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Aula sobre os fundamentos da epidemiologia, processo histórico e aplicação na Odontologia
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Epidemiologia
Epidemiologia
Como se criou tão importante ciência?
Qual a sua definição?
Que utilidade terá para nossas vidas?
Definição da Epidemiologia
É a ciência básica da Saúde Coletiva.
É a ciência que estuda a distribuição das doenças e suas causas em populações humanas.
Atualmente, é a principal ciência de informação em saúde.
É o estudo dos fatores que determinam a frequência e a distribuição das doenças na coletividade humana. International Epidemiological Association (1973).
Definição da Epidemiologia
“A Epidemiologia estuda o processo saúde-doença em coletividades humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes de doenças, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva, propondo, de um lado, medidas específicas de prevenção, de controle e de erradicação de doenças, fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao planejamento, à administração e à avaliação das ações de saúde.”
Rouquayrol (1994).
Definição da Epidemiologia
“Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade, promoção ou recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo informação e conhecimento para tomada de decisão.”
Medronho (2009).
EPI = SobreDEMO = PopulaçãoLOGIA = Estudo
Em síntese, a palavra Epidemiologia significa, etimologicamente, “Estudo sobre uma população”.
Epidemiologia
Compreende 3 aspectos principais:
Estudo dos determinantes de saúde-enfermidade contribui para o avanço no conhecimento etiológico-clínico.
Análise das situações de saúde desenvolve e aplica metodologias efetivas para descrição e análise das situações de saúde, fornecendo subsídio para o planejamento e organização das ações de saúde.
Avaliação de tecnologias e processos no campo da saúde a metodologia epidemiológica pode ser empregada na avaliação de programas, atividades e procedimentos preventivos e terapêuticos, tanto no que se refere a sistemas de prestação de serviço quanto ao impacto das medidas de saúde na população.
A Epidemiologia
As explicações sobre o processo saúde-doença eram baseadas em concepções mágico-religiosas.
Deus da Medicina: Asclépios
Grécia antiga...
Higéiaapregoava a saúde como resultante da harmonia dos homens e dos ambientes, por ações preventivas e coletivas.Panacéia Representava a medicina
curativa, através de manobras físicas, encantamentos, preces e uso de medicamentos.
A origem da Epidemiologia
A Epidemiologia pode ter nascido com Hipócrates (pai da Medicina).
Ele que criou os conceitos de Epidemiae Endemia.
Estabeleceu-se na Ilha de Cós (Sede da Escola Hipocrática)
ensinado e praticando a tradição higéica.
A origem da Epidemiologia
460 a.C. – 377 a. C
Saúde: equilíbrio entre o homem e seu meio (clima, maneira de viver, hábitos de comer e beber).
Doença: desequilíbrio de quatro humores fundamentais: sangue, linfa, bile amarela e bile negra.
A Epidemia foi utilizada por Hipócratespara referir doenças que afetam grande contingente da população.
Segundo Hipócrates...
A origem da Epidemiologia
A Era Romana, deixou como legado para Epidemiologia a realização de censos periódicose a introdução de um registro compulsório denascimentos e óbitos.
Galeno, médico grego muito famoso em sua época, tornou-se médico particular do Imperador Marco Aurélio.
Foi Galeno que demonstrou, pela 1ª vez, que as artérias conduziam sangue e não ar, como até então se acreditava.
Roma Antiga...
Cláudio Galeno(201 – 130 a.C.)
A origem da Epidemiologia
Com a queda do Império Romano, o
que se observou foi a hegemonia da igreja católica. As práticas de saúde eram baseadas no caráter mágico-religioso, em que o principal objetivo era a salvação da alma.
A doença era considerada castigo. O pecado era causa da doença.
Criação dos primeiros hospitais que estavam ligados a Igreja Católica.
Idade Média...
A origem da Epidemiologia
Merece destaque o avanço tecnológico (farmacêuticos e
técnicas cirúrgicas) e o caráter coletivo da medicina, que alcançou seu apogeu no séc. X nos califados de Bagdá e Córdoba.
Os médicos mulçumanos baseavam-se na medicina hipocrática.
