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© by Graciela Constantino, 2009.
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecada Faculdade de Educação/UNICAMP
Título em inglês : Theopric and practical in Carrier Guidance Keywords : Career guidance; Psychodrama; Dramatic games; Adolescence; Identity; Education; HealthÁrea de concentração : Psicologia educacionalTitulação : Doutora em EducaçãoBanca examinadora : Prof. Dr. Valério José Arantes (Orientador) Profª. Drª. Marinalva Imaculada Cuzin Prof. Dr. Hélio Medrado Profª. Drª. Orly Zucatto Mantovani de Assis Prof. Dr. Sérgio Ferreira do AmaralData da defesa: 13/07/2009Programa de Pós-Graduação : Educaçãoe-mail : [email protected]
Constantino, Graciella.C766t Teoria e prática na Orientação Profissional / Graciela Constantino. – Campinas, SP: [s.n.], 2009.
Orientador : Valério José Arantes. Tese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.
1. Orientação profissional. 2. Psicodrama. 3. Jogos dramáticos. 4. Adolescência. 5. Identidade. 6. Educação. 7. Saúde. I. Arantes, Valério José. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. III. Título.
09-204/BFE
iii
Dedico este estudo ao meu pai (in memorian) e a
minha mãe, pelo compromisso de me conduzirem sem
pouparem esforços no caminho do conhecimento;
como também aos meus sobrinhos adolescentes: Julio
Neto e Isabela, por inspirarem compreensão a respeito
da Geração Zapping.
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela centelha divina que, iniciou a família constituída por Julio (in memorian) e
Maria Regina, sempre incentivando e sugerindo portas para um mundo de oportunidade e
trabalho.
Aos mestres, amigos, colegas, pelo prazer de compartilhar.
Aos professores da banca examinadora por aceitarem contribuir desse Exame de Defesa.
Ao Prof. Dr. Valério, orientador sábio e cauteloso, a quem respeito e admiro pela
competência, dinamismo, humildade e solidariedade, que me proporcionou segurança diante do
percurso teórico pantanoso atravessado, agradeço-te pelos valiosos ensinamentos.
Aos Pró-Reitores, Diretores, Coordenadores, à Chefia de Departamento de Pedagogia, e à
Instituição UNEMAT — como um todo — na atual administração do Prof. Ms. Taisir Mahmudo
Karim.
Aos funcionários da UNEMAT, em especial aos do Campus Universitário “Jane Vanini”,
de Cáceres, Mato Grosso e aos do Departamento de Pedagogia: Andernice, Anderluci, Joilson,
Reginaldo.
Aos alunos da extinta Escola de Aplicação e Valorização Humana “Lázara Faqueiro de
Aquino”, da Faculdade de Educação da UNEMAT, na qual pude aprender costumes cacerenses e
conviver com crianças e adolescentes que me ensinaram a valorizar a vida, nas pequenas
expressões do dia-a dia.
À Nadir Camacho, funcionária da secretaria de Pós-Graduação da Faculdade de Educação
da Unicamp, atenciosamente agradeço-te; e também aos demais colegas daquela repartição
administrativa.
Aos amigos (as) que atentamente ouviram queixas e satisfações desse momento precioso
da vida. Aos colegas de curso, em especial, meus bons amigos do grupo de pesquisa, Mary e José
Dias, que diante das adversidades apoiaram-me e incentivaram-me. Os meus agradecimentos pela
socialização de conhecimentos, sugestões e amizade inesquecível.
vi
Aos amigos e amigas da Faculdade de Educação da Unicamp, parceiros de discussões,
expectativas conhecimentos.
Agradecimento especial aos Coordenadores, Professores e alunos do Ensino Médio,
parceiros na implantação da Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT).
Agradeço também aos brilhantes professores participantes do primeiro Mini-Curso de
Orientação Profissional, implantando o SOP (Serviço de Orientação Profissional) na
Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT).
A todos que contribuíram direta ou indiretamente com essa Tese, uma realização pessoal e
profissional, meus sinceros agradecimentos.
vii
A época moderna encontra-se, sobretudo, sob o signo da liberdade subjetiva. Essa se realiza na sociedade como um espaço, assegurado pelo direito privado, para a persecução dos interesses próprios; no estado como participação fundamental, em igualdade de direitos, na formação da vontade política; na esfera privada como autonomia e auto-realização ética e, finalmente, na esfera pública como processo de formação que se efetua através da apropriação da cultura tornada reflexiva (HABERMAS).
ix
RESUMO
Essa pesquisa legitimou o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT), sendo realizada no Campus Universitário regional “Jane Vanini” do
município de Cáceres-MT, um local conhecido como Pantanal, Brasil. Objetivou colaborar com
as escolhas profissionais de adolescentes, minimizando a desinformação da escola do ensino
médio em relação à temática e, as escolhas errôneas causadoras de evasões nos cursos
universitários. Acrescenta contribuições acadêmicas teóricas e práticas na temática. A
metodologia utilizada foi a qualitativa, a quantitativa e a Sociométrica, utilizando-se de pesquisa
bibliográfica e de campo, com entrevistas dirigidas aos Gestores da Universidade e aos
Cordenadores das dez escolas do ensino médio local, Questionários junto a professores e alunos
e, uma formação teórica e prática destinada aos professores do Ensino Médio. A globalização
produz uma massificação cultural, um descentramento de sujeito, em que as identidades estão
homogeneizando-se de acordo com o consumo ditado pela órbita do mercado. Nesse contexto, o
adolescente está desorientado em suas escolhas profissionais. A educação colabora com a crise de
sentidos ao não atender o paradigma estético. Políticas públicas direcionadas à Orientação
Profissional minimizam a desinformação, a dúvida na escolha de profissão, as evasões, pois ao
auxiliar o centramento do sujeito, contribuí-se para escolhas mais assertivas e para a satisfação
pessoal e profissional, colaborando-se também com as organizações flexíveis, e o bem-estar
social.
Palavras Chave: Orientação Profissional, Psicodrama, Jogos Dramáticos, Adolescência,
Identidade, Educação, Saúde.
xi
ABSTRACT
This research legitimated a Career Guidance Service at University in Mato Grosso state in
Cáceres-MT, regional University headquarter placed in Pantanal, Brazil. Objectived to
collaborate with adolescents choose their careers, and minimizing the information few in high
school relationships a matter, their wrong choices has been evasion in the colleges degreies. The
thesis adds has brought academical theoric-practical contributions related in matter. The
methodology used was a qualitative, a quantitative, and sociometrics analyses. Studies making
use of biographical and in the field research through interviews with chancellors, principals,
coordinator, questionnaires for teachers and students and vocation training for teachers from
public and private high schools. The globalization makes a cultural mass, decentralizing the
subject where identities have been homogenized according to the consumption established by the
market orbit. In this context, adolescents have been confused about future careers, and Education
has not met the aesthetic paradigm. Public politics focused on Career Guidance minimize the few
information, the doubt choose careers, and evasions when helping to center people and so they
contribute to more assertive choices and personal and professional satisfaction of flexible
organizations and social wellness.
Keywords: Career Guidance, Phychodrama, Dramatic games, Adolescence, Identity, Education,
Health.
xiii
LISTA DE SIGLAS
AIOSP – Associação Internacional de Orientação Escolar de São Paulo
IAEVG – Associação Internacional de Educação e Orientação Profissional
CRUB − Conselho dos Reitores das Universidades Brasileiras
DASP − Departamento de Administração do Serviço Público
DCE − Diretório Central dos Estudantes
EMAJ − Escritório Modelo de Assistência Jurídica
FAE – Faculdade de Educação
FAED − Faculdade de Educação
FE − Faculdade de Educação
GEINE – Grupo de Estudos de Educação Inclusiva e Necessidades Educacionais Especiais
IDORT − Instituto de Organização Racional do Trabalho
ISOP − Instituto de Seleção e Orientação Profissional
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
PCN – Parâmetros Curriculares Nacionais
SEDUC − Secretaria de Educação do estado de mato Grosso
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizado Social ou Serviço Nacional de Formação Profissional.
SENAI − Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESC − Serviço Social do Comércio
SOP − Serviço de Orientação Profissional
PEFOPEX – Programa Especial de Formação de Professores em Exercício
PROEC − Pró-Reitoria de Educação e Cultura
PROEG − Pró-Reitoria de Educação e Graduação
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais
UNICAMP – Universidade Estadual de Campinas
UNEMAT – Universidade do Estado de Mato Grosso
MEC – Ministério da Educação e Cultura
xv
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 001 CAPÍTULO 1 − ORIGENS E CONCEITOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ARTICULADOS À TEORIA DO PSICODRAMA ..............................................................................
009
1.1. Psicodrama na Orientação Profissional .................................................................................... 029
CAPÍTULO 2 − IDENTIDADE, DIFERENÇAS E EXCLUSÃO: CONEXÕES COM A EDUCAÇÃO E A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL ..........................................................................
053
CAPÍTULO 3 − DIALOGANDO COM A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL: ENCONTROS NA INTERFACE PSICODRAMÁTICA ....................................................................................................
069
3.1. Formação de Professores em Orientação Profissional ........................................................... 075
3.2. Síntese das Avaliações da Formação de Professores em Orientação Profissional Dirigido ao Ensino Médio da Rede Pública e Privada do Município de Cáceres, MT .........................................................................................................................................................
092
3.3. Análise e Interpretação dos Dados das Avaliações da Formação de Professores em
Orientação Profissional..................................................................................................................
094
CAPÍTULO 4 CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE SOCIOCULTURAL SOB O OLHAR PSICODRAMÁTICO ............................................................................................................................
4.1. Apresentação dos Campis: Cursos de Graduação, Especializações e Pós-Graduações com os Demonstrativos dos Projetos de Pesquisas de Extensão e Cultura e os Cursos Regulares, Dados da Educação Indígena, do Ensino à Distância e Quadro de Vagas do Vestibular - UNEMAT ................................................................................................................................................................
099
109
METODOLOGIA DA PESQUISA ..................................................................................................... 121
1. Caracterização da Pesquisa........................................................................................................ 121
2. Sujeitos da Pesquisa ................................................................................................................. 124
3. Problema.................................................................................................................................... 125
4. Justificativa ............................................................................................................................... 125
5. Objetivos .................................................................................................................................. 126
5.1. Objetivo Geral .................................................................................................................. 126 5.2. Objetivos Específicos ...................................................................................................... 126 6. Procedimentos para Coleta das Respostas ................................................................................ 127 6.1. Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional................ 129 7. Orgãos Administrativos da UNEMAT Participantes da Pesquisa.............................................. 131
8. Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio do Município de Cáceres, MT ......................... 131
9 Amostragem Geral dos Participantes da Pesquisa...................................................................... 132
xvi
10. Amostragem Populacional dos Professores e Alunos das Escolas do Ensino Médio Público e Privado do Município de Cáceres, MT........................................................................................
133
ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DA COLETA DE DADOS ................................................... 135
1. Apresentação da Análise e Interpretação da Coleta de Dados................................................... 135 1.1. Análises Quantitativa dos Dados Pesquisados................................................................... 136 1.2. Gráficos Referentes aos Sujeitos da Pesquisa ................................................................... 137 1.3. Análise Sociométrica ........................................................................................................ 145 1.4. Análise Qualitativa: Categorização das Análises e Interpretações da Coleta de Dados das
Entrevistas e dos Questionários dos Sujeitos da Pesquisa.................................................. 148
1.4.1. Categoria A: Percepções dos Gestores ..................................................................... 149
1.4.2. Categoria B: Necessidades de Intervenções ............................................................ 151
1.4.3. Categoria C: Expectativas de Intervenções. ............................................................. 154
1.5. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Professores das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio .........................................................................
156
1.5.1. Categoria A: Necessidades dos Professores .............................................................. 157 1.5.2 Categoria B: Expectativas dos Professores. .............................................................. 159
1.5.3. Categoria C: Dúvidas dos Alunos na Percepção dos Professores .............................. 161
1.6. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Alunos das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio. .........................................................................
164
1.6.1. Categorias A: Necessidade do Serviço de Orientação Profissional............................. 164
1.6.2. Categorias B: Expectativas dos Adolescentes ........................................................... 167
1.7. Análise e Interpretação dos Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional...............................................................................................................
171
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES .............................................................................................. 175 REFERÊNCIAS IBLIOGRÁFRICAS ................................................................................................ 193 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS ................................................................................................
203
ANEXOS ............................................................................................................................................... 213 ANEXO 1 – Projeto Piloto: A Relevância da Realização do Serviço de Orientação Profissional
Focado nas Escolas Públicas e Privadas ....................................................................................... 214
ANEXO 2 – Entrevistas Dirigidas aos Gestores da UNEMAT .................................................... 238
ANEXO 3 – Entrevistas aos Coordenadores de Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio..............................................................................................................................................
241
ANEXO 4 – Questionário para o Professor do Ensino Médio ..................................................... 245 ANEXO 5 – Questionário para o Aluno do Ensino Médio........................................................... 246 ANEXO 6 – Questionário para o Aluno do Ensino Médio utilizado na Formação de
Professores em Orientação Profissional ....................................................................................... 247
ANEXO 7 – Certificado da Formação de Professores em Orientação Profissional....................... 255
1
INTRODUÇÃO
O homem contemporâneo, colocado diante das múltiplas funções que deve exercer, pressionado por múltiplas exigências, bombardeado por um fluxo ininterrupto de informações contraditórias, em aceleração crescente que quase ultrapassa o ritmo orgânico de sua vida, em vez de se integrar como ser individual e social, sofre um processo de desintegração. Aliena-se de si, de seu trabalho, de suas possibilidades de criar e de realizar em suas vidas conteúdos mais humanos (FAYGA OSTROWER, 2003, p.05).
Há uma desconsideração por parte das políticas públicas quanto à Orientação Profissional.
Tal descaso está comprometendo a competência profissional e, em uma esfera mais ampla, (des)
valorizando ainda mais o trabalhador brasileiro e a sua saúde.
As primeiras indagações nessa área de conhecimento culminando nessa pesquisa
intervencionista possibilitaram a constatação de tais fatos, iniciando-se a partir da escuta junto
aos alunos dos primeiros anos de graduação de diversos cursos universitários, sendo constantes
queixas de escolha errônea de curso, insatisfação pelo curso, ou ainda, desistência, em um
período de quinze anos de docência na UNEMAT (Universidade do Estado de Mato Grosso).
Outros questionamentos aconteceram por ocasião da função de Coordenadora da extinta
Escola de Aplicação e Valorização Humana “Lázara Falqueiro de Aquino” da UNEMAT,
contendo à época dezoito professores, ocorrendo reuniões pedagógicas semanais, possibilitando
socializações de conhecimentos interdisciplinares, diálogos a respeito do comportamento
indisciplinado do adolescente e, uma preocupação quanto ao futuro dos alunos diante da
complexidade do sistema educacional e da sociedade da “era das incertezas”, dentre outras
discussões.
Representou um desafio, desenvolver essa pesquisa, já intervindo na formação de
professores em Mato Grosso, fornecendo conhecimentos teóricos e práticos de Orientação
Profissional, utilizando-se dos Jogos Dramáticos da Teoria do Psicodrama e dirigidos aos
professores do Ensino Médio, preparando-os para serem multiplicadores junto às escolas,
objetivando atender a defasagem dessa temática.
A pesquisa destacou como problema fatos, tais como a desinformação das profissões
existentes no mercado, uma desorientação na escolha da profissão, a inexistência de políticas
públicas educacionais para com a Orientação Profissional e, um disciplinamento e automação
2
histórica na subjetivação da identidade comprometendo a espontaneidade, essencial para a saúde
humana.
Foi uma pesquisa pioneira, exigindo reflexões constantes diante das perplexidades e
indignações, porém o apoio recebido nas orientações e o sentimento prazeroso em finalmente
apresentá-lo, já com a primeira intervenção realizada, com elogios institucionais e dos
participantes, evidencia que foi significativo e proveitoso cada momento desempenhado, cada
indignação, cada satisfação, em prol do bem-estar social.
Nesse sentido, apresenta-se o primeiro Capítulo contendo as origens e os conceitos da
Orientação Profissional articulados à Teoria do Psicodrama, focando as transformações
paradigmáticas: do mecanicista ao sistêmico, pois as novas descobertas das ciências físico-
matemáticas despertaram as ciências humanas para novos conhecimentos e compreensões do
universo.
O caos instalado pela queda das “verdades”, após a década de cinquenta, na segunda
metade do século XX também provocaram transformações nas ciências humanas e sociais,
causando desequilíbrios e novas formas de pensar e agir no mundo. Descreveu-se e
problematizou-se nesse capítulo a Orientação Profissional desde sua episteme, articulando suas
múltiplas dimensões: singular, social, econômica, educacional e cultural.
A Orientação Profissional está remodelando-se, buscando intervenções que possam atingir
e suprir mais prontamente o adolescente a que caminho escolher para o futuro, pois o modelo
cartesiano baseado na psicometria não mais atende o mercado oscilante e flexível, que necessita
de profissionais polivalentes e espontâneos.
A nova organização flexível do trabalho prioriza os conteúdos qualitativos ao invés dos
quantitativos, focando modos de produção, de gerenciamento e relações humanas pela
perspectiva do modelo organizacional toyotista, distantes do tradicional modelo fordista.
O povo brasileiro foi subjetivado desde o Brasil Colônia por princípios éticos balizados
pela educação, moralização e religião, na qual se sabe de dominação e de subserviência, assim
como as relações sociais manipuladas pela tríade Trabalho-Educação-Saúde, de poucas condições
de assistência e o modo de produção gerado pela mão-de-obra escrava.
Somente após a Lei Áurea, com a libertação dos escravos, que o Estado assume a
educação, antes exercida pelos religiosos. Com a República e o advento da industrialização torna-
3
se necessário profissionalizar os trabalhadores e importar o modelo para recrutamento e seleção
de pessoal.
A Psicologia do trabalho foi a modalidade que administrou os conhecimentos da
Orientação Profissional, tendo como instrumentos a psicometria européia e americana, causa de
sua extinção no contexto educacional que não aceitou os princípios elitistas e importados a que
ela se submeteu.
Ao se reformular e se adequar ao novo mundo do trabalho flexível, visibiliza sua inclusão
na educação desde os primeiros anos da escolarização, pois que cumpre o papel de “ajudar” o
jovem na sua orientação profissional, nas decisões de cursos, ocupações geradoras de auto-
sustento, realização pessoal e a formação de identidade profissional competente que está
articulada à qualificação profissional.
A Orientação Profissional enfocava a quantificação, a produção e, não era comprometida
com os conflitos nas relações pessoais dos trabalhadores brasileiros, isto é, mais associada ao
capital do que a saúde do trabalhador. Ela objetivava com sua prática aumentar a eficiência e a
produtividade e nestas circunstâncias pode ter contribuído para prejudicar a criatividade e a saúde
do trabalhador.
Passa por transformações, por reorganizações de suas técnicas e procedimentos, revendo
seus critérios de maturidade para as escolhas profissionais, baseados nas características de
personalidade: a determinação, a responsabilidade, a autonomia, o autoconhecimento,
conhecimento da realidade educativa e sócio-profissional, e também incluindo outros como
solicita o mercado: a flexibilidade, a auto-superação e o complexo espontaneidade/criatividade.
Há aumento significativo de profissões a cada dia no mercado em função das rápidas
transformações globais, confundindo, causando mais dúvida quanto à escolha da profissão. A
teoria da Psicologia pioneira e, “de ponta” que mais atende a necessidade do mercado toyotista de
relações horizontais, as reflexões dos jovens que se desenvolvem e aprendem nas identificações
secundárias grupais é o Psicodrama.
O percurso do genial criador do Psicodrama, Jacob Levy Moreno, lança luzes à
Psiquiatria e à Psicologia com a teoria e representação de papéis, fazendo com que a humanidade
tenha acesso ao universo subjetivo por meio da dramatização dos personagens da cena, visando
alcançar a espontaneidade total.
4
Introduziu terminologia própria em dinâmica de grupo, como psicodrama, sociodrama,
sociometria, desempenho de papéis, tele, átomo social, inversão de papéis, etc. Apropriou-se do
teatro para desenvolver sua teoria e método adaptando-os ao contexto clínico e psicopedagógico,
formando psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os especialistas em relações
humanas em todo o mundo.
O Psicodrama, de embasamento filosófico fenomenológico e existenciais, de concepção
holística, confia no ser humano enquanto ser de interação, de socialização, bem diferente da
concepção do sujeito psicanalítico: frustrado e cindido desde o nascimento por perder o estado de
completude, de unicidade com a mãe, o seu universo. Sendo o sujeito psicodramático cósmico e
relacional e, a Socionomia, de interesse das Ciências Sociais e Humanas é a base da Psicoterapia
de grupo.
As suas pesquisas, como “As grandes sínteses”, inovam e inscrevem na Psiquiatria e na
Psicologia uma nova era de intervenção em saúde mental, desconstruindo antigas e limitadas
compreensões de sujeito e de mundo que restringem o psiquismo em seu tempo, espaço,
realidade e cosmos.
Moreno apresentou para a humanidade uma concepção ética e existencial de valorização
das dimensões humanas, da conscientização, de possibilidade da liberdade para escolhas
cotidianas mais responsáveis e também relações humanas mais autênticas, sinceras, espontâneas e
saudáveis.
Ao articular os quatro elementos universais que tangenciam as ciências possibilitou novas
compreensões e intervenções na Psiquiatria, Psicologia e Psicopedagogia, pois apresentou sua
Teoria imersa em paradigmas transformadores como o sistêmico e inter-relacional de Frijof
Capra, o da complexidade Edgar Morin e, interativos de Jean Piaget.
Os Jogos Dramáticos possibilitam o rebaixamento da ansiedade, do clima de tensão,
proporcionando campo relaxado, contexto mais tranquilo e alegre tanto ao jovem adolescente
para a promoção do autoconhecimento e (re) orientação na escolha da profissão, como ao
trabalhador ao qual já se exige flexibilidade e polivalência, colaborando para o bem-estar do
mundo do trabalho atual toyotista que requer profissional centrado e espontâneo, não perturbado
pelas neuroses e descomprometido com a realidade social.
5
A ação dramática presente nos Jogos do Psicodrama objetiva promover o “encontro” e a
emergência do complexo espontâneo-criativo do jovem, harmonizando e auxiliando a
reorganização interna, colabora-se com uma formação moral mais ética de Habermas.
A realidade conhecida como globalizada em que possibilita o acesso do jovem às outras
culturas sem sair de casa, utilizando-se da Internet, mas que por outro lado está produzindo
personalidades padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, independente do contexto
geográfico, nacional, cultural e local.
Há um mercado global apresentado como capaz de homogeneizar o planeta, (des)
norteado pelas políticas internacionais, desvalorizando as culturas locais, na qual os padrões de
consumo são produzidos pela mídia que atende aos desejos financeiros do mercado dominante,
que estimula o culto desenfreado ao consumo como se o mundo mais belo e estético fosse a
padronização, a massificação das identidades ditada pela mídia, e não as relações humanas
horizontais, isto é, transparentes e sinceras, também roubando a poesia, a arte, a estética e
distanciando o sujeito da essência humana criadora.
Os adolescentes buscam autoconhecimento, auto-apoio, esclarecimento de suas dúvidas,
sendo necessário o grupo rumo à identidade, para a transição ao mundo externo, pois a conduta
do adolescente está balizada pela “normal anormalidade” em que os processos de mecanismos de
projeção, introjeção e dissociações são intensas.
Vivenciam uma personalidade permeável, mutante, com freqüentes mudanças de humor
acompanhadas de depressão e luto. A experiência grupal baliza a identidade adulta e, com os
novos valores, hábitos, costumes e identificações, se auto-define, aprende a desempenhar novos
papéis sociais e profissionais.
No segundo capítulo foram relacionadas as temáticas da identidade, da diferença e da
exclusão, se destacando as conexões com a educação, pois, contribui para a formação de
identidades mais espontânea e criativa, nessa perspectiva, significa o olhar inclusivo e de respeito
às diferenças individuais, sociais e culturais; além de significar a valorização de habilidades
construídas sócio-historicamente.
Incluindo a Orientação Profissional como eixo transversal em seu currículo, colabora-se
para que haja profissionais mais satisfeitos no mercado de trabalho e mais bem-sucedidos, com
mais competência profissional.
6
Por essa razão, a Orientação Profissional se reformula, adaptando-se ao cidadão do novo
milênio, considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de
desintegração da percepção de si e do outro, há uma “crise de sentidos” por um lado e por outro
uma geração Zapping, descentrada, com afeto deslocado para os instrumentos da mídia: vídeos-
game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4, Ipods, celulares e outros.
Ao atender as dimensões cognitivas e afetivas, o Serviço de Orientação Profissional
(SOP) contribui para a busca de sentidos que remete à necessidade de realização, pois intervém
nas necessidades de estimulação, de motivação e de valorização humana. Se a perspectiva
educacional é formar cidadãos autônomos e “lançando luzes” ao paradigma estético, o resgate da
espontaneidade lhe é parceiro.
Oferecer possibilidade para despertar a potencialidade criativa citada por Guatarri e o
acesso aos valores do paradigma estético, potencializar a percepção do novo, desequilibrando as
conservas culturais, se combate o medo que imobiliza o desejo e, colabora-se com a
espontaneidade, contribuindo para com o processo de vir-a-ser, cujos valores são o Bem, o Belo e
o Verdadeiro, sendo capaz de reinventá-lo, transformá-lo.
A Educação ao utilizar o Psicodrama seja como recurso pedagógico ou psicopedagógico
contribui para um prazeroso, autêntico ato pedagógico, para relações humanas horizontais,
combatendo a “trincheira” que se tornou a prática da docência.
No terceiro capítulo apresenta um diálogo entre a Orientação Profissional e o Psicodrama,
composto por doze Encontros de Profissionais da Educação, no formato de uma formação de
professoras na Orientação Profissional, registrada por fotografias e contendo as sínteses das
avaliações dos professores participantes.
A metodologia dessa pesquisa se fundamenta na pesquisa qualitativa, quantitativa a partir
de elaboração de tabelas e de gráficos, e metodologia psicodramática a partir de sociogramas,
também embasada na fenomenologia. Contou com os instrumentos da Entrevista, sendo dirigida
aos Gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso e aos Coordenadores das Escolas
Públicas e Privadas de Ensino Médio e com o Questionário efetuado junto aos professores e
alunos dessas escolas.
Objetivando implantar o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de
Mato Grosso (UNEMAT), foi realizada pesquisa bibliográfica de diversos referenciais teóricos,
como também de campo, possibilitando a identificação, as análises e interpretações das
7
informações, das necessidades, das expectativas e sonhos e, a insuficiente intervenção nessa área
do conhecimento.
Compreendeu-se a partir das análises e interpretações dos dados das entrevistas dirigidas
aos Gestores da Universidade que, a ausência de políticas públicas educacionais em Orientação
Profissional está inviabilizando escolhas profissionais mais assertivas, ao mesmo tempo gerando
evasões dos cursos universitários, comprometendo o quadro de vagas da universidade.
Através dos questionários dirigidos aos alunos se percebeu uma desinformação de
profissões, dúvidas nas escolhas, gerando insegurança em relação às expectativas e sonhos para o
futuro, conseqüente da percepção da instabilidade do mundo do trabalho dos pais, deixando a
escolha profissional para o final do Ensino Médio.
Atendendo as necessidades codificadas na categorização dos dados de acordo com
“núcleos de sentido” de Bardin e mensuração deles por meio de tabelas e gráficos, foi realizado a
primeira formação em Orientação Profissional junto aos professores do Ensino Médio e, as
análises e interpretações da coleta de dados, obtidas nas avaliações demonstram o sucesso da
implantação do Serviço de Orientação Profissional (SOP) e a expectativa da continuidade desse
trabalho, que será realizado a partir de um Projeto de Extensão da Universidade do Estado de
Mato Grosso, correspondendo à solicitação dos sujeitos da pesquisa.
Na análise e interpretação dos dados coletados, foi constatada a necessidade do Serviço de
Orientação Profissional e ao implantá-lo na Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), cumpriram-se os objetivos dessa pesquisa, fornecendo uma formação de
conhecimentos teóricos e práticos aos primeiros participantes da rede Pública e Privada do
Ensino Médio.
A implantação desse projeto busca contribuir para a minimização da evasão dos cursos
universitários, com o conhecimento das profissões existentes no mercado, escolhas mais
assertivas e profissionais mais satisfeitos pessoal e profissionalmente, podendo essa escolha
representar oportunidade única para se cursar o Ensino Superior numa universidade pública e
poder contribuindo para com o bem estar e o desenvolvimento social e econômico de sua
localidade.
Entretanto, vale ressaltar que a crença no Serviço de Orientação Profissional (SOP) para o
Estado, intervindo junto aos professores do Ensino Médio, não significa solucionar todos os
outros conflitos apresentados, mas ao esclarecê-los e promover meios para minimizá-los, se
8
espera colaborar para a formação de melhores cidadãos cósmicos, de hoje e dos próximos
milênios.
9
CAPÍTULO 1
ORIGENS E CONCEITOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
ARTICULADOS À TEORIA DO PSICODRAMA
O homem é algo mais que um ente psicológico, biológico, social, e cultural: é um ente cósmico. Porque o bem é co-responsável por todo o universo, por todas as formas de ser e por todos os valores, ou sua responsabilidade não significa absolutamente nada... Além da “vontade de viver” de Shopenhauer, da “vontade de domínio” de Nietzsche e da “vontade de valer” de Weininger, proponho a “vontade do supremo valer”. A partir daí, apresento a hipótese de que o cosmos em devir seja a primeira e última existência e o valor supremo (MORENO, 1978, apud Martín 1972, p.18).
A complexidade e a perda de certeza devido à crise estrutural instalada diversas realidades
contemporânea-econômica, social, política e moral, evidenciando o caos, remete à indagações a
respeito da existência e ao desenvolvimento do pensamento, tornando-o relativo, paradoxal, e
refletir a Orientação Profissional pela ótica da era da incerteza, do caos, desmascarando
“verdades” construídas historicamente, torna-se um desafio.
Já que, atualmente a Orientação Profissional objetiva remodelar-se, reconstruir-se no
terreno pantanoso que ela edificou-se, gerando profunda mudança de percepção quanto ao seu
papel na sociedade e contribuindo para o pensamento do jovem hoje se adaptar a um mercado de
trabalho instável e às mudanças paradigmáticas dessa era de incertezas, dentre eles, o paradigma
técnico-organizacional.
Situando na história as mudanças paradigmáticas dos dias atuais, por exemplo: o
paradigma técnico-organizacional, que refletem diretamente na Psicologia e na Orientação
Profissional, anteriores à segunda metade do século XX, em que físicos como Werner
Heisenberg, Albert Einstein, e Neils Borh, pesquisadores da estrutura dos átomos, da natureza
dos fenômenos subatômicos e da expansão do universo, colocaram o mundo em contato com a
nova realidade e visão de mundo.
Um universo concebido a partir do paradigma sistêmico, não mais estático, mas dinâmico,
complexo, interdependente:
(...) o mundo material que então observavam já não se assemelhava a uma máquina, construída de uma multidão de objetos distintos; surgia - lhes em vez disto, como um todo indivisível, uma rede de relações que incluía o observador humano de modo essencial (CAPRA, 2005, p. 13).
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A ciência clássica concebia o universo de forma linear, estável e determinado, hoje e, a
partir dos novos instrumentos, sabe-se que há instabilidades e flutuações, bifurcações e, em
ciências humanas e sociais há desterritorializações reinando a idéia de assimetria, de desconexão,
de descentramento e de transformação nesse período de transição, permitindo que “a ciência nos
dê do futuro uma imagem menos mutilante do que o desenvolvimento automático das leis
deterministas clássicas” (PRIGOGINE, 1993, p.44).
As transformações e inovações, advindas de novas descobertas, bem como dos avanços na
microeletrônica, desencadearam uma reestruturação em todas as atividades industriais e de
serviços, assim como nas estruturas das organizações e no próprio comportamento das pessoas,
para que se adaptassem ao uso de computadores e de novos instrumentos de comunicação nas
indústrias, possibilitando uma série de inovações e transformações nas organizações e na gestão.
Nesse platô, direcionando-o às ciências humanas, focando a Psicologia e, por fim, a
Orientação Profissional, há inquietação quanto à formação do cidadão do futuro, não mais
desconectado do mundo do trabalho. Assim, se pensa a Orientação Profissional como eixo
educativo, em que se aplicada desde o início da escolarização promoverá escolhas profissionais
mais bem adaptadas à cultura do jovem aluno.
A nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos tradicionais e
o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tornando utópico articulá-lo à Orientação
Profissional, se não dimensioná-lo às multiplicidades de referências teóricas, concebendo a
segunda como salutar na conectividade triádica: Trabalho-Educação-Saúde.
As transformações no modelo organizacional geradas pela revolução tecnológica e
consequentes adaptações ao mundo da microeletrônica, geraram mudanças estruturais, em que
opõe a centralização à descentralização, a alta hierarquização inerente às organizações
burocráticas a horizontalização das estruturas organizacionais, a organização das tarefas por
especialidade à organização flexível e multifuncional, e uma estrutura totalmente voltada ao
produto, agora orientada ao mercado-cliente.
Diante do novo modelo de mercado, novas adaptações são constantes e também a
Psicologia que administra os conhecimentos da Orientação Profissional, legitimando um modelo
elitista de atingir a sociedade, revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem diante das
transformações globais e do aumento do número de profissões no mercado.
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Também a Orientação Profissional busca novas saídas para atender a esse novo mercado
de multiprofissões e dúvidas em suas escolhas. Contudo, anteriormente a essa problematização,
será descrito o contexto histórico do surgimento da Psicologia no Brasil e, consequentemente, da
Orientação Profissional.
A histórica da Psicologia no Brasil inicialmente restringiu-se à observação do pensamento
e do comportamento, na época do Brasil Colônia, aparecendo “nas obras literárias dos religiosos
dos séculos XVII e XVIII, associando pensamentos psicológicos à educação, à moral, e à
religião” (MOTTA, 2005, p. 61).
O interesse e a reflexão da evolução do pensamento e do comportamento revelam-se em
obras de outros campos do conhecimento: a teologia, a pedagogia, a medicina, a política e a
arquitetura, daquele período. No Brasil Colônia, a formação da cognição e a cristalização dos
comportamentos foram inscritas a partir da educação, da moralização e da religião, exercendo
mecanismos de controle e de poder na cultura, remetendo à cognição e ao comportamento um
disciplinamento, um ordenamento histórico:
Os mecanismos disciplinares são, portanto, antigos, mas existiam em estado isolado, fragmentado, até os séculos XVII e XVIII, quando o poder disciplinar foi aperfeiçoado como uma nova técnica de gestão dos homens. Fala-se freqüentemente em invenções técnicas do século XVII; as tecnologias químicas, metalúrgicas, etc. Mas, erroneamente nada se diz da invenção técnica dessa nova maneira de gerir os homens, controlar suas multiplicidades, utilizá-las ao máximo e majorar o efeito útil de seu trabalho e sua atividade, graças a um sistema de poder suscetível de controlá-los (FOUCAULT, 1993, p.105).
