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Espelho Partido: Tradição e transformação do documentário Capítulos 3 e 4 Universidade Federal de Juiz de Fora Mestrado em Artes, Cultura e Linguagem Daniel Brandi do Couto Mestrando em Cinema e Audiovisual (PPGACL/UFJF)

Silvio Da-Rin (Tradição e transformação do documentário)

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Espelho Partido: Tradição e transformação do documentário

Capítulos 3 e 4

Universidade Federal de Juiz de ForaMestrado em Artes, Cultura e Linguagem

Daniel Brandi do Couto Mestrando em Cinema e Audiovisual (PPGACL/UFJF)

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Sobre o autor e a obra

Espelho Partido: Tradição e transformação do documentário Capítulos 3 e 4

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Capítulo 3: Ao encontro de uma finalidade social

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Capítulo 3: Ao encontro de uma finalidade social

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Ao lado Robert Flaherty e Dziga Vertov, é considerado um dos principais nomes da história dos primórdios do documentário.

Vindo de uma formação em Ciências Humanas (Cientista Social) Grierson se preocupava com a educação cívica através do documentário.

Foi fundador da escola inglesa de documentário, na época em que trabalhou na Empire Marketing Board.

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Capítulo 3: Ao encontro de uma finalidade social

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Após pesquisar as preferências cinematográficas do público norte-americano, Grierson se convenceu que os métodos educacionais da época eram insuficientes diante das mudanças constantes da sociedade de massas.

Seria necessário, então, recorrer ao cinema - persuasivo e comunicativo - para colocar em prática um projeto de educação pública que abrigasse suas ideias.

O cinema Inglês dos anos 20, predominantemente comercial, não tinha receptividade a esse tipo de projeto. Grierson recorre ao Estado (EMB)

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Grierson apresenta a EMB, seu projeto do uso do cinema como instrumento de educação cívica. Porém, Stephen Tallents - secretário da EMB - já havia contratado outro responsável pelas produções cinematográficas do órgão.

Porém, simpático as ideias de Grierson, Tallents encomenda ao cineasta alguns relatórios acerca de suas ideias.

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Os relatórios de John Grierson.

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Em “A produção do cinema inglês e a tradição naturalista”, faz um esboço dos pilares do cinema-documentário inglês.

Conclui que a EMB deveria produzir, inicialmente, cinejornais baseados em atualidades e factuais

Sugere que a EMB crie seu próprio sistema de produção, distribuição e exibição, já que os objetivos educativos dificilmente seriam atendidos pelo circuito comercial

O propósito do cinema seria atingir uma sintese entre representação das questões individuais e sociais, criando algo novo.

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Cinema Americano Cinema Soviético

Alto nível de comunicação com o público

Questões sociais e políticas em primeiro plano

Questões sociais diluídas Questões individuais deixadas de lado.

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Convencido de que os filmes da EMB só conseguiriam êxito com um alto nível técnico, Grierson roda “Drifters” (1928), seu primeiro e único filme. O filme teve grande êxito, abrindo caminho para a formação de um grupo de colaboraboradores integralmente dedicados à produção de documentários: a EMB Film Unity.

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Com a promoção da EMB Film Unity, Grierson consegue recursos para contratar Flaherty para a realização de “Industrial Britain” (1933)

Apesar da construção coletiva do filme, ficam evidenciadas diferenças entre o olhar de Grierson e Flaherty.

Além de “Industrial Britain”, a film unit produziu mais 5 curtas, porem, estes não foram aceitos no circuito comercial.

Grierson soluciona a questão, retomando seus panos de um sistema alternativo de exibição (escolas, sindicatos associações)

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As pressões do Tesouro, somada a recêm criada British Film Institut, culminou na saída de membros da Film Unit e sua extinção.

Esta dispersão fortaleceu o movimento documentário inglês, gerando mais núcleos de produções.

Enquanto Grierson acreditava na produção de filmes dentro do serviço público, o carater liberal vigente na Inglaterra fomentava o circuita comercial.

Seu maior legado foi ter criado as condições necessárias para que o movimento documentário pudesse se afirmar. Porém é necessário entender os princípios estéticos em que Grierson baseou sua visão para o movimento documentário…

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

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Além dos relatórios entregue a EMB em 1927, uma série de três artigos (revista Cinema Quartely) compoem os pilares para a concepção do documentário segundo Grierson.

