Panorama Contemporâneo das Políticas Públicas sobre Drogas

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Apresentação realizada durante a Reunião Clínica do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM-UNICAMP, em 26 de março de 2013, coordenada pelo Prof. Neury José Botega.

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Panorama Contemporâneo das Políticas Públicas sobre DrogasLuís Fernando Tófoli

Agenda Panorama atual das políticas de drogas

e seus dilemas

Regulamentação do uso de drogas

Brasil: política e leis atuais

Propostas recentes: Reforma do Código Penal e PL 7663/2010

Epílogo: Evidência e Política

Linhas gerais de abordagens nas políticas de drogas

Criminalização / Proibição

Regulamentação Despenalização / descriminação /

descriminalização

Legalização

(Donohue et al, 2011)

McMillen, 2012

http://www.stuartmcmillen.com/comics_pt/guerra-as-drogas/

2012(Domosławski, 2011)

Mac Niven, 2010 Andrade, 2011

2011 2012

http://eprecisomudar.com.br/ http://oesquema.com.br/penselivre/

Dilemas da despenalização Quais drogas? Como classificá-las?

Como diferenciar traficantes de usuários?

Ainda assim, segundo Donohue et al. (2011), os custos sociais do sistema atual para maconha e cocaína não são provavelmente os menores.

O Caso de Portugal

Greenwald, 2009 Coelho, 2010

Evidence and policy

Lifetime prevalence of cannabis amongst Portuguese school students, by year and survey

O Caso de Portugal

Hughes & Stevens, 2012

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1998 2002 2006 1995 1999 2003 2007 2003 2007 2003 2007 2003 2007 2003 2007 2003 2007 2003 2007 2001 2006 2001 2006

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I NMEECTADHBSC/ OMS ESPAD

7-9th grade 10-12th grade13 yrs 17 yrs14 yrs 15 yrs 16 yrs 18 yrs16 yrs6, 8 & 10th grades

Drug related deaths in Portugal between 2000 and 2008 using INML definition (positive post-mortem toxicological test for drugs) and INE definition (determination by physician according to ICD criteria)

O Caso de Portugal

Hughes & Stevens, 2012

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Drug-related deaths - INML Drug induced deaths - INE

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Incidence of HIV and AIDS among drug users, 2000-2008

20002008

O Caso de Portugal

Hughes & Stevens 2010

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2001 2007

Lifetime use Recent use Current use

O Caso de Portugal

Prevalence of lifetime, recent (last 12 month) and current (last month) use of any illicit drug in Portugal amongst individuals aged 15-64, 2001 and 2007

Hughes & Stevens, 2012

O Caso de Portugal

Yablon (2011), perspectiva econômica: cautela e ponderação entre vantagens e desvantagens entre os modelos de despenalização ou legalização

Hughes e Stevens (2010, 2012): nem “sucesso retumbante”, nem “fracasso desastroso”, mas com viés positivo

Percentage within each country reporting drug use, by year (sorted by 2004 use). (Vuolo, 2013)

Regressão logística hierárquica: em países onde não há nenhuma restrição quanto à posse de drogas para uso pessoal, a chance de uso de drogas no último mês é 79% inferior (p < 0,05)

Europa

Ampliando a visão

Stevens, 2010

Ampliando a visão

Stevens, 2010

A questão maconha x psicose A importância da

regulamentação

Controvérsias entre causa e efeito (Griffith-Lendering, 2013)

O efeito da despenalização (Hughes & Stevens, 2010; 2012)

http://vejacortaobarato.tumblr.com/

(Hughes & Stevens, 2012)

Prevalence of lifetime, recent (last 12 months) and current (last month) use of any illicit drug in Portugal, by age group in 2001and 2007

Maconha x psicose

Brasil: Política Nacional sobre Drogas (2006)

Não despenaliza a droga, mas estabelece penas ‘simbólicas’ a usuários

Não estabelece critérios objetivos para diferenciar traficantes de usuários

Referencial explícito: redução de danos

Panorama atual no BrasilDados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen):

Tráfico de drogas é motivo de 24% das prisões do país

Crescimento da população carcerária entre 2005 e 2011: como um todo: 1,7 vez (294 p/ 514 mil)

presos por tráfico: 3,9 vezes (32 p/ 125 mil)

http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1089429-trafico-de-drogas-e-motivo-de-24-das-prisoes-do-pais.shtml (2012)

(FSP, 2012)

Proposta para o novo Código Penal Sugerida por uma comissão de

especialistas

Despenalização do usuário para usar, guardar, portar ou plantar

Definição de quantidade de uso (5 dias) para diferenciar uso de tráfico

Criminalização do uso próximo de crianças ou escolas

O PL 7663/2010 e suas críticas

Classificação de drogas em baixo, leve ou médio poder de dependência

Não há consenso científico que justifique o seu uso em casos individuais

Penas maiores para substâncias com “alto poder de causar dependência”

Drugs ordered by their overall harm scores, showing the separate contributions to the overall scores of harms to users and harm to othersThe weights after normalisation (0–100) are shown in the key (cumulative in the sense of the sum of all the normalised weights for all the criteria to users, 46; and for all the criteria to others, 54). CW=cumulative weight. GHB=γ hydroxybutyric acid. LSD=lysergic acid diethylamide. (Nutt et al., 2010)

O PL 7663/2010 e suas críticasFoco na Internação compulsória

Não há evidência de melhores resultados

Há sérias questões éticas e econômicas envolvidas

Judicialização da saúde

Por que não investir na capilaridade do sistema?