Neste período, consolidou-se o registro de informações demográficas e sanitárias e o sistema de vigilância epidemiológica
Descrição da varíola, asma e alergia.
Medicina Árabe...
A origem da Epidemiologia
Hospitais eram centros de cura da doença e
escola de medicina. Os pioneiros da medicina coletiva foram:
- Avicena (989-1037) – médico e filósofo persa, autor do Cânon da medicina (principal tratado clínico da Idade Média tardia). - Averróes (1126-1198) – magistrado, filósofo e médico, precursor do Higienismo, foi um dos principais tradutores e comentadores da obra de Aristóteles.
Medicina Árabe...
A origem da Epidemiologia
Saber Clínico
Estatística
MedicinaSocialEPIDEMIOLOGIA
Eixos da Epidemiologia
Tradição anglo-saxônica: Thomas Sydenham – Médico e precursor da ciência
epidemiológica. Elaborou o conceito “História Natural das Enfermidades”. A clínica moderna tem como um de seus fundadores.
Tradição francesa: Foucault – os primórdios de uma medicina científica moderna tem relação com a medicina Veterinária. A Sociedade de Medicina de Paris – organizou-se para investigar epidemia que dizimava ovinos, causando prejuízos à indústria têxtil francesa. Primeiro registro de contagem de enfermos, visando o controle de uma dada enfermidade.
Saber Clínico
Eixos da Epidemiologia
Foucault – também assinala que o hospital nem
sempre foi um lugar de cura de enfermos, e sim local ou instituição, sob a guarda de ordens religiosas para asilo ou acolhimento de pobres, mendigos e viajantes.
Fins do séc. XVIII – conquista do hospital pelos médicos que participaram das revoluções burguesas. Fundamental para o desenvolvimento da clínica moderna.
A hegemonia da biologia experimental e da teoria microbiana justificava o caráter naturalista do estudo clínico do enfermo.
Saber Clínico
Eixos da Epidemiologia
Estatística
Eixos da Epidemiologia
Originalmente, o termo “estatística” significa a medida do estado.
O vocábulo foi criado por Hermann Conring, médico e cientista político alemão, especialmente para referir-se ao conjunto de atributos de uma nação.
A estatística tem uma raíz política. A emergência do estado moderno, juntamente com
a implantação do modo capitalista de produção, indicava a necessidade não apenas de contar o povo e o exército, mas também que estes tivessem disciplina e saúde.
Estatística
Eixos da Epidemiologia
A Teoria das probabilidades, primeiro grande aporte teórico da estatística, foi concebida por Blaise Pascal e formalizada por Daniel Bernouilli.
Pierre Simon Laplace, matemático e astrônomo francês, além de consolidar a teoria das probabilidades, aperfeiçoou métodos de análise de de grandes números, aplicando-os a questões
de mortalidade e outros fenômenos em saúde.
Blaise Pascal
Daniel Bernouilli
Em 1825, Alexandre Louis publica em
Paris estudo estatístico sobre 1960 casos de tuberculose, inaugurando a Epidemiologia. Médico e matemático, Louis é precursor da avaliação da eficácia dos tratamentos clínicos utilizando métodos da estatística.
1839: William Farr criou o registro anual de mortalidade e morbidade para a Inglaterra e País de Gales, marcando a institucionalização dos Sistemas de informação em saúde.
Eixos da Epidemiologia
Estatística
França (1789): desenvolveu-se uma Medicina Urbana, com a finalidade de sanear espaços das cidades, ventilando as ruas e as construções públicas e isolando áreas consideradas miasmáticas.
Alemanha: implantavam-se medidas compulsórias de controle e vigilância das enfermidades. Imposição de regras de higiene.
Inglaterra: com a Revolução Industrial e o desgaste da classe trabalhadora, surgiu a medicina do trabalhador.
Eixos da Epidemiologia
Medicina Social: intervenção do Estado na saúde da população
Eixos da Epidemiologia
Medicina Social Guérin (1838): elaborou o termo Medicina
Social, que tem servido para designar modos de abordagem coletiva a questão da saúde.
