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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Ferro / Mauro Fisberg ... [et al.]. -- 2. ed. -- São Paulo : ILSI Brasil, 2017. -- (Série de publicações ILSI Brasil : funções plenamente reconhecidas de nutrientes ; v. 3)

Outros autores: Josefina Aparecida PellegriniBraga, Teresa Negreira Navarro Barbosa, Fernanda deOliveira Martins Bibliografia ISBN: 978-85-86126-72-7

1. Ferro - Metabolismo 2. Ingestão de nutrientes3. Nutrição 4. Nutrição - Necessidades 5. Saúde -Promoção I. Fisberg, Mauro. II. Braga, JosefinaAparecida Pellegrini III. Barbosa, Teresa NegreiraNavarro IV. Martins, Fernanda de Oliveira V. Série.

17-05886 CDD-613.2

Índices para catálogo sistemático:

1. Alimentos : Nutrientes : Nutrição aplicada : Promoção da saúde 613.2

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Segundo o estatuto do ILSI Brasil, no mínimo 50% de seu Conselho Científico e de Administração deve ser composto por representantes de universidades, institutos e órgãos públicos, sendo os demais membros representantes de empresas associadas.

Na página 53, encontra-se a lista dos membros do Conselho Científico e de Administração do ILSI Brasil e na página 55, as empresas mantenedoras da Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos em 2017.

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Autores:

Mauro Fisberg

Pediatra nutrólogo. Professor Associado do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Coordenador do Centro de Nutrologia e Dificuldades Alimentares do Instituto Pensi - Sabará Hospital Infantil. Coordenador Científico da Força-Tarefa Estilos de Vida Saudável - ILSI Brasil

Josefina Aparecida Pellegrini Braga

Pediatra hematologista. Professora adjunta do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

Teresa Negreira Navarro Barbosa

Pediatra nutróloga. Professora adjunta da disciplina de Pediatria da Universidade de Santo Amaro (Unisa).

Fernanda de Oliveira Martins

Nutricionista e bióloga. Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP).

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ÍNDICEIntrodução

1. Propriedades químicas

2. Conteúdo e cinética do ferro

3. Metabolismo

4. Funções atribuídas ao ferro no organismo

4.1. Transporte de oxigênio e formação do sangue 4.2. Produção de energia 4.3. Metabolismo de substâncias indesejáveis 4.4. Função imune 4.5. Desenvolvimento neurológico em embriões 4.5.1 Repercussões da deficiência de ferro em lactentes, pré-escolares e escolares 4.6. Síntese de DNA e crescimento 4.7. Paladar

5. Fontes e biodisponibilidade do ferro

6. Recomendações nutricionais

7. Toxicidade do ferro

7.1 Toxicidade aguda 7.2 Sobrecarga de ferro 7.3. Processos degenerativos

8. Consumo no Brasil

9. Referências bibliográficas

10. Conselho científico e de administração do ILSI Brasil

11. Empresas mantenedoras da Força-Tarefa de Alimentos Fortificados e Suplementos

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INTRODUÇÃO

O ferro é um nutriente fundamental para todas as células vivas, participando de numero-sas vias metabólicas, e é considerado, desde 1860, um nutriente essencial para os seres humanos (Lönerdal e Dewey, 1996).

É componente do ciclo de Krebs, das moléculas que ligam e transportam oxigênio, dos citocromos da cadeia respiratória, de proteínas envolvidas na síntese do DNA e de nu-merosos outros sistemas enzimáticos.

Apesar de sua importância para as células vivas, o ferro em estado livre pode ser tóxico por catalisar a formação de radicais livres, devendo estar sempre ligado a proteínas para prevenir danos tissulares (Braga e Barbosa, 2006; Andrews e Bridges, 1998).

Conseqüentemente, seu balanço é rigorosamente regulado para manter sua homeo-stasia, de modo que a quantidade absorvida é controlada, a fim de repor as perdas diárias. Dessa forma, tanto sua deficiência quanto seu excesso podem ser prejudiciais ao organismo, com manifestações de anemia ou sobrecarga (Lönnerdal e Dewey, 1996; Andrews e Bridges, 1998; Braga e Barbosa, 2006).

O ferro utilizado no organismo provém de três fontes: degradação da hemoglobina, fer-ro dietético e liberação dos estoques (Beard, 1996; Yip e Dallman, 1998).

1. PROPRIEDADES QUÍMICAS

O ferro, metal de transição de número atômico 26 da tabela periódica, é o quarto elemento mais abundante na Terra, superado apenas pelo oxigênio, silício e alumínio.

Apesar de sua abundância, é insolúvel no meio ambiente. Nos sistemas biológicos, se encontra em dois estados de oxidação: ferroso (Fe2+) e férrico (Fe3+). Na forma sólida, existe como metal ou compostos químicos. Na forma em pó, possui cor cinza a negra (Beard 2001; Braga e Barbosa, 2006).

Em soluções aquosas, o ferro no estado ferroso é rapidamente oxidado ao estado férrico, insolúvel em pH fisiológico. Para que seja mantido em solução e seja utilizado pelo organismo, o ferro necessita estar sempre unido a compostos quelantes. Estes, como a transferrina no plasma, são sintetizados pelo organismo e fundamentais na captação, no transporte e no estoque do metal (Bridges, 1992; Braga e Barbosa, 2006).

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2. CONTEÚDO E CINÉTICA DO FERRO

O conteúdo de ferro corporal em um indivíduo adulto corresponde a um valor entre 3 e 5 g, distribuindo-se basicamente em duas categorias: a dos compostos essenciais ou funcionais, que correspondem a cerca de 80% desse ferro, com a hemoglobina (65% a 70%), a mioglobina, as citocromo-oxidases a,b,c, transferases, catalases e outras enzi-mas (ao redor de 10%) fazendo parte desse grupo.

Os 20% restantes pertencem à categoria do ferro que se encontra sob a forma de depósito, estocado nos hepatócitos e nas células do sistema retículo-endotelial (SRE), na forma de ferritina e hemossiderina, sendo 1/3 no fígado, 1/3 na medula óssea e o restante no baço e em outros tecidos (Yip e Dallman, 1998).

A circulação do ferro entre os dois compartimentos ocorre a partir de um ciclo fecha-do e muito eficiente. Em condições fisiológicas, através da reciclagem, o organismo consegue conservar e reutilizar o ferro proveniente da destruição dos eritrócitos se-nescentes.

A cada 120 dias, os eritrócitos são removidos da circulação pelo SRE, 90% do ferro retorna à medula óssea através do plasma ligado a proteína, sendo reutilizado para a produção de novos eritrócitos; os 10% restantes são utilizados por células de outros sistemas ou seguem para o depósito.

Desse modo, em condições normais, pela reciclagem, o organismo consegue conservar e reutilizar o ferro já absorvido anteriormente. Esse mecanismo regulador é realizado pela placenta no feto e pela mucosa intestinal após o nascimento.

Diariamente, uma pequena quantidade (1 a 2 mg por dia) é excretada de maneira fisiológica, o que torna necessária a absorção de igual quantidade de ferro pela dieta, a fim de que seja mantida a quantidade de ferro corporal total (Andrews e Bridges, 1998; Braga e Barbosa, 2006) (Quadro 1).

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Quadro 1. Distribuição e quantidades aproximadas do ferro corporal no adulto.

Fonte: Braga JAP, Barbosa TNN. Fisiologia e Metabolismo do Ferro. O Ferro e a Saúde das Populações, 2006.

3. METABOLISMO

A quantidade de ferro do organismo é altamente conservada e pouco do ferro absor-vido é excretado. Perdas muito pequenas ocorrem através da urina, da bile e da des-camação dos enterócitos e da pele. Na ausência de sangramento ou gravidez, apenas uma pequena quantidade é perdida cada dia.

Na infância, as perdas de ferro diárias são estimadas em 0,2 mg para lactentes e 0,5 mg para idades de 6 a 11 anos (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002).

Homens adultos necessitam absorver apenas cerca de 1 mg/dia de ferro para man-ter o equilíbrio. A necessidade média de mulheres em fase reprodutiva é um pouco maior, de cerca de 1,5 mg/dia, e aumenta durante a gestação, quando alcança 4 a 5 mg/dia, quantidade necessária para preservar o balanço de ferro (DRI, 2001; Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002).

Durante a lactação, as necessidades são semelhantes às quantidades recomendadas para mulheres não grávidas (Umbelino e Rossi, 2006).

