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Aspectos de uma campanha política

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As transformações sócio-culturais, econômicas e tecnológicas e o crescimento exponencial das mídias exigem que a Campanha Política não leve apenas em consideração as Normas da Teoria da Comunicação no Discurso Político, mas sim possua estratégias discursivas bem elaboradas para alcançar o interesse do eleitorado, saiba utilizar ferramentas como pesquisa, internet e que seja pautada em ações realizadas em prol do desenvolvimento, da saúde e da melhoria na qualidade de vida da população do país.

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ASPECTOS DE UMA CAMPANHA POLÍTICA

Carla Maria Martellote Viola1

RESUMO

As transformações sócio-culturais, econômicas e tecnológicas e o crescimento exponencial

das mídias exigem que a Campanha Política não leve apenas em consideração as Normas da

Teoria da Comunicação no Discurso Político, mas sim possua estratégias discursivas bem

elaboradas para alcançar o interesse do eleitorado, saiba utilizar ferramentas como pesquisa,

internet e que seja pautada em ações realizadas em prol do desenvolvimento, da saúde e da

melhoria na qualidade de vida da população do país.

Palavras chaves: campanha, candidato, discurso político, pesquisa, internet, estratégia,

eleitorado.

ABSTRACT

The socio-cultural, economic and technological transformations and the exponential growth

of media require from the Political Campaign of a candidate for reelection, do not take into

account only the Standards of Communication Theory in Political Discourse, but has well-

developed discursive strategies to achieve interest of the electorate, know how to use tools as

research, internet and be based on actions taken to promote development, health and

improved quality of life of the population.

Keywords: campaign, candidate, political discourse, research, internet, strategy, electorate.

1 Graduada em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Hélio Alonso e Direito pela Universidade Santa Úrsula.

Cursando Pós-Graduação Instituto de Gestão em Comunicação (conclusão dezembro/2011)[email protected]

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1 Introdução

As mudanças ocorridas nos setores das tecnologias de informação e de comunicação e

as interferências da mídia sobre o modo de produção e de transmissão das informações

exigem a reformulação do planejamento e desenvolvimento das ações gerenciais utilizadas na

operacionalização de uma campanha política.

O ciclo de uma Campanha começa necessariamente com o planejamento dos objetivos

a serem atingidos, e envolve as atividades básicas de levantamento de dados sobre o

eleitorado; estabelecimento da plataforma, o enfoque das principais mídias a serem utilizadas;

métodos de pesquisa, abordagem, acompanhamento e avaliação do eleitorado potencial;

determinação da estrutura organizacional e das atribuições e responsabilidades de cada

unidade na execução de planos e metas; acompanhamento, controle e avaliação do processo

de obtenção de votos e por fim os ajustes necessários dos recursos e processos utilizados.

Nenhuma campanha política se consagra pela eficiência se não se observar certos

fatores em sua estrutura organizacional: “Forma pela qual as atividades de uma organização

são divididas, organizadas e coordenadas.” (STONER, 1992, p.230)2

O organograma de uma campanha bem estruturado é vital para o sucesso do

candidato. Nele se mapeia as atribuições de toda a equipe envolvida, se determina o grau de

hierarquia, a coordenação e subcoordenações. Assim é possível estabelecer prazos para a

realização dos processos pertinentes, bem como responsabilizar os diversos elos que compõe

seu fluxo organizacional. Cada qual deve obedecer e cumprir suas responsabilidades com

empenho e dedicação.

O estudo do eleitorado não deve se basear em conjunturas e nem pode ser ocasional. A

situação constatada tem que ser fundamentada, ter prioridades definidas, no que tange a

obtenção, processamento e análise de dados, para se planejar as ações a serem executadas pela

equipe.

2 STONER, James / FREMAN, Edward. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1992.

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O orçamento de uma campanha deve possuir previsão de despesas levando em

consideração os recursos humanos, técnicos e materiais para assegurar, em tempo o

cumprimento dos objetivos.

O candidato deve visitar as localidades, Estados, Municípios ou Bairros mais de uma

vez. As classes menos favorecidas, a maioria dos eleitores vota em quem se conhece, em

quem é acessível.

