segundo a Köppen e
Geiger. 21.8 °C é a temperatura média. Tem uma pluviosidade média anual de 528 mm. Observa-
se que a menor prescipitação foi 10 mm refere-se à precipitação do mês de Outubro, que é o mês mais seco.
Com uma média de 86 mm o mês de Março é o mês de maior precipitação.
Figura 20: Climogrma de São Caetano mostra uma grande variação de precipitações e de temperatura. Essas
variações somados ao efeito altitude fundamentais para ampliar a eficiência das fenômenos erosivos e ampliação
do intemperismo químico e físico na Pedra do Cachorro.
Fonte: Climate.dat.org.2016.
53
5.2 Origem geológica e geomorfológica do Inselbergue Pedra do Cachorro
Essa imensa formação de granito presente na paisagem do RPPN da Pedra do
Cachorro tem uma origem bastante singular. Segundo Petri & Fulfaro (1983, p.4-8), toda a área
do sertão pernambucano constituiu, num passado geológico, fundo de mar, de modo que se
estabeleceu no Siluro-Devoniano a maior transgressão marinha do continente americano.
Teorias apontam que esse mar teria inundado a América do Sul pelo ocidente, através da borda
continental, onde atualmente se encontra a cordilheira dos Andes. Assim, durante esse período
a plataforma sul-americana encontrava-se imersa (PETRI & FULFARO, 1983, p.317), a não
ser por uma estreita faixa de terras emersas situada na extensão das atuais Guianas até a Bolívia
setentrional.
Mendes & Setembrino (1971), por sua vez, afirmam que durante o Devoniano, esse
mar teria inundando as bacias brasileiras até o Permiano. Quando atingiu sua maior extensão
esse mar recobriu e, teria unido por determinado tempo três bacias sedimentares brasileiras: a
Amazônica, do Paraná e Parnaíba (SALGADO-LABOURIAU, 2001, p.178).
Daemon (1976) apud PETRY & FULFARO (1983), trabalhando num contexto
global, corroboram a ligação entre as três grandes bacias brasileiras durante boa parte do
Devoniano brasileiro, principalmente no Devoniano Médio. Essas bacias se comunicavam entre
si por corredores. “Um corredor de rumo nordeste passaria pela futura fossa tectônica de
Barreirinhas”. Outro “corredor” dirigido para leste ligaria a bacia à região do Jatobá, Estado
de Pernambuco “(PETRI & FULFARO, 1983) e, finalmente, um outro “corredor” que
estabelecia ligação com a Bacia do Paraná. Nesse período, o Brasil e a África ainda se
encontravam unidos em uma grande massa continental, Gondwana.
Com a separação da América do Sul ocorreu o soerguimento andino. Este fenômeno
epirogenético soergueu parcialmente as plataformas continentais graníticas e bacias
sedimentares. Acarretou, ainda, um recuo total do mar interior Devoniano. Esse fenômeno
geológico é o que explica o porquê dos planaltos ocuparem cerca de dois terços do território
nacional, daí a expressão “o Brasil é uma terra de planaltos” (OLIVA & GIANSANTI, 1999,
p.218; ROSS, 2001, p.50-64).
Outro importante e principal evento a ser destacado nesse processo refere-se ao
modo como se deu a erosão (ROSS, 2001, p. 51-65). Esses processos erosivos lentos e
contínuos se estabeleceram justamente nas áreas em que havia o contato entre os planaltos de
terrenos cristalinos (plataformas, também denominados de cinturões orogênicos) e, os planaltos
54
sedimentares. Essa erosão contínua acabou resultando em um rebaixamento expressivo nas
bordas dos escudos cristalinos, devido à erosão intensa nas bacias (ROSS, 2001, p.51-65).
Jatobá & Lins (2001, p.71) afirmam que os processos erosivos presentes nas bordas
de bacias determinaram a formação de cuestas e no Brasil’. À proporção em que esses antigos
fundos de mares iam sendo promovidos a elevadas terras emersas, deixaram de representar
áreas de sedimentação para oferecer superfícies fortemente trabalhadas por agentes erosivos de
climas úmidos e, posteriormente, secos. A “erosão conseguiu, ao longo de milhões de anos,
entalhar, desmontar e carrear quase que totalmente o espesso capeamento sedimentar” de
origem marinha do período devoniano, fazendo ‘desenterrar o piso do embasamento cristalino’
(ANDRADE, 1977, p.69), um exemplo típico que se enquadra no caso da Pedra do Cachorro
de exposição de rochas cristalinas.
Dessa forma, a origem do Inselbergue denominado Pedra deo Cachorro estaria
associada a importantes e seqüenciados processos geológicos e geomorfológicos presentes na
história geológica do Fanerozoico no Brasil. A possível seqüência desses eventos obedeceria
primeiramente, à seguinte ordem: “a) início da formação das bacias intracratônicas no
Siluriano ou aurora do Devoniano formando uma peneplanície pré-devoniana; b) ocorrência
de uma grande transgressão marinha no Devoniano, denominada fase talassocrática; c) um
desaparecimento dos mares no Neopaleozóico; d) desenvolvimento de fossas tectônicas
costeiras no Neojurássico (Reativação Waldeniana) – fase geocrática; desaparecimento da
individualidade das bacias intracratônicas no cretáceo (PETRI & FULFARO, 1983, p.08)”.
Assim, após a reativação da plataforma os sedimentos soerguidos foram erodidos por
circundenudação, resultando em um relevo cuestiforme.
Assim, ao exame das citações, parece não haver duvida que a caatinga do nordeste
brasileiro, no pretérito, esteve mesmo submersa em águas salgada. No caso do inselbergue da
Pedra do Cachorro há grande evidência desse fenômeno geológico é a exposição de extensa
massa de granito tipo intrusivo ígneas, tipo de rocha que se formam a grandes profundidades e
temperatura e que hoje encontram exposta a processos erosivos, e também sua forma atual
oriunda do Período Quaternário Pleistocênico. Aliás, tem sido esse aspecto que muitas vezes
tem prevalecido como elemento fundamental para a criação de alguns parques nacionais
nordestinos.
55
5.3 Características geológicas das rochas presente na Pedra do Cachorro
Quando se usar o termo rochas cristalina são rochas constituídas
por minerais obviamente cristalinos, sendo um termo geral e inexato aplicado a rochas
ígneas e metamórficas em oposição às rochas sedimentares, isso porque todos rochas são
constituídas na realidade constituídas de pequenos cristais de rocha. Essas rochas na verdade
são cristalinas devidos a forma da solidificação ou consolidação do magma – daí receber
também o nome rochas magmáticas, que também são conhecidas como rochas ígneas, pois
tiveram origem em ambiente de elevada temperatura (a palavra ígnea vem do latim igni: fogo).