À época, o disciplinamento e conseqüente alienação à realidade decorrente dele, eram
exercidos pelas intervenções ideológicas do Estado, da Igreja e da medicina, que se associaram e
subjetivaram a cognição e o comportamento para a ordem e a obediência civil acreditando na
salvação eterna, instaurando os mecanismos de controle e de poder, que resultam na automação e
subserviência do povo brasileiro desde a sua colonização.
Vale recordar, porém, que foi o fracasso da tentativa de aculturar o índio como
trabalhador que incentivou os colonizadores civis e religiosos a adotarem no século XVIII o
escravagismo e a demografia nacional. Desde 1500, calcula-se que houve extermínio de cerca de
dois milhões dos povos indígenas. Ainda sobre os povos indígenas, na legislação portuguesa a
questão era muito contraditória, pois ora os índios eram considerados e aceitos como súditos do
rei, ora desconsiderados e estigmatizados como bárbaros:
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Quando convinha considerá-los como súditos, exigia-se deles uma obediência cega às leis de Portugal, codificadas em longas ordenações escritas, impossíveis, portanto, serem compreendidas pelos índios, que não dominavam a leitura e a escrita. Por outro lado, quando se desejava considerá-los como bárbaros e incivilizados. Todas as ações violentas eram aceitas para capturá-los e, segundo a visão dos colonizadores, necessárias para arrancá-los do estágio de barbárie, alcançando-os ao da civilização. Assim, de uma forma como de outra, a violência sobre o índio era aceita e plenamente justificada pelos colonizadores (SIQUEIRA, 2002, p.63).
A educação, tanto para a população indígena quanto para os brasileiros miscigenados, era
tarefa dos religiosos. Com a reforma de 1890, o Estado passa a exercer a função educadora, pois
o desejo desenvolvimentista objetivava a industrialização do país equiparando-os aos grandes
países europeus e a educação passa a ter como meta profissionalizar o brasileiro, com vistas à
modernidade capitalista.
Nessa transição do Brasil colônia e o desenvolvimento da economia do modelo fordista, o
crescimento nos moldes da modernidade precisava trocar a mão-de-obra escrava pelo trabalhador
livre, mas obediente. Para tanto, era preciso educá-los nos parâmetros instituídos pelo projeto do
Estado que detinha o triângulo do poder:
Esse triângulo de poder aparece num mesmo movimento de obediência política; Estado, Igreja e medicina associam-se na busca de saberes e poderes para o controle dos aspectos da vida humana, e por isto cada vértice é complementar. Aos médicos, a salvação do corpo; aos sacerdotes, a salvação da alma; e ao estado, o controle da força de trabalho. (MOTTA, 2005, p.63)
Somente no final do Brasil Império, com os interesses dos trabalhadores, dominantes da
vida política, social e intelectual com seus interesses voltados à modernização, passaram a
postular a extinção do regime de trabalho escravo, de três séculos de exploração e à Lei Áurea na
data de 13 de maio de 1888, junto à liberdade dos cidadãos africanos dela decorrente, que não
significaram a igualdade.
A República marcou novo período na História: a industrialização e, com ela, a influência
européia e americana nos modelos desenvolvimentistas agro-industriais e tecnológicos. A
Revolução Industrial teve como símbolo a máquina a vapor, devido à introdução de máquinas nas
indústrias, inventada em 1769, pelo escocês James Watt (1736-1819).
Sob o prisma do trabalho, esse período promoveu transformações paradigmáticas técnico-
organizacionais, pois por meio das máquinas se faz possível transformação da natureza. Um dos
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marcos deste período foi Henri Ford que em 1913, segundo Lisboa “introduz em sua fábrica Ford
Motor Company, em Detroit, um modelo de produção e de gestão baseado em um sistema de
inovações técnicas e organizacionais, tendo como objetivos a produção e o consumo em massa,
mais conhecida como produção em série” (LISBOA, 2002, p. 35).
Nas primeiras décadas do século XX no Brasil havia mão-de-obra e mercado
relativamente concentrado, matéria-prima disponível e em conta, capacidade geradora de energia
e sistema de transportes ligados aos portos.
O desequilíbrio setorial do café gerou mais condições à industrialização e à Orientação
Profissional, trilhando o paradigma determinista vigente à época, visava à produção, à automação
do trabalhador em prol do capital, distanciando ainda mais o homem de sua natureza criativa e o
efetivando como homem-máquina.
Os Estados Unidos da América lideravam o movimento de mecanização, de padronização,
e logo a psicotécnica de berço nesse país, chegam ao mundo industrializado, inclusive ao Brasil,
“com a força de verdade salvadora” (MOTTA, 2005, p.77), sendo criados institutos para o
desenvolvimento pesquisas na área, o Instituto Internacional de Organização Científica do
Trabalho de Genebra e a criação do primeiro Instituto de Organização Racional do Trabalho, o
IDORT.
A concentração demográfica e a urbanização intensificam no sudeste, e com o
crescimento urbano e industrial, os conflitos entre capital e produção e as intervenções dos
anarquistas, reivindicando melhores salários e direitos, conduzem crises nas relações humanas
das indústrias.
O trabalho tem por significado epistêmico a palavra grega tripalium, que se refere ao
antigo instrumento de três pontas usado para tortura, reportando à metáfora de representação
demoníaca de um garfo de três pontas.
Articulando esse instrumento às representações que ele reporta ao nível subjetivo, pode-se
observar que a exploração e a tortura do trabalhador, cruelmente ao desvalorizar o significado
humano das ações exercidas, já que o sujeito é desconsiderado, ou tem menos valia do que a
produção utilitária, como se a vida plenamente equilibrada desde os parâmetros Freudianos não
se depende do “binômio Amor e Trabalho”.
A satisfação no trabalho é base da felicidade e da realização humana, na medida em que o
homem sublimou a libido, a energia vital, instintivamente direcionada da sexualidade às
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atividades socialmente aceitas, e filogeneticamente direcionou a agressividade por meio de
renúncias sucessivas ao instinto, gerando frustrações ao ego, entretanto, impulsionando-o para o
trabalho “civilizado”.
Nesse sentido, “o homem civilizado trocou uma parcela de suas possibilidades de
felicidade por uma parcela de segurança” (FREUD, 1996, p.119), considerando felicidade como
bem-estar ou alegria de viver, satisfação pela vida, um equilíbrio entre Eros (Deus grego
representante do amor) regente do instinto de vida, do prazer e Tanathos (Deus grego
representante das trevas, da destruição) operante no instinto de morte, na destruição de si e do
outro, para que ocorra o desenvolvimento da civilização.
Já que Eros e Ananke (Deusa da Necessidade) tornaram-se os pais, os guias da civilização
humana e a satisfação pessoal e profissional, uma garantia de equilíbrio psicológico ao ser
humano, considerando como homem normal àquele que não perturbado por neuroses, psicoses ou
perversões.
Compreende-se a relevância do equilíbrio no relacionamento homem-trabalho, ocorrendo
em meio aos desequilíbrios gerados pelas experiências e adversidades. No final de sua obra,
perguntaram a Freud qual seria a definição para um adulto normal e ele, no estilo singular e
pragmático de final de vida, respondeu: “o homem normal é aquele capaz de tendo como
tradução: ‘amar e trabalhar’” (FIORI, 1981, p.45), originalmente do alemão: “‘lieben und
arbeiten’” Amar no sentido de compartilhar, de dedicação mútua. Trabalhar no sentido de ser útil,
produtivo, transitando com satisfação entre os mundos expressivo e instrumental.
Implicando em maturidade, o cenário da relação entre a vida familiar e a profissional, no
sentido de tornar consciente o que sufoca o inconsciente, com sintomas de conflitos, angústias,
ansiedades e depressões que atrapalham tanto a vida do trabalhador, a produtividade, como a vida
dos seus dependentes.
No platô antropológico, o trabalho foi uma invenção divina que serviu de castigo aos
pecadores expulsos do paraíso, remetendo ao contexto bíblico o caos gerado pela hierarquização
do trabalho. Percebe-se que desde a antiguidade, o trabalho apresenta aspectos distintos nos
diversos segmentos da sociedade, segregando o prestígio social e o menor e maior trabalho
causando perplexidade:
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Durante toda a história da humanidade, o trabalho escravo revelou o lado perverso da maldição bíblica. A distribuição desigual de poder entre os homens, com base no trabalho forçado, estabeleceu a categoria de senhores e escravos. Não é de se estranhar, portanto, a quantidade de queixas ligadas às diversas conotações negativas do trabalho: obrigação penosa dever pesado, punição descabida, desprazer inevitável, imposição fatídica, ou seja, fatalidade inexorável para a grande maioria dos homens. Poucos privilegiados escapam a esse cruel destino (MOSCOVICI, 2001, p.129).
O trabalho promove movimento, energia, desequilíbrios, sendo-o necessário para a saúde.
No entanto, quando não há satisfação em exercê-lo, a saúde do trabalhador fica comprometida,
pois a satisfação é fundamental para a saúde empresarial que nesses tempos de globalização
requer: qualidade, produtividade e competitividade, nas quais os profissionais da Psicologia,
principalmente os psicodramatistas, auxiliam as organizações nessa finalidade.
Ideologicamente, a Psicologia do Trabalho atendia a outros paradigmas distantes dos da
solidariedade, integrativo e inclusivo, pois, ao surgir no início do século XX em um contexto de
racionalidade, atendia a princípios éticos distantes dos parâmetros sociais inclusivos de
linearidade do tempo e do espaço, servindo apenas aos critérios da produção, próximos de
princípios (des) humanos do escravagismo.
O ordenamento e o trabalho alienado representado pelos tempos da industrialização, do
fordismo, da modernidade, não foi conivente com os principais aportes das ciências humanas,
atualmente baseadas em premissas éticas de respeito à vida, e sim, em aportes da Psicologia
Científica, primando à eficiência e engajada em encontrar soluções que possam ser recomendadas
aos governantes, gerando lucrabilidade que, do ponto de vista das relações humanas, prevaleceu
às relações verticais.
As verticalidades são espaços de fluxo ou espaços econômicos nos quais acontecem as
relações humanas “portadoras de uma ordem implacável, cuja convocação incessante a segui-la
representa um convite ao estranhamento. Observa-se que, quanto mais “modernizados e
penetrados por essa lógica, mais os espaços respectivos tornam-se alienados” (SANTOS, 2006,
p.108) causando relações humanas pouco participativas e de submissão à hierarquia do poder.
A Psicologia do Trabalho ditada por princípios de ciência comportamentalista objetivava
a produtividade, a quantificação, explicando a compreensão da relação trabalho e capital pela
produtividade, e bem distante da sua importância para a formação e de compreensão empática do
que acontece nas relações de interações humanas para melhor dinâmica e evolução
organizacional.
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A nova ciência dedica-se ao saber-fazer do trabalhador seguindo “os passos de análise,
desconstrução, reconstrução, síntese em outros parâmetros de avaliações e de resultados. A nova
síntese fica justificada pela produtividade aumentada do trabalhador, que garante o homem certo
para o lugar certo”(MOTTA, 2005, p. 156). Como se não fosse possível adquirir novas
habilidades, ou mesmo transformar, ou aprimorar outras.
Em um formato excludente aos de menos oportunidades e opções para entrar em um
mercado de trabalho qualificado e para atender à demanda da industrialização emergente da
década de trinta no Brasil, foi o IDORT, na capital de São Paulo, esse órgão inicialmente
responsável pela formação de técnicos aplicadores de psicotécnicos que, mais tarde, selecionaria
o trabalhador mais necessitado e adaptado às demandas empresariais.
Com essa ideologia potencializa-se no ser humano o sentimento de desvalia e de
incapacidade de desenvolver-se e superar-se, perpetuando a escravidão histórica em uma
realidade que “persiste através dos tempos desde sua forma original, direta e clara na antiguidade,
até as formas indiretas e sofisticadas dos nossos dias” (MOSCOVICI, 2001, p.130), conforme foi
submetido o menos privilegiado sócio-culturalmente.
Foi no Estado Novo que o presidente Getúlio Vargas, instaurando um período de ditadura,
fechando o Congresso Nacional e impondo ao país uma nova constituição, conhecida por
“polaca”, inspirada pela Polônia e de tendência fascista, substitui o IDORT por órgãos
governamentais, como o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
Em 1938, o Serviço de Seleção Profissional da Estrada de Ferro Central do Brasil e, em
1939, do Laboratório de Politécnica do Senai e, em 1942, “pode-se dizer que o florescimento da
aplicação da Psicologia Organizacional no Brasil, na década de trinta, esteve, em sua maior parte
vinculada ao IDORT” (ZANELLI, 2002, p.29).
Em 1947, o Instituto de Seleção e Orientação Profissional (ISOP) tornou-se o mais
importante centro de Psicologia Aplicada ao trabalho no país. Tais eventos tiveram participação
direta para a profissionalização do psicólogo no Brasil e, após a regulamentação da profissão,
essas atividades foram encampadas pela Psicometria.
A seleção psicométrica do trabalhador foi construída com base em critérios de eficiência,
bem distante da concepção da necessidade de valorização do ser humano, conforme o objetivo
central das relações humanas, gerando a idéia de que se gera mais lucro com menos custos, e toda
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a panacéia da psicometria fica a critério da produção, da quantificação, adestrando e robotizando
o homem e o distanciando da espontaneidade e conseqüentemente da saúde:
Todo trabalho é competição, é velocidade, é acompanhar a máquina, é repetir sem erros para lucrar mais com menos custos. É em primeiro lugar lucro. Por conseguinte é a ciência a serviço do ideário liberal. Para tanto a preocupação com a saúde fica prioritariamente voltada para a sua produtividade, porque como revelou o exemplo analisado, o trabalhador deve formar uma unidade indissolúvel com a máquina (MOTTA, 2005, p. 156).
As primeiras intervenções não se tratavam dos interesses dos trabalhadores, das
necessidades de espaço para a escolha de seu estilo de vida como protagonista de sua história,
adaptando o trabalho às suas habilidades, criando-se uma distância entre a realização pessoal e a
profissional, dicotomizando a relação trabalho-saúde.
Hoje se sabe que é preciso trabalhar, é preciso amar, desenvolver habilidades de dar e
receber afeto, competência profissional e emocional para viver bem, desenvolver habilidades para
executar bem as tarefas, buscando equilíbrio e realização intrapessoal, interpessoal, fazendo da
relação homem-trabalho um elemento inovador criativo..
Felizmente, nos dias atuais, a Psicologia Fenomenológica reconstrói a idéia conservada e
deixada pela Psicologia Comportamentista de que “trabalho é vida”, reingressando a percepção
no movimento de vir-a-ser humano e, portanto, de devir espontâneo, desde que o aqui-agora lhe
seja o contexto que promova liberdade de reinvenção, de possibilidades de novas maneiras de
significar e de “andar” na vida.
Nessa perspectiva, o trabalho passa a ser visto como vivo “porque vivo está o trabalhador
capaz de resistências, lutas, construções e desconstruções, mesmo nos momentos de repressão”
(IDEM, 2005, p.228). No toyotismo, do ponto de vista da relação homem-trabalho, o capital
explora a dimensão cognitiva da classe trabalhadora para que a empresa possa ser mais
competitiva no mercado.
Somente a partir das três últimas décadas do século XX, o acelerado desenvolvimento da
microeletrônica, os avanços das telecomunicações, o incremento da automação possibilitou
mudança radical na operacionalização da produção, não mais baseado no fordismo.
O modelo fordista foi elaborado pelo empresário estadunidense Henri Ford (1863-1947),
fundador do Ford Motor Company, que revolucionou a indústria automobilística na primeira
metade do século XX, cuja característica principal foi o modelo verticalizado, hierarquizado e
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rígido de produção em massa, porém, a produção era estocada, sendo necessários enormes
investimentos e grande quantidade de mão-de-obra.
Esse foi o modelo da alienação e automação da banalização da espontaneidade, em que
cada trabalhador executa uma função, com um parco ou nenhum conhecimento de outras funções,
deixando o trabalhador alienado e quando se atrapalha prejudica todas as outras funções
executadas por outros trabalhadores.
O toyotismo, elaborado pelo empresário japonês Taiichi Ohno, surgiu nas fábricas de
montadora de automóvel Toyota, após a Segunda Guerra Mundial, mas se consolidou no cenário
mundial somente na década de setenta, modelo adotado pela globalização e de elemento
principal, o da produção flexível. Ao contrário do fordismo, no qual se estocava a produção, no
toyotismo produz-se somente o necessário, reduzindo ao máximo o estoque.
Essa flexibilização objetiva a produção de um bem exatamente no momento em que fosse
demandado, no chamado Just Time. Dessa forma, ao trabalhar com pequenos lotes, pretende-se a
qualidade dos produtos seja a máxima possível: a Qualidade Total. A crise do petróleo levou as
organizações a aderirem ao toyotismo, pois esse modelo consumia menos energia e matéria
prima, ao contrário do modelo fordista.
Na organização de trabalho toyotista, cujo critério mais relevante é a qualidade total no
processo produtivo, imprime-se a idéia de trabalhadores “polivalentes ou multifuncionais” e
também, semelhante ao fordismo, alienando e distanciando o trabalhador da identificação com o
seu trabalho e com o produto criado, gerando a sensação de impotência diante da própria
produção do trabalho:
No mundo atual, existem dois tipos de setores com relação ao trabalho: um operado por homens que planificam as atividades e ostentam o poder econômico (meios de produção) e outro, composto por aqueles que executam tarefas, vendendo sua força de trabalho aos primeiros, na medida em que não congrega em suas mãos o capital necessário capaz de fazer gerar a produção. E é deste processo polarizado que surge o trabalho alienado, causa da desumanização profissional do homem, quando ele deixa de ser um sujeito identificado com o trabalho que faz e o produto que cria, para converter-se num objeto onde a força do trabalho-mercadoria esta a serviço dos detentores do poder que lucram com isso (TORRES, 2001, p.49).
Há estudos dos impactos sociais das atuais inovações tecnológicas, organizacionais e de
gerenciamento, presentes nos processos de trabalho, de influência do mercado toyotista,
identificando o perfil da força do trabalho como sendo participes ou coniventes com a idéia de
que o trabalho linear segmentado, padronizado e repetitivo, característico do padrão tecnológico
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taylorista e fordista, têm sido substituídos por nova modalidade marcada pela integração e pela
flexibilidade.
No entanto, quanto ao trabalhador e do índice de igualdade socioeconômica, a
desigualdade social opera na história da civilização. Ao metaforizá-la, comenta Sennet (2006,
p.54):
(...) o calcanhar-de-aquiles da economia moderna, ela se manifesta de muitas formas, remunerações descomunais para alto executivos, uma defasagem cada vez maior nas corporações entre os salários mais elevados e a mais baixa estagnação das camadas médias de renda frente às das elites.
Nesse contexto desigual e excludente, potencializado pela globalização, a profissão fica
articulada à necessidade e desconectada com a vida, as expectativas e os sonhos. Bernard
Jenschke, atual Presidente da International Association of Educacional and Vocacional Guidance
(IAEVG), esclarece que a profissão deve ser vista como a relação entre trabalho e a vida, modelo
não adotado nos primórdios da Orientação Profissional, conforme descrito no início desse
Capítulo.
Ainda hoje, muitos profissionais dessa área de conhecimento, atuando no trabalho
Clínico, Escolar ou Empresarial, não compactuam com a idéia do plano de carreira vincular-se ao
plano de vida. Contrapondo-se a essas concepções, articulando a Orientação Profissional à idéia
de um gerenciamento de vida, o autor esclarece que:
O desenvolvimento profissional deve ser combinado com um projeto de vida geral e a orientação deve basear-se no desenvolvimento de um plano de habilidades na vida que prepare as pessoas para enfrentar as permanentes transformações sociais e as situações da vida do individuo. A escolha de uma profissão ou de um trabalho deve implementar um conceito de si mesmo e conceber uma identidade social significativa para a pessoa (JENSCHKE, 2002, p.24).
Quanto ao termo orientação, relaciona-se ao sentido de ajuda, contribuição ou suporte,
para que a pessoa possa dirigir-se ou guiar-se dentro de um projeto de vida que lhe seja
satisfatório, cuja idéia será utilizada ao longo desta pesquisa científica.
O outro ponto polêmico na Orientação Profissional é o termo vocação que,
freqüentemente, tem sido associado à idéia de dom, de condição inata ou de chamamento divino,
porém, etimologicamente, essa palavra deriva-se de vocatio, ou chamamento interior, tratando-se
da representação do desejo, da intenção e, portanto, orientado intrinsecamente. E ao beber das
águas epistemológicas de Abbagnano (2003, p.1006):
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Na origem um dos conceitos fundamentais do cristianismo paulino: “Quem for chamado numa vocação, nela permanece’ (Ad Cor., I, VII, 20). A vocação é hoje um conceito pedagógico e significa propensão para qualquer ocupação, profissão ou atividade, é diferente da aptidão, por ser a atração que o individuo sente por determinada forma de atividade, para o qual pode ser ou não apto. A aptidão pode ser controlada objetivamente; a vocação é subjetiva . Uma vocação pode portanto ser um beco sem saída.
Complementando, devido à repercussão da Orientação Profissional, houve dificuldade de
compreensão dos termos Orientação Profissional e Orientação Vocacional, gerando discussões
etimológicas fundamentadas em diferentes traduções da língua inglesa Americana e Britânica.
Nos dicionários da língua portuguesa encontra-se a palavra vocação com o sentido de
chamamento interior, enquanto que nos de língua inglesa a mesma palavra significa emprego,
ocupação, profissão.
Carvalho (1995) contribui na clarificação dessa questão quando se reporta a expressão em
inglês, Vocational Guidance, como representando área ampla, incluindo desde os primeiros
momentos da escolha de uma profissão, por meio da escolhas de cursos adequados, até a
programação de carreiras, o ajustamento e a realização pessoal e profissional.
Contudo, nas traduções para a língua portuguesa das obras americanas começaram a
surgir diferenças de significados, uma vez que a palavra vocação em inglês não corresponde
exatamente ao significado em nosso idioma, de sentido subjetivo. Do ponto de vista teórico,
identificam-se nas leituras de Ferretti (1997) diversos fundamentos ideológicos permeando as
Teorias de Orientação Profissional, dentre elas, a Teoria Desenvolvimentista.
Nessa perspectiva, o desenvolvimento profissional se caracteriza como resultante da
interação das experiências vividas pelo sujeito e das solicitações da cultura, evidenciando a
relevância para a compreensão de sujeito e de suas habilidades construídas sócio-culturalmente,
para que se realizem escolhas profissionais mais adequadas.
Nem todos possuem as mesmas possibilidades e habilidades, mas, tratando-se de classes
sociais menos favorecidas às próprias condições de vida, obrigam à sujeição profissional,
enquanto que em outras classes o modelo acadêmico é mais acessível para inclusão do mercado
de trabalho. Infelizmente, as desigualdades estruturais da sociedade e seus reflexos na educação
configuram a Orientação Profissional distante de seus objetivos democráticos e igualitários de
acesso, até as últimas décadas do século XX.
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No processo de fazer “o individuo descobrir e usar seus dotes naturais e tomar ciência das
fontes de treinamento disponíveis, a fim de que se possa viver de modo a tirar o máximo proveito
para si próprio e para a sociedade” (CARVALHO, 1995, p.44), desenvolvendo habilidades
construídas sócio-culturalmente ou adquirindo novas e readaptando as já obtidas ao ser humano
que pode superar-se e obter satisfação pessoal e profissional em suas escolhas.
Para que haja seu efetivo exercício faz-se necessário: informação ocupacional; coleta de
dados individuais; aconselhamento; descoberta e uso das disponibilidades educacionais;
treinamento com jogos dramáticos; e acompanhamento psicológico. Entretanto, incluída no
movimento global de busca de saídas mais adequadas ou mais bem adaptada à realidade
pluridiversa e transcultural, a Orientação Profissional tem colaborando para a inclusão social, e
teoriza:
Portanto, os dados sugerem que o programa de orientação profissional, além de contribuir para incorporar novos aspectos (determinações) à reflexão que os orientandos fazem com a finalidade de escolher a profissão, ajuda na eliminação de preconceitos, superando analises superficiais e restritivas, possibilitando, enfim, uma leitura mais complexa da realidade na qual estão imersos (BOCK, 2002, p.177).
Esclarecendo a questão da percepção de que algumas pessoas são mais indicadas ou
realizam mais bem determinado trabalho do que outras, historicamente tais crenças datam da
Grécia Antiga, com a obra A República, sugeridas pelo filósofo Platão que determinava
categorias de pessoas mais adequadas a determinadas tarefas.
Após esse período, no Império Romano, Cícero analisou as diferenças entre as pessoas
quanto aos seus talentos e aos trabalhos existentes na época e, mesmo na Idade Média,
praticamente não havia liberdade de escolha ocupacional, pois “nesta época o campo ocupacional
era determinado primeiramente pelo nascimento, sendo o primeiro aprendizado realizado dentro
das famílias” (CARVALHO, 1995, p.26).
No Renascimento, seguindo a continuidade histórica, na visão de homem antropocêntrico
houve aumento do reconhecimento e valorização da humanidade, conhecido como humanismo, a
renovação das concepções políticas, com o reconhecimento da origem humana, ou natureza das
sociedades e dos Estados.
Já com o advento do Iluminismo e a visão humanística retirando o homem da minoridade,
da compreensão de sujeito como sendo incapaz de pensar sem a orientação de outro e
concebendo “a razão como critica e guia de todos os campos da experiência humana”
22
(ABBAGNANO, 2003, p.534), ideologia aplicada na política e na economia da época. A
democracia do início da sociedade industrial, na Modernidade, dotada de relativa liberdade na
escolha das ocupações. Essa condição gerou a compreensão de que somente no início do século
XX surgiu a necessidade de trabalho científico de investigação psicológica e a finalidade de
adequação das características do indivíduo aos novos trabalhos da industrialização.
O desenvolvimento tecnológico no final do século XIX e no início do século XX, no
mundo do trabalho, impulsionou o desenvolvimento da Orientação Profissional. Neste período,
várias descobertas e avanços importantes haviam ocorrido nos setores tecnológicos e científicos
como a lâmpada, o telégrafo, o rádio, o automóvel, o cinema, o avião, o telefone e outras
invenções, contribuindo gradativamente para o crescimento, o culto à máquina e à relação:
homem-trabalho.
A primeira modalidade foi a da Psicologia do Trabalho, em 1902. O primeiro Centro de
Estudo foi criado em Munique, na Baviera, com o objetivo de identificar os indivíduos
desprovidos de vocação e capacidade para determinadas tarefas, apenas com a finalidade de
evitar acidente de trabalho. A Orientação Profissional, historicamente, passou por transformações
significativas:
Nos primeiros tempos, influenciada pela psicometria, apoiou-se fortemente nos testes como instrumentos de medida de aptidões. Depois quando a concepção de caráter inato das profissões, bem como as inteligências e das características de personalidade começou a ser contestada, a Orientação Profissional relativizou a contribuição de testes específicos de aptidão, complementando–os com inventários de interesses e personalidade, além de outros instrumentos (FERRETTI, 1997, p.33).
O objetivo fundamental e específico da Orientação Profissional, é de guiar, indicar
caminhos no processo de escolha de modo que realize opções ocupacionais mais bem adequadas.
Assim, focando o desenvolvimento da Orientação Profissional nas primeiras décadas do século
XX, ela encontrava-se ora como parte da Psicologia do Trabalho, ora como parte da Orientação
Educacional.
Junto ao avanço da Psicologia e às idéias de sistematização também a racionalização
científica do trabalho dissipa-se rapidamente pelo mundo industrializado aparecendo nos tempos
de penúria de guerra e pós-guerra, especificamente em vinte e sete de julho de 1914, quando
explode a Primeira Guerra mundial, e se aceleram as evoluções das técnicas e das máquinas.
23
Após a guerra ocorre redução da jornada de trabalho, o que impulsionou outros países a
adotarem o sistema de oito horas diárias, ou quarenta e oito horas semanais. A crise econômica
de 1920 a 1922 gerou estudos sobre desperdícios nas indústrias.
As crises sucessivas de inflação e deflação em alguns países com transtornos monetários
criam campo fértil para a racionalização do trabalho. Na época, os Estados Unidos lideram o
movimento de máxima mecanização, também com simplificação e padronização máxima,
legitimando o fordismo e suas consequências no mundo do trabalho.
Na Segunda Guerra (1939 a 1945) surgiram novos problemas de adaptação no mundo do
trabalho. Este período trata de mudanças radicais nos empregos, como a criação de novos postos
de trabalho e o desaparecimento de outros mais antigos, que se mostravam defasados.
Havendo a necessidade de reformulação dos métodos, das técnicas e da seleção da
Orientação Profissional, readaptando-a a novos tempos. Na Europa, os primeiros centros de
Orientação Profissional eram praticamente unificados com a Seleção Profissional e em torno de
“eliminar os não capacitados e escolher os mais aptos para determinadas tarefas profissionais”
(CARVALHO, 2005, p. 40).
Na América Latina, a Orientação Profissional chega em 1925, na Argentina, com a
Fundação do Instituto de Orientação Profissional do Museu Social Argentino, utilizando-se de
benefícios dos Serviços de Orientação Educacional e Vocacional instituído no México por
Robleda; por Blumenfeld, no Peru; e por Del Olmo, na Colômbia e na Venezuela.
No Brasil, comenta Zanelli (2002), o primeiro Serviço de Orientação Profissional foi
criado por Roberto Mange, engenheiro e professor da Escola Politécnica, utilizando-se desse
serviço com aos alunos do Liceu de Artes e Oficio de São Paulo, no período de 1924 a 1937.
Roberto Mange criou também a Psicologia Aplicada no Brasil, iniciando o Curso de
Psicotécnica, no qual o formando utilizava-se dos conhecimentos da Psicologia ao trabalho e
recebia a qualificação de psicotécnico. Esse curso foi realizado na Escola de Sociologia e Política
de São Paulo, em 1934.
Na Escola Técnica Getúlio Vargas se desenvolveram os primeiros trabalhos de Orientação
Profissional voltado para as escolas. A partir desses centros, vinculados às entidades federativas,
como a Confederação Nacional da Indústria, a Confederação Nacional do Comércio e a dos
Produtores Agrícolas, a Orientação Profissional passou a ser desenvolvida pelo Serviço Nacional
24
de Aprendizado Social (Senac), posteriormente denominado de Serviço Nacional de Formação
Profissional.
A política de segregação de classes urbanas e rurais culminou na divisão de trabalho
desigual, balizado pela classe social do cidadão. A Orientação Profissional não teve sucesso,
pois a Orientação Educacional, do ponto de vista político e educacional, foi avaliada como
importada, representada por uma educação massificada e sem os cuidados necessários para com o
trabalhador contrapondo-se com a espontaneidade e submetida às especulações das indústrias e
outros geradores de empregos.
Iniciou-se enquanto “uma área autônoma dos trabalhos de orientação profissional
realizados por Parson em 1909” (FERRETTI, 1997, p.13). Foi excluída enquanto eixo
educacional do processo formativo e a LDB, editada em 1996, nem sequer menciona as
orientações educacionais, ou profissionais.
Diante do perfil de descaso das políticas educacionais voltadas à Orientação Profissional,
ela passa a ser discussão de elite ou de acesso somente ao meio universitário. A promulgação da
Lei Federal nº 4.119, de 1962, tornando a Orientação Profissional exigência curricular do recém-
criado curso de Psicologia, efetiva a elitização, restringindo a Orientação Profissional à disciplina
“Orientação Profissional”.
Atingiu o nível superior e passou a ser utilizada por vários institutos de educação, de
saúde, e de outros tantos, desde os anos trinta do século XX, obtendo finalmente importância
oficial por meio da inclusão nas Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB nº
5.692 de 1971.
A desigualdade estrutural da sociedade e seus reflexos na educação configura a
Orientação Profissional distante de seus objetivos democráticos e igualitários de acesso. Para que
haja esse efetivo exercício faz-se necessário: informação ocupacional; coleta de dados
individuais; aconselhamento; descoberta e uso das disponibilidades educacionais; colocação e
acompanhamento.
Pela ótica do mundo do trabalho, toda a reengenharia globalizante reduzindo empregos
em massa, ordenando a idéia de fazer mais com menos aumentaram a desigualdade econômica e
social, valendo ressaltar que hoje:
A desigualdade esta sendo reconfigurada tanto em termos de riqueza bruta quanto na experiência de trabalho. O surgimento de uma grande riqueza no alto da ordem social é
25
evidente; de mais relevância em termos gerais pode ser a divisão de classe entre os que se beneficiam com a nova economia e aqueles que, em posição intermediária não são capazes de fazê-lo: o analista de trabalho Robert Reich, por exemplo, fala de uma sociedade de ”duas camadas” na qual a “elite da capacitação”, os “senhores da informação” e os “analistas simbólicos” distanciam-se de uma classe média estagnada (SENNET, 2006, p.124).
Fazendo do consumo o cerne da nova economia e levando o trabalhador a se exaurir na
dupla jornada de trabalho, ou a desdobrar-se em outros vínculos empregatícios, para tentar atingir
a mesma renda que outros mais privilegiados foram oportunizados diante da perspectiva do
fenômeno da reengenharia; de reinvenção descontínua das instituições, da especialização flexível
de produção; e da concentração de poder sem centralização. Nunca se cobrou tanto da
flexibilidade, da competência e da criatividade humana.
A palavra “flexibilidade”, segundo significado da língua inglesa do século XV, em
decorrência da observação de árvores e da capacidade de se dobrarem ao vento e voltarem à
posição original:
Flexibilidade designa essa capacidade de ceder e recuperar-se da árvore, o teste e restauração de sua forma. Em termos ideais, o comportamento humano flexível deve ter a mesma força tênsil: ser adaptável a circunstâncias variáveis, mas não quebrado por elas. A sociedade hoje busca meios de destruir os males da rotina com a criação de instituições mais flexíveis. As práticas de flexibilidade, porém, concentram-se mais nas forças que dobram as pessoas (IDEM, 2006, p.53).
Com relação à noção de competência, embora seja conceito polissêmico, as ciências
humanas buscam re-significação e, por se tratar de construção social, é alvo de disputas políticas.
Cabe ressaltar a necessidade de compreensão da noção de competência como polissêmica, tanto
no mundo do trabalho, como na esfera da educação. Essa polissemia origina-se de diferentes
visões teóricas embasadas em diversas concepções epistemológicas expressando interesses,
expectativas, aspirações, de diferentes sujeitos.
