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ESTADO DE PERNAMBUCO

TRIBUNAL DE CONTAS

CONSELHEIROS Valdecir Fernandes Pascoal (Presidente) Carlos Porto de Barros (Vice-presidente)

Marcos Coelho Loreto Dirceu Rodolfo de Melo Júnior

João Henrique Carneiro Campos Ranilson Brandão Ramos

Maria Teresa Caminha Duere

AUDITORES-SUBSTITUTOS Ruy Ricardo Weyer Harten Júnior (Auditor Geral)

Marcos Flávio Tenório de Almeida Carlos Barbosa Pimentel

Alda Magalhães de Carvalho Carlos Mauricio Cabral Figueiredo Luiz Arcoverde Cavalcanti Filho

Marcos Antônio Rios da Nóbrega Adriano Cisneiros da Silva Ricardo José Rios Pereira

MINISTÉRIO PÚBLICO DE CONTAS Cristiano da Paixão Pimentel (Procurador-Geral)

Eliana Maria Lapenda de Moraes Guerra Germana Galvão Cavalcanti Laureano

Gilmar Severino de Lima Guido Rostand Cordeiro Monteiro

Gustavo Massa Ferreira Lima Maria Nilda da Silva

Ricardo Alexandre de Almeida Santos

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Apresentação

Desde o início do processo de redemocratização, o Brasil vem experimentando uma

série de avanços, como a estabilidade monetária, a geração de milhões de empregos, a redução

das desigualdades e o fortalecimento das instituições políticas.

Não obstante, o país enfrenta um conjunto de desafios para alcançar patamares de

desenvolvimento econômico e social dos países mais avançados. Esses desafios estão relacionados

à atuação do Estado, por seu protagonismo em nosso processo de crescimento, seja no papel de

regulador, de prestador de serviços ou de investidor.

O preceito constitucional que prevê a construção da República Federativa do Brasil por

meio da união indissolúvel dos estados e municípios e do Distrito Federal acabou ensejando a

repartição desse protagonismo entre os diversos entes federados. Por esse motivo, é essencial

uma atuação harmônica, coordenada, eficiente e articulada entre todos esses atores.

Para que isso ocorra, acreditamos que é necessário um constante diálogo

interinstitucional federativo, com foco no aperfeiçoamento da administração pública e no

desenvolvimento nacional integrado em benefício da sociedade.

Cremos também que o sistema de tribunais de contas do Brasil pode contribuir de

modo significativo nesse processo, por meio da identificação de questões críticas, os chamados

“gargalos”, existentes em áreas estratégicas do país que prejudicam o nosso pleno

desenvolvimento, bem como da apresentação de contribuições que visem solucioná-las.

É exatamente o objetivo do trabalho que ora se apresenta!

Para colaborar com o diálogo entre os governantes eleitos neste ano de 2014, cada

tribunal de contas elaborou relatório contendo um diagnóstico sobre no mínimo três e no máximo

cinco funções de governo, escolhidas dentre as áreas temáticas da saúde, educação, previdência

social, segurança pública e infraestrutura.

O resultado trazido é fruto de várias iniciativas de atuação individual ou conjunta entre

os tribunais de contas, com especial destaque os relatórios das Contas de Governo e para as

auditorias coordenadas.

Este último instrumento possibilitou o fornecimento de uma visão ampliada sobre os

grandes temas de interesse da população brasileira, contribuindo sobremaneira para se chegar

aos diagnósticos apresentados. Temos convicção de que o formato exitoso da parceria entre

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tribunais de contas, a Atricon e o Instituto Rui Barbosa possa ser uma boa inspiração para o

diálogo interinstitucional entre os governantes eleitos.

Outras organizações importantes de nossa sociedade como as confederações

patronais e dos empregados e os conselhos de fiscalização profissional estão apresentando

trabalhos semelhantes. Com essa conjugação de esforços e a disponibilidade demonstrada pelas

nossas lideranças em manter um diálogo propositivo, o Brasil ganha um fórum importante de

debates, capaz, segundo nossa visão, de contribuir com os governantes eleitos em sua missão de

instituir políticas públicas com resultados mais aderentes às aspirações de nossa população.

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Sumário

Previdência Social .............................................................................................................................................. 6

CRESCENTE E CONTÍNUO DÉFICIT ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL – RPPS DO

ESTADO DE PERNAMBUCO. ........................................................................................................................... 7

Saúde ............................................................................................................................................................... 16

BAIXA OFERTA DE LEITOS HOSPITALARES E EQUIPAMENTOS DE SAÚDE DA REDE SUS NO INTERIOR DO

ESTADO, RESULTANDO NUMA MIGRAÇÃO DE PACIENTES PARA OCUPAÇÃO

(INTERNAMENTO/PERMANÊNCIA) NA REGIÃO METROPOLITANA DA CAPITAL. ........................................ 17

Educação .......................................................................................................................................................... 28

INADIMPLÊNCIA ELEVADA DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS DOS REPASSES FINANCEIROS (REFINS) TANTO

DAS GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO (82,20%) QUANTO DAS ESCOLAS DA REDE PÚBLICA

ESTADUAL (61,79%). .................................................................................................................................... 29

Infraestrutura ................................................................................................................................................... 39

INEFICÁCIA DO ESTADO NAS AÇÕES DE LICENCIAMENTO E CONTROLE DE RESÍDUOS SÓLIDOS. ............... 40

ESTÁGIO INCIPIENTE DA GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA MAIORIA DOS ÓRGÃOS E

ENTIDADES ESTADUAIS, ELEVANDO O RISCO DE INEFICÁCIA, INEFICIÊNCIA E ANTIECONOMICIDADE DAS

AÇÕES EM CURSO E PROJETADAS. ............................................................................................................... 51

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Previdência Social

Crescente e contínuo déficit atuarial do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS do Estado de Pernambuco

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CRESCENTE E CONTÍNUO DÉFICIT ATUARIAL DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA SOCIAL –

RPPS DO ESTADO DE PERNAMBUCO.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A Portaria STN nº 407/2011, Vol. II (Manual dos Demonstrativos Fiscais), estabelece o modelo para elaboração do Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias, que deverá evidenciar, além das receitas e despesas previdenciárias, o resultado previdenciário do RPPS, e as reservas orçamentárias, destacando o saldo dos Investimentos do RPPS.

O Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do Regime Próprio dos Servidores Públicos do Estado de Pernambuco – período de referência janeiro a dezembro de 2012, transcrito parcialmente a seguir, registra um resultado previdenciário negativo (deficitário) no valor de R$

52,29 milhões.

O saldo final dos investimentos do RPPS/PE voltou a sofrer redução em 2012.1 Em 2011, o saldo era de R$ 89,17 milhões. Em 2012, baixou R$ 15,07 milhões em relação ao saldo de 2011, caindo para R$ 74,10 milhões ao final do exercício, conforme se observa no Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias do RPPS/PE2 (Quadro 42 do Balanço Geral – Exercício 2012).

Da mesma forma, os rendimentos auferidos com aplicações financeiras sofreram redução, caindo de R$ 16,19 milhões em 2011 para R$ 14,54 milhões em 20123, conforme se verifica no Demonstrativo em referência.

Evolução do saldo dos Investimentos do RPPS - Exercícios 2006/2012

A partir dos dados obtidos no Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciárias dos Servidores Públicos do Estado, referentes aos exercícios de 2006 a 2012, foram elaborados os gráficos a seguir que ilustram a evolução do saldo final dos investimentos do RPPS/PE e dos rendimentos auferidos nesse período.

1 Ao final de 2010, o saldo dos investimentos era de R$ 179,40 milhões. Em 2011, baixou para R$ 89,17 milhões. 2 O saldo dos investimentos é registrado, no grupo Reserva Orçamentária do RPPS, na conta Investimentos. 3 Os rendimentos auferidos são registrados, na conta Receita de Valores Mobiliários.

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No tocante ao saldo final dos investimentos, em 2006 e 2007, o saldo apresentava-se um pouco acima de R$ 100 milhões. Em 2008, passou para R$ 165,54 milhões. Em 2009, baixou para R$ 157,66 milhões. Em 2010, voltou a aumentar para R$ 179,39 milhões. Em 2011, sofreu redução de quase 50%, caindo para R$ 89,17 milhões. Em 2012, sofreu outra redução, baixando em R$ 15,07 milhões, passando para R$ 74,10 milhões.

Gráfico 1 - Evolução do saldo dos Investimentos do RPPS - Exercícios 2006/2012 (valores correntes)

RPPS do Estado de Pernambuco Investimentos - Saldo ao Final dos Exercícios 2006/2012

74,1089,17

179,39

157,66165,54

106,75115,02

0,00

50,00

100,00

150,00

200,00

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Exercício

Em

R$

(milh

ão)

Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciária do Estado de Pernambuco/RREO -

6º bimestre/Balanço Geral do Estado – Exercícios 2006/2012 (Quadro 42).

Em 2006, os rendimentos atingiram R$ 25,60 milhões. Em 2007, baixaram para R$ 18 milhões. Entre 2008 e 2010, apresentaram-se num patamar superior a R$ 20 milhões. Em 2011, voltaram a cair para R$ 16,19 milhões. Em 2012, sofreu outra redução, baixando para R$ 14,54 milhões.

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Gráfico 2 - Evolução dos Rendimentos auferidos - Exercícios 2006/2012 (em valores correntes)

RPPS do Estado de Pernambucoo Rendimentos Auferidos - Exercícios 2006/2012

25,60

18,00

24,6922,39

24,25

16,1914,54

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Exercício

Em

R$

(m

ilhã

o)

Fonte: Demonstrativo das Receitas e Despesas Previdenciária do Estado de Pernambuco/RREO- 6º

bimestre – Exercícios 2006/2012

Análise Atuarial do RPPS/PE

A análise atuarial do Regime Próprio de Previdência Social – RPPS do Estado de Pernambuco foi procedida, inicialmente, utilizando-se dos resultados obtidos na avaliação atuarial do RPPS do Estado, datada de 12.12.2012, originada da base cadastral posicionada em 30.09.2012.

No primeiro momento, foi enfocado o balanço atuarial, os seus componentes de ativo e passivo atuarial, inclusive o déficit atuarial. Em seguida, as projeções atuariais das receitas e

despesas para o período de 2012 a 2088, bem como os resultados previdenciários anuais projetados. Depois, foram apresentados os dados estatísticos da base cadastral mais relevantes.

Ao final, com base nas avaliações atuariais de 2010 a 2012, foi procedida a análise da evolução do déficit atuarial - 2010/2012, e ainda da evolução do quantitativo de segurados ativos e

aposentados e da evolução da relação segurados ativos/inativos.

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SITUAÇÃO ENCONTRADA

O Balanço Atuarial4 do RPPS/PE - em 30.09.2012, transcrito a seguir, registra um déficit

atuarial de R$ 37,36 milhões, que representa a diferença entre o Passivo Atuarial (valor presente

necessário para fazer face às aposentadorias e pensões concedidas e a conceder) e o Valor

Presente das Contribuições Previdenciárias (incluindo a compensação financeira).

Balanço Atuarial do RPPS do Estado de Pernambuco Em 30.09.2012

1. ATIVO 2. PASSIVO

Valor Presente Atuarial das Contribuições Valor Presente dos Benefícios Concedidos

Item Valores (R$ 1,00) Item Valores (R$ 1,00)

Sobre Remunerações 28.297.011.539,48 Aposentadorias 19.542.099.986,11

Sobre Benefícios 2.023.754.825,87 Pensões 8.957.838.162,72

Compensação Financeira 453.466.496,10 Valor Pres. dos Benefícios a Conceder

Patrimônio 0,00 Aposentadorias 33.069.384.371,25

Déficit Atuarial 37.355.680.399,73 Pensões 6.560.590.741,09

TOTAL: 68.129.913.261,18 TOTAL: 68.129.913.261,18

Fonte: Avaliação atuarial do RPPS/PE de 2012 (base cadastral posicionada em 30.09.2012), fornecida

pela FUNAPE através do Ofício 0111/2013-GB/PR.

A partir dos valores evidenciados, no Balanço Atuarial de 30.09.2012, complementado com

informações apresentadas no Parecer Atuarial, é possível tecer os comentários a seguir:

• O custo total da despesa com aposentadorias e pensões concedidas e a conceder expressam um valor presente de R$ 68,13 bilhões, que representa o total do

Passivo Atuarial do RPPS/PE;

• Há 16.770 servidores que já estão em iminência de se aposentar. “Este “estoque de aposentadorias”, provocado pela opção dos servidores, que já reuniram condição ao benefício, de permanecerem em atividade, impacta diretamente nos custos das Provisões de Benefícios Concedidos”5.

