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\>H2'. . . % o ECHO y '¦i-~ ~ - ¦ .¦¦¦..-... p.fpm r'x*fctiÊÊÊfim -."¦'• '\'.-' 'P':r.P¦¦'¦:: .'.-2;3$fl Periódico litterario, noticioso e recreativo, fundado por um grupo da moèidajte do bairro do Engenho-Novo PUBLICAÇÃO MENSAU t Acceitaraos a collaboração doa que quizcrem honrar as nossas columnas. publicaremos os originaes que nos forem enviados* depois de julgados pela-Redacção£ N. 2 Capital Federal, 5 de Fevereiro de 1893. Anno L AVISO Toda a correspondência, nem como pe- didos de a^iirnaturas, devem ser dirigido» em carta fechada á rua Vinte e Quatro d<- Maion. 110, Estação do Sampaio. As assinaturas trimensaes do Echo Sa°'Capital1#>?0 eL\o*......2»<>00. ¦ ¦¦¦" - ;-2'2£?í K1:". O ECHO Hoje, que o nosso sonho deixou de iser uma utopia, e que o nosso nuwlesto jornal- zinho tem um lugar entre a brilhante phalange dos obreiros da Imprensa, nã< podemos deixar no olvido a Imnevolencin com qne fomos recebidos, quer pelos illus- trvs campeões do jornalismo, quer por esse bando de bravos que constituem a brios: mocidade Iwazileira. Áquelles o nosso sincero agradecimento; a estes as nossas congratulações, porque mais unia vez mostraram quanto sào di- grais do alto conceito em que os tem a Pátria esperançosa, não abandonnndo um: causa nobre e generosa, como a de com- bater em prol da nossa litteratura, preste a submergir-se exanime, no oceano revolt. díTTiHis iníreiié i»õlftica. Avante, pois, obreiros do progresso! Avante, mocidade brazi lei ra! Avante!.. Vamos nas columnas do nosso modest jornal, tomar parte no féstim das letra:- pátrias; vamos erguer aqui um templo, onde entoemos, .ligados pelos brandos viu culos do patriotismo, mil hosannas á noss; querida Pátria, ao nosso querido torra, brazileiro.. « Somos jovens... Mas que importa ( Nfto C porventura, também joven o nosso idolatrado Brazil? No mappa das nações, também nilo toi elle o derradeiro a apparecer? Nos oceanos niarulhosos, também nâ< surgiu por ultimo b nosso glorioso pendáo aun-verde?...æ. E, no entanto, esse Brazil, de que Cabral ergueu o véo nebuloso, que o, envolvia em suas dobras mysteriosas; e de que o mundo inteiro comtemplou embevecido as suas ri- quezas naturaes, os seus magestosos rios, a deslisarem-se espumantes, em leitos sinu- osos, atravez de uma vegetação luxuriante, e que, ligeiramente dourados pelos raios amortecidos do sol, nas bellas tardes do estio, fizeram, talvez, sonhar aos aveutu- ieiros, famintos de ouro, o incógnito Eldo- ra(jo; —esse Brazil no lapso de três séculos, tão curto para ávida das nações, galgou, ua escala do Progresso, á meta que os outros paizes civilisados conseguiram attingir depois de mil annos, e hoje cami- nha altivo ao lado das nações adiantada do velho mundo, a seguir esse mystenoso destino, para que nos guia o Progresso, impellido pela força ingente do vapor e da electricidade!.... Avante, pois! E sempre: Avante! Nas officinas do mundo todos trabalham; nas forjas do pensamento, todos ela- boram..... Não é licito á mocidade estar parada, não é licito dormir no século das luzes- porque dormw é trabalhar para o regresso, é transformar o espirito em materifi, como bem disse um distiucto poeta brazileiro.... Avante, pois! Avante! Miséria Em taças finíssimas de crystal, cahe a jorros o Champagne espumante, que, em suas dolosas delicias, vai lançar no cérebro dos magnates, as ardencias traidoras da embriaguez, que os arrasta a passos rápidos aos paroximos da lou- cura. Meio-occulta entre folhagens verde- jantes, no caramanchel simulado de uma alcova do Prazer, uma orchestra ames- trada, inunda os vastos salões com seus melodiosos accordeS para tirar d'aquelles cérebros o ultimo vestígio de raciocínio que ainda lhes resta, e leval-os aos limi- tes daraais desenfreada loucura. Mas, quaes serão os mais embriaga- dos? Áquelles que voltijam vertiginosa- mente u'uma walsa estonteante e que procu min encontrar no nectar traidor do Champagne a alegria fictícia e pas- sageira, que não lhes a alma embru- tecida pelo vicio "m ¦ Ou áquelles pobres mercenários da arte, que tendo, talvez, o corpo estalado, a pedir somno e descanço, tocam alli automaticamente aquellas hannonias estranhas a elles, que, então, sonham com o retinirde lourassterlinas?... ...E dizer-se que n'esta orgia, n'esta bacchanal do vicio, conimemoram ós ricos o nascimento do casto Jesus !... Oh ! blasphemia!... Oh ! sacrile- "..:¦•,¦;.'....:¦'::¦.¦¦*:!'¦$} ¦ »- ( CO N T Ò DE N A T Xtr)" Nos salões alcati fados de flores e dc tapeçarias riquíssimas, os validos, da Fortuna, os fildagos da riqueza osten- tam vistosas roupagens; e scintillantes decorações cobrem-lhe o peito oflegante, no galopeiar de uma walsa fugaz, ou no ¦arganteio hypocrita de uma estudada •argal liada. fudo é alegria... Todos se divertem... Nos collos niveosde damas elegantes; os raios intensos de mil focos electnicos fazem scintillar myriadas de negras preciosas, de obras primas da ounvesa- ria moderna, que, em suas fulguracões varias, oftuscam os olhares ávidos da mocidade atrophiada nas noites de orgia da riqueza viciosa, e despertam-lhe os appetítes sensuaès da mesquinha btt€ humaine.'- gio ...É dizer-se que essa ...«sn» orehes- tra, que hoje suada, estafada, enche os salões dos ricos com suas musicas j>ro- fanas, satânicas, vai amanha, afive- lando no rosto a mascara hypocrita de santidade, inundar os templo* Mffpí da religião com os aocordes myr uma melodiosa Ave-Maria,.em 1 /em ao martyr dos martyres, ao heróe dos heroes, ao casto Menino Jesus !... E tudo isto só. para sentir nas al^i- beiras vasia* o retinir do ouro, a maciez de sedosas notas; e tudo isto soj para nio ter as ancias terríveis da Fome!... Oh! Progresso! Progresso ! Quanto és mesquinho, embora te ataviem com o manto vil do dinheiro, com a aureola de tuas'sublimes invenções !... Quanto aviltas o homem, tirando-lhe do peito o sentimento mystico da reli- --' r i.

memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/825735/per825735_1893_00002.pdf · 2014-08-07 · Avante, mocidade brazi lei ra! ... teu ente o rosto divino, ... E'a família que passeia ! ~T~*l Ao

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-."¦'• '\'.-' 'P':r.P¦¦'¦:: .'.-2;3$fl

Periódico litterario, noticioso e recreativo, fundado por um grupo da moèidajtedo bairro do Engenho-Novo

PUBLICAÇÃO MENSAU

t

Acceitaraos a collaboração doa que quizcrem honrar

as nossas columnas.

Só publicaremos os originaes que nos forem enviados*

depois de julgados pela-Redacção £

N. 2 Capital Federal, 5 de Fevereiro de 1893. Anno L

AVISOToda a correspondência, nem como pe-

didos de a^iirnaturas, devem ser dirigido»em carta fechada á rua Vinte e Quatro d<-Maion. 110, Estação do Sampaio.

As assinaturas trimensaes do EchoSa°'Capital 1#>?0

eL\o*..... .2»<>00.

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K1:".

O ECHO

Hoje, que o nosso sonho deixou de iseruma utopia, e que o nosso nuwlesto jornal-zinho já tem um lugar entre a brilhantephalange dos obreiros da Imprensa, nã<podemos deixar no olvido a Imnevolencincom qne fomos recebidos, quer pelos illus-trvs campeões do jornalismo, quer por essebando de bravos que constituem a brios:mocidade Iwazileira.

Áquelles o nosso sincero agradecimento;a estes as nossas congratulações, porquemais unia vez mostraram quanto sào di-grais do alto conceito em que os tem aPátria esperançosa, não abandonnndo um:causa nobre e generosa, como a de com-bater em prol da nossa litteratura, prestea submergir-se exanime, no oceano revolt.díTTiHis iníreiié i»õlftica.