A solidificação do magma pode ocorrer de duas maneiras: na superfície (ou quase à superfície)
e no interior da Terra.
Quando esse resfriamento ocorre nas massas continentais temos o resfriamento
superficial, nesse caso o magma que chega à superfície sofre rápido resfriamento, pois a
temperatura da superfície terrestre é bem menor do que a dele, nessa condição não formação de
cristais visível a olho nu como é caso das rochas magmáticas extrusiva. O exemplo mais comum
desse tipo de rocha é o basalto, abundante em várias regiões do planeta. Por sua vez o
resfriamento no interior da Terra é lento e por essa condição geológica de pressão e temperatura
permite que se formem grandes cristais no processo de formação da rocha, essa condição.
Possivelmente foi essa a condição geológica pretérita que as massas rochosas que compõe o
Inselbergue denominado Pedra do Cachorro de sua composição ser cristalina
Figura 21: Observa-se na figura aspectos cristalinos que compõe parte das massas rochosas presenta no
Inselbergue denominado Pedra do Cachorro. Os cristais em tom rosa são os minerais de feldspato, os pretos o
mineral biotita, e por fim os brancos que são os quartos.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
56
Essas rochas cristalinas são muito comuns nas regiões semiáridas do nordeste do
Brasil, principalmente nas áreas erosivas do tipo planalto como é caso da Borborema. Por isso
as empresas extrativistas ou pedreiras se localizam nesses ambientes de exposição superficial
de rochas.
O que leva a afirmar que o Inselbergue da Pedra do Cachorro esteve no passado
geológico submerso decorre da teoria do resfriamento em Profundidade: onde se afirmar que o
magma, em seu movimento de ascensão à superfície da Terra, se esfria e se solidifica ainda no
interior do planeta, forma as rochas magmáticas plutônicas ou intrusivas (a palavra intrusiva
está relacionada a “interior”, “dentro de”).
Nesse caso, o resfriamento do magma é lento, permitindo a formação de grandes
cristais. É por isso que nesses tipos de rochas, os cristais são visíveis a olho nu. As rochas
cristalinas por sua dureza e resistência a erosão vem sendo utilizado como paralelepípedo para
calçamento de ruas. Quando partido em pequenos pedaços, o granito é utilizado como pedra
britada pela construção civil.
Figura 22: Observa-se o Inselbergue denominado Pedra do Cachorro circundado pela mata do tipo Caatinga. Por
sua composição do tipo cristalina afirmar-se em teoria que o Inselbergue denominado Pedra do Cachorro esteve
antes do Período Quaternário submetido a processo de sedimentação, mas tarde essas massas exposta a intensos
processos erosivos ficaram a vista na superfície.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
57
Em geral os inselbergues elucida em suas feições de relevo o seu componente
estrutural, este quase sempre estão associados à sua composição rochosa, entretanto no
semiárido nordestino ambiente mais comum de localização dos Inselbergue ocorrem sob rochas
cristalinas, que é área de estudo da petrologia.
Segundo TEIXEIRA et al (2009), estes três grupos de rochas são caracterizados de
acordo com os processos envolvidos em sua respectiva formação. Vale lembrar que as rochas
magmáticas e metamórficas são frequentemente designadas genericamente por rochas
endógenas, enquanto as rochas sedimentares por rochas exógenas. Os três grupos de rochas se
inter-relacionam no ciclo petrológico ou ciclo das rochas, que será descrito no post seguinte.
A distribuição dos tipos de rochas na crosta continental indica que 95% do seu
volume total correspondem as rochas ígneas e metamórficas e somente 5% a rochas
sedimentares. Todavia, ao considerar a distribuição destas rochas em área rochosa superficial
nos continentes e assoalhos oceânicos, os números mudam para 75% de rochas sedimentares e
apenas 25% de rochas cristalinas. Ou seja, as rochas sedimentares constituem-se em uma
delgada lâmina que recobre as rochas ígneas e metamórficas como cita TEIXEIRA et al (2009).
5.4 Textura e classificação da rocha ígneas da Pedra do Cachorro
Foi observado como parâmetros para a descrição da textura e classificação geológica
dos tipos de rocha da massa rochosa ígnea aflorada da Pedra do Cachorro: a cor, a textura, sua
mineralogia, e por fim as alterações de feições.
A cor por exemplo, é reflexo das cores de seus minerais constituintes. Para descrever
essa característica leva-se em consideração os minerais presentes como são os casos dos
minerais felsicos e máficos. Os minerais félsicos são compostos de feldspato (branco), a sílica
(Quartzo, podendo ser cinza); o máfico por sua vez composto de magnésio e ferro (como é caso
das olivinas e piroxênios). Essa composição combinadas dão a característica da classificação
da principal da cor da rocha ígneas Cristalina comumente conhecida por granito. Para identificar
essa classificação leva-se em conta a variação da composição dos minerais físicos e máficos.
Assim temos:
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Tipologia da cor da rocha ígnea cristalina granítica
Tipo de mineral Percentual Cor
Félsico 0 - 33% Claro
Intermediário/Mesocrático 34 - 66% Misto
Máfico/melanocrático 67-100% Escuro
Tabela 3: Composição química das rochas ígneas. Fonte: Jerram.D; N.Peterrford,2014.
Figura 23: Amostragem das composições químicas das massas rochosas do inselbergue Pedra do Cachorro.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues, 2015.
A maior parte das rochas ígneas cristalinas presente na Pedra do Cachorro situa-se
em duas categorias predominantes sendo portanto dominado por tipo félsico onde prepondera
0-33% de minerais de cor clara, seguido por rochas intermediaria/Melanocrática com
percentuais misto de cor clara e escuro que variam entre 34 – 36%., não havendo significativas
área de minerias Máfico/Melanocrático (Figura 24). Foi possível também encontrar granitos
com feldspato rosa mas de forma isolada.
Figura 24: Amostras da composição mineralógica tipo félsica e mesocrático presente na Pedra do Cachorro. A
esquerda o granito de cor predominante, a direita o granito rosa que aparece de forma isolada.
Fonte: Pesquisa de campo –Projeto PIBID-Geografia, 2015.
59
Granulometria é um outro aspecto fundamental na análise das rochas cristalinas,
assim como a cor remete a sua composição química do granito como é caso do inselbergue da
Pedra do Cachorro comumente dominada por granito do tipo clara ou félsica e mesocrático
composto em grande parte por cristais de feldspato e quarto cinza claro. A Granulometria por
sua vez refere-se ao seu processo de resfriamento, podendo ser rápido como é caso das lavas
vulcânicas extrusivas que não apresenta cristalização visível.
