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ENTENDENDO VISUAL SENSEMAKING O jornal Minas Marca de Setembro/2015 trouxe um artigo sobre Sensemaking. Algumas parte da entrevista feita comigo estão na matéria, mas aqui está o insumo original e na íntegra. Os tópicos foram sugeridos pelo jornal. www.anabarroso.com © 2015 Ana Barroso Design Thinking & Inovação. All Rights Reserved

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ENTENDENDO VISUAL SENSEMAKING

O jornal Minas Marca de Setembro/2015 trouxe um artigo sobre Sensemaking. Algumas parte da entrevista feita comigo estão na matéria, mas aqui está o insumo original e na íntegra. Os tópicos foram sugeridos pelo jornal.

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O que é Sensemaking? O Sensemaking têm diversas definições, de acordo com a formação profissional de quem o descreve.Da perspectiva do Design, em resumo, Sensemaking é processo de entendimento prévio de situações complexas, ambíguas e que estamos tentando transformar através da intervenção do design.

Para gerarmos entendimento dessas situações, o Visual Sensemaking se utiliza de recursos dialógicos e visuais diversos – desde palavras, mapas mentais, imagens, desenhos, diagramas, gráficos, tabelas. Isso nos permite externar nossos modelos mentais no espaço e visualizar conceitos que ficam invisíveis quando não criamos o espaço e a plataforma para que ganhem vida e para que sejam passíveis de interação.

A construção de sentido nas organizações O sensemaking existe, ou idealmente deveria existir, em várias situações do dia a dia de uma organização. Alguns exemplos:na construção e tangibilização de uma proposição de negócio que exista só no campo das idéias e que precise ser comunicado com toda sua complexidade e clareza para todos os stakeholders; na construção colaborativa de uma visão de futuro para a empresa ou para o setor; na facilitação de processos de inovação interdisciplinares; na geração de inteligência a partir de grandes volumes de dados e de big data.

O visual sensemaking é um grande catalisador de entendimento e inovação em todos esses momentos e esse talvez seja um dos grandes desafios atuais das organizações – encontrar profissionais com as competências necessárias para atuarem como sensemakers e enfrentarem os desafios impostos pelo mercado no século XXI. Existe um grande déficit desses profissionais; estamos caminhando no sentido de formá-los com competências de Visual Sensemaking para que as organizações passem a ser mais inovadoras e funcionem como espaços de aprendizado constante.

O sensemaking na otimização da tomada de decisão Pense nos desafios que as empresas enfrentam atualmente no dia a dia, dos menores aos maiores projetos: conectividade, tecnologias disruptivas, novos comportamentos emergentes, abundância de dados, crises econômicas, organizações superestruturadas, entre outros.

A tomada de decisão hoje em dia demanda conhecimentos tão complexos e multidisciplinares dos decisores que é imprescindível que haja um fluxo contínuo de inteligência e colaboração para apoiá-los.

Um exemplo do uso de Visual Sensemaking na tomada de decisão é na formação de competências e na criação plataformas para sintetizar e gerar inteligência à partir de grande volume de dados de uma empresa que ficam subutilizados ou limitados a uma área, muitas vezes TI ou Marketing. As grandes organizações já se preparam do ponto de vista de infra-estrutura e tecnologia para coletar dados precisos de sua cadeia produtiva, de seus consumidores, produtos, mercado, redes sociais, etc. O Visual Sensemaking vem ajudando-as a efetivamente aprender, interagir com essas informações, gerar inteligência e inovação multidisciplinar, capacitando de seus profissionais com competências analíticas e visão sistêmicas, criando uma cultura de aprendizado e inovação constantes, desenvolvendo dispositivos físicos e digitais que possibilitem esse aprendizado no dia a dia.

O uso de recursos de imagem na assimilação de conteúdo Nós nos tornamos indivíduos cada dia mais orientados pela imagem. A câmera do celular, o Instagram, o Facebook, todas essas tecnologias fizeram com que nossa sofisticação visual e dependência da imagem como informação aumentasse exponencialmente na última década. Isso

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aumenta ainda mais a importância do pensamento visual como artifício para entendimento de ideias complexas, que textualmente demandam um esforço muito maior de assimilação.