Avante, pois, obreiros do progresso!Avante, mocidade brazi lei ra! Avante!..

Vamos nas columnas do nosso modestjornal, tomar parte no féstim das letra:-pátrias; vamos erguer aqui um templo,onde entoemos, .ligados pelos brandos viuculos do patriotismo, mil hosannas á noss;querida Pátria, ao nosso querido torra,brazileiro. . «

Somos jovens... Mas que importa (Nfto C porventura, também joven o

nosso idolatrado Brazil?No mappa das nações, também nilo toi

elle o derradeiro a apparecer?Nos oceanos niarulhosos, também nâ<

surgiu por ultimo b nosso glorioso pendáoaun-verde?... .

E, no entanto, esse Brazil, de que Cabralergueu o véo nebuloso, que o, envolvia emsuas dobras mysteriosas; e de que o mundo

inteiro comtemplou embevecido as suas ri-quezas naturaes, os seus magestosos rios, adeslisarem-se espumantes, em leitos sinu-osos, atravez de uma vegetação luxuriante,e que, ligeiramente dourados pelos raiosamortecidos do sol, nas bellas tardes doestio, fizeram, talvez, sonhar aos aveutu-ieiros, famintos de ouro, o incógnito Eldo-ra(jo; —esse Brazil no lapso de três séculos,tão curto para ávida das nações, galgou,ua escala do Progresso, á meta que osoutros paizes civilisados só conseguiramattingir depois de mil annos, e hoje cami-nha altivo ao lado das nações adiantadado velho mundo, a seguir esse mystenosodestino, para que nos guia o Progresso,impellido pela força ingente do vapor eda electricidade!....

Avante, pois! E sempre: Avante!Nas officinas do mundo todos trabalham;

nas forjas do pensamento, todos ela-boram.... .

Não é licito á mocidade estar parada,não é licito dormir no século das luzes-porque dormw é trabalhar para o regresso,é transformar o espirito em materifi, comobem disse um distiucto poeta brazileiro....

Avante, pois! Avante!

Miséria

Em taças finíssimas de crystal, cahea jorros o Champagne espumante, que,em suas dolosas delicias, vai lançar nocérebro dos magnates, as ardenciastraidoras da embriaguez, que os arrastaa passos rápidos aos paroximos da lou-cura.

Meio-occulta entre folhagens verde-jantes, no caramanchel simulado de umaalcova do Prazer, uma orchestra ames-trada, inunda os vastos salões com seusmelodiosos accordeS para tirar d'aquellescérebros o ultimo vestígio de raciocínioque ainda lhes resta, e leval-os aos limi-tes daraais desenfreada loucura.

Mas, quaes serão os mais embriaga-dos?

Áquelles que voltijam vertiginosa-mente u'uma walsa estonteante e queprocu min encontrar no nectar traidordo Champagne a alegria fictícia e pas-sageira, que não lhes dá a alma embru-tecida pelo vicio m ¦

Ou áquelles pobres mercenários daarte, que tendo, talvez, o corpo estalado,a pedir somno e descanço, tocam alliautomaticamente aquellas hannoniasestranhas a elles, que, então, sonhamcom o retinirde lourassterlinas?...

...E dizer-se que n'esta orgia, n'estabacchanal do vicio, conimemoram ósricos o nascimento do casto Jesus !...

Oh ! blasphemia!... Oh ! sacrile-

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( CO N T Ò DE N A T Xtr)"

Nos salões alcati fados de flores e dctapeçarias riquíssimas, os validos, daFortuna, os fildagos da riqueza osten-tam vistosas roupagens; e scintillantesdecorações cobrem-lhe o peito oflegante,no galopeiar de uma walsa fugaz, ou no¦arganteio hypocrita de uma estudada•argal liada.

fudo é alegria... Todos se divertem...Nos collos niveosde damas elegantes;

os raios intensos de mil focos electnicosfazem scintillar myriadas de negraspreciosas, de obras primas da ounvesa-ria moderna, que, em suas fulguracõesvarias, oftuscam os olhares ávidos damocidade atrophiada nas noites de orgiada riqueza viciosa, e despertam-lhe osappetítes sensuaès da mesquinha btt€humaine. '-

gio...É dizer-se que essa ...«sn» orehes-

tra, que hoje suada, estafada, enche ossalões dos ricos com suas musicas j>ro-fanas, satânicas, vai amanha, afive-lando no rosto a mascara hypocrita desantidade, inundar os templo* Mffpída religião com os aocordes myruma melodiosa Ave-Maria,.em 1/em ao martyr dos martyres, ao heróedos heroes, ao casto Menino Jesus !...