Em cumplicidade das idéias norteadoras da Orientação Profissional, essa tese propõe-se
intervir com o Serviço de Orientação Profissional para que o jovem a ela submetido reflita sobre
o processo e questione o ato de escolha profissional, como também tenha clareza sobre o ingresso
em uma atividade profissional, conscientizando-se do seu papel profissional no contexto mais
geral da sociedade, cujas ações se processam de modo que se possa conciliar a satisfação pessoal
e a competência profissional do trabalhador brasileiro, em específico, do cidadão mato-grossense.
26
Focando mais nitidamente a questão da competência profissional, atualmente, engloba a
perspectiva multidimensional com facetas que perpassam os aspectos individuais, os
socioculturais, os situacionais (contextual-organizacional) e o processual, que não pode ser
confundido com mero desempenho, pois se trata de desafio na qual “construir habilidade é quase
sempre superar um medo” (PERRENOUD, 1996, p.183).
Compreende-se ser bem menos estressante para o trabalhador encarar os próprios medos
diante do modelo precedente de mercado, baseado na segurança, na estabilidade e na
regularidade, mas será sempre desafio encarar o medo e a angústia gerados pela substituição do
mercado precedente por esse novo, que privilegia a possibilidade de mudança na formação e no
trabalho.
O mercado oscilante é item a ser considerado na escolha profissional porque oferece
menos segurança em relação ao trabalho, como também menores intervalos de tempo nas chances
de carreira e maior exigência de flexibilização. Nesse modelo exigem-se profissionais que saibam
aprender, abertos ao novo, capazes de pensar o seu próprio fazer, e de forma coletiva.
No atual estágio do capitalismo flexível, observa-se progressivo deslocamento do
conceito chave da sociologia do trabalho — a qualificação profissional — para a noção de
competência profissional.
Com as transformações do mundo do trabalho, adotada pela grade de salários adaptada
aos cargos, e a hierarquia das profissões, sendo essa forma de administrar uma expressão
histórica das relações sociais, diversas e contraditórias, estabelecidas no processo produtivo. Tal
deslocamento reflete-se diretamente no campo da Orientação Profissional, pois adotar esse
modelo hierarquizado implica:
Um modelo das competências profissionais pela gerencias de recursos humano no mundo empresarial esta relacionada, portanto, ao uso, controle, formação e avaliação do desempenho da força de trabalho diante das novas exigências postas pelo padrão de acumulação capitalista flexível ou toyotista: competitividade, produtividade, agilidade, racionalização de custos. (DELUIZ, 2006, p.02)
As noções estruturantes do modelo das competências no mundo do trabalho, a
flexibilidade, a transflexibilidade, a polivalência, e a empregabilidade, nesse modelo de gestão
para o capital, implica em dispor de trabalhadores flexíveis para lidar com as mudanças no
processo produtivo.
27
Apresentando-se como modelo ideal de gestão: “o capital humano” empresarial necessita
ser constantemente mobilizado e atualizado para garantir o diferencial ou a “vantagem
competitiva” necessária à desenfreada concorrência na economia internacionalizada, restando ao
trabalhador constante atualização:
O uso e a apropriação das competências dos trabalhadores pelo capital – de seus saberes em ação, dos talentos, de sua capacidade de inovar, de sua criatividade e de sua autonomia não implica, em geral, o comprometimento da empresa – com os processos de formação/construção das competências, atribuindo-se aos trabalhadores a responsabilidade individual de atualizar e validar regularmente sua “carteira de competência” para evitar a obsolescência e o desemprego. (IDEM, 2006, p. 02)
O problema todo trata da matriz condutivista/behaviorista e funcionalista que permeia a
pedagogia dos objetivos, com forte relação ao objetivo da eficiência social. A definição de
competência é muito ampla e os modelos de competência são datados historicamente. Estão
ligados à ótica do mercado e limitam-se à descrição de funções e tarefa do processo produtivo.
As competências investigadas no processo de trabalho são transpostas de forma linear ao
currículo, formando-se as competências a serem construídas como intermináveis listas de
atividades e comportamentos, limitando o saber ao desempenho específico de tarefas.
Engajada na perspectiva construtivista busca-se construir competências para uma ação
autônoma e capaz nos espaços produtivos, mas, igualmente, voltada ao desenvolvimento de
princípios universais, igualdade de direitos, justiça social, solidariedade e ética — no mundo do
trabalho e da cidadania.
Pretende-se desenvolver formação integral e ampliada, articulando sua dimensão
profissional com a dimensão sócio-política. Perrenoud (1996) muito contribui ao clarificar a
relevância de uma diferenciação no ensino quando as exigências escolares (curriculares e
didáticas) forem proporcionais às possibilidades dos alunos.
Em face da realidade de todos, as vertentes multidimensionais de formação de
competências, sejam individuais ou profissionais, o escolar e o clínico, o organizacional, a
Orientação Profissional cumpre as tarefas de “orientar” e “ajudar” pessoas em suas escolhas
profissionais, a tomarem decisões relativas às carreiras, cursos, ocupações geradoras do auto-
sustento, realização pessoal; e a assumirem tarefas, na vida adulta dotados, de identidade
profissional competente.
28
Por ausência de políticas públicas com eixos educacionais voltados a essa área do
conhecimento, a Educação, conforme identificado nessa pesquisa desenvolve essa tarefa
timidamente e, conforme surge em sala de aula, enquanto dúvida do aluno, diferenciando-se da
Psicologia, na qual o trabalho da área clínica conta com várias concepções teóricas e intervenções
embasadas metodologicamente para o exercício da Orientação Profissional, mas não atinge a
grande massa populacional dos jovens brasileiros.
Tanto as concepções psicológicas empíricas quanto as analíticas não somam informações
satisfatórias diante dos crivos dessa pesquisa-tese para auxiliar a escolha profissional, pois se
trata do movimento do ser humano em direção ao seu lugar no sistema produtivo, meio social e
cultural, auto-valorização, como também da satisfação pessoal e profissional.
Nesse percurso, o jovem perpassa pelas primeiras fantasias até chegar aos planos
objetivos e realistas, encaminhando para a definição de identidade profissional que se constrói a
partir da identidade pessoal. A Teoria do Psicodrama, de base fenomenológica desde os seus
primórdios, por meio de seus conceitos e jogos dramáticos incentiva o complexo espontaneidade-
criatividade.
Contemplando a necessidade do novo capitalismo no mundo globalizado e do mercado
toyotista, compreendendo a relação homem-trabalho distante do mundo paternalista das relações
de trabalho, porém, imbricado na perspectiva emancipatória que aceita a possibilidade de
transformação social, de superação de limites e de inclusão, e para tal se faz primordial que se
construam ambientes organizacionais onde as pessoas possam criar, crescer e ter respeitada suas
individualidades.
Ampliar concepções sócio-culturalmente construídas e já ultrapassadas atendendo ao
conceito de emancipação, vinculado à idéia de dignidade humana, significa corresponder ao
mercado ocidental globalizado hoje, bem como às expectativas dos adolescentes frente às
escolhas profissionais mais bem adaptadas à sociedade globalizada.
Visto que no novo modelo a primazia de conhecimentos requer das empresas o repensar
de suas formas de relacionamento com os seus funcionários, pois é notório no mundo do trabalho
que:
(...) a inovação e a criatividade passaram a ser elementos essenciais ao processo de desenvolvimento dos empregados em uma perspectiva de empregabilidade, uma vez que as empresas precisam estar na vanguarda, buscando desde simples soluções para o dia-a-dia da organização até soluções complexas e sistêmicas, a fim de fazer gente a competitividade do mercado. (ALMEIDA, 2004, pp.13-14)
29
O mercado oscilante solicita flexibilidade, autonomia, polivalência e espontaneidade-
criatividade do trabalhador, habilidades que a Orientação Profissional, por meio da utilização da
Teoria do Psicodrama e da utilização dos jogos dramáticos, contribuiu diretamente possibilitando
novas formas de organizar o trabalho, no qual o desenvolvimento profissional não esteja
vinculado às necessidades organizacionais, mas também às necessidades individuais, visto que o
aumento da auto-estima e da autoconfiança melhora o desempenho profissional. O trabalho pós-
fordista-taylorista será mais bem elucidado e articulado no próximo capítulo.
1.1 Psicodrama na Orientação Profissional
O Psicodrama é uma Teoria da Personalidade da Psicologia, também utilizado no âmbito
educacional pela Psicopedagogia, por meio do Psicodrama Pedagógico, com método, técnicas e
Jogos Dramáticos inovadores, criados por Jacob Levi Moreno (Romênia, 1889-1974),
considerado por seus companheiros como homem de ação: inquieto, curioso, megalomaníaco,
visionário e genial; características notórias em sua vida e obra.
Moreno nasceu no dia dezoito de maio do ano de 1889, em meio a uma família judia
oriunda da Espanha. Aos cinco anos de idade, seus pais e cinco irmãos mudaram-se para Viena,
morando aos arredores do Rio Danúbio. Teve na infância “o tempo mais feliz de sua vida”
(KNOBEL, 1989, p.33), uma criança estudiosa e motivo de orgulho dos pais. A adolescência foi
voltada para conhecimentos filosóficos de arte e teatro, em meio à rebeldia que o levou a sair da
casa de seus pais, pois o relacionamento conturbado com os pais culminou mais tarde numa
separação.
Ingressou na Universidade de Viena em 1909 e costumava circular anônimo entre os
estudantes, até aproximar-se dele Chaim Klellmer que, juntos, criaram “A Religião do Encontro”.
Mais tarde agregam-se outros colegas e fundaram a “Casa do Encontro”, lugar de intercâmbio
intelectual que reunia poetas, filósofos, sociólogos engajados com a possibilidade de discussão e
intervenção frente às novas alternativas para a sociedade, diante do caos gerado pela Primeira
Guerra.
Conforme narra Marineau (1992), surge a idéia da criação de um jornal, intitulado
Daimon, cujo editor era Moreno, mas, enquanto homem de ação, não se sentia muito à vontade e
ficava impaciente com as discussões teóricas da elite intelectual da Áustria e da Europa. Contudo,
30
o jornal foi apenas uma das atividades desempenhadas como criador, pois, mais tarde, seriam
criadas editoras, jornais, institutos para formação e discípulos por todo o mundo.
Sua vida acadêmica transcorreu sem grandes dificuldades e por vezes ministrava aulas
particulares, procurando motivar o aluno, instigando a imaginação e a espontaneidade. Em 1912,
ocorreu o encontro com Freud na universidade e o encontro é narrado dessa forma:
O Dr. Freud tinha acabado de fazer a analise de um sonho telepático. Quando os estudantes saíram, ele perguntou-me o que estava fazendo. Eu respondi; Bom, Dr. Freud, começo onde o senhor deixa as coisas. O senhor vê pessoas no ambiente artificial do seu consultório. Eu vejo-as nas ruas, nas suas casas, no seu ambiente natural. O senhor analisa seus sonhos e eu procuro dar-lhes coragem para que sonhem de novo (MORENO, 1993, p.54).
Em 1914, desenvolveu trabalhos com prostitutas, compondo equipe multidisciplinar com
jornalistas e médicos, contribuindo para a criação do Sindicato das Prostitutas de Amspittelberg,
fatos que colaboraram para a Psicoterapia de grupo, publicando a mais marcante obra inicial de
sua vida: “O convite ao encontro”. No último ano de Medicina, em 1916, produziu trabalho
grupal em campo de refugiados da Primeira Grande Guerra.
Graduou-se em Medicina no ano de 1917, aos vinte e oito anos, pela Universidade de
Viena. No início de sua prática médica auxiliava famílias com dificuldade de relacionamentos,
utilizando-se da psicoterapia para ajudá-los a superarem conflitos, atuando também na
recuperação, e apoio, de prostitutas e refugiados políticos da Primeira Guerra Mundial.
As primeiras intervenções foram na área de saúde pública, em Voslaü, vilarejo nos
arredores de Viena, e devido à solidariedade demonstrada em atendimentos gratuitos, mantendo-
se no anonimato por essas ações, passou a ser conhecido como “médico do povo”. Moreno
inicialmente associava sua “abordagem relacional de problema de Teatro recíproco, pois cada um
influi nos demais” (KNOBEL, 2004, p.48).
No início do século XX, o mundo teatral passou pela necessidade de provocar revolução,
surgindo Stanislávski, Reinhardt, Pirandelle e o Teatro da Espontaneidade de Moreno.
Dramatizando conflitos e situações do cotidiano nos relacionamentos, em 1921, Moreno criou o
teatro vienense da espontaneidade. Embora seu livro “O Teatro Espontâneo” inicialmente não
tivesse muita aceitação, porém, essas experiências embasaram a Socionomia, a Psicoterapia de
grupo e o Psicodrama. Em 1925, Moreno emigrou aos Estados Unidos, residindo em New York
até a morte, aos oitenta e três anos de idade.
31
Para o Psicodrama há uma articulação entre o Teatro e a Psicoterapia, pois ambos buscam
resgatar o potencial espontâneo-criativo cristalizado e conservado ao longo do processo
civilizador, defendendo a idéia de que o locus do self ou do ego está na Espontaneidade, sendo
berço denominado de Matriz da Criatividade.
Mesmo apropriando-se do Teatro para desenvolver sua Teoria e método, adaptando-os ao
contexto clínico e psicopedagógico, Moreno contrapunha-se à idéia do Teatro de improviso de
Stanislavski, por não aceitar que a improvisação fosse correlata à espontaneidade, que utilizava a
improvisação a fim de aperfeiçoar o desempenho. Já Moreno lança vozes por meio da
representação de papéis dos personagens da cena dramática aos traumas e conflitos psíquicos
visando alcançar à espontaneidade total.
Contrapõe-se também à Psicanálise, de influência do cartesianismo e do determinismo
darwiniano, criando o determinismo psíquico, nos quais os fatores hereditariedade, meio
ambiente e fator desencadeante, determinam a evolução das psicopatologias, concebendo como
concepção de homem, um sujeito sabedor de suas limitações, cindido e frustrado, divergindo do
sujeito moreniano, cósmico e relacional.
Outro aspecto divergente refere-se ao tempo psicanalítico enfatizado no passado, oposto
ao Psicodrama que integra as operações terapêuticas: passado, presente e futuro; como também a
concepção de nascimento, que para a Psicanálise trata-se de momento traumático e angustiante.
Para o Psicodrama, a hora sublime de acesso ao palco da vida.
Para as Teorias da Personalidade de embasamento filosóficos fenomenológicos e
existenciais, além da concepção de integração mente-corpo, consolidando o sujeito holístico, há
confiança no ser humano enquanto ser de interação, de socialização de auto-regulação, uma visão
de potencialização da condição humana, distante da do sujeito psicanalítico: cartesiano, em que
frustrado desde o nascimento, perde o estado de completude, de unicidade com a mãe, o seu
universo.
Contudo, Moreno deparou-se com muitas situações de descrença às suas idéias e deparou-
se com enorme resistência do público e da imprensa, acostumados às peças teatrais prontas, a
depender das “conservas culturais” do drama e a não confiar na criatividade-espontânea,
principalmente, por ocasião da publicação do livro Das Stegreiftheater, de 1923 (traduzido para o
inglês como The Theatre of Spontaneity), que abriu caminho ao Psicodrama experimental e às
técnicas do “Aqui e Agora” (MORENO, 1993, p.24).
32
Genial, Jacob Levy Moreno não concebia o ser humano como desintegrado do cosmos,
pelo contrário, relativizou o homem à natureza, compreendendo-o como interdependente, e, por
isso, um ser cósmico e relacional. Para tornar fidedignas suas idéias, criou a Socionomia, de
fundamental interesse das Ciências Sociais e Humanas, surgindo a base da Psicoterapia de grupo.
A Socionomia consiste na ciência que investiga, a partir de seus métodos, as relações
sociais e, portanto, interpessoais, objetivando a possibilidade de transformação da realidade
objetiva e subjetiva, ao proporcionar a pesquisa de grupos sociais, contribui para a melhoria das
relações microssocias e macrossociais, na medida em que propõe a Teoria dos Papéis
diagnosticar e intervir nas tensões sociais, cristalizadas ou do “aqui-agora”, ou até mesmo na
psicoprofilaxia de futuras tensões sociais.
Visando também a promoção da saúde das relações humanas, devido à oportunidade de
resgate do complexo espontaneidade-criatividade, contando com técnicas de intervenções
inseridas nas três grandes ramificações científicas: Sociodinâmica, Sociatria e Sociometria.
Segundo Moreno (1959, p.39), a “Sociodinâmica é a ciência da estrutura dos grupos
isolados ou unidos” que investiga a estrutura, o funcionamento dos grupos e como se dão as
articulações das relações interpessoais, tendo como método de intervenção na realidade, o Teatro
da Espontaneidade e a Teoria dos Papéis.
Por meio da dramatização com o Role-playing, a interpretação dos papéis, torna-se
possível vivenciar seu próprio drama em diversos papéis, mais espontâneos e criativos, livrando
dos bloqueios e das amarras sócias, denominadas conservas culturais, sejam esses medos,
limitações, ansiedades ou conflitos traumáticos ou não.
A Sociatria diz respeito ao aspecto terapêutico das relações humanas, trata da ciência de
intervenção direta nos sistemas sociais, implicando no desenvolvimento dos métodos do
Psicodrama Pedagógico e Clínico e da Psicoterapia de Grupo e do Sociodrama Institucional.
E, finalmente, a Sociometria, que é a ciência da medida do relacionamento humano na
qual por meio dos instrumentos de teste Sociométrico e Sociométrico de Percepção fazem-se
possíveis aferições mensuráveis nas relações sociais e nas dinâmicas grupais.
Na prática, é função Psicodramatista utilizar-se dos recursos da Sociatria ou do
Psicodrama para realizar melhor exercício de sua prática, seja clínica ou psicopedagógica. Nessa
perspectiva, o Psicodrama intervém tanto no âmbito individual como no grupal, trabalhando com
cinco elementos clássicos.
33
O diretor, com as funções de produtor, terapeuta, analista. O protagonista, responsável
por representar a ação de seu próprio drama. Os egos-auxiliares que operam como extensão ou
enquanto mediadores do grupo e do diretor. O público ou audiência, expectador interativo na
cena dramática; O cenário, espaço vivencial, onde acontece o drama e a cena trazida pelo
protagonista.
Moreno inquieta-se, nesse prisma, ao observar o desempenho dos pacientes no palco
enquanto atores de dramas cotidianos, em relação à questão do desenvolvimento dos papéis e “a
porção de palco de uma sessão psicodramática abriu caminho à pesquisa e à terapia da ação, ao
teste e adestramento de papéis, às entrevistas situacionais, ao passo que a porção de público se
tornou o terreno das mais conhecidas formas de psicoterapia de grupo” (MORENO, 1993, p.19).
Na medida em que intervém nas relações sujeito-sociedade-universo, o Psicodrama
compreende o mundo em uma perspectiva cosmodinâmica1, com técnicas e jogos tornou-se
possível promover a espontaneidade mútua, ampliando o repertório de papéis nos contextos
sociais em que atua, auxiliando o sujeito em busca de relações horizontais e dialéticas, portanto,
atendendo a princípios do mundo globalizado.
Atualmente, o poder de posição tão superestimado nas organizações de modelos verticais,
com primazia nas relações hierarquizadas, está enfraquecido pelo poder pessoal, pelas
habilidades demonstradas, pelo respeito, confiança, amizade, aceitação incondicional do outro e,
nesse sentido, o profissional inserido no modelo horizontal das relações humanas é incluído no
modelo atual toyotista. O Psicodrama, por trabalhar nessa perspectiva, contribui diretamente para
as exigências do mercado flexível.
Falar em relações horizontais também implica em compactuar com princípios do
Psicodrama, no que tange às relações humanas sinceras, na aplicação efetiva dos princípios do
paradigma da inclusão, aceitando o diferente, aprendendo com a diferença, promovendo com seus
jogos e técnicas a possibilidade da inversão dos papéis, objetivando possibilitar que o outro
pense, expresse-se, trabalhe de diversas maneiras e aceito incondicionalmente.
1 Cosmodinâmica trata da referência de universo não estático, como propôs Einstein, mas da concepção de expansão: “se novas galáxias nascem continuamente, este deve ser povoado de galáxias de todas as espécies (ABBAGNANO, 2003, pp. 215-217). Para Isaacs (1996), várias teorias tentam explicar a origem da evolução do universo, dentre elas a Teoria do Big-Ben, mas vários os fracassos dos modelos científicos, devido aos novos instrumentos tecnológicos permitindo maiores medições das galáxias. Diferente da Cosmologia Medieval, na Cosmologia Clássica (Idade Média), no Renascimento e tais fracassos geraram a queda de modelos estáticos de universo, dos modelos fisicomatemáticos; das metanarrativas, a partir do Princípio da Indeterminação de Werner Heinsenberg, em que a realidade escapa com imprevisibilidade ao domínio lógico.
34
A busca de horizontalidade nas relações humanas no trabalho é tarefa almejada pelo novo
sistema de trabalho. Sendo a meta do Psicodrama ao propiciar autoconhecimento, relações
construtivas, duradouras, solidárias e, acima de tudo, éticas. Imbricando nessa questão, diante da
necessidade das organizações flexíveis, em compreender e intervir nas relações humanas desse
modelo de mercado apresenta-se e outros teóricos das ciências humanas refletem a
horizontalidade pelo prisma da globalização.
Milton Santos, geógrafo emérito da Universidade de São Paulo, esclarece a necessidade
de relações horizontais nas empresas para garantirem sua sobrevivência que, mesmo com
diferentes técnicas, capital ou organização no mundo globalizado, precisam se garantir no
mercado “da produção local de uma integração solidária obtida mediante solidariedades
horizontais internas, cuja natureza é tanto econômica, social e cultural como propriamente
geográfica” (SANTOS, 2006, pp.109-110).
Quanto às horizontalidades dos espaços relacionais empresariais, o autor clarifica a
existência de “espaço banal”, de tremenda relevância nas redes sociais, pois se trata de
experiência vivida, da realidade cotidiana, da existência real, o das relações humanas, território
de fundamental relevância, em oposição ao espaço econômico atual.
Para Santos (2006), o espaço banal seria o espaço de todos: empresas, instituições,
pessoas, o espaço das vivências, onde operam diversas temporalidades em busca de sentido, de
um espaço reflexivo que, por meio de debate, de acordos, de encontros e desencontros nas
relações humanas, buscaria a readaptação de novas formas de relações no trabalho, anteriormente
individual, agora em equipe. A espontaneidade-criatividade pode ser desenvolvida por todos dos
grupos desses espaços desde que haja métodos, técnicas e motivações.
O Psicodrama, por meio de suas técnicas e jogos dramáticos, opera nesses espaços,
transformando as relações verticais em horizontais, visando ao desenvolvimento das
possibilidades de expressão criativas, pois a criatividade envolve vários processos cognitivos,
“como o pensamento, a percepção, a motivação, a imaginação” (ALMEIDA, 2004, p.71), e
afetivos na personalidade, justamente dessa articulação do cognitivo e do afetivo, no espaço
psicodramático, é que se produz a espontaneidade.
Em dimensão moreniana significa a resposta adequada à nova situação ou à resposta nova
para situação já conhecida. É a categoria do momento em oposição à conserva cultural, agindo
em prol do ser humano, à saúde do trabalhador, libertando-o das amarras sociais que o impede de
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ser espontâneo, de visar o bem-estar comum tanto na rede social a que pertence, quanto nos
processos de visões de trabalho.
Nas empresas, o modelo toyotista, e no mercado globalizado têm levado às formas de
organizações de equipes de trabalhos, força tarefa, alianças estratégicas que solicitam de seus
profissionais relações mais igualitárias, de confiança, flexíveis, aumentando a necessidade de
intervenção do Psicodrama, já que somente a interação solidária pode responder às exigências do
mercado toyotista, no que tange às relações humanas. Uma tarefa que o Psicodrama atende desde
os seus primórdios teórico-práticos.
A influência da filosófica e de vários autores fenomenológicos existenciais e humanistas
foi recebida pelo Psicodrama, dentre eles: Kierkegaard (1813-1855) na questão da análise da
existência, da categoria descritiva e interpretativa das possibilidades, considerando o existir no
sentido de relacionar-se com o outro, que há contradição insuperável, abrigando ambivalência
ontológica geradora de angustia inerente à existência, por exemplo, as dicotomias vida e morte;
amor e ódio; alegria e tristeza, etc.
Heidegger (1889-1976), com o ato de filosofar “Da-sein, literalmente traduzido por “ser
aí”, o ser-que-é-existência e a constatação do “viver para a morte”; Karl Jasper (1883-1969),
assim como Heidegger, fala da análise das possibilidades da existência, mas a realidade é a
constatação das impossibilidades, visão também de Jean Paul Sartre (1905-1980).
Todavia, evidencia-se que o existencialismo surge em oposição ao dogmatismo
absolutista do século XIX, de mitos otimistas e falso sentimento de segurança, como também não
prepararam instrumentos que contribuam para a solução positiva dos problemas humanos, já o
existencialismo traz como instrumento a análise da existência.
Já em segunda interpretação do existencialismo, o possível perde seus aspectos negativos
e bucólicos, reduzindo as possibilidades humanas em impossibilidades, ocorrendo transformação
da percepção da possibilidade para a percepção de potencialidades, que as possibilidades
existenciais estão sempre fadadas à realização ao sucesso.
Há também terceira interpretação do existencialismo na filosofia italiana, cujo ato
terapêutico psicodramático possui os instrumentos necessários para a adequação da teoria ao
método, enfatizando que:
(...) as possibilidades existenciais devem ser assumidas e mantidas como tais, sem serem transformadas em impossibilidades nem em potencialidades. Nesse caso a perspectiva
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aberta por uma possibilidade não é nem a realização infalível nem a impossibilidade radical, mas a busca tendente a estabelecer os limites e as condições da própria possibilidade e, portanto o grau de garantia relativa ou parcial que ela pode oferecer (ABBAGNANO, 2003, p.405).
De acordo com Von Zuben (1979), a influência filosófica de Martin Buber (1878-1965),
filósofo vienense, humanista e profundo conhecedor do judaísmo, da ontologia e da antropologia,
criador da filosofia do encontro, a essência de seu pensamento está estruturada como círculo, isto
decorrente do sentido dado por ele da reflexão com relação à existência concreta, ao vínculo da
práxis e do logos. Portanto, articulando a reflexão e a ação, descrevendo a concepção de homem
a partir da relação EU−TU, um EU unificado, transformado, e um Tu eterno, ilimitado.
E a crença na relevância da relação “diádica” já é bastante conhecida pelos profissionais
das ciências humanas, e aceitá-la como norte teórico implica possuir a “bússola” de orientação
para que as relações humanas não se cristalizem no Eu-Isto ou apenas nas relações utilitárias:
Quando refletimos, corajosa e honestamente, sobre nossos relacionamentos com os outros, quantas vezes constatamos desapontados e pesarosos, que funcionamos muito mais na relação Eu-Isto do que na relação Eu-Tu, apesar dos nossos discursos idealísticos e de nossas boas intenções em busca de uma verdadeira relação humana pessoa a pessoa (MAFESSOLI, 2001, p.183).
Em feixe às idéias acima, outra influência trata da fenomenologia existencial que
evidencia como visão de homem o sujeito-encarnado-ao-mundo-com-os-outros-em-diálogo. Para
o Psicodrama essa noção de sujeito está articulada ao homem livre, na qual somente pela
espontaneidade pode-se atingi-la, sendo a personalidade constituída no desenvolvimento de
papéis anteriores ao surgimento do eu, assim não partem do eu ou ego, todavia, é o ego quem
emerge dos papéis.
Adentrando ao Psicodrama, na sociodinâmica psicodramática, a utilização das técnicas de
desempenho de papéis e a inversão de papéis são exclusivas de especialistas do Psicodrama. Em
relação aos referenciais, a episteme da palavra papel trata-se do “termo inglês role (igual a
papel), originário da palavra francesa e do inglês medieval, derivante do latim papiro, que
significa rótula, no sentido de ‘rolos’ ou pedaços de papel, adaptado ao teatro grego e romano,
significando partes da representação teatral (rolos, em inglês, role)” (MORENO, 1993, p.27).
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Eles originam-se e desenvolvem-se articulados às relações sociais e sua abrangência tem
ação nas diversas dimensões da vida, em que o trabalho psicoterapêutico ou psicopedagógico,
orientado nessa perspectiva teórica, atende à valorização humana, nos aspectos estéticos-
existencial-científicos.
Os papéis necessitam de vínculo, da interação, da relação EU-TU, e no processo de
desenvolvimento estão articulados ao grau de liberdade, espontaneidade, criatividade e
representam unidades culturais de comportamentos. Tais unidades culturais são formadas por
características de subjetivação construídas sócio-culturalmente durante o processo de vir-a-ser
pessoa.
Para Moreno (1993) existem três tipos de papéis: Papéis psicossomáticos (associados a
funções fisiológicas), ou seja, ligados às necessidades de comer, dormir, defecar, urinar etc;
Papéis sociais (decorrentes de funções sociais com menor valor afetivo) referem-se às funções
assumidas pelo sujeito na sociedade e os Papéis psicodramáticos (associados às funções
psicológicas de maior envolvimento afetivo). A codificação, porém, desse último e a utilidade no
funcionamento psíquico restringe-se à atividade psicoterapêutica do Psicodrama.
Faz-se necessário sua identificação nos vínculos relacionais, pois é a área (zona) de
interação entre o ego e o mundo exterior estando estruturada em forma de papéis, e cada papel
relaciona-se com outros complementares de outras pessoas. Dessa relação entre os papéis que se
originam os vínculos relacionais:
Os conceitos de papel e vinculo são dois conceitos que se misturam muito. Uma terapia orientada nesse sentido deve estudar a estrutura do vinculo e os diversos papéis que o terapeuta e paciente se atribuem e assumem nessa situação, como repetição de uma situação passada. Isso quer dizer que na situação do vinculo sempre se inclui o papel. A compreensão do outro em termos de papel nos proporciona uma possibilidade para poder entrar na situação e compreendê-la. (PICHÓN-RIVIERE, 1986, p.79)
Outro conceito psicodramático de relevância para a compreensão da formação do ego
trata-se da Matriz de identidade, “a placenta social da criança, o locus onde ela mergulha suas
raízes” (MORENO, 1993, p.114), o local onde se originaram os papéis, permeados de
significados sócio-culturais formando as características do sujeito.
O Psicodrama também inovou ao apresentar o conceito do fenômeno, a Tele.
Contrapondo-se a Psicanálise quanto à concepção de transferência que alude a protótipos e
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reedições das fantasias inconscientes, dos vínculos de figuras parentais e relacionais, são
projetadas à figura do terapeuta, ou outra representação de autoridade, por exemplo, o professor.
Tele, origina-se no vocabulário grego e significa distante, uma influência à distância,
percepção clara e íntima, compondo-se estrutura primária, anterior à transferência, que seria
estrutura secundária. Tele é reciprocidade e não unilateralidade. Para Moreno (1966, p.05) “o
encontro é um fenômeno de Tele. O processo fundamental da Tele é a reciprocidade-
reciprocidade de excitação, reciprocidade de inibição, reciprocidade de indiferença, reciprocidade
de distorção.”
Sabiamente, em meados de 1960, Moreno comentou em suas “Grandes Sínteses”, a
primeira teoria a explorar as quatro dimensões universais adaptando-as à psicoterapia
psicodramática e ao Psicodrama Pedagógico: Tempo-espaço-realidade-cosmos, centrada na ação
e não apenas na linguagem, por meio da primeira é possível transitar entre essas dimensões
perpassando entre o passado-presente-futuro, em diversos espaços e realidades imaginárias,
tornando-as reais e aceitáveis para o protagonista da cena.
Para Moreno, o Psicodrama deveria reproduzir o modelo cotidiano, a vida tal como se
apresenta, com dificuldades, conflitos, traumas, convergências e divergências, afinidades,
desafetos, satisfações e frustrações, articulando os três tempos: presente-passado-futuro na cena
dramática e assim se faz na sua teoria, possibilitando o transitar entre os tempos, espaços e
realidades.
Respeitando a realidade subjetiva do protagonista, solicita-se do protagonista a construção
da “cena dramática” para que aconteçam as catarses interativas, no aqui-agora, no setting
terapêutico reviva-se por meio do desenvolvimento de papéis ou inversão de papéis, conteúdos
psíquicos causadores de transtornos na realidade objetiva ou subjetiva do sujeito.
A definição de protagonista foi trazida ao Psicodrama a partir da definição teatral, ou seja,
do título dado ao ator principal na tragédia grega, que significa o homem tomado de frenesi, um
louco, porém um sujeito espontâneo, solicitado a ser ele mesmo no palco, a retratar seu próprio
mundo privado atuando livremente, à medida que as imagens lhe surgem a mente; sendo-lhe
concedida liberdade de expressão e espontaneidade.
É interessante salientar que em reflexão minuciosa percebe-se a noção de protagonista, a
aproximação das idéias de Edgar Morin e Moreno, na qual Moreno rompe com o a linearidade do
homo sapiens cartesiano, dotado de razão, e aproxima-se do homo sapiens/demens, proposto por
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Edgar Morin, como sujeito da desrazão, da complexidade bio-socio-psico-cultural, que se
imagina e ocupa espaço.
Mais uma vez, contrapõe-se à Teoria da Psicanálise na idéia de resgatar os conflitos
traumáticos por meio de regressões ao passado, ou pela busca de lembranças no tempo-passado.
Ao contrário, o Psicodrama traz conflito ao presente e o dramatiza e reelabora, não somente com
a linguagem, a fala, mas considerando-se a expressão corporal, as amarras psicológicas corpóreas
que impedem e bloqueia o livre fluxo da ação assertiva, espontânea na realidade.
No Psicodrama faz-se possível transitar no tempo: presente-passado-futuro, sendo a
Teoria pioneira nas técnicas de “preparação para a vida”, nas quais segundo Moreno (1966, p.05)
“muitos clientes sofriam de neurose de emprego ou neurose de desemprego: que estavam
ansiosos por conseguir um trabalho ou pelo fato de ter uma entrevista com o patrão para pedir
aumento de salário”.
As possibilidades de diálogos com a imaginação por meio das dramatizações, técnicas
psicodramáticas ou jogos dramáticos, de ir ao futuro para a elaboração de medo ou ansiedade no
presente, que marcaram um novo tempo nas Psicoterapias e na Psicopedagogia.
Idem (1966) procurou na dramatização e nos jogos dramáticos expor e atingir o
imaginário do protagonista, faxinando o inconsciente no sentido de libertar o sujeito de conservas
culturais, paradigmas, ações na realidade, formas de se relacionar ultrapassados a si mesmo que
não consegue sozinho visibilizar, entretanto, que lhe bloquearam o estado de espontaneidade e,
mais agravante, que estrangularam a felicidade e suas realizações muitas vezes pessoais e
profissionais.
A dramatização e os jogos dramáticos possibilitam integrar no trabalho clínico e
psicopedagógico expectativas e interesses de forma atemporal, dramatizando ou brincando por
meio dos jogos, com conflitos e frustrações amenizando a ansiedade e tornando mais brando o
processo de amadurecimento, de se lidar com o princípio da realidade, de sabedor de suas
impossibilidades e limitações.
