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Usar uma fábrica de carros

como modelo para uma fábrica

de prédios parece uma ideia

estranha, mas já existe e deu

tão certo que vem colecionando

prêmios. A Solução Habitacional

Precon une industrialização

à sustentabilidade - o sistema

consegue uma redução de

resíduos que chega a 81%, além

de rapidez, previsibilidade de

prazos e orçamento, e ainda

possibilita o uso de mão de

obra feminina numa área

tradicionalmente masculina

e dependente de força física.

Trocando músculos por

tecnologia, as mulheres

já são 30% da equipe da

linha de produção.

Paula Ferreira

A Precon foi fundada em 1963, como uma fábrica

de postes e estacas para fundações. Os últimos

20 anos dedicados a pesquisa e desenvolvimento

(P&D) criaram outros tipos de alicerce: foram a base para

a criação de um sistema industrializado com tecnologia

própria, já em processo de patente junto ao INPI. Esse mé-

todo traz o conceito de montadora para a construção civil.

Nessa analogia, a Precon produz em suas fábricas os

“chassis” (estrutura de pilares, vigas, lajes, as paredes de

vedação de tijolo com revestimento, esquadrias e insta-

lações), transporta e faz a montagem no local das obras

com tecnologia específica. Após essa etapa, começa a fase

de acabamentos, feita por meio de kits industrializados.

A montagem, que substitui as fases de estrutura,

alvenaria e revestimentos, leva, em média, 23 dias para

um prédio de quatro andares, o que é pelo menos duas

vezes mais rápido que uma obra tradicional, segundo a

empresa. Além de haver mais garantia no prazo de en-

trega, o sistema também demanda menos mão de obra,

o que diminui custos.

E não foram só os gastos que encolheram – os resíduos

também. “O sistema foi todo pensado do zero com a sus-

tentabilidade como premissa”, explica Marcelo Miranda,

CEO da Precon Engenharia. Comparando com a referência

brasileira de construção convencional, o método da Precon

gera 81% menos resíduos, o que significa uma redução

de cerca de seis toneladas por apartamento construído de

cerca de 48m². “Como temos a fabricação dos ‘chassis’ em

série, com rígido controle em plantas industriais, e como

estamos industrializando também as etapas de acabamen-

to, conseguimos reduzir drasticamente o desperdício de

materiais na fábrica e na obra”, explica Marcelo, acrescen-

tando que essa metodologia proporciona também menos

caçambas ocupando calçadas, menos caminhões gerando

trânsito e poluição, e menos resíduos nos aterros.

Todas as fôrmas utilizadas no processo são metálicas e

podem ser reutilizadas diversas vezes, evitando sua substi-

tuição para a produção de cada novo componente, como

acontece na construção tradicional. Além disso, dispensam

o uso de madeira, que faz da indústria da construção uma

das grandes responsáveis pelo desmatamento no Brasil.

Como as fôrmas usadas são ergonômicas, o trabalha-

dor não precisa ficar carregando peso e se abaixando, o

que teve outra consequência interessante: “Conseguimos

utilizar em nossa fábrica cerca de 30% de mão de obra de

mães de família da região, que nunca teriam oportunidades

na indústria tradicional da construção civil”, conta Marcelo.

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As mulheres começaram a ser admitidas

há cerca de dois anos, quando foi instalada

a linha definitiva de produção do sistema

construtivo industrializado para o setor habi-

tacional. Elas exercem funções variadas, como

colocação de componentes, acabamento e

verificação final.

A preocupação com sustentabilidade per-

meia todos os projetos. A empresa promove

educação ambiental dos trabalhadores e mora-

dores, faz paisagismo com espécies nativas, cria

estruturas para coleta seletiva, enfatiza o uso de

iluminação natural, lâmpadas de baixo consumo

e dispositivos economizadores em áreas comuns,

além de utilizar madeira certificada.

Os empreendimentos da Precon são vol-

tados para o público com renda entre três e

dez salários mínimos, a faixa dois do Programa

Minha Casa Minha Vida. Estão em construção

atualmente cerca de mil unidades e serão lan-

çadas cerca de mais mil ainda em 2013.

Pesquisa própria

O departamento de Engenharia da Precon

tem cerca de 30 pessoas, entre engenheiros e

estagiários. Parte desse time se dedica em tempo

integral ao desenvolvimento de soluções e me-

lhorias para o sistema construtivo habitacional.

“Algumas parcerias foram utilizadas, geralmente

para testes de desempenho, mas o cerne das nossas

pesquisas sempre foi com equipe própria”, relata

Marcelo. Foram testados sistemas diversos, de aço

com concreto, só de concreto, concreto com blocos

de concreto celular, entre outros, até chegarem ao

sistema atual com viabilidade técnica, econômica

e sustentabilidade. O sistema final foi testado nos Estão em construção atualmente cerca de mil unidades e serão lançadas cerca de mais mil ainda em 2013

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laboratórios da UFMG, Instituto Falcão Bauer e IPT.

O reconhecimento tem vindo de várias fontes.

A Precon foi a primeira empresa do Brasil certificada

em sustentabilidade em um empreendimento do

Minha Casa Minha Vida pelo Selo Azul da Caixa

Econômica Federal. Além disso, recebeu o Prêmio

Eco 2012 (o mais antigo de sustentabilidade empre-

sarial do País, organizado pela Amcham - Câmara

Americana de Comércio Brasil-Estados Unidos e

pelo jornal Valor Econômico), o Prêmio CBIC 2012

de Inovação e Sustentabilidade (da Câmara Brasi-

leira da Indústria da Construção), e o Prêmio Furnas

Ouro Azul 2012. O trabalho também virou case na

Fundação Dom Cabral, classificada em 2011 como a

quinta melhor escola de negócios do mundo pelo

Financial Times, que desenvolveu um estudo chama-

do “Inovação, Industrialização e Sustentabilidade:

a solução habitacional Precon”.

A empresa tem sede em Belo Horizonte e seis

unidades em Minas Gerais, Goiás, Rio de Janeiro,

Pernambuco e Alagoas. Gera quase dois mil em-

pregos diretos e tem cerca de 11 milhões de metros

quadrados em banco de terrenos. É líder no merca-

do de pré-fabricados de concreto em Minas Gerais

e atua em toda a região Sudeste, além de trabalhar

com incorporação imobiliária e de galpões.

Em novembro passado, a Precon participou

do 7º Fórum Abertura de Capital, promovido

pela FINEP e pela BM&FBOVESPA - Bolsa de

Valores e da Bolsa de Mercadorias & Futuros,

em São Paulo. Durante o evento, três empresas

de capital fechado apresentaram seus negó-

cios para um público formado por investidores

institucionais, bancos, corretoras e gestores

de capital de risco, com o objetivo de aproximá-las

do mercado e prepará-las para uma futura aber-

tura de capital. �Estão em construção atualmente cerca de mil unidades e serão lançadas cerca de mais mil ainda em 2013

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