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Microcefalia e/ou alterações do Sistema Nervoso Central e a
relação com vírus Zika
Wanderson K. OliveiraEpidemiologistaj.mp/blog-epilibertas
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ALTERAÇÕES CONGÊNITAS São alterações morfológicas e/ou funcionais detectáveis na gestação e ao
nascer e que exibem manifestações clínicas muito diversificadas, de dismorfias leves até defeitos complexos de órgãos que podem apresentar-se isolados ou associados.
Algumas anomalias importantes podem ser diagnosticadas antes do nascimento, podendo ser leves ou graves e muitas podem ser tratadas ou reparadas. Apesar disso, a maioria trata-se depois do parto ou mais adiante.
Malformações congênitas constituem a principal causa de mortalidade infantil.
Aproximadamente 3-4 % dos recém-nascidos têm algum defeito congênito.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ANOMALIAS CONGÊNITAS OU DEFEITOS CONGÊNITOS
Aproximadamente 50% de todas as anomalias congênitas não podem ser relacionadas a causas específicas, há apenas algumas causas e fatores de risco conhecidos;
Alguns casos somente são descobertos quando a criança cresce. Aproximadamente 7,5% das crianças com <5 anos diagnostica-se um defeito deste tipo, embora muitos deles sejam insignificantes;
As anomalias congênitas mais comuns são graves defeitos cardíacos, defeitos do tubo neural e síndrome de Down;
Apesar de anomalias congênitas pode ser genética, infecciosa, nutricional e ambiental na origem, na maioria das vezes é difícil identificar as causas exatas;
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ANOMALIAS CONGÊNITAS OU DEFEITOS CONGÊNITOS
Algumas anomalias não necessitam de nenhum tratamento. Outras não podem ser tratadas e, em consequência, a criança poderá apresentar algum tipo de incapacidade permanente.
Até a década de 1940, acreditava-se que os embriões humanos estavam protegidos de agentes ambientais, tais como drogas e vírus, pelas membranas extraembrionárias/fetais (âmnio e córion) e pelas paredes abdominal e do útero da mãe.
A identificação da síndrome da rubéola congênita, em 1941, derrubou a ideia de que a placenta seria uma barreira eficaz de proteção contra organismos exógenos.
Na década de 1960 a tragédia da talidomida, provocada pelo uso de fármacos durante a gravidez, trouxe maior atenção.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
FISIOPATOGENIA DAS ANOMALIAS CONGÊNITAS
Malformação: Defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou região maior do corpo resultante de um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal. Exemplos: alterações cromossômicas e gênicas como fator intrínseco.
Deformidade: Uma estrutura deformada intrauterina, que originariamente (geneticamente) estava definida para se desenvolver normalmente e cujo processo de desenvolvimento foi alterado por agentes mecânicos. Exemplo: Pé torto por miopatia.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
FISIOPATOGENIA DAS ANOMALIAS CONGÊNITAS
Disrupção ou ruptura: é um defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão, ou uma região maior do corpo resultante do desarranjo do processo de desenvolvimento originalmente normal que fica comprometido por interferência de um: Fator extrínseco: infecções congênitas (sífilis, toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus e herpes
símplex), isquemia intrauterina, radiações ionizantes, outras agressões teratogênicas (drogas como talidomida, aspirina, tetraciclina, calmantes, amino glicosídeos, quinolonas, hidantoína, warfarina), alcoolismo materno, drogadição (cocaína). Exemplo: microcefalia.
Displasia: anormalidade da organização das células ao formarem tecidos e seus resultados morfológicos. Exemplo: displasias esqueléticas – acondroplasia.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ANOMALIAS CONGÊNITAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
As malformações congênitas das estruturas que recobrem o sistema nervoso central (meninges, arcos vertebrais, músculos e pele) são chamadas de defeitos de fechamento do tubo neural (DFTN)
Defeitos do tubo neural afetam o cérebro e a medula espinhal, e estão entre as anomalias congênitas mais comuns (em geral 10/10.000 nascidos vivos no mundo)
Os tipos mais prevalentes de defeitos no tubo neural são anencefalia, inencefalia, espinha bífida e encefalocele
Source: adapted, with permsiion from the publisher, from Botto et al. N. Engl. J. Med. 1999;341:1509–19.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ANOMALIAS CONGÊNITAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL
Source: adapted, with permsiion from the publisher, from Botto et al. N. Engl. J. Med. 1999;341:1509–19.