Granulometria das rochas do inselbergue Pedra do Cachorro
Granulometria Aspectos Tamanho do grão
Fina Afanitica distinguível com Microscópio 0.1 a 0.2.mm
Média Afanitica distinguível com uso de lupa 0.2 a 1 mm
Grossa Fanerica distinguível a olho nu 1 a 10 mm
Tabela 4: Aspectos granulométrico das rochas cristalinas do iselbegue da Pedra do Cachorro.
Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2016.
A granulometria tido como grossa varia 1 a 10 mm. Muitas rochas de natureza
plutônica possuem granulometria em torno de 6 mm, se encaixando nesta categoria. As rochas
ígneas com granulometria maior do que 10 mm são raras. A expressão rocha “grosseira” e de
“granulação grosseira”, que se encontram em certas publicações nacionais como sinônimo de
rocha de granulometria grossa, tendem a não serem utilizada. De fato, o termo “grosseiro”
significa rude, inconveniente ou de má qualidade. Normalmente, as rochas compostas de
minerais com tamanho suficientemente grande, podendo ser identificados com facilidade a olho
nu, são descritas como de granulometria grossa. Granito, sienito, diorito e gabro são exemplos
de rochas de granulometria grossa.
A granulometria média varia de 0.2 a 1 mm. Esta categoria granulométrica
quantitativamente não é bem definida, sendo variável de acordo com cada autor. Na prática,
muitas rochas descritas como de granulometria média são compostas de minerais de tamanho
visível a olho nu ou a lupa, porém, são pouco difíceis de serem identificados. Dolerito é um
exemplo de rochas com granulometria média. Nos continentes americanos, o termo diabásio é
utilizado freqüentemente no lugar de dolerito. Por fim a Granulometria fina é menor do que 0.2
mm. Normalmente, as rochas compostas de minerais com tamanho dos grãos invisíveis a olho
nu ou a lupa são descritas como de granulometria fina. Tais rochas são estudadas em lâminas
delgadas ao microscópio petrográfico. Riolito, fonolito, traquito, andesito e basalto são
60
exemplos de rochas com granulometria fina. Encontram-se os seguintes termos utilizados na
literatura para representar a granulometria macroscópica de rochas ígneas:
O que se observou-se no caso do inselbergue da Pedra do Cachorro foi um
predomínio de um granito de granulação grossa e visível com variação no tamanho dos grãos,
sabendo-se que os grãos podem ser finos, médios ou grossos, embora haja um notório
predomínio do grosso. Esses aspectos visíveis denotam que a massa rochosa se originou quando
de sua formação em condições emersas com resfriamento lento, o que leva a entender sal origem
relacionada a epirogenia que soergueu a plataforma brasileira quando da reflexão do choque
entre as placas tectônica Sul-americana colidiu com a Placa Sul Pacifica resultando na orogenia
que soergueu as cordilheiras andina.
Figura 25: Amosta de variações da rocha ignea tipo cristalina.A direita a composição clássica pela qual o granito
é conhecico compsoto por biotita, feldspato e quarto. A direir uma variação do granito com inserção de cristal de
feldspato amarelo. Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues. 2015.
Figura 26: Compsição minerológica do granito aumentado 10 vezes com uso de app lupa tipo Manifier: A cor
preta é o mineral botita, o bracno é feldspato, o cinza e o cristal de Quartzo, o mineral com coloração café é quarto.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues.
61
5.5.Intrusões magmáticas em rochas cristalinas na Pedra do Cachorro
Em geologia, uma intrusão é um corpo de rocha ígnea que se cristalizou no interior
da crosta terrestre. Essas rochas são também denominadas intrusivas ou plutônicas (plútons).
Esse fenômeno tem sido encontrado no Inselbergue da Pedra do Cachorro. Esse fenômeno
quando ocorre da origem as rochas metamórficas, quando originada de intrusão denomina-se
metamorfismo de contato ou termal - resultado apenas da ação da temperatura, através do calor
cedido por intrusão magmática que corta uma sequência de rochas sedimentares encaixantes,
metamórficas ou magmáticas. Através destes cortes e do constante contato entre as superfícies
teremos como resultado o fenômeno metamórfico. As rochas deste grupo são conhecidas por
"hornfels".
Figura 27: Observa-se intrusões finas e rasas sobre rochas graníticas faneritica granular grossa.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
A princípio, as rochas ígneas, também conhecidas como magmáticas e eruptivas,
originam-se na cristalização do magma, que é o material ígneo, líquido na sua maioria, silicatos
e de alta temperatura, provenientes do interior da Terra. Vale dizer que estas rochas mantêm as
marcas das condições em que se formaram. Por exemplo, se elas têm todos os minerais bem
cristalizados, do mesmo tamanho, isto indica que o magma se consolidou no interior da Terra,
dando tempo para os minerais crescerem de modo uniforme. Quando ocorre a consolidação do
magma em subsuperfície (no interior da Terra), criam-se as rochas plutônicas ou intrusivas,
como o granito.
Pode-se dizer que quando os minerais encontrados na rocha são bem pequenos –
nem chegam a formar cristais – significa que o magma se resfriou subitamente. Como exemplo
62
disso, pode-se citar quando o magma extravasa no fundo do mar, pois ele resfria tão depressa
que os cristais nem tem tempo de crescer. Quando a consolidação acontece em superfície, por
meio da lava vulcânica, formam-se as rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas, como o
basalto.
As rochas metamórficas resultam da transformação de qualquer tipo de rocha
preexistente (ígneas, sedimentares ou de outras rochas metamórficas) quando expostas a um
ambiente em que suas condições físicas, como pressão e temperatura, ou composição química,
são muito diferentes daquelas onde a rocha se formou originalmente. Pode-se citar como
exemplo, regiões de choque de placas, onde as rochas são comprimidas ou em regiões em que
massas de magma entram em contato com outras rochas, transformando-se por aquecimento.
Convém ressaltar que o manto terrestre é constituído, em sua maioria, por rochas metamórficas.
5.6 Aspectos geomorfológicos
Embora conhecimento popularmente por Pedra do Cachorro seu aspecto em parece
com um formato do cachorro e sim um pão de açúcar aspecto pelo qual se assemelha ao formato
que lembra a Pedra do Pão de Açúcar do Rio de Janeiro. Na realidade o nome Pedra do Cachorro
é lendário e afirmam-se que alguns caçadores levam em sua companhia na caça cachorro e que
depois o mesmo se perdiam.
