Sessão de mediação e descoberta do texto élie bajard sme 2014

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Reunião com diretores e professoras coordenadoras de EMEF e EMEFEI da Secretaria Municipal da Educação de Marília - SP - 2014

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PROCLE – A PROCURA DA COMPREENSÃO DA LÍNGUA ESCRITA –

ÉLIE BAJARD

O que é? Qual Objetivo?

Criamos no ano de 2013, também na cidade deMarília, um grupo de experimentação tutoradopelo linguista Élie Bajard, no qual um trabalhocontínuo de prática e reflexão vemdesenvolvendo um repertório de didáticasinovadoras de leitura e produção escrita comcrianças da educação infantil e dos anos iniciaisdo ensino fundamental, com foco no gosto eprazer pela leitura.

Reforçamos a certeza de que o aspecto lúdico e

prazeroso é um importante componente para

gerar interesse e motivação nos alunos. A falta

de hábito de leitura perpassa toda a

sociedade, atingindo pais e professores. Como

proposta de superação desta situação, fomos

apresentados a uma metodologia diferenciada

de leitura (iniciada em meados de 2001 no

Projeto Arrastão), denominada: mediação de

leitura.

Três instrumentos pedagógicos:

• Formação

• Linguística

• Pedagogia

Formação

Partimos da prática como objeto dereflexão, com o objetivo que possa gerartransformações na sala de aula. Entendemosque teoria e prática precisam estar unidas deforma harmônica, sem que haja hegemonia denenhuma delas.

Linguística

Escolhemos considerar esse processo como a

conquista de uma nova linguagem e não como

domínio de um código. Fundamentamo-nos em

estudos sobre a cultura dos surdos que atestam

a autonomia da língua escrita, uma vez que o

deficiente auditivo pode ler e escrever

convencionalmente, sem conhecer e nem usar a

língua oral correspondente.

Entendemos que há diferenças entre asoperações cognitivas realizadas pelo sujeito queaprende, tanto para compreender um discursooral, como para entender um texto escrito. Essaforma de conceber a aquisição da linguagem“quebra” paradigmas até hoje muito fortes naeducação.

Pedagogia

Os professores são levados a compreender quenão é a partir de uma metodologia que seapresenta um código reduzido para acriança, que ela adquire uma língua (seja elaoral ou escrita), mas ao contrário, a partir damultiplicidade de regularidades percebida pelacriança nos diferentes enunciados com que temcontato cotidiano.

“Descoberta da literatura pela sessão de mediação”

É uma metodologia de trabalho que deve serdesenvolvida pelo educador, mas que podeendereçar-se também a um público mais amplo:pai, mãe, avos, primos, vizinhos, amigos, etc.por se tratar de uma prática que pode serexecutada por qualquer pessoa letrada e queesteja disposta a se tornar “padrinho da escrita”da criança.

Realizar um trabalho de mediação de leitura de

histórias requer planejamento, preparação, dedicação e

algumas vezes formação. É necessário tomar

consciência de que os benefícios dessa prática estão

diretamente ligados ao número, qualidade e

diversidade de livros, colocados a disposição das

crianças. Selecionar o texto é uma prerrogativa do

leitor. Descobrimos que a sessão de mediação vai além

da organização da escuta do texto. Ela oferece também

o acesso individual ao livro, possibilitado pela riqueza

de imagens.

SESSÃO DE MEDIAÇÃO

PASSO A PASSO

O QUE É MEDIAR?

Mediar é comunicar um texto para outro. Oleitor empresta sua voz a narrativa escrita.Quando a mãe, ou outra pessoa, lê para acriança, está contribuindo para o acesso desta aleitura, mesmo antes dela entrar para a escola.Pela escuta, todos podem entender o texto, sejao indivíduo alfabetizado ou não.

Passo 1Abrindo a sessão de mediação

Uma brincadeira abre a sessão de mediação. Elaé a porta de entrada para o mundo imaginário esuscita a participação de todos.

Passo 2

Transmissão para o grupo inteiroÉ o momento em que o livro é socializado comtodos. O texto torna-se acessível pela voz domediador e as ilustrações podem ser vista portodos.

Passo 3

Livro ao alcance das mãosOs livros ficam espalhados e as criançasescolhem alguns títulos de interesse. É ummomento de autonomia da criança. Cada umexplora seu livro ou com os amigos ousozinho, como preferir.

Passo 4

A criança “brinca” com o livroO livro pode se tornar uma luneta, umchapéu, uma casinha ou qualquer outro objetoque a imaginação explorar. A criança podetambém “jogar” com a narrativa. Contando osanimais de uma imagem do livro, brincando como personagem que sai da página oumovimentando o personagem móvel, porexemplo.

