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10 | Edição #32 | MEMóRIA Henry Maksoud Neto, que aprendeu com o avô tudo sobre hotelaria e hoje comanda o Grupo Maksoud Plaza

HOTEL ÍCONE

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Henry Maksoud Neto, que aprendeu com o avô tudo sobre hotelaria e hoje comanda o Grupo Maksoud Plaza

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• por Simone Galib

Clássico dos clássicos, o Maksoud Plaza completa em dezembro 35 anos. Além de ser o marco da internacionalização da hotelaria de luxo no país, recebeu hóspedes ilustres do mundo inteiro e seu teatro foi palco de shows gloriosos. Focado hoje no universo corporativo, o trintão mais charmoso de São Paulo continua fiel à excelência de serviços, sua marca registrada ao longo de mais de três décadas

A HISTÓRIA DE UMGRANDE HoTEL

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Quem vive, viveu ou passou

por São Paulo nas três últi-

mas décadas, com certeza

se hospedou, participou de almo-

ços, de jantares, de congressos ou

eventos de negócios, degustou um

chá da tarde servido com requinte,

tomou um drink no bar do lobby,

sob um teto de vidro transparente,

esticou a noite no Café Brasserie

Belavista, que funciona 24 horas,

frequentou o 150 Nightclub, assis-

tiu a shows internacionais inesque-

cíveis, foi a grandes festas black tie,

casamentos ou até mesmo passou

a lua de mel no Maksoud Plaza, um

hotel que se perpetuou por muito

tempo como símbolo do lifestyle e

ponto de encontro do hi society na

capital, tornando-se um clássico

da hotelaria do país, especialmen-

te nos anos 1980. Pioneiro na im-

plantação de conceitos asiáticos,

até então desconhecidos pelos bra-

sileiros, como vários restaurantes

de culinária distinta (hoje a grande

tendência mundial), na contrata-

ção de chefs europeus, em exibir

obras de arte na decoração e ofere-

cer um serviço cinco estrelas, que

não deixava nada a desejar ao das

grandes redes internacionais, o ho-

tel recebeu hóspedes ilustres, entre

políticos, banqueiros, membros da

realeza e grandes celebridades do

showbiz, que marcaram a memória

de muitos brasileiros.

Inaugurado em 1979, por Henry

Maksoud, engenheiro civil e eletri-

cista, além de empresário (foi dono

da revista Visão e da empresa de

engenharia Hidroservice), o hotel,

de 25 andares e 416 apartamentos,

completa em dezembro 35 anos de

atividades ininterruptas, passando

por diversas fases, algumas crises e

muitas reformas ao longo dos últi-

mos tempos. Mas, antes de se trans-

formar no ícone da hotelaria de luxo

de São Paulo, o terreno de 12 mil

m², na alameda Campinas, a uma

quadra da avenida Paulista, princi-

pal centro financeiro da capital, era

ocupado pela Abadia Beneditina,

onde viviam freiras enclausuradas.

O empresário, que faleceu aos 85

anos, em abril último, vítima de pa-

rada cardíaca, comprou o terreno

em 1976, depois de muita negocia-

ção e uma relação de amizade com

a irmandade. “Antes de meu avô

falecer, a madre Tereza conseguiu

permissão para deixar a clausura e

vir almoçar com ele aqui no hotel”,

conta Henry Maksoud Neto, hoje no

comando do Grupo Maksoud Plaza.

Aliás, familiaridade com o local

que administra ele tem de sobra.

Maksoud Neto, 39 anos, passou boa

Obra de arte em alumínio, de Yutaka Toyota, é a marca registrada do lobby

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parte de sua infância e adolescência

no hotel, onde começou trabalhar

aos 15 anos. Ao lado do avô, foi ga-

nhando experiência nas mais diver-

sas áreas, como controle, marketing,

cozinha, sistemas e recursos huma-

nos. Graduado em economia pela

Universidade Mackenzie, em 2001,

ele se tornou diretor de operações

e assumiu este ano a presidência.

Hoje, seu grande desafio é consolidar

a nova fase do Maksoud, basicamen-

te focado no viajante de negócios,

mas sem abrir mão da excelência de

serviços, que sempre foi a marca re-

gistrada do cinco estrelas.

NOVOS TEMPOSNos últimos 35 anos, o mundo

mudou, o Brasil idem, as cadeias

hoteleiras internacionais aqui se

instalaram e o conceito de luxo no

setor, principalmente no universo

corporativo, também hoje é outro.

“As pessoas não buscam o luxo

pelo luxo. O homem de negócios é

prático, rápido e objetivo. Não quer

champanhe gelada, mas um quarto

confortável, com um bom banheiro

e serviços muito eficientes”, afir-

ma. Como desde o início de sua his-

tória o hotel sempre realizou con-

gressos, hoje se solidificou como

especialista em grandes eventos,

especialmente os congressos mé-

dicos. Há também uma fidelidade

de clientes (70% dos hóspedes são

executivos) e do staff - 40% dos

funcionários, por exemplo, traba-

lham há mais de dez anos na casa.

Os apartamentos oferecem room

service dia e noite e têm sensor de

presença, ou seja, a camareira sabe

quando o hóspede está ou não no

quarto, para preservar sua privaci-

dade. “Se alguém quiser falar com

o gerente geral à meia-noite, ele

fala. Sou barriga no balcão, atendo

24 horas e respondo pessoalmente

a todas as reclamações”, diz Henry

Maksoud Neto. O tradicional hotel

também não cobra taxa de serviços

na hospedagem, nem em seus res-

taurantes.