Figura 28: Pedra do Cachorro situada no município de São Caetano é na verdade sob o ponto de vista
geomorfológico um inselbergue. Fonte: Acervo de Natalicio de Melo Rodrigues,2015.
63
Um Inselberg é uma forma residual que apresenta feições variadas tais como crista,
cúpula, e domo, cujas encostas mostram declives acentuados, dominando uma superfície de
aplanamento superior. O termo inselberg, do alemão, "monte ilha", foi introduzido pelo geólogo
alemão Friedrich Wilhelm Conrad Eduard Bornhardt em 1900 para caracterizar montanhas pré-
cambrianas, geralmente monolíticas, de gnaisse e granito que emergem abruptamente do plano
que as cerca.
No Brasil, são comuns inselbergs graníticos ou granitoides, tendo então uma forma
esferoidal e de alta inclinação (cerca de 40º). É o caso do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro.
Além destes, este relevo pode ser encontrado na região do Sertão nordestino, denominado
"polígono das secas”. Este tipo de formação também é muito comum na província de Nampula
em Moçambique embora não muito exploradas pelo turismo no local.
Esses relevos são considerados "testemunhos", pois são os relevos que resistem ao
processo de pediplanação e pedogênese. Atualmente, independente da origem geológica, para
fins ecológicos e florísticos, o termo designa formações rochosas que sustentam uma vegetação
específica claramente diferenciada do plano que o cerca.
Figura 29: O inselbegue denominado Pedra possui uma extensa e variada fauna que precisa ser pesquisada
e catalogada.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
A vegetação desses ecossistemas destaca-se das demais por suas características
florísticas, estruturais, fisionômicas e principalmente pelo elevado endemismo. Os inselbergs
são ecossistemas muito distintos e constituem refúgios importantes para pesquisa em
64
biodiversidade, já que apresentam uma vegetação exclusiva e bem característica, associada a
condições muito peculiares.
Porém os aspectos florísticos não fazem parte da pesquisa ficando aberto essa
lacuna para que outros pesquisadores da áreas possam se sentir motivados a pesquisar. Esses
ambientes encontram-se sob condições de estresse hídrico, altos níveis de radiação solar e
apresentam pouca disponibilidade de substrato. Essas condições abióticas severas são fatores
determinantes na adaptação das espécies encontradas nesses locais, atuando diretamente na
formação de ecótipos, raças locais e espécies biológicas. Desta forma, os inselbergues
caracterizam-se por formarem áreas isoladas, com elevado endemismo, diversidade biológica e
genética.
Apesar disso, ainda são pouco conhecidos em suas características florísticas,
genéticas, padrões de distribuição de seus componentes e comportamento de suas populações
vegetais. Apenas recentemente foi reconhecida a importância dos inselbergues para o estudo da
biodiversidade em vários aspectos. Como consequência, a flora dos inselbergues tem recebido
nos últimos anos uma atenção considerável, com a publicação de diversos trabalhos em todo o
mundo.
5.7 Condições edáficas
Entende-se por depósitos coluvionares o acúmulo de material localizado
frequentemente no sopé de uma encosta e transportado por efeito da gravidade (GUERRA e
GUERRA, 2006). Os depósitos coluvionares, ocorrem geralmente em fundos de vales e sopés
de vertentes e taludes. Muitas vezes são alterados para abertura de vias de transporte,
promovendo a sua instabilidade. Em regiões tropicais é comum instabilidades envolvendo
colúvios, pois o clima favorece o intemperismo e, por consequência, o surgimento de espessos
mantos residuais que, ao se movimentarem, resultam em numerosas áreas com depósitos de
colúvios.
65
Figura 30: Observa-se na figura que os locais mais altos da massa rochosa perdem sedimento por processos
erosivos que se desprendem das rochas e se acumulam no sopé das encostas constituindo os sedimentos
coluvionares. Nas encostas muitos sedimentos desenvolvidos em loco constituem importantes nichos de
desenvolvimento de vegetação no coluvio preso pela gravidade.
Fonte: natalgeoblogspot.com.br. Acesso 06/10/2015
Porto (2000) destaca que para a geomorfologia, o solo que recobre o substrato
rochoso inalterado é denominado regolito, que compreende tanto o material formado in situ
(elúvio) quanto o transportado, como os colúvios e alúvios. A distinção entre colúvio e alúvio
reside no agente transportador. O alúvio é decorrente de transporte por cursos d’água (rios),
enquanto o colúvio é transportado por gravidade.
5.8 A Desagregação Mecânica e Química no Inselbergue Pedra do Cachorro
A desagregação mecânica das rochas ocorre e varia em função da intensidade da
insolação e também em consequência das amplitudes térmicas diárias sobre a massa rochosa.
Esse efeito erosivo também varia em função da variação da composição mineralógica da rocha
cristalina, dos fenômenos metamórficos presentes e de suas estruturas e texturas.
Entretanto, de maneira teórica se afirma que os micros fraturas e textura granular
das rochas cristalinas favorecem a desagregação granular superficial, permitindo que os
processos erosivos atuem quase sempre e com mais eficiência na parte superior e exposta das
66
rochas. Os ataques das forças externas atuam sobre os minerais como é caso das micas, em
particular a biotita, comportam-se do como elementos frágeis devido a sua clivagem no formato
de laminas, condição que contribui para o afrouxamento dos demais cristais que compõe a rede
cristalina das rochas do seu entorno, como é caso do feldspato e o quartzo
Nessa condição imtemperica a água e a umidade, exerce um papel fundamental na
decomposição química dos minerais da rocha cristalina. Infiltrando-se no sistema de diaclases
das massas expostas rochosas, tem início a ação de intemperismo, essas diaclases vão sendo
aprofundadas a medida que a água atua sobre os minerais de feldspato hidratando-os com água,
e ferruginando as micas, os quartzos por sua vez ficam soltos para constituir as areais grosseira
que são arrastadas pela gravidade para o locais de deposição.
Os trabalhos que tratam da intemperização das rochas relatam a existência de três
tipos de intemperismo: químico, mecânico ou físico, e o biológico. Embora separados
conceitualmente nem sempre ocorre separadamente, o mais comum é que ocorre de forma
combinadas, no inselbergue da Pedra do Cachorro foi possível perceber a ação das três formas,
embora possível seus registros de forma separadas não significa que ocorreram isoladamente,
mas sim resultados de combinado de dois ou mais.
