View
2.415
Download
3
Category
Preview:
DESCRIPTION
principio e fundamento por padre alfredinho
Citation preview
Princípio e FundamentoPrincípio e Fundamento
A visão inaciana de Deus, do homem e do mundo
Necessidade de uma preparaçãoNecessidade de uma preparação
Os EE querem levar a uma verdadeira e profunda conversão, mas isso não se faz de repente. Inácio sabia por experiência própria que um fruto tal deveria ser
preparado longamente. A experiência da Primeira Semana dos EE supõe um encontro com Deus que a
precede e a acompanha. Portanto, uma PREPARAÇÃO
O uso que se fazia doO uso que se fazia do Princípio e Fundamento Princípio e Fundamento
No início, o uso que se fazia deste texto era muito simples. Tendo já peparado o candidato aos EE longamente, Inácio podia simplesmente declarar o fundamento ao início, como uma visão de conjunto
Quando a preparação do exercitante não tinha sido tão bem cuidada – pelo crescente número de exercitantes – o Fundamento devia ser mais que uma chamada: um tempo para familiarizar-se com o ideal que fundamenta as disposições requeridas.
O Fundamento, de uma simples “declaração” que era no início, viu ser dividido em pontos e transformado em texto de meditação
Necessidade de preparar bem o exercitante
A visão inaciana de Deus, do A visão inaciana de Deus, do homem e do universohomem e do universo
“Uma vez se lhe representou ao intelecto, junto a uma grande alegria espiritual, o modo com o qual Deus tinha criado o mundo. Parecia-lhe ver uma coisa branca, da qual saiam raios e com os quais Deus fazia luz” (Autobiografia 29).
Às margens do rio Cardoner, o peregrino experimentou as criaturas descendo do alto de Deus e o seu necessário retorno e reintegração no seu fim último que é Deus mesmo
Nadal: “lhe foi dado não somente um claro entendimento mas também uma compreensão interna de como Deus criou o mundo e ocmo o Verbo se fez carne”
À luz desta experiÊncia de Deus criador, princípio ou fonte sempre ativa e fim último da criação, duas verdades se impõem ao espírito de Inácio e comandarão a sua atitude muito positiva para com o mundo: uma com relação à subsistência de todas as coisas criadas em Deus; a outra explica a reordenação de todas as coisas e o dinamismo precioso que daí deriva
O homem tem o poder de se elevar das coisas visíveis às invisíveis e a Deus mesmo que por meio delas manifesta a sua potência eterna e a sua divindade
O ato criador imprime uma marca a toda a criação que proclama o nome de Deus “Criador e Senhor”. Este ato mesmo, que chama à existência, inculca à criação um movimento e uma reordenação
Inácio insistiu muito sobre esta ordenação de todas as coisas a Deus: “O Senhor nosso, na sua infinita bondade, o concede habitualmente às almas que põem nele a sua morada como o princípio, o meio e o fim de todo Bem. O seu nome altíssimo seja sempre louvado e exaltado em todas e por todas as criaturas, ordenadas e criadas para este fim tão justo” (Carta a Francisco de Borja).
“A referência a Deus percorre todos os EE, porque estes tratam de dispor o homem para encontrar a vontade de Deus... Deus é a norma suprema que orienta a vida, e a felicidade suprema do homem se encontra somente Nele Nos EE, Deus aparece desde o início como Deus vivente, infinita Bondade, nosso Criador e Senhor, única norma absoluta da vida do homem, e tudo deve ser ordenado a Ele, à sua glória e ao seu serviço na realização do seu desígnio de amor
Interpretação global do texto
Duas partes ligadas: Na primeira parte o acento cai não sobre o fato da criação
nem sobre o homem, mas sobre o fim ao qual ele é destinado;
Na segunda parte o movimento de todo o conjunto, por via de dedução, se move do fim às consequências práticas: sobre estas vai cair o acento complexivo do texto
O vigor do texto se concentra sobre a parte final: a norma do “tanto-quanto”, a necessidade da “indiferença” e o impulso para o “magis”
Articulação e estrutura do Fundamento
Primeira parte: “O homem é criado: Para louvar, reverenciar e servir a Deus N.S. e para salvar, deste modo, a
própria alma; e as outras coisas sobre a face da terra são criadas para o homem, para
ajudá-lo a alcançar o fim para o qual foi criado
Segunda parte: “Daí segue que o homem deve: Servir-se das coisas tanto quanto o ajudem a conseguir alcançar o fim para
o qual foi criado e tanto deve desembaraçar-se delas quanto elas o impeçam disso.