Rudolf Virchow: médico sanitarista, elucidou o mecanismo do tromboembulismo (tríade de Virchow), foi o primeiro a publicar um trabalho científico sobre Leucemia, constatou o processo epidêmico de TIFO , liderou o movimento médico-social na Alemanha. Exilado, tornou-se o nome mais importante da patologia moderna.
Criada em 1850 na Inglaterra por jovens
simpatizantes das ideias médico-sociais, oficiais de saúde pública e membros da Royal Medical Society.
Dentre os membros fundadores da sociedade destacam-se Florence Nightingale (mãe fundadora da Enfermagem), que se destacou com o estudo pioneiro sobre a mortalidade por infecção pós-cirúrgica e John Snow (pai da Epidemiologia), que desvendou os mecanismos de transmissão hídrica e o agente microbiano do Cólera.
London Epidemiological Society
Florence Nightingale
John Snow
1813-1858 Conduziu inúmeras investigações para esclarecer a origem
das Epidemias de Cólera em Londres, no período de 1849 a 1854.
Em 1850, concluiu que os casos de cólera morbo no bairro londrino Soho estavam atribuídos à distribuição de água, pela bomba localizada na Broad Street.
Estudou a frequência e distribuição dos óbitos segundo a cronologia dos fatos e os locais de ocorrência, além de procurar outros fatores relacionados aos casos, com o objetivo de elaborar hipóteses causais.
Antecipou-se à teoria microbiana de Pasteur.
Nas décadas seguintes ocorreu um grande avanço da fisiologia, patologia e bacteriologia, devido aos achados de Claude Bernard, Rudolf Virchow, Louis Pasteur e Robert Koch.
As doenças infectocontagiosas eram de maior prevalência nesta época e a descoberta de microorganismos fortaleceu a medicina clínica.
Bernard Virchow Pasteur Koch
A origem da Epidemiologia
A abordagem curativa individual suplantou mais uma vez o enfoque coletivo no enfrentamento das questões da saúde e de seus determinantes.
O avanço do conhecimento epidemiológico voltava-se para os processos de transmissão ou controle de epidemias.
Nesta época, em função de uma medicina social do colonialismo, registra-se o ensino sobre a distribuição das doenças em populações nas escolas médicas da França, Inglaterra e Alemanha.
Obtém-se o controle da Varíola, malária, febre amarela e outras doenças tropicais, especialmente nos portos de países colonizados e das ex-colônias, como o Brasil.
Neste contexto, por volta de 1890, surge o Instituto Pasteur de Paris (estudo da estatística médica), e a School of Tropical Medicine ( recursos humanos de saúde pública), em Londres.
A origem da Epidemiologia
Nos EUA, vários discípulos de Louis Pasteur, liderados por Lemuel Shattuck continuaram engajados no ensino da Estatística Médica na perspectiva de uma reforma sanitária.
A partir de 1869, forma-se o Public Health Service, organismo público de natureza paramilitar que exercia atividades de vigilância Sanitária e também passou a formar recursos humanos em saúde pública nos Estados Unidos, culminando com a criação da American Public Health Association.
Amecam Public Health Association
Na Alemanha, a medicina social sobreviveu
através de dois movimentos liderados por: - August Hirsch – liderou o surgimento, em Berlim, de uma Escola de Patologia Geográfica e Histórica.
- Max Von Pettenkoffer – fundou o Instituto de Higiene de Munique, que propunha uma síntese das ciências básicas da saúde (patologia e bacteriologia), com uma ação social e política.
Escola de Patologia Geográfica e Histórica e Instituto de Higiene de Munique (1872)
1910: O auge da hegemonia da medicina
científica sobre a medicina social ocorreu com o relatório Medical Education in the United States and Canadá, elaborado por Abraham Flexner.
Flexner considerou a maioria das escolas médicas dos EUA e Canadá desnecessárias ou inadequadas. O número de escolas de medicina caiu de 131 para 81 a partir desse relatório.
O modelo flexneriano reforçou a separação entre o individual e o coletivo ( e por tabela, o biológico e o social) na saúde.
Epidemiologia no Mundo
Em 1918, foi inaugurada a Johns Hopkins School of Hygiene
and Public Health, modelo do programa “Escolas de Saúde Pública”, difundido pelo mundo com apoio da Fundação Rockerfeller.
