A Obsessão Que Queremos

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A obsessão que queremos - Apresentação do autor Luiz Gonzaga Pinheiro - Editora EME

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A raposa

Do Livro: Diário de um DoutrinadorAutor: Luiz Gonzaga Pinheiro

No longo capítulo das deformações perispirituais, tenho observado aberrações as mais grotescas. Gorilas, ursos, morcegos..., a “fauna” é numerosa e a crueldade dos hipnotizadores mais extensa ainda.

Estes, cegos dominando cegos, criam verdadeiras cidades no espaço, utilizam tecnologia avançada, constroem códigos de tortura em nome da justiça, como se fossem deuses que a tudo podem decidir.

Todavia, Deus não necessita de malfeitores para que a sua lei se imponha. Torturados em si mesmos, tudo fazem para esquecer seus dramas íntimos, tentando a fuga pela auto-hipnose, até que as grades da lei os tolhem, ocasião em que se sentem vulneráveis e frágeis como realmente são.

Uma dessa legiões detinha em seu poder uma mulher que precisava ser resgatada, e fomos convocados para a tarefa.

Tibiriçá de um lado, médium desdobrado de outro, não demorou para que a mulher aparecesse, hipnotizada e transformada em grande raposa. Não conseguiu dizer uma única palavra; fazia gesto tentando nos arranhar e farejava o ar como para sentir a presença de inimigos.

Comecei o delicado trabalho de resgatar sua identidade, despertando-a do processo hipnótico que sofrera e a deixara convencida de que era uma verdadeira raposa.

Concentrei todas as minhas energias no “choque anímico” que lhe ministrei e disse-lhe segurando seu rosto: “Mulher!Vou contar até tres.Quando eu bater em sua testa,você precisa acordar.”E assim o fiz.

Ela deu um grito de pavor, quis conversar, mas voltou à condição anterior. As impressões, bem trabalhadas em sua mente, pareciam estar profundamente alojadas, exigindo um esforço de guerra para o descondicionamento.

Voltei à carga. “Mulher! Olhe para mim! Esqueça tudo que você já ouviu na vida. Nesse instante só existe no mundo a minha voz.” Molhei a mão em uma jarra contendo água, que estava ao lado, e lancei algumas gotas sobre o seu rosto.

Então ela despertou desesperada, exigindo força redobrada para mantê-la sentada e escutar a minha voz, que aos poucos a fez adormecer.

Fora enquanto encarnada uma mulher bonita, que desfizera vários lares. Costumava conquistar homens casados, prometendo-lhes amor eterno e destroçava-lhes os lares deixando-os na miséria, arrependidos, apressando-lhes o estágio no corpo pelas garras do remorso e até do suicídio.

As mulheres de sua região apelidaram-na de “raposa”, e tudo faziam para manter seus maridos afastados daquela insaciável figura.

Ela gostou do apelido: era uma “raposa” mesmo. Sagaz, fascinadora, irresistível. Foi aos poucos interiorizando aquela figura, sentindo-se à própria, selecionando o próximo galo para atacar.

Mas veio a velhice. As vibrações de ódio das esposas abandonadas fizeram um efeito devastador. O desencarne fora doloroso e solitário. No além-túmulo, esperavam-na algumas entidades rancorosas que a encaminharam aos “vingadores”, onde demorou-se em largos suplícios, culminando na deformação perispiritual que apresentava.

O remorso era a sua marca identificativa. Chorou bastante relatando o seu drama e depois partiu para as estações de tratamento, onde deveria educar-se visando reencarnar junto àqueles a quem prejudicara, ocasião em que deveria amá-los com renúncia e sacrifício na condição de mãe.

- Não se esqueça de escrever a minha história. Quem sabe se um dia, atravessando o vale da sombra e da morte, eu não tenha chance de ler sobre a minha desgraça?

- Mas se o Senhor for o seu pastor nada lhe faltará.

E partiu para a colheita dos seus frutos.

Formatação: Castro Neto

Música: Edelweiss

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