4 O conteúdo do balanço atuarial, a exemplo do balanço contábil, compreende as contas de ativo e de passivo. No

lado do ativo, estão as contas de receitas, em valores presentes atuariais, referentes as contribuições incidentes sobre remuneração dos servidores ativos, inclusive a do ente patrocinador (patronal), e ainda as contribuições incidente sobre remuneração dos benefícios de aposentadorias e pensões, e ainda uma conta de resultado, que registra o déficit atuarial. No lado do passivo, as de despesa, representadas pelos benefícios a conceder, que são as obrigações para com os atuais servidores ativos e dependentes que ainda não estão em gozo de qualquer benefício previdenciário oferecido pelo referido regime; e, os benefícios concedidos, que são as obrigações com o pagamento futuro dos benefícios dos atuais aposentados e pensionistas.

5 Conforme consta no parecer atuarial referente avaliação atuarial de 12.12.2012.

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• O montante dos direitos a receber, representado pelas contribuições previdenciárias incidentes sobre remuneração dos segurados ativos e sobre benefícios, incluindo a compensação financeira, expressa um valor presente de R$ 30,77 bilhões.

• As contribuições previdenciárias incidentes sobre remunerações dos servidores ativos, utilizando as alíquotas de contribuição de 13,5% para os servidores e 27% para o Estado, são estimadas em R$ 28,30 bilhões.

• As contribuições incidentes sobre os benefícios de aposentadorias e pensões são estimadas em R$ 2,02 bilhão.

• O ingresso de recursos oriundo da compensação financeira entre regimes de previdência (RPPS e RGPS) é estimado em R$ 453,47 milhões.

• O déficit atuarial de R$ 37,36 bilhões é resultado da diferença negativa entre o Valor Presente das Contribuições (R$ 30,77 bilhões)e o Valor Presente dos

Benefícios Concedidos e a Conceder (R$ 68,13 bilhões).

Projeções atuariais 2013/2088

O gráfico a seguir apresenta os valores projetados das receitas e despesas previdenciárias

para o período de 2013 a 2088.

Observa-se que as despesas previdenciárias apresentam aumento contínuo no período de

2013 a 2025. Em 2013, estão projetadas em R$ 3,38 bilhões. Em 2016, passa para R$ 3,63 bilhões.

Em 2019, aumentam para R$ 3,93 bilhões. Em 2025, atingem o ápice (R$ 4,33 bilhões). Depois,

sofre redução, baixando para R$ 4,19 bilhões em 2033, R$ 3,74 milhões em 2058 e R$ 3,50

milhões em 2088.

Já as receitas sofrem ligeira redução no período de 2016 (R$ 1,75 bilhão) a 2025 (R$ 1,69

bilhão). Depois, apresentam valores quase constantes, oscilando entre R$ 1,67 bilhão e R$ 1,69

bilhão no período de 2033 a 2088.

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Gráfico 3 – Projeções Atuariais das Receitas e Despesas Previdenciárias do RPPS do Estado 2013/2088

1,60

3,38

1,75

3,63

1,72

3,93

1,69

4,33

1,70

4,19

1,69

4,08

1,68

4,08

1,67

4,00

1,67

3,74

1,69

3,48

1,69

3,50

-

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

3,0

3,5

4,0

4,5

Bil

hão

2013 2016 2019 2025 2033 2038 2043 2048 2058 2078 2088

Exercício

Projeções Atuariais das Receitas e Despesas Previdenciárias2012/2087

Receita Despesa

Fonte: Avaliação atuarial do RPPS/PE de 2012, fornecida pela FUNAPE (Ofício 0111/2013-GB/PR).

Essa situação de desequilíbrio (receitas < despesas), ao longo de todo o período projetado

(2013/2088), gerará anualmente resultado previdenciário negativo, conforme ilustra o gráfico a

seguir.

Gráfico 4 - Projeções Atuariais do Resultado Previdenciário do RPPS do Estado de PE - 2013/2088

Projeções Atuariais do Resultado Previdenciário - 2013/2088

-2,21

-1,78 -1,88

-2,64-2,50

-2,39 -2,40 -2,33

-2,08

-1,79 -1,81

-3,00

-2,50

-2,00

-1,50

-1,00

-0,50

0,00

2013 2016 2019 2025 2033 2038 2043 2048 2058 2078 2088

Em

R$

(Bil

hão

)

Exercício

Fonte: Avaliação atuarial do RPPS/PE de 2012, fornecida pela FUNAPE (Ofício 0111/2013-GB/PR).

Observa-se que as projeções atuariais para o período de 2013/2088 indicam que o resultado

previdenciário negativo (déficit financeiro) começa a crescer a partir de 2016 (R$ 1,88 bilhão),

atingindo o seu ápice em 2025 (2,64 bilhões).

Em R$

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Essa perspectiva de crescimento anual do resultado previdenciário negativo exigirá maior

esforço do Tesouro, na alocação de recursos financeiros para cobertura do déficit anual, durante

aproximadamente 4 (quatro) décadas, visto que as receitas de contribuição normal (dos segurados

ativos, aposentados e pensionistas + patronal) são insuficientes para arcar com as despesas

previdenciárias.

Evolução do déficit atuarial - 2010/2012

O gráfico a seguir evidencia a evolução do déficit atuarial do Regime Próprio de Previdência

Social do Estado de Pernambuco, conforme valores registrados nos balanços atuariais de

31.10.2010, 30.09.2011 e 30.09.2012, respectivamente.

Observa-se que o déficit atuarial apresenta crescimento anual contínuo. Em 2010, era de

28,18 bilhões. Em 2011, passou para 32,68 bilhões. Em 2012, aumentou para 37,36 bilhões.

Portanto, o déficit atuarial cresceu R$ 9,18 bilhões entre 2010 e 2012, o equivalente a 1/3 do

valor do déficit em 2010 (R$ 28,18 bilhões em valor nominal).

Gráfico 5 – Evolução do déficit atuarial do RPPS/PE - 2010/2012 – em valores nominais

Evolução do Déficit Atuarial do RPPS/PE - 2010/2012

37,36 bi

32,68 bi

28,18 bi

0,00

10,00

20,00

30,00

40,00

50,00

31.10.2010 30.09.2011 30.09.2012

Bil

es

Data

Fonte:Avaliação Atuarial do RPPS/PE de 2010, 2011 e 2012 (base cadastral posicionada em

respectivamente em 31.10.2010, 30.09.2011 e 30.09.2012)

Nesse contexto, a segregação de massas previdenciárias é umas das opções para

equacionamento do déficit atuarial prevista na Portaria MPS nº 403/2008, que consiste em

estabelecer uma data de corte, a partir da qual a contribuição dos servidores que forem

admitidose a contribuição patronal, passam a constituir um fundo que irá garantir os benefícios

futuros desses servidores mediante formação de reservas.

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Dessa forma, as massas de segurados vinculadas ao Regime Próprio de Previdência Social

são separadas em dois grupos. Um deles é formado por servidores admitidos anteriormente à

data de corte que integrarão o Plano Financeiro; o outro grupo é formado por servidores

admitidos a partir daquela data que integrarão o Plano Previdenciário.

Em Pernambuco, no âmbito do Regime Próprio de Previdência Social dos Servidores do

Estado, a segregação de massas de segurados está prevista na LC nº 28/2000 mediante

implantação do FUNAPREV, o que ainda não ocorreu.

No relatório de contas do governo do exercício de 2011, a FUNAPE foi questionada sobre

que modelo será adotado para equacionar o déficit atuarial do RPPS/PE6, dentre as opções

previstas na Portaria MPS nº 403/2008, qual seja, plano de amortização (no prazo máximo de 35

anos) ou segregação de massas previdenciárias.

Na ocasião, informou que havia decidido adotar “segregação da massa”, no seguinte

modelo: “implantação do Fundo Previdenciário - FUNAPREV” e ao mesmo tempo, “instituição do

regime de previdência complementar”. E que estava “em fase de elaboração dos normativos

necessários a concretização do referido modelo”7.

Posteriormente, na fase de defesa, o governo do Estado informou que o tema entrou em

“compasso de espera”, considerando informação trazida pelo Conselho Nacional de Dirigentes de

Regimes Próprios de Previdência Social – CONAPREV de que há possibilidade de instituição, por

parte da União, de um fundo de previdência complementar multipatrocinado por Estados e

Municípios, com sensível redução nos custos de gestão8.

Nessa prestação de contas do governo, ao ser questionada sobre as ações implementadas

em 20129, a FUNAPE informou às ações voltadas para o equacionamento do déficit atuarial, a

saber:

[...] a FUNAPE inseriu, em seu Planejamento Estratégico para o triênio 2012-2014, uma meta prioritária para a definição do modelo de financiamento do RPPS/PE, tendo em vista o necessário equilíbrio financeiro e atuarial. Dentro dessa meta prioritária estão previstas as seguintes ações estratégicas: a) retomada da discussão com a Secretaria de Administração acerca da implementação do fundo de capitalização (FUNAPREV) junto

6 As informações foram solicitadas através do Ofício 15/2012 – GC 05/DCE, de 04.04.2012. 7 A FUNAPE prestou as informações no corpo do Ofício 0116/2012 – GB/PR, de 17.04.2012. 8 Em 20.12.2013, foram publicadas a Lei Complementar Estadual nº 258/2013, que dispõe sobre as providências para

implantação do FUNAPREV, e Lei Complementar Estadual nº 257, que institui o Regime de Previdência Complementar. 9 Na prestação de contas do governo – exercício 2012, as informações foram solicitadas à FUNAPE através do Ofício

GC 04/DCE – Contas do Governo nº 02/2013.

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com a previdência complementar; b) realização de estudos atuariais, a fim de sebuscar soluções alternativas viáveis para o equacionamento do déficit previdenciário”.

RECOMENDAÇÕES

Dentre as recomendações propostas ao Governo do Estado, destaca-se:

• Promover a efetiva implementação do FUNAPREV e a instituição da previdência complementar para os novos servidores, de forma a buscar a redução paulatina do déficit previdenciário.

REFERÊNCIAS

Processo TC N° 1301899-1 - Prestação de Contas do Governador do Estado de Pernambuco

(Exercício de 2012).

http://www.tce.pe.gov.br/internet/index.php/2013-05-30-15-40-10/relatorio-de-contas-do-

governo

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Saúde

Baixa oferta de leitos hospitalares e equipamentos de saúde da rede SUS no interior do estado, resultando numa migração de pacientes para ocupação (internamento/permanência) na região metropolitana da

capital.

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BAIXA OFERTA DE LEITOS HOSPITALARES E EQUIPAMENTOS DE SAÚDE DA REDE SUS NO

INTERIOR DO ESTADO, RESULTANDO NUMA MIGRAÇÃO DE PACIENTES PARA OCUPAÇÃO

(INTERNAMENTO/PERMANÊNCIA) NA REGIÃO METROPOLITANA DA CAPITAL.

CONTEXTUALIZAÇÃO

De modo a subsidiar a análise da efetividade das ações e serviços públicos de saúde no Estado, quanto à oferta de leitos hospitalares e equipamentos de saúde, foi realizada consulta ao Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde - CNES (www.datasus.gov/br), procedendo, em seguida, à coleta de dados dos relatórios de leitos e equipamentos para, enfim, compará-los, com a de outros três estados da federação.

A escolha dos estados, verificados critérios técnicos, respeitou basicamente aspectos financeiros e populacionais. Assim, buscou-se selecionar estados cujo potencial financeiro e contingente populacional guardasse maior correlação com o Estado de Pernambuco.

O Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde contempla 50 tipos de leitos hospitalares agrupados em 07 (sete) segmentos: Cirúrgico, Clínico, Complementar, Obstétrico, Pediátrico, Hospital-Dia e Outras Especialidades. Como o cadastro contempla as parcelas disponíveis de atendimento ao SUS, independente de se encontrarem em unidades de saúde públicas ou particulares e as parcelas não disponíveis ao SUS, a análise limitou-se aos quantitativos absolutos dos leitos disponíveis a atendimento ao SUS.