2 O Candidato e o Eleitorado

O candidato que deseja alcançar a vitória deve exercitar o discurso político simples,

sistemático, didático, humilde e esclarecedor.

Nunca falamos descomprometidamente, sempre assumimos papéis, bem como, a

avaliação que fazemos do discurso do outro também depende desse posicionamento sócio-

histórico-ideológico-discursivo.

Bakhtin3 afirma que todo signo é ideológico e que a ideologia é um reflexo das

estruturas sociais. Ele considera que toda modificação de ideologia encadeia uma modificação

da língua e a variação é inerente à língua e reflete variações sociais.

Para ele, o interlocutor não é um elemento passivo, ao contrário, desempenha um

papel imprescindível ao diálogo. “Os signos só podem aparecer em um terreno

interindividual. Ainda assim, trata-se um terreno que não pode ser chamado de ‘natural’ no

sentido usual da palavra.” (BAKHTIN, 1979, p.21)4

A própria consciência individual é um fato sócio-ideológico. Inclusive, a etapa em que

o indivíduo se conscientiza de sua individualidade e dos direitos que tem é ideológica,

histórica e condicionada por fatores sociológicos. O pensamento é, ao mesmo tempo,

pertencente e subordinado aos sistemas ideológico e do psiquismo.

3 BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Hucitec, 1979.4 Ibid.

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Ao longo dos tempos modificações foram acontecendo, “o discurso político passa por uma

profunda transformação na enunciação, tornando-se um discurso curto, descontínuo e ininterrupto,

ao mesmo tempo que o sujeito falante re-emerge enquanto a máquina política é apagada.”

(COURTINE, 1981, p.84)5

O candidato que deseja se sobressair deve seguir três princípios fundamentais do

discurso público. O primeiro princípio é praticar a oratória, e refere-se a uma antiga arte do

discurso. Oratória era utilizada na Grécia e em Roma, durante suas civilizações e estudada

como um componente da retórica. Esse princípio tem regras definidas e modelos enfatizados

pelas artes liberais desde o Renascimento e a Idade Média. Oratória tem significado falar em

público, pois constitui a composição e o planejamento do discurso.

O segundo princípio é o de usar recursos extralingüísticos, chamado de

acompanhamento por gestos. O que uma pessoa diz, é tão importante quanto o que ela faz.

Isso implica no uso consciente das expressões faciais, movimentos das mãos e posturas como

seguimento da mensagem falada.

O último, porém não menos importante, é o controle da voz através de inflexão, de

foro muito íntimo, o que torna o candidato entediante ou interessante para quem ouve. É a

combinação das baixas e das elevações na qualidade da voz, do suave e profundo, dos

recursos e comandos, esse princípio determina o efeito que o discurso vai produzir na platéia.

Técnicas de utilização da voz são trabalhadas como dicção, impostação e modulação.

A longa experiência de promessas não cumpridas faz com que os eleitores desconfiem

de colocações pouco palpáveis. “O discurso político realmente sofre de um certo descrédito

que leva à rejeição de certas formas do discurso público.” (COURTINE, 1981, p.83)6

Grande parte desconhece ou tem uma idéia muito vaga de qual seja a função

legislativa de um parlamentar. O interesse de votar é maior na medida da clareza da finalidade

e objetivos a serem alcançados com participação do político. Nas eleições presidenciais o voto

tem valor, aos olhos dos eleitores pode trazer modificações para país. Para governador é um

pouco menos valioso, e assim sucessivamente, já que as atribuições dos cargos não são claras

5 COURTINE, Jean-Jaques. Metamorfoses do Discurso Político - Derivas da Fala Pública. Clara Luz, 1981.6 IBID.

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para a população.

Elemento indispensável é a pesquisa que fornece dados sobre as flutuações de

opiniões e sobre novas oportunidades ou estratégias para uma campanha, possibilitando uma

redução nos riscos das ações implantadas.