Além dessa crescente cultura visual, buscamos também agilidade na absorção de informação, visto o volume gigantesco de conteúdo ao qual somos expostos diariamente. Recursos visuais geralmente tornam o dado mais atrativo e passível de exploração. Além disso, estamos vivendo uma mudança grande de paradigma. Saímos da metáfora da árvore, que antes era usada para detalhar, por exemplo, organogramas organizacionais, para a visualização de redes, que é um conceito muito mais apropriado para estruturas de trabalho atuais. É praticamente impossível, por exemplo, descrever textualmente um “organograma" de uma empresa como o Uber, ou a forma de trabalho de autores no wikipedia que se espalham por todo o mundo.

A imagem se tornou fundamental para entendermos a teia complexa dos nossos tempos.

O sensemaking na otimização dos negócios Existem casos diversos da aplicação do Sensemaking na transformação de negócios de diversos setores. Estou trazendo para Brasil a principal consultoria de Visual Sensemaking dos EUA, a Humantific, que tem cases muito interessantes de aplicação prática em grandes empresas como Pfiser, Novartis, Bill and Melinda Gates Foundation, Santander, entre outras. Em praticamente todos esses casos, a contribuição do sensemaking foi no sentido de articular com os líderes e tangibilizar uma visão do futuro dessas organizações e de seus setores, além do desenho de caminhos e projetos para chegarem até lá.

Essa é uma aplicação absolutamente estratégica do Visual Sensemaking, mas existem contribuições em contextos de menor abrangência que podem ajudar de forma definitiva as empresas a se tornarem mais ágeis, responsivas e colaborativas. Um exemplo prático e que tem grande demanda de startups, por exemplo, é a construção visual de uma proposição de novo negócio para que seus empreendedores consigam buscar investidores, parceiros e sócios, mesmo sem um produto ou serviço tangível. Tenho trabalhado com alguns empreendedores de setores bem variados que encontram no visual sensemaking uma forma de desenhar, tangibilizar e vender novos negócios para grandes aceleradoras.

Todo projeto de design trabalha, em escalas diferentes, com algum grau de sensemaking. Desafios tradicionais de design gráfico e branding, que são mais comuns na comunicação com o público externo, demandam mais diferenciação do que sensemaking – costumamos chamar isso de "strangemaking". Mas o maior desafio nas organizações hoje em dia talvez seja interno: na comunicação dentro da empresa, e isso demanda menos diferenciação e muito mais sensemaking. Fazer com que colaboradores tenham acesso à informações claras, a inteligência de outras áreas, a decisões tomadas em reuniões, a dados de mercado, de forma mais engajadora, eficaz e visual é um grande desafio Sensemaking.

Em nossas vidas privadas nos comunicamos de forma muito mais eficaz e estimulante, por exemplo, enviando mensagens com fotos e imagens no Whatsapp ou Facebook, mas nas empresas ainda temos que gerenciar centenas de emails cheios texto, relatórios, dashboards, atas de reuniões, documentos de todos os tipos com informações das mais triviais até as mais decisivas para nossos negócios. Em grande parte das vezes, não existe uma hierarquia de relevância, não se utiliza pensamento visual, o entendimento não é facilitado, por isso os indivíduos muitas vezes não conseguem de fato se engajar com todo esse volume de conteúdo, e muito menos gerar insights a partir dele.

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Uma demanda crescente por sensemaking skills O relatório de 2011 do Institute for the Future cita o Sensemaking como uma das 10 competências que serão mais importante no mercado de trabalho nos próximos 10 anos.

O Fórum Econômico Mundial esse ano tem uma agenda específica para tratar da inovação colaborativa como ferramenta de crescimento, e onde há inovação colaborativa deve haver sensemaking.

Quanto mais avançamos no campo tecnológico, quanto mais precisarmos trabalhar de forma multidisciplinar, quanto mais desafios complexos o século XXI nos apresentar, mais precisaremos de competências relacionadas a construção de sentido, como visual thinking, visualização de dados, modelagem de visão de futuro, etc. As disciplinas tradicionais de gestão não dão conta dos desafios dos nossos tempos. Até mesmo as ferramentas de design thinking e os diversos canvas que são comuns em consultorias desse campo, não são apropriadas para cenários de transformação organizacional e para darem conta de desafios da escala social. Elas foram desenhadas para a esfera do design de produtos, de serviços e de experiências, que demandam menos sensemaking e mais diferenciação. Quando falamos em transformação organizacional, as ferramentas são outras, o processo é mais participativo, deliberativo e a demanda por sensemaking é muito maior.

- - Matéria original: http://goo.gl/AArd9C

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