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Herdeiros desinteressados Atração por novas tecnologias, as oportunidades e profissões que surgem, afastam o interesse dos jovens sucessores e geram novos conflitos de gerações em empresas familiares. Um dos temas mais delicados das empresas com controle familiar, é o processo de sucessão de sua direção e continuidade (ou não) pelas gerações sucessoras. Com a diversidade de novas tecnologias, novos hábitos e mudanças culturais, muitos jovens não demonstram o interesse nessa continuidade, não desejam repetir as histórias de seus pais e avôs e, mesmo com a veia empreendedora herdada de sua família, buscam novas áreas de negócios ou projetos profissionais próprios. Historicamente, em torno de 87% das empresas com controle familiar não sobrevivem até a terceira geração e 95% não chegam na quarta geração! Muitos empreendedores lutam e conseguem superar as dificuldades dos primeiros anos para manterem e prosperarem seus negócios. Só que mais a frente, quando se fala na sucessão familiar, deparam-se com esse novo fator de conflitos. O tema sucessão nas empresas familiares vincula fatores muito sensíveis e o envolvimento afetivo, onde fica em cheque todo o suor e história de vida investidos no negócio da família e o desapontamento de saber que seus filhos ou netos buscam outras frentes de negócio ou profissões. Nas culturas asiáticas e do oriente médio, essa questão é quase inexistente, pois normalmente o primogênito toma frente do negócio da família, sem nenhum questionamento dos outros irmãos ou netos e, os conselhos de família (informais ou não), que normalmente já tem estabelecidos esse critério de sucessão. “Essa “evasão” é frequente por esses novos fatores, mas em alguns casos, acabam sendo a melhor decisão para a sobrevivência do negócio”, explica o consultor em Finanças e Governança Corporativa, Gilberto Porto.

Herdeiros desinteressados | artigo (não editado) Governanca nas Empresas Familiares

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Herdeiros desinteressados

Atração por novas tecnologias, as oportunidades e profissões que surgem, afastam o interesse dos jovens sucessores e geram novos

conflitos de gerações em empresas familiares.

Um dos temas mais delicados das empresas com controle familiar, é o

processo de sucessão de sua direção e continuidade (ou não) pelas

gerações sucessoras.

Com a diversidade de novas tecnologias, novos hábitos e mudanças

culturais, muitos jovens não demonstram o interesse nessa continuidade, não desejam repetir as histórias de seus pais e avôs e,

mesmo com a veia empreendedora herdada de sua família, buscam

novas áreas de negócios ou projetos profissionais próprios.

Historicamente, em torno de 87% das empresas com controle familiar não sobrevivem até a terceira geração e 95% não

chegam na quarta geração!

Muitos empreendedores lutam e conseguem superar as dificuldades

dos primeiros anos para manterem e prosperarem seus negócios. Só que mais a frente, quando se fala na sucessão familiar, deparam-se

com esse novo fator de conflitos.

O tema sucessão nas empresas familiares vincula fatores muito

sensíveis e o envolvimento afetivo, onde fica em cheque todo o suor e

história de vida investidos no negócio da família e o desapontamento de saber que seus filhos ou netos buscam outras frentes de negócio ou

profissões.

Nas culturas asiáticas e do oriente médio, essa questão é quase

inexistente, pois normalmente o primogênito toma frente do negócio da família, sem nenhum questionamento dos outros irmãos ou netos

e, os conselhos de família (informais ou não), que normalmente já tem

estabelecidos esse critério de sucessão.

“Essa “evasão” é frequente por esses novos fatores, mas em alguns casos, acabam sendo a melhor decisão para a sobrevivência do

negócio”, explica o consultor em Finanças e Governança Corporativa,

Gilberto Porto.

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“Foram inúmeras as histórias de grupos familiares que quebraram ou

perderam o controle da família por inabilidade, total falta de aptidão e

insatisfação dos seus sucessores.

A insistência em manter um dirigente não qualificado ou sem aptidão,

gera conflitos e questionamentos dos outros parentes acionistas, descrédito de executivos profissionais e da própria equipe de

funcionários.

Assim aconteceu com a Sadia, Chocolate Garoto, cervejaria Guiness,

Gucci, entre outros que vivenciaram infortúnios, delapidação do patrimônio ou venda do negócio a grupos de investidores.

No entanto, há recentes casos de sucesso na busca de novas

perspectivas, mudanças de conceitos e reerguimento da marca da

família, justamente pela oxigenação na cultura dos negócios da família!”

As empresas com maior histórico de longevidade, estão geralmente

associadas a atividades muito tradicionais, com forte influência na

cultura e história familiar, algumas de setores primários da economia, mas ainda assim começam a sofrer a necessidade de adequação aos

novos tempos e tecnologias.

Desta forma, mesclar a tradição com a natural ansiedade das novas

gerações é a melhor receita de conciliação.

Conclusão

Sucessores bem preparados, com uma visão ampla dos negócios, eventualmente com outras experiências no mercado, poderão

desenvolver novas estratégias, estando melhores preparados para

assumirem riscos e oportunidades, garantindo a longevidade dos

negócios da família.

Estatísticas/ casos

Segundo um estudo da consultoria E&Y, Family Business

Yearbook 2014, das 5 empresas (originalmente) familiares mais

antigas da América Latina, 5 são brasileiras:

o Ypioca – 1846,

o Rotermund RS – 1877,

o Klabin – 1890 e

o Dierberg Óleos – 1893.