A pesquisa de opinião é o contínuo processo de aprender fatos e dados, e de adquirir

conhecimentos que permitam a uma pessoa sobreviver em um meio que pode mudar

constantemente. É uma forma de embasamento para que o candidato alcance suas metas,

mediante o ajustamento de suas políticas e plataformas às cambiantes condições do eleitorado.

Alicerça a campanha como um sistema de inteligência, prevenindo contra os perigos da

competição, novos riscos, além de indicar para o político novas estratégias.

Bil Trancer7, em seu livro “Click”, constata que se as pesquisas realmente funcionam

como profecias autorrealisáveis (se meu candidato tem tão pouco apoio nas pesquisas, por que

desperdiçar meu voto com ele?), resultados imprecisos podem alterar o comportamento dos

eleitores e, em última análise, os da eleição.

Outra visão interessante é de Freud8, em que descreve a dualidade entre ação

individual do indivíduo e a atitude totalmente modificada quando o indivíduo age em grupo.

Dessa forma, mudar e/ou fortalecer a imagem do candidato em relação à massa é a grande

sacada do marketing político.

O planejamento da pesquisa consiste em arrolar os fatores que possam favorecer ou

prejudicar a campanha ou a imagem do candidato. A reunião de alguns dados é indispensável

para se alcançar o panorama efetivo da realidade, como mensurar o tamanho da população

que se deseja atingir, verificar o poder aquisitivo e necessidades do eleitorado.

As Relações Públicas também se fundamentam na realidade, isto é, em fatos sobre o

eleitor e o seu lugar na comunidade. Situações sobre o que o público pensa a respeito de um

candidato, e nas próprias mudanças da opinião pública.

7 TANCER, Bill. Click: What Millions of People Are Doing Online and Why it Matters [Hardcover], 2008

8 FREUD, Sigmund Freud: Psicologia das Massas e Análise do eu

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A competição política se intensifica a cada eleição, a disputa é acirrada, os políticos

desejosos de conquistar votos, aumentam constantemente à multiplicidade de suas ofertas. O

eleitor já não limita sua procura às mesmas promessas e aos mesmos jargões que faziam no

passado, exige melhores condições de vida. Portanto, somente os candidatos que tiverem

conhecimento adequado desta situação e estiverem melhores estruturados, poderão satisfazer

tal procura.

Para ter sucesso em uma campanha devem-se fazer as perguntas certas às pessoas

certas e assim buscar no candidato as características esperadas pelo público. Não adianta

inventar. Tal como um produto, o eleitor não vai julgar apenas pela capa, é necessário

conteúdo, empatia e capacidade de persuasão.

Encontrar a maneira certa de perguntar algo a alguém é o que dá qualidade a uma

pesquisa. A análise sobre os pontos que realmente inferem em determinado tema devem ser

explanados no questionário de forma clara e objetiva, evitando a fuga da resposta ou a sua

distorção.

O interessante é descobrir quem é, e o que querem os eleitores. Principalmente os que

não decidiram ainda ou os que tendem a mudar de voto.

Para elaboração, aprimoramento e conclusão das pesquisas utilizadas em uma

campanha política é necessário consultar fontes de dados como jornais, publicações de

instituições que trazem informações comerciais e dados econômicos, a fim de auxiliar o

comércio e a indústria; associações profissionais, comerciais e trabalhistas também fornecem

dados valiosos; algumas organizações internacionais, especialmente as afiliadas às Nações

Unidas, produzem literatura de consulta obrigatória e serviços informativos de instituições

governamentais, públicas e privadas, universidades, escolas técnicas, institutos de pesquisa,

bibliotecas e associações de negócios oferecem amiúde, soluções para problemas das

empresas e pessoas.

Uma campanha exige toda atenção e cuidado por parte da equipe de marketing na hora

de montagem do plano estratégico.

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Grande repercussão se alcança utilizando programas de rádio ou de televisão já

consagrados pelo público, em que se debatem principalmente problemas do dia-a-dia da

população.