A configuração do espaço também é extremamente relevante no processo terapêutico,
pois aquece o protagonista para vivenciar a cena com o problema que o aflige. Por exemplo, no
consultório psicanalítico o paciente dispõe de divã, sendo esse o seu espaço diante do vasto
espaço vital da sua realidade subjetiva.
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Ao dar voz ao espaço subjetivo, ao imaginário, por meio da representação da cena
dramática, ou de jogos dramáticos, o Psicodrama permite acesso mais diverso ao problema, pois
os conflitos humanos são resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidos por valores
invisíveis, que administram a norma, à moral e à regra, portanto, valores subjetivados e
submersos em valores invisíveis e, por serem normativos, são distantes do desejo.
Também é relevante o conceito de realidade, que é o locus da matriz de identidade da
criança, determinando experiências, comportamentos, valores, padrões de respostas
determinantes na formação da identidade pessoal. Assim, o criador do Psicodrama divide o
conceito de realidade em infra-estrutura, realidade da vida e realidade excedente.
A infra-realidade trata de reducionismo da diversidade de conteúdos, aspectos,
experiências, a realidade que o Psicodrama considera extremamente relevante. Por exemplo,
reduzir o encontro, o contato psicoterapêutico ou psicopedagógico em espécie de entrevista, não
explorando outros aspectos conflitantes que possam acontecer no presente, como acontece com a
prática terapêutica de algumas teorias da Psicologia.
A realidade da vida é o contexto social, refere-se à própria experiência, ao dia a dia, a
realidade que pode ser mudada a partir de simulações na situação terapêutica, a partir das técnicas
psicodramáticas de desenvolvimento de papéis ou mesmo em situações psicopedagógicas, como
o caso dos jogos dramáticos direcionados à Orientação Profissional.
A realidade excedente que representa dimensões invisíveis da vida intra e extra-psíquica,
que não expressas ou mesmo experimentadas como, por exemplo, as percepções distorcidas de
problemas, expectativas de futuro, temores diurnos ou noturnos sem causa aparente, receio de
decepções e também dúvidas nas escolhas profissionais, mas que com os recursos de técnicas
psicodramáticas, como a inversão de papéis e dos jogos dramáticos, faz-se possível a vivência
desses conflitos, a superação deles ou mesmo a visibilidade de solução dos desafios.
Com relação ao quarto universal o cosmo, sabe-se que o Psicodrama está imerso em
paradigmas transformadores, como o probabilístico de Frijof Capra, o da complexidade de Edgar
Morin e outros. Na medida em que realizam os trabalhos terapêuticos e psicopedagógicos em
grupos, também os emancipatórios, interativos e inclusivos.
Para Moreno (1966, p.11) “o homem é um ser cósmico” e interdependente, não
concebendo o sujeito somente como ser social ou socioeconômico, conforme teorizou Karl Marx,
ou individual, como teorizou Freud.
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O sujeito cósmico, interdependente do universo, dotado de centelha divina desde o
nascimento, a energia criadora, mas que no decorrer da vida perde seu potencial criativo e
necessita da espontaneidade para resgatá-la.
É instigante ressaltar a aproximação entre o pensamento de Moreno e do filósofo Gastón
Bachelard com sua poesia cósmica e a doutrina da imaginação criadora, cujo princípio é a
imaginação poética. Para a psicodramatista Silvia Ferraz C. Cardim, do Departamento de
Psicodrama do Instituto Sedes Sapientiae, o palco psicodramático também é cósmico:
O universo Psicodramático guarda seus enigmas e se oferece como um palco cósmico. Em que realidade e irrealidade fazem desprender, como bolhas de sabão, mundos auxiliares, dimensões invisíveis e latentes da realidade da vida não experimentadas ou expressas. Este universo criado e concretizado no palco psicodramático não é um apelo ao ilusionismo, não é uma fuga da realidade, mas justamente o contrário, é um apelo à criatividade do homem e à criatividade inscrita no seio do universo (CARDIM, 2008, p.01).
Há também um paralelismo entre o sujeito cósmico moreniano e a noção de sujeito
moreniano (Compuo ergo sum), ambos inserindo o ser humano na perspectiva planetária, na
complexidade. E, justamente esse sujeito cósmico, universal, dotado de fantástica singularidade
físico-química, possui também outra peculiaridade ou tipicidade: a condição egocêntrica, único
para si e computando para si, um ser computante que se situa no centro do universo, sendo causa
de indignação. Segundo Morin (2005, p.324):
(...) a partir do momento em que ser sujeito é pôr-se no centro do universo, o “eu” torna-se todo para si, sendo quase nada no universo. É esse o drama do sujeito: autotranscender-se espontaneamente, embora não passe de um ácaro microscópio, de uma migalha periférica, de um momento efêmero do universo.
O adolescente na revivescência dos transtornos psíquicos infantis revive imperativamente
o egocentrismo desenfreado citado por Morin (2005) na busca de singularidade. Teoria
psicodramática e as suas intervenções, como as dramatizações e os jogos dramáticos, auxiliam a
Orientação Profissional a nortear o adolescente na realização de escolhas profissionais
satisfatórias, respeitando a “construção da subjetividade, partindo da intersubjetividade ligada ao
vínculo com os pais e com o mundo” (BUSTOS, 2005, p.342).
Em termos gerais, a adolescência é o período da vida em que do ponto de vista cognitivo
ocorrem mudanças e a construção do pensamento hipotético–dedutivo, combinatório,
característico das “operações formais”, podendo tais operações realizar-se sobre hipóteses e não
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mais sobre objetos, e como se sabe “não sendo as hipóteses objetos, mas, proposições” (PIAGET,
2002, p.48).
A dimensão psicodramática também implica etapa em que as transformações físicas e
psicológicas são rápidas, s sendo tais mudanças e os processos de identificações, responsáveis
pela escolha profissional e conseqüente, sucesso ou insucesso profissional.
Esse período de definições de valores e auto-conhecimento, culmina na identidade pessoal
e, após a vivência de novos papéis na identidade profissional. Focando a adolescência na base
psicodramática compreende-se a relevância do desenvolvimento de papéis, dos vínculos
saudáveis, das identificações, o respeito pelas representações históricas e culturais, e a
importância do trabalho em grupo.
Também foca-se as transformações dessa fase do desenvolvimento, pois são processuais e
promovem novas formas de relações com a realidade, surgindo diferentes percepções de mundo,
na qual a identidade infantil não mais atende às interpelações e aos interesses do mundo adulto.
Embasada em Aberastury (1981, p.13):
As mudanças psicológicas que se produzem nesse período, e que são a correlação de mudança corporais, levam a uma nova relação com os pais e com o mundo. Isso só é possível quando se elabora, lenta e dolorosamente, o luto pelo corpo da criança, pela identidade infantil e pela relação com os pais da infância.
É necessária a compreensão do adolescente vivenciando a crise de identidade inerente a
esse período do desenvolvimento, permeado de frustrações, lutos de objetos e comportamentos
infantis, mas que também vivência um diferencial não identificado em outras gerações: por um
lado, a era das incertezas; por outro, a globalização dos modos e dos costumes.
O jovem, nesse período em meio às “crises” e submerso em período de “manifestação
normal da onipotência infantil“ (BOHOSLAVSKY, 2003, p.182), está sendo banalizado em
detrimento da desorientação de seu momento de vida, do mercado oscilante, da oferta de
mercado, da subjetivação na cultura cyber e global que dilui as fronteiras culturais, fragmenta e
desloca as identidades culturais locais, e o processo de identificação. Por isso, estão sendo
considerados sujeitos descentrados.
A situação fica mais agravante e caótica quando se busca legitimar no mercado toyotista
os jovens profissionais espontâneos e criativos, mas toda a automação histórica coibiu a
espontaneidade e o ser criativo, gerando dúvida entre o ousar e o se calar, na tentativa de evitar a
frustração, as interdições e por ser “período de contradições, confuso, ambivalente, doloroso,
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caracterizado por fricções com o meio familiar e social. Este quadro é freqüentemente
confundido com crises e estados patológicos” (ABERASTURY, 1981, p.13).
Essas preocupações tornam-se vitais o Serviço de Orientação Profissional articulado ao
Psicodrama, para auxiliar as escolhas profissionais do jovem de hoje que, ocorrem em meio à
infinidade de cursos, novas especializações, profissionalização e automações, nem sempre
condizentes ou distantes das singularidades locais, de habilidades culturais típicas. Os Jogos
Dramáticos permitem transitar entre as culturas em busca de escolhas mais bem adaptadas na
busca de realização pessoal e profissional.
No que tange à robotização do homem e as conservas culturais, gerando comportamentos
cristalizados, compreende-se que à medida que se dissemina a automação, recua-se o campo das
habilidades humanas predeterminadas.
“Há cinqüenta anos conversar com uma máquina sobre nossa conta bancária parecia coisa
de ficção cientifica; hoje é algo perfeitamente natural” (SENNET, 2007, p.46), causando
indignação o fato da banalização histórica da espontaneidade e atualmente a necessidade dela nos
trabalhadores da economia flexível do mercado toyotista.
Teóricos da Orientação Profissional discorrem sobre o fascínio exercido pelo leque de
opções profissionais atuais, alertando o paradoxo existente nesta questão, havendo ainda mais
diversidade de opções no mercado, se pode ter mais opções de escolha, como também outra fonte
de angústia para o adolescente, no momento em que está tentando se descobrir. O Psicodrama
contribui diretamente nesse processo.
O Psicodrama é fundamental para o trabalho com adolescentes no momento da escolha
profissional, por tratar-se do momento do jovem experimentar, por meio do desempenho dos
diversos papéis profissionais, quais são aqueles em que se sente melhor ou lhe proporciona
satisfação.
Dessa forma, terá condição de exercer-lo com maior segurança. Nos grupos de Orientação
Profissional, os Jogos Dramáticos são instrumentos fundamentais, pois se permite “brincar” com
o papel profissional que existe imaginariamente, interiorizado desde o princípio da escolarização
até a entrada na universidade conforme a autora exemplifica:
A primeira fase é o preparo especifico, quando o jovem assume a escolha do papel de dentista. Denomina-se role–talking, que significa “tomar para si o papel”. A segunda é quando o jovem está apto a iniciar os estágios profissionalizantes, quando ele experimenta o papel propriamente dito. É chamada de role-playing, jogar, vivenciar o
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papel. Geralmente caracteriza-se por uma imitação dos modelos conhecidos. A terceira fase é quando a pessoa já consegue enfrentar e superar as dificuldades da profissão com espontaneidade. Recebe o nome de role-creating, que significa poder criar, inventar, e descobrir situações novas para as situações que enfrenta no desempenho de papéis (LUCCHIARI, 1993, p.20).
Moreno, ao aglutinar genialmente referenciais de diversas áreas do conhecimento, criou
as idéias expostas acima às articulando com o conceito de espontaneidade (núcleo central de sua
teoria), entretanto, ressalta que etimologicamente a palavra é derivada do latim “‘ponte’ significa
de livre vontade”, sendo a espontaneidade a matriz da criatividade.
No entanto, ela tem sido desconstruída ao longo dos tempos, “usa-se com frequência o
termo “espontâneo” para descrever indivíduos cujo controle sobre suas ações está diminuindo”
(MORENO, 1993, p.163); comprometendo a horizontalidade e a temporalidade nas relações
humanas.
É relevante elucidar que há muita confusão nesse terreno pantanoso imbricado no caos
existencial, pois muito se banaliza a espontaneidade vinculando-a mais à emoção e à ação mais
do que ao pensamento e ao repouso, como se ela, enquanto função cerebral, não se expressa por
meio de padrões de comportamento altamente organizados, equilibrados, assertivos no tempo e
espaço, distantes de ações impulsivas, impensadas e insensatas.
A espontaneidade é requisito necessário pela atitude em situações surpresas para a tomada
de decisões rápidas, de assertividade ou respostas adequadas nas novas situações-problema,
flexibilidade e maiores autonomia, sendo tais características competências fundamentais no
mundo do trabalho e, principalmente, para a saúde do trabalhador e do cidadão do século XXI.
Há necessidade dessa atribuição para a saúde humana em todas as esferas da existência e,
principalmente, no mundo das organizações flexíveis, na qual a comunicação, o relacionamento,
a valorização profissional e o sucesso estão articulados ao potencial espontâneo-criativo, seja da
empresa ou do trabalhador.
Respostas adequadas são consideradas espontâneas quando implicam em “senso de
oportunidade, imaginação para intuir o adequado, originalidade de iniciativa diante das
emergências, atribuíveis à responsabilidade de uma função e especial. É uma aptidão plástica de
adaptação”. (MORENO, 1972 apud MARTÍN, 1984, p.138).
A espontaneidade compreende a condição de agir com liberdade, que não se alcança pelo
ato de vontade ou desconstrução de costumes e valores dispensáveis ao mundo de trabalho atual,
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mas sua ação opera como “catalisador psicológico”, ou seja, na base moreniana o ser humano não
é dotado de reservatório de espontaneidade, mas espera-se que ele apresente emoções,
pensamentos e ações apropriadas ao momento, denominadas adequadas para a realidade.
Territorializar a espontaneidade é desterritorializar a automação, o disciplinamento dos
corpos no sentido Foucaultiano, toda a linearidade histórica mapeada pelas conservas culturais e
pela máquina fazendo com que a habilidade de respostas adequadas para situação nova ou
resposta nova para situação antiga, isto é, a capacidade humana, de modos de agir diante do novo
e da surpresa, fique distante do próprio homem. Essa temática será mais bem apresentada logo
abaixo polemizando a corporalidade no processo de educação articulado a saúde.
Desterritorializar a automação significa transformar as conservas culturais que
personificam a ação dos processos espontâneos, pois as conservas são produtos acabados, foram
imaginadas e construídas em determinado período histórico e suprimiu a espontaneidade de si
mesma e, resgatá-la, é reinventar. As conservas culturais segundo Marineau (1992, p.166):
(...) produto acabado de um esforço criativo. Por exemplo: um livro, uma peça de teatro, uma sinfonia. Moreno dedicou grande esforço em livrar-se das conservas culturais, especialmente no campo do Teatro. Via as conservas culturais como barreiras para a criatividade, e esperava substituí-las por novas e espontâneas formas de comportamento.
Para escrevê-los foi necessária a ação da espontaneidade no autor. No entanto, trata-se de
paradoxo na medida em que a herança cultural de um povo foi construída de componentes
espontâneos que se cristalizam em “obras acabadas” ou instrumentos. Entretanto, considerando-
se que para haver desenvolvimento são necessárias transformações, dissipações desequilíbrios,
pois as heranças culturais modificam-se com o passar dos anos.
As “obras acabadas” ou instrumentos personificados pelos produtos de consumo
representam a cultura consumista, a conserva cultural e tornou-se a expressão de um ser que tem
montante limitado de espontaneidade sob seu controle, já que toda automação histórica da
modernidade, da idade moderna e, orientada por um sistema trabalhista e de relações humanas
remanescente do Fordismo, bloqueadores do complexo espontâneo-criativo.
Vários pesquisadores, seguidores ou não do Psicodrama, são coniventes à necessidade do
resgate da habilidade humana: a espontaneidade, um dos bens mais preciosos do futuro do
planeta, da sociedade da informação, visto que conforme cita Moreno (1993, p.159):
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Mas quanto mais se desenvolveram as conservas culturais, quanto mais amplamente se distribuíram, quanto maior se tornou a sua influencia e quanto maior atenção se dedicou ao seu acabamento e aperfeiçoamento, mais raramente as pessoas sentiram a necessidade da inspiração momentânea. Assim, os componentes espontâneos das próprias conservas culturais enfraqueceram e o desenvolvimento da conserva cultural, embora ela devesse seu próprio nascimento à ação de processos espontâneos.
No que se refere as “obras acabadas” ou instrumentos de mediação humana presentes na
cultura local ou global, melhor elucida o significado das conservas culturais articuladas à
espontaneidade, a definição de ambas enquanto caminham juntas, interdependentes.
Na teoria moreniana, a concepção de espontaneidade engloba criatividade e inventividade
operando não só na dimensão das palavras, mas em todas as outras dimensões de expressões
corpóreas, como atuação, interação, fala, dança, canto, desenho e todas as expressões da ação e
do pensamento, em que as relações horizontais e os jogos dramáticos em campo relaxado
auxiliam a sua retomada, em que toda ação na realidade perpassa o corpo.
A corporeidade em sua plenitude é saúde, porém, a corporeidade vigiada e punida perde
sua tipicidade, deixa de colaborar com a autoconstrução e a auto-estima, privilegiando a (des)
valorização humana, além de comprometê-la, pois todo sistema de ação está construído a partir
da corporeidade. Porém, na sociedade cibernética a condição humana parece ter sido submetida à
máquina que segundo Arendt (1983, p.159) “já não é o movimento do corpo que determina o
movimento do utensílio, mas sim o movimento da máquina que impõe os movimentos ao corpo”.
Inicialmente o sujeito relaciona-se com o mundo e passa a atribuir-lhe significado a partir
de sua experiência corporal, pois ao expressar-se oferece sentido a realidade da vida, com a
relação e o diálogo, as vivências e aprendizados delas decorrentes, que se chega a maturidade,
ampliando a consciência de si e aceitando as adversidades.
Michel Foulcault alude ao corpo enquanto dotado da arquitetura de vigilância, na qual “a
disciplina é uma técnica de poder que implica uma vigilância perpétua e constante dos
indivíduos” (FOUCAULT, 1993, p.106) que, reprimido ao longo da história, ocasionou o
disciplinamento dos corpos, moldados pelo trabalho alienante, perdendo a espontaneidade.
Toda a linguagem ao longo da existência é registrada pela memória corporal, assim como
o gesto e, a atitude postural, a expressão fisionômica e toda ação tem uma história:
Assim, se a memória corporal não for alimentada desde que a criança nasce, até a velhice, não estaremos favorecendo a formação completa do homem, e sim o aparecimento de seres “robotizados” em nossa cultura. A ampliação da bagagem de
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gestos, ações, fisionomias, é muito importante, tornando mais rico nosso relacionamento com o mundo e com os outros (ARANTES, 1977, p.31).
Há no desenvolvimento de uma pessoa momentos originais a partir das experiências
corporais, verdadeiramente criadores e decisivos, não necessariamente em todas as experiências
da existência, mas de tempos em tempos surgem momentos que se convertem em locus nascendi,
os quais lançam a pessoa numa nova trilha de experiência, na linguagem psicodramática, em
novos papéis.
Mas contraditoriamente, quanto mais se desenvolvem as conservas culturais fabricadas
pelo homem, quanto mais tais conservas se distribuem em obras acabadas, em invenção
tecnológica, em trabalho de arte e instrumentos mediadores da cultura humana, mais raramente as
pessoas sentem necessidade da inspiração momentânea, de criar, porque supostamente está tudo
tão pronto que não se precisa transformar ou reconstruir.
Adentrando no enfoque psicodramático, enquanto a conserva cultural é categoria
tranquilizadora, a espontaneidade é inovadora, inédita, uma função cerebral, por atender a
categoria do momento, ao aqui-agora, é transformadora, revolucionária, valorizando a
democracia, a autonomia, às mudanças paradigmáticas e globais; e a função que garante
adequação ao novo modelo de mercado, de relações horizontalizadas.
Fox (2002) foca a crença da característica humana de capacidade ilimitada para a ação
espontânea e criativa e, principalmente, pontua a orientação sistêmica do Psicodrama evidenciada
neste fragmento:
Como tal, sua perspectiva é otimista. Entretanto, a espontaneidade é bloqueada pelos desequilíbrios emocionais que decorrem do próprio viver no mundo, a menos que experimentemos uma catarse ativa, que libere as “emoções e sentimentos puros e verdadeiros”. Em muitos casos há outra pessoa envolvida, quando então, para atingir o núcleo do problema, “ambas as pessoas são necessárias e devem ser reunidas para uma situação que é crucial para elas”. Temos aqui uma expressão pioneira da orientação sistêmica em psicoterapia (IDEM, 2002, p.81).
Tais idéias a respeito da espontaneidade e de sua relevância para a sociedade e o mundo
do trabalho permitem a visibilidade da relevância do Serviço de Orientação Profissional,
embasado na Teoria do Psicodrama, aos jovens alunos do Ensino Médio, por meio do
Treinamento de Professores das Escolas do Ensino Médio.
Ao abordar informações e dúvidas quanto às profissões, ameniza-se a angústia dos jovens
e possibilita-se contato direto com os jogos dramáticos, como também se potencializa a inserção
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do fator “surpresa” e assertivo; a espontaneidade, solicitada pelo modelo de mercado atual,
baseado em relações sociais horizontais, de produção, exige profissionais que saibam apreender,
que estejam abertos ao novo, que sejam capazes de pensar o seu próprio fazer e que o façam de
forma coletiva, em equipes.
O mercado toyotista também se beneficia com a ação psicodramática, pois se espera do
trabalhador “polivalente” decisões inéditas, perfis flexíveis, de iniciativa, agindo com
espontaneidade diante de situação nova, não compactuando com “os modelos precedentes,
fundados na segurança, na estabilidade, e na regularidade” (LEVENFUS, 2005, p.66),
influenciado pelo verticalismo não comprometido, com a promoção de maior autonomia e com o
gerenciamento de mudanças.
A espontaneidade, além de representar aspecto central da Teoria do Psicodrama, é a
disponibilidade do ser humano para o ato criador, sendo responsável pela não cristalização dos
hábitos e dos costumes em “obras acabadas”. Esse assunto polêmico, nunca explorado
anteriormente por outra teoria de conhecimento, compreende-se a inabilidade ou escassa
habilidade humana de lidar com situações novas:
O sentido de espontaneidade, enquanto função cerebral mostra um desenvolvimento mais rudimentar que qualquer outra importante função fundamental do sistema nervoso central. Isto poderá explicar a surpreendente inferioridade dos homens quando confrontados por táticas surpresas (MORENO, 1993, p.97).
Pensá-la, porém, com o cuidado epistemológico de não cair no modismo da desconstrução
contínua tem se tornado desafio, mas se trata de trabalho fundamental para a atual Orientação
Profissional de referencial psicodramático, no qual por meio dos jogos dramáticos, oportuniza-se
a intervenção junto aos jovens em campo relaxado, resgatando a espontaneidade.
Todos esses conhecimentos fundamentados e citados revestem-se de significados no
Psicodrama, quando se compreende a espontaneidade como “salvadora” da singularidade humana
e promotora da saúde, a revolução criadora:
A maior, mais longa, mais difícil e mais singular das guerras empreendidas pelo homem durante sua trajetória fez soar seu chamado. Não tem pré-cedente nem paralelo na história do universo. Não é uma guerra contra a natureza nem uma guerra contra os animais, nem de uma raça humana, estado ou nação. Tampouco é uma guerra de classe social contra outra classe social. È uma guerra do homem contra fantasmas, os fantasmas a que, não sem razão, se chamaram os maiores construtores de conforto, da civilização. São eles a máquina, a conserva cultural, o robô (MORENO, 1993, p.94).
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A esse respeito também é relevante a compreensão do papel da espontaneidade e da
criatividade nas estruturações cognitivas, porque ela permeia as ações humanas, o
desenvolvimento da inteligência, sendo considerada a mais elevada forma de inteligência, de
significativa relevância para a personalidade humana, nos quais os jogos dramáticos podem
resgatá-la e desenvolvê-la, auxiliando a Orientação Profissional e a Educação como um todo.
As intervenções com os jogos dramáticos desenvolvem potencial espontâneo remetendo à
valorização jamais vista em outros períodos históricos, pois o mundo das transformações da era
atual, diferentemente das antigas sociedades e formas de representações nas quais as valorizações
são baseadas no desenvolvimento socioeconômico, nas necessidades sociais e na demanda da
produção. Com as transformações dos valores, dos costumes, e da informatização, solicita-se da
mente humana e da cognição, soluções rápidas e assertivas: a espontaneidade.
Na base teórica de La Torre (2005), pesquisador da Universidade de Barcelona e
catedrático em Inovações Educativas, a sociedade agrária (biosfera) com a riqueza e os bens
conquistados por meio da terra, nas matérias vivas e orgânicas, passa à sociedade industrial e
tecnológica (litosfera) os bens transferidos para a comunicação tecnológica, a matéria-prima, a
maquinaria e os produtos. Hoje em dia estamos à busca de bens e de riqueza em nova onda, a
noosfera, isto é, na mente humana, no poder de informação de um povo.
Há sempre o que informa e a serviço de quem, por isso, atualmente quem tem mais poder
de comunicação ou de telecomunicação digital tem mais acesso ao capital. Haja vista a relevância
e a valorização do marketing empresarial, pois nesse meio necessita-se de espontaneidade e de
criatividade.
O Psicodrama tem instrumento dos jogos dramáticos e também dos Testes psicométricos,
utilizados nos contextos clínicos e nos psicopedagógicos, para desenvolver ou potencializar a
espontaneidade no adolescente, pois os encontros grupais em contextos relaxados possibilitam
relações horizontais autênticas, requisitos solicitados e valorizados na nova organização do
trabalho flexível.
Diante dessas conceitualizações, como nem tudo ou quase nada no mundo do trabalho são
“luzes sob o sol”, a espontaneidade passa a ser requisito fundamental para o sucesso do
trabalhador e das organizações flexíveis, pois as pessoas que a desenvolvem atendem a
horizontalidade do mercado toyotista, ao mesmo tempo em que propiciam mais lucros às
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empresas, que por sua vez sabe-se que as mais criativas atingem melhor o mercado e tem
lucrabilidade garantida.
Por outro lado, pessoas ou trabalhadores espontâneos-criativos são socializados,
solidários, e uma vez que isso ocorra, essas funções também promovem bens sociais. No âmbito
da saúde humana, o trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, faz do trabalhador o
acompanhante da máquina, como solicitavam as organizações do passado, comprometendo sua
saúde, desde que em conivência às idéias da autora “saúde é resistir à fadiga” (MOTTA, 2005,
p.118). Melhor resiste quem é espontâneo, e nessa (des) ordem, como não ser conivente à idéia
de Moreno de auxiliar o próximo a ser espontâneo, intervindo, por meio dos jogos dramáticos, na
“trama” do adolescente, nessa “era da incerteza”.
Compreender esse amplo panorama significa compartilhar com a idéia do compromisso
de uma nação com a valorização de atitudes espontâneas, seja na educação, na saúde, no trabalho,
nos meios de comunicação e no modo de pensar a vida de um povo, pois como se identifica nos
meios de comunicação multimídia, nunca houve tanta valorização do novo, do inesperado, do
complexo espontâneo-criativo, e tanta lucrabilidade nesse meio empresarial.
Não há políticas públicas atuando na questão da Orientação Profissional, nesse sentido,
pensa-se ser preciso fazer mais do que já se faz. É preciso, do ponto de vista educacional, que os
Profissionais da Educação tenham como meta a visão educativa voltada à compreensão da
necessidade de educação espontânea, emancipatória, socializadora, podendo-a resultar da
intervenção do Psicodrama.
Em feixe a essas idéias, as hiper-potências econômicas têm como pupilas a riqueza de
bens que a espontaneidade lhes promove, por meio de seus trabalhadores quando esses se
expressam espontâneos-criativos, e inovam as informações conforme se pode constatar nas
propagandas multimídias, nas páginas da NET (internet), oferecendo uma comunicação que se
modifica a cada dia para atingir melhor o internauta ou, no caso da mídia televisiva, o
telespectador .
No entanto, em troca, os países dependentes menos providos de informação e das
transformações globais, menos escolarizados, ficam excluídos desse processo. Nessa ótica
identifica-se a relevância do desenvolvimento prospectivo da espontaneidade/criatividade
enquanto salutar para o mundo biotecnológico do trabalho e para a saúde humana, pois a
51
submissão socioeconômica de um país gera nova forma de escravidão, mais sutil e dolorosa, nos
povos e nações:
É a nova forma de escravidão do futuro, mas que está funcionando nos países do Terceiro Mundo e da Ibero-América. Um povo cujas novas gerações possuam iniciativa e criatividade e encontrem apoio em seu país para desenvolver seus projetos, dificilmente cairá na escravidão. Simplesmente porque a criatividade fará críticos os seus cidadãos perante qualquer tipo de submissão (LA TORRE, 2005, p.34).
Esse mapeamento sociopolítico mobiliza sentimento de impotência, todavia, a não
intervenção pela educação rumo ao resgate da espontaneidade/criatividade pode ser considerado
crime moral, se acaso a moralidade crítica ainda constituir-se atributo positivo nesses novos
tempos, em que a indignação e perplexidade têm gerado imobilidade, uma babélica quietude
diante da corrupção, sendo o Psicodrama na Orientação Profissional imbricado no Ensino Médio
uma voz em meio ao silêncio dissimulado de aparente imobilidade social.
Há necessidade de formação de sujeitos espontâneos, criativos, já que o mercado flexível
solicita-o com urgência para sua lucrabilidade, e polemizando tais assuntos à dependência
econômica, à escravidão intelectual e moral que estão submetidos os países que não investirem
no complexo espontaneidade-criatividade, imbricados em reformas educacionais amplas
modificando os sistemas educacionais, estarão condenados à subserviência, prejudicados em seu
desenvolvimento, pois vive-se o reino da sociedade cíber ( da informação) tendo a criatividade
como sinônimo de felicidade, sucesso e lucrabilidade.
Essas reformas articuladas ao Psicodrama entrelaçam-se, pois por meio das intervenções
dos jogos dramáticos e da Sociometria, faz-se possível desenvolver o potencial espontâneo-
criativo. Essa (re) inscrição da educação no mundo vivido, advinda de práticas educativas
utilitárias, com políticas públicas de incentivo à Orientação Profissional, embasada na Teoria do
Psicodrama, nas Universidades públicas brasileiras.
Direcionando às temáticas do próximo capítulo, na tentativa de promover bem o (des)
conforto que a questão suscita, sob o ponto de vista psicológico, o processo de escolha
profissional está imerso nas identificações construídas sócio-culturalmente e identifica-se em
Bohoslavsky (2003) a compreensão de que há um sujeito, um “quem” que se relaciona com os
outros, sendo esse “quem” um sujeito histórico no qual o comportamento de trabalho está imerso
em um “quando” e “onde”.
52
Nessa base, o momento da escolha de ocupação ou de estudos é o momento em que o
adolescente deve elaborar, antecipadamente, esse comportamento, um momento de ensaio
antecipado para aliviar a angústia e a ansiedade até a inserção no mundo adulto, mas contribui
prospectivamente à ocupação profissional, bem como à realização profissional, na qual a
Orientação Profissional, na abordagem psicodramática, tem papel fundamental a desempenhar na
sociedade.
Concluindo, sob o prisma sociológico, o próprio processo de identificação estruturante da
personalidade, que é histórico e cultural, tornou-se provisório, variável e problemático. Mais uma
vez pode-se imaginar a relevância do Psicodrama na Orientação Profissional, em que a
multimídia posta a diluição das fronteiras e outros fenômenos decorrentes da globalização, está
subjetivando um sujeito desprovido de identidade fixa, permanente, e conforme cita Hall (1999,
pp. 12-13) “a identidade tornou-se uma celebração móvel”.
Nessa plataforma, por meio de seus jogos dramáticos o Psicodrama oferece respostas ao
mundo das organizações flexíveis que requer profissionais competentes, como também
treinamento aos professores que minimizam a angústia e a ansiedade desse período do
desenvolvimento humano, em que conforme se adentra ao caos percebe-se a adolescência
imbricada nas diferenças sociais, na qual, mais uma vez na história, excluem-se os de parco
acesso à mídia globalizante, tornando ainda menos estéticos os novos horizontes, temáticas
expostas nesse próximo capítulo.
53
CAPÍTULO 2
IDENTIDADE, DIFERENÇAS E EXCLUSÃO: CONEXÕES COM
A EDUCAÇÃO E A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Mas o que acontecerá com a identidade de cada ser? O que acontecerá com a identidade humana com os transplantes de tecido nervoso ou com a implantação de circuitos eletrônicos ou neurais artificiais? Quanto se pode mudar o corpo humano e ainda conservar a identidade humana particular? A identidade de qualquer entidade é relacional e, como tal, sistêmica (MATURANA e REZEPKA, 2003, p.83).
Esse capítulo percorre diversos platôs em busca dos conhecimentos: Identidade, Diferenças
e Exclusão. Dentre eles a Psicologia, a Filosofia, a História, a Sociologia, a Antropologia e a
Educação, pois o processo de formação da Identidade, é complexo, “a subjetividade coletiva não
é resultante de uma somatória de subjetividades individuais. O processo de singularização da
subjetividade se faz emprestando, associando, aglomerando dimensões de diferentes espécies”
(GUATTARI e ROLNIK, 2002, p.37).
Trata-se da compreensão a respeito da relevância da formação da identidade no mundo
globalizado, de uma realidade de aspectos culturais locais, subjetivando identidades de jovens, de
pouco contato com a mídia globalizante, indecisos nas escolhas profissionais e, principalmente,
por suas dúvidas e incertezas e medos, tolherem o complexo espontâneo, tornando indispensável
sua problematização.
Foi teorizada na perspectiva fenomenológica e do existencialismo, considerando-a como
valor metafísico, religioso, moral e político, sendo o tema preferido de algumas filosofias
modernas e contemporâneas
Em especial, Kierkegaard afirmava o valor existencial do ser singular tratando-o como
Jasper, dotado de “caráter excepcional” , idéias originadas e coniventes às que articulam esse
trabalho, sendo fenomenológicas e existenciais, humanistas, nas quais também incluí-se o platô
de Guattari e Rolnik que tangencia a singularização, à importância política de tais processos,
entre os quais situam os movimentos sociais, as minorias, menos ou não consumidora da mídia
posta:
54
O termo singularizarão é usado para designar os processos disruptores no campo da produção do desejo: trata-se dos movimentos de protesto do inconsciente, contra a subjetividade capitalística, através da afirmação de outras maneiras de ser, outras sensibilidades, outras percepções, etc (GUATTARI e ROLNIK, 2000, p.45).
Há contribuições teóricas valiosas de Félix Guattari e Suely Rolnik no estudo da
micropolítica do poder capitalista e de seus efeitos nas singularidades, o conhecimento da
formação da identidade e os mecanismos excludentes atuais, como também de outros teóricos,
por exemplo Santos (1999) que foca a Identidade, a Diferença e a Exclusão como elementos
básicos para a compreensão do que é ser cidadão atualmente, pois são fundamentais às
percepções das reais possibilidades do cidadão do terceiro milênio e de suas limitações diante das
diferenças econômicas, sociais e culturais.
As identidades são formadas a partir de representações, incluindo práticas de significações
e os sistemas simbólicos nos quais os significados são formados, posicionando o sujeito frente ao
mundo e declarando as diferenças: de gênero, étnicas, socioculturais, religiosas e outras.
