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ALEXANDRE GAUDÊNCIO
XXIII Congresso Regional do PSD/Açores
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ALEXANDRE GAUDÊNCIO
XXIII Congresso Regional do PSD/Açores
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Índice PREÂMBULO .......................................................................................................................................... 6
PRINCÍPIOS FUNDADORES DO PPD AÇORES: ........................................................................................................... 6
PSD/AÇORES - UM PARTIDO DOS AÇORIANOS, PELOS AÇORIANOS E PARA OS AÇORIANOS ..................... 8
ECONOMIA E FINANÇAS PÚBLICAS – PROMOVER O CRESCIMENTO ECONÓMICO E A COMPETITIVIDADE 14
SAÚDE - NA SAÚDE, MAIS VALE PREVENIR DO QUE REMEDIAR .............................................................. 18
A EDUCAÇÃO COMO VEÍCULO DE DESENVOLVIMENTO ......................................................................... 23 O COMPLEMENTO DO ENSINO PROFISSIONAL ........................................................................................................ 26 A UNIVERSIDADE DOS AÇORES ........................................................................................................................... 28
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL .......................................................................................................... 31
MAR E PESCAS – HÁ TANTO POR DESCOBRIR, PARA FAZER CRESCER OS AÇORES ................................... 34
JUVENTUDE ......................................................................................................................................... 37 EMPREGO JOVEM ............................................................................................................................................. 38
AGRICULTURA SUSTENTÁVEL E COM VALOR ......................................................................................... 40 INFRAESTRUTURAS RURAIS PÚBLICAS .................................................................................................................. 42 PRODUÇÃO AGRÍCOLA ...................................................................................................................................... 42
REFORMA AUTONÓMICA ..................................................................................................................... 44
RUMO À VITÓRIA ................................................................................................................................. 46
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“Para este grande trabalho é que se querem os grandes homens. Sahirão esses
heroes das academias litterarias? das arcadias? das sinecuras opulentas? dos
corrilhos do elogiomutuo? Sahirão as aguias das capoeiras? Saltarão as idêas
salvadoras do choque das maledicencias e dos doestos? Nascerão as
dedicações do casamento das vaidades? Darão a grande novidade os ledores
de Horacio? Inventarão as novas formulas os que decoram as phrases
rabugentas dos livros bolorentos que chamam classicos? E os Socrates e os
Epictetos descerão para as suas missões das cadeiras almofadadas, das
rendosas conezias litterarias, das prebendas, das explorações?
Fóra d'essa atmosphera corrupta, e, quando não corrupta, pelo menos
esterilisadora, é mais provavel encontrarem-se as condições que precisam
para viver e crescer os homens uteis e necessarios às transformações do
espirito humano.
Anthero do Quental; excerto da carta Bom-senso e bom-gosto – 2 de novembro de 1865
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Preâmbulo
Princípios Fundadores do PPD Açores:
✓ Um “Partido Açoriano para todo o Arquipélago”, dotado de programa próprio,
articulado em termos autónomos com o Partido a nível nacional;
✓ Um “Partido para o Progresso”, que coloca toda a economia ao serviço do homem,
respeitando a iniciativa individual e a propriedade privada;
✓ Um “Partido para a Democracia”, pelo fortalecimento do regime autonómico e pela
estruturação do arquipélago como Região Autónoma.
A 16 de maio de 1974, na freguesia da Fajã de Baixo, em Ponta Delgada, João Bosco
Mota Amaral e um conjunto de cerca de cem pessoas reuniram-se e aprovaram os princípios
fundadores do PPD Açores.
Hoje, mais do que nunca, faz todo o sentido olhar para a nossa matriz social
democrata e trazê-la para os nossos dias.
A índole regionalista dos primeiros anos do Partido, que culminou na Autonomia, não
pode e não deve ser descurada à luz do regime político que vigora atualmente na Região.
Tal como em 1974, a diversidade das ilhas e a suas particularidades constituem hoje um
desafio permanente a ser ultrapassado, respeitando as tradições de cada localidade e
sempre com o objetivo de, em conjunto, construir uma sociedade livre e progressista.
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É com a social-democracia que pretendemos vencer o atraso económico e social
contínuo com que se debate a Região e corrigir as permanentes situações de injustiça social.
É com a social-democracia que pretendemos restaurar a confiança dos açorianos nas
instituições políticas e eliminar os abusos que prejudicam os interesses de uma sociedade
que se quer justa e equitativa.
Colocar a economia ao serviço do homem, defendendo a liberdade individual e a
propriedade privada como instrumentos de realização pessoal dos cidadãos e do
desenvolvimento cultural dos açorianos, sem negligenciar os desafios que nos são colocados
pelos movimentos políticos atuais, promovidos pelos vencedores e vencidos da
globalização, são desafios que temos de ter em conta.
O caminho proposto passa por ouvir os açorianos, de Santa Maria ao Corvo, e da
Região às comunidades emigrantes espalhadas pelo mundo.
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PSD/Açores - Um Partido dos Açorianos, pelos Açorianos e
para os Açorianos
Após todos estes anos como oposição, não podemos deixar de assinalar a atuação
firme e decisiva dos milhares de militantes do PSD/Açores na contínua afirmação de um
ideário de Autonomia e da social-democracia. O compromisso do Partido com a
consolidação da unidade açoriana e com o esbatimento progressivo das barreiras impostas
pela dispersão geográfica das nove ilhas do arquipélago, são motivos que nos movem a
fazer mais e melhor.
Sem os seus militantes o Partido ficaria reduzido ao vazio. Mas sem os açorianos ao
seu lado, na persecução de um objetivo comum, o Partido não tem sentido de existir.
A consolidação da Autonomia e o reforço da Democracia só fazem sentido se o
PSD/Açores caminhar lado a lado com os Açorianos, em busca da unidade regional e do
progresso político, económico e social da Região.
A Autonomia desenvolve-se através da unidade de todos os açorianos e no progresso
económico e social da Região. As dificuldades que surgem permanentemente, no ainda
curto percurso da Autonomia, só podem ser ultrapassadas através de uma firme condução
política.
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O reforço da Democracia Autonómica tem que passar pela consolidação das
conquistas alcançadas, através do contínuo aperfeiçoamento das instituições de governo
próprio, pelo empenhamento e participação de todos nos desafios impostos pela
Constituição.