Gabriel Rossi9 nas Eleições de 2010 em uma entrevista sobre seu artigo chamado “A

Internet e as Eleições” disse que as mídias sociais são amplificadores de princípios cardinais

que tornam uma marca política forte. E que antes de qualquer coisa, por exemplo, marcas

políticas são alicerçadas em cima de carisma e narrativa e uma idéia única e diferenciada.

Assim as mídias sociais fizeram este preceito mais verdadeiro do que nunca. Por causa disso,

a metodologia de trabalho na internet considera diversas variáveis como: Proposta de

campanha, tamanho do partido, as lideranças fortes agregadas, capilaridade, reputação,

expectativa de votos, vulnerabilidade de relacionamento com diversos stakeholders, interesse

geral do público-alvo pela eleição, orçamento da campanha, avaliação de carisma do

candidato, votos de legenda, entre diversas outras coisas.

O número de usuários de Internet passou de pouco mais de 5 milhões, em 2000, para

75 milhões, em 2010. Os governos terão que lidar com a interferência direta de redes

organizadas, redes que, por sua vez, irão facilitar a ação coletiva em busca de soluções para

problemas comuns.

A inclusão de uma campanha política nas redes sociais, Orkut, Facebook, Twiter é

indispensável, chamado atualmente de marketing viral dentro da internet, além da utilização

dos SMS dos telefones celulares, considerados eficientíssimo em razão da leitura irresistível.

3 Conclusão

Dessa forma, mudar e/ou fortalecer a imagem do candidato em relação à massa é a

grande sacada do marketing político. No Brasil, em que a corrupção e a quantidade de

impostos superam-se a cada dia, o bom candidato é aquele, que na opinião da massa pode

mudar o país ou não deixá-lo perder as conquistas que alcançou até agora.

9 ROSSI, Gabriel / FORNAZIERI, Aldo. A Internet e as Eleições. O Estado de S.Paulo, 24/07/2010.

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“Não haveria, portanto, decisão nem ação possível no campo político sem a

consideração da opinião, para cuja fabricação as mídias intervêm. Encontramo-nos, assim, em

um jogo em que todos mudam sob a influência dos outros.” (CHARAUDEAU, 2006, p. 25)10

As redes atuais de comunicação fazem com que a participação esteja ao alcance de

cada cidadão e não apenas da chamada sociedade organizada, que muitas vezes se forma em

torno de grupos de interesse na defesa corporativa de posições de segmentos, em detrimento

do coletivo.

Possibilidade concreta de aumentar o papel da sociedade na formulação,

monitoramento e avaliação de políticas públicas.

É importante ressaltar que o eleitorado como um todo que decide uma eleição e não

uma classe específica da população. Se a grande maioria estiver insatisfeita com um

determinado candidato, desista, é necessário um novo foco de campanha, novas alianças e

uma nova estratégia, antes que seja tarde demais.

10 CHARAUDEAU, Patrick. Discurso Político. São Paulo: Contexto, 2006.

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4 Referências Bibliográficas

BAKHTIN, Mikhail. Marxismo e Filosofia da Linguagem. Hucitec, 1979.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso Político. São Paulo: Contexto, 2006.

COURTINE, Jean-Jaques. Metamorfoses do Discurso Político - Derivas da Fala Pública. Clara Luz, 1981.

FREUD, Sigmund Freud: Psicologia das Massas e Análise do eu, 1921.

ROSSI, Gabriel / FORNAZIERI, Aldo. A Internet e as Eleições. O Estado de S.Paulo, 24/07/2010.

STONER, James / FREMAN, Edward. Administração. Rio de Janeiro: Prentice Hall, 1992.

TANCER, Bill. Click: What Millions of People Are Doing Online and Why it Matters, Hardcove, 2008.

5 Agradecimentos

Agradeço ao meu professor Wedencley Alves por ter me incentivado e orientado na

realização de meu primeiro artigo científico e também ao Deputado Federal Coronel Garcia,

Deputado Federal Alexandre Santos e sua esposa Soraya Santos, Presidente do Instituto de

Pesos e Medidas que me ensinaram como atuar em uma campanha política.

Entregue por email em 01 de fevereiro de 2011.

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