Por essa razão É necessário tornar-nos indiferentes a todas as coisas criadas (em tudo o que é permitido ao nosso livre-arbítrio e não lhe é proibido), De modo a não desejar da nossa parte ◦ Mais saúde que doença,◦ Mais a riqueza que a pobreza,◦ Mais a honra que a desonra, ◦ Mais a vida longa que a breve, ◦ e assim em todo o resto,
Desejando e escolhendo somente o que MAIS nos conduz ao fim para o qual fomos criados”
O Título: Princípio e fundamento
“Chama-se princípio porque ali estão incluídas as conclusões que depois se irão especificando e declarando. E se chama Fundamento porque sustenta sobre si todo o edifício da vida espiritual” (La Palma)
Primeira PartePrimeira Parte
“O homem O homem é criadoé criado: Para Para louvarlouvar, reverenciar reverenciar e servirservir a Deus
N.S. e para para salvar, deste modo, a própria
alma; e as outras coisas criadas sobre a face da
terra são criadas para o homem, Para Para ajudá-lo a alcançar o fim para para o
qual foi criado
“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus N.S.”
Acento do texto: aspecto finalistico: “Criado PARA” O homem se define pela sua FINALIDADE: Toda a existência
humana se joga neste campo de Deus-Criador. “O homem e Deus, eis os polos extremos do movimento que é
definido por duas relações recíprocas: criação e finalidade. Relações que formam um círculo, uma expressando a origem do homem a partir de Deus, a outra o movimento inverso de retorno a Deus... Todo o ser de Deus enfim se apresenta a nós primeiro como Princípio e fim de todas as coisas asim como também do seu devirdivenire, a fine di essere riconosciuto e voluto come tale dall’uomo” (Fessard)
LouvarLouvar
Israel agradece os benefícios do Senhor, louvando-o
Expressa a idéia de um reconhecimento não somente exaltante daquele que é louvado, mas também exultante para aquele que louva
O louvor manifesta um amor apaixonado, de admiração, entusiasmo, provocado pelo amor total de Deus amigo
ReverenciarReverenciar
A reverência, que na sua origem latina recobre os significados de temor, respeito, nos conduz ao “temor de Deus” da Bíblia, indica portanto um amor respeitoso, que teme não o outro, mas teme de trair e de se esquecer do amor
ServirServir
A fim de que o amor seja perfeito, além de ser sensato e humilde, precisa ser estável. A isso conduz o serviço: servir é o mesmo que amar sempre
Servir é aceitar a tarefa que Deus confiou ao homem, é colaborar para o cumprimento da sua obra gloriosa. Colaboração que quer ser um serviço humilde e uma homenagem sem trégua rendida à Majestade
““Deus Nosso Senhor”Deus Nosso Senhor”
Jesus Cristo é o “Criador e Senhor”, o “Criador e redentor” (EE 229) No Exame Geral encontramos três trechos onde a expressão é
claramente aplicada a Jesus. Uma é: “Quando fosse sem ofensa alguma de sua divina Majestade, e sem pecado do próximo, deveriam desejar sofrer injúrias, falsos testemunhos, afrontas, e ser tidos e julgados por doidos, porque desejam parecer-se de algum modo com nosso Criador e Senhor Jesus Cristo, e imitá-lo vestindo-se de seu traje e usando as suas insígnias, como Ele as usou para nosso maior proveito espiritual” (Const. 101)
Vita Christi de Ludolfo de Saxônia: na introdução este livro traz uma longa meditação sobre o Prólogo do Evangelho de S. João. Nesta meditação Cristo é chamado de “salutis fundamentum”, único fundamento da salvação.
Segunda parteSegunda parte
“Daí segue que o homem deve:
Servir-se delas tanto tanto quantoquanto o ajudem
a conseguir o fim para o qual foi criado
e tantotanto deve libertar-se delas quantoquanto o impeçam disso
Depois de ter definido os polos do ato livre – o homem e Deus – Inácio precisa que o movimento que deve unir os dois passa necessariamente pelo mundo
Por meio do homem, “todas as coisas criadas” se convertem em louvor, reverência e serviço.
