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3 Jornal do Comércio - Porto Alegre Segunda-feira, 30 de junho de 2014 JC Empresas & Negócios Os dados da pesquisa revelam que... 91% dos candidatos não recebem retorno sobre sua entrevista de emprego Dos 9% que ganham resposta, 72% dizem não receber explicações do porquê não conseguiram a vaga 88% de todos os entrevistados disseram ser muito importante o retorno 95% dos profissionais gostariam de saber quando a vaga foi fechada 86% apreciariam saber quantos candidatos concorrem na mesma oportunidade 90% gostaram da ideia de ter um feedback automático do profissional de recursos humanos Por que os entrevistados querem retorno: 54% dizem que demonstra respeito a quem participou da entrevista 15% pensam que o feedback é ideal para não persistir no erro 15% gostariam de saber se têm chances em uma futura oportunidade 14% alegam que o retorno é para poder seguir em outras entrevistas de emprego 2% respondem que é para dar uma resposta a outro selecionador FONTE: CURRICULUM Saiba como se preparar para a entrevista A preparação para uma entrevista de emprego deve ser feita com o máximo de antecedência possível. O primeiro passo é ter certeza de que as qualificações, conhecimentos e habilidades es- tão em harmonia com a solicitação da vaga. Depois, é procurar saber se a missão e os valores da empresa são semelhantes aos de quem concorre à vaga. Tendo isso bem definido é manter a calma e, acima de tudo, ser honesto. A pessoa precisa ser ela mes- ma: não é hora de representações. Depois que o processo ocorrer, firme acordo com a empresa com perguntas do tipo “qual é o pró- ximo passo?”, “quando posso ligar?” ou “quando vocês darão a resposta?”. FONTE: JAIR BROLLO E NELSON BITTENCOURT Há 15 anos no mercado, a Curriculum lançou em seu site uma plataforma inteligente cha- mada MPS – Monitoramento de Processos Seletivos. A ferramenta oferece a possibilidade de o can- didato acompanhar cada etapa do processo seletivo em que está participando, desde o momento em que se candidatou à vaga. Com ela é possível saber quais as probabilidades de ser chamado para uma entrevista presencial sem depender da resposta verbal da empresa contratante, uma vez que o sistema é que dá o feedback com base nas ações que a compa- nhia realiza no site. Entre as outras informações que a ferramenta fornece, estão: se a vaga foi fechada ou continua aberta; com quantos candidatos o profissional concorre; e qual a aderência do perfil à vaga. Se- gundo a Curriculum, o fato do dia a dia de quem seleciona talentos ser corrido é o que fortalece o en- tendimento de que o MPS é uma boa ferramenta, já que a resposta vai automaticamente ao profissio- nal. “Por exemplo, se o currículo do candidato for visto 20 vezes e ele não for chamado, algo está er- rado. E o bom é que esse sistema ajuda a melhorar o documento através do nosso monitoramento”, incentiva Marcelo Abrileri, presi- dente da Curriculum. Plataforma ajuda a monitorar etapas da seleção, diz Abrileri CURRICULUM/DIVULGAÇÃO/JC Tecnologia atua a favor do candidato RECURSOS HUMANOS Retorno sobre processos seletivos é cada vez mais raro Leonardo Pujol Aumentou para 91% o núme- ro de pessoas que não recebem qualquer tipo de resposta sobre sua participação em uma entre- vista de emprego. A informação é da Curriculum, um dos principais portais de recrutamento do País, que avaliou o ambiente do mer- cado de trabalho no ano passado com mais de 9 mil pessoas. A alta é de oito pontos percentuais frente à pesquisa realizada em 2012 (9,6%), que registrava 83%. De certa forma, o dado preocupa o setor, mas não surpreende. Isso porque, embora o índice cresça a cada auditoria, as empresas fa- zem muito pouco para reverter o quadro. Porém, atestada a re- alidade dos processos seletivos, algumas dúvidas ficam: será que esse resultado tem possibilidade de reversão? Como fica a imagem da empresa para o candidato? E, afinal, como esse desfecho impac- ta na vida do cidadão? Com uma taxa de desempre- go que vem caindo ao longo dos anos, não é de se admirar que as companhias tenham que contra- tar mais trabalhadores. E, após a entrevista com os candidatos, muitas delas alegam o mesmo motivo: a ausência do feedback ocorre pela falta de tempo ou de pessoal para dar o retorno, e não por falta de vontade. “O pro- blema é que o setor de recursos humanos (RH) normalmente tem muitas tarefas, verbas curtas e profissionais limitados”, defende Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum. Segundo o executi- vo, a solução seria “melhorar a postura e o respeito para quem participa dos processos” com um sistema que desse algum tipo de resposta, ainda que negativa. O Alternativa é mudar a postura e também ir em busca de resposta junto ao empregador mesmo pensamento é comparti- lhado pelo diretor de desenvol- vimento e desenvolvimento hu- mano da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Nelson Bittencourt. Para ele, os contratantes estão indo na con- tramão do que a pessoa espera. “Alguns empregadores têm va- lores e princípios expressos na parede, mas que só funcionam em parte. Parece que para o res- to não interessa”, critica. Ainda assim, a importância que se dá ao receber ou não o re- torno após uma entrevista varia de pessoa para pessoa, mas, se- gundo o psicólogo Jair Brollo, na maioria das vezes ocorrem dois fenômenos. Primeiro, há eleva- ção do nível de ansiedade. Pos- teriormente, surge a frustração. Conforme o especialista, a falta de uma resposta é desanimado- ra e pode ter como consequência uma queda de autoestima e de perspectiva com relação à colo- cação ou reinserção no mercado de trabalho. “É aí que se instaura um mundo de incertezas na vida dessas pessoas”, sustenta. Por isso, a também psicóloga e psica- nalista Mariana Steiger Ungaretti diz que seria ideal os entrevista- dores entrarem em contato nova- mente. “Por parte da empresa é até uma consideração, porque, às vezes, o erro não está no can- didato e ele fantasia algo que na verdade não existe, causando da- nos ao seu emocional”, pondera. O diretor de desenvolvimen- to da ABRH-RS classifica essa situação usando uma analogia vinda da Medicina. Bittencourt conta que já houve tempo em que a falta de retorno parecia ser um descompromisso endê- mico, mas hoje mudou de opi- nião: acredita piamente que é uma epidemia. “É preciso tomar cuidado para que isso não se tor- ne pandêmico, porque daí é irre- versível. Vira uma característica tão comum que você passa a achar isso normal, uma nature- za do mercado”, alerta. E já que as soluções estão demorando a acontecer, o jeito, segundo ele, é o candidato firmar uma espécie de contrato no final da entrevis- ta, dizendo que ele mesmo vai retornar para saber o resultado da seleção. “O acordo agrega va- lor, faz diferença. Isso demons- tra compromisso com você mes- mo e a empresa”, explica ele. Falta de resposta frustra quem está em busca de oportunidades JOÃO MATTOS/JC ENGENHO de ideias