A Autonomia Açoriana não pode ficar dependente de doutrinas circunstanciais, sejam elas
de índole nacional ou regional. Neste aspeto, as responsabilidades do PSD/Açores como
Partido fundador da Autonomia obrigam-nos a um esforço redobrado e permanente.
O diálogo entre as diversas estruturas do Partido e os açorianos na sua globalidade
deverão ser alvo de simplificação e desburocratização, tornando-se mais informais e mais
esclarecedores.
O PSD/Açores deverá ser permanentemente um garante de pluralidade e união, que respeite
aqueles que, nos diversos órgãos do Partido e instituições açorianas, detêm a
responsabilidade de guiar os destinos da Região.
A necessidade de renovar e fortalecer o PSD/Açores deverá ser um ponto de
convergência de todos os social-democratas na Região. Esta convergência deve ter em conta
os militantes de primeira hora e aqueles que, desde a fundação, têm militado ativamente
nos ideais do Partido, sem descurar os mais jovens que continuam a ingressar no nosso
Partido.
O passado do PSD/Açores não hipoteca o seu futuro.
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E o futuro do Partido não poderá por em causa o seu passado histórico.
Tem de prevalecer uma visão de futuro, olhando em frente e de cabeça erguida, libertando
o Partido de amarras do passado.
O Partido não se deve fixar em olhar o passado descurando o presente e, essencialmente, o
futuro. Os desafios com que nos deparamos não devem ser resolvidos com ajustes do
passado.
O PSD/Açores não pode continuar em análises exaustivas em busca de justificações
das suas derrotas eleitorais, dos seus erros e falhanços. Deve sim entusiasmar-se em busca
de soluções e, de forma positiva, apontar construtivamente respostas para os problemas
sociais e económicos da Região. O Partido deve mobilizar-se no sentido de servir os
Açorianos.
E, para isso, tem de ter como objetivo vencer todas as eleições.
O trunfo do PSD/Açores deverá passar pelo rigor na fundamentação das suas
propostas programáticas e a isso deverá somar a qualidade dos candidatos apresentados.
As nossas propostas deverão passar por uma nova liderança, por uma nova equipa e
por um novo programa político para a Região.
Devemos propor-nos a concretizar as reformas necessárias que melhorem as condições de
vida de cada açoriano e apostar nas suas capacidades de concretização.
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Devemos ser convictos e coerentes com as nossas propostas, valores e princípios,
em busca de uma solução alternativa ao atual Governo Regional.
Precisamos de ser claros nas nossas propostas e atitudes, dignificando a obra feita e não
denegrindo os nossos adversários, reforçando a nossa coesão, competência, seriedade e
credibilidade junto do eleitorado.
O PSD/Açores deverá reforçar e privilegiar o contacto direto com os açorianos,
inteirando-se dos seus anseios e preocupações. Para isso, é urgente reforçar a
implementação do Partido em todas as ilhas e concelhos e isso deve ser encarado como um
desafio permanente.
Uma oposição crítica impõe que estejamos atentos e vigilantes aos erros e omissões do
Governo e deve obrigar-nos a ter respostas prontas e eficazes.
Devemos focar-nos em conquistar o poder governativo com os açorianos e pelos
açorianos. Não devemos ficar à espera de herdá-lo.
O PSD/Açores é um Partido de bases onde o reconhecimento do mérito e a capacidade de
afirmação pessoal deverão estar sempre presentes na sua ação, valorizando os melhores
quadros e reconhecendo o contributo individual na condução de um destino comum.
Devemos assumir a nossa génese reformista ao nível geracional, cultural, político,
económico e social.
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Os sucessivos atos eleitorais têm-nos colocado na oposição. É nosso dever apresentar
aos açorianos um projeto de alternativa à governação atual. Uma alternativa que permita
aos açorianos uma opção distinta da atual, que confunde o Governo Regional com o Partido
que o suporta e que tem asfixiado a sociedade civil.
Devemos, juntos, preparar uma sociedade que valorize as pessoas, que promova a iniciativa
privada e que não confunda os apoios concedidos com favores de retorno partidário.
Para que isso aconteça temos que primeiro nos organizar internamente propondo:
• Relevar o papel da mulher dentro do Partido, de forma a incentivar a igualdade de
género. A participação da mulher não deve ser vista, apenas de uma forma numérica,
mas sim pela qualidade da sua participação cívica e política;
• Criar o Gabinete de Apoio ao Militante, com serviços jurídicos e de apoio para a
atividade dos militantes, em particular para os autarcas eleitos nas listas do
PSD/Açores;
• Tornar o Partido numa verdadeira escola de formação política, mantendo a
Universidade de Verão da JSD Açores e criando a Academia do Poder Local, para
formar militantes a desempenhar melhor as funções autárquicas;
• Valorizar o papel dos TSD de forma a estar na linha da frente da defesa laboral;
• Desmaterializar o processo de novos militantes, recorrendo às novas tecnologias para
agilizar o seu processo de adesão;
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• Dinamizar o Partido localmente, valorizando o papel das estruturas locais e
acompanhando, presencialmente, a atividade de todas as concelhias na Região;
• Rever os estatutos do Partido, de forma a aproximar os Açorianos do PSD/Açores.
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Economia e Finanças Públicas – Promover o crescimento
económico e a competitividade
Sem empresas competitivas, atuando num mercado com custos de contexto mais
reduzidos, com um enquadramento fiscal mais favorável e com uma estrutura da
administração regional menos burocrática, capaz de responder às necessidades das
empresas de forma célere, com políticas públicas consistentes e duradouras, dificilmente os
Açores sairão da situação em que se encontram.
O desenvolvimento económico sustentável dos Açores só se concretizará a partir de
um tecido empresarial competitivo e saudável, ainda com preocupações sociais,
designadamente com a adequada valorização dos seus recursos humanos e políticas de
remunerações que acompanhem o aumento da produtividade.
