22
[Digite aqui] Biografias –

Biografias . Flávio & Joana

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Biografias –

Page 2: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Gilvan José Meira Lins Samico (Recife: 1928-2013) Iniciou autodidaticamente como pintor.Gravador, pintor, desenhista, professor.

Em 1952 funda, juntamente com outros artistas o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte

Moderna do Recife- SAMR, idealizado por Abelardo da Hora (1924).

Estuda xilogravura com Lívio Abramo (1903-1992), em 1957, na Escola de

Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo- MAM-SP. Em 1958 transfere-se

para o Rio de Janeiro, onde cursará gravura com Oswaldo Goeldi (1895-1961) na Escola

Nacional de Belas Artes. Dedica-se à elaboração de texturas elaboradas em seu trabalho.

Em 1957, 1958 e 1960 obteve os primeiros prêmios no setor de gravura do SPMEP. Fez

parte ainda do VII ao XVII SNAM (de 1958 a 1968/ prêmio de aquisição em 1960,

certificado de isenção de júri em 1961 e prêmios de viagens ao país em 1962 e de viagem

ao estrangeiro em 1968), V Bienal de Tóquio (1959); Bienal de Arte Litúrgica (Trieste,

1959); I e II Bienais de Paris (1959 e 1961); I e II Panorâmicas de Artes Plásticas de

Pernambuco (Recife: 1959 e 1962); VI, VII e IX BSP(Binais de São Paulo, entre 1961 e

1967), XXXI Bienal de Veneza (1962/ Prêmio de arte litúrgica) I Bienal Americana de

Gravura (Santiago do Chile, 1963) e II SAMDF(1965), participando também das mostras

Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963) e Oficina Pernambucana

(Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, 1967).

Realizou exposições individuais nas galerias Lemac (Recife, 1960) e do Teatro

Popular do Nordeste (Recife, 1966), Na Petite Galerie (1965) e na Universidade Federal

da Paraíba.

Em 1965 passa a se fixar em Olinda e leciona xilogravura no setor de artes plásticas na

Universidade Federal da Paraíba.

Ao receber o prêmio do 17º Salão Nacional de Arte Moderna viaja ao exterior e

permanece assim por dois anos na Europa. Em 1971 é convidado por Ariano Suassuna a

integrar o Movimento Armorial. Sua produção é marcada pela recuperação do romanceiro

popular nordestino, por meio da literatura de cordel e pela utilização da xilogravura. Suas

gravuras são povoadas por personagens bíblicos e outros provenientes de lendas e

narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos.

Page 3: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Comentário Crítico:

Gilvan Samico inicia-se em pintura como autodidata. Em 1948, integra a Sociedade de

Arte Moderna do Recife - SAMR, criada por Abelardo da Hora (1924), que tem

importante papel na renovação da arte pernambucana. O objetivo dessa associação é criar

no Recife um amplo movimento cultural que envolvesse áreas como artes plásticas, teatro

e música, incentivando pesquisas sobre a cultura popular e suas manifestações. Em 1952,

Samico é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da SAMR, centro de estudos

de desenho e gravura, voltado para uma arte de caráter social.

Vem para São Paulo em 1957, onde tem aulas com Lívio Abramo (1903 - 1992) na Escola

de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Da convivência com

Abramo Samico guarda a preocupação em explorar as possibilidades formais da madeira

e o interesse pelas texturas muito elaboradas. O artista passa a criar ritmos lineares, que

se harmonizam perfeitamente na estrutura geral de suas obras.

Viaja no ano seguinte ao Rio de Janeiro, onde freqüenta o curso livre de gravura de

Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), na Escola Nacional de Belas Artes - Enba. O contato com

o gravador é percebido no emprego de atmosferas noturnas em seus trabalhos, utilizando

número reduzido de traços, e no uso muito preciso da cor.

Sua obra é marcada definitivamente pela descoberta do romanceiro popular, através da

literatura de cordel e pela criativa utilização da xilogravura. O espaço de suas gravuras é

então povoado por personagens bíblicos e outros, provenientes de lendas e narrativas

populares, e também por muitos animais e seres fantásticos: leões, serpentes, dragões.

Paralelamente à inovação temática, Samico passa a utilizar o branco com muita força

expressiva. A profundidade é pouco evocada em suas obras, que enfatizam a

bidimensionalidade, sendo as figuras representadas como signos, o que ocorre, por

exemplo, em O Boi Feiticeiro e o Cavalo Misterioso, 1963. A xilogravura Suzana no

Banho, 1966 apresenta características formais que se tornam constantes na obra de

Samico: além das tramas gráficas diferenciadas, que conferem ritmo à composição,

emprega a simetria e a compartimentação geométrica do espaço.

Page 4: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Nas décadas de 1980 e 1990, Gilvan Samico dedica-se mais longamente à realização de

cada gravura, chegando a produzir uma matriz por ano. Exercita com a goiva toda uma

variedade de cortes, até encontrar a textura ideal para cada assunto tratado. Nos trabalhos

recentes simplifica a estrutura e a própria trama linear, acrescentando motivos originários

da arquitetura: arcos, rosáceas e molduras. A obra A Espada e o Dragão, 2000, por

exemplo, apresenta uma técnica apurada e um uso muito criterioso da cor.

Ao se referir ao seu trabalho, disse Ferreira Gullar: “(...) acordam em nós uma

emoção atual e arcaica. Aflora, nelas e em nós, um significado antigo, que vem não apenas

dos temas religiosos, como da matriz popular em que bebe sua linguagem formal, sua

iconografia”.