Tais diferenças excluem ou marginalizam as pessoas que não têm acesso aos produtos da
microeletrônica de ponta, padrão multimídia gerado por interesses econômicos das
superpotências, de economia digital e flexível. A exclusão, sob o prisma da singularização,
frustra os mecanismos de interiorização dos valores capitalísticos, em que se focaliza o produto e
não o SER, se desvaloriza o criador em prol da criatura.
Os (des)valores gerados pela ótica dos incluídos torna a visibilidade turva, para não dizer
inexistente, para quem está dentro do turbilhão de mecanismos excludentes emerge o sentimento
de impotência, de isolamento, de intensa frustração, esses sentimentos de desvalia junto à idéia
generalizada de que a pobreza anda a “par da marginalidade” de acordo com Santos (1999),
colaboram com a identidade desvitalizada no sujeito.
A desvitalização e o decorrente sentimento de desvalia suscitam outro sentimento, de
insucesso, de mediocridade, que estabelece a regressão, a insatisfação pessoal e profissional,
promovendo a incompetência e comprometendo a saúde humana.
Focada na perspectiva antropológica evidenciada por suas origens no estigma e
significando marca ou impressão, a exclusão, de acordo Goffman (1998), tem sido utilizada como
indicativo de degenerescência, por exemplo, os estigmas do mal, da loucura, da doença, desde a
Grécia antiga.
55
Para os gregos, os sinais do estigmatizado eram feitos no corpo com cortes ou fogo,
indicando tratar-se de escravo, criminoso ou ainda, traidor. Indicavam-se pessoas a serem
evitadas em lugares públicos. Atualmente, são pertencentes à ordem dos banidos sociais — os
excepcionais, os delinqüentes, as prostitutas, ciganos, maloqueiros, mendigos — todos os que não
compactuam, por condição biológica ou escolha, com os parâmetros da “normalidade”
consagrando-se: Excluído ou Estigmatizado.
Por meio das informações apresentadas pelo autor, compreendem-se impressões
associadas à degradação humana metaforizando ao longo da história, meio usado pela sociedade
para categorizar a massa humana sempre sinalizando o estigmatizado seja como representante
“divino” ou excluído social, um marginalizado e, nos dias atuais, menos valorizados que o
produto, que a criatura.
O marginalizado também vive à margem da sociedade, por opção ou imposição. O ponto
de vista socioantropológico, a estigmatização ou a exclusão, ocorre com as não-superpotências e,
hoje se apresenta mais cruel. Santos (2006) esclarece o processo de exclusão articulando à
diferença, informando que a pobreza decorre da dívida social:
Os pobres, isto é, aqueles que são o objeto da dívida social foram já incluídos, e depois marginalizados, e acabam por ser o que hoje são, isto é, excluídos. Essa exclusão atual, com a produção de dívidas sociais, obedece a um processo racional, uma racionalidade sem razão, mas que comanda as ações hegemônicas e arrasta as demais ações. Os excluídos são frutos dessa racionalidade. Por aí se vê que a questão capital é o entendimento de nosso tempo, sem o qual será impossível construir o discurso da liberação. (SANTOS, 2006, pp. 73-74)
Essas implicações articulam-se à questão da competência humana, percorrendo a
epistemologia e culminando no desenvolvimento moral. Nesse sentido, a teoria Piagetiana do
desenvolvimento cognitivo e a Teoria Kohlbergiana do desenvolvimento moral, da ética, segundo
Habermas (2003, pp.49-50) “ambas visam à explicação de competências, definidas como
capacidades de resolver determinadas classes de problemas empírico-analíticos ou morais-
práticos”.
Na medida em que as aptidões construídas ao longo da história do sujeito são combinadas
às atividades profissionais questiona-se a possibilidade ou não do desempenho competente na
profissão, e se há condições desiguais do desenvolvimento cognitivo, se há desiguais
oportunidades de inserções no mercado de trabalho e, principalmente, se há competência diante
56
de escolhas de profissões baseadas no valor econômico desarticuladas de escolhas embasadas nas
habilidades culturais e na satisfação pessoal e profissional.
Trata-se de paradoxo problematizar essa questão de competências para a vida, desde que
“Aprender para a vida” é a filosofia básica da reforma do ensino que o Ministério da Educação e
Cultura (MEC) tem implantado, mas não contempla a Orientação Profissional em seu currículo
escolar, ou uma formação de acordo com a cultura local, com a valorização das aptidões
construídas socioculturalmente. No entanto, sabe-se a respeito da identidade e da diferença que
“estão associadas a sistemas de representação” (SILVA, 2007, p.89) portanto, significadas
socioculturalmente.
A reforma respeitando a cultura e obviamente às diferenças começou com a aprovação da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1996, todavia, há desesperança de condições
igualitárias promovidas pelas tecnologias e pela globalização, assim como a Lei não cumpre o
papel de sanar defasagens socioculturais e, adentrando ao pântano, o discurso dissociado ecoa.
De um lado, a promessa de condições igualitárias para pertencer ao mercado, ao desempenho das
competências do trabalho e ao outro, a distância entre as próprias competências.
Problematizar essa temática implica focalizar o jovem que realiza escolhas profissionais
em certo momento do desenvolvimento humano denominado adolescência, independente da
condição socioeconômica, da condição de diferente ou excluído, mas que está organizando sua
identidade diante de crise sistêmica e, vivenciando o momento de crise da adolescência, crise de
síntese.
Essas crises são vivenciadas com intensa angústia, geram transformação das
identificações subjetivadas histórico-culturalmente e, acrescentam-se transformações biológicas,
psicológicas e sociais que dependem inevitavelmente de critérios sociais e culturais, com duração
dependente da cultura, pois cada povo tem própria forma de ser adolescente. No entanto,
programas sociais estão defasados ou mesmo a atenção e o zelo a esse período do
desenvolvimento e o apoio na realização de escolhas distantes da formação, da motivação, pois
há décadas não existe o eixo teórico Orientação Profissional.
Ao relevar os aspectos culturais no desenvolvimento psicológico, Erik Erikson,
psicanalista e um dos pesquisadores mais conceituados na temática do desenvolvimento humano,
denomina Ciclo Vital, a epigênese da identidade, focalizando a adolescência em período de
aquisição de Identidade versus Confusão de Identidade dimensionando o exposto abaixo:
57
À medida que os processos tecnológicos ampliam cada vez mais o intervalo de tempo entre o começo da vida escolar e o acesso final do jovem ao trabalho especializado, a fase da adolescência torna-se um período ainda mais acentuado e consciente; e como sempre aconteceu em algumas culturas em certos períodos, passou a ser um modo de vida entre a infância e a idade adulta. (ERIKSON, 1976, p.128)
Para o autor, o final da infância parece ser a terceira e mais tediosa crise, denominada por
ele de globalidade, no qual os jovens devem tornar-se pessoas inteiras, pois passam pela fase de
desenvolvimento caracterizada pela diversidade de mudanças no crescimento físico, no
amadurecimento sexual e na consciência social, experimentando e vivenciando situações do
cotidiano junto à percepção e expectativa dos outros. Isso poderá colaborar para o futuro, de
escolhas mais assertivas e de competência profissional.
O adolescente que se desenvolve em matriz saudável naturalmente estruturará sua
subjetividade e identidade adulta, valorizando o aspecto criativo do SER. Os pais são os
primeiros mediadores da relação de Ser o ideal à relação de Ter o ideal, preparando-o rumo à
construção da subjetividade que será conclusiva no final da adolescência.
Dimensionada em paradigmas, signos e símbolos, para a Psicanálise e para o Psicodrama
no processo de vir-a-ser, a subjetividade compõe-se também do narcisismo:
(...) é a representação do ego, a premência do papel subjetivo, que na infância é ajeitado co a construção do pensamento abstrato e começa ater a consciência da subjetividade por meio da reflexão d si mesmo. A medida que a subjetividade evolui no processo de maturação, pode distanciar-se e assim atender, ás suas necessidades, deixando de ser ideal para passara ter um ideal, e a subjetividade pode ser confirmada. (BUSTOS, 2005, p.344)
A respeito das identificações, as primárias cedem lugar às secundárias e, em geral, as
secundárias são estruturadas a partir das imagens de ídolos, díspares das primeiras identificações
parentais, causando transtornos focando-se o seguinte:
A identidade inclui (mas é mais do que) a soma de todas as identificações sucessivas desses primeiros anos, quando a criança queria ser como as pessoas de que dependia, e freqüentemente era forçada a sê-lo. A identidade é um produto singular que enfrenta agora uma crise a ser exclusivamente resolvida em novas identificações com os companheiros da mesma idade e com figuras lideres fora da família. (ERICKSON, 1976, pp. 86-87)
Para o Psicodrama, no processo de vir-a-ser, ou na formação da Identidade, espera-se que
a onipotência juvenil dê lugar à impotência, ao sujeito sabedor de suas limitações na sociedade
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que não pode tudo e está submerso em redes sociais e que dê suas articulações nelas; de seus
movimentos dependem o desenvolvimento ou a estagnação de seus papéis, sendo indispensável a
capacidade do jovem de inversão de papéis, porque a troca de papéis e o confronto nos vínculos,
são condições indispensáveis para se tornar um adulto saudável.
Acrescenta-se a concepção de Erik Erickson às idéias de Gutierra (2003) por realizarem
paralelos entre a psicanálise e a corporeidade, que foca a cultura atual como valorizadora da
autonomia, da independência e da liberdade, mas que promove como ideal, como ícone, aquele
que transgride fazendo exceção à regra. E, a adolescência caracteriza-se como modelo estético de
modernidade, como ressalta a autora nessa narração:
O ideal é ter o corpo jovem e fazer inúmeras plásticas para mantê-lo, além de realizar tudo que ao adulto é proibido. A adolescência, então, carrega em si a obrigatoriedade de realização do ideal recalcado pelo adulto, ou seja, o ideal de autonomia, de liberdade e de ausência de regras. (GUTIERA, 2003, p.26)
Historicamente, o culto à estética adolescente nunca existiu, a idade média foi uma época
sem adolescência, ou que adolescência foi confundida com a infância, principalmente nas classes
populares. Segundo Ariès (1981) as crianças misturavam-se com os adultos quando eram
consideradas capazes de dispensar ajuda das mães e das amas, já com aproximadamente sete anos
de idade e ingressavam imediatamente na grande comunidade dos adultos, participando com seus
amigos jovens ou velhos dos trabalhos e dos jogos cotidianos.
É curioso constatar que a infância não era limitada pela puberdade, mas pelo fim da
dependência, mas pode-se indagar se do ponto de vista psicológico ocorria efetivamente a
independência, ou se a interdição da responsabilidade era atribuída mais precocemente. Fato que
o período não-dependente denominava-se juventude, o que não é sinônimo do que atualmente
chamamos de adolescência, pois se tratava de pessoas que apesar da pouca idade já exerciam
funções sociais definidas, com cobranças do mundo adulto, hoje em dia considerado trabalho
escravo pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
A respeito das identificações, na busca de identidade nova os adolescentes esforçam-se
para se definirem e redefinem, a si mesmos e uns aos outros, e na comparação dos valores,
hábitos, costumes e identificações, eles mesmos se definem, conforme Erikson (1976) em meio a
um sentimento de confusão dos papéis, em que apresenta dificuldade de sintetizar, questiona e
contraponteia as suas alternativas sexuais, étnicas, ocupacionais e tipológicas e a sociedade tem a
59
função de orientar e limitar as opções individuais. “As sociedades da modernidade tardia são
caracterizadas pela diferença; elas são atravessadas por diferentes divisões e antagonismos sociais
que produzem uma variedade de diferentes “posições de sujeito” isto é, identidades para os
indivíduos”. (HALL, 1999, p.17)
A globalização tem promovido um fenômeno jamais visto em outro momento histórico,
com o acesso do jovem às outras culturas sem sair de casa, produz kits de perfil padrão,
personalidades padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, para serem consumidos
pelas subjetividades, independente do contexto geográfico, nacional, cultural e local. Por vezes,
esses padrões são produzidos pela mídia que atende aos desejos financeiros do mercado
dominante, eliminando os padrões socioculturais locais, destruindo raízes e massificando as
identidades.
A massificação ocorre padronizando, homogeneizando e robotizando, também roubando a
poesia, a arte, a estética e distanciando o sujeito da essência humana criadora. Diante deste
panorama, segundo Santos (2006), há mercado global apresentado como capaz de homogeneizar
o planeta, (des) norteado pelas políticas internacionais, mas que esta aprofundando as diferenças
locais e, ao que parece, uma “luz” no fim do túnel advém conforme a compreensão de Amaral
(2009)2 “quanto mais global nos tornamos, mais local ficamos”.
Compreende-se também por meio do leque teórico da pesquisa, uma busca de
uniformidade ao serviço dos “atores” hegemônicos que faz com que o mundo se torne menos
unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Por outro
lado, o culto ao consumo é estimulado como se um mundo mais belo e estético assim fosse e não
as relações humanas horizontais.
Tais leituras esclarecem uma cultura de consumo baseada no princípio de uma aldeia
global na qual as identidades locais desintegram-se cedendo o espaço às identidades globalizadas,
flexíveis e mutantes, ao sabor dos movimentos do mercado com igual velocidade. Se o sujeito
não se enquadrar, é considerado diferente. Ao ser pobre e diferente, ele se torna marginalizado, já
que a pobreza com base em Santos (1999) caminha de mãos dadas com a marginalidade.
A globalização tem o papel de centralizar a flexibilidade do mercado, significando a
abertura para o novo, tais como novos produtos, novas tecnologias, novos paradigmas, novos
2 Discurso defendido enquanto Membro da Banca de Defesa dessa tese de doutorado na Faculdade de Educação da Unicamp na data de 13 de julho de 2009.
60
hábitos. Entretanto, como vivem aqueles que não têm acesso a esse “novo”, ao mínimo
necessário para a sobrevivência, e têm de aderir ao modelo de mercado para a escolha de
profissões muitas vezes distantes de sua cultura?
Os acessos ao mercado de trabalho e às escolhas profissionais estão ocorrendo em
condição desigual. Assim como é desigual a valorização dirigida aos de pouco acessos à mídia
globalizada, em geral estudantes de escolas populares, no mínimo, uma concorrência ao mercado
de trabalho desleal.
Nos novos arranjos das organizações flexíveis, porém, há que se ter um elemento de
ordem psicológica crucial: a motivação. As organizações de sucesso são compostas pelos que
fazem o que gostam e o que querem não o contrário; as organizações estão baseadas não mais
nas exigências dos cargos, mas nas aspirações dos componentes, em identidades que aglutinam
expectativas (o que realmente quer da vida) com capacidades (o que se sabe fazer bem). Esse
processo inicia-se por meio do autoconhecimento.
Considerando-se a educação e a formação humana indissociáveis, a questão da identidade
cultural de que fazem parte: “identidade individual e a classe dos educandos, cujo respeito é
absolutamente fundamental na prática educativa progressista, é problema que não pode ser
desprezado” (FREIRE, 1998, p.46). Atualmente em meio à revolução paradigmática inclusiva, na
qual vêm sendo desrespeitadas as diferenças, há legitimação da exclusão nas estruturas sócio-
econômicas e contextos educacionais.
Adentrando na história do ocidente observa-se a riqueza da axiologia, da arte, isto é, nas
sociedades anteriores consideradas arcaicas:a dança, a música, as formas plásticas, expressões e
sinais do corpo ou solo estavam associados a rituais e às representações religiosas e não à
expressão de dignidade, valorizadas socioculturalmente.
As representações tribais dos ancestrais estão impressos nos comportamentos cristalizados
ou conservados das gerações e, portanto, humanos menos espontâneos. Nesse sentido, “a arte é
um caminho que leva a regiões nas quais não regem o tempo nem o espaço” (IDEM, 1996,
p.122). Tais regiões no platô Filosofia habitam o “infinito”. No platô Psicologia: o Inconsciente.
No platô psicodramático: a dramatização atemporal que descoloniza o imaginário.
Pela ótica do caos posto, já se adentrando a ele na expectativa de “lançar luzes” sob a
Identidade diluída hoje, encontram-se muitas trevas, representadas por questões não respondidas,
61
apelos sociais não realizados, eixos educacionais desfeitos, como o caso da Orientação
Profissional.
A Educação pode contribuir para esse resgate. Desde torne seus horizontes mais estéticos,
incluindo a Orientação Profissional como parâmetros curriculares, promovendo diversificação
das práticas pedagógicas, aproximando a cultura escolar à cultura do aluno, promovendo posturas
inclusivas, respeitando as diferenças, fazendo do ato pedagógico uma “educação menor”, ou seja,
um ato de revolta e resistência ao instituído e às políticas impostas, colaborando com “um
presente e um futuro aquém ou para além de qualquer política educacional. Uma educação menor
é um ato de singularização e de militância” conforme teoriza (GALLO, 2003, p.78).
As intervenções dos Serviços de Orientação Profissional implantados nas Universidades
Brasileiras voltadas ao atendimento da comunidade local e regional colaborarão com a Educação
na medida em que, por meio de suas ações, contribuírem ao paradigma estético definido como
“tensão por apressar a potencialidade criativa que se encontra na raiz da finitude sensível”.
(GUATTARI, 1996, p.129)
Esse paradigma está permeado de implicações éticas-políticas, na tentativa de transformar
e orientar o “novo” tornando-o mais “belo” ou menos impactante o processo de vir-a-ser. Assim,
a própria Educação em sua dimensão estética deve possibilitar ao aluno criar sentidos e valores
que fundamentam sua ação no seu ambiente cultural, de modo que se tenha coerência e harmonia,
entre o sentir, o pensar e o fazer.
Buscando sentido para este movimento, no platô antropológico, Duarte Junior (1994)
clarifica que estamos frente à tendência esquizóide de nosso tempo, isto é, a dicotomia entre o
pensar e o agir, entre o sentir e o atuar. Diz-se tendência esquizóide porque o esquizofrênico não
fala, mas se expressa por meio de símbolos e códigos específicos que poderiam codificar a sua
linguagem diferente.
Entretanto, considerando que os valores humanos surgem da atividade do grupo social,
que a fala é a memória coletiva da sociedade e o instrumento que possibilita ao grupo humano a
coexistência, então se acredita compreender o papel das políticas inclusivas, isto é, o
desenvolvimento das sensibilidades necessárias à inclusão do diferente, a partir da aceitação da
linguagem de cada agrupamento, colaborando para uma educação mais estética.
Observa-se que desenvolver-se e tornar-se humano, implica respeitar as diversas falas e os
diversos símbolos, pois são códigos diversos de expressões que, embora diferentes, atendem a um
62
grupo social e torna mais estética a Educação. Inclui na percepção da relação sistêmica e
relacional em que está inserida a própria Educação.
Nesse ponto, narra o psiquiatra Cooper 3 que os esquizofrênicos são poetas estrangulados
de nossa época. Do ponto de vista educacional questiona-se na tentativa de visibilizar saídas para
contornos mais estéticos para novas gerações: não se está por vezes “estrangulando” o aluno
quando se tolhe seu modo de pensar o mundo, orientado por sua cultura, quando o repreende em
prol da cultura escolar e disciplinar, quando se coíbe o pensamento e conseqüentemente sua
espontaneidade, ou emitimos um pensar norteado por cópia a outrem?
Quanto à Orientação Profissional, questiona-se: não se está tolhendo o aluno quando não
lhes são oferecidas orientações e intervenções, condições mínimas para escolhas profissionais
baseadas em suas motivações? Quando não se auxilia o adolescente na escolha de profissão mais
bem adaptada aos seus costumes culturais?
Em meio à desorientação que este tema conduz está a base da Orientação Profissional,
pois não auxiliar o aluno adolescente do ensino médio é contribuir com a sua dissociação e com
sua crise de sentidos e uma Educação regida por contornos estéticos, inclui essa temática, tanto
para apoiar, como para proporcionar reflexão ao aluno, inclusive a respeito da arte e a da
criatividade, e restringir essa questão ao âmbito lógico empobrece os sentidos.
Contribui-se com contornos mais éticos e estéticos da Educação, o Serviço de Orientação
Profissional como eixo de ação desde os primeiros anos da escolarização utilizando-se o
Psicodrama, intervindo junto aos professores da rede pública e privada do Ensino Médio,
auxiliando no sucesso nas escolhas das profissões para a formação de profissionais mais
satisfeitos, menos frustrados e mais saudáveis.
Focando a questão, a Orientação Profissional de jovens subjetivados em cultura típica e
característica com as intervenções de orientação e aconselhamento psicológico nas dúvidas, no
momento das escolhas, visam às escolhas mais adequadas à cultura local.
La Torre (2005), catedrático em Didática e Inovação Educativa na Universidade de
Barcelona a respeito da criatividade emocional, afirma: “isto é, o poder transformador da pessoa
em sua totalidade para perceber, sentir, pensar e expressar-se, movido por emoção, sentimentos e
3 Em parceria com Laing, criou o movimento da antipsiquiatria. Autores dos primeiros livros, sendo os mais conhecidos: Psiquiatria e Antipsiquiatria e A Linguagem da Loucura.
63
outros fatores de índole afetiva” (IDEM, 2005, p. 62) de identidade sem a espontaneidade-
criatividade.
O autor considera que criatividade é a palavra repleta de imaginação, de possibilidade e
de geração de novas idéias ou realizações, há necessidade de se intervir na questão da formação
educacional de identidades criativas, pois se visibiliza um sistema de escravidão intelectual que
promove submissão do pensamento deflagra a diferença e potencializa a exclusão.
Com base no platô de La Torre, dar oportunidade justa à criatividade é assunto de vida ou
morte para qualquer sociedade, porque como se sabe somente o homem livre é capaz de gerar
idéias novas, originais, e comunicá-las à melhoria social, ao bem da civilização, podendo
acontecer a partir de articulações, entre o trabalho e a realização pessoal, no ideal de sociedade
igualitária.
Refletir sobre essas questões evidencia-se a relevância de política educacional que inclua
a Orientação Profissional e, articula-a à globalização, para atuar tanto nas perplexidades de
jovens adolescentes brasileiros, quanto nas dúvidas decorrentes de suas identidades subjetivadas
nos dias atuais, como auxiliar em escolhas mais bem adaptadas às suas culturas.
Por isso, a Orientação Profissional reformula-se, adaptando-se ao cidadão do novo
milênio, considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de (de)
integração da percepção de si e do outro, da “crise de sentidos”, há a geração “zapping”, no
sentido de zapear tudo, sendo a geração do entretenimento que, segundo (2002, p.51) “nasceu
plugada nesse mundo globalizado. É impossível para ela, conceber um mundo sem computador,
chats, telefones celulares”.
Geração Z, conectada ao mundo globalizado, possui uma vasta informação de fatos,
locais, culturas e comportamentos diversos, mas será que se aprofunda em cada informação? Por
um lado, os jovens mostram-se independentes em posturas e forma de pensar; mas por outro
dependente em suas relações afetivas, pois deslocam os seus afetos aos instrumentos da mídia:
vídeos-game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4, Ipods, celulares e outros.
É a geração que adora o conforto tecnológico proporcionado pelos pais, mas que consumir
é uma das atitudes principais dos jovens adolescentes, que abdicaram de projetos coletivos, ao
contrário da geração de seus pais e, ainda segundo Levenfus (2002, p.51) “não apresentam
intenção em romper com o sistema e desejam o sucesso econômico sem a menor culpa”.
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Estar bem colocado no mercado de trabalho, querer uma profissão com garantias de
estabilidade e futuro não existe mais, tais implicações tem gerado muitas angústias, pois o
conceito de “emprego” vem desaparecendo, tratando-se de um desafio o trabalho do profissional
da Orientação Profissional junto a esses jovens, auxiliando-os a manterem psicologicamente
integrados, a fim de amadurecerem nesse mundo atual sem fronteiras exatas entre o espaço real e
virtual.
Esses conhecimentos auxiliam a defesa da inclusão da Orientação Profissional, como
eixo de ação educacional, não como disciplina, já que inexiste hoje um tema transversal relativo
à Orientação Profissional nos Objetivos Gerais do Ensino Fundamental no PCN (Parâmetros
Curriculares Nacionais, 1998).
Essa temática desemboca em águas Foucaultianas quando o autor narra a respeito da
necessidade de se “(...) reconhecer também no que se denominam não as ciências, mas a
disciplina, outro princípio de limitação” (FOUCAULT, 1999, p.29), fazendo da disciplina
curricular princípio de controle da produção do discurso e tornando os corpos alienados,
algemados, bloqueando a espontaneidade e afastando o aluno da criação.
O disciplinamento, do ponto de vista psicológico, e os outros mecanismos de repressão do
processo de escolarização promovem na identidade, sentimento de negativismo, impotência,
desvalia, na aprendizagem: desinteresse, dificuldade, esquecimento.
Com relação às escolhas profissionais, o disciplinamento é excludente, gera a inapetência
para as escolhas, já que o horizonte é incerto, caótico e o sujeito moderno, descentrado,
prejudicado em sua espontaneidade, salutar à saúde do trabalhador, às sociedades do novo
milênio, época em que o bem maior está na criatividade e o mercado flexível quer o profissional
espontâneo.
Causa indignação constatar que a escola está distante de formar indivíduos criativo-
espontâneos, conforme solicita o mercado, colaborando ainda mais com a “tríplice fabricação do
fracasso ou do sucesso em relação a formação escolar diz respeito ao currículo e a cultura escolar
elitista e em desrespeito a cultura local” (PERRENOUD, 2001, p.20).
O currículo elaborado para a cultura escolar elitista, distante da fala e dos saberes da
classe popular, a indiferença às diferenças e as formas de avaliações, contribui para minimizar ou
dramatizar as desigualdades reais de aprendizagem, tais leituras interseccionadas nas diversas
áreas do conhecimento remetem à preocupação com a identidade do cidadão do futuro, levando a
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outro questionamento: se os profissionais da Educação formam ou forjam identidades, e se a
Educação como um todo quer futuros cidadãos criativos ou robotizados.
Embora as conexões com a Educação não apresente visibilidade estética ao horizonte,
acredita-se que ao incluir a Orientação Profissional colabora-se para a re-inclusão de reflexões,
para amenizar as diferenças de possibilidades de acesso ao mercado de trabalho competitivo e,
quem sabe potencializar a auto-valorização que move as motivações necessárias para alcançar-se
objetivos e obter-se o sucesso.
Sem apoio psicológico ou psicopedagógico, torna-se mais complexo alcançar a Identidade
profissional e, o Psicodrama vincula-a ao nível de organização na identidade pessoal, adquirida
por meio de experiências, grau de consciência de acordo com papéis desenvolvidos, mas que
devido aos transtornos internos e externos, torna-se complexo a organização dos comportamentos
altamente elaborados, como por exemplo, a espontaneidade, que é expressão de maturidade
psicológica.
Além dos aspectos psicológicos que permeiam a Identidade profissional e definem seu
sucesso ou fracasso, faz-se salutar articulá-los às relações de controle e poder social, pois a
escolha e a identidade profissionais adquiridas por meio das escolhas do sujeito lhe conferem
status, respeitabilidade e responsabilidade social:
Ao produzir um discurso de verdade que liga o individuo a uma identidade profissional e, encontrando respaldo social para efetuar essa ligação, o poder estende seus efeitos de modo que o próprio indivíduo passe a desejar a posse de uma identidade. As formas de controle produzem efeitos positivos de poder enquanto vão atribuindo ao sujeito um lugar diferenciado, ou seja, uma respeitabilidade diretamente ligada ao conhecimento que este acumula a partir da sua preparação para o trabalho. Assim definindo uma profissão e investindo na sua formação, esse indivíduo é autorizado a falar em nome da ciência, conquistando uma legitimidade social para sua ação com profissional. (MANSANO, 2003, p.51).
Outros teóricos também articulam a identidade pessoal e profissional à cultura e à
Educação, e se torna relevante citar, por exemplo, Lévy (1999), por ser expoente nas
investigações da evolução do pensamento humano na era da informática, focando ser inegável
hoje, no universo on-line, que a transversalidade identitária gerada pela multiplicidade de saberes
atinge diretamente a formação das singularidades.
Formação implica intervenção nas identidades individuais articuladas às globais e há a
necessidade de repensar a educação sob o prisma do currículo, da cultura para a formação de
66
jovens melhores orientados e habilitados ao mundo atual, pois a cultura cíber promove novas
adaptações nas estruturas cognitivas, ampliando as formações identitárias:
A pessoa pensa, mas é porque uma rede cosmopolita pensa dentro dela, cidades e neurônios, escola pública e neurotransmissores, sistemas de signos e reflexos. Quando deixamos de manter a consciência individual no centro, descobrimos uma nova paisagem cognitiva, mais complexa, mais rica. (IDEM, 1999, p.173)
Já a respeito do novo para a Educação que obviamente agirá nas Identidades, nas
Diferenças e nas Exclusões, a metáfora “Há algo novo sob o sol?” (VEIGA-NETO, 1995, p.10)
exemplifica o descontentamento. Ao que se delineia a resposta é, no mínimo, paradoxal, já que há
esgotamento do modelo de instituição e enquanto projeto de modernidade, a escola não
conseguiu formar cidadãos livres e ainda tem contribuído para manter e aprofundar as divisões
entre ricos e pobres, opressores e oprimidos, dominadores e dominados.
Appel (2003), referência mundial nos estudos curriculares e defensores da
democratização da pesquisa, da política e da prática educativa, ao citar Raymond Willians, de
concepção teórica marxista, lembra que um dos pontos de ancoragem mais importantes da
estabilidade e da transformação social trata da “produção de estruturas afetivas que não são
necessariamente conscientes, mas pressagiam limites e possibilidades importantes para a ação
social” (IDEM, 2003, p.186).
Se as escolas públicas não abrirem seus portões e compuser modelos de currículos e de
ensino imbuídos de sentimentos solidários, comprometidos com a equidade, a justiça social,
valorizarem a espontaneidade e inserirem a Orientação Profissional como eixo de ação ao invés
de “vigiar e punir”, muitos apresentarão “sentimentos antiescola”.
Focando com mais nitidez a questão, será tragédia para o sistema de escolas públicas
quanto para o senso de comunidade, de luta pelo respeito às diferenças, a exclusão social, mais a
depreciação da identidade humana no que tange aos seus valores e à moralidade que atinge as
competências e a própria saúde humana.
Contribuir para melhor formação dos adolescentes do Ensino Médio ou mesmo de jovens
universitários indecisos promovendo acesso às informações quanto ao leque de opções existentes
no mercado, e das competências exigidas nas profissões, trata de possibilitar a tomada de
consciência moral e ética, ampliando a percepção de mundo e de toda a dominação na interface
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cruel da escravidão social e moral, geradora da diluição das identidades locais, das diferenças e
da exclusão.
As leituras e indagações permitem explicitar que, as escolhas profissionais estão balizadas
pela Educação desconectada da realidade cultural de seu aluno. Estão acontecendo de acordo com
a necessidade pessoal e do mercado, e não por meio de motivações como citado anteriormente,
juntamente com o fato de toda a reengenharia globalizante reduzindo empregos em massa,
ordenando a idéia de fazer mais com menos, aumentando a desigualdade econômica e social, leva
o jovem às escolhas não guiadas por suas motivações, como também ao trabalhador exaurir-se
na dupla jornada de trabalho na tentativa atingir a mesma renda, estressando-o, e
comprometendo a sua saúde.
Em nossa época, nunca se cobrou tanto no mundo trabalho: a flexibilidade, a
competência, a criatividade, a resiliência4, no processo de desenvolvimento humano. O termo
resiliência é definido por La Torre (2005), pesquisador da temática criatividade, como a
capacidade de superar dificuldades e de projetar-se na vida, representado como potencializadora
do otimismo diante da vida, “o desejo de viver com o maior grau de bem estar possível” (LA
TORRE, 2005, p. 210).
Outros teóricos, além de La Torre, como Assis, Mellilo e Ojeda, comentam que o
fenômeno da resiliência está imbricado na capacidade de auto-estima sendo aspecto tão relevante
que tem sido considerado por seus estudiosos como o principal indicador de saúde mental, sendo
a escola responsável pela tessitura da resiliência. Assis (2006, p.97) expõe a respeito da seguinte
forma “Um dos muitos fios que tecem a resiliência ainda é pouco compreendido. Refere-se aos
aspectos que são herdados biologicamente e que seriam responsáveis pela unicidade genética de
cada um e por sua possibilidade de transformação pela ação da cultura”.
A resiliência articulada à espontaneidade também pode contribuir para a busca de uma
saída que aponte horizontes mais estéticos e éticos para a Educação, como o pensar
filosoficamente, conhecer cientificamente, atuar politicamente, passando a ocupar posição
privilegiada dentro dos agenciamentos coletivos de enunciação de nossa época, pois se tem
4 Termo de origem da Física e da Engenharia. Nessa área é associada à capacidade máxima de um material de suportar tensão sem se deformar de maneira permanente. Especificamente para LAPEDES (1978, p.835) trata da capacidade de um corpo (objeto) em virtude, do alto impacto (e baixos módulos elásticos) recuperar-se no tamanho e na forma seguinte à sua deformação. Para Silva e Motta (2005), há vinte anos, na Educação o termo tem sido usado de maneira mais abrangente para significar a habilidade pessoal de voltar ao estado normal de saúde.
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almejado a diluição das diferenças e políticas públicas provedoras da inclusão, na tentativa de
gerar possibilidades de acesso igualitário ao mundo do trabalho.
Refletindo esses aspectos e focando-os à Implantação do Serviço de Orientação
Profissional, por meio de uma formação continuada, pode-se atingir nos jovens adolescentes
mato-grossenses, além dos benefícios que se obterem mais realização pessoal e profissional, uma
formação de identidade menos desvalorizada, menos excluída e diante da perplexidade desse
momento na vida do adolescente, contribui-se para deslocamentos menos danosos, mais
inclusivos e interativos na escolha das profissões.
Pensar na possibilidade de visibilizar a Identidade de amanhã para além da
homogeneidade das culturas, implica para a Educação intervir com uma diversidade de novas
práticas pedagógicas inclusivas, podendo incluir a Orientação Profissional como uma delas.
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CAPÍTULO 3
DIALOGANDO COM A ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL:
ENCONTROS NA INTERFACE PSICODRAMÁTICA
Um encontro de dois: olho a olho, cara a cara E quando estiveres perto arrancarei teu olhos E os colarei no lugar dos meus E tu arrancarás meus olhos E os colocarás no lugar dos teus. Então te olharei com teus olhos E tu me olharás com os meus. (MORENO, 1993, p.09).
Esse capítulo foi elaborado com o objetivo de apresentar a relevância do Encontro, no
sentido psicodramático, pois segundo Bustos (2005, p.41) “o sentido de entrega se conserva tanto
no processo como no ato, da mesma forma que o compromisso emocional de participação,
interação e mútuo reconhecimento”.