O quantitativo total de leitos disponíveis ao SUS, nos estados selecionados, ao final de 2012, agrupados nos referidos segmentos, era o seguinte:

Quadro 1– Quantitativo de leitos disponíveis ao SUS em 2012

Tipo de Leito (grupo) Estado

Goiás Ceará Pernambuco Paraná

Cirúrgico 2.578 3.651 4.180 4.468

Clínico 3.811 4.708 5.221 6.826

Complementar 759 995 1.268 1.732

Obstétrico 1.479 2.221 2.542 2.559

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Tipo de Leito (grupo) Estado

Goiás Ceará Pernambuco Paraná

Pediátrico 1.817 2.662 2.466 2.936

Outras especialidades 1.780 1.170 2.390 2.621

Hospital-dia 169 337 161 431

Total 12.393 15.744 18.228 21.573

Habitantes/leitos 358,08 313,50 310,41 265,29

Leitos/1.000 habitantes

22,79 3,19 3,22 3,77

Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentosde Saúde – CNES(www.datasus.gov/br).

Percebe-se que os quantitativos de leitos disponíveis à população usuária do SUS guardam

certa correlação com o tamanho da população dos estados selecionados. Assim, dividindo-se a população total de cada estado pelo número total de leitos acima demonstrado (quociente “habitantes/leito”), alcança-se um leito para cada 490 habitantes (Pernambuco) e, para os demais estados comparados, os quocientes de 484 (Paraná), 491 (Goiás) e 547 (Ceará).

Evidentemente, os quocientes acima permitem uma análise apenas preliminar, visto que

para tal dado sintético os diferentes tipos de leitos são igualmente considerados como uma unidade de leito apenas. De todo modo, o valor de 3,22 leitos para cada grupo de mil habitantes obtido por Pernambuco atinge a meta definida pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria MS/GM nº 1101, de 12/06/2002, a qual estipula em 2,92 o número mínimo a ser observado pelos estados.

No que se refere a Equipamentos de Saúde, foram identificados no CNES 84 tipos diferentes, agrupados em 8 (oito) grupos de Equipamentos: Audiologia, Diagnóstico por Imagem, Equipamentos de Infraestrutura, Odontologia, Equipamentos para Manutenção da Vida, Equipamentos por métodos gráficos, Equipamentos por métodos ópticos e Outros Equipamentos.

Os totais de equipamentos disponíveis ao SUS em Pernambuco e nos 3 (três) estados comparados ao final de 2012, foram:

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Quadro 2– Equipamentos disponíveis ao SUS em 2012

Tipo de Equipamento (grupo) Estado

Goiás Ceará Pernambuco Paraná

Audiologia 41 132 110 351

Diagnóstico por Imagem 1.585 1.412 1.730 2.676

Equipamentos Infraestrutura 502 3.354 429 1.096

Odontologia 5.923 8.136 7.076 10.337

Equipamentos. Manut. Vida 6.858 11.246 16.012 20.015

Equipamentos. métodos gráficos 647 601 857 1.132

Equipamentos. métodos ópticos 436 591 779 825

Outros equipamentos 989 1.999 1.779 2.918

Total 16.981 27.471 28.772 39.350

Fonte: Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde -CNES(www.datasus.gov/br)

Vê-se que os números atribuídos a equipamentos também guardam correlação com a população dos estados tomados na amostra, embora em menor proporção que a verificada relativamente a leitos. Diz-se em menor proporção porque o quociente habitantes/equipamento apresenta uma maior discrepância entre os estados. Pernambuco ocupa posição intermediária no comparativo acima, visto ter alcançado um quociente de um equipamento para cada 310 habitantes, número esse inferior à relação verificada no estado do Paraná (um equipamento para cada 265 habitantes), porém superior ao estado de Goiás (um para 358) e praticamente equivalente à do Ceará (um para 313).

Novamente, deve-se ponderar o caráter prévio e quantitativo do quadro acima, que considera como uma única unidade de equipamento tanto aqueles de maior porte/custo quanto aqueles de acesso mais simplificado.

Vale considerar que a portaria GM/MS nº 1101, de 12/06/2002, definiu parâmetros de cobertura assistencial do SUS a serem aplicados pelos estados relativamente a procedimentos médicos-hospitalares e a quantitativos de equipamentos de saúde a serem disponibilizados às populações. Relativamente a procedimentos, a portaria estipula proporção média esperada para

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as consultas médicas, sobretudo a distribuição esperada entre Básicas, Especializadas e Urgência/Emergência, bem como número de internações aguardadas, por especialidade, calculadas em percentual sobre a população total. Os equipamentos de saúde, por sua vez, são tratados no item 2.7, denominado “parâmetros para cálculo da necessidade, da produtividade ou da cobertura de alguns equipamentos de diagnose e terapia”.Os equipamentos tratados no referido item são:

Quadro 3– Parâmetros de necessidade dos equipamentos

EQUIPAMENTO PROPORÇÃO ESPERADA

Máquina para diálise 1 / 15 mil habitantes

Ósteo-densímetro 1 / 140 mil habitantes

Raio X simples 1 / 25 mil habitantes

Raio X densitometria óssea 1 / 140 mil habitantes

Mamógrafo 1 / 240 mil habitantes

Tomógrafo por Raio X Computadorizado 1 / 100 mil habitantes

Tomógrafo por Ressonância Nuclear Magnética 1 / 500 mil habitantes

Aparelho de ultrassonografia 1 / 25 mil habitantes

Foram coletados dados junto ao CNES relativos a cinco dos oito equipamentos acima (em negrito). Segundo tais dados, o estado de Pernambuco ao final de 2012 já havia satisfeito a proporção esperada relativamente aos itens mamógrafo, ressonância magnética e equipamentos de ultrassom (considerada a soma do tipo convencional e do tipo colorido Doppler), o mesmo não se podendo inferir dos equipamentos tomógrafo computadorizado e equipamentos de raio X simples.

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SITUAÇÃO ENCONTRADA

Dentre os objetivos pretendidos com a visualização dos dados do CNES, estava não apenas a obtenção de dados absolutos dentro do estado de Pernambuco, mas também a sua distribuição por regiões. Nesse contexto, para facilitar a coleta e interpretação, os dados totais do Estado foram segregados em duas regiões designadas simplificadamente por Região Metropolitana da Capital e Interior.

Dessa forma, no Estado de Pernambuco, compuseram a Região Metropolitana do Recife os municípios do Recife, Abreu e Lima, Araçoiaba, Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Igarassu, Ipojuca, Itapissuma, Itamaracá, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Olinda, Paulista e São Lourenço da Mata. Os demais 170 municípios do estado, bem como o distrito de Fernando de Noronha, foram denominados simplificadamente como “Interior”.

E, para o fim de efetuar análise comparativa, o mesmo procedimento foi efetuado em relação aos estados do Ceará, Paraná, Goiás e às correspondentes regiões metropolitanas de Fortaleza, Curitiba e Goiânia, respectivamente.

Quadro 4 – Características populacionais dos estados selecionados

RM CAPITAL INTERIOR TOTAL

GOIÁS 2.229.54 (36,67%) 3.851.039 (63,33%) 6.080.588

CEARÁ 3.602.514 (41,86%) 5.003.491 (58,14%) 8.606.005

PERNAMBUCO 3.712.899 (41,57%) 5.218.129 (58,43%) 8.931.028

PARANÁ 3.312.448 (31,73%) 7.126.783 (68,27%) 10.439.230

Assim, formam-se 4 regiões metropolitanas (Goiânia, Fortaleza, Recife e Curitiba) – que comportam contingentes populacionais que variam entre 31,73% e 41,86% do total da população de seus respectivos estados – e as regiões Goiás Interior, Ceará Interior, Pernambuco Interior e Paraná Interior.

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O objetivo, logo, foi o de comparar a quantidade de habitantes para cada leito hospitalar e para cada equipamento trazido na amostra entre estas oito regiões.

Como resultado do exame, foram obtidas as seguintes relações proporcionais:

Quadro 5 – Quantidade de habitantes por leito

Especialidade RM

Goiânia

Goiás

Interior

RM

Fortaleza

Ceará

Interior RM Recife

Pernambuco

Interior RM Curitiba

Paraná

Interior

Cirurgia Geral 425 845 601 1.064 940 1.198 681 1.645

(5.246) (4.557) (5.994) (4.703) (3.950) (4.356) (4.864) (4.332)

Cardiologia

Cirúrgica

96 7 127 18 131 9 77 109

(23.224) (550.148) (28.366) (277.972) (28.343) (579.792) (43.019) (65.383)

Obstetrícia

Cirúrgica

264 631 383 495 498 618 366 1.205

(8.445) (6.103) (9.406) (10.108) (7.456) (8.444) (9.050) (5.914)

Pediatria Cirúrgica 46 29 86 43 227 40 87 130

(48.468) (132.794) (41.890) (116.360) (16.356) (130.453) (38.074) (54.821)

Oncologia Cirúrgica 76 8 115 14 179 17 83 245

(29.336) (481.380) ((31.326) (357.392) (20.742) (306.949) (39.909) (29.089)

Oftalmologia

Cirúrgica

26 19 79 8 33 6 32 50

(85.752) (202.686) (45.601) (625.436) (112.512) (869.688) (103.514) (142.536)

Clínica (Geral) 792 2.409 976 2.864 1.196 2.609 1051 4.495

(2.815) (1.599) (3.691) (1.747) (3.104) (2.000) (3.152) (1.585)

Cardiologia Clínica 121 93 142 26 303 39 107 185

(18.426) (41.409) (25.370) (192.442) (12.254) (133.798) (30.957) (38.523)

Obstetrícia Clínica 86 498 426 2.203 243 1.183 217 771

(25.925) (7.733) (8.457) (2.271) (15.279) (4.411) (15.265) (9.244)

Pediatria Clínica 580 1.149 818 1.715 706 1.493 536 2.183

(3.844) (3.352) (4.404) (2.917) (5.259) (3.495) (6.180) (3.265)

Oncologia Clínica 40 13 64 48 171 20 67 212

(55.739) (296.234) (56.289) (104.239) (21.713) (260.906) (49.440) (33.617)

Neurologia 63 12 56 67 241 3 80 88

(35.390) (320.920) (64.331) (74.679) (15.406) (1.739.376) (41.406) (80.986)

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OBS: Em cada coluna constam dois números. O superior se refere ao número absoluto de leitos na região. Já o inferior, se refere à

relação habitante/leito.

Quadro 6– Quantidade de habitantes por equipamento

Equipamento RM

Goiânia

Goiás

Interior

RM

Fortaleza

Ceará

Interior RM Recife

Pernambuco

Interior

RM

Curitiba

Paraná

Interior

Audiômetro 1 canal Zero 4 10 1 5 5 14 33

( - ) (962.760) (360.251) (5.003.491) (742.580) (1.043.626) (236.603) (215.963)

Audiômetro 2 canais 1 9 13 6 10 6 11 28

(2.229.549) (427.893) (277.116) (833.915) (371.290) (869.688) (301.132) (254.528)

Eletroencefalógrafo 53 17 34 23 26 26 36 95

(42.067) (226.532) (105.956) (217.543) (142.804) (200.697) (92.012) (75.019)

Endoscópio Digestivo 90 56 79 82 150 104 81 183

(24.773 (68.769) (45.601) (61.018) (24.753) (50.174) (40.894) (38.944)

Mamógrafo Comando

Simples

36 27 21 19 43 47 21 74

(61.932) (142.631) (171.548) (263.342) (86.346) (111.024) (157.736) (96.308)

RaioX c/ Densitometria

Óssea

6 5 11 13 10 17 9 28

(371.591) (770.208) (327.501) (384.884) (371.290) (306.949) (368.050) (254.528)

Ressonância Magnética 10 5 6 4 10 15 12 34

(222.955) (770.208) (600.419) (1.250.873) (371.290) (347.875) (276.037) (209.611)

Tomógrafo

Computadorizado)

35 25 27 17 29 20 24 99

(63.701) (154.042) (133.426) (294.323) (128.031 (260.906) (138.019) (71.988)

Ultrassom

Convencional

48 110 53 143 75 175 34 229

(46.449) (35.009) (67.972) (34.989) (49.505) (29.818) (97.425) (31.121)

Ultrassom Colorido

Doppler

69 75 64 47 100 65 60 171

(32.312 (51.347) (56.289) (106.457) (37.129) (80.279) (55.207) (41.677)

OBS: Em cada coluna constam dois números. O superior se refere ao número absoluto de leitos na região. Já o inferior, se refere

à relação habitante/leito.