E Flávio de Aquino comentou: “As relações entre a arte de Samico e a realidade

brasileira são fáceis de perceber. É o Nordeste que o inspira, o Nordeste visto através das

gravuras que ilustram os cancioneiros populares, acrescido de expressão erudita e do

fantástico, de uma imaginação poderosa e mórbida que mescla caboclos, santos,

monstros, diabos e estranhas aves de rapina”.

José Roberto Teixeira Leite analisou sua obra em A Gravura Brasileira

Contemporânea (1965). Foi também incluído em um dos álbuns de gravadores brasileiros

organizados por Orlando da Silva.

Wilton de Andrade Souza (Recife: 1933)

Pintor, desenhista, gravador, escultor, tapeceiro, cenógrafo e cronista de arte.

Autodidata. Além de ser premiado várias vezes SPMEP; Nos anos 50 estuda desenho e

pintura com Reynaldo Fonseca (1925) e Abelardo da Hora. Faz parte da fundação do

Ateliê Coletivo com Abelardo, Samico, Ionaldo, Ivan Carneiro, José Claudio, Marius

Lauritzen Bern, Wellington Virgolino e o Clube de Gravura do Recife 1952. Atua como

presidente da Sociedade de Arte Moderna em 1964. Figurou nas mostras Gravuras

Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e apresentada em países

da Europa e da Ásia durante o ano de 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte

Popular da Bahia,1963) e Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário,

Recife,1965), be, como na I BNAP (1966).

Page 5: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Realizou exposições individuais na Galeria de Arte do Recife(1963) e no Museu

de Arte Moderna da Bahia (1964). Apresentando, em 1965, na Galeria Bela Aurora do

Recife, quinze monotipias, figurando telhados da capital pernambucana. Foi premiado

como melhor cenógrafo de Pernambuco em 1963, pelos cenários criados para o

espetáculo Da Lapinha ao Pastoril, Além dessas atividades lança álbuns de desenhos

sobre frevo e Maracatu e cria a Galeria Itinerário em 1979. Dirige a Galeria Metropolitana

de Arte Aloísio Magalhães de 1981 a 1987 e atua como diretor do Museu Murilo Lagreca

e vice-presidente da Escolinha de Arte do Recife em 1987. É membro da Academia de

Artes e Letras no Recife e da Academia de Letras e Artes do Nordeste Brasileiro.

Montez Magno de Oliveira (Timbaúba-PE 1934)

Pintor, escultor, artista intermídia, escritor e ilustrador. Estuda desenho e pintura

entre 1953 e 1966.

Conquistou o prêmio de Pintura no XVIII SPMEP (1958); participou ainda dos

VIII, IX, XIV, XVI, XVII e XVIII SNAM (entre 1959 e 1969/ certificado de isenção de

júri em 1967); V, VIII e IX Bienais de São Paulo (entre 1959 e 1967/ prêmio de aquisição

em 1967); IX SPAM (1962/medalha de bronze); I EJDN (1963); I e II SEAJ (1965 E

1968); I Salão de Abril (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, 1966); I BNAP

(1966); IV SAMDF (1967) e da mostra do Concurso de Caixas (Petite Galerie, GB,1967).

Realizou exposições individuais nas galerias do Instituto dos Arquitetos do Brasil

(seção do Recife,1957), Lemac (Recife, 1958); Seta (São Paulo, 1963); Goeld (GB,1965),

Atrium (São Paulo,1965); Ônix (Recife,1966) e Cantu (GB, 1967).

A partir de 1960 publica artigos e pesquisas sobre arte em jornais brasileiros.

Torna-se bolsista do Instituto de Cultura Hispânica entre 63 e 64, possibilitando assim

viajar por vários países da Europa. Vindo do Abstracionismo para a Figuração, foi dito a

respeito de seus desenhos no catálogo da exposição na Galeria Ônix (1966): “Pertencem

ao mundo complexo e intimista das sondagens efetuadas por Francisco Goya, James

Ensor, Edward Munch e Emil Nolde no mais recôndito da alma humana. Apensar deste

confronto, é nos trabalhos de Alenchinsky, Pignon e Karel Appel que vamos encontrar

maior identificação e paralelismo com os desenhos de Montez Magno”. Em entrevista

Page 6: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

concedida a Frederico Morais (Diário de Notícias, 9 de maio de 1968) disse o próprio

artista: Particularmente me situo entre os que se propõem a renovar constantemente no

setor da pintura e da escultura (ou do objeto). Para mim estas duas manifestações artísticas

se fundem numa só, pois meus trabalhos mais recentes são estruturas tridimensionais,

ligadas, portanto à escultura, complementadas por elementos de cor, sendo também

pintura”. Nos seus trabalhos retoma o abstracionismo de definição geométrica. Publicou

o texto “O material na obra de Arte: Mito e Preconceitos” (Jornal do Brasil, GB, 5 de

Julho de 1969). Com o prêmio recebido no I Salão Global do Nordeste, viaja para Europa

e Argélia a estudos em 75. De volta ao Brasil, leciona escultura na Universidade Federal

da Paraíba. Ilustra o livro O diabo na Noite de Natal, de Osman Lins, e vários livros de

sua própria autoria.

Wellington Virgolino (Recife 1929-1988)

Pintor, gravador e escultor. Em 1950 passa a integrar a Sociedade de Arte Moderna do

Recife e já no ano seguinte começou a participar do SPMEP, no qual recebeu menção

honrosa em escultura (1955) e o primeiro e segundo prêmios de pintura (1960 e 1961).

Em 1952 participa da fundação do Ateliê Coletivo.