Como o ferro está presente em muitos alimentos, sua ingestão está diretamente rela-cionada à ingestão energética, com o risco de deficiência sendo maior quando as ne-cessidades de ferro são maiores comparativamente com as necessidades energéticas. Essa situação acontece na infância e na adolescência, devido principalmente ao rápido crescimento, e em mulheres em idade fértil e gestantes, por aumento das necessi-dades (Zimmermann e Hurrell, 2007).

Ferro funcional 70-80%Hemoglobina 60-70% 1700-2500 mg

Mioglobina/citocromos 5-10% 300 mgEnzimas 3-5% 150 mg

Plasma (transferrina) 0,10% 3 mgAbsorção = perdas 1-2 mgDepósitos de ferro 20-30%

Ferritina e hemossiderina 20-30% 1000-1500 mgFerro total 100% 4000 mg

Distribuicão % Quantidade de Ferro (mg)

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A hepcidina é um hormônio produzido no fígado com importante ação na homeostasia do ferro, cuja produção é regulada pelo estado do ferro no organismo. A hepcidina forma um complexo com a ferroportina, controlando os níveis de ferro nos enterócitos, hepatócitos e macrófagos.

Dessa forma, em situações como hipóxia e/ou anemia, ela exerce uma regulação nega-tiva, aumentando a absorção de ferro e, em situações de excesso de ferro ou estado inflamatório, ocorre o inverso, diminuindo a absorção (Grotto 2008).

A absorção do ferro na luz intestinal é regulada conforme as necessidades orgânicas, aumentando na deficiência do mineral e diminuindo em situações de sobrecarga (Mor-gan e Oates, 2002; Morais, 2006). O processo de absorção ocorre em três estágios e compreende a captação do ferro pela borda em escova do enterócito, transporte intracelular e transferência para o plasma (Boccio e cols., 2003).

O principal mecanismo de absorção do ferro não heme, forma encontrada nos alimen-tos de origem vegetal, requer um meio ácido, para reduzir o Fe3+ dietético a Fe2+. Nesta forma, o Fe2+ é captado via transportador de metal divalente 1 (DMT1). Uma vez dentro do enterócito, o ferro atravessa a membrana basolateral por meio do trans-portador denominado ferroportina e se liga a seguir à transferrina plasmática.

O ferro heme, de origem nas carnes e vísceras, atravessa a membrana celular como uma metaloporfirina intacta. No interior do enterócito, ele é liberado da estrutura tetrapirrólica pela enzima hemeoxigenase e passa para o sangue como ferro in-orgânico. Dessa forma, após a absorção pelo enterócito, tanto o ferro heme como o não heme seguem o mesmo trajeto metabólico (Morais, 2006).

A transferrina, proteína de síntese predominantemente hepática, é a principal proteína de transporte do ferro para os tecidos. Classicamente, o complexo ferro-transferrina se une aos receptores de transferrina presentes nas superfícies celulares e entra nas célu-las por mecanismo de endocitose. Intracelularmente, o ferro sofre redução e é então utilizado para a síntese do heme e outras proteínas ou levado a moléculas de ferritina para armazenamento (Andrews e cols.,1999; Braga e Barbosa, 2006).

A regulação da captação e do armazenamento do ferro ocorre em função de sua dis-ponibilidade no organismo, mediante um rigoroso controle e com o envolvimento de várias proteínas. Quando os níveis intracelulares de ferro se encontram diminuídos, ocorrem um aumento na síntese dos receptores de transferrina e uma diminuição da ferritina, sucedendo o inverso em casos de níveis adequados (Roy e Enns, 2000).

O ferro que excede as necessidades metabólicas é armazenado, principalmente sob a forma de ferritina e, em pequena quantidade, na forma de hemossiderina.

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No homem adulto, os estoques de ferro aumentam gradualmente ao longo da vida, já nas crianças e nas mulheres em idade fértil, devido à necessidade aumentada pelo rápido crescimento e pelas perdas menstruais, os estoques são menores.

As reservas de ferro formadas durante a gestação são importantes para o recém-nascido, as quais, junto com o ferro exógeno obtido do leite materno, irão permitir a manutenção das necessidades do mineral até quatro a seis meses de vida (Braga e Barbosa, 2006; Beard e cols., 1996).

Assim, a principal diferença no balanço de ferro entre o adulto e a criança é o grau de dependência do ferro dietético. No adulto, 95% do ferro utilizado no organismo é re-ciclado da destruição dos eritrócitos senescentes e apenas 5% é proveniente da dieta.

Já numa criança de, por exemplo, um ano de idade, o ferro dietético é responsável por 30% das necessidades metabólicas, enquanto 70% são procedentes da reciclagem (Braga e Barbosa, 2006; Dallman e cols., 1992).

4. FUNÇÕES ATRIBUÍDAS AO FERRO NO ORGANISMO

Em reconhecimento à crescente necessidade de proteger e promover a saúde pública, a Comissão Europeia organizou um projeto de regulamento das alegações nutricionais e de saúde (“health claims”), de maneira que estas necessitem de aprovação antes de serem lançadas no mercado. O documento apresenta funções plenamente reconheci-das para 28 vitaminas e minerais.

Os “health claims” nutricionais, publicados no ano de 2003 pela UK Joint Health Claim Initiative (JHCI) em conjunto com a Food Standards Agency, também contemplaram o nutriente ferro, cujas funções aceitas e não aceitas pelo conselho da JHCI estão agru-padas no quadro 2.

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Quadro 2. Funções aceitas e não aceitas pelo Comitê de Cientistas Líderes e pelo Conselho do UK Joint Health Claim Initiative para o nutriente ferro.

Adaptado do JHCL, 2003.

4.1. Transporte de oxigênio e formação do sangue

O ferro é necessário para o transporte normal de oxigênio no corpo e contribui para a formação normal do sangue (JHCL, 2003)

Nos seres vivos, o ferro é um elemento com papel essencial nos processos metabóli-cos, participando como cofator nas reações de transferência e conservação de energia, e participando também da síntese de biomoléculas e de reações redox na cadeia de transporte de elétrons, fazendo parte da estrutura molecular de diversas proteínas e enzimas e participando do transporte do oxigênio (Beard e cols., 1996; Andrews, 2000; Andrews, 2002; Hagar e cols., 2002).

O ferro é componente de inúmeras proteínas, incluindo enzimas e hemoglobina, sen-do esta última de grande importância para o transporte de oxigênio para os tecidos (Andrews e Bridges, 1998; Yip e Dallman, 1998).

A participação do ferro na eritropoiese é das mais importantes. As principais funções do ferro estão presentes na forma de heme: hemoglobina, mioglobina e citocromos.

A hemoglobina tem como função o transporte do oxigênio (O2) através da corrente sangüínea dos pulmões para os tecidos/órgãos e retornar com dióxido de carbono

Efeitos Necessário ContribuiçãoFunção

estruturalFunção normal

Recomendado pelo Comitê

Recomendado pelo Conselho

Transporte de oxigênio

X X Sim Sim

Produção de energia X X Sim SimMetabolismo de substâncias externas

X X Sim Sim

Sistema imune X X Sim SimFormação do sangue X X Sim Sim

Desenvolvimento neurológico em embriões

X X Sim Sim

Síntese de DNA, crescimento

X X Não Não

Paladar X X Não Não

Funções não aceitas

Funções aceitas

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(CO2) dos tecidos para os pulmões, sendo esta uma função vital (Yip e Dallman, 1998; Niero-Melo e cols., 2007).

Cerca de 67% do ferro total do organismo está presente na hemoglobina, que é constituída por quatro subunidades, cada qual com um grupo heme associado (Umbelino e Rossi, 2006).

A molécula de hemoglobina é constituída por quatro subunidades, com cada subuni-dade contendo um grupo heme associado a um átomo de ferro capaz de se ligar a uma molécula de oxigênio. Dessa forma, torna-se fundamental que o ferro fique disponível em quantidades suficientes para permitir a síntese adequada da hemoglobina pela medula óssea.

Cada eritrócito normal contém aproximadamente 640 milhões de moléculas de hemo-globina, que têm uma parte (heme) sintetizada na mitocôndria e outra parte (globina) sintetizada no citoplasma(Yip e Dallman, 1998; Niero-Melo e cols., 2007) (Figura 1).

A medula óssea produz diariamente cerca de 6 g de hemoglobina, o que equivale a uma necessidade diária de ferro cerca de 20 vezes maior que a quantidade de fer-ro obtida através da dieta ou disponível na circulação, de uma única vez. Assim, em condições normais, e graças à reciclagem do ferro contido nos eritrócitos, atingem-se as necessidades de ferro (Cavill, 2002).

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Figura 1. Estrutura quaternária da hemoglobina.

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4.2. Produção de energia

O ferro contribui para a produção normal de energia (JHCL, 2003).