O intemperismo químico, também conhecido como decomposição, representa a
quebra da estrutura química dos minerais originais que compõem as rochas. O intemperismo
físico ou mecânico, responsável pela desintegração da rocha, envolve processos que conduzem
à desagregação, sem que haja necessariamente alteração química maior dos minerais
constituintes. O intemperismo biológico por sua vez refere-se a ações comandadas por espécies
animais e vegetais, que se manifestam de forma mecânica e química sobre a rocha, tendo
participação expressiva no processo de pedogenização.
5.8.1 Intemperismo Químico
Para Bigarella et al (1994), “a decomposição de uma rocha efetua-se através de um
processo muito lento, complexo e variado. Depende de muitos fatores, tais como: composição
mineralógica e química da rocha, forma e estrutura de jazimento, bem como condições
climáticas regionais predominantes.
67
A temperatura influi diretamente sobre o intemperismo químico”. Demattê (1974)
inclui “tamanho das partículas da rocha, permeabilidade do manto rochoso, posição do nível
hidrostático, relevo, temperatura, composição e quantidade de água subterrânea, oxigênio e
outros gases no sistema, macroflora e microflora e faunas presentes, superfície exposta da rocha
e sua modificação pelo intemperismo mecânico, solubilidade relativa das rochas originais e dos
materiais intemperizado”.
Destaca-se da ação da água da chuva carregada de elementos atmosféricos, como o
CO2: que ataca os minerais da rocha em sua superfície exposta e em suas fraturas e os
decompõem dando origem a novos minerais, estáveis às condições da superfície terrestre, e a
solutos que migram pelas fraturas da rocha ou nas águas superficiais em direção ao mar. O
intemperismo químico compreende a decomposição dos minerais primários das rochas que
resulta da ação separada ou simultânea de várias reações químicas: oxidação, hidratação,
dissolução, hidrólise e acidólise.
Um exemplo de intemperismo em loco ocorre no principal acesso a parte superior
do Inselbergue denominado Pedra do Cachorro, trata-se de uma grande fenda resultados da
combinação de processos erosivos e intemperismo combinados. Embora uma dessas fenda
denotem ação de intemperismo químico devido ao aspecto polido das rochas, por outro lado é
possível fragmentos da rocha mãe em sua base, ver-se ainda desenvolvimento de vegetação
sobre os fragmentos das rochas e do eluvio (Figura 31).
O intemperismo ocorre de ações combinadas de oxidação, hidratação, dissolução,
hidrolise, acidolise, entre outras. Oxidação consiste na mudança do estado de oxidação de um
elemento, através de reação com o oxigênio, como se sabe o oxigencio é presente no ar que
circunda a massa rochosa do inselbergue da Pedra do Cachorro. Essa reação destrói a estrutura
cristalina do mineral
68
Figura 31: A grande fenda que dar acesso a parte superior do inselbergue denominado Pedra do Cachorro é
possível perceber ação da combinação dos intemperismos químico, físico e biológico sobre a falha rochosa na
forma de fenda.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
.
A Hidratação por sua vez consiste na incorporação de água à estrutura mineral,
principalmente o feldspato, permitindo a liberação dos demais mineria como é caso da biotita
e o quarto. A Biotita por sua vez quando em contato com água fica ferruginosa, e o quarto acaba
sendo incorporado ao solo. Esse fenômeno na Pedra do Cachorro a inserção da água ocorre nos
períodos chuvoso com chuva do tipo orográfica e insere-se nas diaclases e falhas das rochas. A
Dissolução: consiste da solubilização completa de alguns minerais por ácidos. Enquanto a
Hidrólise afirma-se que sendo as rochas constituídas basicamente por silicatos, quando elas
entram em contato com a água, os silicatos sofrem hidrólise e dessa reação resulta uma solução
alcalina.
Por fim acidólise: é a reação de decomposição de minerais que ocorre em ambientes
de clima frio, no caso do Inselbergue da Pedra do Cachorro ocorre devido a altitude,
principalmente a noite quando as temperatura caem bruscamente pelo efeito da amplitude
térmica que por sua vez influencia na decomposição da matéria orgânica é incompleta,
formando ácidos orgânicos que diminuem muito o pH das águas, complexando e solubilizando
69
o ferro e o alumínio. Essas reações ocorrem de maneira combinada no Inselbergue da Pedra do
Cachorro.
Figura 32: Observa-se evolução de uma Oriçangas nas encostas íngremes do inselbergue da Pedra do Cachorro
por efeito do intemperismo químico. Após a dissolução e formação das oriçangas o consequente preenchimento
da Oriçangas por sedimento e desenvolvimento de vegetação por dispersão de sementes por insetos, animais ou
vento.
Fonte: Pesquisa de campo - Projeto PIBID de Geografia, 2015.
5.8.2 Intemperismo Físico
O intemperismo físico ou mecânico, embora associado a processos que independem
da presença da água, pode contribuir para o desenvolvimento do intemperismo O intemperismo
físico consiste no quebramento da rocha por processos físicos sem envolver mudanças na
composição química da rocha. Os tipos mais importantes de intemperismo mecânico são:
expansão do gelo (congelação); alívio de pressão (carga) ou sheeting.
O intemperismo físico é um processo estritamente físico sem envolver mudanças
na composição química da rocha. Nenhum elemento químico é adicionado ou subtraído da
rocha. A rocha simplesmente quebra em fragmentos menores devido a uma série de stress
(esforços - tensões). Os tipos mais importantes de desintegração física são os casos : a) por
congelamento (expansão do gelo) - a água se congela e se volume expande ± 9% em fraturas,
planos de acamadamento, foliações ou poros quebrando a rocha, esse tipo não há registro no
Inselbergue da Pedra do Cachorro devido a pouca amplitude térmica.
70
Por sua vez o imtemperismo do tipo alívio de carga (sheeting) - uma série de
fraturas são produzidas na rocha como resultado da remoção da cobertura pela erosão (fraturas
de alívio de carga), nesse caso há registro, muito se deve a variação térmica que permite a
dilatação das rochas.
Figura 33: Imagem do tipo de intemperismo físico atuando uma diaclase obre a rocha com ação da água que
penetra o solo rochoso e a ação dinâmica posteriormente das amplitudes térmicas em função variações altas
temperaturas durante o dia e queda de temperaturas a noite.
Autor: José Joaquim da Silva Neto – Pesquisa de campo em 06/10/2015
Outros processos físicos foram descritos por vários autores como perfuração coloidal,
colapso mecânico, gravitação, intemperismo por camada de água, umedecimento-dessecamento
e intumescimento por umidade, todos de menor importância em relação aos descritos
anteriormente, embora possam apresentar relevância em situações particulares.