Pólos de mediação

A voz do mediador transforma o texto gráfico em textosonoro e a criança entende a narrativa mesmo sem saberler. Se tiverem em um mesmo ambiente váriosmediadores, a criança é livre para passar de um pólo aoutro, assim que desejar.

Encerramento da sessão de mediação

O fechamento da sessão pode se dar por meiode: outra brincadeira, uma música ou uma rodada conversa.

Contação de história❶ Não é diretamente ligada a um texto fixo

❷ A narrativa é veiculada pela língua do narrador

❸ A língua do contador é flexível e se modifica nascontações

❹ Contar enriquece a língua oral do ouvinte

Mediação de leitura❶ É a manifestação sonora de um texto fixo

❷ A narrativa é veiculada pela língua do livro

❸ A língua não é do mediador, mas do livro, ela não semodifica

❹ A mediação inicia o ouvinte à língua escrita

Frutos da mediação

Benefícios:

• Quantidade de histórias propiciadas pelasessão de mediação

• Qualidade da língua escrita à qual a criançatem acesso:

① extensão do vocabulário

② a complexidade da gramática

③ a riqueza da estrutura do texto

Outros frutos da mediação da leitura:

❶ Desde cedo a criança cuida dos livros e virasuas páginas

❷ Faz a distinção entre a história daboca, efêmera (contação) e a história dolivro, permanente (texto sonoro)

E ainda …

A sessão de mediação revela que o livro oferecetrês fios trançados:

① uma história em imagens (icônicas)

② uma história sonora

③ uma história gráfica

Ela descobre que a história do livro pode ser:

① lida sozinha em silêncio

② escutada da boca do mediador

A sessão de mediação propicia dois tipos de acesso ao livro:

No espaço de autonomia

Um acesso visual às imagens que se combinamcom o texto gráfico

No pólo de mediação

Um acesso ao texto sonoro, carregado desensibilidade pela música da voz, pelo fascíniodo olhar e pelo calor da presença.

Descoberta do texto, à procura da compreensão

Élie Bajard

Nosso desafio

Dificuldade de propiciar a todos a competênciade utilizar o sistema gráfico de maneira eficientena vida cotidiana, ou seja, em possibilitar que osjovens compreendam fluentemente um textosimples que corresponda às suas necessidades.Falta aos analfabetos funcionais a competênciade compreensão.É preciso que os programas de alfabetizaçãointegrem a competência de compreensão.

Competência de compreensão

É apenas a leitura que possibilita compreenderde maneira autônoma textos nunca antes vistosnem escutados. É assim que o leitor de jornaltransforma artigos até então desconhecidos emtextos conhecidos. Ler para ele consiste em“tomar conhecimento de um texto gráficodesconhecido”. (grifo nosso)

Descoberta do texto

Esse instrumento introduz uma solução decontinuidade no processo de compreensão namedida em que ela deixa de ser exercitada pelocanal sonoro como ocorre na escuta (sessão demediação), para ceder lugar as operaçõesvisuais da leitura. (grifo nosso)

Passo 1 – Escolha do texto

• Sugere-se escolher um textoinstigante, desconhecido, que não tenha sidolido nem escutado, com poucas dificuldadeslinguísticas, em que quase todas as palavrassejam desconhecidas pelos alunos. (grifo nosso)

Passo 2 - Exposição

• O texto pode ser apresentado por meio de umcartaz, um data show, um flipchart. O professorescolhe o recurso de acordo com a suanecessidade.

Passo 3 – O encontro

• O texto é revelado aos alunos de maneira queo primeiro contato seja visual e silencioso.

“Leitura pelos olhos, em pensamento”

Passo 4 – Pergunta inicial

• O mestre instiga os alunos pela pergunta deabertura.

“Do que trata esse texto”

Passo 5 – Exploração do texto

• O mestre faz perguntas específicas, e os alunosjustificam suas respostas dentro do texto.• As crianças deslocam-se até a lousa e intervêmno texto. As questões surgem e as respostasbrotam

Passo 5 - Continuação

Com o giz de várias cores as crianças:• Sublinham, cercam, enquadramsufixos, palavras ou expressões;• Traçam flechas para manifestar relações(acordos, anáforas*) entre palavras, ou entre otexto e as notas em suas margens;• Introduzem sinônimos ou antônimos* entrelinhas.

Passo 5 - continuação

• O mestre registra as descobertas ao lado dotexto como pistas.