Inencefalia
Cranioraquisquise
Espinha Bífida Aberta
Anencefalia
Encefalocele
Espinha Bífida
Fechada
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
ANENCEFALIA
Fonte: OMS – World Atlas of Birth Defects - 2003
A anencefalia é definida como a ausência
completa (holo) ou parcial (mero) do cérebro,
causada por uma falha no fechamento do tubo
neural cefálico, resultando na protrusão de
tecido cerebral através do defeito na calvária
(exencefalia) e na sua degeneração
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
CAUSAS E RISCOS
Apesar de se desconhecer a causa das anomalias congênitas, sabe-se que certos fatores aumentam o risco de desenvolvê-las, como: as deficiências nutricionais, a radiação, certos fármacos e outras drogas, como o consumo de álcool e tabaco, certos tipos de infecções e outras doenças da mãe, traumatismos e outros transtornos hereditários.
Alguns riscos podem ser evitados, enquanto outros não. Assim, uma gestante pode seguir estritamente todos os conselhos (dieta apropriada, descansar o suficiente e evitar tomar medicamentos) e mesmo assim ter um neonato com defeito congênito. Por outro lado, outra mulher pode fazer muitas coisas prejudiciais para o feto e, no entanto, ter um filho sem nenhum defeito congênito.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
TERATOGÊNESE Qualquer fator ou substância que possa induzir ou incrementar o risco de defeitos
congênitos, interferindo no desenvolvimento do embrião, recebe o nome de teratógeno.
Esses elementos têm diferentes origens, como as substâncias químicas, tais como a aspirina e a talidomida; agentes biológicos (infecciosos), tais como bactérias, vírus, fungos, parasitos; e agentes físicos, tal como a radiação.
A ação de um agente teratogênico sobre o embrião ou feto em desenvolvimento depende de diversos fatores, como: estágio de desenvolvimento do concepto, relação entre dose e efeito, genótipo materno-fetal e mecanismo patogênico específico de cada agente.
A fase fetal é menos atingida, porém estruturas como o cérebro, o cerebelo, o sistema endócrino e o urogenital continuam se diferenciando, e, por isso, são suscetíveis aos teratógenos
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
TERATOGÊNESE A fase embrionária é a
mais prejudicada, podendo afetar várias estruturas.
Após a fecundação, entre 15 e 25 dias, o teratógeno afeta o cérebro;
de 24 a 40 dias, os olhos; de 20 a 40 dias, o coração; de 24 a 36 dias, os
membros; de 45 dias em diante, a
genitália.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
TERATOGÊNESE Fatores nutricionais: Uma das substâncias necessárias para um desenvolvimento apropriado é o fosfato (ácido
fólico). Uma quantidade insuficiente do mesmo na dieta aumenta o risco de o bebê sofrer de espinha bífida ou outros defeitos do tubo neural.
Fatores físicos dentro do útero: Uma quantidade anormal de líquido amniótico pode indicar ou causar certos defeitos congênitos. A acumulação de líquido amniótico pode acontecer quando o feto tem dificuldades em engolir, um problema que pode ser causado por uma grave doença cerebral, como a anencefalia ou por uma atresia esofágica.
Fatores genéticos e cromossômicos: Alguns defeitos congênitos são herdados de um ou de ambos os pais. Outros são causados por mudanças espontâneas e inexplicáveis (mutações) nos genes. Outros ainda derivam de alguma anomalia cromossômica, como um cromossoma a mais ou a falta dele. Quanto maior a idade da gestante (principalmente se tem mais de 35 anos), maior é a probabilidade de que o feto tenha uma anomalia cromossômica.
Fatores infecciosos: Sífilis, Toxoplasmose, Rubéola, Citomegalovírus e Herpes Simplex.
Fatores físicos: radiação ionizante
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
SOBRE A MICROCEFALIA Cerca de 3% dos lactentes apresentam malformações estruturais significativas
detectáveis no nascimento e a maioria (65%) não tem etiologia conhecida.
A microcefalia é frequentemente está associada com atraso no desenvolvimento intelectual, motor e alterações neurológicas;
A definição de microcefalia após o nascimento não é padronizada. Geralmente considera-se o perímetro cefálico (PC) com mais de 2 desvios padrão (DP) abaixo da média para idade e sexo. Outros autores utilizam 3 DP como referência;
Para o PC menor que 2 DP abaixo da média, estima-se entre 0,56% a 0,54% das crianças e para 3 DP e somente 0,1% das crianças diagnosticadas com microcefalia;
A incidência de atraso no desenvolvimento, correlacionado com o PC menor que a média é de 11% para 2 DP e 51% para 3 DP;Fonte: Leibovitz, Z., et al. "Microcephaly at birth the accuracy of three references for fetal head circumference. How can we improve ‐
prediction?." Ultrasound in Obstetrics & Gynecology (2015) e Manual de Obstetrícia de Williams - 23ed: Complicações na Gestação
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
A microcefalia se define como a presença de um Perímetro Cefálico (PC) menor que dois desvios padrão abaixo da média para a idade, sexo, raça e tempo de gestação.