5.8.3 Intemperismo Biológico
Os organismos vivos contribuem direta e, principalmente, indiretamente, para o
processo de intemperização. Dentre os diferentes processos evidenciados, destacam-se os
efeitos físicos e químicos associados aos animais e plantas.
71
Efeitos físicos Dessa forma quando ocorre a participação de organismos vivos ou da
matéria orgânica proveniente de sua decomposição denominamos de intemperismo biológico.
Se quisermos analisar de forma mais aprofundada chamaremos de químico- biológico ou de
físico-biológico. Por exemplo, a ação de um formigueiro em uma rocha sedimentar (físico-
biológico), e a ação de material orgânico decompondo-se e atuando sobre a rocha através do
ácido húmico (químicobiológico).
Figura 34. Agentes do intemperismo do tipo Biológico vegetação envolvida na superfície rochosa da Pedra do
Cachorro apresentando arbustos e plantas densas.
Autor: José Joaquim da Silva Neto – Pesquisa de campo em 06/10/2015.
É muito comum visualizarmos a ação das raízes das árvores nas vias urbanas, as pessoas
plantam árvores de grande porte, em calçadas estreitas, o resultado é a destruição e químicos
induzidos por animais e plantas: referem-se à considerável redução em tamanho de minerais e
rochas pela abundância da flora e fauna nos solos de áreas úmidas. Dentre os principais
causadores desse processo destacam-se o atrito produzido cumulativamente pela penetração de
organismos, como a passagem de partículas de solo através do trato de vermes e outros
organismos, associado ao acunhamento de raízes, ou pela compactação e abrasão de grandes
animais que se movem na superfície. Outra ação bioquímica que atua nos processos erosivos
72
biológico é a ação dos liquens algo muito presente na superfície do inselbergue da Pedra do
Cachorro.
5.8.4 Liquens: definição e característica
Os líquens são associações simbióticas entre algas verdes e fungos ou
entre cianobactérias e fungos. Estudos e pesquisas nessa área da biologia apontam que existem
aproximadamente 20 mil espécies diferentes conhecidas, que variam em forma, cor, tamanho e
habitat (SANTOS, 2016). Um líquen em geral é formado por uma alga e um fungo, nos líquens,
as algas são chamadas de fotobiontes, enquanto o fungo é chamado de micobionte.
Figura 35: Perfil esquemático que mostra a estrutura de um líquen
Fonte: Coladaweb.com.2016.
As algas que compõem os líquens podem ser cianobactérias, pertencentes ao reino
Monera, ou algas verdes, que estão agrupadas no reino Protista. Já os fungos, que são do reino
Fungi, em sua grande maioria, são do filo Ascomycota. Os fungos que se associam para formar
73
os líquens são conhecidos como fungos liquenizados. Santos (2016), afirma ainda que tanto
algas quanto fungos são beneficiados com a formação dos líquens. Enquanto as algas e
cianobactérias fornecem compostos orgânicos ao fungo, este garante um ambiente mais
propicio ao desenvolvimento. Em razão da necessidade de conseguir luz para que o fotobionte
realize fotossíntese, os líquens são facilmente encontrados em superfícies de troncos, rochas,
muros e paredes. Eles recebem diferentes denominações de acordo com o local em que se
desenvolvem: saxícolas (vivem em rochas), terrícolas (vivem sobre o solo), folícolas (vivem
em folhas), muscícolas (vivem com os musgos) ecortícolas (vivem sobre as árvores).
A reprodução dos líquens ocorre de forma assexuada, destacando-se a
reprodução por fragmentação, pela produção de esporos, por sorédios e por isídios. Essa última
estrutura pode ser definida como uma projeção do talo; já os sorédios constituem uma estrutura
formada por algas envoltas por hifas dos fungos (SANTOS, 2016).
Quanto a importância e que ecologicamente, sendo um exemplo de espécie
pioneira, ou seja, uma espécie que consegue estabelecer-se em locais muitas vezes inóspitos
para a maioria das espécies, como a superfície de rochas. Além dessa importância, os líquens
também são importantes indicadores da qualidade do ar, uma vez que são bastante sensíveis
a alguns poluentes. No que diz respeito à importância econômica, os líquens possuem
atividades antibióticas e antitumorais, além de serem usados na fabricação de cosméticos
(SANTOS, 2016).
5.8.5 Caracterização das colônias de liquens no Inselbergue Pedra do Cachorro
Quanto as suas localizações na pedra do Cachorro a presença de liquens mostrem-
se como salpicos de tinta que parecem ter caído de uma tela de pintura, formando manchas
coloridas espalhadas como o acaso pela grande massa rochosa, porém embora pareça ocorre de
forma aleatória, segue as tendências das pesquisas já escritas, com a tendência de se localizar
quase sempre em locais de ocorrência de luz solar em locais a barlavento e também a sota-
vento. Esses organismos bastante ubíquos, encontrando-se desde as rochas pequenas e solta
próximo ao grande inselbergue até às área acima de mil metros do nível do mar no todo do
inselbergue sujeito a grande variação térmica e ventos.
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Quanto ao talo predomina no Inselbergue Pedra do Cachorro o do tipo crostoso,
que se caracteriza por apresentar uma estrutura dorsiventral bastante achatada e aderida ao
substrato rochoso formando uma espécie de crosta, daí a justificativa da nomenclatura crostoso.
Esse tipo de liquens apresenta na sua camada superior denominada córtex, abaixo dessa camada
se desenvolve uma camada fotobionte que absorve a luz solar, e por fim na parte inferior e sobre
os minerais da rocha a medula.
Com as suas múltiplas cores e formas geralmente bizarras, qualquer superfície
rochosa lhes serve de suporte desde o património natural (rochas, troncos de árvores, etc.) sendo
nesse caso particular mais presente nas camadas da rocha. Quanto a cores observada em loco,
foi possível observar nas cores amarela, cinza, cinza escuro, cinza claro e branco.
Figura 36: Liquens tipo crostoso nas superfícies rochosas ígneas graníticas do inselbergue Pedra do Cachorro em
cores amarela, laranja, verde e cinza.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues, 2015.
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Figura 37: Liquens tipo crostoso em cores verde e cinza escuro.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues, 2015.
O corpo dos líquens, que recebe o nome de talo por não possuir folhas e caule, varia
muito de espécie para espécie. De uma maneira geral, os líquens possuem talos dos
tipos filamentoso, crostoso, folioso, fruticoso, esquamuloso e dimórfico, além de
normalmente apresentarem poucos centímetros. Todavia, algumas formas podem alcançar
vários metros de diâmetro.
Figura 38: Liquens tipo crostoso em cor verde e amarelo escuro.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues, 2015.