Assim, realizaram-se doze Encontros de Orientação Profissional, constituindo-se uma
Formação teórica e prática em Orientação Profissional, embasada na Teoria do Psicodrama,
utilizando-se de Jogos Dramáticos e destinados aos professores do Ensino Médio Público e
Privado local, com resultados bem satisfatórios, conforme será descrito no decorrer desse
Capítulo.
Os Jogos e as brincadeiras sempre estiveram presentes na construção cognitiva e afetiva
da evolução da humanidade, em que Piaget (1975) brilhantemente esclareceu sua ação na gênese
e desenvolvimento das estruturas mentais, mediando simbolismos e representações, desde o
período Sensório-Motor (Dois Primeiros Anos).
Nesse estágio do desenvolvimento cognitivo, os Jogos de Exercício do bebê, exploram
seu mundo externo, desenvolvendo a intencionalidade, compondo imagens mentais de objetos e
pessoas, e formando esquemas novos em suas estruturas cognitivas, a partir das experiências de
ensaio e erro, até chegar a representação simbólica, evidenciadas na imitação e na memória
exibida nos desenhos, no sonho, na linguagem e na atividade de faz-de-conta.
Nesse nível de maturação cognitiva, os Jogos de “faz-de-conta” do Estágio Pré-
Operacional (Dois aos Sete Anos) desenvolvem a imaginação e a espontaneidade, garantem o
70
egocentrismo e o sentimento de onipotência mágica, desde que o adulto a deixe construir seu
mundo sem coibir, como bem esclarece a Psicologia Educacional.
Na base Piagetiana e Moreniana sabe-se sobre as primeiras brincadeiras de “faz-de-conta”
possibilitar a criança integrar a realidade ao ego, fantasiando e tornando possível expressar-se
com desobediência e conforme aproxima-se da realidade, os Jogos Simbólicos começam a perder
a importância, à medida em que se acomoda em grau cada vez maior ao mundo ao seu redor.
Segundo Pulasky (1986) membro titular da Jean Piaget Society e da American
Psychological Association, a brincadeira simbólica tanto do primeiro período (Dois aos Quatro
Anos) como do segundo (Quatro aos Seis Anos) do Estágio Pré-Operatório (Dois a Sete Anos)
permite à criança, transitar na temporalidade, espacialidade e causalidade, mediando as relações
entre os seres e a natureza.
A brincadeira “é natural nos mamíferos superiores, e exacerbada nos macacos e chipanzés
(NACHMANOVITCH, 1993, p.49), podendo-se compreender que o divertimento permeia a ação
humana em toda sua evolução, assumindo as mais diversas formas em cada etapa da vida,
algumas altamente evoluídas, como o ritual, as artes, a política, o esporte e a diversão.
Para Huizinga (1980), por meio das brincadeiras se adquire compreensão, porque onde há
diversão não há problemas, pois promovem flexibilidade, melhoram a capacidade de adaptação e
até o trabalho mais difícil, realizado com alegria e contentamento pode ser diversão. Já o Jogo
implica um conjunto de regras, depende de um campo e de jogadores, porém ambos constituem
uma atividade preparatória para evolução da cognição, da afetividade e da corporalidade.
Assim, são úteis ao desenvolvimento psico-físico, como também a socialização nas
interações grupais, demarcando limites da liberdade de si e do outro e o desenvolvimento da
Espontaneidade-Criatividade.
Os Jogos de Regras do Operatório-Concreto (Sete a Doze Anos) incentiva a socialização,
o desenvolvimento da reversibilidade do pensamento, das normas sociais e maoralidade e, das
primeiras combinações, necessárias ao próximo Estágio Operatório-Formal (Doze Anos à Idade
Adulta), com a possibilidade de multidimensões do pensamento combinatório e hipotético-
dedutivo.
Por meio dos Jogos a criança organiza o caos psíquico instaurado na infância por ocasião
da indiferenciação entre a fantasia e a realidade, pois estabelece uma brecha entre as realidades
objetivas e subjetivas, agindo como um mecanismo de defesa, evitando a dissociação egóica,
71
estruturando a inter-relação entre o sentir, agir e pensar, fundamental para o centramento do
sujeito, e nesse sentido contribui para a saúde mental.
E, segundo Freud (1996), para a Psicanálise, o Jogo está articulado ao princípio do prazer,
à evolução normal da libido amenizando a ansiedade, relaxando e re-equilibrando o ego diante
das constantes pressões e frustrações provocadas pelo princípio da realidade, por meio da ação do
superego, a instância psíquica responsável pela censura, pela ordem, pela lei, contrária às forças
instintivas que regem a outra norteada pela imaturidade e irresponsabilidade, denominada ID.
Nessa perspectiva, transforma-se a realidade de acordo com a necessidade de prazer, de
satisfação seja pessoal ou grupal e os Jogos Dramáticos possibilitam por meio da fantasia a
realização do desejo, amenizando os conflitos gerados pelas frustrações da realidade, ocasionados
pela interdição da lei, da ordem, da moral, valores regidos por princípios distantes e antagônicos
ao desejo.
Quanto à utilização, o Jogo vem sendo pesquisado e utilizado na Pedagogia, na
Psicopedagogia, no Psicodrama Pedagógico e tem sido aplicado segundo Arantes (1996, p. 252-
259), “para promover a Criatividade, Dificuldades de Aprendizagem, Seleção e Treinamento de
Pessoal, Método de Ensino, Pesquisa Educacional, Aconselhamento de Problemas Cotidianos,
Jogos dramáticos e Orientação Profissional”.
Na Orientação Profissional, os Jogos são instrumentos que mediam os símbolos e signos
da realidade, como também os conteúdos intra-psiquícos, auxiliando o adolescente na passagem
ao mundo adulto, pois auxiliam na construção da Identidade Pessoal e prospectivamente na
construção da Identidade Profissional.
Segundo Motta (2002, p.29), “no teatro para a espontaneidade ou no teatro da
espontaneidade, o jogo de criar personagem é a base da proposta”, nesse sentido possibilita a
personificação ou mesmo troca de papéis, ocasionando um desequilíbrio, um distanciamento das
características de si que promove um relaxamento, uma aprendizagem genuína, uma ampliação
perceptiva de si e do mundo, pois o lúdico é uma forma saudável de usar-se da imaginação e, ao
mesmo tempo manter em ação a espontaneidade-criatividade.
Focando com mais propriedade a questão do Jogo, a adaptação infantil à realidade social e
cultural, com as constantes interdições da moralidade, da ordem, da educação como um todo, faz
com que a criança sinta-se insatisfeita afetivamente e intelectualmente e com as brincadeiras e
jogos, tais frustrações podem ser elaboradas. Para Piaget (2003, p.158):
72
Sob esse ponto de vista o jogo simbólico se explica também pela assimilação do real ao eu: ele é o pensamento individual em sua forma mais pura, em seu conteúdo, ele é o desenvolvimento do eu e a realização dos desejos por oposição ao pensamento racional socializado que adapta o eu ao real e exprime as verdades comuns, em sua estrutura, o símbolo representado é para o individuo o que o signo verbal é para a sociedade. O Jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensoriomotor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.
Articulando essas idéias à Orientação Profissional, atualmente se remodela, reorganiza-se
para melhor atender ao jovem em suas dúvidas quanto às escolhas profissionais diante de um
novo mercado, sendo norteada pelo Psicodrama, por meio de Jogos Dramáticos é possível
despertar no jovem e no adulto a imaginação com vistas à transformação, a retomar os seus
papéis sociais cristalizados e conservados, construídos ao longo da vida, com a retomada da
espontaneidade.
O Jogo Dramático de acordo com Monteiro (1979, p.07) “se insere no Psicodrama como
uma atividade que propícia expressar livremente as criações do mundo interno, realizando-as na
forma de representação de um papel, pela produção mental de uma fantasia ou por uma atividade
corporal”, intervindo no âmbito educacional o Jogo se torna atividade psicopedagógicas e,
promove catarses integrativas e insights.
Assim, os Jogos Dramáticos constituem uma preparação para as tarefas sérias que mais
tarde, os jovens desempenharão na vida ao deixar o grupo social e tornarem-se adultos. Nessa
perspectiva implica o exercício de autocontrole, de autoconhecimento, de equilíbrio do
psiquismo, pois as ações relacionais da sociedade humana são, desde o início, inteiramente
marcadas pelo Jogo e atualmente o mercado solicita um jogo flexível, no qual vence, no sentido
de atingir metas e de valorização, o mais autêntico, o espontâneo.
De acordo com Slade (1978), o Jogo Dramático é parte vital da vida jovem por não se
tratar de atividade do ócio, mas da maneira de pensar, comprovar, relaxar, trabalhar, lembrar,
ousar, experimentar, e também criar:
O jogo é na verdade a vida. A melhor brincadeira teatral infantil só tem lugar onde oportunidade e encorajamentos lhe são conscientes oferecidos por uma mente adulta. Isto é um processo de “nutrição” e não é o mesmo que interferência. É preciso construir a confiança por meio da amizade e criar atmosfera propicia por meio de consideração e empatia. (IDEM, 1978, pp. 17-18)
73
Focando a questão do Jogo, a adaptação infantil à realidade social e cultural, com as
constantes interdições da moralidade, da ordem, da educação como um todo, faz com que a
criança sinta-se insatisfeita afetivamente e intelectualmente e com as brincadeiras e jogos, tais
frustrações podem ser elaboradas. Para Piaget (2003, p.158):
Sob esse ponto de vista o jogo simbólico se explica também pela assimilação do real ao eu: ele é o pensamento individual em sua forma mais pura, em seu conteúdo, ele é o desenvolvimento do eu e a realização dos desejos por oposição ao pensamento racional socializado que adapta o eu ao real e exprime as verdades comuns, em sua estrutura, o símbolo representado é para o individuo o que o signo verbal é para a sociedade. O Jogo é, portanto, sob as suas duas formas essenciais de exercício sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação do real à atividade própria, fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das necessidades múltiplas do eu.
A perspectiva do novo mundo do trabalho, do Toyotismo, da organização flexível do
mundo dito globalizado, requer profissionais polivalentes, em que o resgate do complexo
espontaneidade/criatividade é salutar.
Sujeitos saudáveis são capazes de catalisar a imaginação com vistas à transformação da
realidade, de retornar aos papéis sociais cristalizados e fixos que os circunscrevem e reinscrevê-
los, transformá-los na vivência de suas próprias relações, se superando, auto-apoiando e
solidarizando, vivendo numa unidade entre o real e o imaginário, podendo fluir livremente entre
essas duas dimensões, pois “representar é experimentar a vida em suas múltiplas possibilidades”
(MOTTA, 2002, p. 2).
Nesse sentido, contribuir com a Orientação Profissional de jovens adolescentes por meio
de um mini-curso teórico-prático oferecido aos professores do Ensino Médio do município de
Cáceres-MT compactua com o novo formato dessa área do conhecimento que, hoje a concebe
como um gerenciamento de vida, e foi dirigido aos professores com o objetivo de atender às
investigações iniciais da pesquisa prévia junto às escolas do município, verificando a necessidade
de implantação de Serviço de Orientação Profissional.
Os doze encontros focados na Orientação Profissional no formato de um mini-curso
teórico-prático se tornou uma formação prática para os professores do Ensino Médio, foram
estruturados objetivando o desenvolvimento da Espontaneidade, da horizontalização e do campo
relaxado utilizando-se dos Jogos Dramáticos do Psicodrama. Foram criados por Valério José
Arantes psicodramatista e Livre Docente em Psicologia, Desenvolvimento humano e Educação,
da Faculdade de Educação-Unicamp, utilizados junto aos alunos do DCE-Unicamp, do Colégio
74
Cotuca e na formação de professores, pode encontra-los por meio de sua Tese de Livre
Docência.
Por meio dos Jogos Dramáticos, promoveu-se aos professores a possibilidade de vivenciar
os conflitos, as angústias, as ansiedades dos seus alunos e uma formação teórica a partir de
referências significativas e atuais da Orientação Profissional e do Psicodrama, visando uma
formação da Identidade Pessoal e Profissional, menos frustrada e mais espontânea para os
trabalhadores do futuro.
Esses Encontros aconteceram em salas de aula do curso de Turismo da Universidade
devido à amplitude da sala e disponibilidade de horários compatíveis ao curso, com a presença
inicial de vinte professores, porém, devido ao tempo de duração e aos compromissos dos
docentes, oito professores desistiram, e efetivamente o mini-curso foi concluído com doze
professores.
Realizaram-se às quartas-feiras em período noturno, com a duração de quatro horas
semanais, e aos sábados, em período matutino também, com a duração de quatro horas,
totalizando vinte e oito horas. Esse horário foi elaborado de acordo com a disponibilidade dos
professores participantes que ficaram assim distribuídos:
DIAS DA SEMANA DIAS, MESES E ANO HORAS
SÁBÁDO 09 de Agosto de 2008 Quatro Horas
SÁBADO 16 de Agosto de 2008 Quatro Horas
QUARTA-FEIRA 20 de Agosto de 2008 Quatro Horas
SÁBADO 23 de Agosto de 2008 Quatro Horas
QUARTA-FEIRA 27 de Agosto de 2008 Quatro Horas
SÁBADO 30 de Agosto de 2008 Quatro Horas
QUARTA-FEIRA 05 de Setembro de 2008 Quatro Horas
Com relação ao Conteúdo Programático, ficaram distribuídos em Módulos Teóricos,
apresentados em Temáticas, com o recurso do retro-projetor e data-show; contendo as noções
básicas necessárias para compreensão e aplicação teórica do mini-curso, conforme tabela abaixo:
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PRIMEIRO MÓDULO Psicanálise e Educação
SEGUNDO MÓDULO Teoria de Erik Erikson
TERCEIRO MÓDULO Orientação Profissional
QUARTO MÓDULO Psicodrama
QUINTO MÓDULO Jogos Dramáticos
SEXTO MÓDULO Quadro de Referência (Formação de Identidade e Escolha Profissional)
3.1. Formação de Professores em Orientação Profissional
A primeira formação de Orientação Profissional destinado aos professores da rede Pública
e privada do município de Cáceres, em Mato Grosso, aconteceu no período de nove de agosto a
cinco de setembro do ano letivo de dois mil e oito, após divulgação às coordenações das dez
escolas do Ensino Médio daquele município, sendo recrutados dois professores por cada escola,
registrando inicialmente a presença de vinte professores.
Houve oito desistências, pois cinco professores compreenderam erroneamente que o
Mini-Curso aconteceria apenas no final de semana, outros três tiveram impossibilidade de horário
em função de outro curso oferecido pela SEDUC (Secretaria Estadual de Educação do Estado de
Mato Grosso).
A divulgação, o recrutamento, as inscrições e todo apoio logístico referente ao material
didático-pedagógico, e também as instalações, contou com o apoio do Coordenador do Campus
Universitário “Jane Vanini” que inclusive disponibilizou a secretária para a execução da
divulgação e do recrutamento.
Assim, as inscrições foram abertas com antecedência de um mês do início. Foram
recrutados dois professores por escola, selecionados por ordem de inscrição na secretaria da
Coordenação do Campus Universitário “Jane Vanini”, que disponibilizou salas do curso de
Turismo, do curso de Matemática e o Auditório do EMAJ (Escritório Modelo de Assistência
Jurídica) para a realização das atividades.
76
PRIMEIRO ENCONTRO
Inicialmente ocorreu apresentação dos objetivos, da relevância para UNEMAT e para a
comunidade, em função da necessidade detectada durante o período de Levantamento de Dados
junto às escolas públicas e privadas por meio de questionários a professores e alunos (anexo) do
período anterior a essa implantação. Com duração de quatro horas, o período foi dividido entre
duas horas para a parte teórica e as restantes para a parte prática.
Desse modo, se esclareceu o conteúdo programático com ênfase na Teoria do Psicodrama,
Jogos Dramáticos e Orientação Profissional, iniciando a parte prática, com intervalo de quinze
minutos.
AQUECIMENTO: Andar pela sala para reconhecer o ambiente e as pessoas, observando
detalhes da sala, percebendo as expressões e fisionomias.
JOGO DRAMÁTICO: Jogo de duplas. Apresentação dos participantes com inversão de
papéis. Cada participante do grupo escolhe um parceiro (a) e apresenta-se a ele (a), após dez
minutos de conversa solicita-se que retornem ao grupo. Cada um apresenta o colega ao grupo.
REDAÇÃO: O que é o mundo?
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES:
Nessa fase foi solicitada a formação de um círculo feito com as cadeiras dos participantes
para que todos pudessem olhar-se e comentarem suas opiniões. Vale ressaltar que alguns
professores ficaram surpresos e satisfeitos com a parte prática, pois na opinião deles faltavam-
lhes “brincadeiras” e jogos na prática pedagógica para que se possa atingir o adolescente, como
também foi possível perceber a inexistência de informação a respeito da Teoria do Psicodrama.
Esclareceu-se que as redações têm o objetivo de promover reflexão e autoconhecimento,
por isso a importância em redigi-las. O Encontro transcorreu em clima de tranqüilidade e risos,
conforme se pode observar nos registros fotográficos.
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SEGUNDO ENCONTRO
Nesse encontro os professores mostraram-se animados e curiosos em relação às atividades
do dia. As apostilas referentes ao módulo teórico de Psicanálise e Educação foram previamente
entregues no Xerox do Diretório Central dos Estudantes, em frente à Universidade, e solicitado a
leitura prévia no Encontro anterior.
O módulo teórico de Psicanálise e Educação, com o objetivo de fornecer conhecimentos
básicos de compreensões básicas da dinâmica intrapsíquica e articulações na prática pedagógica,
foi apresentado em lâminas transparentes de retroprojetor com a transmissão dos seguintes
conhecimentos teóricos:
• Vida e obra de Sigmund Freud e breve histórico da Psicanálise;
• Primeira e segunda tópica do aparelho psíquico (aspectos dinâmicos e estruturais);
• Dinâmica da Personalidade;
• Mecanismos de Defesa do Ego;
• Psicanálise e Educação (Transferência e Contra-transferência na relação pedagógica;
Sublimação e aprendizagem).
AQUECIMENTO: Solicita-se a formação de um círculo, que se escolham primeiramente
em duplas, que se posicionem frente a frente, de mãos dadas e com as pontas dos pés encostadas,
inclinem o corpo para trás tentando o equilíbrio. Em seguida, deve-se repetir o exercício em três
pessoas, em quatro e finalmente com todos os integrantes até que se obtenha equilíbrio final do
grupo formando uma estrela humana.
JOGO DRAMÁTICO: Jogo dos nomes. Solicita-se do grupo que faça um círculo e cada
participante deve apresentar-se ao grupo pronunciando três vezes o seu nome. Após a primeira
rodada de apresentação, começa a apresentação em que o participante deve pronunciar o seu
nome e em seguida o dos outros integrantes, um a um, como exercício de memorização.
REDAÇÃO: O que é o ser humano?
APLICAÇÃO DO TESTE SOCIOMÉTRICO: foi trabalhado exclusivamente o fator
afetivo por tratar-se de momento inicial do grupo. Assim, foi solicitado que os integrantes
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escolhessem pessoas que considerassem mais simpáticas, que gostariam de conhecer e manter
amizade sincera. Desse modo, foi solicitado que cada participante escolhesse apenas uma pessoa,
colocando a sua mão direita sobre o ombro dela. A descrição, as análises e a interpretação desse
teste encontram-se no final da descrição desses Encontros, no item Avaliação dos Testes
Sociométricos do Mini-Curso Orientação Profissional.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES: O encontro aconteceu em clima de
descontração. Porém, mesmo com alguns professores — principalmente os ex-alunos dos cursos
universitários da UNEMAT, demonstrando conhecimentos sobre a Psicanálise, se visiabilizou a
necessidade de outros Encontros para rever alguns aspectos da parte teórica gerando discussão
sobre a possibilidade de mais dias de Encontro, objetivando sanar as dúvidas referentes ao
material teórico. Em relação à redação, os professores expressaram necessidade de mais reflexões
sobre o tema e solicitaram a permissão da entrega para o próximo Encontro.
TERCEIRO ENCONTRO
A maioria dos professores participantes chegou no horário previsto, mas mesmo assim
começou com pouco atraso. Muitos deles leram o material solicitado sobre a Teoria do
Desenvolvimento de Erik Erikson e já no início pediram esclarecimentos sobre as diferenças
entre as Teorias de Freud, Teoria Psicossexual, no que tange aos aspectos do Determinismo
Psíquico; e de Erik Erikson, Teoria Psicossocial do Desenvolvimento, no que se refere ao
interacionismo social, cultural e histórico).
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Durante a exposição do conteúdo teórico as dúvidas foram sendo sanadas, em clima de
tranqüilidade e atenção, conforme denotam os registram fotográficos. A seguir, o conteúdo do
conhecimento transmitido nesse segundo Encontro:
Teoria Psicossocial do Desenvolvimento:
• Estágios ou Qualidades do Ego (confiança x desconfiança);
• Autonomia x Vergonha e Culpa;
• Produtividade x Inferioridade;
• Identidade x Confusão de identidade ou papéis;
• Intimidade x Isolamento;
• Generatividade x Estagnação;
• Integridade x Desesperança;
• Fatores formadores da identidade;
• paralelos entre Psicanálise e Teoria Psicossocial.
Após intervalo de quinze minutos, deu-se início a parte prática do Encontro que aconteceu
entre risos, interesse e colaboração.
AQUECIMENTO: Profissionais em ação. Pede-se ao grupo que caminhe com
tranqüilidade pelo espaço cênico e que ao escutarem as instruções procedam conforme as
solicitações. Em seguida, solicita-se que caminhem como soldado marchando, como professor
dando aulas, como médico examinando o paciente, como arquiteto, odontólogo, vendedor de
carros, jornalista, advogado, psicólogo, veterinário, engenheiro agrônomo, caminhando como
profissional que deseja ser no futuro.
JOGO DRAMÁTICO: Ser humano na jaula. Faz-se um quadrado de fita crepe no chão e
solicita-se que cada participante fique preso nesse quadrado. Coloca-se uma cadeira no local para
os professores, que não devem falar, e um participante de cada vez ocupa o lugar no centro do
quadrado.
Enquanto isso cada um dos outros integrantes do grupo, convidados espontaneamente,
passam por ele e faz comentário sobre a sua opinião a respeito de sua postura profissional, seu
futuro profissional, suas características mais marcantes.
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REDAÇÃO: O que é minha família?
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLEMENTARES: Os comentários focaram mais a
parte prática do Encontro, pois os professores demonstraram satisfação e entusiasmo pelas
atividades, e dialogaram sobre a forma que realizarão os seus trabalhos com os adolescentes de
suas escolas. Alguns entregaram as redações do Encontro anterior e outros solicitaram a entrega
da redação desse Encontro no próximo.
Houve relatos de professores ressaltando a compreensão obtida quanto à relevância desse
trabalho para as escolhas profissionais dos alunos que, segundo eles, encontram-se “perdidos,
sem muitas perspectivas de profissão”.
Sobre o conteúdo teórico, consideraram de mais valia com prolongada discussão nos itens
Identidade x Confusão de Identidade (Adolescência) e Generatividade x Estagnação (Idade adulta
– Maturidade). Alguns professores citaram exemplos de seus filhos. Outros se reportaram às suas
fases de desenvolvimento, identificando-se com a descrição de Eric Erikson. No final dos
comentários foi solicitado que no próximo Encontro cada participantes comparecessem com uma
toalha ou esteira.
QUARTO ENCONTRO
O encontro teve início às oito horas e trinta minutos, com a explicação de alguns
participantes que naquele momento o canal Globo transmitia a decisão do Campeonato Brasileiro
de Vôlei, mas que não havia a intenção de faltarem. Mostraram-se curiosos em relação às
atividades do dia, com indagações e tentativas de adivinhações, porém lhes foi solicitado que
aguardassem até a segunda metade do Encontro, e logo saberiam das atividades. Houve
exposição teórica sobre o tema Orientação Profissional, com os seguintes enfoques:
• Origens e Histórico da Psicologia do Trabalho;
• Breve histórico da Orientação Profissional;
• Conceituação da Orientação Profissional;
• A Orientação Profissional do modelo fordista no mundo do trabalho;
• A Orientação Profissional e o modelo toyotista nas organizações flexíveis.
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AQUECIMENTO: Foi solicitado que os participantes colocassem as toalhas e as esteiras
no chão, para relaxamento em clima de horizontalidade.
O relaxamento que é uma técnica pluridisciplinar de alívio das tensões diárias, utilizado
também para promover bem-estar físico e psicológico, levando o corpo ao repouso e combatendo
o estresse cotidiano.
É utilizado pelo Psicodrama, permite estado de repouso e saída do campo tenso de ação
concentrada e dirigida a um objetivo promovendo a tomada de distância do objeto, crescendo as
possibilidades de respostas espontâneas e relações horizontais, mais autênticas, sinceras,
adequadas e adaptadas à realidade.
JOGO DRAMATICO: Jogo da cadeira vazia. Uma cadeira vazia é colocada no centro do
grupo. Cada participante espontaneamente levanta-se e caminha ao redor da cadeira imaginando
que está ali sentado e dizendo em voz alta sua opinião referente à própria postura profissional.
Após todos tecerem seus comentários e opiniões, passando ao redor da cadeira, abre-se um
círculo para comentários da experiência.
REDAÇÃO: Quem sou eu?
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COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores foram unânimes em
relação à satisfação pessoal por participarem desse mini-curso. Vários foram os comentários
alegando que não tiveram antes desses Encontros experiência que lhes proporcionassem prazer
em participar. Houve comentários de alguns participantes sobre a necessidade de divulgação
desse mini-curso no Estado de Mato Grosso, pois a discussão posta entre as articulações do
trabalho e suas conseqüências do modelo fordista para o toyotista é a discussão as lideranças do
SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Social) e SESC (Serviço Social do Comércio).
Pode-se perceber entre os participantes os efeitos do relaxamento nas falas e bocejos, pois
relataram que o Jogo Dramático promoveu a auto-estima, visto que eles se elogiaram durante
todo o exercício. Após os comentários foram distribuídos os Questionários de Orientação
Profissional com a explicação de tratar-se de mais um instrumento investigativo no processo de
Orientação Profissional (anexo) com a solicitação de entregarem para o próximo encontro.
QUINTO ENCONTRO
Esse encontro se iniciou sem atraso, às oito horas, porém com a ausência de três
participantes devido à reunião bimestral da coordenação e professores em suas escolas de origem.
Já na segunda metade do horário todos estavam presentes. Na parte teórica, devido ao atraso do
Encontro anterior, retomou-se a temática Orientação Profissional e Psicodrama, com a seguinte
apresentação teórica:
• Adolescência;
• Escolha profissional e Orientação Profissional;
• Orientação Profissional em tempos de globalização;
• Articulações do mundo do trabalho e Orientação Profissional (Verticalidade X
Horizontalidade);
• Introdução ao Psicodrama.
AQUECIMENTO: Andar pela sala e espreguiçar caminhando. Formar um círculo, dar as
mãos, e de olhos fechados caminhar em direção ao centro, configurando uma “massa humana”,
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até ouvirem a ordem: “pare”. Ao ficar parado, sentir o contato físico do colega. Em seguida,
repetir a ação anterior de abertura do círculo em movimentos rápidos. Após fechamento,
caminhar ao centro, sentindo os corpos dos colegas como se fosse um abraço grupal.
JOGO DRAMATICO: Jogo do Futuro. Deitados e de olhos fechados, cada participante
deve recordar-se de suas lembranças mais antigas. Em seguida, deve imaginar-se numa festa e
reunidos com os colegas daqui a vinte anos em diversos contextos, tais como: pessoal, familiar,
social, econômica e profissional, trocando informações sobre quem são e o que fazem.
REDAÇÃO: Um sonho profissional.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários mostraram a
indignação dos professores em relação à atual realidade de impossibilidade dos alunos do Ensino
Médio não terem sequer oportunidade nas escolas, de ao menos imaginarem como será o futuro,
as expectativas, os sonhos, como também que há necessidade urgente de um espaço para a
Orientação Profissional nas escolas, ou ainda, de uma disciplina curricular que oportunize o aluno
do Ensino Médio à reflexão, aos questionamentos, socialização de expectativas e o sanar de
dúvidas nas escolhas profissionais.
Houve também várias falas sobre o conteúdo do Psicodrama, a relevância dessa Teoria à
compreensão do ser humano, principalmente, a Teoria dos Papéis, e a importância de se “brincar”
com os papéis sociais, tanto para visibilização dos alunos enquanto profissional do futuro, como
para o desenvolvimento da espontaneidade.
Outros comentários foram acerca das redações. Alguns pediram para entregarem no
próximo Encontro, pois os vinte minutos designados para realizá-las foram insuficientes para a
tarefa. Os pedidos foram aceitos e informados sobre seu término, sendo-lhes lembrado que as
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redações têm como objetivo promover um momento de reflexão no adolescente visando o
autoconhecimento e sua valorização.
SEXTO ENCONTRO
Esse encontro teve início no horário previsto, com tranqüilidade. Os participantes estavam
curiosos a respeito das atividades do dia e alguns comentaram sobre a vida atípica de J. L.
Moreno. Mostraram-se interessados na temática como um todo. Os professores com redações
pendentes entregaram-nas.
Continuidade da Teoria do Psicodrama:
• Vida e obra de Jacob Levy Moreno;
• Breve histórico da Teoria do Psicodrama;
• O Teatro da Espontaneidade;
• Espontaneidade-Criatividade-Conservas Culturais.
AQUECIMENTO: Distribuir cartões com as profissões escritas. Após, coloca-se nas
costas de cada participante o cartão com a indicação profissional: Médico, Enfermeiro,
Engenheiro, Arquiteto, Professor, Nutricionista, Mecânico, Costureira e outros. Em seguida,
pede-se aos integrantes que andem pela sala exibindo suas profissões. É informado ao grupo que
cada um escolha um colega e, por meio de mímicas e representações, conte a ele qual é o nome
da profissão anexada em suas costas.
JOGO DRAMÁTICO: Jogo de Adivinhação. Os participantes do grupo são informados
que utilizaram o recurso da Mímica nesse jogo. Cada um escolhe imaginariamente uma Profissão
e os outros devem adivinhar pela mímica qual a profissão escolhida. Forma-se um círculo e cada
integrante vai ao centro apresentando a profissão escolhida na adivinhação.
APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO: objetivando obter informações sobre as atividades
e experiências pessoais e profissionais dos integrantes do grupo.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Pode-se perceber em alguns
depoimentos a curiosidade e a surpresa em relação ao Psicodrama, uma área do conhecimento
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parcamente explorada e, segundo os participantes, de fundamental importância para as relações
humanas e para a Educação.
Os jogos desse Encontro mobilizaram mais indagações sobre o descaso das políticas
educacionais para com a Orientação Profissional. Alguns professores presentes informaram que
estariam fazendo a sugestão de inclusão da temática nas escolas.
Quanto ao questionário (anexo) consideraram fundamental para obtenção de dados da
história de vida do adolescente. Alguns professores solicitaram a entrega para o próximo
Encontro, argumentando que gostariam de melhores reflexões nas respostas. Pediu-se a formação
de um círculo, em que as redações temáticas O que é o mundo? O que é o ser humano? Elas
foram lidas e comentadas, encerrando esse encontro.
SÉTIMO ENCONTRO
Esse encontro aconteceu no auditório do Campus Universitário, pois as salas destinadas
anteriormente estavam com atividades, e devido ao espaço mais amplo outros três Encontros
também aconteceram nesse mesmo local.
Solicitou-se aos professores participantes as redações pendentes, mas eles relataram que
devido à falta de tempo nas atividades têm-lhes faltado condições para a realização dessa
atividade. Risos e brincadeiras acorreram quando lhes foi dito que estavam relapsos assim como
os adolescentes nos grupos. Após conversas corriqueiras sobre a vida iniciou-se a parte teórica:
• Continuidade da Teoria Psicodramática: Matriz de Identidade;
• Origens e Conceitos de papéis (Psicossomático, psicossocial e psicodramático);
• O papel de Diretor e de Ego-Auxiliar;
• Etapas de desenvolvimento da investigação (Aquecimento, Dramatização, Comentários
e Análises; Comentários Complementares);
• Contextos: Social, grupal e dramático.
AQUECIMENTO: Todos de pé caminhando pela sala. Devem-se escolherem em
quartetos e que de mãos dadas façam um círculo. Em seguida, devem escolher um deles para ir
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ao centro de cada subgrupo para simular um renascimento. Pede-se que cada participante tente
sair do círculo, mas devem ser impedidos pelos colegas até o cansaço ou a saída do participante.
O diretor ajuda do lado de fora (como o médico em um parto).
JOGO DRAMÁTICO: Jogo de Imagens. Oferece-se ao grupo quinze minutos de tempo
para a construção de uma imagem do mundo usando objetos e pessoas. Em seguida, os
participantes devem dar nome para a imagem e explicá-la. Após mais quinze minutos para a
construção da imagem do Ser Humano, pede-se para cada participante dar um nome e explicar a
imagem do grupo.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores estavam envolvidos em todas
as atividades. Segundo os participantes nunca houve a possibilidade de vivenciarem situações
novas como nesse mini-curso. Tanto os conteúdos teóricos, como os práticos, estão
surpreendendo-os, gerando presenças e participações brilhantes. Todos se envolveram em todas
as atividades expressando contentamento. Solicitou-se que no próximo Encontro a leitura prévia
do material teórico e trazerem toalhas ou esteiras.
Finalmente, pediu-se a formação de um círculo, na qual foi feita a leitura individual das
redações: O que é minha família? Quem sou eu? Elas foram lidas e comentadas, encerrando esse
encontro.
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OITAVO ENCONTRO
Um comentário relevante foi sobre o parco tempo para a leitura do material teórico e outro
a respeito das expectativas das atividades do dia. O retroprojetor estava com a lâmpada interna
danificada, porém, rapidamente a Secretaria do Campus Universitário providenciou o reparo e
deu-se início às atividades.
• Sociometria: O conceito de Tele, Teste Sociométrico, Sociograma;
• O Psicodrama na Educação;
• Espontaneidade-Criatividade e Educação;
• Psicodrama e Adolescência;
• Introdução aos Jogos Dramáticos.
AQUECIMENTO: Caminhar de olhos fechados pela sala e estender as toalhas ou esteiras pelo
chão. Deitar e seguir as seguintes instruções: fechar e abrir os olhos, contrair e descontrair: pés,
pernas, coxas, braços, antebraços, testa, olhos, maxilares, pescoço, ombros e abdômen,
objetivando o campo relaxado para o jogo dramático.
JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Berlinda. Pede-se aos integrantes que se sentem formando um
círculo e escolham uma profissão para interpretar. Cada um deve ir ao centro e ser indagado
sobre “os porquês” de sua Escolha Profissional. Aquele que fica na berlinda tem que se defender
e explicar suas pretensões na profissão.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários foram a respeito do Jogo da
Berlinda, pois todos participaram euforicamente do jogo e os argumentos para que o outro
desistisse da profissão foram convincentes, fazendo com que os professores refletissem a respeito
da opinião alheia na escolha profissional. Foi solicitada a leitura de material teórico referente aos
Jogos Dramáticos, Orientação Profissional e Identidade para o próximo Encontro, como também
as Redações pendentes. Por fim, foi realizado leitura e comentário da redação intitulada: Um
sonho profissional.