Para tal é necessário:
• A administração regional não pode concorrer com as empresas privadas de forma
desequilibrada, atuando em mercados em que estas tenham possibilidades de
sucesso. Precisamos de mais sociedade e melhor governo;
• Iniciar hábitos permanentes de transparência, rigor e responsabilidade;
• Reformar a Administração Pública, modernizando-a. Este é um passo fundamental
para transformar a sociedade açoriana. A modernização, o rejuvenescimento e a
formação na Administração Pública serão tarefas prioritárias;
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• Para um grande projeto modernizador é necessária a liderança de um governo
reformista, empenhado na reforma do setor público. A qualidade da organização e
da gestão da administração pública é determinante para a qualidade e eficiência de
todo o sistema económico e social;
• A administração pública deve ser comedida nos gastos e centrada na prestação de
serviços aos cidadãos, de acordo com elevados níveis de qualidade, mas também
com a riqueza produzida, constituindo sempre um fator de eficácia, produtividade e
melhoria da competitividade da economia regional. Por isso, é fundamental: Pagar o
que se deve, não gastar mais do que se tem e estabelecer prioridades. A partir daí, e
também de imediato para as empresas que conseguiram sobreviver de forma sã, algo
que a maioria socialista se viu incapacitada de conseguir, a palavra de ordem deve
ser “criação de emprego sustentável”;
• É necessária, claramente, uma viragem, uma mudança de paradigma e o início de um
novo modelo de desenvolvimento económico. É imprescindível reorientar a
abordagem que tem sido feita da economia regional. As empresas têm de ser o motor
de criação de riqueza e emprego nos Açores;
• Os fundos comunitários e o investimento privado são essenciais ao emprego. Não há
crescimento económico, nem criação de emprego. sem investimento. O aumento do
investimento só ocorrerá se houver um ambiente económico propício e confiança por
parte dos agentes privados;
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• Só um governo que confia nos cidadãos pode atrair o investimento necessário para
a transformação económica que os Açores precisam. O nosso projeto tem como
objetivo essencial dar o protagonismo à sociedade para se libertar e desenvolver o
seu potencial.
• A criação de emprego será a chave para que os cidadãos se sintam donos do seu
próprio futuro e para que a sociedade seja mais justa, porque oferece mais
oportunidades. E temos que dar oportunidades de regresso aos Açores aos cerca de
5.000 açorianos que emigraram nos últimos 10 anos;
• Queremos apoiar a iniciativa, a inovação e o talento, reconhecendo o esforço e o
trabalho bem feito;
• Queremos desenvolver uma política económica que permita às empresas açorianas
competir na economia global do conhecimento;
• Os resultados do turismo devem ser revistos e avaliados anualmente, de forma a se
adaptar o modelo de obrigações de serviço público às novas exigências, melhorando
e generalizando os seus benefícios em todas as nove ilhas do arquipélago;
• Rever o modelo de transporte aéreo inter-ilhas de forma a beneficiar os açorianos
com um serviço público de qualidade e eficaz;
• Melhorar o serviço de transporte de produtos frescos a preços competitivos e com
frequência adequada;
• Avaliar o modelo de transporte marítimo de passageiros de forma a aumentar a sua
eficácia e beneficiar a economia local;
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• Na produção agrícola e nos mercados está a componente transformadora que
determina o valor da produção agrícola, os preços dos produtos agrícolas e a seleção
dos mercados e o posicionamento nos diversos segmentos. A indústria de lacticínios
dos Açores atingiu, na generalidade, um nível de modernização tecnológica
apreciável e investimentos avultados. Nas mais diversas produções pecuárias e
agrícolas, a componente industrial e transformadora deve ser implementada de
forma inovadora e criativa;
• A investigação e desenvolvimento de novos produtos e o marketing orientado para
mercados de excelência exige os mais avultados níveis de investimento e de apoio
público. Esta é a única forma de assegurar o aumento e a redistribuição do
rendimento até aos agricultores.
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Saúde - Na Saúde, mais vale prevenir do que remediar
A Saudaçor, que se prevê extinta dentro de pouco tempo, apenas serviu para cobrir
o subfinanciamento das instituições do Serviço Regional de Saúde, tendo recorrido a
empréstimos bancários, escondidos da dívida pública enquanto foi possível face às regras
do perímetro orçamental. O Serviço Regional de Saúde (SRS) ficou refém dos erros
cometidos no passado e atualmente vive dos avales concedidos e da boa vontade e
principalmente do brio pessoal dos profissionais de saúde.
A sociedade civil, os partidos políticos da oposição e os profissionais de saúde em
particular, têm, ano após ano, alertado para o descalabro do setor, recebendo como resposta
a demagogia e a propaganda. Serve de pouco um hospital, um centro de saúde ou um posto
de saúde com traços arquitetónicos excecionais, mas com salas de diagnóstico vazias de
profissionais de saúde e equipamento. Antes de tudo, é preciso assumir que o SRS precisa
de ser alvo de uma intervenção estrutural e financeira. A assunção do problema deverá ser
o primeiro passo a cumprir.
Para isso, defendemos:
• Criar um plano de intervenção no SRS que defina prioridades. Não podemos tratar
problemas diferentes com soluções semelhantes. As dificuldades sentidas localmente
divergem de ilha para ilha e de concelho para concelho. O plano de intervenção
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deverá incidir sobre esta realidade local e procurando resolver as questões mais
urgentes;
• Distinguir as despesas com o paciente e as despesas sem o paciente. As despesas
com o paciente melhoram significativamente as qualidades do sistema de saúde,
ocorrendo o inverso nas despesas sem o paciente. A prioridade deverá ser dar
prioridade aos investimentos em pessoal hospitalar e em equipamento médico nos
hospitais;
• Descentralizar o SRS. Uma maior descentralização permitirá reduzir
consideravelmente os custos relacionados com a saúde, em especial nos custos
administrativos. Os custos administrativos não podem continuar a representar uma
substancial parte da despesa. Ao economizar nesta parcela, poder-se-ia investir
naquilo que mais interessa no SRS;
• Criar Unidades de Saúde Familiares. Estas unidades constituídas por uma equipa
única de atendimento a determinada família, geralmente compostas por médico
(medicina geral e familiar), enfermeiro (enfermeiro especialista em saúde familiar) e
administrativo;
• Criar um Plano Regional de Saúde com programas que tenham em conta a
prevalência das principais patologias na Região e em que se possam definir
estratégias de prevenção relativamente aos seus fatores de risco, com objetivos
quantificados, definidos cronologicamente, sendo que cada programa terá um
coordenador clínico responsável pela sua gestão;
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• Os serviços convencionados deverão ser alvo de uma revisão que possibilite o seu
alargamento e reforço em todas as ilhas. Neste momento, os serviços públicos,
isolados, não estão a ser capazes de dar uma resposta rápida e adequada aos anseios
dos açorianos. Um alargamento dos serviços convencionados só pode ser visto como
mais uma ferramenta no combate ao flagelo que são as listas de espera para
consultas e exames de diagnóstico, permitindo que todos tenham acesso aos serviços
de saúde necessários sem olhar às condições financeiras de cada um;
• Assegurar aos doentes cujo Tempo Máximo de Resposta Garantido seja ultrapassado,
que os mesmos recebam um Cheque Consulta ou um Cheque Cirurgia
correspondendo ao custo da consulta ou cirurgia, de modo a que o doente,
livremente, possa escolher onde quer ser consultado ou operado no sector privado;
• É necessário eliminar progressivamente a componente burocrática do trabalho de
médicos e enfermeiros. Existe uma série de funções que podem ser desempenhadas
por administrativos e/ou por melhorias dos sistemas informáticos regionais, de modo
a que o tempo de trabalho clínico seja direcionado para o que realmente importa.