E tudo isto só. para sentir nas al^i-beiras vasia* o retinir do ouro, a maciezde sedosas notas; e tudo isto soj paranio ter as ancias terríveis da Fome!...

Oh! • Progresso! Progresso ! Quantoés mesquinho, embora te ataviem com omanto vil do dinheiro, com a aureolade tuas'sublimes invenções !...

Quanto aviltas o homem, tirando-lhedo peito o sentimento mystico da reli-

--' r i.

2 0 ECHO

gião, ao apreséntar:lhe mais um degrúoa^tTmxnystm'iüsa"eFcal a !ttt^

Onde mais os poéticos tempos dainfância do mundo, em que amar aDeus era um grato dever ?..

Onde mais aquelles toscos templosda antigüidade, cheios de crença e dedevoção ?...

Poderemos, porventura, dizer paro-diándo a phrase inspirada do padnManoel Bernardes :

Anti.i/aiiuudc os templos eram de pau e o>crentes de ouro, h<>je os templos são de oun.e os crentes de pau ?

Não ?...

Aqui já não se vê a magnificência dossalões da riqueza em baile de orgia,aqui não ecliòairi as musicas profanai»das bàechanaes do vicio...

Tudo é silencio... Tudo é mysterio..E' uma humilde mansarda, asylo da

miséria, onde não ha luxuosas tapeça-rias, onde mio se vêm as scintillaçõeí-ofluscantes das pedrarias preciosas... Car aqui épuro,impregnado ligeiramented.e fragranejas inebriantes de modestasvioletas, á imitação dos brandos zephy-ros que sopram nas bellas manhãs <lsiPrimavera, quando a Natureza cobrc-s<de galas risoiihas,quando os passarinhosentoam suas sonoras canções...

* Tudo aqui. respira santidade eamor..

Sobre a alvura im maculada de umatoalha grosseira, ergue-se mystico ooratório do Menino Jesus, cuja imagen.envolta em pequeninas roupinhas, pousando delicadamente a divina cabéci-nha em minúscula almofada, sorri comaquelle casto -sorriso do martyrdo Gol-gotha.

N'uma jarra de vidro mal polido, aolado d'aqnelle poético oratório, vêm-semimosas violetas, modestas flores que adevoção colheu para offertar a irinocente

-victima.jdo furor infrene doaibeism»¦antigo...

Oh I como é sublime este quadroComo é tocante ver-se esta dádivadelicada: estas violetas ofíérecidas aodivino >Christo, pela devoção fervorosade uma alma modesta e pura, com estasflores mimosas !

E quem as offerece ê pobre : nãoterá, talvez, amanhã alimento para ocorpo alquebrado ha terrível lueta pelaexistência!...

Triste realidade da vida humana!......N'um misero eatre sem ornatos, a

¦. luz bruxoleante das duas velas queardem ante o oratório, alumia o sem-:blante pallidode uma mulher.

Contemplai-a...E' a própria imagem da miséria...Vestes andrajosas cobrem-lhe pudi-

camente as formas emmagrecidas; roxasolheiras rodeam-lhe as orbitas profunda», onde os olhos azues gyram esgazeados, como si a morte se approximassed'aquelle corpo ha muito moribundo ;

è para nada mais lhe faltar á sua desgraça uni ])equenino ser rachitico, oseuquerido filhinho, tenta sugar-lhe nospeitos seccos, á falta de alimento, oleite nutritivo...

Elle chora, o coitadinho, elle chora.-:equioso, ao encontrar a seceura no seiomaterno; a lebre escalda-lhe a pellenuíciíenta, o corpo mirra-se-lhe ia-minto...

K ella, a pobrezinha, a mãi infeliz,soíta lancinantes queixumes, e, amo-rosa, aperta-o contra os ossos de seucorpo descarnado, lançando ao MeninoDeus olhares cheios de supplicas humudes, ao mesmo tempo que seuS'lábios movem-se, pronunciando fér-vorosamente uma oração.