Os quadros anteriores permitem as seguintes observações aos leitos hospitalares:

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1. Os quantitativos de habitantes para cada leito hospitalar existente no estado de Pernambuco (disponíveis à rede SUS) têm relações bastante divergentes, a depender da especialidade e da região na qual estão instalados, conclusão essa também verificada, em menor ou maior escala, nos 3 estados comparados;

2. A proporção entre local de instalação de leitos no interior do estado de Pernambuco e na região metropolitana de Recife somente guardou correlação com os percentuais de habitantes dessas duas regiões no que tange a 5 das 12 especialidades analisadas: Clínica Geral, Pediatria Clínica, Cirurgia Geral, Obstetrícia Cirúrgica e Obstetrícia Clínica, nas quais a instalação de leitos hospitalares disponíveis ao SUS não demanda grandes deslocamentos da população (idêntica conclusão obtida nos estados comparados);

3. Das 5 especialidades acima, Obstetrícia Clínica oferece mais leitos hospitalares no Interior do que na Região Metropolitana da capital, se verificada a proporção dos habitantes; essa relação mais favorável ao Interior (também verificada nos estados comparados) observa a necessidade de reduzir deslocamentos da população do interior, em vista de maiores distâncias havidas entre cidades, comparativamente às distâncias entre municípios de uma região metropolitana de capital;

4. A migração de pacientes residentes no Interior dos estados para ocupação (internamento/permanência) em leito hospitalar instalado na região metropolitana da capital foi um fator comum em Pernambuco e nos estados comparados de Goiás e Ceará para 7 das 12 especialidades analisadas; nessas situações, foi verificada alta concentração de leitos hospitalares nas regiões metropolitanas de Recife e nas assemelhadas de Fortaleza e Goiânia;

5. O estado do Paraná, seguindo tendência divergente, apresenta distribuição de leitos bastante compatível com a efetiva localização de sua população, até mesmo quando verificadas especialidades com grande tendência à concentração de recursos, como Neurologia, Cardiologia e Oncologia (Clínica e Cirúrgica), nas quais a proporção do número de leitos por habitante é pouco discrepante quando comparadas a região metropolitana de Curitiba e o interior do estado do Paraná. No contra-exemplo, Pernambuco e seus assemelhados Ceará e Goiás possuem elevados níveis de concentração de leitos nas regiões metropolitanas de suas capitais;

6. Como exemplo extremo da elevada concentração acima mencionada, vê-se que o estado de Pernambuco oferece 3 leitos de neurologia (clínica) instalados no interior contra 241 na Região metropolitana do estado; em decorrência disso, se nenhum habitante do estado que venha a precisar do serviço migrar de região para recebê-lo, a relação na Região Metropolitana é de 15.406 habitantes para cada leito hospitalar, enquanto que no interior tal relação passa a 1.739.376 habitantes para cada leito hospitalar, sendo, dessas duas regiões, respectivamente, a melhor e a pior média verificada nas oito regiões analisadas.As médias de leito/habitante

verificadas na Região Metropolitana do Recife já são satisfatórias quando verificadas as diretrizes

estabelecidas pela

7. Portaria MS/GM 1101, de 12/06/2002 e mesmo quando comparadas à região metropolitana da capital do Paraná, estado mais rico dos 4 inseridos na amostra; essa verificação no estudo deve ser tida como subavaliada quando verificado que, ao final de 2012, apenas 19 leitos do Hospital

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Dom Helder Câmara haviam sido cadastrados no CNES nas especialidades tomadas como amostra. Mesmo que os três novos hospitais instalados na RMR abriguem mais de 500 leitos destinados a especialidades diversas além dos leitos de UTI, as médias tendem a apresentar-se melhores quando tais leitos, sobretudo os de cirurgia geral e cardiologia, venham a ser cadastrados;

8. Por outro lado, as médias de habitantes/leito aplicadas ao Interior do estado são significativamente distantes de metas quantitativas da Portaria MS/GM nº 1.101, de 12/06/2002 (se visto o interior como região de saúde independente), havendo relações dez a quinze vezes piores para um habitante do Interior quando comparada ao habitante da RMR na mesma especialidade (cardiologia cirúrgica, pediatria cirúrgica e oncologia cirúrgica como exemplos). Em que pese haver dificuldades de logística para a pulverização desses recursos ao longo do Interior do estado, a instalação de unidade hospitalar de porte (à semelhança dos Hospitais Dom Hélder, Pelópidas Silveira e Miguel Arraes) entre o Agreste e o Sertão, com tais especialidades, amenizaria a referida desproporção.

Quanto aos Equipamentos de Saúde, têm-se as seguintes observações:

1. Os quantitativos de habitantes para cada equipamento de saúde instalado no estado de Pernambuco (de atendimento disponível à rede SUS) têm relações bastante divergentes, a depender da especialidade e da região na qual estão instalados, conclusão essa também verificada, em menor ou maior escala, nos 3 estados comparados;

2. De forma um pouco mais acentuada que em relação a leitos hospitalares, a proporção de equipamentos instalados no Interior deveria ser ainda maior do que a simples proporção de habitantes, de modo que o percentual de equipamentos instalados no Interior de Pernambuco deveria apresentar-se até mesmo como maior do que os 58,5% que compreendem a margem de população do estado instalada naquela região (Interior). Tal necessidade decorre do fato de que os equipamentos se prestam basicamente à realização de exames (paciente se desloca de casa até o equipamento e retorna a casa quase sempre no mesmo dia), o que reforça a necessidade de reduzir distâncias às populações de Interior, em razão, sobretudo, de menores opções de transporte (necessidade de “curva” de concentração de equipamentos de saúde no interior);

3. A observância do pressuposto acima no estado de Pernambuco foi verificada em relação a 3 dos 10 equipamentos selecionados na amostra: equipamentos de raio X com densitometria óssea, de ressonância magnética e de ultrassom convencional. Dos estados comparados, os números aplicados ao Ceará indicam a observância dessa lógica para apenas uma das especialidades; Goiás, 3 especialidades; enquanto que o Paraná tem números que indicam sua observância para todas as 10 especialidades da amostra;

4. Dentre os sete tipos de equipamentos que em Pernambuco apresentaram maior concentração na Região Metropolitana do Recife, citem-se os exemplos de eletroencefalógrafo (1/142mil

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habitantes na RMR e 1/200mil habitantes no interior) e audiômetro 2 canais (1/371 mil na RMR e 1/869 mil no interior). Tais desproporções são menos expressivas quando comparadas àquelas verificadas nos estados do Ceará e de Goiás, nos quais os equipamentos de saúde transpareceram concentrados em maior proporção nas regiões metropolitanas das capitais do que a verificada na Região Metropolitana do Recife;

5. O quadro estadual é, de toda forma, prejudicado quando verificado que entre as duas cidades do interior que abrigam maior número de equipamentos (Caruaru e Petrolina) há uma distância de cerca de 650 km, o que reforça a tendência de pacientes residentes entre esses extremos geográficos se dirigirem diretamente à capital do estado quando demandarem exames de média e alta complexidade;

6. Como dito anteriormente, a Portaria MS/GM nº 1.101/2002 estabelece parâmetros de quantitativos de alguns dos equipamentos citados na amostra: mamógrafo, raioX com densitometria óssea, ressonância magnética, tomógrafo computadorizado e ultrassom (convencional ou colorido com Doppler); o Estado de Pernambuco, visto de forma integrada, atende tais metas em relação a mamógrafo, ressonância magnética e ultrassom, deixando de atender a meta aplicada a raioX com densitometria óssea (portaria pede um para cada 140 mil habitantes; quantitativo do estado era de um para 330 mil habitantes) e tomógrafo computadorizado (portaria pede um para cada 100 mil habitantes; estado oferece um para 182 mil habitantes).

Os dados do CNES indicam uma satisfatória relação de leitos hospitalares e de equipamentos instalados na Região Metropolitana do Recife que, salvo algumas exceções, atendem aos parâmetros solicitados pela Portaria MS/GM 1.101/2002 para a assistência ao SUS.

Relativamente ao interior do Estado, os dados cadastrados no CNES, ressalvadas exceções, mostram diminuta oferta de serviços à rede SUS, sobretudo quando consideradas especialidades cirúrgicas (cardiologia, oncologia e pediatria). Tal deficiência é verificada também a especialidades clínicas, tais como oncologia, cardiologia e neurologia.

Conclusivamente, dentro do estado de Pernambuco tem-se um nível elevado de concentração de recursos de saúde na Região Metropolitana do Recife.

Embora tenha sido também verificado em relação a dois dos estados tomados no teste comparativo, tal retrato possui meios de gradual reversão (a exemplo do verificado no terceiro estado utilizado no comparativo) a partir da instalação de produtos de saúde pública (leitos e equipamentos, sobretudo), que pode ter considerável aproveitamento pelas populações do Agreste e Sertão, se instaladas entre os dois municípios de maior concentração populacional e de recursos do interior do estado: Caruaru e Petrolina.

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RECOMENDAÇÕES

Dentre as recomendações propostas ao Governo do Estado, destaca-se:

• Concretizar ações que permitam uma maior pulverização dos recursos da Saúde, com atenção especial às áreas deficitárias da região interiorana do estado, a partir da instalação de produtos de saúde pública (leitos e equipamentos, para atendimento às populações do Agreste e do Sertão.

REFERÊNCIAS

Processo TC N° 1301899-1 - Prestação de Contas do Governador do Estado de Pernambuco (Exercício de 2012).

http://www.tce.pe.gov.br/internet/index.php/2013-05-30-15-40-10/relatorio-de-contas-do-governo

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Educação

Inadimplência elevada das prestações de contas dos repasses financeiros (REFINS) tanto das Gerências Regionais de Educação (82,20%) quanto

das escolas da rede pública estadual (61,79%)

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INADIMPLÊNCIA ELEVADA DAS PRESTAÇÕES DE CONTAS DOS REPASSES FINANCEIROS

(REFINS) TANTO DAS GERÊNCIAS REGIONAIS DE EDUCAÇÃO (82,20%) QUANTO DAS

ESCOLAS DA REDE PÚBLICA ESTADUAL (61,79%)

CONTEXTUALIZAÇÃO

Conforme dados do Relatório Anual dos Indicadores Educacionais da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, a rede estadual apresentou, em 2012, um total de 1.089 escolas. O gráfico a seguir, constante no relatório acima mencionado, mostra um panorama do total de escolas da Rede Estadual de Ensino, no período de 2007 a 2012.

Fonte: Relatório Anual dos Indicadores Educacionais da Secretaria de Educação – 2012.

Verifica-se que houve uma queda no número total de escolas da rede estadual comparando o ano de 2012 com os cinco anos anteriores, conforme demonstrado na linha azul escura do gráfico. Por outro lado, observa-se um aumento no total de escolas do ensino médio, no período de 2007 a 2012, passando de 728 escolas em 2007 para 796 em 2012 conforme demonstrado na linha azul clara do gráfico.

Esse aumento no número de escolas de nível médio se deu em virtude da criação das Escolas de Referência - EREMs que são escolas de ensino médio com dois turnos durante toda a semana, ou seja, tempo integral ou, as semi-integrais, que oferecem o segundo turno durante dois ou três dias da semana.

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Tais estabelecimentos encontram-se distribuídos em 17 Gerências Regionais – GRE ilustradas no mapa a seguir.

As Gerências Regionais de Educação são denominadas conforme abaixo:

01 e 02 – Recife Norte e Recife Sul 03 – Metropolitana Norte

04 – Metropolitana Sul 05 – Mata Norte (Nazaré da Mata)

06 – Mata Centro (Vitória) 07 – Mata Sul (Palmares)

08 – Litoral Sul (Barreiros) 09 – Vale do Capibaribe (Limoeiro)

10 – Agreste (Centro Norte) 11 – Agreste Meridional (Garanhuns)

12 – Sertão do Moxotó Ipanema (Arcoverde)

13 – Sertão do Alto Pajeú (Afogados da Ingazeira)

14 – Sertão do Submédio São Francisco (Floresta)

15 – Sertão do Médio São Francisco (Petrolina)

16 – Sertão Central (Salgueiro) 17 – Sertão do Araripe (Araripina)

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Repasses Financeiros às GerênciasRegionais

Visando otimizar a aplicação dos recursos destinados à educação, o Governo tem buscado a sua descentralização por meio de repasses financeiros tanto para as Gerências Regionais de Educação - GREs quanto diretamente para as escolas, conforme estabelece os Decretos Estaduais no 20.416/98 e no 20.246/97 (com alterações trazidas pelo Decreto 23.666/2001), respectivamente.