Orientar os serviços de saúde primários à prevenção, com consultas de rotina e de
acompanhamento do estado de saúde realizadas pelos especialistas em Medicina
Geral e Familiar, e potenciar todas as horas disponíveis à prestação direta de
cuidados, consulta ou cirúrgica, no caso dos serviços de saúde secundários e
terciários;
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• Fomentar acordos de cooperação com as faculdades de medicina (em especial na
Universidade dos Açores), de modo a aumentar o número de médicos em formação,
com a finalidade de que estes possam, mais tarde, realizar o complemento da sua
formação nos Açores e, assim, poder reforçar o número de médios especialistas na
Região.
• Realizar de uma vez por todas o acordo com o Governo Nacional para permitir o
atendimento dos doentes Açorianos no Serviço Nacional de Saúde, quando não
exista opção nos Açores;
• Rever a forma como os membros dos conselhos de administração dos três hospitais
EPE regionais são nomeados. A sua nomeação deve ser feita pela Assembleia
Legislativa Regional, e não apenas pela tutela. Deverá ser obrigatório que todos os
presidentes dos conselhos de administração tenham formação adequada e exigível
para o setor;
• Instalar um único sistema informático em todos os centros de saúde e hospitais
regionais e permitir a disponibilização de informação clínica (através de plataforma
informática apropriada para o efeito) entre os sectores público e privado. Uma das
maiores dificuldades que existe de articulação entre o nível primário e secundário é
a partilha de informação entre os serviços e os profissionais;
• Criar uma comissão em cada Unidade de Saúde de Ilha que tenha como
responsabilidade unir os cuidados de saúde primários, secundários e terciários,
potenciando um melhor e complementar serviço aos utentes;
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• Reforço dos poderes da Coordenação da Rede Regional de Cuidados Continuados.
Tem de ser possível que, no decorrer de uma inspeção, se possa multar a entidade
pelas falhas detetadas nas instalações. Sem este poder, qualquer inspeção realizada
é, muitas vezes, inconsequente. Retirar apoios públicos às instituições que não
cumpram com padrões mínimos qualidade a definir. A Coordenação da Rede
Regional de Cuidados Continuados deve ter o poder de suspender, ou remover por
completo, apoios públicos a determinada instituição, no caso de violação grosseira e
reiterada de padrões mínimos de qualidade.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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A Educação como veículo de desenvolvimento
A realidade dos números comprova uma triste situação que se arrasta teimosamente
no tempo. São problemas estruturais com décadas, pois continua-se a ver a Educação como
um número e não como um caminho a percorrer.
Se pretendemos um desenvolvimento sustentável para a Região, a Educação deve ser
o motor e a maior aposta dos decisores políticos.
A nossa Autonomia deve ser capaz de alterar o atual estado da Educação na nossa
Região e ter em conta que é o grande fator de desenvolvimento da Região e de combate à
pobreza.
A Educação é o pilar de qualquer sociedade. É um processo contínuo, de formação e
de desenvolvimento, a que todos devem ter acesso, sem qualquer restrição.
Defendemos a descentralização das competências de contratação do pessoal docente
e não docente. Só assim é que as escolas terão a capacidade de fazer uma gestão mais
eficiente e rigorosa dos recursos humanos existentes, estabilizando e adaptando o corpo
docente no contexto do seu projeto educativo.
Os problemas do abandono escolar são verdadeiramente preocupantes. Atualmente a
taxa de abandono escolar precoce na região é de 28%, mais do dobro da média nacional,
que se situa nos 13%.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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O apoio da ação social escolar nos Açores corresponde a cerca de 65% dos alunos
matriculados nas nossas escolas, um número revelador das condições económicas dos
agregados familiares açorianos. É necessária e urgente uma intervenção social séria.
Nessa medida, torna-se necessário envolver assistentes sociais nas escolas de forma a
identificar as lacunas sociais da comunidade estudantil e intervir junto da comunidade e dos
parceiros sociais.
A desburocratização do sistema educativo é também importante para facilitar o
trabalho dos professores. É importante que os docentes estejam focados na essência da sua
profissão, que é ensinar. Por isso, defendemos que a carga burocrática deve ser transferida
para os serviços administrativos das escolas.
É também necessária uma componente mais prática do ensino, envolvendo órgãos
políticos locais e as instituições da sociedade civil, de forma a aproximar o contexto escolar
da realidade local e fomentar a cooperação entre as escolas as organizações locais. Desta
forma, estará a ser formada uma geração mais consciente do interesse coletivo e mais
sensibilizada para a sociedade e a realidade social que a rodeia.
A política educativa na Região anda ao sabor da mudança dos governantes e não ao
sabor de objetivos, baseando-se no corte de fitas em inaugurações e não no adquirir de
conhecimentos. Foram gastos milhões em escolas e os resultados são o que são. Gabamo-
nos das nossas instalações e coramos de vergonha com os resultados dos alunos. Podemos
ter as melhores escolas, mas não podemos ter os piores resultados.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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Ano após ano, o investimento na Educação tem vindo a decrescer e sido
direcionado para o investimento no betão. As políticas deixam de se centrar no aluno e
passam a centrar-se nos resultados eleitorais;
Não podemos continuar a ter turmas de 25 a 30 alunos. Não podemos poupar nos
vencimentos dos professores, aumentando o número de alunos por turma e investir em
toneladas de betão. É de todo impossível para um docente otimizar recursos quando a
sua atenção tem de ser repartida por 25 a 30 alunos, sendo urgente a sua redução em
todos os graus de ensino. Não só permitiria a maximização do tempo de aula como um
aumento do tempo despendido pelo docente à atividade letiva, com maior proximidade
a cada aluno.