Expôs nas mostras Gravuras Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto

Alegre, em 1954); Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,1963);

Page 7: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Artistas do Recife (Ateliê de Arte Sacra da Igreja do Rosário, 1965); Seis Artistas de

Pernambuco (Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana

(Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, em 1967). Tomou parte

ainda nas VI e VII Bienais de São Paulo (1961 e 1963), I BNAP (1966) e IV SAMDF

(1967).

Individualmente expôs nas galerias Astréia (São Paulo,1964), Rosenblit (1964) e Ônix

(1965), as duas últimas no Recife. A seu respeito disse Walter Zanini, em 1967: “A raiz

popularesca (...) amolda-se perfeitamente ao caráter simbólico e arcaizante de suas

representações dominadas por um certo tema exposto com clareza e concisão, não

obstante a avassalante presença dos motivos de preenchimento que movimentam e

enriquecem todos os aspectos da composição. Na cor densa e ‘úmida’ transparece ainda

a sensibilidade equatorial deste pintor que soube definir uma própria e instintiva fantasia

poética”.

José Cláudio (Ipojuca 1932)

Pintor, desenhista, crítico de arte e escritor. Em 52 faz parte da fundação do Ateliê

Coletivo da SAMR. Posteriormente, em Salvador, é orientado por Mario Cravo Júnior

(1923), Carybé (1911-1997) e Jenner Augusto (1924-2003), Viaja à São Paulo em 55

onde, inicialmente, trabalha com Di Cavalcanti (1924-1976)estudando também gravura

com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte de São Paulo. Recebe

bolsa de estudos da fundação Rotelini em 57, permanecendo por um ano em Roma na

Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve artigos

sobre artes plásticas para o Diário da Noite, em Recife.

Suas pinturas são marcadas por um caráter figurativo que retratavam cenas regionais e

paisagens do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco. Escreve ao longo de sua

carreira, vários textos de apresentação para exposições de pintores nordestinos, como a

mostra Oficina Pernambucana (1967).

Page 8: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Comentário Crítico

José Cláudio é um dos fundadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do

Recife - SAMR, ao lado de Abelardo da Hora (1924), Gilvan Samico (1928) e Wellington

Virgolino (1929 - 1988), entre outros. O Ateliê Coletivo é um centro de estudo de desenho

e gravura voltado para uma arte de caráter social e funciona no Recife entre 1952 e 1957.

Posteriormente, em Salvador, José Cláudio é orientado por Mario Cravo Júnior

(1923),Carybé (1911 - 1997) e Jenner Augusto (1924 - 2003).

O artista viaja para São Paulo em 1955, onde estuda gravura com Lívio Abramo (1903 -

1992) na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP. Em

1957, recebe bolsa de estudo da Fundação Rotelini e permanece por um ano em Roma,

na Academia de Belas Artes. De volta ao Brasil, passa a residir em Olinda e escreve

artigos sobre artes plásticas para o Diário da Noite, do Recife.

José Cláudio realiza pinturas de caráter figurativo, retratando cenas regionais e paisagens

do Nordeste, evitando, porém, o caráter pitoresco, como em Pátio do Mercado (1972) ou

Rua Leão Coroado (1973). Em Casa Vermelha de Olinda (1973), destaca-se o diálogo

com a abstração, a simplificação formal, o uso livre da pincelada e o colorido intenso. Em

suas obras podemos perceber a admiração por artistas da Escola de Paris e também pelos

expressionistas, como na série de nus femininos, do fim da década de 1970. O carnaval é

o tema dos quadros Homem da Meia Noite ou Cheguei Agora (ambos de 1974), com cores

vivas e contrastantes. Em 1975, o artista participa de expedição à Amazônia, promovida

pelo Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, registrando em vários desenhos

a óleo diversos aspectos regionais.

Em 1980, José Cláudio cria uma série de telas nas quais reinterpreta o quadro O Repouso

do Modelo, do pintor ituano Almeida Júnior (1850 - 1899). Nessas obras revela a

tendência a abolir a profundidade do plano pictórico, simplificando os elementos formais,

que tendem a uma geometrização. Em 1985, pinta paisagens ao ar livre, como Ipojuca e

Serrambi, empregando pinceladas largas e enérgicas.

O artista escreve, ao longo de sua carreira, vários textos de apresentação para exposições

de pintores nordestinos, como a mostra Oficina Pernambucana (1967). Publica, entre

Page 9: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

outros, o livro Memória do Ateliê Coletivo (1978), no qual reúne depoimentos dos vários

artistas que integram o grupo.

Ionaldo Andrade Cavalcanti ( Recife 1933- São Paulo 2002)

Desenhista, artista gráfico. Em 1949, segundo a enciclopédia Itaú Cultural, ele

inicia autodidaticamente em pintura.Em 52 participa da fundação do Ateliê Coletivo.

Entretanto em 59 passa a fixar-se em São Paulo onde em 62 atua também como professor

de desenho e pintura na Galeria Dearte. Em 65 executa o álbum de desenhos PEGI, em

77 lança o livro O Mundo dos Quadrinhos, pela Editora Símbolo e em 88 lança o livro

Esses Incríveis Heróis do Papel, pela Editora Mater.

Page 10: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Reynaldo de Aquino Fonseca (Recife 1925)

Pintor, muralista, desenhista, gravador, ilustrador e professor. Frequentava como ouvinte

a Escola de Belas Artes de Pernambuco em 1936, onde se torna aluno de Lula Cardoso

Ayres (1910-1987), e fez curso de magistério em desenho. Em 1944 passa a residir no

Rio de Janeiro e estuda com Candido Portinari por seis meses.Entre 1948 e 1949 esteve

na Europa. É também um dos fundadores da SAMR, realiza viagem de estudos à Europa,

em 48.Estuda gravura em metal com Henrique Oswald (1918-65) no Liceu de Artes e

Ofícios do Rio de Janeiro, entre 49 e 51.