Wade Hampton Frost: primeiro professor de epidemiologia do mundo (Universidade John Hopkins). Como pesquisador, Frost utilizou novas técnicas estatísticas para estudar variações na incidência e prevalência de doenças transmissíveis,
como a tuberculose, para avaliar possíveis determinantes sociais e genéticos.
Wade Frost
Epidemiologia no Mundo
Major Greenwood: primeiro
professor de epidemiologia e estatística na London School of Hygiene and Tropical Medicine, em 1928.
Greenwood foi o principal responsável pela introdução do raciocínio estatístico na pesquisa epidemiológica e muito contribuiu para a epidemiologia experimental.
Major Greenwod
Epidemiologia no Mundo
A crise econômica de 1929 precipitou
uma tremenda crise da medicina científica.
O avanço da tecnologia e a tendência à especialização da prática médica provocaram uma elevação nos custos, elitização na assistência à saúde, justamente num momento de grande demanda social por serviços de saúde.
Nesse contexto, resgatou-se o caráter social das doenças através do recurso à epidemiologia que já não continha a politização da medicina social.
Epidemiologia no Mundo
O livro “The principle of Epidemiology”, de
1920, foi a primeira abordagem sistemática do conhecimento epidemiológico que referia-se exclusivamente às enfermidades infecciosas.
Em 1936, o clínico britânico John Ryle propôs sistematizar o paradigma da história natural das doenças, fundamental para a nascente Medicina Preventiva.
Epidemiologia no Mundo
Nas décadas de 30 e 40, os EUA limitaram-se a uma simples
mudança no ensino médico, incorporando alguns aspectos de prevenção nos conteúdos de formação profissionais de saúde.
No âmbito institucional, criaram-se departamentos de medicina preventiva, em substituição aos de higiene, capazes de ministrar os conteúdos de epidemiologia, administração de saúde e ciências da conduta, que eram, até então, atribuição das escolas de saúde pública.
Após a II Guerra Mundial, o estabelecimento dos denominados “estado de bem-estar social”, na Europa ocidental, fez com que a assistência à saúde se incorporasse às políticas sociais, atualizando o conceito de medicina social.
Epidemiologia no Mundo
O advento da II Guerra Mundial revelou a necessidade do desenvolvimento de métodos eficientes para medir a saúde física e mental das tropas, abrindo a possibilidade de aplicação à população civil.
No pós-guerra, foram realizados grandes inquéritos epidemiológicos, especialmente de enfermidades não infecciosas.
Epidemiologia no Mundo
Fundação da INTERNATIONAL EPIDEMIOLOGICAL
ASSOCIATION, em 1954 e a transformação de um importante periódico American Journal of Hygiene no American Journal of Epidemiology, em 1964, foram o ápice para o processo de institucionalização da disciplina de epidemiologia.
Na década de 50, ocorreu um “boom” no desenvolvimento e aperfeiçoamento de novos desenhos de investigação epidemiológica, destacando-se os desenhos longitudinais de coorte (é um conjunto de pessoas que tem em comum um evento que se deu no mesmo período e papel dos fatores de risco nas doenças não transmissíveis), a partir do estudo de Framingham, e os ensaios clínicos controlados atribuídos a Bradford Hill.
Epidemiologia no Mundo
Na década de 60, com a introdução da computação
eletrônica, ocorreu a mais profunda transformação na epidemiologia, acarretando uma matematização cada vez maior da disciplina.
A utilização de banco de dados, aliada à crescente utilização e criação de novas técnicas analíticas, expandiu as possibilidades da investigação epidemiológica.
A introdução das técnicas de análise multivariadas na epidemiologia, permitiu o tratamento mais adequado das variáveis de confundimento intrínseco aos desenhos observacionais, que conferem especificidade à epidemiologia enquanto ciência.
Epidemiologia no Mundo
Na década de 70, ocorreu o grande desenvolvimento de técnicas de
coleta e análise de dados epidemiológicos e também a sistematização do conhecimento epidemiológico, exemplificado pela obra de John Cassel, que buscava integrar modelos biológicos e sociológicos em uma teoria sobre a doença, unificada pela epidemiologia.