Retorno sobre processos seletivos é cada vez mais raro

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3Jornal do Comércio - Porto Alegre Segunda-feira, 30 de junho de 2014JC Empresas& Negócios

Os dados da pesquisa revelam que...

91% dos candidatos não recebem retorno sobre sua entrevista de empregoDos 9% que ganham resposta, 72% dizem não receber explicações do porquê não conseguiram a vaga88% de todos os entrevistados disseram ser muito importante o retorno95% dos profissionais gostariam de saber quando a vaga foi fechada86% apreciariam saber quantos candidatos concorrem na mesma oportunidade90% gostaram da ideia de ter um feedback automático do profissional de recursos humanos

Por que os entrevistados querem retorno:54% dizem que demonstra respeito a quem participou da entrevista15% pensam que o feedback é ideal para não persistir no erro15% gostariam de saber se têm chances em uma futura oportunidade14% alegam que o retorno é para poder seguir em outras entrevistas de emprego2% respondem que é para dar uma resposta a outro selecionador

FONTE: CURRICULUM

Saiba como se preparar para a entrevista

A preparação para uma entrevista de emprego deve ser feita com o máximo de antecedência possível. O primeiro passo é ter certeza de que as qualificações, conhecimentos e habilidades es-tão em harmonia com a solicitação da vaga. Depois, é procurar saber se a missão e os valores da empresa são semelhantes aos de quem concorre à vaga. Tendo isso bem definido é manter a calma e, acima de tudo, ser honesto. A pessoa precisa ser ela mes-ma: não é hora de representações. Depois que o processo ocorrer, firme acordo com a empresa com perguntas do tipo “qual é o pró-ximo passo?”, “quando posso ligar?” ou “quando vocês darão a resposta?”.

FONTE: JAIR BROLLO E NELSON BITTENCOURT

Há 15 anos no mercado, a Curriculum lançou em seu site uma plataforma inteligente cha-mada MPS – Monitoramento de Processos Seletivos. A ferramenta oferece a possibilidade de o can-didato acompanhar cada etapa do processo seletivo em que está participando, desde o momento em que se candidatou à vaga. Com ela é possível saber quais as probabilidades de ser chamado para uma entrevista presencial sem depender da resposta verbal da empresa contratante, uma vez que o sistema é que dá o feedback com base nas ações que a compa-nhia realiza no site.