Capítulo 4: A estética do documentário clássico

INFERIOR SUPERIOR

Newsreeler, Interest films, Filmes educativos e

Travelogues. Mero registro.

Filmes que DEVERIAM ser denominados

documentários: Aqueles que vão alem da descrição simples do material natural, rearranjando e criando uma

formalização criativa.

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A dramatização seria o método para promover a formalização criativa, reveladora da realidade.

Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Grierson dava a importância ao material natural, julgando essencial filmar a cena viva e a história viva, utilizando o ator nativo, já que:

• O cinema circula, observa e selecional a partir da propria vida real.

• O ator nativa e a cena original são os melhores guias para uma interpretação cinematográfica do mundo moderno

• Os materiais e histórias cruamente extraídas podem ser melhores que os materiais alterados

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Grierson usa o trabalho de Flaherty como referência para julgar aspectos de imersão na realidade, mas discorda de Flaherty no que diz respeito a descrição e drama, demarcando a bifurcação que separa seus trabalhos:

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Grierson (Interpretação do real) Flaherty (Dramatização do Real)

Acredita que a concepção romântica do homem no meio da

natureza é escapismo para os problemas urgentes da sociedade

moderna.

Acredita que o homem que vive em contato com a natureza é mais puro e

mais feliz que o homem civilizado.

Conflitos de ordem pessoal eram incompatíveis com um cinema comprometido com a educacão

cívica e a integridade social.

O conceito de herói individual, foco no personagem/trama principal.

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Se, até então, Flaherty era a maior referencia sobre o uso de materiais naturais, Grierson procurava um método capaz de superar o modelo romanesco.

Neste sentido, uma fonte de inspiração era o cinema Soviético:

• Teoria da montagem dialética: uma chave para produzir efeitos dramáticos sem recorrer a forma de “história”

• Os temas dos filmes soviéticos eram escolhidos com uma finalidade social

• O uso do cinema como veículo de propaganda.

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Outro modelo para o documentário inglês estava na corrente que Paul Rotha demonimou como Realismo continental.

Minimizavam o enredo e privilegiavam as potencialidades estéticas.

Mesmo assimiliando alguns conceitos, Grierson acreditava que o modelo soviético descaracterizava o natual ao trabalhar com a dramatização exagerada e os filmes demasiadamente estéticos do Realismo continental, não eram dotados de uma finalidade.

“Sem uma finalidade social, a observação se perde no puro movimento”.

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Em dos seus últimos artigos sobre os princípios do documentário, John Grierson esboça 3 métodos de tratamento cinematográfico do tempo, do ritmo, das massas e do movimento:

1. A forma sinfônica pura, acrescida de finalidade. O ritmo dos próprios eventos são capazes de extrair emoção e significaçnao social. (ex: Cargo From Jamaica - Basil Wight).

2. O ritmos deveria ser modulado através de elemtnso familiares ao drama: suspense e clímas (ex.: Granton Trawler - Edgar Anstey, 1934).

3. Integrar imagens poéticas ao movimento, visando criar atmosferar e estados de ânimo. (ex.: Drifters)

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Capítulo 4: A estética do documentário clássico

Posteriormente os argumentos de Grierson foram reconstituídos por Paul Rotha, concordando em vários pontos, mas não coincidindo quanto a função do personagem.

Os exames dos filmes da EMB a luz dos textos de Grierson e Rotha, demonstram a existência de duas fases no movimento do documentário:

1. Grierson impos uma estetica baseada na sua formação idealista, baseada na generalização.

2. Os desafios colocados pelos novos temas demandavam soluções que não podiam ser contempladas pelos métodos de Grierson

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Conclusões:

A própria adoção do termo documentário estava vinculada a necessidade de legitimar o trabalho daqueles que trabalhavam com materiais naturais.

Grierson, Flaherty, cada um ao seu modo, nunca acreditaram que a imagem cinematográfica poderia reproduzir por mimetismo a realidade objetiva.

Os conceitos que balizaram o cinema documentário sempre estiveram apoiado na DRAMATIZAÇÃO, INTERPRETAÇÃO e INTERVENÇÃO SOCIAL.

EM NENHUM DELES DOCUMENTÁRIO É SINÔNIMO DE PROVA PROVA OU DOCUMENTO.

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“Documentário é uma denominação desajeitada, mas deixemos assim”