Um PC baixo (microcefalia) indica, de modo geral, um cérebro pequeno (microencefalia), seja de causa primária ou adquirida.
Cerca de 90% das microcefalias estão associadas com retardo mental, exceto nas de origem familiar que podem ter o desenvolvimento cognitivo normal. Ou seja, crianças que apresentam PC proporcional ao corpo, mesmo que pequeno, são normais. Portanto, Microcefalia não significa doença e sim um sinal clínico.
Os três modelos etiopatogênicos se associam com os diversos graus de atrofia cerebral identificados em tomografia e ressonância cerebral.
SOBRE A MICROCEFALIA
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
MICROCEFALIA
http://es.atlaseclamc.org/cabeza/10-microcefalia-Q02.-#.Vjw1gvmrQdU
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PERÍODO DA ORGANOGÊNESE DURANTE O PERÍODO EMBRIONÁRIO
Fonte: Manual de Obstetrícia de Williams - 23ed: Complicações na Gestação
Causas de malformações: o Substâncias químicas (ex.:
drogas, agrotóxicos, etc); o Biológicos (ex.: bactérias,
vírus, fungos, etc.); o Agentes físicos (ex.:
radiação, etc); Fatores relacionados: o Estágio de desenvolvimento
do concepto, o Relação entre dose e efeito, o Genótipo materno-fetal e o Mecanismo patogênico
específico de cada agente.O cérebro fica suscetível a complicações durante toda a gestação
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
IMAGENS AUTORIZADAS DE CRIANÇAS COM MICROCEFALIA.REGIÃO METROPOLITANA DE RECIFE, 01/08 A 31/10/2015.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
GRÁFICOS DE REFERÊNCIA PARA MEDIDA DO PERÍMETRO CEFÁLICO
Para crianças pré-termo (<37 semanas de gestação)
Exemplo: meninas
Para crianças a termo (37 a 42 semanas de gestação)
Exemplo: meninas
Fonte: Fenton, Tanis R and Kim, Jae H. A systematic review and meta-analysis to revise the Fenton growth chart for preterm infants. BMC Pediatr. 2013; 13: 59. Published online 2013 April 20. doi: 10.1186/1471-2431-13-59. http://www.biomedcentral.com/content/pdf/1471-2431-13-59.pdf
Fonte: OMS. Curvas de circuferência da cabeça por idade. http://www.who.int/childgrowth/standards/hc_for_age/en/
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
GRÁFICOS DE REFERÊNCIA DO PERÍMETRO CEFÁLICO NO BRASIL
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
MORFOGÊNESE DO CÉREBRO HUMANO ENTRE 4 E 7 SEMANAS DE GESTAÇÃO.
Wanderson Kleber de Oliveira – Epidemiologista
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Fonte: Ministério da Saúde e Secretarias Estaduais de SaúdeAtualização: 16 de janeiro de 2016
NorteRoraimaRondôniaParáAmazonasTocantins
NordesteMaranhãoPiauíCearáRio Grande do NorteParaíbaPernambucoAlagoasBahia
SudesteRio de JaneiroSão PauloEspírito SantoMinas Gerais
Centro-oesteMato GrossoMato Grosso do SulDistrito Federal
SulParaná
CASOS AUTÓCTONES DE ZIKA VÍRUS, BRASIL
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POSSÍVEL RELAÇÃO ENTRE MICROCEFALIA E ZIKA VÍRUS
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Aumento de síndrome exantemática antes da ocorrência de microcefalia no nordeste do Brasil
Mães de bebês com microcefalia informarem presença de exantema durante gravidez
Amostras positivas para Zika vírus em líquido amniótico, tecidos e amostras de sangue
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POSSÍVEL RELAÇÃO ENTRE MICROCEFALIA E ZIKA VÍRUS
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Recém-nascidos com microcefaliaAborto sugestivo de infecção congênitaNatimorto com microcefalia e/ou malformação sugestiva
de infecção congênitaFeto com microcefalia e/ou comprometimento do
sistema nervoso central sugestiva de infecção congênita
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