O PL 7663/2010 e suas críticas

Desvio de dinheiro do SUS para entidades privadas religiosas

Há sérias denúncias de ofensas aos direitos humanos relacionados a comunidades terapêuticas

Risco para o estado laico

Ausência de controle

O PL 7663/2010 e suas críticas

Cadastro Nacional de Usuários de Drogas

Sério risco de abusos

Fortalecimento de estigma

O PL 7663/2010 e suas críticas

Notificação escolar de uso ou suspeita de uso de drogas

Quebra de relação de confiança

Risco de segregação econômica

Reação

Governo: Rejeitado pela Casa Civil

Rejeitado pela Área Técnica em Saúde Mental do Ministério da Saúde

Forte reação das entidades sanitárias e ligadas aos direitos humanos

http://bit.ly/ASSINEAPETICAO

Situação atual

PL em regime de urgência de votação

Audiência pública na Comissão de Combate ao Crime Organizado e Segurança Pública dia 2 de abril

Epílogo: Política de drogas e evidência científica

A interpretação política da evidência é polêmica e altamente influenciada por valores morais (Monaghan, 2011; Stevens 2010).

Políticos não acessam evidências diretamente (Ritter, 2009)

Brasil. (2010). Legislação e Políticas Públicas sobre Drogas no Brasil (106 p.). Brasília-DF: Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas.

Coelho, M. P. (2010). The “resounding success” of Portuguese drug policy: the power of an attractive fallacy. Lisboa: Associação para uma Portugal livre de drogas.

Domosławski, A. (2011). Política da droga em Portugal - Benefícios da descriminalização do consumo de drogas (54 p.). Warsaw: Open Society Foundations.

Donohue III, J. J., Ewing, B., & Peloquin, D. (2011). Rethinking America’s Illegal Drug Policy.

Greenwald, G. (2009). Drug decriminalization in Portugal: lessons for creating fair and successful drug policies. Washington, DC: CATO Institute.

Griffith-Lendering, M. F. H., Wigman, J. T. W., Prince van Leeuwen, A., Huijbregts, S. C. J., Huizink, A. C., Ormel, J., Verhulst, F. C., et al. (2013). Cannabis use and vulnerability for psychosis in early adolescence-a TRAILS study. Addiction (Abingdon, England), 108(4), 733–40.

Hughes, C. E., & Stevens, A. (2010). What Can We Learn From The Portuguese Decriminalization of Illicit Drugs? British Journal of Criminology, 50(6), 999–1022.

Hughes, C., & Stevens, A. (2012). A resounding success or a disastrous failure: Re-examining the interpretation of evidence on the Portuguese decriminalisation of illicit drugs. Drug and Alcohol Review,, 31(1), 101–113.

McMillen, S. (2012). Guerra às Drogas. Retrieved March 25, 2013, from http://www.stuartmcmillen. com/comics_pt/guerra-as-drogas/

Monaghan, M. (2011). Competition, conflict and controversy in the making of UK drug classification policy. Evidence versus Politics: Exploiting research in UK drug policy making? (pp. 43–60). Bristol: The Policy Press.

Nutt, D. J., King, L. A., & Phillips, L. D. (2010). Drug harms in the UK: a multicriteria decision analysis. Lancet, 376(9752), 1558–65.

Ritter, A. (2009). How do drug policy makers access research evidence? The International journal on drug policy, 20(1), 70–5.

Stevens, A. (2010). Drugs, Crime and Public Health: The Political Economy of Drug Policy (202 p.). Abingdon: Routledge.

Vuolo, M. (2013). National-level drug policy and young people’s illicit drug use: A multilevel analysis of the European Union. Drug and alcohol dependence. doi:10.1016/j.drugalcdep.2012.12.012

Yablon, D. R. (2011). The Effect of Drug Decriminalization in Portugal on Homicide and Drug Mortality Rates. University of California, Berkeley.

Zedillo, E., & Wheeler, H. (Eds.). (2012). Rethinking the “War on Drugs” Through the US-Mexico Prism (175 p.). New Haven: Yale Center for the Study of Globalization.

Sugestões de leitura

Grato pela Atenção

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