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Palestra dada no Lisbon Yoga Festival com uma reflexão sobre as seitas que existem no mundo do Yoga, razões que nos levam a entrar nesse tipo de escolas, as suas características e algumas consequências de se estar neste tipo de organização.
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Laura Sanches Psicóloga e professora de Yoga
www.espaco-vida.com
Seita – doutrina ou sistema que se afasta da crença geral; grupo de pessoas que professam uma religião diversa da geralmente seguida. Conotação negativa geralmente atribuída a grupos marginais da sociedade.
No mundo do Yoga – escola que vive fechada sobre si mesma e é liderada por uma figura de autoridade inquestionável para os membros
do grupo.
Algumas razões para entrar numa seita
Necessidade de pertença a um grupo
Efeitos do Yoga e da Meditação
Efeitos da prática e relação com o professor que a conduz
Spiritual Bypassing – evitamento espiritual ou materialismo espiritual
Necessidade de pertença a um grupoJonhathan Haidt – o homem é parte macaco, parte
abelha. O ser humano evoluiu como membro de um grupo. Os rituais de grupo são uma forma poderosa de ligar o interruptor da colmeia.
Evoluímos para viver em grupos.
A felicidade vem do meio termo. Vem de sermos capazes de estabelecer as relações certas entre nós e os outros, nós e o trabalho e nós e algo maior do que nós.
Necessidade de pertença a um grupo Lynne Mctaggart (2011) – Aqueles que se
sentem sozinhos e socialmente isolados têm 2 ou 3 vezes mais probabilidades de morrer de ataque cardíaco.
Um grupo de investigadores reviu 148 estudos que analisaram a relação entre a interação humana com a saúde e concluíram que as relações de qualquer tipo, más ou boas, melhoram as probabilidades de sobrevivência em 50%.
Efeitos do Yoga e da MeditaçãoConhecimento de novas partes de nós
mesmos que podem ser boas ou más.
Sensações agradáveis associadas à prática.
Efeitos positivos da prática no dia-a-dia.
Aprender a olhar para dentro que pode trazer consigo uma sensação de vulnerabilidade.
Efeitos da prática e relação com o professor que a conduz Efeitos da prática que podemos associar à
pessoa que a dirige.Professor como modelo do comportamento
ou do percurso que queremos seguir. Confiança no professor – para podermos ficar
vulneráveis e abrir-nos sem receio à exploração do nosso mundo interno.
Professor como fonte de inspiração para as mudanças que queremos fazer.
Professor deve saber estabelecer barreiras.
Mariana Caplan (1999) Co-dependência espiritual – as pessoas ficam
viciadas nos sentimentos ou experiências que têm perto de um professor em particular. Nestes casos, cada pessoa dessa relação, se porta de forma a evitar o confronto com os sentimentos profundos de dor que podem existir nelas próprias ou na relação.
Mecanismos de projecção – a pessoa projecta no professor as suas próprias experiências ou ambições.
Spiritual Bypassing – evitamento espiritual
Robert Augustus (2010)– usar a prática espiritual como uma fuga ou um refúgio daquelas partes com que não se quer lidar. Usar a prática de yoga ou de meditação como uma estratégia de evitamento.
Por parte do professor – sentir-se um guia ajuda-o a preencher as suas próprias lacunas. Pode ter consequências mais ou menos graves consoante as intenções do professor.
Materialismo espiritual (Mariana Caplan, 1999)Apego ao caminho espiritual como uma
possessão ou uma aquisição social. Sejam quais forem as nossas carências,
acabamos por transpô-las para o caminho. Um dos maiores perigos é o uso das
experiências ou práticas espirituais para evitar as exigências da vida real.
Achar-se diferente e especial por ter tido determinadas experiências.
Interpretação incorrecta das ideias espirituais, dos ideais, experiências ou encontros.
Mariana Caplan (1999)Inflação do Ego – o poder percebido pelo ego
incha até um grau que inunda a capacidade de percepção e clareza. Pode ser tão forte que consome tudo à sua volta, incluindo a consciência, discriminação e sanidade básica.
Alguém que prematuramente assume a sua iluminação não vai muito longe a menos que haja outros à sua volta que apoiem essa presunção. Alguém que assume o papel de vítima de um professor corrupto deve questionar o seu próprio envolvimento nessa circunstância.
Mariana Caplan (1999)
Se só se tem o status de professor espiritual, toda a energia que os alunos dão de volta pode inflacionar o ego sem limites.
Os alunos pensam que são importantes porque estão com um professor que é importante.
Devagar, sem o perceberem, para protegerem esses sentimentos especiais, as pessoas começam a não estar disponíveis para ver determinadas coisas. No instante em que isso acontece elas corrompem-se a si mesmas.
Os líderes psicopatas
Falta de empatia Falta de preocupação com os sentimentos dos
outros Grande ambição pessoalGrande motivação para atingir objectivos
associados a posições de poder ou dinheiroCapacidade de mentir e manipular apenas para
satisfazer os seus interesses.Visão das pessoas como simples objectos que
podem ser usados para atingir os seus próprios objectivos ou para a sua satisfação pessoal
Características deste tipo de seitasExistência de uma figura de liderança inquestionável
Jonathan Haidt: tudo o que é sagrado deixa de ser
questionado.
Posições hierárquicas bem definidas com regras rígidas
associadas à hierarquia.
Secretismo – por parte dos líderes e entre os próprios
membros.
Críticas às restantes escolas – uso de palavras em que
essa crítica fica subentendida: único, mais completo,
primordial, etc.
Características deste tipo de seitas:Noção de ancestralidade – falta de
honestidade acerca das fontes de conhecimento.
Inimigo comum como forma de fortalecer o espírito de grupo.
Regras rígidas e bem definidas – em relação, não só aos vários aspectos da prática mas também às normas de conduta e comportamento dos alunos mesmo na sua vida privada.
Rituais de grupo que servem para criar uma espécie de group mind. Elogios e ralhetes desmesurados
Implicações de pertencer a uma destas seitas
Sentimento de pertença e integração (ilusório)Afastamento dos familiares e amigos fora da
seita Sentimento de dependência Pouco conhecimento sobre yogaMaior risco de lesões ou de prejuízos para a
saúde Falta de confiança em si mesmoDificuldade em abandonar a seita Dificuldade em voltar a praticar yoga
Aspectos a ter em conta na escolha de um local de prática Formação do professor - de preferência variada em
cursos ou livros ou figuras de referência.
Respeito pela pessoa e pelo corpo do aluno – É a prática que se deve adaptar ao aluno e não o aluno à prática.
Desconfie de escolas onde:Querem impor-lhe algo.Pedem quantias absurdas de dinheiro para férias
ou fins de semana que supostamente mudarão a sua vida.
Não é possível experimentar uma aula. Tudo é demasiado rígido – o Yoga é um caminho
de liberdade e descontração. Uma grande inflexibilidade só revela desconhecimento e insegurança.
Há um mestre omnipresente. Se assume uma postura de autoridade. Se diz que são as melhores e, pior ainda, as únicas
capazes e competentes.
Bibliografia Jonathan Haidt (2012) – The Righteous Mind: why good
people are divided by politics and religion
Lynne McTaggart (2012) – The Bond: Connecting through the space between us
Mariana Caplan (1999) – Halway Up the Mountain: The error of premature claims to Enlightenement
Robert Augustus Master (2010) – Spiritual Bypassing: when Spirituality Disconnect us from what really matters
Scott Edelstein (2011) – Sex and the Spiritual Teacher: Why it happens, When it’s a problem and what we all can do
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