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Como os líquens são associações de fungos e organismos fotossintetizantes, fica
clara a dependência da fotossíntese para a sobrevivência dessa unidade biológica. Sendo assim,
no que diz respeito à ecologia, os líquens apresentam bastante semelhanças com os vegetais e,
diferentemente dos outros fungos, não necessitam de realizar a decomposição de matéria
orgânica.
O que importa nessa pesquisa é o papel dos liquens, a saber os fungos e algas sobre
a superfície rochoso. Os fungos excretam ácidos que dissolvem a superfície rochosa, liberando
minerais que as algas convertem em alimento suficiente para sustentar a ambos, esse processo
atua inteperizando a rocha. Segundo Bryson(2005) por conta de prosperarem em ambientes tão
hostis como é caso de superfície rochoso, em altitude elevada ao sabor do vento, da umidade e
sol escaldante do semiárido agrestino um líquen pode levar até meio século para atingir o
tamanho de um botão.
Dessa forma devido as grandes colônias de liquens que existem distribuídos sobre
as faces do inselbergue da Pedra do Cachorro leva a crer que de fato as datações geológicas
fazem sentido.
5.8.6 As relações geomorfológicas e geológicas aplicadas ao inselbergue da Pedra do
Cachorro e o Pão de Açúcar
O uniformitarismo é um princípio científico que originalmente já se encontrava
presente na obra de James Hutton, mas foi Charles Lyell (1797-1875) o responsável por fazer
renascer as concepções huttonianas, numa Inglaterra que nos inícios do século XIX, na época
em que estava dominada pelas correntes diluvianistas, que tentavam conciliar os relatos bíblicos
do Dilúvio com os registos geológicos.
Na forma de obra publicada aparece entre 1830 e 1833, com o título Principles of
Geology da autoria do naturalista inglês. Ao longo deste tratado, considerado como um marco
importante na história da Geologia, que é considerado um dos precursores da geologia moderna.
A teoria uniformitarista baseia-se na reprodução uniforme dos dados observáveis em
fenómenos geológicos atuais, para a interpretação da ocorrência destes fenómenos no passado.
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Elementos Pedra do Cachorro Pão de Açúcar
Localização São Caetano - PE Rio de Janeiro - RJ
Latitude Lat.08º14’12’’S Lat.22’54’00”S
Longitude Long.36°11’54”O Long.43º09’12’’O
*Altitude 1038 m 396 m
Tipo de rocha Granito Granito
Estrutura Ígneos e metamórficos
Pré-Cambriano
Ígneos e metamórficos
Pré-Cambriano
Idade geológica 600 m.a 600 m.a
Forma de relevo Inselbergue Morro dissecado
Paleoforma Morro dissecado Inselbergue
Clima atual Semiárido Quente úmido
Clima pretérito Úmido Seco
Vegetação Caatinga Mata Atlântica
Política ambiental RPPN Monumento natural (IPHAN)
Função Sport radical Turística
Condição natural Rural Urbano
Tabela 5: Observa-se comparação entre os elementos geológicos, geomorfológicos, climáticos, condição de
política atual. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2016.
Hoje sua aplicabilidade podem ser somadas a outras teorias, como é caso da
Tectônica da Placas, nessa condição permite-se interpretar as mudanças do passado observando
o comportamento dos fenômenos presente nos ambientes atuais. Tomemos como exemplo o
caso das semelhanças e diferenças entre o Pão de Açúcar situado no litoral da cidade do Rio de
Janeiro-RJ e a Pedra do Cachorro-PE situada no Agreste setentrional do semiárido do Nordeste
do Brasil, observa-se que ambos objetos naturais guardam grandes semelhanças
geomorfológicas e climáticas pretéritas entre si no passado e no presente atual.
Esse modo de comparação na verdade tem como base as recomendações presentes
nos pressupostos do geógrafo nascido na Alemanha Karl Ritter (1769-1859) e o francês Paul
Vidal de La Blache (1845-1918), que no Princípio da Analogia recomenda que o geógrafo após
delimitar e localizar o objeto de estudo, proceda compara-la com outra área, buscando
semelhanças e diferenças. Dessa forma e em conformidade com as recomendações desses
pressupostos, optamos por comparar o Pão de Açúcar com a Pedra do Cachorro.
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Desse forma tomando por base teórica a Tectônica de Placas e o princípio do
Uniformismo, tudo leva a crer que o Pão de Açúcar foi no passando quando da existência da
Gondwana um inselbegue, isso porque quando da união dos continentes americano e africano
durante a era Mesozoica e inicio do Perído Cretaceous, nessas condições temporais geológicas,
o clima onde se situa hoje o Pão de Açúcar era mais áridas e portanto diferentes das condições
úmidas atuais.
Assim, sob essa condições climáticas semiárida pretéritas, tudo leva a crer que o
ambiente onde se situa hoje o Pão de Açúcar era continental interiorano, e o oceano Atlântico
que o bordeia hoje nem se quer existia, o que leva a crer em afirmar que a umidade
geomorfológica em apreço era mais bem alta, nesse período de semiaridez predominava então
um processo erosivo semelhante ao processo de pedimentação visto no semiárido do nordeste
atual, o mesmo se pode afirmar que predominava processos erosivos do tipo intemperismo
físico.
Figura 39: A Teoria da Deriva Continental mostra que durante os períodos geológicas Permiano, Triassico e
Jurássico o continente sul-americano e África estiveram juntos, nessa condição o litoral brasileiro tinha um clima
continental seco típico e se assemelhava as condições atuais do semiárido do nordeste, o que leva a entender a
posição da paleoforma do Pão de Açúcar na condição de inselbergue.
Fonte:quantumbiologist.wordpress.com
Hoje ao contrário das condições geomorfológicas e climáticas do passado, o Pão de
Açúcar se encontra sob condições climáticas típicas de áreas tropicais litorâneas, e sua dinâmica
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erosiva era predominante do tipo química, condições que em geral encontra-se sob
processos geomorfológico do tipo dissecação algo comum nos ambientes úmidos presente no
litoral do Brasil atual.
O Pão de Açúcar um dos principais cartões postais do Rio de Janeiro, conhecido no
mundo do turismo, um importante quadro natural, e que sob ponto de vista da paisagem consiste
na verdade em 2 morros de granito. O primeiro bloco rochoso é denominado Morro Praia
Vervelha, fica cerca de 220 metros acima do nível do mar, o segundo bloco é o Morro do Pão
de Açúcar que fica a 396 metros. O bondinho que transita entre eles percorre uma distância
entre eles de 1.330 metros é feito em 6 minutos.