Uma das principais funções biológicas do ferro em sistemas vivos é o seu papel no metabolismo energético devido à sua facilidade de doar e receber elétrons. Dentre os compostos de ferro envolvidos na produção de energia, destacam-se a hemoglobina, a mioglobina, as enzimas oxidativas como a desidrogenase e os citocromos da cadeia oxidativa (Haas e Brownlie, 2001).

A mioglobina corresponde ao pigmento vermelho do músculo e armazena oxigênio para a sua utilização durante a contração muscular, sendo responsável por aproxima-damente 10% do ferro corporal total.

A mioglobina tem uma cadeia única com 153 aminoácidos e contém um grupo heme (porfirina coordenada a um átomo de ferro) no centro. É responsável por armazenar e aumentar a taxa de difusão de oxigênio pela célula durante o exercício físico, tornando a contração muscular mais eficiente (Umbelino e Rossi, 2006).

Os citocromos são um grupo de enzimas transportadoras de elétrons localizadas nas mitocôndrias de todas as células com função aeróbica, caracterizadas pela presença de um grupo heme (ferro-protoporfirina) como grupo protético.

Atuam na transporte de elétrons durante a produção de energia celular, na produção de energia mitocondrial (adenosina trifosfato - ATP) e podem ser também componen-tes de enzimas não dependentes do heme, tais como as desidrogenases do metabo-lismo energético (Briks, 1994).

Vários estudos têm demonstrado que a capacidade de trabalho (avaliada mediante ca-pacidade aeróbica, corridas, eficiência energética, atividade voluntária e produtividade no trabalho) apresenta forte correlação com o estado nutricional de ferro (Brownlie e cols., 2002; Lukaski, 2004).

Uma revisão crítica de 29 estudos em animais e seres humanos com anemia por defi-ciência de ferro, realizada por Haas e Brownlie (2001), demonstrou forte relação causal entre essa condição e a capacidade aeróbica.

A diminuição da capacidade de atividade física nos indivíduos anêmicos está relaciona-da a vários fatores, tais como a redução do transporte de oxigênio e de sua oferta para os tecidos durante os exercícios e o decréscimo da capacidade oxidativa muscular.

Essa diminuição se manifesta como uma diminuição da capacidade para o exercício prolongado, uma oxidação menos eficiente da glicose e um aumento na utilização da via gliconeogênica, de modo que o fígado converte o lactato procedente do mús-

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culo em glicose (Yip e Dallman, 1998). Adicionalmente, também se afeta o rendimento cardíaco (Maguire e cols., 1982; Beard, 2001; Sen e Kanani, 2006).

Em uma revisão recente de estudos randomizados e controlados sobre o efeito da suplementação de ferro no rendimento físico de crianças e adolescentes, Gera e cols. (2007) descreveram que a suplementação pode ter efeito positivo na performance físi-ca, avaliada pelo rendimento cardíaco pós-exercício, níveis sanguíneos de lactato e desempenho em corridas.

Contudo, a existência de um pequeno número de estudos com desenho semelhante não permitiu considerar os resultados como sendo conclusivos. Um estudo com suple-mentação de ferro em mulheres com deficiência marginal de ferro sugere que esse es-tado metabólico também compromete a adaptação aeróbica (Brownlie e cols., 2002).

4.3. Metabolismo de substâncias indesejáveis

O ferro contribui para a habilidade do corpo de degradar produtos químicos indese-jáveis (JHCL, 2003)

Os citocromos também atuam na degradação oxidativa de substâncias tóxicas, com os citocromos P450 sendo responsáveis pela oxigenação de xenobióticos lipofílicos.

Os citocromos extramitocondriais, como o P450 (localizado nas membranas micros-somais das células hepáticas e da mucosa intestinal), catalisam a degradação de dro-gas, produtos químicos, substratos endógenos (tais como esteroide) e toxinas pro-cedentes de fontes externas (Yip e Dallman, 1998; Santiago, 2003; Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002).

O organismo absorve normalmente moléculas de carbono, utilizando gorduras e vita-minas da dieta. Contudo, algumas toxinas e drogas ricas em carbono também seguem esse fluxo e precisam ser eliminadas pelos aparelhos digestório e urinário e, para isso, existe um sistema especial que capta essas moléculas, tornando-as mais solúveis e, assim, de mais fácil eliminação. O citocromo P450 está no centro desse sistema (Good-sell, 2001) (Figura 2).

O ser humano possui um conjunto de famílias/subfamílias de citocromos P450, cada qual com diferentes funções. Todas contêm um átomo de ferro num grupo heme, no centro da molécula, que é seu sítio ativo.

Esse átomo de ferro capta elétrons e os utiliza para tornar átomos de oxigênio alta-mente reativos, os quais, dessa forma, podem produzir várias alterações em moléculas tóxicas, representando uma primeira linha de defesa contra toxinas.

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As famílias 1, 2 e 3 são as mais implicadas no metabolismo de medicamentos, com grande influência na resposta à terapêutica farmacológica. Dentre as moléculas oxi-dadas pelo citocromo P450, incluem-se acetaminofeno, cafeína, nicotina, diazepam e benzeno (McKinon e cols., 2008; Goodsell, 2001; Santiago, 2003).

Descreve-se em animais que mesmo formas moderadas de anemia podem alterar a função dessas enzimas, interferindo no metabolismo de drogas e no ciclo da pentose (Dhur e cols., 1989).

Figura 2. Estrutura do citocromo P450. 4.4. Função imune

O ferro é necessário para a função normal do sistema imune (JHCL, 2003). Em relação ao sistema imunológico, embora o ferro seja um importante elemento para as funções de células imunes, seu papel ainda permanece controverso.

Os resultados da literatura a respeito da relação do ferro com a suscetibilidade a in-fecções são conflitantes. Muitos autores demonstram que a deficiência de ferro fa-vorece a instalação de infecções, havendo descrições de alterações como aumento na frequência e na duração de infecções em pacientes com ferropenia; outros autores relatam que uma pequena carência de ferro protegeria o organismo de infecções.

A tendência é aceitar que tanto a sobrecarga quanto a deficiência de ferro resultam em mudanças na resposta imune (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002; Umbelino e Rossi, 2006).

O ferro é necessário para o crescimento de muitos micro-organismos patogênicos, mas em condições normais, proteínas ligadas ao ferro evitam que esse elemento se torne disponível para esses micro-organismos. Isso provavelmente previne o crescimento de muitos patógenos in vivo (Lanzkowsky, 1992; Ganz, 2009).

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Como ocorre na anemia, sua deficiência pode causar redução na atividade fagocitária de células apresentadoras de antígenos e redução dos níveis de imunoglobulinas, difi-cultar a ativação de linfócitos T e reduzir a produção de IL-2.

A ação das células da imunidade natural, neutrófilos e macrófagos diminui quando ocorre deficiência de ferro (Beard, 2001; Bricks, 1994; Andrews e Bridges, 1998; Oppenheimer, 2001).

Os mecanismos moleculares e celulares responsáveis por mudanças imunes na defi-ciência de ferro são complexos e permanecem pouco claros (Field e cols., 2002).

A deficiência de ferro tem importante influência na resposta imune, pois o ferro é elemento fundamental para o desenvolvimento desse sistema, exercendo influencia na proliferação e na diferenciação celular (Collins 2003).

Alguns estudos demonstram diminuição da diferenciação e da capacidade bacteri-cida dos macrófagos e diminuição e redução na atividade da enzima ferro-dependente mieloperoxidase e também demonstram maior comprometimento da imunidade celu-lar sobre a humoral (Das e cols., 2014).

Estudos in vitro indicam que a deficiência de ferro reduz alguns aspectos da imuni-dade mediada por células, incluindo alterações funcionais em linfócitos, macrófagos e neutrófilos. Na deficiência de ferro, o número de neutrófilos e a sua capacidade de fagocitar bactérias permanecem normais, mas estes ficam incapazes de destruir certos tipos de bactérias fagocitadas, favorecendo o desenvolvimento da infecção (Umbelino e Rossi, 2006).

Vários trabalhos envolvendo animais e seres humanos demonstraram que a carên-cia de ferro não afeta a capacidade das células de fagocitar Staphylococcus aureus, Salmonella typhimurium e Escherichia coli, mas fica diminuída no caso de Candida albicans, nos ratos deficientes em ferro (Moore e Humbert, 1984; Chandra, 1973; Chandra e Saraya, 1975; Chandra e Saraya, 1991).

A ação das células da imunidade natural neutrófilos e macrófagos diminui quando ocorre deficiência de ferro, já a imunidade humoral não seria afetada (Umbelino e Rossi, 2006; Bricks, 1994).