Nas décadas de 70 e 80, Almeida Filho descreve três tendências principais da epidemiologia:
- O aprofundamento das bases matemáticas da disciplina.- A consolidação da proposta de uma epidemiologia clínica.- A reação à biologização da saúde pública, onde se reafirma a historicidade dos processos saúde-enfermidade-cuidado, assim como a vertente econômica e política de seus determinantes.
Epidemiologia no Mundo
Atualmente, a epidemiologia apresenta tendências
aparentemente dissonantes como a Epidemiologia Molecular e a Etnoepidemiologia.
Novas abordagens metodológicas para os estudos ecológicos resultam em uma reavaliação de suas bases epistemiológicas, abrindo novas possibilidades para o estudo de processos em grupos populacionais.
Além disso, a disciplina vem ampliando seu objeto de conhecimento abrindo novos horizontes de pesquisa, como por exemplo a Farmacoepidemiologia, a Epidemiologia Genética e a Epidemiologia de Serviços de Saúde.
Epidemiologia no Mundo
No Brasil, uma protoepidemiologia originou-se da Medicina
Tropical e dos naturalistas, que, de forma sistemática, descreveram a ocorrência de diversas doenças infecciosas, seus vetores e agentes. Ressalta-se, aí, o papel da Escola Tropicalista Baiana.
1903: O Presidente Rodrigues Alves nomeou o médico Oswaldo Cruz, recém egresso do Instituto Pasteur, para a Diretoria Geral de Saúde Pública, com a tarefa de sanear o Rio de Janeiro e combater as principais epidemias que assolavam a cidade (febre amarela, peste bubônica e varíola).
A campanha contra a febre amarela foi estruturada em moldes militares. Foram impostas medidas rigorosas: implicação de multas, intimidação aos proprietários de imóveis insalubres para reformá-lo ou demoli-los entre outras medidas.
Em seguida, Oswaldo cruz iniciou sua batalha contra a peste bulbônica, através da notificação compulsória dos casos, do combate aos ratos da cidade, etc.
Epidemiologia no Brasil
1904: o Rio de Janeiro sofreu uma grave epidemia de Varíola.
O governo impôs a obrigatoriedade da vacina contra a doença, prevendo sanções para quem descumprisse a Lei, o que gerou grande insatisfação popular, conhecida como a Revolta das Vacinas, que durou uma semana e deixou um saldo de 30 mortos, 110 feridos e 945 presos, dos quais 461 foram deportados para o Acre.
1905: Carlos Chagas conseguiu controlar um surto de malária em SP e sua experiência acabou tornando-se referência para o combate da doença no mundo inteiro.
1909: descobriu o protozoário Trypanossoma Cruzi, causador da Doença de Chagas.
Epidemiologia no Brasil
1918: no plano de organização do ensino, criou-
se, a partir de um convênio firmado entre o governo do estado de SP e a fundação Rockfeller, a cadeira de Higiene da faculdade de Medicina de SP.
1924: o governo do estado de SP oficializa o laboratório de Higiene, transformando-o no Instituto de Higiene de SP.
1934: o Instituto de Higiene foi transformado em Escola de Higiene e Saúde Pública.
Epidemiologia no Brasil
1942: fruto de um acordo com governo
americano, foi criado o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP), que priorizava inicialmente ações de controle da malária e outras endemias na região amazônica
1945: a escola foi definitivamente incorporada à Universidade de SP, sob a denominação de Faculdade de Higiene e Saúde Pública, pioneira no Brasil e passou a oferecer, para graduados de todas as regiões do país, o curso de especialização para médicos sanitaristas.
Epidemiologia no Brasil
1950: foram criados Departamentos de
Medicina Preventiva ou Medicina Social, em faculdades de medicina e o ensino de epidemiologia foi inserido no currículo médico e expandiu-se com a criação dos programas de residência médica em medicina preventiva e social.
1970: Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica no Brasil, consolidado pelas campanhas de erradicação da varíola e da poliomielite, aliadas à grave epidemia de doenças meningocócicas.
Epidemiologia no Brasil
1979: Criação da Associação brasileira de Pós-
Graduação em Saúde coletiva (ABRASCO), que, embora focado na pós-graduação, sempre pautou sua atuação nas questões de ordem acadêmica e dos serviços de saúde.