Em 1966: O mundo de Reinaldo Fonseca é fechado, mas por isso mesmo, povoado

de sonhos e de mitos (...) é um mundo oblíquo e dissimulado o desse pintor, que é bastante

sábio e refinado para esmaltar sua cor em transparências que parece ter herdado dos

nomes mais ilustres da tradição renascentista ou pré-renascentista e, ao mesmo tempo,

bastante primitivo para se deslumbrar com isso, como qualquer homem do povo que se

extasia com o “bem pintado”. E Valmir Ayala acrescentaria, no catálogo de sua mais

recente exposição individual na galeria Bonino (GB, 1969): “Personagens, perspectivas,

objetos, gestos, se sucedem para criar uma nítida visão do mundo – que se aliena da

circunstância, na medida em que compreende a grandeza da fuga maior: a do milagre, da

levitação, da faina familiar, do supra real, o descanso dos gatos, uma dança maliciosa de

demonologia enraiada nas coisas que passam e se transformam”.

Além da gravura, utiliza a aquarela e, predominantemente, a técnica de óleo sobre tela,

apresentando produções figurativas. Em meados de 52, torna-se professor catedrático de

desenho artístico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco.

Frequenta o ateliê Coletivo e realiza cursos de desenho. Em Recife, realiza mural para o

Banco do Brasil, em 64. Volta a morar no Rio de Janeiro em 69, e retorna ao Recife na

década de 1980. Ilustra, entre outros, o livro Pintura e Poesia Brasileiras, com poemas

de João Cabral de Melo Neto, publicado em 1980. Entre 1993 e 94 hove no Centro

Cultural do Banco do Brasil (CCBB)uma mostra retrospectiva de sua produção no Rio de

Janeiro e em São Paulo

Page 11: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Comentário crítico:

Reynaldo Fonseca é um dos fundadores da Sociedade de Arte Moderna do Recife -

SAMR, associação que propõe a ruptura com o sistema acadêmico de ensino e a criação

de um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de educação, cultura, artes

plásticas, teatro e música. Participa ainda do Ateliê Coletivo, em Recife, realizando cursos

de desenho. Posteriormente afasta-se da "escola pernambucana de pintura" e da temática

regional.

O pintor mantém-se deliberadamente à margem das correntes artísticas que buscam

renovar a arte no país. Com uma produção figurativa, realiza trabalhos em aquarela,

gravura e principalmente em óleo sobre tela ou duratex. Revela grande domínio do

desenho e o uso cuidadoso da gama cromática. Utiliza freqüentemente recortes de

fotografias impressas em jornais e revistas, como inspiração para seus quadros.

Mantém ao longo de sua carreira temas recorrentes, como as cenas familiares com

crianças e animais, nas quais predomina um clima de sonho, inquietação e estranheza,

que evoca o surrealismo e a pintura metafísica. O artista inspira-se em pinturas do

primeiro Renascimento italiano e flamengo, também nos pintores primitivos norte-

americanos dos séculos XVIII e XIX e nos surrealistas em geral. Como aponta Roberto

Pontual, Reynaldo Fonseca concentra-se na armação de enigmas, a meio caminho entre

o metafísico e o fantástico. A retomada da história da arte é realizada de forma paciente,

e por vezes com uma parcela de ironia.

João Câmara Filho (João Pessoa PB 1944)

Pintor, gravador, desenhista, artista gráfico, professor e crítico. Estuda pintura no

curso livre da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco, entre 1960

e 1963. Nesse ano é eleito presidente da Sociedade de Arte Moderna do Recife e cursa

xilogravura, sob a orientação de Henrique Oswald (1918-1965) e Emanuel Araújo (1940),

na Escola de Belas Artes de Salvador.

Page 12: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Conquistou os primeiros prêmios de pintura e gravura nos SPMEP de 1962 e 1964.

Figurou ainda no XI Festival Universitário de Arte (Belo Horizonte, 1962/ primeiro

prêmio de pintura e segundo de desenho). I BNAP (1966/ prêmio de aquisição em pintura,

III Bienal Americana de Arte (Córdoba, Argentina, 1966/ prêmio de Bolsa de Comércio

de Córdoba/ foi incluído também numa seleção de artistas dessa Bienal exibida no Museu

de Arte Moderna de Buenos Aires) e IV SAMDF ( 1967/ grande prêmio do salão), bem

como nas mostras Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia, 1963),

inaugural da Galeria de Arte da Ribeira (Olinda,1964), Seis Artistas de Pernambuco

(Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1965) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte

Contemporânea da Universidade de São Paulo,1967).

Muito Além de apresentar seus trabalhos, juntamente com Maria Carmem e

Anchises de Azevedo, na galeria Arte da Ribeira (1965), realizou exposições individuais

nas galerias de Arte Contemporânea da Universidade Federal da Paraíba (1963),

Rosenblit (1964) e Ônix (1966), as duas últimas em Recife, Gastão de Holanda referiu-

se ao antilirismo e ao sentido de realismo crítico de sua arte, na qual se observam acentos

irônicos e dramáticos e a seu respeito comentou Walter Zanini, em 1967: “ suas imagens

encadeadas quase como um puzzle parecem amalgamar deuses astecas e ícones do

baralho, assumindo ar de aquilina terribilitá sombriamente derrisório”. Participando pela

primeira vez do SNAM em 1969, com três pinturas de grandes dimensões, nele recebeu

o certificado de isenção de júri. Tem publicado, regularmente, artigos sobre artes plásticas

na imprensa pernambucana, inclusive no Diário de Pernambuco.