Há também evidências de que a carência de ferro esteja associada a uma diminuição da atividade bactericida dos leucócitos polimorfonucleares e a um déficit na resposta imune celular, especialmente contra Staphylococcus aureus e Candida albicans.

Essa suscetibilidade a infecções parece ser proporcional ao grau de carência de ferro (Bricks, 1994).

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Evidências crescentes apontam que a diminuição da disponibilidade de ferro pelo or-ganismo, especialmente no caso da malária, está associada a uma diminuição do dano tecidual da doença (Oppenheimer 2001; Gozzelino e cols., 2012).

Estudos utilizando modelos animais sugerem que alguns organismos que passam par-te do seu ciclo vital intracelularmente, como Plasmodium (protozoário causador da malária), as micobactérias, a salmonela invasiva e Yersinia, apresentam crescimento e virulência prejudicados pela deficiência de ferro e são beneficiados pela terapia com esse mineral (Oppenheimer e cols., 1984, Oppenheimer, 2001).

Outro mecanismo de defesa do hospedeiro que pode ser afetado pela carência de ferro é a metaloenzima mieloperoxidase dos neutrófilos, que fica inibida em estados de deficiência de ferro (JHCL, 2003).

A relação entre repleção/suplementação de ferro para atenuar a deficiência de ferro e o aumento da morbidade de infecções agudas e crônicas é considerado um dilema.

A administração de ferro parenteral durante uma infecção se mostrou danosa em hu-manos e nos estudos realizados em animais (Patruta e Horl, 1999).

Estudos avaliando o tratamento profilático com compostos de ferro através de via intramuscular (exemplo: ferro-dextrano) têm mostrado um aumento no risco de in-fecções (sépsis neonatal, malária, piúria, pielonefrite crônica), e tem-se sugerido que isso ocorre mais em razão da presença temporária desses compostos de ferro instáveis do que da sobrecarga de ferro em si, gerando micro-organismos oportunistas de rá-pido crescimento (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002).

Em um estudo realizado em recém-nascidos polinésios, que avaliou os efeitos do ferro-dextrano intramuscular durante dois anos, Barry e Reeve observaram que ocorreu maior incidência de septicemias neonatais no período estudado (22 por 1000), com uma diminuição significativa após a interrupção da administração (1,8 por 1000) (Barry e Reeve, 1977).

Murray e cols. (1978) relataram que a deficiência de ferro em nômades somalis mostrou uma menor incidência de infecção do que a do controle com status normal de ferro, e a suplementação de ferro via oral foi associada com um aumento da incidência de infecções, particularmente a malária.

Os estudos clínicos não têm mostrado uma clara associação entre sobrecarga de ferro e aumento de predisposição para infecções.

Os efeitos da sobrecarga de ferro no sistema imune incluem modificação da distri-buição de linfócitos em diferentes compartimentos do sistema imune, supressão do sistema complemento, redução da migração de neutrófilos e aumento da taxa de

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infecções (Walker Jr e Walker, 2000; Field e cols., 2002). A sobrecarga de ferro, causada por medicamentos ou transfusões de sangue frequentes também poderia comprometer a atividade do sistema imune.

Embora existam referências de que, em condições como a hemocromatose e a talas-semia, a sobrecarga de ferro seria responsável por um maior número de infecções, torna-se difícil distinguir o efeito direto do ferro na infecção, já que essas patologias muitas vezes também estão associadas com outras variáveis que poderiam proporcio-nar maior suscetibilidade às infecções (Hershko, 1992; Bullen e Losowsky, 1979).

4.5. Desenvolvimento neurológico em embriões

O ferro é necessário para o desenvolvimento neurológico normal em embriões (JHCL,2003). A gestação é um período de rápido crescimento e diferenciação celular; consequentemente, existe uma maior vulnerabilidade dos diversos órgãos às alterações do fornecimento de nutrientes, em especial dos micronutrientes.

O ferro é o metal que possui a segunda maior concentração média no cérebro e, no período perinatal, se mantém em limites muito estreitos, de forma que distúrbios rela-tivamente pequenos no seu conteúdo podem ocasionar danos cerebrais, tanto em animais quanto em humanos (Rao e cols., 1999; Rao e Georgieff, 2007).

O cérebro é mais vulnerável à carência de ferro durante os períodos de maior cresci-mento e desenvolvimento, que compreendem, no ser humano, o último trimestre de vida fetal e os primeiros dois anos da infância (Kolb e Whishaw, 2001; Walter, 2003).

Dentre as ações do ferro no sistema nervoso central, incluem-se os processos de mielinização dos neurônios, formação de sinapses e produção de energia mitocondrial.

As enzimas responsáveis pela síntese e pela função de vários neurotransmissores (tais como dopamina, serotonina, catecolaminas e ácido gama-aminobutírico-GABA) também são dependentes de ferro (Larkin e Rao, 1990; Beard, 2003).

Tanto no período embrionário quanto na lactância, a distribuição do ferro no cérebro é proporcional às áreas que se encontram em maior desenvolvimento em cada momento.

Regiões como o hipocampo (responsável pelo processamento da memória e do apre-ndizado), o córtex visual e auditivo e o estriatum (área relacionada à atividade motora) apresentam desenvolvimento elevado no período pós-natal, solicitando, portanto, maior aporte de ferro nesse período (Georgieff, 2007). Estudos realizados em animais como macacos e ratos que sofreram privação de ferro no período perinatal mostraram alterações comportamentais e diminuição da atividade motora espontânea após o nas-cimento (Kolb e Whishaw, 2001; Golub e cols., 2006).

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Felt e Lozoff (1996) demonstraram que, durante a gestação, ratas deficientes em ferro não recuperaram sua capacidade de explorar o meio ambiente, mesmo após o trata-mento, quando comparadas a controles que nunca tiveram anemia.

Da mesma forma, a deficiência de ferro ocorrida em camundongos no período embri-onário levou a alterações bioquímicas pós-natais de neurotransmissores e modificação na composição dos ácidos graxos da mielina, que persistiram após oito semanas de consumo dietético adequado de ferro (Kwik-Uribe e cols., 2000).

Essas observações enfatizam que, durante o crescimento e o desenvolvimento cere-brais, o ferro é crucial para a plena aquisição das habilidades neurológicas.

4.5.1. Repercussões da deficiência de ferro em lactentes, pré-escolares e escolares

Há três décadas, desde o estudo de Oski e Honig (1978), vêm sendo documentados os efeitos da anemia por deficiência de ferro sobre o comportamento e desenvolvimento mental e motor infantil.

Porém os resultados permanecem controversos, pois ainda não está claro se apenas a deficiência isolada do ferro seria a causa desses achados. As variações metodológicas entre os diversos estudos são expressivas, dificultando a interpretação comparativa, e os testes aplicados visam diferentes aspectos cognitivos e psicomotores, conforme a faixa etária pesquisada (Barbosa, 2004; Braga, 2008).

Tendência a menor velocidade de condução auditiva, baixos escores em escalas de desenvolvimento e comportamento afetivo anormal têm sido descritos em lactentes anêmicos (Oski e Honig, 1978; Lozoff e Prabucki, 1986; Rocangliolo e cols., 1998; Alga-rin e cols., 2003).

Contudo, evidências crescentes concordam em apontar uma associação negativa entre anemia por deficiência de ferro nos primeiros dois anos de vida e desenvolvimento cognitivo e mental durante a infância.

Outra questão ainda em estudos é a possível existência de uma janela de tempo du-rante a lactância na qual o desenvolvimento cerebral é mais sensível, sendo despropor-cionalmente mais afetado pelas carências nutricionais como a de ferro (Algarin 2003; Eden, 2005; Glazer, 2010).

Também se observaram baixa atividade motora, disfunção sensório-motora e diminuição do rendimento físico. Em crianças maiores, demonstrou-se diminuição da atenção, da dis-posição, do rendimento escolar e da memória (Grantham-McGregor e Ani, 2001; Angulo-Kinzler e cols., 2002; Gera e cols., 2007).

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Diferentes estudos sugerem que a instalação da anemia em fases precoces da vida pode afetar de forma prolongada ou até mesmo de maneira irreversível as funções cognitivas, motora, comportamentais, auditiva e de percepção visual (Lozoff 2000; Eden, 2005; McCaan e Ames, 2007; Lozoff, 2013).

Em um estudo intervencional, Friel e cols. (2003) acompanharam 77 lactentes de 1 a 6 meses de vida alimentados com leite materno, que receberam suplementação de ferro ou placebo.

