No Silêncio do meu Quarto

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De Chico Buarque de Holanda Por Renato Cardoso

Agora é comigo

Quase despida, física e mentalmente, coloco-me a repensar nossa

última conversa, sobre como andavam as

coisas no nosso relacionamento.

Sei que o tempo cuidou de esfriar tudo e aos

poucos nossos contatos foram ficando mais raros,

nossos carinhos sem expressão e nossos olhares mais frios.

Incrível como as coisas podem tomar novos rumos assim, do nada e talvez por nada, não tenhamos tido paciência e até motivo para tentar recuperar as coisas

desta vez.

Relacionamentos? Alguns acontecem, andam,

caminham legal, mas é normal que alguns tenham seu final. Triste isso, mas

sinto ser este exatamente o nosso caso. Superamos as

outras duas crises.

Não sei bem quem ou o que pode ser definido como culpado. Também não acho importante saber o motivo agora, quando não mais nos falamos.

Hoje decidi que vou me recompor. Vou por o pé na estrada, vou me expor e ficar bem alerta. Não será difícil achar alguém para ocupar o seu lugar.Amores vêm e vão, não é o que você disse?

Também acho que você deve fazer o mesmo. Vá em frente, siga seu caminho e, se possível, nem olhe pra trás. Outros amores virão.

Do tempo em que ficamos juntos, vamos nos lembrar dos bons momentos, da dedicação mútua, das viagens, das trocas, do crescimento que tivemos principalmente pela paciência em conhecer um ao outro.

Sei que saímos da relação mais fortes e mais maduros.Sei que nossas trocas foram intensas, como foram marcantes nossas atitudes de coerência a uma relação que tinha tudo para caminhar bem.

O que me intriga no momento, é o fato de termos tido reconciliação das outras vezes. E olha que ficamos juntos por mais um bom tempo, depois delas.

E quanto a isso, só me resta ficar sensível ao que pretendeu dizer Alceu Valença, na bela música que agora ouço e que tem uma letra muito a ver com o nosso momento. É assim:

Na primeira manhã que te perdiAcordei mais cansado que sozinho.Como um conde falando aos passarinhosComo Bumba-Meu-Boi sem capitão.E gemi como geme o arvoredoComo a brisa descendo das colinas.Como quem perde o prumo e desatinaComo sol no meio da multidão.

Na segunda manhã que te perdiEra tarde demais pra ser sozinhoCruzei mares, estradas e caminhosComo um carro correndo em contra-mãoPelo canto da boca um sussurroFiz um canto doente, absurdoUm lamento noturno dos viúvosComo um gato gemendo no porãoSolidão .

É isso, estariamos na terceira oportunidade; Poderia dizer: na terceira manhã que te perdi, senti que era tarde pra te recuperar.Sinto que agora, em definitivo, sigo caminhos que não o nosso. E como a mãe que perde um filho, devo ser forte e definitiva.Devo saber viver eu mesma, com as dores de quem vive a solidão.

Apresentação por Renato Cardoso.

www.vivendobauru.com.br

Ouça a música até seu final ou clique para sair.

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