Há que rever a complementaridade curricular. É incompreensível que disciplinas
semelhantes sejam tratadas como disciplinas diferentes e sem ligação de conteúdos. Os
currículos escolares por disciplina devem ser revistos de forma a poderem ser
complementares na sua globalidade, exponenciando a relação de conteúdos e o espírito
crítico. Esta revisão em nada altera as diretrizes nacionais, mas sim a sua melhoria.
A presença na escola deve ser compreendida de forma inclusiva e de crescimento
enquanto cidadão e não como uma obrigação, permitindo reduzir as elevadas taxas nos
Açores de abandono escolar. Atividades extracurriculares como as artes e o desporto
devem ser ministradas em cada estabelecimento de ensino, levando à criação de
verdadeiros intercâmbios artísticos e desportivos entre as escolas e as nove ilhas
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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açorianas. A potenciação destes dois campos enriqueceria cada um dos alunos e
professores envolvidos, potenciando cada escola como espaço de crescimento individual
e coletivo, onde cada um dos intervenientes se incluísse, fazendo da escola um espaço
também seu. Estas duas áreas não podem continuadamente a ser vistas como áreas
menores do ensino na Região, mas sim como áreas inclusivas de transmissão de
experiências e de promoção como instrumento preventivo de combate ao absentismo e
sedentarismo, toxicodependências, promoção da qualidade de vida e da cultura
Açoriana.
A Educação deve ser vista como um investimento e uma prioridade na Região. Uma
melhor Educação leva a melhores cidadãos e a uma melhor sociedade, mais crítica e mais
independente;
Sendo vista como um investimento, todos os gastos com a Educação devem ser
dedutíveis em sede de IRS dos agregados familiares.
O complemento do ensino profissional
Se uma melhor Educação nos pode trazer ganhos futuros, um ensino profissional
pode-nos complementar com uma melhor funcionalidade e praticabilidade na sociedade. O
ensino profissional não pode ser visto como o parente pobre do ensino. Deve ser sim o
complemento que falta ao ensino regular.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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O ensino profissional tem sido negligenciado na sua função primordial. Hoje
desconhecemos o impacto do ensino profissional na Região em termos laborais e
económicos. Desconhecemos por completo o impacto económico e social de décadas de
ensino profissional na Região.
Hoje não existem escolas diferenciadas para públicos diferenciados, continuando de
costas voltadas para a sociedade e para o mundo empresarial. As necessidades formativas
continuam a ser desconhecidas ou deficitárias na Região. As entidades empregadoras
desconhecem as realidades das entidades formadoras e vice-versa, continuando a sua
desvalorização a todos os níveis.
• As entidades empregadoras devem estar diretamente ligadas ao processo formativo
e não apenas na formação em contexto de trabalho;
• Cada entidade acolhedora deverá investir os seus conhecimentos junto das entidades
formadoras e as entidades formadoras deverão ir ao encontro das necessidades
formativas do setor empresarial, não só em termos de cursos técnico-profissionais,
mas também na formação e valorização de ativos. A conjugação de esforços deverá
ser regra e não exceção;
• O ensino profissional deve ser visto, à semelhança do ensino regular, como uma
aposta e não com uma questão numérica. Utilizar a formação profissional para
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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camuflar estatísticas aumenta a descredibilização do próprio ensino profissional e dos
profissionais que daí possam emergir;
• A introdução da Educação e Formação Vocacional Dual deve ser uma aposta na
formação profissional, permitindo dar o passo em frente necessário que tarda em ser
dado, mesmo que isso signifique rever todo o processo formativo na Região, onde a
nossa Autonomia política e administrativa assume um papel preponderante. Os locais
de aprendizagem, alternando entre a escola e as empresas, e os processos
pedagógicos combinando teoria e prática, implicarão que os conteúdos
programáticos estejam orientados para uma categoria específica de ocupações,
conduzindo a uma qualificação profissional relevante;
• O ensino vocacional Dual deve referir a integração da teoria e da prática,
pensamento-ação, a aprendizagem sistemática baseada em casos reais, podendo ser
implementado utilizando várias combinações de locais onde decorre a formação
prática, alternado entre a escola e a empresa;
• Direcionar os fundos comunitários para a formação profissional de forma a financiar
a formação de ativos e de acordo com as realidades locais;
• Apoiar as escolas profissionais na formação de ativos para as empresas locais.
A Universidade dos Açores
Falar em Educação nos Açores é também falar da Universidade dos Açores.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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Sendo a tripolaridade uma exigência da nossa condição arquipelágica, esta deve ser
reconhecida pelos decisores políticos como algo a defender e a ser valorizado.
A ciência e a investigação são pilares a ter em conta para a inclusão da Universidade
dos Açores num mundo cada vez mais global.
Aquando da adesão de Portugal à CEE, uma lufada de ar fresco foi dada à ciência.
Foram disponibilizados fundos europeus dedicados à investigação e ao melhoramento das
instalações de investigação. Com estes muitos centros de investigação foram criados e
equipados. Existe financiamento para compra de material, mas não existe para a sua
manutenção. Existe financiamento para o melhoramento de espaços, mas não existe para
contratar pessoal. É precisamente este último ponto que é o mais preocupante e o mais
negligenciado por parte do poder político.
• Os Açores têm recursos naturais, uma posição geoestratégica e locais de estudo
únicos no mundo que podem e merecem ser valorizados;
• A Universidade dos Açores foi criada para ser o expoente máximo do espírito crítico
da sociedade açoriana, um instrumento para a valorização e preenchimento da falta
de quadros superiores na Região;
• O financiamento da Universidade dos Açores deve ser revisto e assumido como uma
marca açoriana de desenvolvimento regional;
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• As áreas do turismo e transportes, agricultura, a exploração dos oceanos e dos seus
vastos recursos e a valorização dos estudos geológicos e vulcanológicos devem ser
o fundamento base da investigação nos Açores. Devem ser financiados recorrendo
aos mecanismos existentes de forma planeada e sustentada, mas sempre com uma
visão aberta, global e de futuro, potenciando a Universidade dos Açores como uma
verdadeira universidade de referência e um dos maiores motivos de orgulho que
possamos ter.