Passo 6 – Fechamento da sessão de descoberta do texto

O mestre avalia a manutenção ou esgotamentodo interesse por parte dos alunos para fecharessa fase com a síntese do conteúdoresgatado, a partir das pistas registradas. Oeducador faz a síntese do conteúdo. (grifonosso)

Passo 7 – Texto ao vivo

Para chegar ao passo do texto ao vivo énecessário que a criança tenha compreendido otexto previamente. A partir daí, a criança podetransmiti-lo vocalmente aos ouvidos dos outros.A transmissão vocal* pode ser efetuada uma vezpelo mestre e, na sessão seguinte, pelos alunos.O texto, já compreendido, é dito com expressãoe escutado pelos outros com prazer. (grifonosso)

DICAS TEÓRICAS – ÉLIE BAJARD

Há quatro tipos de pistas a serem exploradas:

• Tipo 1 – Pistas da forma da palavra

• Tipo 2 - Pistas da localização da palavra nafrase (sintaxe)

• Tipo 3 – Pistas da localização da palavra notexto (gramática do texto)

• Tipo 4 – Pistas da localização do fragmento naobra ou da sua vizinhança com a imagem.

O texto é composto de:

Palavras a serem reconhecidas

Palavras a serem fixadas

Palavras a serem identificadas

Palavras a serem conceituradas

“OFICINAS PEDAGÓGICAS”

Organização:• O Módulo I compreenderá o trabalho com leitura pormeio de sessões de mediação, as diferenças entreContação de História e Mediação de Leitura e aDescoberta do texto à procura da compreensão.• O Módulo II se aplicará ao trabalho com as estratégiasde leitura e seu uso para o desenvolvimento dacompreensão leitora. Introduzir as estratégias de leiturapara a educação literária das crianças em processo dealfabetização.A organização dos encontros terá como base as propostasde Josette Jolibert e Elié Bajard, Renata Junqueira, Harveye Goudvis.

“Além dos muros da escola”Josette Jolibert, Jeannette Jacob & cols

Tipo de texto para ler: RECEITAS

1ª série6/7 anos

40história escrita no flip shart .

coletiva, crianças sentadas no chãoem semicírculo.

uma aula.

Construção da Compreensão do texto

Projeto e Contexto

Leitura individual e silenciosa

P: O que vocêsentenderam dotexto?

Aqui esta o título!

É para fazer um doce de

chocolate!

Tem vários títulos!

Aqui diz chocolate!

Eu vejo que diz “leite! Não tem

desenhos!

Aqui diz o que precisa

(ingredientes)

Eu não entendo a primeira palavra!

Eu também não! Mas escolhemos fazer

bolinhas de chocolate. Poderia ser “bolinhas”

...

P: Vamos ver , vouescrever bolinhas dolado é a mesmapalavra?

É!

Mas é igualzinho!

Não !

Não começa da mesma maneira!

Não começa da mesma maneira!

P: Alguém sabe porquenão começa da mesmamaneira?

È como “Cachinhos de ouro” ( conto recém lido), há uma

letra grande no título

Começa como o meu nome (diz

Beatriz)

P: Sim, você lembrou muito bem que os títuloslevam uma letra grande no início , como osnossos nomes. É uma letra maiúscula (escreve apalavra maiúscula no quadro negro)?

- Chocolate

- E o primeirorisquinho?

P: E agora o queprecisamos para poderfazer nossas bolinhas dechocolate ?

- Leite

Se chamam linha(lembrança da pré-escola)

E a primeira linha Parece que diz “bolachas” (buscou um pacote no recanto onde as crianças brincam de

vender –comprar e voltou triunfante) “bolachas de coco”

.Sim ! É bolachas...”

Síntese do significado do texto

A professora lê em voz alta toda a receita. As criançasescutam com muita atenção , alegrando-se ao verconfirmadas as contribuições prévias. Ao finalizar aleitura , as crianças aplaudem e dizem: “Vamospreparar a receita”!

Síntese final Necessitamos : -Bolachas-Leite Condensado-Chocolate moído-Fazer as bolinhas

Para isso , teremos que comprar e pedir ajuda às mães.Quando o faremos? Pode ser na quarta-feira que vem.

Sistematização Metacognitiva e Metalinguística

Novas ferramentas elaboradas

Receitas- Tem um título e dois subtítulos(ingredientes e preparação).- Tem uma linha para cada um dosingredientes.- Tem números para as instruções da parteda preparação.- Tem maiúsculas no início do título e dossubtítulos , no início de cada instrução

Escolha das palavras de referência:

CHOCOLATELEITE

MISTURAR

1)2)3)4)

PALAVRAS - REFERÊNCIA

Referências:

• Além dos muros da escola - a escrita comoponte entre alunos e comunidadeAutor: Jolibert, Josette/ Jacob, JeannetteEditora: ARTMED

• A Descoberta da língua escrita Autor: ÉlieBajard Editora: Cortez