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O CRÉDITO E O TRÂNSITO Com certeza você deve estar se perguntando o que tem a ver o trânsito com o crédito. Que relação poderá existir entre a conduta de um motorista de um veículo no trânsito e a possível conduta desse cidadão com relação ao crédito? Talvez, realmente não exista, talvez eu esteja sendo preconceituoso ou esteja procurando “chifre em cabeça de cavalo” ou ainda esteja sendo influenciado pelo aborrecimento que sinto todos os dias ao sair de casa e enfrentar o trânsito de nossas ruas e sobreviver a uma verdadeira guerrilha urbana proporcionada por motoristas de todos os matizes. Nessa luta diária tenho observado motoristas que não nos respeitam, que ultrapassam pela direita, que nos trancam, que dobram sem dar sinal, que freiam bruscamente, que buzinam sem necessidade, que xingam as nossas mães, que ultrapassam os sinais vermelhos, que param em cima das faixas de pedestres e são protagonistas das mais absurdas barbeiragens e nos deixam estressados. Fazem tudo isso porque querem sempre levar vantagens. São seguidores da Lei de Gerson. Não importa o desconforto e os aborrecimentos que nos causem, o importante é que se dêem bem. Bom e daí? O que uma coisa tem a ver com a outra? Acredito que esse tipo de comportamento deixa claro que quem comete esses pequenos “delitos”, desrespeitando o direito dos outros, colocando as nossas vidas em risco, com certeza cometerá outros “pequenos deslizes” para se sentir “esperto”. Esse cidadão ao começar um processo de crédito deverá, com toda certeza, no mínimo, tentar burlar as nossas exigências. Caso consiga, a operação terá grandes possibilidades de se desviar a finalidade e engrossar a nossa inadimplência. Ora, nós que trabalhamos em uma instituição financeira e sabemos ser o crédito, sobretudo, uma relação de confiança, como poderemos acreditar em alguém que tenta levar sempre vantagem? Com certeza, no futuro, nos dará muito trabalho e será fortíssimo candidato a registros no SPC e/ou SERASA. Que fazer? Nada. Infelizmente não temos como saber como ele se comporta no trânsito e muito menos na hora dos futuros pagamentos. Não vamos seguí- lo pelas nossas ruas e essa exigência não consta em nossas normas de concessão ao crédito. Apenas serve para refletirmos sobre o nosso comportamento e entendermos que ao cometermos pequenos deslizes estamos nos credenciando a cometer no futuro delitos muito maiores. Longe de querer filosofar, o que nos sobra destas nossas observações é a importância do “ cadastro falado”, devemos conversar com os nossos futuros clientes. Nada como uma boa prosa para sabermos, inclusive, como se comporta no trânsito. Não devemos esquecer que uma operação terá sucesso e retorno quando começar bem.

O crédito e o trânsito

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O CRÉDITO E O TRÂNSITO

Com certeza você deve estar se perguntando o que tem a ver o trânsito com o

crédito. Que relação poderá existir entre a conduta de um motorista de um

veículo no trânsito e a possível conduta desse cidadão com relação ao crédito?

Talvez, realmente não exista, talvez eu esteja sendo preconceituoso ou esteja

procurando “chifre em cabeça de cavalo” ou ainda esteja sendo influenciado

pelo aborrecimento que sinto todos os dias ao sair de casa e enfrentar o

trânsito de nossas ruas e sobreviver a uma verdadeira guerrilha urbana

proporcionada por motoristas de todos os matizes.

Nessa luta diária tenho observado motoristas que não nos respeitam, que

ultrapassam pela direita, que nos trancam, que dobram sem dar sinal, que

freiam bruscamente, que buzinam sem necessidade, que xingam as nossas

mães, que ultrapassam os sinais vermelhos, que param em cima das faixas de

pedestres e são protagonistas das mais absurdas barbeiragens e nos deixam

estressados. Fazem tudo isso porque querem sempre levar vantagens. São

seguidores da Lei de Gerson. Não importa o desconforto e os aborrecimentos

que nos causem, o importante é que se dêem bem.

Bom e daí? O que uma coisa tem a ver com a outra?

Acredito que esse tipo de comportamento deixa claro que quem comete esses

pequenos “delitos”, desrespeitando o direito dos outros, colocando as nossas

vidas em risco, com certeza cometerá outros “pequenos deslizes” para se

sentir “esperto”. Esse cidadão ao começar um processo de crédito deverá, com

toda certeza, no mínimo, tentar burlar as nossas exigências. Caso consiga, a

operação terá grandes possibilidades de se desviar a finalidade e engrossar a

nossa inadimplência.

Ora, nós que trabalhamos em uma instituição financeira e sabemos ser o

crédito, sobretudo, uma relação de confiança, como poderemos acreditar em

alguém que tenta levar sempre vantagem? Com certeza, no futuro, nos dará

muito trabalho e será fortíssimo candidato a registros no SPC e/ou SERASA.

Que fazer? Nada. Infelizmente não temos como saber como ele se comporta

no trânsito e muito menos na hora dos futuros pagamentos. Não vamos seguí-

lo pelas nossas ruas e essa exigência não consta em nossas normas de

concessão ao crédito. Apenas serve para refletirmos sobre o nosso

comportamento e entendermos que ao cometermos pequenos deslizes estamos

nos credenciando a cometer no futuro delitos muito maiores.

Longe de querer filosofar, o que nos sobra destas nossas observações é a

importância do “ cadastro falado”, devemos conversar com os nossos futuros

clientes. Nada como uma boa prosa para sabermos, inclusive, como se

comporta no trânsito. Não devemos esquecer que uma operação terá sucesso e

retorno quando começar bem.