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Sustentabilidade ambiental
A deterioração do ambiente e o aquecimento global passaram a ser admitidos por
todos. O debate deixou de se centrar na preservação do meio ambiente e passou a focar-se
nas estratégias para minimizar o impacto da atividade humana. A questão fundamental
prende-se com os custos e os benefícios de uma política ambiental. A nível político, os riscos
passam sempre pela dualidade ambiente/economia e o receio de uma prejudicar a outra e
vice-versa. Será sempre preferível suportar agora um custo e usufruir dos benefícios
inerentes mais tarde. A nível ambiental, os prazos não podem e não devem ser guiados pelos
calendários eleitorais.
Se é importante agir rapidamente, temos também de refletir sobre os modos de ação
e sobre a forma de intervenção governamental. Será sempre preciso reduzir a produção nos
setores poluentes e encorajar a inovação verde. Nesse sentido, nos Açores, ainda há muito
a fazer.
É urgente potenciar o estado e as características naturais do arquipélago como
imagem de marca dos Açores.
A nossa identidade e forma de viver estão intensamente ligadas à nossa paisagem e
clima. Como tal, devemos reforçar a sua importância na nossa comunidade insular.
Devemos proteger a nossa paisagem e melhorar a nossa qualidade de vida com base
no aprofundamento dessa nossa ligação ao meio que nos rodeia. Em segundo plano vem o
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proveito que podemos tirar das nossas belezas naturais, do seu potencial enquanto atração
para quem nos visita. Efetivamente, um lugar só é bom para se visitar quando é bom para
se viver.
Nos Açores é necessário:
• Reforçar a capacidade técnica e científica existente na Região para auxiliar na
fundamentação e apoiar a decisão em termos de gestão integrada dos recursos
naturais e atividades socioeconómicas. Produz-se (sempre se produziu) muito
conhecimento de qualidade na Região. A maioria dos decisores age sem recorrer a
especialistas nas mais variadas áreas e, neste caso em particular, a área da
sustentabilidade ambiental não é exceção;
• Promover uma melhoria na articulação e interação entre as entidades com
competências nos diferentes domínios ambientais (sectores da investigação,
empresas, ONGA’s e departamentos governamentais), expandindo e reforçando
iniciativas associadas à implementação de novas Cartas Europeias do Turismo
Sustentável;
• Reformular o funcionamento dos centros ambientais da Região, dotando-os de meios
para a prestação de serviços diferenciados que lhes permitam obter sustentabilidade
financeira;
• Melhorar os sistemas de recolha seletiva, em articulação com as infraestruturas de
tratamento, e aumentar a cobertura média na Região de ecocentros e ecopontos,
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sem deixar de apoiar a recolha seletiva de todas as frações, incluindo a dos resíduos
orgânicos;
• Otimizar a utilização e gestão da água disponível e potencial face aos diferentes usos.
Há que reformular a rede de abastecimento, de modo a que o armazenamento seja
uma realidade, que não coloque em causa o abastecimento da rede pública,
incentivando a recuperação e reintrodução de estruturas tradicionais de captação e
utilização de águas pluviais para determinados fins específicos, permitindo
alternativas e soluções a problemas futuros de escassez e diminuição de
disponibilidades de água;
• Apoiar a Administração Local na procura de soluções conducentes ao aumento da
percentagem de população com ligação domiciliária à rede de drenagem e
tratamento de águas residuais;
• Melhorar a promoção da multifuncionalidade da “Estratégia Florestal Regional” que,
no caso da floresta de proteção, necessita de uma maior adequação das políticas ao
nível das suas valências ambientais, sociais e económicas;
• Aumentar a cobertura da rede de monitorização da qualidade do ar nos Açores;
• É urgente reforçar a capacidade elétrica com origem em fontes renováveis nas nove
ilhas açorianas. Os custos económicos e financeiros iniciais seriam diluídos ao longo
dos anos seguintes com a redução da importação de combustíveis fosseis. Neste
ponto, devemos deixar as palavras e passar aos atos.
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Mar e Pescas – Há tanto por descobrir, para fazer crescer os
Açores
Não há dúvidas que o imenso mar que nos rodeia constitui um grande ativo para o
desenvolvimento dos Açores, capaz de gerar riqueza e criar emprego.
A Região, pela sua localização geoestratégica, pela sua extensa Zona Económica
Exclusiva, pela sua experiência e tradição marítima, pelo seu conhecimento científico e
também pelos direitos que estão consagrados na lei, pode e, sobretudo, deve ter um papel
relevante e insubstituível na gestão e na utilização sustentável dos mares que a rodeiam.
Porém, não basta reconhecer a importância do mar em discursos proclamatórios
como faz a atual governação nos Açores. É preciso definir uma política coerente que
consubstancie essa aposta.
A aposta no mar nos Açores tem de estar alicerçada numa política marítima bem
definida, bem estruturada e bem conhecida por todos os agentes económicos ligados ao
mar.
A nossa política marítima deve identificar e estabelecer uma estratégia para
desenvolver os diversos componentes da Economia do Mar, que no caso do mar dos Açores
e numa perspetiva holística inclui, entre outros domínios: ambiente, ordenamento do
território, biodiversidade, transportes, energia, turismo, náutica de recreio, desporto,
mineração, pescas, aquacultura, biotecnologias, tecnologias marinhas, construção e
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reparação naval, fiscalização e segurança no mar, infraestruturas portuárias e serviços
marítimos, ensino e formação.
Esta aposta na economia do mar deve ser alicerçada no conhecimento científico que
temos e que deve ser colocado ao serviço da economia. Mas também no conhecimento
científico que é preciso continuar a desenvolver para que continuemos a ter neste domínio
uma investigação científica de qualidade e reconhecida a nível internacional.
Para que esta aposta no mar seja bem-sucedida é preciso atender ainda a outros
pilares, nomeadamente o investimento privado, a formação e a educação.
A formação e a qualificação de recursos humanos para as atuais e para as novas
profissões do mar são outros desafios. Os Açores podem, neste domínio, transformar-se
numa referência internacional. Esta perspetiva poderá abrir um conjunto de oportunidades
de emprego, sobretudo para os nossos jovens, cuja taxa de desemprego atinge números
verdadeiramente dramáticos.
Finalmente, não podemos esquecer nem menosprezar a necessária reeducação e
sensibilização de toda a população para que acredite nas potencialidades do mar.
Vivemos muitas décadas de costas voltadas para o mar. Torna-se, por isso, necessário
fazer um investimento educativo, especialmente junto dos nossos jovens, nas nossas escolas
e, em primeiro lugar, junto dos que têm de fazer opções formativas que vão condicionar o
seu futuro.