Por ser um empreendimento fa-

miliar, sem os recursos das grandes

redes internacionais, o Maksoud

Plaza precisou se adaptar às novas

exigências do mercado, aos poucos,

e a estratégia adotada foram as re-

formas, que ali são constantes. “Não

tenho dinheiro. Então, o tempo todo

preciso fazer melhorias”, conta. E

uma das mudanças mais importan-

tes dos últimos anos foi a amplia-

ção do heliponto, em 2011, o único

homologado na região da avenida

Paulista, com capacidade de cinco

toneladas, acesso exclusivo ao ho-

tel e que também pode ser utilizado

pelos não hóspedes para embarque

e desembarque rápidos, mediante o

pagamento de uma taxa.

Não por acaso, o clássico da ho-

telaria de São Paulo é considerado

um dos espaços mais disputados

e funcionais para a realização de

encontros corporativos de empre-

sas e associações de vários setores

da economia. Tem uma área de 5

mil m² exclusiva para eventos, com

38 salas. O velho teatro-auditório,

onde tanta gente importante su-

biu ao seu palco, hoje é um local

de palestras, videoconferências e

concertos do Cultura Artística. Para

eventos mais exclusivos, com um

número restrito de participantes,

os empresários podem utilizar ain-

da o Skyline Lounge Club, no 22º

andar, com uma vista de São Paulo

de perder o fôlego.

GASTRONOMIA,CULTURA E ARTE

O visionário Henry Maksoud

inaugurou o seu grande hotel, há

mais de 30 anos, com o conceito

que o setor seguiria no século 21,

ou seja, reuniu em um só espaço

gastronomia de alta qualidade, cul-

tura, lazer e excelência de serviços.

E os seus quatro restaurantes até

hoje funcionam a pleno vapor. O La

O Café Brasserie Belavista, que funciona 24 horas, com cardápio completo

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Cuisine du Soleil, por exemplo, ser-

ve um menu dos quatro continen-

tes. O Café Brasserie Belavista – um

dos poucos 24 horas àquela época e

tão frequentado pelos paulistanos –

continua com seu cardápio comple-

to, dia e noite. Para a happy hour há

o Batidas & Petiscos Bar, com vasta

carta de uísques e cachaças. E, por

fim, o Amaryllis, na entrada do ho-

tel, é um dos bares mais movimen-

tados – tanto para quem quer tra-

balhar ou simplesmente tomar um

café, acompanhado de um delicioso

brigadeiro, aliás, um dos clássicos

da casa. E, por falar em tradição,

o hotel ainda serve o chá da tarde,

como nos velhos e bons tempos.

Como Henry Maksoud, além de

empresário, era um grande aprecia-

dor de obras de arte, foi adquirindo

ao longo da vida um bom acervo,

que pode ser visto ainda hoje por

todo o hotel. No lobby, há uma das

maiores obras de concreto armada,

assinada pela artista plástica ítalo-

-brasileira Maria Bonomi. Com 4,2

metros de altura, ela surgiu de um

pedido do próprio Henry à artista,

que a batizou de Arrozal de Benguet,

uma referência às plantações de

arroz das Filipinas. A ousada obra,

que impactou a crítica especializa-

da e a própria hotelaria nos anos

1970, completa 35 anos também

em dezembro. O lobby ainda abriga

outra mega escultura de alumínio,

de autoria do artista japonês Yu-

taka Toyota, pendendo do teto, do

22º andar até o 2º, iluminada natu-

ralmente pela cobertura de vidro

transparente, que até hoje é a iden-

tidade desse lendário hotel, o trin-

tão mais charmoso de São Paulo!

o Maksoud Plaza entrou para a história do país ao receber personalidades internacionais de grosso calibre. Por sua suíte presidencial Trianon, cuja diária hoje está em cerca de R$ 10 mil, passaram Frank Sinatra, Rolling Stones, Julio Iglesias, o ator Anthony Quinn, Sammy Davis Jr., a primeira ministra britânica Margaret Thatcher, conhecida como Dama de Ferro, e o príncipe Albert de Mônaco, entre tantas outras estrelas. A Bela Vista, por exemplo, com uma visão estonteante da região da Paulista, era conhecida como “a suíte de ACM” por ser a preferida do político baiano Antônio Carlos Magalhães. Aliás, o ano de 1981 foi glorioso para o hotel por ter sido o palco dos quatro últimos shows de Sinatra no Brasil.outro momento marcante aconteceu em 1992, quando Axl Rose, vocalista da banda Guns N´Roses) atirou da janela de sua suíte uma cadeira por sentir-se irritado com os jornalistas que o aguardavam do lado de fora. em 1999, o hotel também serviu de cenário para a novela Torre de Babel, da Globo. Henry Maksoud Neto diz que “sofre até hoje” por não ter conhecido Sinatra, seu grande ídolo. “Tenho paixão por ele.” À época, ele tinha 5 anos de idade.os tempos mudaram, o glamour ficou para trás, muitas dessas estrelas que ali estiveram também já faleceram, mas o Maksoud continua sua trajetória na hotelaria cinco estrelas. Maksoud Neto diz que quer reativar o famoso teatro, mantendo uma programação constante. Por isso, busca peças que estejam interessadas em se apresentar ali. o executivo afirma estar ainda a procura de lojas temáticas que queiram se instalar nos amplos espaços do hotel. A vida no lendário prédio da Alameda Campinas continua a pleno vapor!

CHÃO DE ESTRELAS

A Abadia Beneditina que ocupava antes o terreno de 12 mil m², da al. Campinas

A suíte Bela Vista Premium era a preferida de Antônio Carlos Magalhães

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