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NONO ENCONTRO
O encontro teve início no horário previsto com a ausência de três professores devido às
atividades nas escolas de Ensino Médio, mas retornaram após o intervalo, às dez horas e trinta
minutos.
• Jogos Dramáticos: Psicoprofilaxia e Orientação Profissional;
• Jogos Dramáticos e Espontaneidade;
• Orientação Profissional e Identidade pessoal e profissional;
• Desenvolvimento da Identidade profissional.
AQUECIMENTO: Caminhar de olhos fechados pela sala, ao encontrar com algum colega
no percurso deve-se colocar a mão com suavidade na cabeça e no rosto do colega, tocando-o até a
descoberta de “quem é quem”. Após a adivinhação dar um abraço em seu colega, repetindo a
ação com todos os integrantes, usando o recurso das sensações tato e olfato.
JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Ilha. Pede-se aos participantes para deitar e imaginar um
navio preste a naufragar. Cada um poderá levar consigo cinco objetos de dentro do navio para
viver em comunidade na ilha deserta. Cada um usará os seus objetos na conveniência e
integração com os demais.
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COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os comentários finais foram a respeito da
atividade prática realizada nesse dia. Em meio a risos e expectativas, os professores mostraram-se
interessados na aplicação do Jogo da Ilha aos adolescentes de suas escolas, pois segundo
depoimentos o jogo trabalha com a situação surpresa, os jovens gostam disso, sendo-lhes
esclarecido que o objetivo é desenvolver a espontaneidade. Houve também questionamentos
acerca da identidade pessoal e profissional, pois hoje o mercado de trabalho geralmente fica
distante dos sonhos e expectativas dos jovens adolescentes.
DÉCIMO ENCONTRO
Esse encontro teve início às oito horas e trinta minutos, pois os participantes trouxeram
lanches para o café da manhã. Todos os professores estavam presentes e transcorreu sem
interrupções ou qualquer transtorno.
• Quadro de Referência da Orientação Profissional;
• Aptidão, Identidade pessoal e Identidade profissional;
• Identidade Profissional x Satisfação Pessoal;
• Escolha profissional adequada segundo Rodolfo Bohoslavsky.
AQUECIMENTO: Andar pela sala aleatoriamente e escolher um colega para formar uma
dupla. Em círculo e em duplas, cada um deve contar sobre a profissão de maior afinidade. Em
seguida, cada um fica no centro e conta ao grupo o que escutou do colega.
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JOGO DRAMÁTICO: Jogo da Persuasão. Também em duplas, cada participante tenta
convencer o colega de que a sua escolha profissional é a melhor, tentando fazer o outro desistir
de sua escolha, e vice-versa.
DESPEDIDA: após exaustiva tentativa de todos convencerem os colegas contrariamente
às suas escolhas, pede-se um momento para o início da despedida do grupo, em que cada um
deve expressar os sentimentos, pensamentos e ações, relacionados aos colegas que participaram
dos Encontros semanais do mini-curso.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: Os professores, mais uma vez,
comentaram sobre a importância desse mini-curso para suas vidas pessoais e profissionais, pois,
segundo os relatos, essas atividades têm-lhes auxiliado em questões de praticidade e desinibições
diante das situações. Expressaram também grandes expectativas para aplicar os conhecimentos
teórico-práticos apreendidos aos adolescentes de suas escolas.
DÉCIMO PRIMEIRO ENCONTRO
Teve início logo às oito horas com a presença de todos. Foi solicitada avaliação do mini-
curso sendo realizada enquanto se aguardava o momento da conversa da (o) colega. Alguns
professores não entregaram a avaliação do mini-curso nesse dia, mas a enviaram posteriormente
pelo e-mail do grupo, o Café OP (Orientação Profissional).
• Revisão de Conteúdo Programático.
Entrega dos questionários investigativos, em que se dialogou sobre as atividades e as
expectativas profissionais do grupo. Houve também esclarecimento sobre a criação do e-mail do
grupo, denominado Café OP (Orientação Profissional), um espaço para discussão de dúvidas,
além da necessidade de apoio na multiplicação desses conhecimentos às escolas de origem, em
que se trocam constantes informações.
AQUECIMENTO: Ensinando os animais. Pede-se ao grupo para se dividir em dois
blocos. Colocam-se duas fileiras de cadeiras frente-a-frente. Os participantes de uma fileira
devem representar o papel de gato e os participantes da outra de cachorro. A fileira dos gatos
deverá tentar convencer os cachorros a serem gatos e vice-versa.
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JOGO DRAMATICO: Jogo da Lápide. Pede-se a formação de um círculo, e coloca-se
uma mesa ou esteira no centro. Cada participante, um por vez, espontaneamente deita-se no local
marcado para serem velados, como se estivessem mortos. Pede-se que todos os participantes
expiem suas percepções, pensamentos e sentimentos, em relação ao colega como se fosse uma
despedida derradeira.
APLICAÇÃO DO TESTE SOCIOMÉTRICO: por tratar-se de momento de necessidade
de parcerias para a aplicação dos conhecimentos do mini-curso, o critério foi o intelectual e as
relações de trabalho. Dessa forma, foi solicitado que os integrantes escolhessem pessoas que
considerassem ideal para trabalharem juntos. Foi solicitado também que cada participante
escolhesse apenas uma pessoa, colocando sua mão direita sobre o ombro dela. A descrição, a
análise e a interpretação desse Teste encontram-se no final da descrição desses Encontros, no
Item Sociometria.
COMENTÁRIOS FINAIS E COMPLENTARES: No todo se pode perceber
descontentamento quanto ao término do mini-curso. Alguns comentaram que o “Curso já deixou
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saudades!”. Ficou evidente também a relevância dos conhecimentos apresentados, pois
encomendaram livros com preferência para O Psicodrama (J. L. Moreno) e Orientação
Profissional: Uma estratégia Clínica (Rodolfo Bohoslavsky). Diversos comentários foram
expostos sobre os Jogos Dramáticos, dentre eles, a expectativa de aplicá-los em suas escolas, e
que por meio deles foi possível se tornar pessoas melhores e mais espontâneas.
DÉCIMO SEGUNDO ENCONTRO
Nesse ultimo dia, os participantes do mini-curso estavam quietos e pensativos. Relataram
que estavam angustiados devido o término do grupo. Entretanto, logo se alegraram com a
chegada do pessoal da emissora de rádio e TV interna da UNEMAT que esteve no local
entrevistando o grupo sobre o evento.
Posteriormente foi servido café da manhã aos participantes, acompanhado de comentários
sobre o mini-curso, com a sugestão de dois mini-cursos ao ano para suprir a necessidade local. As
avaliações individuais foram entregues. Houve feedback com as opiniões particulares a respeito
da participação, das condições e do conteúdo do mini-curso, e o encerramento do evento.
3.2. Sínteses das Avaliações da Formação de Professores em Orientação
Profissional Dirigido ao Ensino Médio da Rede Pública e Privada do Município de
Cáceres – MT
As avaliações a respeito do mini-curso teórico-prático tiveram como objetivo obter
informações sobre as opiniões e as críticas dos professores participantes para o aprimoramento
dos futuros treinamentos em Orientação Profissional. Realizou-se no final do último Encontro e
devido a outros compromissos já assumidos pelos participantes, muitos não foram entregues, mas
foram enviadas por e-mail dias após o término do mini-curso.
A maioria dos professores avaliou o Mini-Curso como excelente e de relevância à
formação docente, pois correspondeu às expectativas deles. Percebeu-se que a maioria sentiu
necessidade de continuidade, pois o tema é pouco desenvolvido na região e demonstrou
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sentimento de insatisfação pelo término. Identificou-se também satisfação pessoal e profissional
pela participação, devido à possibilidade de experiência teórico-prática.
Foi também significativa a freqüência de opiniões dos professores referentes aos
conhecimentos do Psicodrama e dos Jogos Dramáticos, tanto no que se refere à aquisição de
novos conhecimentos quanto a possibilidade de futuras utilizações junto aos adolescentes das
escolas do Ensino Médio de pertencimento.
Em outros depoimentos aparece com freqüência motivação para colocar em prática o
conteúdo apreendido, preocupação com relação à ausência de metodologias das escolas para
auxiliar o jovem nas escolhas profissionais e percepção do Mini-Curso promover também a
possibilidade de reflexão sobre a necessidade de auxiliar os alunos no processo de escolha de
profissão como também quanto ao papel do educador do Ensino Médio.
Outros professores elogiaram a didática, a disciplina, a flexibilidade, a dedicação, o
compromisso e o profissionalismo em que foi elaborado e ministrado o mini-curso, sendo
destacada a sua utilidade para melhoria dos relacionamentos pessoais dos participantes fora do
contexto do grupo, em suas escolas de origem.
Ao todo foi possível constatar, por meio das avaliações dos doze professores
participantes, que a participação possibilitou novas percepções a respeito do desenvolvimento dos
adolescentes, as angústias e conflitos, e da Orientação Profissional. Identificou-se o
conhecimento prévio de temáticas da Psicologia, mas não de Psicodrama, contribuindo ao
desenvolvimento de vínculos, de relações mais autênticas e solidárias entre os professores.
Pode-se perceber nos diálogos, nas expressões alegres e nos feedbacks dos professores
satisfatório interesse pelo material teórico e jogos dramáticos, atingindo com eficácia os objetivos
de formação teórica e prática destinada aos professores, visando auxiliar o jovem nas escolhas
profissionais assertivas e conseqüente satisfação pessoal e profissional.
Mencionou-se em várias avaliações a questão da didática, considerada dinâmica e
interativa, demonstrando ter correspondido às expectativas dos participantes tanto na questão de
promover visibilidade no assunto, como também de oferecer oportunidade para vivenciar por
meio dos jogos dramáticos as “dúvidas nas escolhas profissionais” dos adolescentes.
Na maioria dos depoimentos os professores falam da satisfação pessoal por participarem
do mini-curso, pois os conhecimentos obtidos esclarecem como os relacionamentos familiares e
sociais, experiências objetivas e subjetivas, motivações, dinâmica da personalidade e a
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espontaneidade, interferem nas escolhas profissionais dos jovens. Por exemplo, a cobrança social,
o preconceito por algumas profissões e a dificuldade de escolher essa ou aquela profissão, diante
de tantas existentes no mercado globalizado.
Identifica-se também nas avaliações uma transformação na compreensão da Orientação
Profissional, não mais a concebendo como área da Psicologia que realiza “bateria de testes”
visando descobrir as aptidões, mas como gerenciamento de vida, como processo capaz de
despertar e descobrir aptidões, promovendo a confiança necessária no professor para que ele
perceba-se apto a “renovar-se cada vez mais a fim de orientá-los para uma escolha consciente e
satisfação pessoal”, conforme esclarece uma das professoras integrante do grupo.
Ao todo, pode-se perceber a satisfação dos integrantes por terem participado e a
compreensão da relevância desses conhecimentos à prática pedagógica no Ensino Médio, que
também objetiva formar o jovem para a vida. Assim, a fim de elucidar melhor o que foi dito
acima foram recortados alguns fragmentos dos depoimentos e fotos com suas respectivas
Análises de Dados, apresentados no Item Análise e Interpretação da Coleta de Dados das
Avaliações dos professores Participantes.
3.3. Análise e Interpretação dos Dados das Avaliações da Formação de Professores
em Orientação Profissional
Para Bardin (1977) é necessário saber a razão porque que se analisa e explicitá-lo de
modo a que se possa saber como analisar. Assim, a codificação das Análises de Conteúdo das
Avaliações dos Professores participantes torna-se significativa, pois evidencia a relevância do
Serviço de Orientação Profissional (SOP) para a comunidade e a satisfação dos professores em
participarem do mini-curso. Nesse sentido, identificou-se que os Conteúdos Programáticos do
programa de formação, além de promover novos conhecimentos, aproximou os professores do
Ensino Médio dos alunos adolescentes:
(...) como professora do Ensino Médio pude conhecer melhor o mundo dos adolescentes. As aulas foram dinâmicas, os jogos dramáticos são super-interessantes e o material teórico nos ajudou muito na compreensão desse tema. (Professora A )
95
O mini-curso promoveu acesso às informações significativas que possibilitaram
assimilações reflexivas e promoveu não somente a aprendizagem, mas também transformações
em aspectos psicológicos cristalizados, evidenciando que o mini-curso com os seus jogos
dramáticos do Psicodrama atingiram o objetivo de promover uma formação de Orientação
Profissional aos professores:
Psicologia sempre me interessou e agora também o Psicodrama, que chamou a atenção para coisas que não entendia muito bem e passaram a fazer parte das minhas reflexões e até do meu trabalho como professora de adolescentes. A maneira como foi exposto o conteúdo e as realizações das dinâmicas fez com que entendêssemos o objetivo do curso e nos facilita pôr em prática algumas de suas teorias. (Professora B)
Pôde-se perceber a compreensão dos objetivos da Formação e que atende as perspectivas
do mercado atual local:
Hoje, além de professor temporário nos cursos do Senai e Unopar (EAD), sou também micro-empresário há 30 anos na atividade materiais esportivos, e estou presidente da Associação Comercial e Empresarial de Cáceres (ACEC) a qual fundamos em 2006 e hoje reeleito para o biênio 2008/2010. Tenho informado na ACEC esta visão, pois trabalhamos o associativismo em todo Brasil. Capacitamos não somente nossos empresários e funcionários, mas também os alunos, a partir de 16 anos, da Escola Pública e Particular para o "mundo" empresarial por meio do Senac e Senai. Este curso para mim foi excelente, pois vem a somar aos meus conhecimentos. (Professor C )
Houve significativa frequência de depoimentos demonstrando a eficácia do mini-curso, o
engajamento e o compromisso na participação do mini-curso junto à satisfação pessoal e
compreensão da utilização de Metodologia diferenciada:
A Filosofia e o Método Psicodramático são muito bons mesmo. Espero ter correspondido às expectativas e numa avaliação geral nossa turma o “Café OP”5 foi muito bom, todos se mostraram responsáveis e comprometidos. (Professor D)
Em outros fragmentos pôde-se perceber a satisfação pessoal pelo mini-curso ao atender as
expectativas e anseios individuais e profissionais:
Esse Curso veio de encontro com os nossos anseios e compromissos como educadores (as) que buscamos crescimento pessoal. A didática usada foi bastante dinâmica, atrativa e interacional. (Professora F)
5 Nome do e-mail do grupo de estudo do Primeiro Encontro de Orientação Profissional do Campus Universitário Regional “Jane Vanini” (sede da UNEMAT), na internet, para diálogos, troca de idéias, dúvidas, informações e conversas informais.
96
Houve, porém, insatisfações quanto ao local e ao tempo de duração do mini-curso devido
à amplitude que abrange a temática Orientação Profissional:
O local não foi apropriado para a execução das atividades embora o grupo tentasse apropriar-se. O tempo não foi suficiente para aprofundarmos os objetivos proposto devido à riqueza do próprio conhecimento. (Professora G)
Foram identificadas satisfações quanto à forma de intervenção realizada e significativas
sugestões para o mini-curso com propostas evidentes quanto à necessidade de continuidade:
A orientadora do curso é de foco disciplinar, sucinta, flexível, dedicada e muito profissional no que faz. Que tenha continuidade o curso! Que a UNEMAT incorpore o Projeto e execute-o, oferecendo esse curso a todos os profissionais de Educação. Que a UNEMAT ofereça horário adequado ao Curso. (Professora H)
Foi possível também perceber, em outros fragmentos contidos nas avaliações dos
professores, satisfação quanto aos benefícios subjetivos do mini-curso:
Avalio o Curso como positivo particularmente a minha auto-estima melhorou muito só tenho que elogiar esse Curso, para mim foi muito bom. (Professora I)
97
99
CAPÍTULO 4
CARACTERIZAÇÃO DO AMBIENTE SOCIOCULTURAL SOB
O OLHAR PSICODRAMÁTICO
Para a Teoria do Psicodrama de base epistemológica da fenomenologia e do
existencialismo, o contexto social e cultural desempenha papel importante na constituição do
sujeito, sendo o local onde ocorrem as relações sociais, as interações dos papéis, os discursos, as
identificações, subjetivações e identidades.
Fundamentada em Arantes (2002) torna-se impossível conceber a idéia de um ser sem o
mundo ou mesmo o inverso, pois ao sentir, pensar e agir se dá sentido ao mundo, internalizado na
Realidade subjetiva por meio das sensações e percepções, assim como sem outros seres, na qual
se constrói a cultura em processo, com alicerce na inter-relação e no Diálogo, revelador do
mundo em que se vive, podendo-se instigar a imaginação e os sentidos a respeito da subjetivação
da população local, informando com essa leitura algumas tipicidades.
O contexto da cidade de Cáceres, em Mato Grosso, é o cenário histórico e cultural desta
pesquisa. De acordo com Volpato (1998), foi fundada, em seis de outubro de 1778, por Luiz de
Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, o quarto governador de Mato Grosso.
Por ocasião de sua criação Cáceres recebeu o nome de Vila-Maria do Paraguai, escolhido
em homenagem à rainha de Portugal, era uma das três províncias (sesmarias: antiga medida
lusitana de doação de terras) doadas pela coroa, sendo as outras duas: Cuiabá (Kiaverá: O rio de
lontras douradas) e Vila Bela da Santíssima Trindade. Em 1874, altera-se o nome por meio da
terceira lei provincial para a denominação de Vila Maria e para São Luiz de Cáceres, e,
finalmente, Cáceres.
Foi chamada de “Princesinha do Paraguai” devido a seus aspectos biográfico e biodiverso,
de ricas belezas naturais e, grandes fazendas latifundiárias, que marcaram o desenvolvimento e a
decadência sócio-econômica no local.
A condição geográfica de Cáceres, MT, era privilegiada devido à proximidade de
fazendas produtivas, como a Fazenda Jacobina, que em 1827 era a maior em área e produção da
província de Mato Grosso, destacando-se de outras fazendas, como a Ressaca, produzindo a
100
primeira safra de açúcar e aguardente nos moldes industriais, hoje pertencente à Grandene S.A, a
Descalvado, a Facão e a Barranco Vermelho pela importância histórica.
Esse período foi marcado pela exportação da Cephaeles Ipecacuanha, conhecida na
cultura local como ipeca ou poaia, pequeno arbusto de raízes medicinais, com terapêutica
comprovada no tratamento de bronquite, exportada para a Europa e Ásia, que se interessavam
pelos seus efeitos curativos e para a confecção da moeda inglesa, a libra esterlina e, o extrator da
planta: o Poiaieiro, explorado até no consumo de sua alimentação e vestimenta, assim como os do
ciclo da borracha.
Neste período, iniciou-se em Mato Grosso a exploração da borracha (1870-1913), que
ocorreu à concorrência asiática, vendida internacionalmente com preço muito inferior à nacional,
transportada pela navegação fluvial do rio Paraguai. Esse comércio desenvolveu Corumbá, MS, e
outras praças.
Houve também aumento das atividades agropecuária e extrativista, que fizeram surgir os
estabelecimentos industriais representados pelas usinas, hoje extintas, de cana-de-açúcar e as
charqueadas das fazendas latifundiárias. Infelizmente, todo o período de apogeu
desenvolvimentista foi marcado pelo extermínio indígena e exploração da mão-de-obra escrava.
Segundo Siqueira (2002) as culturas indígenas, tão ricas em conhecimento foram
desprezadas durante o processo de colonização e, atualmente a sociedade globalizada vai de
encontro aos modos e costumes desses povos, pondo em risco sua integridade no futuro, pois o
índio é o herói de sua cultura e para atingir essa condição, comenta Arantes (2002, p.39):
Para ser um herói da nossa cultura é preciso nascer e aprender a viver, a ser feliz, a sofrer, a lidar com perdas e vitórias e, principalmente aprender a cuidar dos seres e da natureza, para que nossos descendentes possam continuar essa “missão especial” de colonizar esse mundo com autenticidade nas relações pessoais, sociais e profissionais.
Continuando, a descrição sociohistórica do ambiente dessa pesquisa, na primeira década
do século XX houve o declínio da extração da borracha, muitos investimentos deixam de ser
realizados em Mato Grosso, atingindo a produção nas grandes fazendas da região da grande
Cáceres e causando sua queda, sendo na década de vinte o marco de um grande fluxo migratório
de trabalhadores nortistas e nordestinos no estado.
A partir de 1950, de acordo com os dados do EIA (Estudo do Impacto Ambiental), e com
maior intensidade nos anos de 1960 e 1970, o município recebeu diversas migrações. O
101
desenvolvimento agrícola, que o projetou como pólo de produção no Estado e no País, motivou,
por outro lado, o desejo de emancipação das populações dos novos núcleos socioeconômicos que
ali se instalaram, chamados de glebas.
Vários municípios emanciparam-se de Cáceres, reduzindo, assim, sua área geográfica e
política e com cerca de cinco de sua superfície restante ocupada pelo pantanal mato-grossense.
Cáceres incorpora-se à política de Integração Latino-Americana, buscando a implantação do
sistema de transporte intermodal com a revitalização da navegação fluvial e a ligação, por meio
da rodovia Brasil-Bolívia, ao oceano Pacífico. Os desmembramentos ocorridos pelas
emancipações políticas estão apresentados abaixo:
Emancipações a partir do Município de Cáceres
MUNICÍPIO EMANCIPAÇÕES ÁREA (KM²)
Barra do Bugres 1943 7.257,1 Mirassol do Oeste 1976 1.008,9 Pontes e Lacerda 1979 12.551,0
Rio Branco 1979 1.612,5 Salto do Céu 1979 1.444,5
Quatro Marcos 1978 1.278,7 Araputanga 1979 1.646,4
Jauru 1979 1.200,9 Reserva do Cabaçal 1986 442,5
Porto Esperidião 1986 6.440,8 Figueirópolis 1986 934,7
Indiavaí 1986 599,6 Glória do Oeste 1992/1993 Limite de área não definido
Curvelândia 2000 Limite de área não definido
Fonte: EIA -Estudo do Impacto Ambiental.6
Conforme informa a EIA, Cáceres possui uma área de 23.400 km². No início dos anos
sessenta, na gestão de José Estevas Lacerda (1961-1963), foi construída a ponte Marechal
Rondon sobre o rio Paraguai, abrindo vias de comunicação para a ocupação colonizada do
extremo oeste mato-grossense.
6 O EIA (Estudos do Impacto Ambiental) é composto por um grupo de pesquisadores que se preocupam com o impacto ambiental sofrido pela depredação da natureza, causada principalmente pelos efeitos da ZPE (Zona de Processamento e Exportação) no estado de Mato Grosso.
102
Atualmente, a cidade possui umas raras empresas, estando na pecuária e na agricultura, a
fonte geradora de capital. A comunidade tem o turismo como fonte de renda, embora se constitua
uma ação predatória à cidade que, privilegiada pela natureza, possui aproximadamente cento e
vinte mil habitantes conhecidos como: hospitaleiros, alegres e divertidos.
Abriga um símbolo histórico significativo, trata do Marco de Jauru, monumento histórico
assentado na principal praça da cidade, a Barão de Rio Branco. O marco é a representação do
Tratado de Madri, a reformulação do Tratado de Tordesilhas de 1494, que estava situado na
nascente do rio Jauru ao norte do Estado, e orientava a divisão de terras luzas e hispânicas na
época da colonização.
Conforme Idem (1997), o limite estabelecido pelo Tratado de Madri, assinado em 1750
em substituição ao de Tordesilhas, garantiu para Portugal a posse da bacia amazônica e da região
ao sul e a oeste da área e, na divisa entre as terras brasileiras e bolivianas, o local onde
encontraram o Monumento histórico significando o marco há uma admirável piscina de águas
naturais transparentes frequentado pela população fronteiriça e turistas.
Outro símbolo é o Rio Paraguai, com nascentes nas encostas da Chapada dos Parecis, no
Estado de Mato Grosso, seguindo 2.821 km (dois mil oitocentos e vinte e um quilômetros) para o
sul até sua confluência com o rio Paraná, próximo à cidade Argentina de Confluência. Cabe
ressaltar que antes da colonização lusitana e hispânica esse território era dominado basicamente
pelas etnias indígenas Bororo, Xarayé e Guató.
Hoje, a população local é miscigenada de lusitanos, hispânicos entre outras etnias que
migraram ao local, como italianos e alemães; mas ainda conservam uma cultura típica e
características em alguns aspectos, como por exemplo, hábitos e costumes, como o guaraná
ralado pela manhã, o pão com chá, pronunciado pelos mais antigos de “pô-cô-chá”, “pechê”
referindo-se a palavra peixe, transformações lingüísticas ocorridas em virtude da influência
hispânica e indígena na elaboração da linguagem, entre outras expressões verbais diferentes de
outras realidades brasileiras.
Também as músicas e danças trazem os modos e costumes típicos como, por exemplo, o
siriri e o cururu, contendo instrumento diferenciado e único: a viola de cocho; e toda uma série de
outras construções singulares a esse local do Brasil considerado: Patrimônio da Humanidade.
Quanto aos hábitos e costumes, vale ressaltar o de nadar e pescar nas águas do Rio
Paraguai, cobiçado internacionalmente, pois além do lazer, as águas contêm algas e componentes
103
benéficos a saúde, entre outros como a ingestão do “Tererê”, bebida gelada que mistura água e
ervas bem diferentes do tradicional “chimarrão” gaúcho.
Os adolescentes como em qualquer outro local do país, apresentam características de
várias tribos: Funkeiro, roqueiro “have metal”, pagodeiro, hipongo, contudo, somente eles têm a
tipicidade lambadeiro, ou dançarino de rasqueado, ou o siriri e o cururu: O Ribeirinho,
ressaltando que em geral somente se vê essas danças em grupos culturais de representação à
cultura matogrossense.
104
Cáceres é sede da Universidade Estadual de Mato Grosso (UNEMAT), cujas ramificações
atingem de Alta Floresta a Alto Araguaia, de norte a sul do Estado, com dez campi em
funcionamento. De acordo com os dados do Anuário Estatístico, a UNEMAT, com sede
administrativa em Cáceres, tendo como Campus regional o “Jani Vanini”, atendendo todo o
interior do Estado por meio dos campi Universitários: Cáceres, Alta Floresta, Alto Araguaia,
Barra dos Bugres, Colíder, Nova Xavantina, Tangará da Serra, Sinop, Pontes e Lacerda, Juara e
Luciara e os Núcleos Pedagógicos de Araputanga, Nobres, Jaciara (Vale São Lourenço),
Confresa, São Félix do Araguaia, Campos de Júlio, Jauru, Sorriso, Campo Novo dos Parecis,
Juína, Sapezal.
Foi criada no dia 20 de Julho de 1978, enquanto Instituto de Ensino Superior de Cáceres,
com base na Lei nº 703, foi publicado o Decreto Municipal 190, criando o Instituto de Ensino
Superior de Cáceres (IESC), vinculado à Secretaria Municipal de Educação e à Assistência
Social, com a meta de promover o ensino superior e a pesquisa. Passa a funcionar como Entidade
Autárquica Municipal em 15 de agosto.
Por meio do Decreto Federal 89.719, de 30 de maio de 1984, foi autorizado o
funcionamento dos cursos ministrados pelo Instituto. Em 1985, com a Lei Estadual 4.960, de 19
de dezembro, o Poder Executivo institui a Fundação Centro Universitário de Cáceres (FUCUC),
105
entidade fundacional, autônoma, vinculada à Secretaria de Educação e Cultura do Estado de Mato
Grosso, que visa promover a pesquisa e o estudo dos diferentes ramos do saber e a divulgação
científica, técnica e cultural.
A Lei Estadual 5.495, de 17 de julho de 1989, altera a Lei 4.960 e atendendo às normas da
legislação de Educação passa a denominar-se Fundação Centro de Ensino Superior de Cáceres
(FCESC).
Em 1992, a Lei Complementar nº 14, de 16 de janeiro a Fundação Centro de Ensino
Superior de Cáceres (FCESC) passa a denominar-se Fundação de Ensino Superior de Mato
Grosso (FESMAT), cuja estrutura organizacional é implantada a partir de maio de 1993.
Através da Lei Complementar 30, de 15 de dezembro de 1993, institui-se a Universidade
do Estado de Mato Grosso (Unemat), mantida pela Fundação Universidade do Estado de Mato
Grosso (Funemt). Para vencer as barreiras geográficas impostas pela gigantesca extensão
territorial, desenvolve em uma estrutura multi-campi.
Mas, o Conselho Estadual de Educação de Mato Grosso homologa e aprova os Estatutos
da Funemat e da Unemat por meio da Resolução 001/95-CEE/MT, em janeiro de 1995,
publicada no Diário Oficial do Estado de Mato Grosso em 14 de Março de 1996.
Em 10 de agosto de 1999 a Universidade é credenciada pelo Conselho Estadual de
Educação por cinco anos, passando então a gozar de autonomia didática, científica e pedagógica.
Em 30 anos, cresceu, diversificou e concretizou-se como Universidade do Estado de Mato
Grosso: instituição pública, gratuita e de qualidade.
Hoje, a UNEMAT está presente em 108 dos 141 municípios mato-grossenses, com 11
campi e 15 núcleos pedagógicos. Cerca de 15 mil acadêmicos são atendidos em 82 cursos
regulares e modalidades diferenciadas oferecidas em todo o Estado, 49 especializações e 2
mestrados institucionais.
Foi criada em 1978, o Instituto de Ensino Superior de Cáceres (IESC), hoje a UNEMAT,
está presente em 108 dos 141 municípios do Estado por meio de 11 campi e 15 núcleos
pedagógicos. Atuando nos três biomas de Mato Grosso: Pantanal, Cerrado e Floresta
Amazônica. Com 15 mil acadêmicos matriculados em 82 cursos de graduação nas modalidades
regular, diferenciada e educação a distância, 49 de pós-graduação e dois mestrados institucionais.
106
Núcleos Pedagógicos: Campos de Júlio Campo N. Dos Parecis Confresa Jaciara Jaurú/Vale de São Domingos Juína Lucas do Rio Verde Nobres Poconé São Félix do Araguaia Sapezal Sorriso Mirassol D’ Oeste Vila Rica
107
A Unemat desenvolve ações pioneiras para atender às demandas específicas do Estado.
Por meio do Projeto Terceiro Grau Indígena 44 etnias têm acesso à formação superior, já com a
recém formação da primeira turma. As Licenciaturas Plenas Parceladas permitem a qualificação
de professores em exercício.
A Educação Aberta e a Distância leva o curso de Pedagogia a 28 municípios. Uma
graduação específica e diferenciada em Agronomia, forma integrantes de movimentos sociais do
campo, uma Universidade valorizada pela população local, promovendo acesso ao ensino
superior a jovens do estado e de outros.
Possui um quadro com 619 professores efetivos, sendo 105 doutores e 321 mestres, em
meio as adversidades busca assegurar aos docentes prioridade à pesquisa, ao ensino e à extensão,
na tentativa de um ambiente favorável à atividade criadora.
À extensão e cultura, somam 195 projetos, sendo 731 alunos bolsistas em atividades de
que atendem demandas das comunidades locais, com respeito às características sócio-culturais.
Possui 71 grupos de pesquisa cadastrados e 220 projetos em desenvolvimento, em diferentes
áreas de conhecimento. A Universidade se orgulha de ser uma instituição democrática, e
sintonizada com o contexto brasileiro, em ascensão no contexto nacional, busca constantemente a
melhoria da qualidade de ensino, pesquisa e extensão, por meio de contratação de profissionais
qualificados, incentivo à atualização profissional e investimento em infra-estrutura adequada.
No mês de julho de 2008, a Universidade do Estado de Mato Grosso comemorou 30 anos.
Nesse período, muitos desafios foram vencidos com trabalho de pessoas comprometidas,
dedicadas, competentes e determinadas que, desde o seu pioneirismo até os dias de hoje,
tornaram a UNEMAT uma instituição consolidada e reconhecida.
Busca a melhoria da qualidade de ensino, por meio de contratação de profissionais
qualificados, incentivo à atualização profissional, e investimento em infra-estrutura, mesmo em
meio a crises financeiras, poucos recursos, identifica-se um esforço e envolvimento coletivo,
rumo a soluções de problemas e, como toda instituição tem seus confrontos e divergências.
Em 30 anos, a UNEMAT cresceu e diversificou sua área de atuação. Por ser Instituição
ainda jovem, busca construir e reconstruir a prática sem perder de vista que é a Universidade do
Estado de Mato Grosso: instituição pública, gratuita, autônoma, democrática e inovadora;
profundamente identificada com o meio e aberta ao desafio de levar o desenvolvimento
108
científico, social e cultural a todo o Estado. A meta é oferecer três cursos de mestrado e um de
doutorado até 2009.
Alguns de seus objetivos, além da promoção dos conhecimentos científicos e tecnológicos
para o desenvolvimento sustentável do Estado de Mato Grosso, a promoção de assimilação
valores diversos e a preservação das tradições matogrossenses.
E, fazendo um mapeamento da articulação entre a UNEMAT e a população local,
identifica-se um fato curioso e representativo, construída sem muros externos e em local bem
próximo do centro urbano do município, não há depredação, invasões ou atentados, ao
patrimônio Público, como em outros locais, principalmente nos grandes centros urbanos.
Podendo perceber que há um respeito da população local para com o patrimônio e, que
talvez advenha dos gestores criadores e recentes que acreditam na importância de se oferecer
Ensino Superior Público, para a formação de valores como a autonomia, solidariedade,
igualitarismo e, contribuir com o desenvolvimento social e econômico, visto que os cursos estão
voltados às áreas estratégicas de Mato Grosso, como Educação, Saúde, Meio Ambiente,
Agricultura, Pecuária e Engenharias, conforme verifica-se nos dados que se seguem.
109
4.1. Apresentação dos Campis: Cursos de Graduação, Especialização e Pós-
Graduação com os Demonstrativos dos Projetos de Pesquisa de Extensão e Cultura
e os Cursos Regulares, Dados da Educação Indígena, Ensino à Distância e Quadro
de Vagas do Vestibular da UNEMAT
Conforme dito anteriormente, são diversos os Campí, mas aqui se apresentam as
Licenciaturas e os Bacharelados, contidos em cada um deles, as especializações, as Pós
Graduações, os Projetos de pesquisas, dados referentes ao Concurso Vestibular, sendo-os as mais
recentes fontes de informações.