As crianças foram avaliadas em relação à concentração sérica de hemoglobina, zinco, cobre e ferritina e ao potencial antioxidativo. Ao final de um ano, o grupo suplemen-tado apresentou maior acuidade visual e índices mais elevados de desenvolvimento psicomotor em relação aos não suplementados.

A reversibilidade do atraso no desenvolvimento e na capacidade mental e motora de lactentes anêmicos após uma terapia (ou suplementação) com ferro é ainda objeto de controvérsias teóricas e metodológicas, embora haja descrição de reversibilidade de alguns efeitos adversos quando a anemia é tratada precocemente (Lozoff, 2007).

Congdon e cols. (2012) avaliaram 116 crianças no Chile que apresentaram anemia por deficiência de ferro aos 12 meses, em média, e foram tratadas, em comparação com 93 controles participantes, todos sem outras comorbidades.

Aos 10 anos de idade, realizou-se uma avaliação eletrofisiológica, concluindo-se que o grupo com anemia apresentou respostas neurológicas e cognitivas de memória in-feriores e mais lentas que as do grupo controle. Os autores atribuem os resultados à disfunção na produção de mielina nos primeiros meses de vida como resultado da deficiência de ferro.

Um estudo de acompanhamento de 25 anos comparou 33 jovens da Costa Rica que apresentavam anemia crônica no período de lactância com 89 que tinham níveis adequados de ferro antes ou após a terapia.

Os indivíduos do grupo com anemia crônica na infância apresentaram um ano de atraso no rendimento escolar em comparação com o grupo com ferro suficiente, bem como dificuldades emocionais e comportamentais significativamente maiores na ado-lescência (Lozoff, 2013).

Contudo, grande parte dos estudos sugere que a instalação da anemia em fases pre-coces da vida pode afetar de maneira irreversível as funções cognitiva, motora, auditiva e de percepção visual (Larkin e Rao, 1990; Lozoff, 2000; McCaan e Ames, 2007).

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Grantham-McGregor e Ani (2001) revisaram os estudos existentes sobre os efeitos da anemia ferropriva no desenvolvimento cognitivo de crianças.

Embora tenha sido possível selecionar poucos estudos, existem fortes evidências de que crianças que foram anêmicas nos primeiros dois anos de vida (período de maior desenvolvimento cerebral e aquisição de habilidades mentais e motoras fundamentais) persistem com repercussões negativas sobre o comportamento e aquisições escolares durante anos.

Contudo, em crianças maiores e adolescentes em que se demonstrou diminuição de atenção, disposição, rendimento escolar e memória e alterações comportamentais, os estudos apontam que a suplementação de ferro melhorou os níveis de concentra-ção e elevou os resultados em avaliações de QI, sugerindo que o tratamento é mais efetivo (Angulo-Kinzler 2002; Gera e cols . 2007; Glazer e Bilenko, 2010; Falkingham 2010; Ukkirapandian e cols. 2014).

4.6. Síntese de DNA e crescimento

O ferro contribui para a síntese normal de DNA, necessária para o crescimento (JHCL, 2003)

O ferro tem sido relatado como sendo necessário para a síntese de DNA. A enzima que limita a taxa de síntese de DNA é a ribonucleotídeo redutase, uma metaloenzima que deve ser continuamente sintetizada e, portanto, é dependente de um fornecimento contínuo de ferro (Expert Group onVitamins and Minerals, 2002).

4.7. Paladar

O ferro contribui para a função normal do paladar (JHCL, 2003)

A anemia ferropriva está associada com anormalidades da mucosa da boca e do trato gastrintestinal, levando a estomatite angular, glossite e gastrite crônica.

Na mucosa oral, a anemia pode incluir, além da palidez, uma atrofia das papilas fili-formes, manifestada por aspereza, eritema, edema e irregularidades, embora essas irregularidades não sejam específicas da deficiência de ferro (Chi e cols. 2010).

A ingestão de itens não alimentares (pica) ou consumo compulsivo de gelo (pagofagia) também estão associados à deficiência de ferro (DRI, 2001; Angeles e cols., 2005).

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5. FONTES E BIODISPONIBILIDADE DO FERRO

Na dieta humana, há duas formas de ferro: ferro heme e ferro não heme.

As principais fontes de ferro heme da dieta são a hemoglobina e a mioglobina, vindas de alimentos de origem animal, como carne, frango e peixe. Nesses alimentos cárneos, 30 a 70% do ferro corresponde a ferro heme (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002; Zimmermann e Hurrell, 2007). O ferro não heme é obtido de cereais, legumino-sas, legumes, frutas e vegetais.

O ferro heme é absorvido cerca de 2 a 3 vezes mais facilmente que o ferro não heme (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002; Zimmermann e Hurrell, 2007).

A absorção média de ferro heme de dietas que contêm carne é de cerca de 25%. A absorção de ferro heme pode variar de cerca de 40% durante uma situação de deficiência de ferro até 10% em uma situação de repleção. O ferro heme pode ser degradado e convertido em ferro não heme em alimentos cozidos em altas temperaturas e por longo tempo.

Além disso, o cálcio é o único fator da dieta que pode influenciar negativamente a ab-sorção de ferro heme e tem a mesma influência na absorção do ferro não heme (WHO, 2004; Umeta e cols., 2005).

A absorção do ferro não heme é influenciada pelo estado nutricional de ferro do indi-víduo e por diversos fatores na dieta. O ferro não heme e ligantes alimentares intera-gem na luz intestinal, seguindo as regras de complexação química.

Os alimentos ligantes como ácido ascórbico, ácidos carboxílicos a exemplo de citrato e malato, a digestão e os produtos de carne, peixe ou aves aumentam a absorção de ferro, enquanto, por exemplo, o ácido fítico em grãos e leguminosas, os polifenóis no chá e café, ou o cálcio a inibem (Schumann e cols., 2007).

Assim, a biodisponibilidade de ferro em refeições com quantidades semelhantes de ferro, energia, proteína e gordura pode variar em mais de 10 vezes. A adição simples de certas especiarias (por exemplo, orégano) a uma refeição ou a ingestão de uma xícara de chá com uma refeição podem reduzir a biodisponibilidade de ferro pela metade ou mais.

Por outro lado, a adição de certos vegetais ou frutas contendo ácido ascórbico pode duplicar ou mesmo triplicar a absorção de ferro (WHO, 2004).

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A revisão sistemática de Collings et col. (2013) mostra que a menor absorção fracio-nada de ferro não heme encontrada foi de 0,7% (em homens com concentração média de ferritina de 100 mg/L que consumiram uma dieta de baixa biodisponibilidade) e a maior absorção encontrada foi de 22,9% (em mulheres com deficiência de ferro (média de ferritina de 6,4 mg/L) que consumiram uma dieta básica mexicana (baixa biodis-ponibilidade), mas com adição de limão (alto teor de vitamina C).

A absorção média de ferro nos estudos avaliados por Collings e col (2003) ficou em torno de 5-8%.

O quadro 3 apresenta alguns fatores que inibem e favorecem a absorção de ferro.

Quadro 3. Fatores que inibem e favorecem a absorção de ferro no intestino.

Fonte: Viola, 2003; Kumari e cols., 2004; WHO 2004; Zimmermann e Hurrell, 2007; Collings e cols., 2013.

A vitamina C aumenta a absorção de ferro não heme, o que também ocorre na pre-sença de carnes, peixes ou aves, que, quando na refeição, tendem a aumentá-la em aproximadamente quatro vezes. Ligantes como ácido cítrico, frutose e aminoácidos também promovem a absorção de ferro não heme.

A vitamina A e o ß-caroteno também aumentam a biodisponibilidade do ferro não heme. Inversamente, muitos fatores dietéticos inibem a absorção deste: alguns sais de cálcio (por exemplo, fosfato de cálcio), fitato, taninos (encontrados em chá e café) e polifenóis (de chá e de alguns vegetais) (Viola, 2003; Kumari e cols., 2004; Cámara e

Inibidores da absorção Favorecedores da absorção Reservas elevadas de ferro

CálcioCocção do alimento em altas

temperaturas por tempo prolongado

Reservas elevadas de ferro Depleção de ferro Cálcio Ácido ascórbicoFitatos Álcool Taninos Frutose

Polifenóis Vitamina A e ß-caroteno

Ácido oxálicoVegetais fermentados (chucrute, molho de soja fermentado, etc)

Carbonatos Ácido cítricoFosfatos Ácido málico

Fibras (exceto celulose)Minerais como zinco e cobre

Ferro heme Depleção de ferro

Ferro não heme

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cols., 2007; Zimmermann e Hurrell, 2007).

O ácido fítico exerce um efeito inibitório na absorção de ferro e zinco por formar com-plexos insolúveis no intestino. A formação desses quelatos depende do teor de zinco, ferro e cálcio em relação ao de fitatos no alimento (Umeta e cols., 2005).