As 17 Gerências Regionais de Educação - GREs estão subordinadas à Secretaria Executiva de Gestão da Rede, conforme estabelecido no Decreto Estadual no 35.681/2010, cabendo-lhes:

• Exercer, em nível regional, as ações de supervisão técnica, orientação normativa e de articulação e integração, tendo em vista a melhoria da qualidade do ensino;

• Promover a coordenação e implantação da política educacional do Estado no âmbito de

sua jurisdição, com ênfase na melhoria da gestão da rede e da qualidade da aprendizagem do aluno;

• Orientar as comunidades escolares e prefeituras municipais na elaboração, acompanhamento e avaliação dos planos, programas e projetos educacionais;

• Promover o desenvolvimento de recursos humanos em consonância com as diretrizes e

políticas educacionais do Estado;

• Coordenar o processo de organização do atendimento escolar de apoio ao aluno e à rede física;

• Aplicar as normas de administração de pessoal, garantindo o seu cumprimento na respectiva jurisdição;

• Planejar e coordenar as ações administrativas e financeiras necessárias ao desempenho

das suas atividades;

• Organizar o funcionamento da inspeção escolar no âmbito da sua jurisdição;

• Coordenar e promover a produção de dados e informações educacionais na sua jurisdição.

As transferências para as GREs são realizadas por meio de repasses financeiros – REFIN (subelemento 96).

Em 2012 foram repassados valores em torno de R$ 28,97 milhões às 17 GREs, conforme se observa na tabela a seguir:

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REPASSES FINANCEIROS 2012 - GREs

Destino do Repasse Valor repassado Valor prestado contas Saldo pendente de

prestação de contas

Material de consumo 9.751.478,09 1.864.179,30 7.887.298,79

Diárias 16.742,60 0,00 16.742,60

Premiações 104.000,00 24.000,00 80.000,00

Passagens e Despesas com

Locomoção 7.152.775,99 1.713.323,80 5.439.452,19

Serviços de Terceiros - Pessoa Física 6.174.422,48 1.063.246,85 5.111.175,63

Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 3.244.292,90 490.558,94 2.753.733,96

TOTAL DESPESA CORRENTE (I) 26.443.712,06 5.155.308,89 21.288.403,17

Despesa de Capital

Material de consumo 1.476.257,00 0,00 1.476.257,00

Serviços de Terceiros - Pessoa Física 1.050.334,70 0,00 1.050.334,70

TOTAL DESPESA DE CAPITAL(II) 2.526.591,70 0,00 2.526.591,70

TOTAL (III) = (I+II) 28.970.303,76 5.155.308,89 23.814.994,87

Fonte: Sistema E-fisco.

Analisando os gastos com repasses financeiros às GREs demonstrados na tabela acima, verificou-se que foram classificadas indevidamente como despesas de capital o valor de R$ 2.526.591,70, pois se referem à aquisição de material de consumo e prestação de serviço de pessoa física para manutenção das escolas. As despesas com manutenção devem ser classificadas como despesas correntes.

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Repasses Financeiros às Escolas

Através do Decreto Estadual nº 20.246/1997, que regulamenta a Lei nº 11.466/1997, ficam as escolas da rede pública estadual de ensino autorizadas a receber recursos para aplicação em atividades de manutenção e desenvolvimento escolar definidas em plano específico, aprovado pelo respectivo Conselho Escolar. O Decreto nº 23.666/2001, que institui o Projeto Dinheiro na Escola, altera o Decreto nº 20.246/97, e dá outras providências.

Os recursos são transferidos às unidades escolares através de Suprimento de Fundo Institucional e Nota de provisão de Crédito Orçamentário.Em 2012, foram repassados a título de suprimento de fundo institucional, o montante de R$ 36,47 milhões, conforme se observa na tabela a seguir:

SUPRIMENTO DE FUNDO INSTITUCIONAL 2012

Destino do Repasse Valor Repassado Valor Prestado

Contas

Saldo Pendente

de Prestação de

Contas

Despesa Corrente

Material de consumo 10.487.817,50 7.348.818,28 3.138.999,22

Serviços de Terceiros - Pessoa Jurídica 2.729.808,00 1.198.808,00 1.531.000,00

Serviços de Terceiros - Pessoa Física 3.944.180,01 2.870.732,16 1.073.447,85

TOTAL DESPESA CORRENTE (I) 17.161.805,51 11.418.358,44 5.743.447,07

Despesa de Capital

Material de consumo 12.174.594,00 1.761.645,90 10.412.948,10

Serviço de Terceiros - Pessoa Física 7.129.950,00 753.600,15 6.376.349,85

TOTAL DESPESA DE CAPITAL (II) 19.304.544,00 2.515.246,05 16.789.297,95

TOTAL (III) = (I+II) 36.466.349,51 13.933.604,49 22.532.745,02

Fonte: Sistema E-fisco.

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Analisando os gastos com suprimento de fundo institucional demonstrados na tabela acima, verificou-se que foi classificado indevidamente como despesas de capital o montante de R$ 19.304.544,00, uma vez que se refere à aquisição de material de consumo e prestação de serviço de pessoa física para manutenção das escolas.

SITUAÇÃO ENCONTRADA

O gráfico a seguir apresenta a evolução dos repasses financeiros às GRE’s e o comportamento dos valores pendentes de prestação de contas nos últimos três anos.

REPASSE FINANCEIRO ÀS GREs E VALORES PENDENTES DE PRESTAÇÃO DE CONTAS

PERÍODO 2010 A 2012

28,97

23,7122,59

23,81

19,0821,22

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

2010 2011 2012

Milh

ões

VALOR REPASSADO VALOR PENDENTE PRESTAÇÃO CONTAS

Fonte: Sistema E-fisco.

Observa-se que houve uma queda nos valores repassados de 2010 para 2011, com redução de R$ 1,11 milhão, apresentando um crescimento em 2012, no valor de R$ 6,38 milhões, passando de R$ 22,59 para R$ 28,97 milhões. Em relação aos valores pendentes de prestação de contas, vê-se que o comportamento é ascendente, com taxa de crescimento anual entre 11 e 12%.

O gráfico a seguir demonstra o percentual de inadimplência nas prestações de contas das GRE’s nos últimos três anos. Observa-se que o percentual de inadimplência, em 2012, foi de 82,20%.

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PERCENTUAL INADIMPLÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS REPASSE FINANCEIRO ÀS GREs

PERÍODO 2010 A 2012

80,46%

93,92%

82,20%

70,00%

75,00%

80,00%

85,00%

90,00%

95,00%

2010 2011 2012

Fonte: Sistema E-fisco.

Ressalta-se que o Decreto Estadual no 20.416/1998, que regulamenta o regime de provisão de crédito orçamentário estabeleceu, em seu artigo 12, o prazo de 60 dias para prestação de contas, a contar do crédito dos recursos na conta específica, vedando nova provisão à unidade administrativa que não cumprir o disposto neste artigo.

O gráfico a seguir apresenta a evolução dos recursos transferidos às unidades escolares através de Suprimento de Fundo Institucional e o comportamento dos valores pendentes de prestação de contas nos últimos três anos.

SUPRIMENTO FUNDO INSTITUCIONAL E VALOR PENDENTE PRESTAÇÃO DE CONTAS

PERÍODO 2010 A 2012

36,47

30,4230,72

22,53

18,66

21,76

0,00

5,00

10,00

15,00

20,00

25,00

30,00

35,00

40,00

2010 2011 2012

Milh

ões

VALOR REPASSADO VALOR PENDENTE PRESTAÇÃO CONTAS

Fonte: E-fisco

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Vê-se que os valores dos repasses financeiros se mantêm entre os exercícios de 2010 e 2011 e em 2012 houve um aumento de R$ 6,05 milhões em relação a 2011, ficando em R$ 36,47 milhões. Em relação aos valores pendentes de prestação de contas, passaram de R$ 21,76 milhões em 2010 para R$ 18,66 milhões em 2011, chegando a R$ 22,53 milhões em 2012.

O gráfico a seguir apresenta o percentual de inadimplência nas prestações de contas de Suprimento de Fundo Institucional nos últimos três anos.

PERCENTUAL DE INADIMPLÊNCIA NA PRESTAÇÃO DE CONTAS DE SUPRIMENTO DE FUNDO INSTITUCIONAL

PERÍODO 2010 A 2012

70,83%

61,79%61,35%

55,00%

60,00%

65,00%

70,00%

75,00%

2010 2011 2012

Observa-se que houve uma diminuição na inadimplência entre os exercícios de 2010 e 2011, passando de 70,83% para 61,35%, e em 2012 o percentual foi de 61,79%.

O Decreto nº 20.246/97, em seu art. 8º, estabelece o prazo de 90 (noventa) dias para a prestação de contas do Suprimento de Fundo Institucional, a contar do crédito dos recursos na conta específica, vedada a concessão de novo suprimento a unidade de ensino que não cumprir

com o dispositivo neste artigo.(grifo nosso)

Ressalta-se que para o exercício de 2012 o prazo de 90 dias para prestação de contas de Suprimento de Fundo Institucional foi dividido, conforme consta no art. 1º da IN nº 002 da Secretaria de Educação de Pernambuco que abaixo se transcreve.

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A Instrução Normativa nº 002 de 18 de abril de 2012da Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco, disciplina o fluxo, as formas de execução, prazos e responsabilidades das prestações de contas dos suprimentos institucionais recebidos pelas escolas. O art. 1º trata do prazo para prestação de contas.

Art. 1º - Para otimizar o fluxo da execução e prestação de contas dos Suprimentos Institucionais, o

prazo de 90 dias (art. 8º do Decreto 20.246/97) deverá ser dividido em:

I - 45 (quarenta e cinco) dias para a Unidade Escolar executar e prestar contas dos recursos para a

Gerência Regional de Educação – GRE;

II - 15 (quinze) dias para a Gerência Regional de Educação – GRE analisar e encaminhar a

prestação de contas para a Gerência Geral de Administração e Finanças – GGAF;

III - 30 (trinta) dias para a Gerência Geral de Administração e Finanças – GGAF analisar e agilizar o

processo de prestação de contas.

O grande saldo pendente de prestação de contas impossibilita a verificação de utilização dos recursos repassados, visto que podem não ter sido utilizados em sua totalidade. A contabilidade registra como despesa liquidada a transferência de recursos para as unidades de ensino e para as GREs nossub-elementos 94 e 96, respectivamente, reclassificandoposteriormente apenas os valores de fato utilizados pelas gerências regionais ou escolas, ou anulando os valores não utilizados, fato este possível apenas quando da prestação de contas.

Registra-se, porém, que tal metodologia de contabilização permite que ao final do exercício sejam considerados, na apuração do mínimo constitucional em despesas de manutenção e desenvolvimento do ensino, valores que de fato podem não ter sido aplicados, informação esta que estará disponível apenas quando da prestação de contas, momento em que haverá a reclassificação da despesa ou anulação desta.

Cabe à Secretaria de Educação a verificação do cumprimento da referida norma, visando a não concessão indevida de repasses financeiros às GREs ou às unidades de ensino que se encontram, porventura, com prestações de contas fora do prazo.

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RECOMENDAÇÕES

Dentre as recomendações propostas ao Governo do Estado, destaca-se:

• Exigir das áreas responsáveis o efetivo exercício dos controles internos pertinentes, em

especial quanto à correta contabilização dos repasses e à exigência das respectivas prestações de contas dos órgãos/unidades receptoras dos referidos repasses (GREs e Unidades Escolares).

REFERÊNCIAS

Processo TC N° 1301899-1 - Prestação de Contas do Governador do Estado de Pernambuco (Exercício de 2012).

http://www.tce.pe.gov.br/internet/index.php/2013-05-30-15-40-10/relatorio-de-contas-do-governo

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Infraestrutura

Ineficácia do Estado nas ações de licenciamento e controle de

resíduos sólidos

Estágio incipiente da Governança de Tecnologia da Informação na maioria dos órgãos e entidades estaduais, elevando o risco de ineficácia,

ineficiência e antieconomicidade das ações em curso e projetadas

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INEFICÁCIA DO ESTADO NAS AÇÕES DE LICENCIAMENTO E CONTROLE DE RESÍDUOS SÓLIDOS.

CONTEXTUALIZAÇÃO

O crescimento urbano e industrial das grandes cidades brasileiras vem acompanhado de desigualdades no acesso aos itens básicos necessários à população, tais como o saneamento, que engloba o abastecimento d´água, esgotamento sanitário, resíduos sólidos e drenagem urbana.