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Esta aposta só terá futuro se os nossos jovens acreditarem e participarem nela.
• O nosso objetivo deve passar por proteger e desenvolver o rico património marítimo
dos Açores, garantindo uma exploração sustentável dos recursos marinhos;
• Garantir a sustentabilidade das espécies, envolvendo a comunidade piscatória com a
investigação científica, em particular com a Universidade dos Açores;
• Reestruturar a fota açoriana, de forma a que os pescadores possam ter condições
mais competitivas para o desempenho da sua profissão;
• Dignificar a profissão através de melhores rendimentos para os pescadores com a
garantia de contratos de trabalho, sem descurar a melhoria das suas qualificações e
aptidões;
• Reivindicar junto da República o aumento e melhoria da fiscalização dos nossos
mares;
• Apoiar os setores marítimos emergentes, como a aquacultura, as algas e microalgas,
de modo a reduzir a nossa dependência da captura de espécies ameaçadas.
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Juventude
O futuro dos Açores constrói-se com a Juventude de hoje.
O PSD/Açores tem que ter como preocupação constante a integração dos jovens
açorianos na construção de uma sociedade açoriana mais culta, mais crítica e capaz de dar
resposta aos desafios que os jovens enfrentam. Seja na escola, no mercado de trabalho, no
desporto ou no lazer.
O nosso Partido tem que ser ousado na apresentação de propostas que vão ao
encontro de uma maior participação nas diversas instituições que fortalecem a sociedade
açoriana. Sejam elas da sociedade civil ou das instituições públicas.
O PSD/Açores não pode ter medo de apostar nos jovens. De dar-lhes
responsabilidade. E exigir-lhes respostas.
Uma juventude passiva é um forte sinal de uma sociedade doente.
A JSD/Açores tem que ser um farol de esperança da juventude açoriana. De uma
juventude que quer ter mão no seu destino.
O Parlamento dos Açores tem que passar a representar também o sentir da juventude
açoriana.
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Emprego Jovem
Mais do que qualquer outro problema que atualmente atinge as gerações mais
jovens, o desemprego é, sem dúvida, um dos casos mais graves.
Os Açores, têm a mais alta taxa de desemprego jovem do país.
Cerca de 30% dos jovens açorianos não têm emprego.
É no crescimento e desenvolvimento da economia dos Açores que temos de
encontrar resposta para este sufoco por que passam os nossos jovens.
Não é continuando com as políticas levadas a cabo pelos governantes que governam
a nossa Região há vinte e dois anos que os jovens açorianos vão parar de emigrar.
Precisamos de acabar com esta atitude assistencialista, que tem trazido os resultados que
todos conhecemos.
Precisamos de uma economia que crie riqueza e, daí, emprego e que aposte:
• No empreendedorismo jovem;
• Na Promoção do empreendedorismo coletivo, de forma a promover projetos
dentro das empresas já estabelecidas. Desta forma estaremos a promover uma
almofada de segurança, profissional e financeira, dentro das próprias
empresas;
• Na fiscalização, de uma forma independente, dos programas de emprego
existentes e avaliar o seu impacto económico na Região;
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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• Na reformulação dos Programas de Estágio. É urgente uma
revisão/reformulação dos programas de estágio no sentido de valorizar mais
os estagiários do que as empresas, pois o principal objetivo dos estágios é
proporcionar uma experiência profissional em real contexto de trabalho;
• Na integração dos jovens nos setores mais atrativos de cada uma das nossas
ilhas;
• No rejuvenescimento da Administração Pública Regional, nos seus diversos
patamares, de modo a dar oportunidade aos nossos jovens para poderem
aplicar os seus conhecimentos, adquiridos ao longo da sua formação;
• Na promoção de uma Região mais coesa e competitiva, valorizando o
potencial de cada uma das nossas ilhas.
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Agricultura sustentável e com valor
A Agricultura ultrapassou a sua responsabilidade enquanto produtora de bens
alimentares saudáveis e seguros, constituindo, cada vez mais, a atividade integradora do
território regional, com responsabilidades na valorização do turismo, do ambiente e na
preservação da marca identitária dos Açores.
Os agricultores e os demais operadores nessa cadeia económica, da produção ao
consumidor, devem, por isso, ser remunerados pelo mercado e pelos apoios públicos na
exata medida das suas responsabilidades transversais à economia e sociedade açoriana.
A dispersão territorial da Região em nove ilhas traduz-se num conjunto de
condicionantes estruturais e logísticas, mas releva o valor que distingue cada ilha como uma
microeconomia específica, mas também um produto de extremo valor.
Uma política agrícola regional, no quadro da política agrícola comum da União
Europeia, é seguramente essencial para assegurar objetivos quantificados, medidas credíveis
e consequentes e uma orientação a subscrever por todos os protagonistas em cada fileira
agrícola, na produção, na transformação e no acesso e valorização nos mercados da
produção agrícola regional.
Assim, defendemos:
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• Uma forte aposta na investigação, na inovação e na diferenciação, quer dos produtos
agrícolas, quer nos mercados que acrescentam valor, é uma inevitabilidade na
estratégia para o crescimento e consolidação da economia rural;
• A sustentabilidade das políticas para o desenvolvimento rural integrado decorre dos
investimentos públicos estruturais e não pode sujeitar-se exclusivamente ao recurso
a apoios conjunturais esporádicos, de curto prazo, de superação da quebra de
rendimento e ao sabor dos acontecimentos circunstanciais;
• A economia agrícola e o desenvolvimento rural integrado e sustentável exigem uma
visão estratégica de longo prazo, de otimização na utilização dos recursos financeiros,
quer da União Europeia, quer do orçamento regional;
• De forma especial, os jovens agricultores devem merecer uma atenção distinta na
participação nas políticas de desenvolvimento rural, com o objetivo da criação de
emprego jovem, quer no âmbito agrícola ou de diversificação das atividades em meio
rural;
• É urgente definir as políticas agro-sócio-económicas em cada ilha, relevando o papel
das organizações socioprofissionais na economia local e o respetivo apoio financeiro
público, através de contratos plurianuais que assegurem o seu funcionamento e
determinem os serviços de carácter público essenciais no apoio técnico-económico
aos agricultores.
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Infraestruturas Rurais Públicas
Os acessos às explorações agrícolas já não constituem infraestruturas exclusivas do
setor agroflorestal. São hoje, em todas as ilhas e concelhos dos Açores, equipamentos
essenciais à economia rural, servindo interesses do turismo e do ambiente.