Estudos realizados em seres humanos demonstraram um efeito inibitório dose-depen-dente do zinco na absorção de ferro quando ambos os minerais são administrados conjuntamente em solução aquosa. Porém, a inibição da absorção de ferro parece não ocorrer quando o zinco é oferecido 30 ou 60 minutos antes da administração de ferro.

Olivares e cols. (2007) identificaram uma relação molar de Zn/Fe de 20:1 no caso de uma inibição aguda da absorção do ferro, relação esta que é muito maior do que a encontrada em alimentos e suplementos (Olivares e col. 2007).

No entanto, em estudos in vitro, Cámara e cols. (2007) apontaram um efeito negativo do zinco na absorção de ferro ou em seu armazenamento com uma proporção de Zn/Fe de 1:2.

A relação entre fontes animais e vegetais na dieta também influencia a biodisponibi-lidade do ferro. No caso de uma dieta vegetariana estrita, estima-se em 5% a biodis-ponibilidade do ferro e em 10% quando se adicionam algumas carnes e ácido ascór-bico são. Em dietas ricas em carnes e frutas, a biodisponibilidade desse elemento é ainda maior.

O US FNB (Food and Nutrution Board - US) admite o valor de 18% e a EU SCF (Scientific Committee on Food - EU) admite o valor de 15% para a taxa média da fração de ferro absorvida de uma dieta ocidental típica (Schumann e cols., 2007).

Alguns estudos apontam também que o modo de preparação dos alimentos e o uten-sílio utilizado para cocção, por exemplo, podem interferir na biodisponibilidade de nu-trientes. Kumari e cols., (2004) demonstraram em seu estudo um aumento do ferro total (1,2 a 10,8 vezes) e de sua biodisponibilidade (4 vezes) em feijões cozidos em panela de ferro, quando comparado com feijões crus e cozidos em panela metálica.

O total de ferro disponível foi cerca de 9% maior nas amostras cozidas em utensílios de ferro, em relação àquelas cozidas em panelas não de ferro.

O quadro 4 fornece uma indicação das fontes e da biodisponibilidade relativa do ferro.

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Quadro 4. Fontes e biodisponibilidade relativa do ferro em alimentos ingeridos indi-vidualmente.

Fonte: Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002.

Alimento Baixa Média AltaMilho Farinha de milho

Farinha de aveia Farinha refinadaArrozSorgo

Farinha de trigo integralMaçã Melão-cantalupo Goiaba

Abacate Manga LimãoBanana Abacaxi Laranja

Uva MamãoPêssego

PeraAmeixa

MorangoBerinjela Cenoura TomateLegumes Batata Beterraba

Farinha de soja BrócolisProteína isolada de soja Repolho

Tremoço Couve-florAbóbora

NaboChá Vinho tinto Vinho brancoCafé

AmêndoaCastanha-do-Pará

CocoAmendoim

Queijo PeixeOvo Carne bovinaLeite Aves

Bebida

Oleaginosa

Proteína animal

Cereal

Biodisponibilidade

Fruta

Vegetal

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6. RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS

A recomendação de ingestão de ferro e outros nutrientes está apresentada nas DRI (Dietary Reference Intakes), criadas pelo comitê do Food and Nutrition Board (FNB) do Instituto de Medicina (Institute of Medicine - IOM) da Academia Nacional (National Academy of Sciences) dos Estados Unidos.

As DRI vem sendo publicadas desde 1997 e trazem valores de referência de ingestão de nutrientes, visando à diminuição do risco de doenças crônicas não transmissíveis. Esses valores são usados como referência mundialmente.

As recomendações de ingestão de ferro objetivam prover uma ingestão suficiente para satisfazer as necessidades de quase todas as pessoas saudáveis de uma população.

A FAO/OMS, o Scientific Committee on Food da União Europeia, o US FNB (Food and Nutrution Board - US) e outras organizações têm baseado suas estimativas em uma média de requerimento de ferro que considera perdas e necessidades em ambos os sexos e suas alterações durante os estágios de vida.

O valor de ingestão oral de ferro necessária é obtido pela divisão da estimativa da me-diana do requerimento médio de ferro pela estimativa da taxa de absorção de ferro. Usou-se o percentil 97,5 desse valor para definir a ingestão dietética recomendada (Recommended Dietary Allowance – RDA) (Schumann e cols., 2007).

Para se determinar a necessidade média estimada (Estimated Average Requirement – EAR) para ferro, consideraram-se vários fatores, tais como perda basal de ferro, per-das menstruais, exigências do feto na gestação e aumento das necessidades durante crescimento para aumento do volume sanguíneo e/ou do estoque tecidual do ferro.

O limite superior de ingestão tolerável (Tolerable Upper Intake Level – UL) para adul-tos é de 45 mg/dia de ferro, um nível baseado em efeitos gastrintestinais adversos ou nocivos (DRI, 2001).

As RDA para homens e mulheres não vegetarianos de todas as faixas etárias estão apresentadas no quadro 5.

As RDA para vegetarianos são 1,8 vezes maiores que para pessoas que consomem carne, pois o ferro heme em carnes é duas vezes mais disponível que o ferro presente em alimentos vegetais, e carne, frango e frutos do mar aumentam a absorção do ferro não heme (DRI, 2001).

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Quadro 5. RDA (Recommended Dietary Allowance) e UL (Tolerable Upper Intake Level) de ferro para não vegetarianos.

*A recomendação de ferro para crianças de 0 a 6 meses é de 0,27 mg de ferro/dia e é baseada na Ingestão Adequada (AI – Adequated Intake), que reflete a ingestão média de ferro observada em crianças amamentadas.

Fonte: DRI, 2001. O Brasil adota valores próprios de referência de recomendação de ingestão, diferentes das DRI, e estes estão apresentados no quadro 6.

Quadro 6. IDR de ferro.

*10% de biodisponibilidade. Fonte: Brasil, 2005.

Homens Mulheres Gestação Lactação UL(mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia)

0-6 meses 0,27* 0,27* 407-12 meses 11 11 40

1-3 anos 7 7 404-8 anos 10 10 40

9-13 anos 8 8 4014-18 anos 11 15 27 10 4519-30 anos 8 18 27 9 4531-50 anos 8 18 27 9 4551-70 anos 8 8 45> 70 anos 8 8 45

Grupo etário

Estágio de vida Ferro (mg/d)*Lactentes0–6 meses 0,277–11 meses 9

Crianças1–3 anos 64–6 anos 67–10 anos 9Adultos 14

Gestantes 27Lactantes 15

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7. TOXICIDADE DO FERRO

O excesso de ferro é tóxico para o organismo

O excesso de ferro é tóxico para o organismo. Em condições normais, o balanço do ferro é determinado pela absorção desse mineral, que é regulada de modo a evitar o acúmulo deste no organismo, e pelas perdas fisiológicas, uma vez que não existe um mecanismo ativo de excreção de ferro. Qualquer alteração desse equilíbrio pode acar-retar deficiência ou sobrecarga do metal no organismo.

O ferro é essencial para a manutenção da vida nos seres vivos. Entretanto ele é um elemento potencialmente tóxico quando em excesso, podendo causar danos aos teci-dos ao catalisar a produção de radicais livres (Beard, 1996).

O ferro tem a capacidade de receber e transferir elétrons, participando como catalisa-dor das reações redox que ocorrem nas células (Siqueira e cols., 2006).

É interessante observar que o potencial tóxico do ferro deriva de sua principal proprie-dade biológica, a capacidade de existir em dois estados de oxidação - ferroso (Fe2+) e férrico (Fe3+)-, o que faz com que possa participar como cofator de enzimas envolvidas em reações de oxidação-redução e que ainda se torne um promotor de reações de radicais livres, como as de Fenton e Haber-Weiss, as quais resultam em fenômenos de estresse oxidativo (Andrews,1998; Siqueira e cols., 2006).

Reação de Fenton

Fe3+ + O2 -----> Fe2+ + O2

Reação de Haber-Weiss

Fe2+ + H2O2 -----> Fe3+ + HO· + HO- O2·- + H2O2-----Fe-----> HO· + HO- + O2

A formação de tais espécies de radicas livres pode promover a oxidação de diversas moléculas e organelas, produzindo danos celulares. Esses radicais são normalmente controlados e removidos por antioxidantes, mas, no caso de sobrecarga crônica de ferro, essa remoção não é tão rápida quanto a sua formação, provocando assim lesões oxidativas (Siqueira e cols., 2006).