A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através de sua NBR nº 100004:2004, e o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), através de sua Resolução nº 005/1993, definem resíduos sólidos como:

Resíduos nos estados sólido e semissólido que resultam de atividades de origem industrial,

doméstica, hospitalar, comercial, agrícola e de serviços de varrição. Ficam incluídos nesta

definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas

particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água,

ou exijam para isso soluções técnica e economicamente inviáveis em face da melhor tecnologia

disponível.

A destinação final dos resíduos sólidos traduz-se num fator de grande importância na proteção ao meio ambiente e na prevenção de doenças advindas da má destinação dos resíduos urbanos, tais como leptospirose, dengue, moléstia diarreica, salmonelose, hepatite e outras.

Segundo dados do Plano Estadual de Resíduos Sólidos do Estado de Pernambuco, a taxa de geração per capita média de resíduos sólidos para o estado foi de 1,05 kg/hab.dia, para uma tipologia de solo comercial, de prestação de serviços e residencial, resultando em uma produção total estimada, para o ano de 2012, em torno de quatro milhões de toneladas de resíduos sólidos. Até o ano de 2032, horizonte trabalhado neste mesmo Plano, o estado terá uma produção anual da ordem de 4,3 milhões de resíduos, representando um crescimento na produção total de quase 10%.

Esta perspectiva de crescimento na produção de resíduos sólidos demanda a necessidade de um esforço maior por parte das administrações municipais no sentido de viabilizar a elaboração e implantação dos seus Planos de Gerenciamento de Resíduos Sólidos, tal como preconiza a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que foi instituída pela Lei Federal nº 12.305/2010.

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A auditoria objetivou avaliar a atuação da CPRH nas análises de projeto e monitoramento dos aterros sanitários para elaboração do relatório a ser encaminhado à Secretaria da Fazenda, indicando os municípios que apresentam destino final de resíduos sólidos adequado com vistas ao recebimento de parcela relativa ao ICMS Socioambiental.

Foram utilizados como procedimentos metodológicos para colher as informações que auxiliaram no processo de auditoria: pesquisa documental e bibliográfica; estudo de legislação específica; entrevistas semi-estruturadas realizadas com técnicos da CPRH; requisição de documentos como estudos de impacto ambiental; visitas in loco em 20 aterros sanitários e três lixões.

Na realização da Auditoria, foi necessário subdividir a análise em duas questões fundamentais, ambas com vista ao cumprimento dos critérios legais e regulamentares vigentes, bem como à boa e adequada técnica regulamentada em norma. A primeira das questões trata do cumprimento aos critérios legais estabelecidos para os processos de licenciamento dos aterros sanitários. A segunda questão analisou a adequabilidade do monitoramento do funcionamento regular dos aterros sanitários.

SITUAÇÃO ENCONTRADA

O primeiro achado de auditoria diz respeito ao não cumprimento dos prazos estabelecidos para emissão do licenciamento dos equipamentos de destino final de resíduos sólidos. Ao confrontar os prazos estabelecidos em lei, observou-se que estes não vêm sendo cumpridos pela CPRH. O quadro reduzido de pessoal a serviço da administração, cuja defasagem foi evidente em nossas vistorias, foi a principal justificativa encontrada pelo Gestor. Para evitar que os efeitos adversos se realizem, recomendou-se à CPRH dar maior celeridade à análise dos processos de licenciamento ambiental de empreendimentos de aterros sanitários, de forma a atender a todas as competências, previstas na Lei nº 12.305/2010.

Ainda quanto à primeira questão, uma segunda constatação é que a estrutura de pessoal da CPRH é insuficiente para o atingimento das metas estimadas de licenciamento dos aterros sanitários com vistas à concessão do ICMS ecológico nos municípios. Recomendou-se, assim, o redimensionamento do quadro técnico desta Agência, de forma a atender em tempo hábil às demandas de licenciamento de empreendimentos de aterros sanitários nos municípios do Estado de Pernambuco.

Na segunda questão de auditoria constatou-se que a freqüência de vistorias que vem sendo praticada é inadequada e que não garante o monitoramento adequado dos aterros sanitários. A

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insuficiência no monitoramento trará como maior consequência a desconformidade das unidades de aterro sanitário com a legislação em vigor. Além da intrínseca possibilidade da perda da funcionalidade das unidades de disposição final e consequentes danos ambientais significativos. Recomendou-se, assim, que a CPRH estabeleça e cumpra uma metodologia que priorize o número mínimo de duas visitas anuais aos aterros existentes, listados no Plano Estadual de Resíduos Sólidos de Pernambuco.

Outro achado de auditoria constatado, ainda com relação ao monitoramento, diz respeito à inexistência de um procedimento editado como instrumento para a atividade do analista ambiental por ocasião de sua vistoria. Observou-se que não existem critérios editados pela CPRH para monitoramento dos aterros licenciados, além de não existir qualquer padronização nos relatórios de vistoria nem o registro de vistorias específicas com vistas à aferição da pontuação para identificação dos municípios com direito à parcela do ICMS socioambiental por possuírem destino final para resíduos sólidos adequados.

Os resultados esperados remetem-se ao alcance de uma gestão pública eficaz, através das recomendações emitidas para uma melhor efetividade das ações relacionadas com a garantia da adequabilidade da disposição final dos resíduos sólidos. Por meio da atualização dos instrumentos disponíveis, da elaboração de procedimentos e da gestão de recursos humanos adequado ao volume das atividades atuais e com as perspectivas futuras.

Para isso, é importante que a Agência Ambiental Estadual realize mudanças e atualizações no processo de licenciamento e monitoramento das unidades de destino final de resíduos sólidos, de forma a atender às demandas que provém do Plano Estadual de resíduos Sólidos e da Política Nacional, cujos prazos limites se avizinham.

Para o presente documento, optou-se por apresentar os achados referentes à gestão da CPRH no monitoramento dos empreendimentos de aterros sanitários.

a) Estrutura de pessoal da CPRH insuficiente para o alcance das metas estimadas de monitoramento dos aterros sanitários com vistas à concessão do ICMS ecológico nos municípios.

Com base nas informações colhidas nas entrevistas realizadas junto aos técnicos da CPRH, a estrutura de pessoal é insuficiente para o atendimento às demandas atuais de monitoramento dos aterros sanitários com vistas à distribuição do ICMS ecológico para os municípios.

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De acordo com o levantamento do quantitativo de vistorias de fiscalização realizadas por município, com base nos relatórios de vistorias fornecidos, constata-se que, com exceção do município de Iati, que recebeu três visitas no ano de 2010, os demais municípios receberam apenas uma ou duas visitas anuais e em alguns municípios, nenhuma visita foi realizada.

Ressalta-se que, no início da auditoria, conforme informações coletadas em entrevistas com os técnicos da CPRH, foi relatado que havia apenas um técnico responsável por este trabalho. Foi informado também que, devido ao baixo valor das diárias para deslocamento, pagas pela CPRH, o monitoramento dos aterros estaria sendo realizado apenas nos municípios em que fosse possível a ida e retorno ao Recife no mesmo dia, sem a necessidade pernoite. Os aterros sanitários situados no interior do estado estariam assim não sendo fiscalizados. Este fato foi comprovado posteriormente, quando das visitas da equipe de auditoria aos aterros sanitários, em que os representantes da CPRH, presentes nas visitas, foram analistas ambientais lotados nas Unidades Integradas de Gestão Ambiental (UIGAS), que afirmaram, durante as vistorias, não ter conhecimento sobre o trabalho de fiscalização dos aterros sanitários.

Salienta-se também, que os empreendimentos de aterros sanitários necessitam de um acompanhamento mais freqüente, tendo em vista que, por questão de semanas, ou até dias, sem que haja o recobrimento adequado das camadas de resíduos sólidos e o monitoramento dos líquidos percolados onde ali são produzidos, podem vir a se tornar estruturas semelhantes aos lixões, com todas as suas conseqüências de danos ao meio ambiente e à saúde pública.

A insuficiência de pessoal para fiscalização sistemática dos aterros sanitários leva a um acompanhamento inadequado da situação dos aterros e à possibilidade de se cometerem erros quanto à pontuação correta dos critérios que levam à distribuição dos recursos do ICMS socioambiental aos municípios. A evasão de técnicos da CPRH nos últimos anos caracteriza-se como uma das causas para o problema.

b) Os critérios utilizados pela CPRH para monitoramento dos aterros sanitários não são formalizados em manuais (sistematizados)

Os critérios utilizados pela CPRH para monitoramento dos aterros licenciados não se encontram formalizados pela Agência, além de não existir qualquer padronização nos relatórios de vistoria e a ausência do registro de vistorias específicas com vistas à aferição da pontuação para identificação dos municípios com direito a parcela do ICMS socioambiental por possuírem destino final para resíduos sólidos adequados.

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Estas fragilidades no processo de monitoramento dos aterros licenciados têm origem estrutural na Agência e permeiam todo o processo de elaboração da lista de pontuação para o ICMS Socioambiental, em sua parcela relativa aos destinos finais de resíduos sólidos.

Todos os relatórios são elaborados a partir de critérios não descritos, sob a responsabilidade apenas do técnico envolvido nas vistorias, ficando evidente a subjetividade nos relatórios que não guardam nenhuma padronização, nem referências com as Normas Técnicas existentes.

Quando questionada sobre a metodologia técnica para enquadramento dos municípios, respondeu a Agência:

Esta metodologia está definida no Decreto Estadual nº 23.473, de 10 de agosto de 2001, que

Regulamenta os critérios de distribuição da parcela do ICMS que cabe aos Municípios, relativos

aos aspectos sócio-ambientais de que trata o inciso III do artigo 2º da Lei n° 10.489, de 02 de

outubro de 1990, com a redação conferida pela Lei n° 11.899, de 21 de dezembro de 2000, e dá

outras providências e, na Lei Estadual nº 13.931, de 03 de dezembro de 2009, que introduz

modificações na Lei nº 10.489, de 02 de outubro de 1990, e alterações, relativamente a

redefinições de critérios de distribuição de parte do ICMS que cabe aos Municípios.

Observou-se que a resposta apresentada pela CPRH aponta os critérios legais de

enquadramento dos municípios no rol das Administrações com direito a recebimento do ICMS Socioambiental. No entanto, não apresenta relação com os critérios de enquadramento técnico presentes nas Normas que regulam a implantação e funcionamento dos aterros sanitários, a exemplo da NBR 13896 – “Aterros de Resíduos Não Perigosos – Critérios para projeto, implantação

e operação”. Assim, esta resposta indica que os critérios técnicos adotados por ocasião das vistorias se

baseiam predominantemente na experiência profissional dos técnicos responsáveis. Em entrevista com os referidos técnicos, foi afirmado que não existe nenhum procedimento editado e que o mesmo utiliza apenas seus conhecimentos técnicos por ocasião de suas vistorias.

Este procedimento se opõe às premissas mínimas estabelecidas para o controle ambiental a

ser exercido por qualquer entidade cuja atividade esteja relacionada à gestão. Como possível e provável consequência, pode-se relacionar o não apontamento, ainda que

ocasional, da existência de algum impacto invisível inicialmente, mas que a partir de uma observação sistêmica possa ter repercussão sobre o ambiente local.

Ao se analisar os relatórios de vistoria apresentados, foi destacado o de nº 60/2010 que

versa sobre o monitoramento do processo de recuperação do aterro sanitário de São José da Coroa Grande, onde o Técnico da CPRH responsável pelo relatório em momento algum descreve a

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recepção ou mesmo a análise de qualquer dos ensaios relativos ao acompanhamento do equipamento público, apesar daquela vistoria ter sido a única realizada no ano sobre o aterro.

A inexistência de procedimentos adequados atribui aos documentos que advém das vistorias

um caráter subjetivo, inadequado para administração pública, que deve primar pela transparência e objetividade em suas ações. Igualmente, a inexistência de documentos adequados ao acompanhamento das vistorias não assegura a inexistência de possíveis impactos invisíveis, mas que não tenham sido analisados em detrimento da observação de outros aspectos visíveis de funcionamento do próprio aterro.

Tal subjetividade interfere significativamente na aferição da pontuação a ser aplicada aos

municípios, uma vez que as informações contidas nos relatórios não apresentam segurança quanto à inexistência de impactos não monitorados e mesmo à eficiência do funcionamento do aterro.

Assim, é recomendável que a Agência instrumentalize a atividade de vistoria de seus

técnicos com procedimentos editados, de forma a garantir uma análise mais ampla e que possa agregar observações quanto ao funcionamento do equipamento (aterro sanitário).