E' que ainda luz na su'alma a espe-rança... '•

Bemdi.ta sejas, ó santa Esperança!...Tu és como .aeterna cstrella da alvo-

rada,e com tuas fulgurações mysteriosasguias o pobre mortal-na estrada sinuosada vida, como aquella conduz o pastorpelos campos desertos, ao romper rubroda aurora...

E si as nuvens negras da descrençaapproxiniam-sedo homem,escondes trif-teu ente o rosto divino, para appareeeres mais tarde, quando volta novâmentia fé ao mortal sotiredor, tão radiante (tão belJa, como a estrella d'alva.depois que se dissipam as nuvens dntempestade... j

...Eella reza, e ella reza tristemente,com aquelle fervor esperançoso da \(pedindo ao sublime Meniiio, que h:mais de mil annos brincava satisfeitno divino regaço de Maria, que se com-padecesse de sua miséria, de sua afilieção de mãi, ao ver seu filhinho agonisirfaminto, nos seus braços descarnados..

E o casto Messias sorri-se coiripassivamente, como que aniniando-a n'aqüelle transe doloroso, e o olhar celesteparece dizer áquelja mãi affljçta :

Esperai!... Es"jVemi !......Súbito o vento desencadeiado da

tempestade, que lá fora troveja furiosa,escancara as portas d'aquelia misen:mansarda, e sacrilego apaga as velas dooratório...

E n'aquella escuridão não se distinguemmais os pobres personagens dessa horríveltragédia da miséria...

Só ás v«zes o raio, que lá fora riscaterrível as brumas do eco tempestuoso,refieete-se no vidro do oratório, parecem!-,a scintillação mysteriqsa da coroa, qu»aureola a divina froutedo Christo...

Tudo é escuridão !...Tudo é mvsterio !..

Não, não, a religião não se extingui"entre a humanidade.

Ainda lia erer.tes fervorosos, .ainda linalmas cheias de devoção.

Mas, não vamos procural-os nos palacios dourados da riqueza viciosa, m>orgias, nas baechanaes...

E nós antros horríveis da miséria quenósvam os eneon tral-os.

São esses entes mortos (~%e fadigas e detrabalhos, que choram famintos, n'umaagonia duradoura, são esses pariás doséculo das luzes, os infelizes operários semdinheiro nem pão !...

Também o Christo nasceu num estabulorodeado pela miséria, também a religiãofloresceu entre os pobres !...

0 Christo é da miséria !... O Christo édos pobres !...

Gloria ! Gloria, â miséria honesta !...Honra! Honra, aos bravos operários, quesoflrem, e choram famintos nas enxergas"uã

pobreza !...F. C.

PARABÉNS

Fazem annos neste mez:As Extnas. Snras.:

D. MWnoelã Fernandes, da Cunha, rodia 6.

D. lla)dée Timotlieo da Costa, no di: 61) A Izira Valdetaro de Aguiar, no dia 11.I). Camilla Barreto de Andrade, no dia 15D. Theotonia Sattaraini de Oliveira, uo

dia 18.D.. Alhortina V. Paim Pamplma, no

dia 26.E os Sn rs.:

Francisco PaimPamplona, no rH« 8Vital do Valle Pe»*eira, no dia 13Álvaro Q.ueiroz do Nascimento, no -li- 19

lavio Fernandes da Cunha, no «.li;. 23.J >âo Bittencourt, no di;. 27.

©ca ucletd dS

(FRAfiMKNTn)

Noute de luar! Vem vindo ao longe,pela estrada deserta das campinas, ao sommágico de uma flauta campe tre, um grupoíishrahquíçado (|iie, em vozes alegres,exalta o ..bello espetáculo da naturtaaencantadora.

E'a família que passeia ! ~T~*l

Ao lado, na extremidade esquerda, um•hulet, de venezianas verdes, deixa ver,travez das suas cortinas, o yrenut de uma!ão riquíssimo, o mais tocante painelle um artista-architecto.

Ouve-se uma romanza de Tosti.Ei a voz da mulher que se estende pf>r

,)erto e que nos graves e agudos lére di-rectamente o coração do ouvinte, um in-

• liz que vagutfft erradamente pelos ata-lhos ignorados de um palmeiral esguio.

Elíe caminha á passos vagarosos e. mais

*

' ¦

\

0 ECHOadean-te, ao ver um retiro, senta-se em

-unia petliu-fria, á borda de uma lagoa PASSA-TEMPOonde batem azas num phrenesi constante,os gansos e marrecos, ao banharem-se con-tentes na correnteza das águas.