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8.1 Toxicidade aguda

A intoxicação aguda está associada à ingestão de quantidades elevadas de ferro e inclui numerosos sintomas que aparecem progressiva e rapidamente, sendo estes de natureza gastrintestinal e se devendo não só à lesão direta da mucosa como também à translocação de fluido para a luz do trato gastrintestinal, podendo apresentar-se como diarreia sanguinolenta e vômitos, seguindo-se acidose, insuficiência hepática e choque, e podendo culminar com a morte em horas ou dias (Yip e Dallman, 1998).

8.2. Sobrecarga de ferro

Quando está em estado livre no corpo humano, o íon ferro é altamente deletério. Quando ocorre, a sobrecarga de ferro leva à disfunção de múltiplos órgãos e, final-mente, ao óbito; entretanto, é passível de tratamento.

A sobrecarga crônica de ferro pode ser primária (quando ocorre por absorção aumen-tada do ferro resultante de um defeito na regulação da homeostasia do ferro no or-ganismo) ou secundária (devido a transfusões crônicas de concentrado de eritrócitos em geral para patologias hematológicas, tais como anemia falciforme, talassemias, síndrome mielodisplásica, aplasia de medula óssea, etc) (Cançado, 2007; Braga e Ho-kazono, 2007).

Em geral, a sobrecarga primária é determinada por um defeito genético. Entre as dife-rentes formas, a hemocromatose hereditária (HH) é a forma mais comum, caracterizada pela presença de mutações genéticas que causam distúrbios em sua absorção. A HH é uma das doenças genéticas de herança autossômica recessiva mais comum na popu-lação ocidental, presente em 1 a cada 200-300 pessoas no Norte da Europa e Austrália (Braga e Hokazono, 2007).

Na HH, ocorre uma deficiência na regulação do balanço do ferro e o organismo ab-sorve e armazena o ferro em cerca de 2 a 3 vezes mais que o normal. A maioria dos pacientes não apresenta sintomas até a idade adulta; na evolução, os pacientes po-dem desenvolver processos inflamatórios no fígado, evoluindo para fibrose e cirrose, e ainda se podem acometer o pâncreas, o coração, as articulações e a hipófise (Yip e Dallman, 1998; Braga e Hokazono, 2007; Cançado, 2007).

8.3. Processos degenerativos

Embora ainda existam controvérsias, alguns estudos têm sugerido que o ferro teria papel importante no estresse oxidativo do sistema nervoso, contribuindo para doenças degenerativas como a doença de Parkinson e a demência de Alzheimer, havendo uma possível ligação entre níveis elevados de ferro em algumas regiões do cérebro e essas

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doenças degenerativas (Logroscino e cols., 1997; Powers e cols., 2003; Fernandez e cols., 2005).

O cérebro é considerado o mais sensível dos órgãos ao estresse oxidativo e, quando ocorre desregulação ou excesso de ferro em áreas cerebrais relevantes, o dano oxida-tivo induzido pode levar a processos degenerativos (Berg e Yodim, 2006; Sayre e cols., 2005; Fernandez e cols., 2007).

Utilizando modelo em animais, Schoroder e cols. observaram que ratos que haviam recebido Fe2+ em excesso 10-12 dias após o nascimento apresentaram déficits de memória espacial, emocional e de reconhecimento na fase adulta (Schoroder e cols., 2001).

Kennard e cols. (1996) apontam que o acúmulo de ferro está relacionado com o apa-recimento de placas senis e dos emaranhados neurofibrilares típicos da demência de Alzheimer, e as alterações da homeostasia do ferro foram identificadas através do au-mento de uma proteína (p97) que se liga ao ferro. Postula-se ainda que o acúmulo de ferro nos neurônios provoca peroxidação lipídica das membranas dessas células, o que pode permitir que estas sofram disfunção celular por estarem mais suscetíveis a toxinas (Siqueira e cols., 2006; Keller e cols., 1997).

Estudos no campo da biologia molecular vêm demonstrando o papel do estresse oxidativo como um dos fatores na gênese das doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson.

Com o envelhecimento, os neurônios se tornam mais sensíveis ao ataque pelos radicais livres, e os metais, especialmente o ferro, exercem um papel importante na produção desses radicais, tendo-se observado uma concentração elevada de ferro em áreas es-pecíficas do cérebro desses pacientes (Christen, 2000; Ward et al., 2014).

O acúmulo nas placas senis de algumas proteínas tais como o beta-amiloide atua alte-rando o funcionamento das sinapses, o que leva posteriormente à perda de neurônios e aos sintomas da doença de Alzheimer.

Contudo, estudos recentes mostram a influência de outros fatores tais como a desregulação da homeostasia local do ferro sobre essas proteínas. Mais estudos apontarão os mecanismos pelos quais as alterações do metabolismo do ferro atuam na gênese e fisiopatologia das doenças neurodegenerativas (Belaid e Bush, 2016).

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9. CONSUMO NO BRASIL

As informações sobre consumo alimentar da população brasileira são escassas e, na maioria das vezes, pontuais. Até o início do século XXI, talvez a melhor fonte de dados nacionais seja os dados provenientes do Estudo Nacional sobre Despesa Familiar – ENDEF, de 1974/75, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Pesquisas posteriores de mesmo porte não tiveram enfoque no consumo alimentar, como a Pesquisa de Orçamento Familiar – POF, de 1987/88, com enfoque econômico; a Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição – PNSN, de 1989, com o objetivo de de-terminar o estado nutricional; e a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde – PNDS, de 1995/1996, objetivando levantar informações sobre níveis de fecundidade, mortali-dade infantil e materna, anticoncepção, saúde da mulher e da criança e conhecimento e atitudes relacionadas às DSTs/AIDS.

Como é de conhecimento geral que o Brasil apresentou mudanças drásticas em seu perfil socioeconômico e demográfico nos anos que se seguiram ao ENDEF, tornava-se impossível continuar utilizando tais dados como representativos do consumo alimentar atual (Brasil, 1997; Batista Filho, 2003; Cavalcante e cols, 2004).

Em 1997, o Ministério da Saúde publicou os dados obtidos pelo Estudo Multicêntrico sobre Consumo de Alimentos a partir do trabalho realizado com universidades brasilei-ras no ano de 1996 e que levantou o consumo alimentar em 5 cidades do país: Campi-nas, Curitiba, Goiânia, Ouro Preto e Rio de Janeiro. Esse estudo trouxe informações sobre o consumo alimentar da população.

Os inquéritos foram realizados avaliando-se o consumo familiar mensal e o consumo individual através de um questionário de frequência e comparando-os com as reco-mendações das RDA (NAS, 1989; Brasil, 1997), Os resultados desse estudo referentes ao ferro estão apresentados nos quadros 7 e 8.

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Ferro / ILSI Brasil

Quadro 7. Adequação percentual* de ferro disponível nos domicílios estratificada por faixa de renda e por município brasileiro.

* Função da recomendação nutricional ponderada pelos integrantes de cada domicílio.

Fonte: adaptado de Brasil, 1997.

Quadro 8. Percentual de indivíduos com consumo inadequado de ferro, segundo idade e sexo*, em municípios brasileiros.

* RDA, 10th ed, 1989.

Fonte: adaptado de Brasil, 1997.

Mais recentemente, de 2006 a 2008, o Dr. Mauro Fisberg coordenou uma pesquisa multicêntrica do consumo alimentar de pré-escolares (1-6 anos) institucionalizados em regiões do Brasil.

Esse estudo contou com a participação de importantes pesquisadores de instituições de ensino e pesquisa brasileiras, e recebeu o nome de Nutri-Brasil Infância.

Para a avaliação do consumo alimentar, o estudo contou com uma metodologia prospectiva de pesagem direta na creche, complementada com um registro da alimentação em casa, obtendo-se o dia alimentar da criança.

Faixa de renda (Salário mínimo

per capita)Campinas Goiânia

Ouro Preto

Rio de Janeiro

Até 0,5 85 67 62 1080,51–1,0 89 84 78 1211,1–2,0 89 109 91 1202,1–3,0 96 120 90 1363,1–5,0 94 113 89 124

5,1–10,0 102 140 98 134> 10,1 101 137 80 145

19–25 26–45 46–64 > 65 Masculino FemininoRio de Janeiro 36,3 37,6 21,2 44,8 11,6 44,3

Campinas 14,4 15,1 3,5 6 4,8 12,6Curitiba 23,6 38,5 22,1 30 12 33,6Goiânia 56,4 62,1 51 53,3 25,2 71,8

Ouro Preto 2,8 6,5 0 11,7 5,7 3,4

Idade (anos) SexoMunicípio

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Funções Plenamente Reconhecidas de Nutrientes - Ferro / ILSI Brasil

O valor nutricional dos alimentos consumidos e registrados foi obtido com o uso do programa Nutrition Data System (NDS).