1989: logo após a promulgação da Constituição brasileira, realizou-se em Itaparica (BA) o Seminário denominado “Estratégias para o desenvolvimento da epidemiologia no Brasil”.
Epidemiologia no Brasil
1990: constituiu um marco para e epidemiologia
brasileira, em função dos seguintes acontecimentos:
- I Congresso brasileiro de epidemiologia em Campinas, sob o tema “Epidemiologia e desigualdade social: os desafios do final do século”.- Criação do Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), órgão vinculado ao Ministério da Saúde, responsável pelo desenvolvimento de ações voltadas para a promoção e disseminação do uso da epidemiologia em todos os níveis do SUS.
Epidemiologia no Brasil
1995: Salvador realizou o III Congresso brasileiro
de Epidemiologia e o primeiro evento de caráter internacional, com o tema “Epidemiologia na busca da equidade em saúde”.
1998: foi lançada a Revista Brasileira de Epidemiologia, um marco na divulgação científica na área e que hoje se encontra indexada nas bases do LILACS e SCIELO.
Epidemiologia no Brasil
A pesquisa no campo da saúde pública vem se
expandindo muito em nosso país e que se reflete num grande crescimento da pesquisa epidemiológica, cuja orientação principal tem como foco os problemas de saúde de grande impacto social e suas relações com determinantes políticos, sociais, econômicos e culturais.
A epidemiologia deve estar incorporada às políticas, programas e serviços públicos de saúde no Brasil. Neste sentido, a utilização cada vez maior pelo SUS de informações epidemiológicas, nos diversos níveis do sistema, para o conhecimento das necessidades de saúde da população, constitui-se em uma ferramenta fundamental para o aprimoramento do SUS.
Epidemiologia no Brasil
A importância da epidemiologia
Descrever a distribuição e a magnitude dos problemas de saúde nas populações humanas.
Identificar fatores etiológicos das enfermidades.
Proporcionar dados essenciais para o planejamento, execução e avaliação das ações de prevenção, controle e tratamento das doenças, bem como para estabelecer prioridades.
Conhecer a distribuição da características de um grupo ou de uma população (sexo, idade, estatura, peso, cor, renda etc.)
A importância da epidemiologia
Conhecer a morbidade e/ou mortalidade de uma certa doença em uma população, e compará-las entre populações.
Conhecer a evolução de doenças durante um período de tempo numa população.
Descobrir os principais problemas de saúde de uma população.
Avaliar a melhora que uma intervenção (ex.: vacinas, pré-natal, educação em saúde) causa em uma população.
Verificar a melhora que uma medicação pode trazer para uma doença ou agravo, e quais seus efeitos colaterais.
Avaliar o quanto um exame realmente diagnostica uma doença existente ou deixa de diagnosticar.
A importância da epidemiologia
Avaliar que comportamentos ou fatores podem influenciar na piora ou melhora da saúde de uma população.
Avaliar o funcionamento e a satisfação gerada por um serviço implementado.
Conhecer opiniões e o entendimento que uma população tem a respeito de uma doença, tratamento, intervenção, serviço etc.
É essencial no processo de identificação e mapeamento de doenças emergentes.
Premissas da epidemiologia
Os agravos à saúde de uma população não ocorrem ao acaso.
A distribuição desigual dos agravos à saúde é fruto da ação de fatores que se distribuem desigualmente na população.
O conhecimento dos fatores determinantes das doenças permite a aplicação de medidas preventivas e curativas.
Objetivos da
epidemiologia
Obter promoção de saúde
Interpretar informações em saúde &
Utilizar redução de doenças e
agravos
Métodos epidemiológicos
Epidemiologia Descritiva: Estuda a frequência e distribuição dos parâmetros de saúde ou de fatores de risco das doenças nas populações.
-Variáveis importantes: (De quem?) idade, sexo, escolaridade, ocupação, renda, grupo cultural ou religioso, tamanho da família, estado nutricional, etc.- (onde?) cidade, vila, zona rural, altitude, proximidade de rios, florestas, animais silvestres ou fontes emissoras de substância tóxica, distancia até os serviços de saúde.- (quando?) dia , semana, mês, ano, outros.