Então, mais calmo, os áccòrdés do pianochegam-lhe aos ouvidos; já não é a ro-manza, mas sim uma sonata de Mendels-sonhn que, inim suavismo, n'uma perfeitacadência de sentimentalismo, vem até hí,como uma cruel lembrança que o moiti-fica sempre. ¦••-.'

E' a saudade*' que se approxima.. E' asaudade daquella paesagem de trem, dc-pois daqu lia noute de espectaculo, eu.quo, pela vez primeira, se chamaram poi— você— durante a scena horrível tio-personagens da "Vingança

por Vingança1',quando Guilherme, mais tarde o William,inata envenenado o bom do rapaz Gara-vato, no salão do amigo verdadeiro

Ê' a saudade daquella oceasião em queao cahir ilo panno, ao sahirem todos, n'unint.erválío comprido, ella lhe declarara,quasi que luun juramento choroso, ser sua,ioda que necessário fosse esperar o tempoqi:e elle bem quizesse, para os seus estudo*completar.

Q,ue amor febril!"Que constância apre-ciavel n'esta phase de enganos !

E vinbani-lbe as saudades. Que faria íisua amada n'esta noute tão clara?...

Lá, tào longe, n'aquella. villa tão in-grata, rodeada pelo silencio, nem a brisachegaria jamais para levai-llie um voca-bulo siquer, inda que fraco, mas que ser-visse, ao menos, para alegrar a sua figuratristnnha.

K, tirando do bolso do casaco um pape-linhw côr de rosa, beijando-o três vezesnas suas litinhas brancas, elle abrindp-o,mirou-o por muito tempo, na claridadeque fazia, uma lembrança querida, ummimo estimado, que Ala lhe orierecera nanoute da despedida.

lira um marcador lindíssimo, rodeadodc fitas, tênífo no centro duas Tnaõs entre-la-.adas, symbolo eterno da amizade, atra-vez de ramos esguios de mimosos—"lorge:mè not"' — flores predilectas d'aqúellesque amam.

Assim esteve! As notas da melodiosasonata ainda se ouviam.

Os accordes firmes, vibrados pelas mãosdelicadas de uma amadora qualquer, su-biam e desciam, em quanto lá fora, o man-cebo apaixonado lembrava-se da joven queestava longe, bem longe, dos seú.s olharesambiciosos!...

CHARADAS

Na casa perfura esta guerra.—2—2.

Esta frueta em Portugal é uma arvore.

ConjuncçSLo, cònjuneção e a conjuneçãocom o artigo é um homem.—1—1—1—1.

Recita este sofírimento na Republica.—2-1.

V

SL-r

Eduardo Peixoto

O Deus aperta o homem.-

ENIGMAS

2-1.

E- BBR 500 1000 ÁSIA 500 A. —M

T

N 500 100 P 5001 IU R 50 U

K X TO ü 6500 OSO.

Aviso.—A Redacção dará um prêmioaquelle que decifrar todos os trabalhosdurante o trimestre.

Os trabalhos decifrados só serão aeceltosaté oito dias depois da sabida de cadanumero.

Devem ser dirigi'los á rua Vinte eQuatro de Maio n. 110, com a inicial X.

Dr. Maroto.

"A melhor cousa que Deus fez foi pôr a-morte iio^m^a^Kia^tempo agente para sé preparar.""Se está provado que nos desastres doscaminhos de ferro, o ultimo carro é o quemais soffre, porque não o si^primem?''

* *

Uma vez um padre, no momento dedar-lhe uma esmola, perguntou-lhe seacreditava em Deus e quem era Deus.

Sou eu, respondeu-lhe o ManoelAntônio.

Você ?... Pois atreve-se a proferir se-melhante blasphemia?! ...

Não é blasphemia, não senhor. Minhadefunta mulher ao deitar dizia sempre:"Com Deus me deito e com Deus me le-vanto;" logo, quem é Deus, sinão eu?

O Manoel Antônio aborreceu-se um diada vida miserável que levava, e tratou deprocurar um emprego. Não o encontrando,voltou de novo ao caminho em que estava.

E um dia, quando o sol expirava nooceidente, o Manoel também fazia o mesmoem um hospital.

. Expirava de uma moléstia semelhante ág*otta,—da pinga conforme elle mesmouma vez dissera ao interno.