Figura 40: Observa-se na paisagem aspectos arredondados nas camadas superior das faces rochosas o que denotam
a ação erosiva química por hidratação dos cristais das rochas. No centro entre os blocos rochosas onde o desnível
é moderado o desenvolvimento do solo eluvial sobre o qual cresce a vegetação e agre o intemperismo biológico.
Fonte: riodejaneironow.com.2015.
Figura 41: Observa-se que as feições do inselbergue da Pedra do Cachorro guardam importante relação geológica,
geomorfológica e paisagística com o morro do Pão de Açúcar, embora ambos se encontram em condições
geológicas semelhantes, por outro lado suas condições geomorfológicas e temporais denotem uma grande
inversão, o Pão de Açucar foi inselbergue no passado, por sua vez a Pedra do Cachorro já no passado um morro
sob processo de dissecação. Autor: Natalicio de Melo Rodrigues, 2015.
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Na parte mais alta do Pão de Açúcar por sua condição geográfica e altitude permite
observar uma paisagem que mescla aspectos naturais do continente e do oceano, de moto que
torna-se possível observar de cima vários pontos da cidade, como mais notoriedade as praias
do Leme, Copacabana, Ipanema, Flamengo, Leblon, e outros morro como são os casos da Pedra
da Gávea, maciço da Tijuca, Corcovado com a estátua do Cristo Redentor, e no oceano a Baía
de Guanabara, enseada de Botafogo, partes do centro da Cidade, Aeroporto Santos
Dumont, Ilha do Governador, e as cidades de Niterói, a estrutura urbana de rede denominada
Ponte Rio-Niterói e, ao fundo, a Serra do Mar e o pico Dedo de Deus.
Localizado praticamente na costa litorânea brasileira e que ocupa a borda leste da
Placa sul-americana, é sob o ponto de vista geomorfológico um grande monólito rochoso
formando bloco único de rocha ígnea do tipo granito que se estende ao longo da Baia da
Guanabara, constituindo uma importante feição geomorfológica que lembra pães de açúcar,
antiga forma de blocos de açúcar exportado na época do ciclo do açúcar do Período Colonial,
quando do domínio português.
Por suas características geológicas rochosas do tipo granito ígneo cristalino,
denotam que sua origem geomorfológica tenha advindo de condições geológicas pretéritas, o
que leva a crer que ele foi formado pelo esfriamento dentro de um bolsão de gnaisses
metamórficos, possivelmente em centro de zona de convergência, que esteve ativa há pelo
menos 80 milhões de anos atrás no final do Período Pré-Cambriano.
Sua condição geomorfológica atual elucida também a história do seu passado
geológico de sua formação, e o que ocorreu internamente antes de sua atual exposição externa
erosiva. Na condição atual remota, com a separação das Placas Sul-americana e Africana,
delineou-se uma series de ciclos erosivos e a ações do intemperismo que engloba os tipos físico,
principalmente o químico e biológico, própria de climas quente úmido, esses típicos de áreas
litorâneas, vem ao longo atuado nos flancos de granito que formam os monoblocos rochoso que
compõe sua paisagem natural.
Quando essas massas rochosas são afloradas, essas forças compressivas cessam e a
rochas sofrem descompressão permitindo que os agentes externos, chuvas, ventos, vegetação
entre outros se acentuam nas superfícies rochosas expondo a superfície suas feições levemente
curvadas como resultados da erosão.
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Figura 42: Concepção artística cientifica geológica da possível estrutura imersa do Pão de Açúcar. Por ser uma
baia é possível que essa concepção esteja correta. Fonte: Universidade se São José dos Campos.SD.
A parte mais alta denominada Pão de Açúcar é na verdade do ponto de vista da
geografia física um promontório, um cabo que em geral é constituído por rochas íngremes de
uma montanha rochosa em que sua maior parte é imersa e sua menor parte é elevadas (Figura
41). O seu contorno arredondado é típico em formações de granito homogêneo com nuances de
juntas que em eras geológicas estiveram no centro de gigantesco batólito maciço. Essas massas
graníticas a medida que vão perdendo temperatura e esfriando cristalizam, e muito vezes ficam
confinados por forças verticais e horizontais em razão do peso de sua massa rochosa acima dele.
O inselbergue Pedra do Cachorro em São Caetano, cidade da Microrregião do Vale
do Ipojuca, Mesorregião do Agreste de Pernambuco não tem a mesma notoriedade que o Pão
de Açúcar, por outro lado tem um grande potencial turístico ainda não explorado, embora
possua mais altitude, com seus 1038 metros de altura, torna-se possível visualizar várias cidades
do agreste, como é caso de São Caetano, Caruaru, Belo Jardim, Brejo da Madre de Deus,
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Tacaimbó, Jataúba, isso durante o dia, a noite devido a emissão de luzes da cidades é possível
visualizar e identificar outras cidades..
Figura 43: Caruaru no entremeio das vertentes que compõe Vale do Ipojuca, ao fundo em último plano os divisores
de água da bacia do Rio Una. No centro é possível observar as edificações verticais que caracteriza o bairro
Mauricio de Nassau. Imagem obtida com câmara celular tipo Motorola G.
Fonte: Natalicio de Melo Rodrigues 2015.
O título de RPPN foi concedido pela Agência Estadual de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos (CPRH) em junho de 2002, devido à bela paisagem natural encontrada na
fazenda, além da diversidade da fauna e da flora da região o que torna o primeiro Inselbergue
na categoria de RPPN.
Na geomorfologia um inselbergue são blocos rochosos resíduos de processos
erosivos de Pediplanação, em climas áridos quentes. Algumas vezes observa-se na literatura
citações de pães de açúcar como se fossem inselbergue, mas segundo Antonio Texeira Guerra
(1980) afirma que o Prof.Wilhem Kegel ao estudar os serrotes, nas região dos Cariris Novos
(Ceará-Piauí) diz que os mesmo formam, em certos casos inselbergues, concede-se nesses casos
no qual se enquadra a denominado Pedra do Cachorro, como elevações pouco alongadas e
relativamente ilhadas em meio aos pediplanos, cuja evolução se fez em função de um sistema
erosivo com o clima semiárido.
Os inselbergues por se localizar em área semiáridas os processos dominantes
erosivos são do tipo mecânico e químico que atuam sobre suas encostas, permitindo o
desenvolvimento de processos erosivos que diminuem gradativamente as encostas rochosas,
fazendo recuar as vertentes, à medida que a erosão avança, a extensão dos inselbergues diminui,
originando no contato das encostas uma rampa de denominado knick point (MAIO, C.R.1987).
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