Métodos
epidemiológicos Epidemiologia Analítica: Tenta analisar as causas ou
determinantes das doenças, através do teste de hipóteses.
Epidemiologia Experimental: Ensaios Clínicos e comunitários são utilizados para responder dúvidas quanto a eficácia de novos métodos que visam o controle de doenças ou de seus determinantes.
Epidemiologia de Avaliação: Mede a efetividade dos diferentes serviços e programas de saúde em andamento.
Epidemiologia e Saúde Bucal
O ensino da epidemiologia exerce relevante função na formação geral de todos os profissionais de saúde e em sua capacitação para a sua atuação em saúde coletiva.
www.biomedicinapadrao.com
Epidemiologia e Saúde Bucal
O conhecimento em ciências da saúde deriva de observações ou de experimentos que são realizados em contextos laboratoriais, clínicos, e populacionais.
expressaounica.blogspot.com www.ecaderno.com
expressaounica.blogspot.com
Epidemiologia e Saúde Bucal
Risco de doenças bucais e uso do tabaco não teriam sido identificados se os profissionais de saúde não tivessem correlacionado observações populacionais e clínicas.
Recursos preventivos, terapêuticos e de reabilitação, como o exemplo do flúor na prevenção da cárie dentária, foi comprovado por estudos epidemiológicos, clínicos e laboratoriais.
expressaounica.blogspot.com www.ecaderno.com
Epidemiologia e Saúde Bucal
Epidemiologia + clínica + ciências básicas
Tripé de sustentação de todas as intervenções de saúde e interagem mutuamente por meio de múltiplas
conexões.
Epidemiologia e Saúde Bucal
O ensino da epidemiologia na formação dos profissionais de saúde bucal é muito importante. O número de cirurgiões-dentistas atuando no serviço de saúde público tem se expandido de modo expressivo a partir da implantação do Sistema Único de Saúde.
1980 – Implantação do CD no Sistema Único de Saúde.
Epidemiologia e Saúde Bucal
A incorporação da equipe de saúde bucal na Estratégia de Saúde da Família e o estabelecimento dos Centros de Especialidades Odontológicas (CEO) representam novos impulsos para a contratação de cirurgiões-dentistas (CD) na rede pública de saúde.
Epidemiologia e Saúde Bucal
Dos CD contratados pelo serviço público, espera-se que sua atuação não se limite ao atendimento clínico, mas inclua a atuação na comunidade, realizando:
- levantamentos epidemiológicos; - ações preventivas e de educação em saúde; e - programando serviços dirigidos a grupos com necessidades diferenciadas.
Epidemiologia e Saúde Bucal
A epidemiologia atual abrange não apenas condições de agravo à saúde, mas também dimensões positivas como o acesso a serviços e a qualidade de vida relacionada à saúde.
A epidemiologia também permite avaliar os resultados dos recursos odontológicos de prevenção, tratamento e reabilitação.
Epidemiologia e Saúde Bucal
Com relação as doenças bucais, a cárie dentária é possivelmente a doença mais prevalente em todo o mundo; a doença periodontal, alterações de oclusão dentária e outros agravos de saúde bucal também são problemas de saúde pública e afetam extensamente a população.
O planejamento em saúde bucal demanda conhecer o impacto das doenças bucais na população e os determinantes que influenciam na sua distribuição.
“O conhecimento produzido pela Epidemiologia visa o controle dos
problemas de saúde na população: fazer parte desses esforços é um desafio que engrandece a atuação dos profissionais
de saúde e, de certo, continuará movendo as futuras gerações.”
Antônio Carlos Pereira
Referências
MEDRONHO, Roberto de Andrade et al. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2009.
PEREIRA, Antônio Carlos et al. Tratado de saúde coletiva. Nova Odessa: Napoleão, 2009.
ALMEIDA FILHO , N. ROUQUAYROL, M.Z. Introdução à epidemiologia. 4 ed. Guanabara Koogan, 2006.
ANTUNES, José Leopoldo Ferreira; PERES, Marco Aurélio. Epidemiologia da Saúde Bucal. Rio de Janeiro. Ed. Guanabara Koogan, 2006.
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