**(. ***¦)¦? 5^>^

G.

íílisGellanea

O"Mraiioel Aiíiitfiio

O Manoel Antônio era o ideal da estu-pidez e o primeiro estroina deste mundo.O pobre homem não ei a inimigo do bomParaty, e, de vez em quando banhava-se ácitava nas noites mais claras e mais es-trelladas.

O seu patrão, monaieur le Baron deQuehjue Oliose, não apreciando muitoaquelle systemã de banhos, mandou <passeiar.

O Manoel, desgostoso da vida, foi afogaras majgoas em vinho «a venda do Silva, edesde esse dia abandonou o trabalho paraviver de certos expedientes, entre os quaesfigurava o de pedir esmolas.

Nessa época da sua vida deu para phi-íosophar o, emquanto à hora da missa, es-perava a sabida dos fiéis, para aproveitaro tempo, escrevia os seus pensamentos, queerão ao calibre dos seguintes:

Uma mestra de escola, na oceasião e.mque assentava ós nomes das novas disci-pulas, e os de seus paes, perguntou a umadellas :

—Como se chama seu pae ?A menina respondeu brmediatamente :—Para que quer a__Sra, saber coino_se__

chama meu pae? Elle é muito velho, enaturalmente nào ha de querer freqüentaruma escola, principalmente de meninas;

*' '

A moda é o grande idolo e a unicàAitteratura da mulher.

Encarregado de determinar os prepara-tivos de um duelo,Calino declara:

—Primeiro que tudo, meus senhores, alealdade mais elementar exige que osadversários estejam collocados á mesmadistancia um do outro.

Se uma boa lição é de prata, um bomexemplo é de ouro.

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* —Ora que lembrança exquislta, pa$•arem-te o telegranuna em frances !

—E'queo iiíjeitoéinglez...

Um antigo fidalgo, a quem a fortuna en>pouco ^favorável, descendo um dia ir.escada, achou no corrimao a farda docriado^toda rota e oom um (bilhete qu<dizia assim :

Tristü cM animei mea,Porque está rota a HbrL

O amo, que bem percebeu o (pie o criadoqueria dizer, mas que nao, podia acudir hsua necessidade, pega do lápis e escreve oseguinte;

Mm se eu não tenho vintém,Quare .conturba» me ?

Entre um gago e ¦ um boticário :Oago. — Tem ¦ pa... astilbas de ipe...

ipeBoticário (amolado).—Hurrah ?

*Alegrai-vos, meu pai, escreveu umestudante que por causa de dividas vendeuos seus livros, os meus livros jà me susten-'iam !»

'¦ màíklí-

Reflexão de Simplieio sobre a nobreza:•Si Adão tivesse tido espirito¦> para com-

prar um titulo de duque, todos nós seriamos fidalgos».

Os avarentos accuraulam fortunas para1 fazerem rir os seus herdeiros...E nos cortamor estes pedacinhos para

fazer rir os nossos leitores... São cousas...I

Tj-jsouMírHÀ. | .

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gLd-HKpví ? ¦,'¦-'.¦&&&£. **" ¦'

Bjjw^*-''^WíSÊh*

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Acaba- de fallecer em Londres um do*maiores gastronomos do mundo denòmi-

6 Gigante Escocês.Eme homem deixara na bagagem o pro-

prio Fulano» que morreu por comer «nta• cinco bananas e beber uma garram d.fúrtiiy especial*

Era homem para mvito mais, que odigao os seus amigos, de quem ouvimos oque eetamos narrando.

Pelo-que nos disseram, conduimos queo nosso homem não se arrenegava por terum estômago tào difficil dé; «mtentar-se,porque este, longe de ser lima carga, eraum meio commodo de ganhar a vida: a?apostas que fazia davão-lhe uma rendaannual dUins tyons pares dé contos.

Entre ellas citaremos unia bastantecuriosa.

Estava uma Vez o nosso Gigante, emuma reunião muito destineta; ai conversacahiu por. acaso sobre a gastronomia, e fal-lava-se dos que comiam mais na metrópole.

Um venera vel lord sustentava que naohavia quem eomesse mais do que um talHoskins que efevorára uma vez um car-neiro assado.

"Ora! isso não-é nada," disse oEscocez". "Eu sou capaz de dar cabo.deum boi."