Tais instrumentos são usuais no conjunto de atividades de fiscalização e devem abordar

sistemicamente o funcionamento de todas as unidades que compõem um aterro sanitário, analisando as drenagens de gases, líquidos percolados e de superfície, a estabilidade do maciço e das vias de acesso às frentes de serviço, a contaminação do subsolo, o descumprimento às normas de acesso às instalações, o funcionamento das estações de tratamento e o estado geral das mesmas, bem como a presença de animais e a garantia do recobrimento diário.

c) O monitoramento realizado pela CPRH dos aterros sanitários, com vistas ao enquadramento no ICMS socioambiental, não é compatível com as normas técnicas, legislação e boas práticas

Observou-se, a partir das vistorias realizadas, da documentação coletada e das entrevistas

realizadas, que a CPRH não realiza com regularidade a atividade de monitoramento dos equipamentos de destino final, principalmente as unidades que se encontram no sertão pernambucano.

A ausência de uma metodologia editada não garante a observação de todos os critérios da

Norma Técnica de monitoramento quanto ao funcionamento de um aterro sanitário. Ainda, a legislação não dispõe de mecanismos de controle que assegurem a confirmação das

informações contidas na planilha repassada pela CPRH para Secretaria da Fazenda, não permitindo assim ajustes no processo de liberação dos recursos depois de emitida a planilha pela CPRH.

Quanto à sua atividade de monitoramento, respondeu a CPRH que:

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(...) a periodicidade do monitoramento, com visitas aos equipamentos de tratamento e disposição final de resíduos sólidos urbanos, está no mínimo de 02 (duas) visitas anuais e, em alguns casos onde mereçam uma maior atenção estas visitas são realizadas com maior frequência.

Observado que a metodologia utilizada pela Legislação para distribuição da parcela do ICMS relativa ao destino final adequado repercute apenas no segundo ano seguinte às vistorias, sendo enviada a planilha de enquadramento pela CPRH para a Secretaria da Fazenda em meados de abril do ano seguinte, tem-se que as vistorias realizadas em 2010 nortearam o enquadramento para recebimento em 2012.

Assim sendo, os municípios que recepcionaram resíduos e estão enquadrados na Legislação, recebendo esta parcela em 2012, deveriam ter recebido ao menos duas vistorias em 2010. No entanto, os municípios de Pesqueira e Lajedo não receberam quaisquer vistorias em 2010 e ainda assim foram contemplados na relação de municípios que receberam parcelas do ICMS socioambiental relativo à disposição final de resíduos sólidos adequados.

O município de Arcoverde recebeu apenas uma vistoria em 2010, para a qual foi emitido relatório recomendando a cassação do licenciamento, como descreve o Técnico da CPRH em seu relatório:

Diante do exposto sou favorável ao cancelamento da Licença de Operação n.º 03.10.06.025686-7

do Aterro Sanitário do município de Arcoverde, por descumprimento dos itens 1 e 11 das

exigências desta LO. A LO foi expedida em 11/06/2010 com validade até 12/06/2011. O

município deverá ser descredenciado da pontuação relativa ao ICMS socioambiental. (grifo

nosso).

Ainda assim, o município de Arcoverde recebeu parcela do ICMS em 2012. Assim, observa-se que a inclusão do município de Arcoverde na relação enviada para Secretaria da Fazenda vai de encontro ao parecer presente no único relatório de vistoria apresentado no ano anterior, não se encontrando motivação alguma para este fato.

A auditoria também encontrou discrepâncias entre a fiscalização e os repasses do ICMS nos municípios de Petrolândia e de Salgueiro. Conforme já descrito anteriormente, quanto à lógica de pontuação dos municípios, os valores que foram repassados em 2012 se referem à situação fiscalizada pela CPRH no ano de 2010.

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Foi encaminhada pela CPRH a quantidade de licenças, por tipologia, desde o ano de 2009 ao ano de 2013. Estes dados foram colhidos do sistema de informação da CPRH, Sistema Integrado de Licenciamento Ambiental (SILIA). O quadro a seguir, construído com as informações fornecidas, evidencia a quantidade de licenças emitidas referentes ao transporte, tratamento e disposição de resíduos, nas regiões de desenvolvimento RD01 e RD04, do ano de 2009 a 2013.

Quadro 7 – Quantidade de licenças de transporte, tratamento e disposição de resíduos – RD01 e RD04

ANO RD01 RD04

2009 0 0

2010 0 0

2011 0 1

2012 1 1

2013 0 0

Fonte: Dados fornecidos pela CPRH.

As regiões de desenvolvimento RD 01 e RD 04 englobam os seguintes municípios descritos no quadro a seguir:

Quadro 8 – Municípios por região de desenvolvimento – RD 01 e RD 04

RD Região Municípios abrangidos

RD 01 Sertão de Itaparica Belém de São Francisco, Carnaubeira da Penha, Floresta, Itacuruba,

Jatobá, Petrolândia e Tacaratu

RD 04 Sertão Central Cedro, Mirandiba, Parnamirim, Salgueiro, São João do Belmonte,

Serrita, Terra Nova e Verdejantes

Fonte: CPRH.

Analisando-se os dados acima, subentende-se que o município de Petrolândia não teve

nenhuma licença aprovada dos anos de 2009 a 2011, bem como o município de Salgueiro não teve nenhuma licença aprovada nos anos de 2009 e 2010. Salienta-se que a validade da licença de operação de um aterro sanitário é de um ano. Portanto, os aterros sanitários porventura existentes nestes municípios, no ano de 2010, estariam sem licença de operação válida, quando da visita realizada pelos técnicos da CPRH para pontuação dos aterros.

Verificando-se os percentuais repassados aos municípios no ano de 2012, constata-se que os

municípios de Salgueiro e Petrolândia foram contemplados com o ICMS socioambiental, com os respectivos percentuais de 0,0241% e 0,0312%.

No anexo I do Decreto Estadual nº 23.473/2001 estão definidos os critérios de pontuação

para habilitação dos municípios, com unidades de compostagem e com aterros sanitários, sendo uma das exigências a operação regular do aterro, bem como a licença de operação vigente.

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Portanto, se os aterros sanitários destes municípios não possuíam licença vigente no ano de 2010, estes não estariam habilitados a receber a parcela do ICMS socioambiental no ano de 2012, o que evidencia falhas na fiscalização da CPRH no que tange à pontuação dos municípios com relação à distribuição do ICMS sócio-ambiental.

Salienta-se que o pagamento de cotas do ICMS socioambiental a municípios que não

estavam devidamente habilitados gera um prejuízo para os demais que estavam em conformidade com os parâmetros exigidos pela lei, tendo em vista que o valor total é rateado por todos.

Não obstante o descompasso entre as afirmações contidas nas correspondências da CPRH,

os relatórios de vistorias e os dados do sistema de informações da CPRH, a presença de um município na relação dos que tem em funcionamento um aterro sanitário exige uma atenção maior por parte da CPRH, fato que não se evidencia na série histórica das vistorias realizadas (vide tabela 2). O número de vistorias realizadas em 2011 e 2012 são significativamente inferiores às realizadas em 2010, que por sua vez são bem inferiores às afirmações da CPRH em suas correspondências. Na realidade, apontados 22 (vinte e dois) aterros em funcionamento ou instalados naquele ano de 2010, deveriam ter sido realizadas ao menos 44 (quarenta e quatro) vistorias; No entanto, em 2010, foram realizadas apenas 32 (trinta e duas).

A operacionalização dos aterros sanitários demanda constante atividade de monitoramento,

sem a qual os desvios de funcionamento podem facilmente torná-los vazadouros a céu aberto. A equipe de auditoria anexa uma vasta documentação fotográfica realizada quando das

visitas in loco aos aterros sanitários. No município de Petrolândia, como aspectos relevantes, observou-se grande quantidade de material sem recobrimento, depósito de carcaças de animais provenientes do matadouro local e as unidades de triagem e compostagem não se encontram em operação.

Data da vistoria: 06/03/2013 - Documentação fotográfica

Foto 1: Grande quantidade de material sem Foto 2: Grande quantidade de material sem

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recobrimento recobrimento

Foto 3: Lagoa de decantação, sem a presença do

“chorume”

Foto 4: Depósitos para os materiais provenientes

da triagem, atualmente desativado

Foto 5: Carcaças de animais provenientes do

matadouro ocal Foto 6: Usina de Triagem, fora de operação

RECOMENDAÇÕES

Dentre as recomendações propostas, determina-se à CPRH a adoção das seguintes medidas:

• Redimensionar o quadro técnico desta agência de forma a atender com maior freqüência às demandas de fiscalizações dos aterros sanitários dos municípios do Estado de Pernambuco, com vistas à pontuação adequada do ICMS socioambiental;

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• Instrumentalizar a atividade de vistoria de seus técnicos com procedimentos editados, de forma a garantir uma análise mais ampla e que possa agregar observações quanto ao funcionamento dos equipamentos de aterros sanitários;

• Editar uma metodologia que norteie o processo de monitoramento do funcionamento

dos aterros sanitários de forma continua e presente, inclusive com a utilização de manuais editados de vistoria que assegurem conteúdo adequado, incorporando a recepção e observação dos ensaios e testes previstos nas Normas Técnicas e nos condicionantes das Licenças de Operação.

REFERÊNCIAS Processo de Auditoria Especial TC Nº 1207654-5.

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ESTÁGIO INCIPIENTE DA GOVERNANÇA DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO NA MAIORIA DOS

ÓRGÃOS E ENTIDADES ESTADUAIS, ELEVANDO O RISCO DE INEFICÁCIA, INEFICIÊNCIA E

ANTIECONOMICIDADE DAS AÇÕES EM CURSO E PROJETADAS.

CONTEXTUALIZAÇÃO

A tecnologia da informação (TI) constitui-se em um dos principais instrumentos de desenvolvimento das organizações, assumindo, em razão disso, papel preponderante e estratégico. No que pertine à Administração Pública, a tecnologia da informação melhora e desburocratiza serviços, provê celeridade, facilita o acesso a informações e tem contribuído para a elevação dos níveis de eficácia, eficiência e transparência da gestão pública. Nesse contexto, o uso da TI é cada vez mais intenso e, consequentemente, o volume de recursos públicos aplicados na contratação de bens e serviços de TI é cada vez maior. Por outro lado, a crescente dependência da TI por parte das organizações a torna um recurso crítico, transformando-a em ameaça ao negócio, caso não funcione adequadamente.

Assim sendo, a tecnologia da informação deve ser tratada como parte significante do negócio e deve agregar valor, trazendo benefícios e contribuindo para que as organizações possam melhor atingir suas metas e objetivos. A entrega de valor, todavia, requer boa governança e boa gestão dos ativos de informação e de tecnologia. A boa governança de TI é essencial para assegurar que os vultosos recursos investidos em TI contribuam decisivamente para o aprimoramento do desempenho das organizações. Ante o caráter estratégico e crítico da TI, tem-se que é responsabilidade da alta administração de cada organização governar o seu uso, não podendo essa responsabilidade ser delegada.

Se governar a TI é papel da alta administração, aos órgãos de controle externo cabe propor recomendações visando fomentar e induzir o aperfeiçoamento da governança de TI dos órgãos e entidades da Administração Pública, contribuindo para o aperfeiçoamento da gestão e uso dos recursos de TI, bem como para a boa aplicação dos recursos públicos nessa área.

Nessa esteira, com base em dados de 2012, o Tribunal de Contas do Estado realizou auditoria tendo por objetivo obter um diagnóstico da situação da governança de tecnologia da informação na Administração Pública Estadual (APE). A auditoria visou identificar os pontos mais vulneráveis suscetíveis de providências por parte de cada um de seus órgãos e entidades, bem como por parte das instituições responsáveis pela instituição de normas e políticas públicas de Tecnologia da Informação no Estado.

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Os trabalhos de auditoria observaram as disposições contidas na norma da ABNT-NBR-ISSO/IEC 38500:2009, que versa sobre Governança Corporativa de Tecnologia da Informação e que define “Governança de TI” nos seguintes termos:

O sistema pelo qual o uso atual e futuro da TI é dirigido e controlado. Governança corporativa de TI significa avaliar e direcionar o uso da TI para dar suporte à organização e monitorar seu uso para realizar os planos. Inclui a estratégia e as políticas de uso da TI dentro da organização.