Em 1964, funda, com Adão Pinheiro (1938), José Tavares e Guita Charifker

(1936), o Ateliê Coletivo da Ribeira e, em 1965, o Ateliê +Dez, ambos em Olinda. Entre

67 e 70, leciona pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Paraíba. Em

74, monta um ateliê de Litografia, transformando depois na Oficina Guaianases de

Gravura, que, a partir de 95, é incorporada ao Laboratório de Artes Visuais da UFPE. A

partir da década de 60, a produção de João Câmara caracteriza-se por apresentar, ao lado

de figuras humanas com seus corpos estruturados, representações de corpos

fragmentados, o que confere um caráter de estranheza aos trabalhos. Na década de 1970,

inicia a realização das séries Cenas da Vida Brasileira 1930/1954 (1974- 1976) e Dez

Casos de Amor e uma Pintura de Câmera (1977-1983). Em 1986, realiza a série O Olho

Page 13: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

de meu Pai sobre a Cidade, em que faz uma homenagem ao seu pai e à Recife. Em 2001,

conclui a série Duas Cidades, que tem como cenário Olinda e Recife.

Quando Aracy Amaral em seu livro Arte para que? Faz uma abordagem sobre a

ineficiência da arte ela cita como exemplo uma série de quadros feitos por João Câmara

como se houvesse por parte do artista o desejo de manter a ambiguidade na postura em

relação aos quadros, onde em sua série de pinturas sobre a época de Getúlio Vargas, que

mesmo que estivesse longe de se parecer uma pintura histórica, tem, segundo Aracy, uma

estrutura imagética intrincada, que se torna difícil desvincular a denúncia da exaltação.

E, no entanto, esta série foi alvo de aquisição pelo Estado, assim como o artista vendeu

uma série de cem litografias que acompanhava a série.1

Comentário Crítico

Em 1959, João Câmara começa a pintar paisagens, sob a orientação do pintor José

Tavares. Em 1960, ingressa no curso científico do Colégio Nóbrega, no Recife, e no curso

livre de pintura da Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, que freqüenta até 1963.

Estuda com Mário Nunes (1889 - 1982) e Laerte Baldini, entre outros, e,

esporadicamente, com Vicente do Rego Monteiro (1899 - 1970). Interessa-se pelo

cubismo e pós-cubismo de Pablo Picasso (1881 - 1973) e pelo trabalho de Abelardo da

Hora (1924), Francisco Brennand (1927), Lula Cardoso Ayres (1910 - 1987), Reynaldo

Fonseca (1925) e Wellington Virgolino (1929 - 1988). Já revela nesse período sua

preferência por pintar grandes superfícies, que se desdobram em dípticos, trípticos ou

polípticos.

Na década de 1960, sua produção aproxima-se do expressionismo e do fauvismo. Em

algumas obras enfoca a violência, e o caráter trágico da composição acentua-se pelo uso

de tons escuros que se contrapõem aos vermelhos e azuis fortes, como pode ser observado

em Vietonose Perfil III (1966) e Exposição e Motivos da Violência (1967).

EmTestemunhal, Reconstituição e Uma Confissão (todas de 1971), aborda a tortura e a

1 Amaral,Aracy. Arte para que? Pag.12.

Page 14: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

opressão humana. O artista, ao voltar-se para o corpo do homem, submete-o a torções e

deformações, sem prejuízo de certo erotismo.

Em 1963, faz curso de xilografia, orientado por Henrique Oswald (1918 -

1965) e Emanoel Araújo (1940), na Escola de Belas Artes, em Salvador. No início dos

anos 1970, começa a realizar litografias e, com Delano, improvisa um ateliê dessa técnica

no Recife, posteriormente transferido para o Mercado da Ribeira, em Olinda. Trabalha a

litografia com liberdade, e a utiliza ainda como uma espécie de ensaio para as grandes

pinturas. João Câmara realiza muitas séries de pinturas e gravuras, como Cenas da Vida

Brasileira 1930/1954 (1974-1980) e Dez Casos de Amor e uma Pintura de

Câmara (1977-1980), que inclui montagens e objetos. Em Cenas da Vida Brasileira, não

busca reproduzir a veracidade dos acontecimentos políticos do período, mas vincula

personagens históricos, como Getúlio Vargas (1882 - 1954), a objetos insólitos e

personagens fictícios, criando uma narrativa própria, um passado imaginário, ao qual se

mesclam as suas recordações da infância. Já em Dez Casos de Amor e uma Pintura

de Câmara, a mulher surge como personagem principal. Nessa série, o artista acrescenta

diversos elementos à superfície da tela, como ilhoses, parafusos, couro, tecido e chumbo.

Além dos temas políticos e dos retratos, a temática regionalista torna-se mais constante

em sua produção a partir da década de 1980. Na série O Olho de Meu Pai sobre a

Cidade(1986), faz uma homenagem ao pai e à cidade do Recife, e começa a realizar, nos

anos 1990, a série Duas Cidades, com obras que têm como cenário Recife e Olinda.

Para a estudiosa Almerinda da Silva Lopes, o projeto poético de João Câmara, desde o

início de sua atuação profissional, consiste em traduzir, plasticamente, uma visão crítica

da sociedade. Sua obra dialoga com a história política brasileira, com a arte e a mitologia.

O artista cria dessa forma, em seus trabalhos, metáforas com as quais ironiza o poder e as

relações sociais.