• A proximidade à economia rural vai proporcionar, no futuro, outros tipos de
investimento pelos agricultores e silvicultores, de diversificação da atividade agrícola
e em atividades não agrícolas;
• Os caminhos agrícolas não podem ficar ao abandono. Essas vias imprescindíveis à
economia rural devem ser dotadas de abastecimento de água e eletrificação,
garantindo assim a qualidade e a competitividade que a economia rural pode
proporcionar.
Produção Agrícola
A produção de leite e lacticínios, que atingiu a qualidade e a dimensão reconhecidas,
exige, face aos desafios atuais, um novo objetivo de reestruturação das explorações e
políticas que contribuam para o seu redimensionamento e redução de custos de produção
e aumento da eficiência económica.
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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A produção de bovinos de carne para acabamento e abate na Região deve garantir um
aumento do seu valor nos mercados e constituir a alternativa em espaços rurais onde a
produção de leite se torne incomportável.
A produção de ovinos e caprinos e outras raças com interesse agro comercial deve ser
implementada exclusivamente atendendo à sua viabilidade económica e de procura em
mercados diferenciados.
A horticultura, a fruticultura, a floricultura e a apicultura são essenciais ao
abastecimento do mercado local e regional, que aparenta uma alteração de comportamento
com o crescimento do turismo, mas apresentam potencial exportador face ao valor,
identidade e marca que necessitam de apoios específicos. A vinha e o vinho constituem uma
fileira interessante na valorização da produção agrícola, do turismo e da paisagem, sendo
um elemento de promoção de uma ilha, de um lugar e dos Açores.
A floresta é um elemento essencial no âmbito do ordenamento e gestão do território,
dos recursos naturais e da paisagem, e tem comprovado o seu valor comercial a longo prazo.
As alterações climáticas e a preservação de recursos hídricos colhem o contributo
determinante da floresta.
Por outro lado, torna-se ainda fundamental uma consciência crítica no setor, ao nível
da sustentabilidade ambiental e do impacto das medidas no meio ambiente. A diminuição
da pegada de carbono e a adoção de boas práticas, amigas do ambiente, são medidas a ter
em conta.
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Reforma Autonómica
Hoje, os Açores não são os mesmos que eram em 1976. Nem podem ser os mesmos
nos próximos 40 anos.
A busca de novos desafios e metas deverá nortear aqueles que se perfilam para liderar
o poder político regional na próxima legislatura.
O Governo dos Açores deve pretender ser mais do que uma solução governativa.
Deve ser capaz de criar condições para debater, estudar, quantificar, inovar e diversificar.
Temos de ser capazes, juntos, governo, partidos da oposição e sociedade civil de
potenciar e concretizar novas ideias e novos conceitos para a Região.
A realidade política açoriana é alicerçada na sua dispersão geográfica e dimensional
que condiciona o seu desenvolvimento e a sua coesão.
Pretendemos uma Região unificada e com objetivos comuns a todas as ilhas e a cada
um dos seus habitantes, por isso propomos:
• Defender a extinção do cargo de Representante da República;
• Defender a coesão territorial através de incentivos fiscais, para promover a fixação de
pessoas nas ilhas que são prejudicadas pela falta de serviços públicos;
• Precaver que as autarquias tenham previsibilidade no orçamento regional;
• Descentralizar nas autarquias competências do Governo Regional, acompanhado
com o respetivo enquadramento financeiro adequado;
ALEXANDRE GAUDÊNCIO
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• Defender a representatividade da comunidade emigrante da diáspora nos órgãos
próprios da região;
• Fomentar a utilização de novas tecnologias para aproximar os eleitores dos eleitos;
• Rever a lei eleitoral de forma a permitir a inclusão de novos modelos de eleição direta,
desde a permissão da eleição de deputados em listas abertas, até à revisão dos
círculos eleitorais;
• Defender e promover a independência técnica dos organismos incumbidos de avaliar
o impacto das políticas públicas implementadas;
• Promover os símbolos autonómicos nas novas gerações.
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Rumo à Vitória
Transformar o PSD/Açores num partido forte e 100% eficaz para fazer oposição e
governar os Açores é a intenção deste projeto, que pretende escutar e valorizar a opinião
dos militantes de todas as ilhas.
O primeiro objetivo será conciliar e revitalizar as estruturas. O segundo será reforçar
a nossa autonomia interna perante o partido a nível nacional. E o terceiro passo será fazer
uma oposição forte à atual liderança do Governo Regional para sairmos vencedores.
Para isso, pretendemos utilizar os princípios fundadores do PSD/Açores para criar
uma oposição forte e devolver a mística da vitória ao partido: um partido açoriano para todo
o arquipélago; um partido para o progresso; e um partido para a democracia.
Mentalizar para vencer é o nosso desafio.
Por querermos melhorar a qualidade de vida na nossa Região, acreditamos que à
frente da liderança do PSD/Açores poderemos ser uma força positiva capaz de levar os
destinos do arquipélago a bom porto.
Seremos uma voz ativa no combate à pobreza e à exclusão social, reivindicaremos
melhores condições de saúde para os açorianos das nove ilhas, defenderemos uma
economia pujante e a iniciativa privada. Melhorar os resultados na Educação será uma
prioridade, reforçar a nossa Autonomia e aprofundá-la uma meta. Ambicionamos um melhor
serviço de transportes aéreos e marítimos e queremos impulsionar o turismo, bem como
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outros setores determinantes para a sociedade açoriana, desde a agricultura às pescas.
Conduzir a Região a uma maior empregabilidade e sustentabilidade será outro dos nossos
desafios.
Devolver os Açores aos Açorianos será o nosso grande objetivo.
Acreditamos que será possível espelhando a matriz social-democrata por todo o
arquipélago, pois fomos, seremos e continuaremos a ser o partido fundador da Autonomia
e que pretende aprofundá-la.
Queremos um partido dos açorianos, pelos açorianos e para os açorianos, no qual a
meritocracia, a exigência e o “Rumo à Vitória” devem ser os nossos pilares. Ter um
PSD/Açores forte é o propósito deste projeto que pretende incluir militantes de todo o
arquipélago e todas as estruturas, desde o PSD, JSD e TSD.
“Rumo à Vitória” é mais do que um lema, é uma determinação.
Viva ao PSD/Açores e à social-democracia.