— "Duvido, disse o lord, que nâo iconhecia as iuas laçanhas/e que julgava-s<conhecedor de todas as novidades." (

"Neste caso apertemos. Duzenta.libras e quem perder pegará o boi."

"Esta leite," respondeu o íord.E retiraram-se indo o íord tratar do bò

e o Gigante do jantar.No dia seguinte este, derjois de ter ai-

moçado um magnífico carneiro, dirigiü-s»muito tranquillamente para a casa do Íord,Onde estavam também varias visitas, talve/esperando que o comilão perdesse a apostsi.pai*a cahirem no boi, que tinha sido preparado em magníficas empadas.

O nosso amigo poz-se muito coramódat*mente defronte das empadas e devorou-auma por uma, nao sem grande pena docircumstantes, que pôr vezes tenta vauajudal-o no seu trabalho, mas elle respoudia a todos, como o cio a que tiram o osso

"lenhfto paciência. Nao quero jqu<haja duvidas sobre quem comeu.do boi.*

E cfthia nas empadas sem dó nem pie-.lade dos circumstantes, que já estavào comágua na bocea.

Nós é que achamos que isto é comermuito, e si nao fosBe afnrmarem tanto a sunveracidade nao acreditávamos.

Esse activo destruidor da raça bovinadeu, depois de morto, grande trabalho ao>seus amigos para conduzi reni'no ao carrfúnebre, visto o seu enorme peso: pesav:a bagãtella de duzentos kiIos.

Foi preciso leval-o para a roa, tirando .do primeiro andar onde morava, por mei-de um guindaste armado na janella.•*T Isto tildo parece-lios muito exquisito tinverosimil, mas, st non é vero... vá poconta de quem nol-o contou.

Sargento Quaresma¦--ii"'. i,*V.' ¦¦"

DURANTE ÜM BAILE* ...

(Dialogo)

Uma gorda matrona, de vestido ama-rettoi— Mariquinhas, comporte-se bem, \ evá sentar-se como uma moça que é. Játem onze annos, e iá pode saber o que faz.Não é decente andar sempre arreganhan-db-se. Olhe, ahi está a amarrotar seu ves-tido.... Ouvio?

, Mariquinhas.— Ouvi, minha mfli.A DAMA DE VESTIDO AMARELL0.—Veja

se eu lá me rio, e se estou sempre a reme-xer-me.

Mariquinhas.— Sim, Snr?, mamai,(Espiirandò).

A dama.— O que é isso ?Mariquinhas.— Não é nada, mamai,

é o pó de arroz que me faz cócegas nonariz.

A dama.— E' porque está sempre am^xei-se. Eu bem lhe disse : com otoilettePom |*adou r é preciso pó de arroz.

Mariquinhas.—Arre! se eu soubesse(Torna a espirrar.)

A dama.— Menina, não vá espirar as-sim a noite inteira. (Limpa o rosto da filhacom um lenço demmfoaia). A. musica co-ineça. Vamos lâ. Quando vier algum ca-valheiro pedir-líie para dansar, responda :

[Sim Senhor, mas abaixe os olhos como enagora.' (^4 velha abaixa os olhos). Lem-bre-se bem disto.

Mariquinhas.— Mamai, porque é quea gente deve fazer desses tregeitos? *

A dama, amuada. Porque assim fazemt<»da8 as meninas bem educadas, toleirona.

MARIQUINHAS. — Oh ! • a mu.<icu queoandegal

A dama, fnribnmla. — Onde aprendetermos dessa espécie ? Omle vai buscar essalinguagem feia ? Ora se a mulher do tnhe-hão que já falia mal de nós, ouvisse talcousa!

Mariquinhas, acanhada. — Eu »Ao-«bia, mamai. Foi o pai que disse hojeua; 4iieza: "Es!a noute temos ]>audegadam nada."

A DAMA.— Entá U>m. Cale-se, toleirona,^repai-e-se p'ra dansa •.

Mariquinhas. — Mainai, eu só querodaúsar com o Quincas. Eu gosto muito• lelle. Hoje dei-lhe um beliscão que ellechorou, o mofino!

A dama com voz aevera. — Fique sa-líéndo que as meninas bem educadas nãorem preferencias. Num baile, dansa-** oom.qualquer cavalheiro aue a convidar...v)lhe, ahi vem um. Abaixe os olhos, vamoslá

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Typ. J. Barreiro* écr. dé S. José 85

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