Page 15: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Anchises Azevedo (Salvador BA 1933)

Pintor e gravador. Estuda na Escola Nacional de Belas Artes, onde foi aluno de

Raimundo Cela, entre 47 e 51. Em 55, já aqui em Recife, estuda com Giordano Severi e

ingressa na SAMR e ganha o primeiro Salão de Pintura do Museu do Estado em 1956.

Em 60, cursa desenho no Liceu de Artes e Ofícios de Recife, em 75, executa um mural

em concreto no Edifício Saara em Boa Viagem.

Hélio Feijó (Recife 1913- 1991)

Desenhista, Pintor, Arquiteto. Hélio Feijó nasceu em 26 de janeiro de 1913 na

cidade de Recife, Pernambuco. Hélio Feijó foi um dos mais completos e inovadores

artistas na história da arte pernambucana e brasileira. Discípulo de Cândido Portinari e

Carlos Chamberland, durante sua trajetória cultural produziu importante conjunto de

obras em diversos campos das artes plásticas. Como pintor, deixou grande legado em

murais, pinturas, cenários, caricaturas, gravuras, desenhos e artes gráficas. Inovou

criando, em 1941, uma técnica de impressão onde se misturam fotografia e desenho.

Como arquiteto, teve atuação de destaque integrando a equipe precursora do movimento

moderno da arquitetura brasileira no Recife. Em 1949, recebeu o prêmio Le Corbusier,

no VI Salão de Arte Moderna, em São Paulo, com o projeto arquitetônico “Sistema de

Autoventilação”.

Como poeta, publicou seus trabalhos em diversos jornais e revistas do nordeste.

Exerceu grande influência na disseminação do movimento modernista no nordeste,

sendo o fundador do Grupo dos Independentes, em 1933, e da Sociedade de Arte

Moderna, em 1947. Sua última grande exposição foi na Galeria Nega Fulô na década de

70. Passou seus últimos anos na ilha de Itamaracá, Pernambuco. Faleceu no dia 9 de

setembro de 1991nacidade onde nasceu.

Coletiva – Participação de Eventos

1931 - Rio de Janeiro - Rio de Janeiro - Brasil - Salão Revolucionário (1931 : Rio de

Page 16: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Janeiro, RJ) - Escola Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro RJ)

1975 - Recife - Pernambuco - Brasil - Coletiva de Abertura (1975 : Recife, PE) -

Ranulpho Galeria de Arte (Recife, PE)

1976 - São Paulo - São Paulo - Brasil - O Desenho em Pernambuco (1976 : São Paulo,

SP) - Galeria Nara Roesler (São Paulo, SP)

1983 - Olinda - Pernambuco - Brasil - Hélio Feijó e Aprígio (1983 : Olinda, PE) - sem

local de realização definido.

1984 - São Paulo - São Paulo - Brasil - Tradição e Ruptura: síntese de arte e cultura

brasileiras (1984 : São Paulo, SP) - Fundação Bienal (São Paulo, SP)

Abelardo Germano da Hora (São Lourenço da Mata 1924- 2014)

Escultor, desenhista, gravador, ceramista, professor. Estudou na Faculdade de

Direto de Olinda, posteriormente, frequentou o curso livre de escultura da Escola de Belas

Artes de Recife, onde foi aluno de Casimiro Correia. A partir da década de 40, realizou

vários trabalhos em cerâmica para Ricardo Brennand, com temas relacionados a frutas e

motivos regionais. Em 47, participa da criação da SAMR, que dirige durante dez anos e

onde criou, em 1952, o Ateliê Coletivo. Obteve medalha de bronze em escultura no

SNBA de 1950 e o primeiro prêmio nessa especialidade noa SPMEP de 1952 e 1956,

sendo sua gravura Enterro de Camponês premiada pelo Clube de Gravuras do Recife em

1953. Figurou ainda nos VI e XV SNAM (1957 e 1966) e nas mostras Gravuras

Brasileiras (organizada pelo Clube de Gravuras de Porto Alegre e exibida em países da

Europa e da Ásia em 1954), Civilização do Nordeste (Museu de Arte Popular da Bahia,

1963) e Oficina Pernambucana (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São

Paulo, 1967).

Participou diretamente das atividades do Movimento de Cultura Popular, do

Recife, até quando elas foram encerradas em 1964, teve um álbum de desenhos lançado

em 1962, por essa entidade, com o título de Meninos do Recife, Sua temática social é

demarcada também nas esculturas.

Page 17: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

A respeito do qual disse Mário Barata: “Sensível aos valores plásticos e visuais

do modernismo, Abelardo exerce sua emocionalidade no âmbito dos temas humanos da

desgraça profunda de nossa gente. No artista ele supera o cotidiano e eterniza-se no traço

e no claro-escuro de um desenho novo, não retórico na sua essencialidade figurativa”.

Anteriormente a 1964, além de exercer o magistério (vários artistas pernambucanos com

ele se formaram).

É integrante também da fundação do Ateliê Coletivo, dirigindo-o entre 1952 e

1957. Será neste período que Abelardo passará a produzir esculturas para praças do

Recife, com representação de tipos populares

Durante a década de 60, exerce várias atividades, entre as quais: diretor da Divisão de

Parques e jardins, secretário de Educação e diretor da Dvisão de Artes Plásticas e

Artesanato em Recife. É integrante da fundação do Movimento de Cultura Popular –

MCP, movimento que abrange não só as artes plásticas, mas música, dança e teatro. Em

1986 é criado o Espaço de Esculturas Abelardo da Hora, gerido pela Prefeitura do Recife.