Fazer-se indiferente não é portanto negar nada, mas sim “abrir-se a todas as coisas criadas”
A lei do “tanto-quanto” comanda o movimento do ato livre em meio ao mundo rumo ao seu Fim. O uso das criaturas dever ser um uso ordenado
Por esta razão: Por esta razão: É necessário tornar-nos indiferentes indiferentes com
relação a todas as coisas criadas (em tudo o que é permitido à liberdade do
nosso livre-arbítrio e não lhe é proibido), De modo a não desejar da nossa parte Mais saúde saúde que enfermidadeenfermidade, Mais a riqueza riqueza que pobrezapobreza, Mais honra honra que desonradesonra, Mais a vida longavida longa que a brevebreve, e assim em tudo o mais,
Inácio considera sempre ao mesmo tempo a grandeza do homem – que expressa a sua responsabilidade no seio da criação – e a sua profunda miséria e fragilidade. Assim que o homem é considerado sempre em dificuldade e como alguém que é necessitado de Deus. Deverá continuamente ordenar-se, com a ajuda de Deus, para poder responder aos homens e a Deus
Falar dos fins e dos meios é recordar o sentido do universo e da existência criada. Mas relevar a dificuldade é chamar a atenção sobre a divisão interior do homem entre a sua miséria e a sua grandeza. Esta consideração leva a cabo a passagem da situação ideal do homem à atual e concreta
Indiferença inacianaIndiferença inaciana
O que não é: ◦ Não significa uma insensibilidade
ou frieza afetiva◦ Não se identifica com a ataraxia
estóica ou com o ideal do herói grego ◦ Não é nem mesmo somente um
renunciar a si mesmo
O que é a indiferençaO que é a indiferença: :
A suspensão provisória do querer Sentimento extremamente vivo e acurado
do caráter provisório, passageiro e polivalente de todas as coisas que não são Deus
Uma preferência, para além dos apegos naturais e íntimos, dada à ordem divina da criação que abraça todas as coisas em um movimento de amor e serviço
Desejo de querer somente o que o Senhor quer.
Liberdade de espírito Encontrar-me como a agulha
de uma balança para seguir o que me pareça melhor para a glória de Deus N.S. e para a salvação da minha alma
Expressa portanto uma espera paciente e repeitosa da vontade de Deus
Uma graça que se deve desejar e pedir com insistência
Disponibilidade em cumprir a vontade de Deus
““Devemos Devemos tornar-nos indiferentes…”…”
A indiferença é um caminho: não é algo que existe ou não existe totalmente. Pode já existir numa certa medida, seja quanto à intensidade, seja quanto à área das coisas diante das quais se exerce. No início, em todo caso, é sempre imperfeita.
O caminho a ser percorrido para promover a indiferença é duplo: a via ascética (empenho sério da nossa vontade) e a via do amor, sobretudo do amor pessoal a Jesus Cristo
“Nós não acabaremos nunca de nos tornarmos indiferentes, mas a repetição do ato inicial gerará pouco a pouco um habitus caracterizado por um estado de disponibilidade” (Fessard)
A finalidade do PF não é alcançar com uma única meditação a indiferença: quem acreditasse ser capaz disso poderia interromper já os EE, porque não teria necessidade deles. Trata-se muito mais de:
Fazer compreender e sentir a necessidade da indiferença
Fazer tomar consciência, sem desencorajar-se, das próprias faltas nesta matéria e da dificuldade de sermos indiferentes
Suscitar o vivo desejo de tornar-se indiferente
Fazer desejar vivamente os EE, sabendo que o itinerário destes visa precisamente alcançar este estado espiritual
“De modo a não desejar da nossa parte mais saúde que enfermidade, mais riqueza que pobreza, mais honra que desonra, mais vida longa que breve, e assim em todo o restante...”
““Desejando e escolhendo somente o que Desejando e escolhendo somente o que mais nos nos conduz ao fim para o qual fomos criados” conduz ao fim para o qual fomos criados”
Esta última frase expressa o objetivo primordial dos EE: estes se propõem a criar no exercitante uma atitude permanente de decisão pelo amor, por um amor apaixonado que leva a desejar entregar-se mais e melhor
Ao final do texto, o pensamento inaciano toma uma direção inesperada e magnífica: a indiferença com relação a toda a criação chega imediatamente a significar, de fato, que se deve proceder “somente desejando e escolhendo o que mais nos conduz a este fim. É o famoso “magis” inaciano.
Portanto se passa de repente da indiferença a uma PREFERÊNCIA, da uma disponibilidade na espera a uma ESCOLHA
Papel do PF no itinerário dos EEPapel do PF no itinerário dos EE
A sua função principal é de introduzir aos EE, introduzir aos EE, concentrando desde o início a atenção e o empenho do exercitante sobre a necessidade de certas disposições, que devem ser adquiridas ou ao menos desejadas vivamente antes de iniciar o processo.
A função do PF é também ser uma sondagem sondagem preparatóriapreparatória, como um apelo – ao qual o exercitante não poderá se negar – a examinar a si mesmo sob o fio do desejo.
Sendo uma síntese antecipada de todos os EE, síntese antecipada de todos os EE, o PF não pretende ser assimilado imediatamente em toda a sua integridade mas sim ao longo de todo o retiro
PerguntasPerguntas Qual é a visão inaciana de Deus e do
homem segundo o PF? Como Deus e o homem são colocados
em relação um com o outro por Inácio Como se poderia hoje falar de
“indiferença inaciana”? Que palavras poderíamos usar?
Recommended