Entre as outras informações que a ferramenta fornece, estão: se a vaga foi fechada ou continua aberta; com quantos candidatos o profissional concorre; e qual a aderência do perfil à vaga. Se-gundo a Curriculum, o fato do dia a dia de quem seleciona talentos ser corrido é o que fortalece o en-tendimento de que o MPS é uma boa ferramenta, já que a resposta

vai automaticamente ao profissio-nal. “Por exemplo, se o currículo do candidato for visto 20 vezes e ele não for chamado, algo está er-rado. E o bom é que esse sistema ajuda a melhorar o documento através do nosso monitoramento”, incentiva Marcelo Abrileri, presi-dente da Curriculum.

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RECURSOS HUMANOS

Retorno sobre processos seletivos é cada vez mais raro

Leonardo Pujol

Aumentou para 91% o núme-ro de pessoas que não recebem qualquer tipo de resposta sobre sua participação em uma entre-vista de emprego. A informação é da Curriculum, um dos principais portais de recrutamento do País, que avaliou o ambiente do mer-cado de trabalho no ano passado com mais de 9 mil pessoas. A alta é de oito pontos percentuais frente à pesquisa realizada em 2012 (9,6%), que registrava 83%. De certa forma, o dado preocupa o setor, mas não surpreende. Isso porque, embora o índice cresça a cada auditoria, as empresas fa-zem muito pouco para reverter o quadro. Porém, atestada a re-alidade dos processos seletivos,

algumas dúvidas ficam: será que esse resultado tem possibilidade de reversão? Como fica a imagem da empresa para o candidato? E, afinal, como esse desfecho impac-ta na vida do cidadão?

Com uma taxa de desempre-go que vem caindo ao longo dos anos, não é de se admirar que as companhias tenham que contra-tar mais trabalhadores. E, após a entrevista com os candidatos, muitas delas alegam o mesmo motivo: a ausência do feedback ocorre pela falta de tempo ou de pessoal para dar o retorno, e não por falta de vontade. “O pro-blema é que o setor de recursos humanos (RH) normalmente tem muitas tarefas, verbas curtas e profissionais limitados”, defende Marcelo Abrileri, presidente da Curriculum. Segundo o executi-vo, a solução seria “melhorar a postura e o respeito para quem participa dos processos” com um sistema que desse algum tipo de resposta, ainda que negativa. O

Alternativa é mudar a postura e também ir em busca de resposta junto ao empregador

mesmo pensamento é comparti-lhado pelo diretor de desenvol-vimento e desenvolvimento hu-mano da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Rio Grande do Sul (ABRH-RS), Nelson Bittencourt. Para ele, os contratantes estão indo na con-tramão do que a pessoa espera. “Alguns empregadores têm va-lores e princípios expressos na parede, mas que só funcionam em parte. Parece que para o res-to não interessa”, critica.

Ainda assim, a importância que se dá ao receber ou não o re-torno após uma entrevista varia de pessoa para pessoa, mas, se-gundo o psicólogo Jair Brollo, na maioria das vezes ocorrem dois fenômenos. Primeiro, há eleva-ção do nível de ansiedade. Pos-teriormente, surge a frustração. Conforme o especialista, a falta de uma resposta é desanimado-ra e pode ter como consequência uma queda de autoestima e de perspectiva com relação à colo-cação ou reinserção no mercado de trabalho. “É aí que se instaura um mundo de incertezas na vida dessas pessoas”, sustenta. Por isso, a também psicóloga e psica-nalista Mariana Steiger Ungaretti

diz que seria ideal os entrevista-dores entrarem em contato nova-mente. “Por parte da empresa é até uma consideração, porque, às vezes, o erro não está no can-didato e ele fantasia algo que na verdade não existe, causando da-nos ao seu emocional”, pondera.

O diretor de desenvolvimen-to da ABRH-RS classifica essa situação usando uma analogia vinda da Medicina. Bittencourt conta que já houve tempo em que a falta de retorno parecia ser um descompromisso endê-mico, mas hoje mudou de opi-nião: acredita piamente que é uma epidemia. “É preciso tomar cuidado para que isso não se tor-ne pandêmico, porque daí é irre-versível. Vira uma característica tão comum que você passa a achar isso normal, uma nature-za do mercado”, alerta. E já que as soluções estão demorando a acontecer, o jeito, segundo ele, é o candidato firmar uma espécie de contrato no final da entrevis-ta, dizendo que ele mesmo vai retornar para saber o resultado da seleção. “O acordo agrega va-lor, faz diferença. Isso demons-tra compromisso com você mes-mo e a empresa”, explica ele.

Falta de resposta frustra quem está em busca de oportunidades

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