Os resultados foram comparados aos valores de referência das DRI para determinação da prevalência de inadequação de ingestão ou do risco nutricional dos nutrientes no grupo populacional (Castro e col., 2014).

Os resultados apontam para uma ingestão adequada de ferro pelos pré-escolares institucionalizados brasileiros, independentemente da classe socioeconômica (frequentadores de creches públicas e privadas).

A média de ingestão de ferro por idade está apresentada no Quadro 9. (Castro e col., 2014).

Porém, a observação mais profunda da ingestão alimentar revela que a fonte principal de contribuição de ferro da dieta é o feijão, um alimento com menor biodisponibi-lidade quando comparado a outras fontes (Expert Group on Vitamins and Minerals, 2002; Vieira e col., 2016).

Assim, embora o consumo de ferro pelos pré-escolares brasileiros esteja adequado em relação às recomendações de ingestão, a quantidade do mineral absorvida e que se torna disponível para uso em funções metabólicas deve ser inferior à necessária.

Esse fato pode justificar a prevalência de 45% de anemia em crianças brasileiras meno-res de cinco anos (Unicef, 2005).

Quadro 9. Média de consumo de ferro (mg/dia), por grupos de idade, Estudo Nutri-Brasil Infância.

Fonte: Castro e col., 2014.

Idade e tamanho da amostra (n)

Média de consumo de ferro (mg/dia)

Desvio padrão

1 ano (n = 58) 10,18 3,542 anos (n = 657) 11,02 4,953 anos (n = 974) 11,36 4,444 anos (n = 836) 11,73 4,615 anos (n = 398) 11,85 4,376 anos (n = 58) 12,35 4,27

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Em 2011, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) publicou a análise do consumo alimentar pessoal no Brasil (IBGE, 2011), resultado de um trabalho que tem por objetivo inferir sobre o perfil de consumo da população brasileira com 10 anos ou mais de idade.

As informações para a análise aqui apresentada foram investigadas no Bloco de Con-sumo Alimentar Pessoal, POF 7, instrumento de coleta aplicado em uma subamostra de domicílios da Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF 2008-2009. Os resultados referentes ao consumo de ferro estão apresentados no quadro 10.

Quadro 10. Média de consumo de ferro (mg), por sexo e grupos de idade, Brasil, período de 2008-2009.

Fonte: IBGE, 2011.

Para a estimativa da prevalência de inadequação de ferro, utilizou-se nesse estudo o método da abordagem probabilística manualmente determinada, que prevê o cálculo do número de indivíduos em intervalos de consumo de ferro.

Esses intervalos de consumo, bem como a probabilidade de inadequação específica para cada intervalo, são determinados segundo sexo e faixas etárias.

Assim, o risco de inadequação corresponde ao número de indivíduos em cada interva-lo multiplicado pela probabilidade de inadequação (IBGE, 2011). Os resultados estão apresentados no quadro 11.

Média de consumo de ferro (mg)

Sexo MasculinoSexo

Feminino10 a 13 anos 11,6 10,814 a 18 anos 13,9 1119 a 59 anos 13,5 10,1

60 anos ou mais 11,1 8,7

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10 a 13 anosRecomendação nutricional de ferro (mg) 5,9

Percentil 10 6,2Percentil 50 11,1Percentil 90 17,7

Prevalência de inadequação (%) 8Recomendação nutricional de ferro (mg) 5,7

Percentil 10 6,3Percentil 50 10,3Percentil 90 15,7

Prevalência de inadequação (%) 7,414 a 18 anos

Recomendação nutricional de ferro (mg) 7,7Percentil 10 7,6Percentil 50 13Percentil 90 20,2

Prevalência de inadequação (%) 11,5Recomendação nutricional de ferro (mg) 7,9

Percentil 10 6,5Percentil 50 10,6Percentil 90 16,1

Prevalência de inadequação (%) 24,219 a 59 anos

Recomendação nutricional de ferro (mg) 6Percentil 10 7,3Percentil 50 12,6Percentil 90 19,7

Prevalência de inadequação (%) 5,3Recomendação nutricional de ferro (mg) 8,1

Percentil 10 5,9Percentil 50 9,8Percentil 90 15

Prevalência de inadequação (%) 31,2

Masculino Consumo de ferro (mg)

Feminino Consumo de ferro (mg)

Masculino Consumo de ferro (mg)

Feminino Consumo de ferro (mg)

Masculino Consumo de ferro (mg)

Feminino Consumo de ferro (mg)

Quadro 11. Prevalência de inadequação e percentis 10, 50 e 90, com indicação da recomendação nutricional do consumo de ferro por sexo e grupos de idade, Brasil, período de 2008-2009.

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Fonte: IBGE, 2011.

Os alimentos mais frequentemente referidos pela população brasileira foram arroz (84,0%), café (79,0%), feijão (72,8%), pão de sal (63,0%) e carne bovina (48,7%), desta-cando-se também o consumo de sucos e refrescos (39,8%) e refrigerantes (23,0%) e menor presença de frutas (16,0%) e hortaliças (16,0%) (Souza e col., 2013).

De maneira geral, o consumo de vísceras se associou à ingestão mais elevada de ferro (IBGE, 2011), como apresentado no gráfico 1.

Gráfico 1. Média de ingestão de ferro nos grupos de pessoas que consomem os ali-mentos selecionados, em comparação com a média de ingestão de ferro da população – Brasil – período de 2008-2009.

Fonte: IBGE, 2011.

Conclue-se que o ferro é um mineral com funções essencialmente importantes para o metabolismo do ser humano, com repercussões complexas sobre a saúde e a in-teligência de crianças e adultos. Apesar de sua importância, o consumo de ferro ainda é inadequado em nossa população, e os índices de anemia e deficiência de ferro são alarmantes.

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Presidente do Conselho Científico e de Administração- Dr. Franco Lajolo (FCF - USP) Presidente- Ary Bucione (DuPont) Diretoria- Adriana Matarazzo (Danone Ltda.)- Alexandre Novachi (Mead Johnson)- Elizabeth Vargas (Unilever)- Dr. Helio Vannucchi (FMUSP - RP)- Káthia Schmider (Nestlé)- Dra. Maria Cecília Toledo (UNICAMP)- Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP)- Dr. Paulo Stringheta (Universidade Federal de Viçosa)

DIRETORIA/CONSELHO

Vice-Presidente do Conselho Científico e de Administração - Dr. Flavio Zambrone (IBTOX) Diretor Financeiro- Ilton Azevedo (Coca-Cola) Diretora Executiva- Flavia Franciscato Cozzolino Goldfinger

Conselho Científico e de Administração- Alexandre Novachi (Mead Johnson)- Amanda Poldi (Cargill)- Ary Bucione (DuPont)- Dra. Bernadette Franco (Fac. Ciências Farmacêuticas/USP)- Dr. Carlos Nogueira-de-Almeida (Faculdade de Medicina/USP-RP)- Cristiana Leslie Corrêa (IBTOX)- Dra. Deise M. F. Capalbo (EMBRAPA)- Elizabeth Vargas (Univeler)- Dr. Felix Reyes (Fac. Eng. Alimentos/ UNICAMP)- Dr. Flávio Zambrone (IBTOX)- Dr. Franco Lajolo (Fac. Ciências Farmacêuticas/USP)- Dr. Helio Vannucchi (Faculdade de Medicina/USP-RP)- Ilton Azevedo (Coca-Cola)- Dra. Ione Lemonica (UNESP/Botucatu)- Kathia Schimder (Nestlé Brasil Ltda.)

- Luiz Henrique Fernandes (Pfizer)- Dra. Maria Cecília Toledo (Fac. Eng. Alimentos/UNICAMP)- Mariela Weingarten Berezovsky (Danone)- Dr. Mauro Fisberg (UNIFESP)- Othon Abrahão (Futuragene)- Dr. Paulo Stringheta (Universidade Federal de Viçosa)- Dr. Robespierre Ribeiro (Sec. do Estado de Minas Gerais)- Dra. Silvia Maria Franciscato Cozzolino (FCF-USP)- Taiana Trovão (Mondelez)- Tatiana da Costa Raposo Pires (Herbalife)

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Empresas Mantenedoras daForça-Tarefa Alimentos Fortificados e

Suplementos 2017

Ajinomoto do BrasilAmway do Brasil

BASF S/ADanone Ltda.

DSM Produtos Nutricionais Brasil S.A.Herbalife International do Brasil Ltda.

Kerry do BrasilPfizer Consumer Healthcare

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