Comentário Crítico

Abelardo da Hora, desde a década de 1940, realiza gravuras com temática social, em que é

visível a influência da obra de Candido Portinari (1903 - 1962). Na xilogravura Meninos

do Recife denuncia a miséria por meio da representação de crianças esquálidas,

apresentando afinidade com o realismo e o expressionismo. A mesma temática social é

revelada em suas esculturas, realizadas em bronze, mármore e principalmente em

cimento, material escolhido por seu caráter duro e áspero, que acrescenta um grau de

sofrimento às figuras. A partir da década de 1950, o artista produz várias esculturas para

praças do Recife, nas quais revela o interesse pelos tipos populares, inspirados na

cerâmica artesanal, de formas arredondadas, reiterando a admiração pela obra de

Portinari. A temática social permanece em trabalhos bem posteriores, como em

Desamparados e Água para o Morro (ambos de 1974).

Abelardo da Hora possui importante papel na renovação do panorama artístico

pernambucano, integrando, em 1946, a Sociedade de Arte Moderna de Recife - SAMR,

com o propósito de criar um amplo movimento cultural, abrangendo as áreas de

Page 18: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

educação, artes plásticas, teatro e música. A partir dessa associação, é criado em 1952

oAteliê Coletivo, uma oficina que ministra cursos de desenho, da qual participam nomes

representativos em Pernambuco, como Gilvan Samico (1928), José Cláudio

(1932) eAloísio Magalhães (1927 - 1982), entre outros.

Raul Córdula Filho (Campina Grande PB 1943)

Pintor, artista plástico, cenógrafo, professor, crítico de arte. Inicia a pintura sob

orientação de seu amigo Flávio Bezerra de Carvalho. EM 1959, ilustra poesias da Geração

59, grupo de poetas paraibanos que edita o Suplemento Literário A União nas Letras e

nas Artes. No início da década de 60, viaja para o Rio de Janeiro e estuda história da arte

no Instituto de Belas Artes e técnica em pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de

Janeiro, onde se torna aluno e Domenico Lazzarini (1920-1987). Entre 1963 e 65 é

supervisor de setor de artes plásticas da Universidade Federal da Paraíba. Atua como

cenógrafo em várias emissoras de televisão, entre 65 e 72. Em 67, torna-se diretor do

Museu de Arte Assis Chateaubriand de Campina Grande- Maac. Em 1977, idealiza o

Núcleo de Arte Popular e Artesanato – NAP, da casa de Arte Contemporânea da UFPB.

Leciona história da arte e fundamentos da linguagem visual nos cursos de educação

artística e arquitetura e urbanismo do Departamento de Artes entre 78 e 88. É contratado

em 1994 pelo Museu de Arte Moderna da Bahia para coordenar a implantação do Salão

MAM-Bahia de artes plásticas. Entre 97 e 98 torna-se diretor de desenvolvimento

artístico e cultural da fundação Espaço Cultural da Paraíba- Funesc.

Comentário Crítico

No início da carreira, Raul Córdula realiza obras figurativas, e mantém diálogo com a arte

pop e a nova figuração. O artista parte de desenhos infantis e sinais do meio urbano, como

Page 19: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

os de trânsito. Seu trabalho apresenta concisão de formas e cores, utilizando cada vez

mais os signos e símbolos na construção de obras ligadas ao abstracionismo geométrico.

A partir da década de 1980, explora as tensões e distensões da superfície articulada em

planos triangulares, fase denominada pela crítica como "nova geometria". Como nota o

crítico Paulo Sérgio Duarte, em suas telas Córdula revela também uma ligação com a

paisagem nordestina, que transparece no uso da paleta de tons luminosos que distingue

sua produção.

Ladjane Maria Ladjane Bandeira de Lira

Nasceu em Nazaré da Mata, interior de Pernambuco, em 5 de junho de 1927 e

faleceu em Recife, no dia 24 de março de 1999. Em 1942 fez colaboração poética para a

“Gazeta de Nazaré”, no ginasial. Dirigido pelo Padre Daniel Lima, cujo jornal tinha uma

grande circulação no meio intelectual de Recife. Aos 20 anos, em 1947, mudou-se para o

Recife e cursou Especialização Pedagógica (Pós-graduação). Em 1948 tornou-se

integrante fundadora da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), juntamente com

os artistas plásticos Abelardo da Hora e Hélio Feijó. Nesse mesmo ano realizou sua

primeira individual de pintura e desenho no Salão Nobre da Faculdade de Direito do

Recife, com trabalhos figurativos. Esta exposição suscitou comentários, reportagens,

entrevistas e críticas nos jornais: Diário de Pernambuco, Jornal do Commércio, Folha da

Manhã, Jornal Pequeno, assinados por alguns intelectuais, por exemplo, Waldimir Maia

Leite, Guerra de Holanda, Aderbal Jurema, Mário Melo e Luís Teixeira. Em 1949 iniciou

suas primeiras colaborações literárias e artísticas para o Suplemento Literário do Jornal

do Commércio (PE), Diário de Pernambuco (PE), Correio da Manhã (RJ) e Revista

Branca (RJ). Ilustrou neste ano, o livro “FÁBULA SERENA” de Darcy Damasceno

(Editora Orfeu, RJ) e fez ilustrações para Revista NORDESTE de Esmaragdo Marroquim

e Aderbal Jurema.