De acordo com a supracitada norma técnica, as seguintes contribuições podem advir de uma boa governança de TI: a) alinhamento da TI com as necessidades do negócio; b) continuidade e sustentabilidade do negócio; c) concretização atual dos benefícios aprovados de cada investimento de TI; d) clareza quanto à responsabilidade e obrigatoriedade em prestar contas, tanto quanto ao uso quanto à provisão da TI para atingir as metas da organização; e) inovação nos serviços, mercado e negócio; f) alocação eficiente de recursos; g) redução nos custos da organização; h) boas práticas nos relacionamentos com as partes interessadas; e i) correta implementação e operação dos ativos de TI (sistemas e infraestrutura).

Na auditoria, foram analisados aspectos concernentes ao planejamento estratégico institucional, à segurança da informação, à estrutura de pessoal de TI, ao gerenciamento de serviços e projetos, ao processo de desenvolvimento de softwares, à gestão de serviços de TI, à contratação e gestão de contratos de TI e aos processos orçamentários e de auditoria interna. A metodologia adotada se inspirou na sistemática desenvolvida pelo Tribunal de Contas de União – TCU em seu segundo levantamento da governança de TI na Administração Pública Federal (cf. Acórdão nº 2.308/2010 – Plenário).

Figurou como órgão jurisdicionado interessado a Secretaria de Administração do Estado (SAD), por esta ter a atribuição de promover, supervisionar e avaliar a execução de planos e projetos de tecnologia da informação no âmbito da Administração Pública Estadual, conforme o art. 1º, inciso V, da Lei Estadual n° 15.225/2013, a qual dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do Poder Executivo Estadual. Ademais, a SAD é o órgão central do Sistema Estadual de Informática de Governo e responsável por sua coordenação, nos termos do art. 2º, inc. II, da Lei Estadual nº 12.985/2006, que instituiu o Sistema Estadual de Informática de Governo – SEIG, além de ser o órgão supervisor das atividades da Agência Estadual de Tecnologia da Informação – ATI (art. 8º, V, do Decreto nº 26.754/2004).

Importa observar que todos os resultados apresentados no Relatório de Auditoria se basearam exclusivamente nas informações declaradas pelas autoridades máximas dos órgãos e entidades que prestaram informações ao TCE/PE, as quais poderão ser objeto de confirmação em

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eventual futura auditoria, segundo expressamente alertado no Ofício que foi encaminhado aos jurisdicionados.

SITUAÇÃO ENCONTRADA

A partir da análise das informações obtidas junto aos órgãos e entidades jurisdicionados foi possível identificar as seguintes deficiências na governança de TI da Administração Pública Estadual:

a) Baixo comprometimento da alta administração com as políticas de TI;

b) Baixo percentual de instituição de comitês de TI;

c) Deficiências no processo de planejamento estratégico;

d) Deficiências do processo orçamentário de TI;

e) Desatenção da alta administração com o preenchimento e o acompanhamento do desempenho das funções gerenciais de TI;

f) Capacitação em gestão de TI deficiente;

g) Elevada dependência de terceiros da força de trabalho de TI;

h) Tratamento deficiente da segurança da informação;

i) Reduzido nível de maturidade do processo de desenvolvimento de software;

j) Baixo percentual de formalização de processo de gerenciamento de projetos;

k) Gestão de serviços de TI deficiente;

l) Reduzida prática de realização de auditorias de TI;

m) Deficiências no processo de contratação e gestão contratual de soluções de TI.

n) Elevado número de adesões tardias a atas de registro de preços (“carona”);

Com efeito, na maior parte dos órgãos e entidades pesquisados, verificou-se um baixo comprometimento da alta administração com as políticas de gestão e uso corporativos de TI. Em regra, os dirigentes das instituições estaduais não se responsabilizam pelo estabelecimento dos objetivos e indicadores para a área de TI, não costumam acompanhar o desempenho da gestão corporativa de TI, nem instituíram comitês de TI para priorizar investimentos e assegurar o alinhamento da TI com o negócio.

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Outro aspecto negativo refere-se aos baixos percentuais de implantação de processos formais de planejamento estratégico de TI nas unidades fiscalizadas, sendo que 25% (vinte e cinco por cento) das unidades estaduais declararam não realizar o planejamento estratégico de TI e 82% (oitenta e dois por cento) admitiram não haver aprovado e publicado um Plano Diretor de Tecnologia de Informação (PDTI). Assim, pode-se inferir, que em tais unidades não há o estabelecimento das ações a serem realizadas pela área de TI para contribuir com os objetivos do negócio. A situação ainda se mostra mais grave pelo fato de 21% (vinte e um por cento) das unidades investigadas afirmarem não realizar qualquer processo de planejamento estratégico institucional ou apenas elaborar planos de forma esporádica.

A pouca preocupação com a governança de TI nas unidades estaduais reflete-se nas deficiências apuradas pela auditoria em diversos aspectos da gestão de TI, incluindo-se um elevado índice de dependência de pessoas que não são servidores efetivos tanto nas funções gerenciais quanto operacionais de TI. Também merece destaque o expressivo número de contratações de bens e serviços de TI realizadas através de adesões tardias a atas de registro de preços (“carona”). Apurou-se que em 2011 foram feitas um total de 172 (cento e setenta e duas) adesões tardias a atas de registro de preços relativas a bens e serviços de TI, frente a apenas 22 (vinte e duas) participações desde a fase de planejamento do registro de preços. A prática indiscriminada de adesões tardias inibe os ganhos de economia de escala que poderiam ser obtidos pela participação conjunta de diversos entes na fase de planejamento do certame, além de aumentar o risco de contratações que não atendam as necessidades do ente aderente. Não se pode também negar o risco de se fazer adesões tardias a atas de registro de preços decorrentes de licitações viciadas ou fraudulentas, fato que, além de contribuir para a propagação das eventuais irregularidades praticadas na licitação originária, poderá macular as contas dos gestores que optaram pelo caminho mais fácil da adesão tardia, com o intuito de evitar os percalços de um certame licitatório.

Em suma, a auditoria permitiu constatar que as práticas de governança de TI ainda não se encontram amplamente disseminadas na Administração Pública Estadual, haja vista que 60 (sessenta) das 68 (sessenta e oito) unidades fiscalizadas se encontram em um estágio inicial de governança de TI, consoante o índice iGovTI, métrica criada pelo Tribunal de Contas de União para aferir o nível de governança de TI dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal (cf. Acórdão nº 2.308/2010 – Plenário, referente ao segundo levantamento da governança de TI na Administração Pública Federal) .

Índice de governança de TI – iGovTI na Administração Pública Estadual

O estabelecimento de uma métrica para aferir o nível de governança de TI permite a comparação entre as instituições fiscalizadas, de modo a identificar aquelas que apresentam maior risco, bem como o acompanhamento da evolução dos níveis de governança ao longo do tempo. De

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acordo com a metodologia definida pelo TCU, tomando-se como base o valor obtido para o iGovTI, tem-se três estágios de governança de TI, conforme exposto na tabela a seguir:

Tabela 1 - Estágios do iGovTI

Estágio Intervalo do

iGovTI Descrição

Inicial < 40%

Baixo envolvimento da alta administração, planejamento frágil,

servidores menos preparados e controles internos menos

rigorosos e menos estruturados, sendo, por isso, maior o risco

de ocorrência de falhas que costumam resultar em ineficácia,

ineficiência, inefetividade e antieconomicidade.

Intermediário ≥ 40% e

< 60%

A alta administração tem conhecimento de seu papel e está

preocupada em dar firme direção à instituição por meio de

planejamento, reconhecendo a necessidade de pessoal

qualificado para assumir processos e controles de processos

mais rigorosos. Porém, tal condição ainda não se reflete

consistentemente na formalização, monitoração e

aperfeiçoamento de processos de trabalho. Uma eventual troca

da liderança poderá facilmente romper o processo de

aperfeiçoamento institucional.

Aprimorado ≥ 60%

Elevado compromisso da alta administração com a direção da

instituição em todos os níveis, por meio de planejamento

consistente e sistemático, fixação clara de objetivos e metas,

monitoração da execução e auditoria. Além disso, o quadro de

pessoal recebe qualificação sistemática e os processos de

trabalho são formais e mensurados.

Aplicando-se a metodologia do TCU com as adequações necessárias, foi calculado o iGovTI na âmbito da Administração Pública do Estado de Pernambuco, obtendo-se ao final a seguinte distribuição de instituições de acordo com seu respectivo iGovTI:

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0

2

4

7

1716

9

5

1

4

21

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 a

04%

05 a

09%

10 a

14%

15 a

19%

20 a

24%

25 a

29%

30 a

34%

35 a

39%

40 a

44%

45 a

49%

50 a

54%

55 a

59%

iGovTI

Qu

anti

dad

e d

e in

stit

uiç

ões

Figura 1 - Distribuição das instituições de acordo com o iGovTI

A distribuição das instituições por estágios do iGovTI revela que apenas 8 (oito) dos órgãos e entidades estaduais fiscalizados encontram-se em um nível intermediário de governança de TI. Por outro lado, nenhuma instituição estadual alcançou o nível aprimorado, conforme apresentado na figura a seguir:

Distribuição por estágios do iGovTI

60

8

0

0 10 20 30 40 50 60 70

Inicial(0 a 0,39)

Intermediário (0,4 a 0,59)

Aprimorado (superior a 0,6)

Est

ágio

Quantidade de instituições

Figura 2 - Distribuição por estágios do iGovTI

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Ressalte-se que o estágio ainda incipiente da governança de TI, observado na maior parte dos órgãos e entidades estaduais, eleva o risco de ineficácia, ineficiência e antieconomicidade das ações de TI, o que, em última análise, pode acarretar o mau uso de recursos públicos. Referido risco é ainda maior para aquelas instituições que possuem elevados orçamentos de TI.

A figura a seguir apresenta a relação entre o orçamento de TI e o iGovTI das instituições fiscalizadas:

iGovTI x Orçamento de TI

10.000,00

100.000,00

1.000.000,00

10.000.000,00

100.000.000,00

1.000.000.000,00

0 0,2 0,4 0,6 0,8 1

iGovTI

Figura 3 - Relação entre o orçamento e o iGovTI

Conforme se pode verificar a partir da Figura 3, existem 3 (três) instituições no estágio inicial de governança (iGovTI inferior a 0,4) cujo orçamento de TI supera os R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais), indiciando o elevado risco de mau uso desses recursos, seja em função da fragilidade do planejamento de TI, seja pelas deficiências nos processos de controles internos implementados ou pela insuficiência do quadro de pessoal técnico especializado e devidamente capacitado para gestão dos processos de TI, notadamente no que pertine ao planejamento das contratações e à gestão e fiscalização de contratos de TI.

RECOMENDAÇÕES

Dentre as recomendações propostas à Secretaria de Administração do Estado (SAD), no Acórdão nº 1198/2014, destacam-se:

a) Definir a estratégia geral de TI da Administração Pública Estadual;

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b) Desenvolver ações visando conscientizar a alta administração de cada unidade da Administração Pública Estadual acerca da importância da Governança de TI e da necessidade de acompanhamento do desempenho da TI da instituição;

c) Normatizar a obrigatoriedade do processo de planejamento estratégico institucional e do processo de planejamento estratégico de TI, com objetivos deste alinhados aos do negócio da organização;

d) Identificar no Orçamento do Estado, de forma objetiva e transparente, a previsão de gastos com bens e serviços de TI de cada unidade, normatizando a obrigatoriedade de um processo formal para elaboração e acompanhamento da execução orçamentária dos gastos com TI;

e) Prover os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual com um quantitativo mínimo de servidores efetivos, devidamente capacitados e qualificados para o pleno desempenho das atribuições de cada um dos setores de TI, estabelecendo para as funções de liderança as competências multidisciplinares necessárias, não limitadas a conhecimentos em TI;

f) Elaborar modelos de processos de software, gerenciamento de projetos e gestão de serviços de TI baseado em níveis de serviços, a serem seguidos por todas as unidades;

g) Elaborar modelo de processo para contratação e gestão de soluções de tecnologia da informação, a ser seguido inclusive nos casos de dispensas, inexigibilidades e contratação por adesão a atas de registros de preços;

h) Aprimorar a efetividade do apoio técnico dado pela Agência de Tecnologia da Informação do Estado (ATI) à melhoria da Governança de TI no âmbito da Administração Pública Estadual.

O relator do Processo determinou, igualmente, que a SAD remetesse ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, Plano de Ação contendo as ações, o cronograma e os responsáveis pela implementação das recomendações elencadas.

REFERÊNCIAS

Processo de Auditoria Especial TC Nº 1306051-0.