Num levantamento feito pelo Banco da Korea, das 900 empresas

familiares mais antigas, ainda em atividade no mundo (de 750 a

1700DC), atuam no ramo de alimentos, bebidas e hotelaria:

Hotéis 102 11,3 % Cervejarias 97 10,8 %

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Destilarias de sake 80 8,9 %

Restaurantes 68 7,5 %

Confecções 63 7,0 %

Vinícolas 44 4,9 %

Outros 447 49,6 % 901

Deste universo pesquisado, as empresas com mais de 200

anos estão sediadas no Japão (56%), seguidos pela

Alemanha (15%), Holanda (4%) e França (3,5%).

As empresas que empregam menos que 300 funcionários,

representam 89% da pesquisa, ou seja, micro e médio

porte.

CASES

Em 2006, o falecido banqueiro Moise Safra, vendeu ao seu irmão

Yoseph sua participação (50%) no Banco Safra, que hoje segue

sob a gestão dos sobrinhos, que particionaram entre si as áreas

de negócios do banco. Atualmente, concluído o processo de

sucessão, a instituição conseguiu manter a posição no ranking

dos maiores bancos nacionais.

Um recente exemplo de “oxigenação dos negócios” aconteceu

com a Petit H, nova marca da tradicional Maison Hermes de Paris.

A tataraneta (6ª geração) criou a nova marca a partir dos

refugos, itens rejeitados ou não aprovados pelo rigoroso padrão

de qualidade da marca principal.

Outras informações sobre Governança em Empresas Familiares em:

http://pt.slideshare.net/GilbertoPorto2/governanca-nas-empresas-familiares-casos-e-

licoes-gc-porto :

EXPLORE

A estrutura e reputação de sua marca

Agilidade em adaptar ou adotar novas frentes e áreas de

negócios

Potencial empresarial das novas gerações

INVISTA

Implementação das melhores práticas em Governança

Corporativa

Constante atualização do planejamento estratégico, a

partir da revisão e discussão do plano de negócios

Preparação “360º” de seus sucessores.

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Estatísticas sobre as mais antigas empresas familiares do

mundo, conforme a pesquisa do Bank of Korea.

OLDEST PER SECTOR NBR OF OLDEST PER COUNTRY

Hotel 102 11,3% Japão 3146 56,3%

Brewery 97 10,8% Alemanha 837 15,0%

Sake 80 8,9% Holanda 222 4,0%

Restaurant 68 7,5% França 196 3,5%

Confectionery 63 7,0% outros 1185 21,2%

Wine 44 4,9% 5586 100,0%

outros 447 49,6%

901 100,0%

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List of oldest companieshttp://en.wikipedia .org/wiki/Lis t_of_oldest_companies

ranking Year Company Current location Field

1 705 Nishiyama Onsen Keiunkan Japan Hotel

2 717 Koman Japan Hotel

3 718 Hoshi Ryokan Japan Hotel

4 760 TECH Kaihatsu Japan Machinery

5 771 Genda Shigyo Japan Paper bags

6 803 Stiftskeller St. Peter Austria Restaurant

7 862 Staffelter Hof Germany Wine

8 885 Tanaka-Iga Japan Religious goods

9 900 Sean's Bar Ireland Pub

10 953 The Bingley Arms UK Pub

11 970 Nakamura Shaji Japan Construction

12 1000 Château de Goulaine France Wine

13 1000 Marinelli Bell Foundry Italy Foundry

14 1000 Ichimonjiya Wasuke Japan Confectionery

15 1009 Sakan Ryokan Japan Hotel

16 1024 Shumiya-Shinbutsuguten Japan Religious goods

17 1040 Weihenstephan Germany Brewery

18 1050 Weltenburger Germany Brewery

19 1068 Otterton Mill UK Mill

20 1074 Affligem brewery Belgium Brewery

21 1074 Benediktinerstift Admont Austria Woodworking

22 1075 Takahan Ryokan Japan Hotel

23 1100 Schloss Johannisberg Germany Wine

24 1120 Zum Roten Bären Germany Hotel

25 1128 Grimbergen Belgium Brewery

26 1131 Arolsen Germany Brewery

27 1133 Tongerlo Belgium Brewery

28 1134 Geto Onsen Japan Hotel

29 1135 Munke Mølle Denmark Mill

30 1136 Aberdeen Harbour UK Harbour

31 1141 Barone Ricasoli Italy Wine

32 1141 Sudo Honke Japan Sake

33 1160 Tsuen Tea Japan Tea

34 1177 Gorobee Ame Japan Confectionery

35 1184 Fujito Japan Confectionery

36 1184 Kikuoka Japan Herbs

37 1189 Ito Tekko Japan Metalworking

38 1190 Shirasagiyu Tawaraya Japan Hotel

39 1191 Tosen Goshobo Japan Hotel

40 1191 Arima Onsen Okunobo Japan Hotel

41 1192 Yoshinoya Irokuen Japan Hotel

42 1198 The Brazen Head Ireland Pub

43 1203 Angel & Royal UK Hotel

44 1211 Schloss Vollrads Germany Wine

45 1239 Eyguebelle France Wine

46 1242 The Bear Inn UK Pub

47 1246 Sanct Peter Germany Hotel

48 1250 Wieliczka Poland Salt

49 1266 Freiberger Brauhaus Germany Brewery

50 1266 Privatbrauerei Bolten Germany Brewery

According to a report published by the Bank of Korea on May 14, 2008 investigating 41 countries, there were 5,586 companies

older than 200 years. From these 3,146 are located in Japan, 837 in Germany, 222 in the Netherlands and 196 in France. 89.4%

of the companies with more than 100 years of history are businesses employing fewer than 300 people. A nationwide Japanese

survey counted more than 21,000 companies older than 100 years as from September 30, 2009