Nos anos 1950 publicou história em quadrinhos no Diário da Noite (Recife/PE),

ilustrando a vida do sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre por ocasião das

comemorações do cinquentenário de seu nascimento. Realizou individual no Gabinete

Português de Leitura do Recife, tendo fundado, dirigido e colaborado com a página

individual do Gabinete. Em 1952 fundou e dirigiu até 1962 a página ARTE do Diário da

Noite, em Recife. Em 1955, aos 28 anos, conquistou o PRÊMIO UNIVERSIDADE

Page 20: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

FEDERAL DE PERNAMBUCO, em Pintura, realizado anualmente no Museu do Estado.

Realizou individual no Gabinete Português de Leitura (1956), participou do V SALÃO

DE ARTE MODERNA do Rio de Janeiro em 1957 e neste mesmo ano iniciou curso de

Ciências Sociais na Faculdade de Filosofia da Universidade Federal de Pernambuco.

Proferiu diversas palestras sobre "Arte" patrocinadas pela Sociedade de Arte Moderna do

Recife (SAMR). Um marco importante em 1958, aos 31 anos, foi a execução de um painel

concretista, em grandes dimensões, para a Escola Politécnica do Recife, abstração

geométrica em vidrotil, e a realização da exposição individual “Dez anos de Pintura e

Desenho” inaugurando a Galeria Lemac de Arte no Recife. Participou da I Feira de Arte

do Recife, criação do Nordeste e Artístico, patrocinada pela Sociedade de Arte Moderna

do Recife (SAMR) e da I Panorâmica de Artes Plásticas do Recife. Neste ano assumiu a

direção artística da Revista Nordeste e da Editora do Nordeste.

A artista e crítica, ao longo de sua trajetória, realizou inúmeras conferências sobre

História da Arte, variadas exposições, pertenceu a Associação Internacional de Artistas

Plásticos, Sociedade de Arte Moderna do Recife, Associação de Artistas Plásticos

Profissionais de Pernambuco, Associação Brasileira de Críticos de Arte, Associação

Internacional de Arte, Academia de Ciências de Pernambuco, Academia de Letras e Artes

do Nordeste Brasileiro, Gabinete Português de Leitura, Fundação Joaquim Nabuco, Pen

Club do Brasil. Fez belas ilustrações e recebeu diversas medalhas, homenagens e prêmios

em reconhecimento a suas produções artísticas e literárias. Em 1981 foi eleita com

“Medalha de Ouro” para a Academia Itália de Artes e Ofícios, em Parma na Itália. Foi

homenageada com uma Sala Especial no XXXIV Salão de Artes Plásticas de

Pernambuco. Para a sua série A Biopaisagem foi organizada uma exposição em sala

especial no Museu do Estado de PE. Gravou para o Museu da Imagem e do Som. Foi

membro da União Brasileira de Escritores, seção Pernambuco, tem dois livros publicados

e dezenas de outros inéditos. Essa breve trajetória da artista aponta para sua inserção no

campo da cultura e das artes plásticas em Pernambuco e no Brasil, o que permite apostar

na importância dessa pesquisa para o Estado de Pernambuco, para a ampliação das

versões sobre a história das artes no Brasil, inserindo Pernambuco como um dos centros

de produção não apenas das artes visuais, mas sobremaneira, na produção da critica de

arte e seus impactos no meio artístico. (1960) ocorre exposição coletiva de inauguração

da Galeria de Arte do Recife, promovida pelo Movimento de Cultura Popular, ao lado de

artistas mais jovens, como Anchises Azevedo, Gilvan Sâmico, Montez Magno, José

Page 21: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Cláudio. Foi incluído (Vicente do Rego) também, por Ariano Suassuna, na exposição

Pintores Pernambucanos Contemporâneos que integrou o Congresso Brasileiro de Crítica

e História Literária na então Universidade do Recife em 1960.

No livreto que traz a lista de obras, Suassuna explica os critérios de seleção dos artistas e

de organização da exposição. Vicente foi incluído na geração “modernistas, com sua

variante regionalista” (ao lado de Cícero Dias e Lula Cardoso Ayres), que era precedida

pelos pintores “chamados acadêmicos ou conservadores” (Murillo La Greca, Fédora do

Rego Monteiro Fernandes, Baltazar da Câmara, Mário Nunes), e que abriria caminho para

a “geração que sucede”, composta por Francisco Brennand, Reynaldo Fonseca, Aloísio

Magalhães. Duas exceções: Joaquim do Rego Monteiro e Adão Pinheiro. O primeiro, por

ser um pintor vanguardista que morrera muito novo, o segundo, por ser, nas palavras de

Suassuna, uma “homenagem da Universidade aos mais novos, dos quais ele é realmente

um dos melhores”. Nessa geração dos mais novos, ou dos que mereceriam figurar na

exposição, Suassuna menciona Ladjane Bandeira, Elezier Xavier, Montez Magno e

Wellington Virgolino (SUASSUNA, 1960). Exibindo telas datadas dos anos 1920, essa

exposição organizada por Ariano Suassuna talvez seja uma das primeiras nas quais

Vicente figura não como um artista atuante, mas como um artista incorporado ao

patrimônio de um modernismo pernambucano já consolidado.

Page 22: Biografias . Flávio & Joana

[Digite aqui]

Bibliografia:

DINIZ, Clarissa, Gleyce Kelly Heitor e Paulo Marcondes Soares (ORG.). Crítica de Arte em Pernambuco: escritos do século XX. Azougue. Recife, 2012.

AMARAL, Aracy. Artes Plásticas na Semana de 22. Perspectiva. São Paulo. 1970;

PONTUAL, Roberto. Dicionário das Artes Plásticas no Brasil. Ed. Civilização Brasileira. Rio de Janeiro. 1997.

Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br