• Alta Floresta • Alto Araguaia • Barra dos Bugres • Cáceres • Colíder • Juara • Luciara • Pontes e Lacerda • Nova Xavantina • Sinop • Tangará da Serra
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE ALTA FLORESTA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO VAGAS TURNO
Licenciatura em Ciências Biológicas
Reconhecido Portaria nº 253/04 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
Bacharelado em Agronomia
Reconhecido Portaria nº 449/04 - CEE/MT
Semestral 40 Integral Alta
Floresta
Bacharelado em Engenharia Florestal
Reconhecido Portaria nº 374/04 - CEE/MT
Semestral 40 Integral
110
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE ALTO ARAGUAIA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Licenciatura em Computação
Autorizado Resolução 018/01-CONSUNI
Semestral 40 Matutino Alto
Araguaia Licenciatura em Letras
Reconhecido Portaria nº 292/02 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE BARRA DOS BUGRES
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL
SISTEMA ACADÊMICO
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- CEE/MT Semestral 40 Noturno
Bacharelado em Ciência da Computação
Reconhecido Portaria nº 246/03
- CEE/MT Semestral 40 Noturno
Bacharelado em Engenharia de Produção Agroindustrial
Reconhecido Portaria nº 531/04
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Barra dos
Bugres
Bacharelado em Arquitetura Rural e Urbana
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- CEE/MT Semestral 40 Integral
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE CÁCERES
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Bacharelado em Agronomia
Reconhecido Portaria nº 464/04 - CEE/MT
Semestral 40 Integral
Licenciatura em Ciências Biológicas
Reconhecido Portaria nº 224/04 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
Cáceres
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Semestral 40 Matutino
111
Bacharelado em Direito
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Semestral 40 Noturno
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Semestral 40 Noturno
Bacharelado em Enfermagem
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Semestral 40 Integral
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Semestral 40 Noturno
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Semestral 40 Noturno
Licenciatura em Educação Física
Semestral 40 Vespertino
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE COLÍDER
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Colíder Licenciatura em Computação
Autorizado Resolução nº 004/04 - CONSUNI
Semestral 40 Noturno
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE JUARA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Juara Licenciatura em Pedagogia
Autorizado Resolução nº 001/04 - CONSUNI
Semestral 40 Noturno
112
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE LUCIARA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL
SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Licenciatura em Letras
Especial
Licenciatura em Geografia
Especial
Licenciatura em Pedagogia
Especial
Licenciatura em História
Especial
Luciara
Licenciatura em Matemática
Especial
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE PONTES E LACERDA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Licenciatura em Letras
Reconhecido Portaria nº 253/03 - CEE/MT
Semestral 40 Integral Pontes e Lacerda Bacharelado em
Zootecnia Reconhecido Portaria nº 051/05 - CEE/MT
Semestral 40 Matutino
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE NOVA XAVANTINA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Licenciatura em Ciências Biológicas
Reconhecido Portaria nº 185/03 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno Nova
Xavantina Bacharelado em Turismo
Reconhecido Portaria nº 490/04 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
113
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE SINOP
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Bacharelado em Administração
Reconhecido Portaria nº 065/05 - CEE/MT
Semestral 50 Integral
Bacharelado em Ciências Contábeis
Reconhecido Portaria nº 052/05 - CEE/MT
Semestral 50 Integral
Bacharelado em Economia
Reconhecido Portaria nº 523/04 - CEE/MT
Semestral 50 Matutino
Licenciatura em Letras
Reconhecido Portaria nº 180/03 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
Licenciatura em Matemática
Reconhecido Portaria nº 391/04 - CEE/MT
Semestral 40 Noturno
Sinop
Licenciatura em Pedagogia
Reconhecido Portaria nº 280/04 - CEE/MT
Semestral 40 Integral
CURSOS DE GRADUAÇÃO DA CIDADE DE TANGARÁ DA SERRA
CAMPUS CURSO SITUAÇÃO LEGAL
SISTEMA ACADÊMICO
VAGAS TURNO
Bacharelado em Administração (Verificar)
Autorizado Resolução
Semestral 40 Integral
Bacharelado em Agronomia
Reconhecido Portaria nº 450/04 -
CEE/MT Semestral 40 Noturno
Licenciatura e Bacharelado em Ciências Biológicas
Reconhecido Portaria nº 492/04 -
CEE/MT Semestral 40 Noturno
Bacharelado em Ciências Contábeis
Reconhecido Portaria nº 332/02 -
CEE/MT Semestral 50 Integral
Tangará da Serra
Licenciatura em Letras Reconhecido
Portaria nº 274 - CEE/MT
Semestral 40 Integral
114
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO DA UNEMAT
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
• Cursos em Andamento
Curso Local de Execução
Gestão dos Recursos Hídricos da Amazônia Norte Mato-grossense Alta Floresta
Educação Física Escolar Alta Floresta
Tecnologias da Informação e Comunicação aplicadas à Educação Alto Araguaia
Aperfeiçoamento em Didática do Ensino Superior Alto Araguaia
Tratamento Didático de Práticas de Linguagem Alto Araguaia
Educação Ambiental em Recursos Naturais Barra dos Bugres
Ensino de Matemática Barra dos Bugres
Agricultura Familiar Camponesa e Educação do Campo Cáceres
Ensino de Matemática Cáceres
Direito Ambiental Cáceres
Direito Empresarial e Relações do Trabalho Cáceres
Didática do Ensino Superior Cáceres
Contabilidade Pública Cáceres
Relações Raciais, Educação e Escola no Brasil Cáceres
Turismo Desenvolvimento Local e Regional Cáceres
Lingüística e Língua Portuguesa Cáceres
Informática na Educação Cáceres
Historiografia, Metodologia, Pesquisa e Ensino da História: Memória e Identidade na Historiografia Brasileira
Cáceres
Lingüística e alfabetização Campinápolis
Inovações tecnológicas na Educação Colíder
Língua Portuguesa e Literatura Comodoro
Ciências Sociais e Políticas Públicas: O percurso da Pesquisa e Metodologia de Ensino
Confresa
Pedagogia Waldorf Cuiabá
Educação Ambiental para Conservação da Amazônia MT Guarantã do Norte
Literatura Infantil e Infanto Juvenil Jauru
CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
115
• Mestrado Institucional:
Mestrado Acadêmico em Ciências Ambientais (Campus de Cáceres)
Local de Funcionamento: Celbe - Campus de Cáceres
Mestrado Acadêmico em Ecologia e Conservação (Campus de Nova Xavantina)
Local de Funcionamento: Campus de Nova Xavantina
• Mestrado Interinstitucional:
Mestrado Profissional em Matemática (Unicamp), no Campus de Cáceres (concluído)
Mestrado Interinstitucional em Ciências da Computação (PUC-RS), no Campus de Barra dos
Bugres
Mestrado Interinstitucional em Engenharia de Produção (UFSCar), no Campus de Tangará da
Serra
Mestrado Interinstitucional Ciências Sociais (UNISINOS/CAPES/FAPEMAT/SECITEC), no
Campus de Sinop.
• Doutorado Interinstitucional:
Doutorado Interinstitucional em Lingüística (Unicamp), no Campus de Cáceres
Doutorado Interinstitucional em Educação (UFRGS/CAPES/FAPEMAT) aprovado na CAPES,
no Campus de Sinop
Doutorado em Cooperação Científica e Tecnológica em Ecologia e Recursos Naturais
(UFSCar/FAPEMAT/UNEMAT), na UFSCar
Local de Funcionamento: CELBE - Campus de Cáceres
116
UNEMAT HOJE
Laboratórios 64
Acervo Bibliográfico 218.115
Projetos de Extensão e Cultura 128
Projetos de Pesquisa 120
Publicações Unemat Editora 78
Computadores Conectados em Rede 2.500
Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PRPPG)
Bolsas Estudantis
Projetos de Pesquisa 120
Centros de Pesquisa 71
Grupos de Pesquisa 14
Pós-Graduação Lato-Sensu 52
Mestrado 3
Doutorado 1
Bolsas de Pesquisa 220
Modalidade da Bolsa Quantidade de Bolsistas
Bolsa Extensão 138
Bolsa Apoio 180
Bolsa Cultura 15
117
Demonstrativo dos Projetos de Pesquisa, Extensão e Cultura
2005 2006 2007
Pesquisa 144 220 120
Extensão e Cultura 195 156 94
QUADRO RESUMO CURSOS OFERTADOS NA UNEMAT
1. O Projeto Parceladas não ofereceu nenhuma vaga neste ano de 2007, pois seus 8 (oito)
cursos estão em andamento e conta atualmente com cerca de 480 alunos.
2. O CAMOSC no ano de 2007 não ofereceu vagas, pois seu curso está em andamento e
conta atualmente com 62 (sessenta e dois) alunos.
3. O Ensino a Distância também não ofereceu vagas neste ano de 2007, pois seus 6 (seis)
cursos estão em andamento.
O ingresso aos cursos regulares de graduação ocorre por meio do Concurso Vestibular,
realizado na metade e no final de cada ano, com oferta de 3.650 vagas. No vestibular realizado
para o ingresso no primeiro semestre do ano letivo de 2007 foram ofertadas 1.850 vagas com
12.704 inscritos, e para o segundo semestre foram ofertadas 1.800 vagas com 9.215 inscritos em
Modulares Regulares
Turmas Especiais Parceladas CAMOSC Ed. Indígena
Ensino a Distância
Total
Nº de Cursos
44 20 08 01 03 06 82
Nº de Vagas
3650 500 00¹ 00² 100 00³ 4250
118
10 campi Universitários: Cáceres, Alta Floresta, Alto Araguaia, Barra dos Bugres, Colíder, Juara,
Nova Xavantina, Pontes e Lacerda, Sinop e Tangará da Serra.
Demonstrativo do Vestibular 2007/2 em Relação a Candidatos/Vagas e Cotas de Inclusão Racial
Campus Vagas Inscritos Vagas Não
Cotistas
Inscritos Não
Cotistas
Cand/Vaga Não
Cotista
Vagas Cotistas
Inscritos Cotistas
Cand/Cota
Alta Floresta
120 583 90 539 5,98 30 44 1,46
Alto Araguaia
120 264 90 253 2,81 30 11 0,36
Barra dos Bugres
200 561 150 504 3,36 50 57 1,14
Cáceres 480 3640 360 3040 8,44 120 600 5,00
Colíder 40 112 30 102 3,40 10 10 1,00
Juara 40 123 30 113 3,76 10 10 1,00
Nova Xavantina
120 428 90 379 4,21 30 49 1,63
Pontes e Lacerda
80 149 60 131 2,18 20 18 0,90
Sinop 310 1795 234 1644 7,03 76 151 1,97
Tangará da Serra
290 1560 218 1409 6,46 72 151 2,10
10 campi 1800 9215 1352 8114 6,00 448 1101 2,46
Evolução do Concurso Vestibular
2005 2006 2007
Vagas no Vestibular 3690 3520 3650
Cursos Oferecidos 73 82 82
Inscritos 22.246 25.844 21919
Concorrência 6,03 7,34 6,01
119
Assim, diante dos muitos desafios em relação à disponibilidade financeira para a
manutenção das despesas de manutenção e investimento verifica-se que todos esses números
apresentam um desenvolvimento satisfatório nos indicadores de produtividade, considerando os
últimos catorze anos de existência da Instituição enquanto Universidade do Estado de Mato
Grosso.
121
METODOLOGIA DA PESQUISA
O homem sabe hoje que ele não está só na imensidão indiferente do Universo. Se a ciência clássica, do alto de seu saber onisciente, havia reduzido a natureza à figura de um mero autônomo, a ciência contemporânea, através de seu ouvido poético, devolveu-lhe seu potencial inovador e, por meio de um frutífero diálogo, reintegrou o homem ao universo que ele observa. (PRIGOGINE e STENGERS).
Esse Capítulo foi estruturado para demonstrar com fidedignidade e precisão, o
desenvolvimento e os dados obtidos nessa pesquisa –Tese qualitativa, quantitativa e sociométrica.
Inclui-se nesse, a Categorização da pesquisa, o Problema, a Justificativa, a Hipótese, os
objetivos, a amostra, os procedimentos: a fundamentação teórica, as entrevistas, os questionários,
a caracterização dos dados obtidos nas Entrevistas e Questionários, e os gráficos dos
Sociogramas.
1. Caracterização da Pesquisa
Constituiu-se pesquisa intervencionista, teórica e aplicada, desenvolvida e explorada na
realidade mato-grossense, apresentando resultado prático não se limitando apenas ao
conhecimento e, culminando na implantação do Serviço de Orientação Profissional.
Trabalhou-se com o Projeto Piloto (anexo) da Pesquisa em Ação7 junto aos alunos de
Pedagogia (PEFOPEX) da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas,
UNICAMP, que diz respeito à parca existência ou inexistência do Serviço de Orientação
Profissional nas escolas públicas e privadas.
Todavia, por se tratar de um projeto balizador de dados e piloto, os envolvidos desse
primeiro Projeto não fazem parte do sujeito da pesquisa e da análise de dados, os dados referentes
a esse encontram-se em anexo. Outro motivo da não inclusão desses sujeitos nas análises se deu
pelo fato dos dados obtidos serem distantes da realidade matogrossense.
Utilizou-se pesquisa bibliográfica e de campo, possibilitando amplo conhecimento da
realidade, com dados obtidos junto aos Pró-Reitores de Educação, Extensão e Cultura; da direção
7 A pesquisa-ação é “um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 2007, p.16).
122
da Faculdade de Educação; da coordenação do Campus “Jane Vanini” da sede da UNEMAT; de
coordenadores, professores e alunos das Escolas Públicas e Privadas da cidade de Cáceres, em
Mato Grosso.
Os dados obtidos foram codificados por meio das Análises Categoriais, cujos dados
balizam-se “segundo a ausência ou a freqüência dos itens de sentidos” (BARDIN, 1977, p. 37),
utilizando-se da pesquisa qualitativa, e da quantitativa, com os recursos de tabelas e gráficos
demonstrativos da mensuração de dez por cento em cada escola de Ensino Médio, como também
de dois Sociogramas.
Ancoraram-se as análises, em Idem por considerar características particulares, respeitando
os conteúdos subjetivos na elaboração das deduções específicas sobre um acontecimento ou uma
variável de inferência precisa e não em inferências gerais. Para Ibidem (1977, p.21):
Na análise quantitativa, o que serve de informação é a freqüência com que surgem certas características de conteúdo. Na analise qualitativa é a presença ou a ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em consideração
Quanto ao método, o caminho, o estilo de definição das observações e os procedimentos
intelectuais e técnicos adotados nessa pesquisa qualitativa, é o método fenomenológico tratando
do que melhor atende as bases lógicas dessa investigação, já que nem dedutivo, nem empírico,
mas processual e interativo, retrata a realidade concreta e vivida em que pressupostos
metodológicos incluem instrumentos valorizadores da experiência vivida.
Foram utilizados como instrumentos a entrevista, o questionário, a observação
participante a formação aos professores do Ensino Médio na temática da Orientação Profissional
e fotografia. Tais instrumentos constituem-se recursos ou meios técnicos a fim de melhor
compreender o comportamento e a experiência proporcionando “ao investigador os meios
técnicos para garantir a objetividade e precisão no estudo dos fatos sociais” (GIL, 2007, p.33) nas
pesquisas sociais.
Para melhor compreensão da utilização da Metodologia psicodramática nessa pesquisa,
utilizando-se da Sociometria, fundamenta-se aqui a fenomenologia, pois embasa as pesquisas de
cunho qualitativo e a do Psicodrama.
A fenomenologia de Husserl estuda o fenômeno ou conteúdo intencional da consciência.
Nesse platô, a consciência é um movimento de transcendência em direção ao objeto
123
interpretando-o de acordo com a realidade concreta e vivida, promovendo clareamento do sentido
e da origem do fenômeno. Por sinal, essa é a novidade que a fenomenologia oferece à
epistemologia, a possibilidade de estudo do sujeito em sua origem, em espaço, tempo, cultura, e
outros elementos trasbordantes de significados presentes na realidade pesquisada.
Para melhor transparência, compreende-se aqui a fenomenologia sendo utilizada no sentido
de “generalização da noção de objeto, que compreende não somente as coisas materiais, mas
também as formas de categorias, as essências e os ‘objetos ideais” (ABBAGNANO, 2000, p.
438).
O método fenomenológico de elevado grau de abstração da realidade, também é compatível
com a perspectiva da interação simbólica do Psicodrama, porque as subjetivações constróem-se
por meio dos símbolos e signos da sociedade, por meio das conservas culturais em cujas
experiências são mediadas pela interpretação. Considerando-se relevante o contexto, o lócus que
acontece os fatos, em que os fenômenos podem ser descritos com consistência e
interdependência, e não a partir de fatos isolados.
Durante a fase investigativa, nas Entrevistas e Questionários, foram consideradas as
expressões do pensamento, idéias, crenças e palavras, agrupadas em Categorias de Análises
observando-se a ação das pessoas e os seus discursos, considerando-se que a compreensão de
todo o contexto investigativo torna-se relevante na análise qualitativa, inclusive a “presença ou a
ausência de uma dada característica de conteúdo ou de um conjunto de característica de conteúdo
ou de um conjunto de características num determinado fragmento de mensagem que é tomado em
consideração” (BARDIN, 1977, p.21).
Inserido na metodologia fenomenológica e no pensamento existencial, o Psicodrama
busca compreender como os fenômenos (fatos, ações, situações sociais) acontecem, interpretando
a existência a partir da ação, pois está embasado filosoficamente nas idéias de Martin Heidegger,
Jean Paul Sartre e Maurice Merleau-Ponty .
Merleau-Ponty, apesar de influenciado pela obra de Husserl, rejeita sua teoria sobre o
caráter intencional da consciência, o conhecimento intencional, refletindo além das aparências
dos fatos e fundamentando sua própria teoria na corporeidade, em que o conhecimento nasce e
faz-se sensível em sua corporeidade e percepção:
(...) quando o ser humano se depara com algo que se apresenta distante diante de sua consciência, primeiro o nota e o percebe em total harmonia com sua forma, a partir de
124
sua consciência perceptiva. Após percebe o objeto, este entra em sua consciência e passa a ser um fenômeno. Com a intenção de percebê-lo o ser humano intui algo sobre ele, imagina-o em toda a sua plenitude, e será capaz de descrever o que ele realmente é. Dessa forma, o conhecimento do fenômeno é gerado em torno do próprio fenômeno (MERLEAU PONTY, 2008, p.01).
Por tratar-se de método de concepção de sujeito-objeto indissociáveis e interativos, de
procedimentos psicoterapêuticos e psicopedagógicos fundamentados no método fenomenológico-
existencial, acrescenta dados de investigação direta nas relações interpessoais, a partir da prática
de trabalho com grupos, pois há situação existencial neles.
Tornando-se possível a compreensão da relevância desse trabalho a UNEMAT e à
comunidade matogrossense local, trazendo inédita e pioneira contribuição na temática Orientação
Profissional, como também contribuindo ao bem-estar social.
2. Sujeitos da Pesquisa
Considerando-se a amostra como “subconjunto do universo ou da população, por meio do
qual se estabelecem ou se estimam as características desse universo ou população” (GIL, 2007,
p.100), se pesquisou as necessidades, as percepções, as expectativas e sonhos e, as intervenções
em Orientação Profissional.
Nesse sentido, foram envolvidos: Quatro Gestores da UNEMAT: Direção da Faculdade
de Educação, Pró-Reitoria de Ensino e Graduação, Pró-Reitoria de Extensão e Cultura;
Coordenação Regional do Campus Universitário “Jane Vanini”, Cento e vinte e dois Professores,
dois mil novecentos e vinte Alunos do Ensino Médio das Escolas Públicas e Privadas e, dez
Professores participantes da formação em Orientação Profissional.
Identificou-se tanto nos professores envolvidos nos questionários quanto nos participantes
do da formação em Orientação Profissional, constituindo-se um Mini-Curso, uma participação
em atividade docente em escolas públicas e privadas, são de gênero feminino e masculino, com
predomínio do primeiro gênero, têm faixa etária de vinte e cinco a sessenta anos. A maioria é
constituída de ex-alunos dos diversos cursos de formação universitária da UNEMAT. Os alunos-
adolescentes em geral, estão entre quinze a dezoito anos de idade, do gênero feminino e
masculino, compondo essas duas redes de ensino.
125
3. Problema
A partir das observações como docente há desinformação das profissões existentes no
mercado, desorientação na escolha da profissão, falta de orientação ao docente do ensino médio
e, descaso de políticas públicas para a Orientação Profissional? Tais fatos estão comprometendo a
espontaneidade necessária para escolhas profissionais adequadas, na qual o serviço dessa
dimensão atende às expectativas locais?
4. Justificativa
Diante do modelo de organização do trabalho baseado no toyotismo, atualmente há a idéia
dominante de que a produção deve estar vinculada à procura do mercado consumidor,
fundamentado no trabalho operário em equipe, com multivariedades de funções e que as
organizações estão inseridas no princípio do just time, isto é, o melhor aproveitamento do tempo.
As organizações flexíveis hoje estão funcionando segundo o sistema kanban, placas ou
senhas de comando para reposição de peças e estoque com horizontalização do trabalho
produtivo, em que se transfere a terceiros grande parte do que anteriormente era produzido pela
própria empresa.
Visando à qualidade total, esse sistema trabalhista prima-se por profissionais
“polivalentes ou multifuncionais” por exigir multifunções, e o trabalhador que dele participa deve
pensar e fazer pelo e para o capital, articulando seu trabalho ao capital, e na medida em que o faz
intensifica o sentimento de menos-valia causado pela valorização do produto, distanciando da
valorização humana e do potencial espontâneo a ela inerente.
Diante dessa perspectiva, essa pesquisa investigou amplo e diverso referencial
bibliográfico, entre livros, revistas, jornais, sites da internet, pesquisa aos arquivos da Associação
Brasileira de Orientação Profissional, além de palestras nessa área do conhecimento, para
somente após realizar a pesquisa de campo que culminou na percepção da necessidade da criação
de um Serviço de Orientação Profissional para a comunidade mato-grossense.
Trata-se de projeto piloto e pioneiro da Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), contribuindo para a aquisição de mais um requisito diferenciado dessa universidade
sem muros e sem fronteiras, para a sua valorização e continuidade.
126
O Serviço de Orientação Profissional investiga e intervém junto aos alunos adolescentes
das escolas públicas e privadas quanto às dúvidas e especulações existentes, o empenho das
escolas e de seus profissionais da Educação em respondê-los diante da dúvida nas escolhas
profissionais, pois teoricamente essas escolhas determinam a satisfação pessoal, requisito a
competência profissional, para a colocação de profissionais espontâneos e criativos no mercado,
colaborando com o bem-estar social.
O Serviço de Orientação Profissional é apoio ao jovem mato-grossense quanto à dúvida
na escolha da profissão, como também pioneira colaboração nessa área do conhecimento por
meio do oferecimento desse serviço à comunidade, pois o Pantanal mato-grossense é local
admirado e explorado pelo ecoturismo, porém de escassa produção de conhecimento teórico-
prático.
5. Objetivos
5.1. Objetivo Geral: Implantar o Serviço de Orientação Profissional na Universidade do
Estado de Mato Grosso (UNEMAT), fornecendo uma formação teórico-prática aos professores
do Ensino Médio na temática.
5.2. Objetivos Específicos:
5.2.1. Realizar pesquisa bibliográfica cujo referencial teórico seja amplo e diverso
em relação à Orientação Profissional, desde seus primórdios até os atuais dias.
5.2.2. Investigar junto aos professores e alunos das escolas públicas, privadas,
cursos vestibulares e profissionais de Educação da UNEMAT, a necessidade de
implantação do Serviço de Orientação Profissional na Universidade do Estado de Mato
Grosso (UNEMAT).
5.2.3. Verificar se há formação acadêmica aos professores do ensino médio na
temática Orientação Profissional.
127
6. Procedimentos para Coleta das Respostas
Realizou-se vasta fundamentação teórica composta por capítulos que pesquisaram as
Origens e os Conceitos da Orientação Profissional e suas articulações com a Teoria do
Psicodrama, além de a Identidade, a diferença e a exclusão: conexões com a Educação a serem
oferecidas à comunidade mato-grossense pela Universidade do Estado de Mato Grosso.
A fase investigativa realizou-se no primeiro semestre do ano letivo de dois mil e sete. Para
a realização das Entrevistas e dos Questionários foram tomadas precauções quanto ao ambiente
da pesquisa, pois segundo Gil (2007, p.100) “para que a pesquisa seja desenvolvida a contendo é
preciso ter antecipadamente, a garantia de que o pesquisador não terá cerceado seu trabalho de
coleta de dados”.
Desse modo, os Procedimentos para a Coleta de Dados foram realizados em horários
marcados previamente, com verificação das condições e locais para a realização das Entrevistas
aos pró-reitores, coordenadores do Campus Regional “Jane Vanini”, diretor da Faculdade de
Educação da UNEMAT, coordenadores das Escolas Públicas e Privadas locais, e os
questionários aos Professores e Alunos, possibilitaram a posterior categorização dos dados,
contendo as Análises e as Interpretações, culminando na efetiva verificação da necessidade de
Orientação Profissional.
Nesse período investigativo, por solicitação de seus coordenadores, foram realizadas
palestras na temática: Orientação Profissional nas Escolas de Ensino Médio da cidade de Cáceres,
Mato Grosso, Instituto Santa Maria, Centro Educacional “Anália Franco” e Curso Pré-Vestibular
‘Pitágoras’.
Após a Análise e a Interpretação dos Dados e conseqüente constatação da necessidade do
Serviço de Orientação Profissional, também como procedimento, foi realizado um mini-curso,
objetivando a formação dos professores da rede pública e privada do Ensino Médio,
Vale ressaltar as informações obtidas em cada ocasião dos procedimentos foram
registradas por conterem percepções que colaboram para a clareza e fidedignidade dessa
pesquisa, pois se trata de momentos ricos de trocas sociais nas relações humanas e de expressões
registradas no tempo-espaço que aconteceram o fato, ou seja, o fenômeno investigativo.
No procedimento das Entrevistas, uma das técnicas de coleta de dados mais utilizada no
âmbito das ciências sociais, identifica-se:
128
Psicólogos, sociólogos, pedagogos, assistentes sociais e praticamente todos os outros profissionais que tratam de problemas humanos valem-se dessa técnica, não apenas para coleta de dados, mas também com objetivos voltados para diagnóstico e orientação .(GIL, 2007, p.117)
Dirigidas aos gestores da UNEMAT (Direção da Faculdade de Educação, Pró-reitoria de
Ensino e Graduação, Pró-reitoria de Extensão e Cultura e Coordenação Regional do Campus
Universitário de Cáceres de Mato Grosso) e Coordenadores de escolas do Ensino Médio, de
acordo com a disponibilidade e com horários previamente pré-fixados, as entrevistas
transcorreram de forma amigável e interativa nas salas das coordenações ou pró-reitorias, sem
interrupções ou outros transtornos.
Já para a aplicação dos Questionários aos professores e alunos do Ensino Médio das
escolas da rede pública e privada, houve apresentação prévia e instrução do preenchimento do
cabeçalho contendo as iniciais dos nomes, disciplina ou série, a escola pertencente, com o
esclarecimento de que seriam preservadas as identidades.
Os questionários foram respondidos com tranquilidade e socialização de instrumentos,
tais como lápis ou borracha, sem constrangimentos ou interrupções. A média de tempo foi de dez
a quinze minutos, tanto para os professores como para os alunos, e dez por cento de professores e
alunos de cada série do Ensino Médio.
Ocorreram em clima de receptividade e hospitalidade dos sujeitos envolvidos, atendendo
à integração de papéis necessária à pesquisa qualitativa em que o observador de forma geral
assume o papel de membro do grupo, podendo “definir observação participante como a técnica
pela qual se chega ao conhecimento da vida de um grupo a partir do interior dele mesmo”. (GIL,
2007, p. 113)
Sendo o questionário um procedimento, compreendido como técnica de investigação
composta por número de questões apresentadas por escrito às pessoas tem por objetivo o
conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas.
Aplicado aos professores e aos alunos do Ensino Médio, foi composto por questões abertas com
espaço em branco para a resposta, atendendo a mais um critério da pesquisa qualitativa.
Aconteceram em ambiente escolar, nos horários diurnos, vespertinos e noturnos. A
amostragem dos alunos foi de dez por cento por sala de aula e escolhidos por sorteio. Aplicou-se
na maioria das escolas, em locais previamente determinados pela coordenação da Escola, como a
129
Biblioteca ou na Sala de Professores e de Informática, dependendo dos espaços ociosos no
momento da aplicação.
Nas escolas públicas Rodrigues Fontes, Senador Mário Motta, São Luiz, Onze de Março,
houve também intervenção com reuniões em horário de intervalo, solicitado pela coordenação,
para esclarecimento aos professores a respeito da temática Orientação Profissional. Já nas escolas
privadas, como o Instituto Santa Maria (ISM), o Colégio Anália Franco (CEAF) e o Curso Pré-
Vestibular “Pitagoras”, conforme citado, solicitaram ao coordenador do campus de Cáceres uma
palestra sobre Orientação Profissional aos alunos.
Em relação à descrição dos procedimentos das palestras nas escolas privadas contaram
com a presença de alunos das segundas e terceiras séries do Ensino Médio, ocorrendo em período
matutino. Já no Cursinho Pitágoras foi realizada em período noturno com a presença do
coordenador do campus de Cáceres, Mato Grosso.
Enfim, conforme os dados obtidos nos questionários, aos professores e aos alunos e as
entrevistas aos gestores e coordenadores das escolas, constatou-se a desconsideração das políticas
públicas educacionais à Orientação Profissional para auxiliar o jovem em suas escolhas
profissionais, além da necessidade de Serviço de Orientação Profissional nas escolas da rede
pública e privada do Ensino Médio.
6.1. Testes Sociométricos da Formação de Professores em Orientação Profissional
A Sociomatria é um método de investigação da Metodologia Psicodramática, tendo como
instrumento o Teste Sociométrico, sendo utilizado para a identificação da estrutura e do
funcionamento dos grupos, codifica-se por meio deles as formas de relacionamentos inter-
pessoais e suas redes vinculares.
Sua utilização objetivou facilitar a compreensão das redes de vínculos que atuam nas
estruturas dos grupos sociais, por meio de sua interpretação possibilita-se clareza na qualidade
das relações interpessoais, detectando os conflitos grupais, tornando possível um conhecimento
mais preciso da realidade social.
Também auxiliam na identificação das lideranças, investiga se há subgrupos,
compromissos ou descompromissos com as funções atribuídas, ou ainda, se há aceitações ou
130
rejeições, satisfações ou insatisfações pelo pertencimento ao grupo, entre outros aspectos da
sociocognição ou do sentimento.
Moreno (1983) criou o Teste com intenção de movimento, no sentido de promover aos
participantes durante a execução, dinamismo e interatividade, como se oferecesse voz à trama das
relações humanas objetivas e subjetivas diferenciando-se dos Testes Psicológicos, até então,
existentes e anteriores à primeira e segunda metade do século XX.
E, a sua utilização amplia as percepções acerca de padrões de comportamentos, de
relacionamentos sociais, fornece acesso a sentimentos e conflitos latentes que por vezes
impossibilitam o desenvolvimento do grupo, para que sejam feitas as intervenções necessárias.
Nas relações humanas e nos grupos sociais há configurações e redes vinculares,
mobilizadas por emoções, que alteram o percepto, sendo denominadas transferenciais. O Teste
Sociométrico foi desenvolvido para comprovar o grau de percepção de cada pessoa sobre sua
posição sociométrica no grupo, a sua percepção da realidade social.
Para a realização dos Testes houve preparação dos professores participantes da formação
em Orientação Profissional, pois no Psicodrama o campo relaxado é indispensável para que
ocorram relações horizontais e, portanto, autênticas, claras e télicas, objetivando a
espontaneidade, indispensável à saúde humana e ao mercado flexível atual.
Dessa forma, foi solicitado durante a aplicação dos Testes, no início do segundo e no
penúltimo encontro do mini-curso, que os professores andassem pela sala descalços, com olhos
fechados, e entrassem em contato com os seus sentidos para melhor assimilarem suas percepções.
Para esse exercício, foi-lhes solicitado verbalmente que explorassem primeiramente as
sensações de seus próprios corpos, por aproximadamente dois minutos, por meio do toque em si e
ao redor para explorar o sentido do tato. Após, para que identificassem o sentido da audição,
escutando os barulhos internos, como por exemplo, os presentes na deglutição, os digestivos, os
externos, como os ruídos da rua, como os pássaros nas árvores do pátio da Universidade.
Depois dessa exploração perceptual, foi-lhes solicitado que vivenciassem suas outras
percepções e no momento da experiência o olfato do ambiente.
Após, a exploração dos sentidos de si e da sala de aula, da exploração perceptual da
corporalidade e do ambiente, solicitou-se que relaxassem os seus corpos espreguiçando os
membros superiores e inferiores para a realização do primeiro Teste Sociométrico, cujo critério
sociométrico foi as escolhas afetivas.
131
Diante dessas proposições, realizou-se a seguinte pergunta aos participantes: qual a pessoa
do grupo que vocês consideram a mais simpática, agradável, e que gostariam de conhecer
melhor? Em meio a risos, expressando suas ansiedades e defesas latentes, os professores
participantes fizeram suas escolhas, contidas nas configurações dos Sociogramas desse próximo
item.
Já no segundo Teste Sociométrico também se realizou relaxamento visando entrar em
contato com as sensações. No entanto, o critério sociométrico foi o cognitivo, pois após o término
do mini-curso os professores participantes se encontram nas Escolas do Ensino Médio de origem.
Assim, apresentou-se a questão: quem você escolhe para parceria de trabalho na temática
Orientação Profissional?
7. Orgãos Administrativos da Unemat Participantes da Pesquisa
- Pró-Reitoria de Ensino e Graduação
- Pró-Reitoria de Cultura e Extensão
- Coordenação do Campus Universitário Regional “Jani Vanini”
- Direção da Faculdade de Educação
8. Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio do Município de Cáceres-MT
1. Colégio Imaculada Conceição (CIC)
2. Colégio Adventista de Cáceres, MT (CAC)
3. Centro de Educação Anália Franco (CEAF)
4. Instituto Santa Maria (ISM)
5. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze de Março”
6. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”
7. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”
8. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “São Luiz”
9. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Profa. Ana Maria”
10. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”
132
9. Amostragem Geral dos Participantes da Pesquisa
TOTAL DE ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO 10
TOTAL DE ENTREVISTAS DIRIGIDAS AOS GESTORES UNEMAT 04
TOTAL DE ENTREVISTAS: GESTORES E COORDENAÇÕES DAS ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO
14
TOTAL DE PROFESSORES 122
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDO AOS PROFESSORES 60
TOTAL DE ALUNOS 2920
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDOS AOS ALUNOS 292
133
10. Amostragem Populacional dos Professores e Alunos das Escolas do Ensino
Médio Público e Privado do Município de Cáceres, MT
ESCOLAS PRIVADAS
1. Colégio Imaculada Conceição
2. Colégio Adventista de Cáceres (CAC)
3. Centro Educacional Anália Franco (CEAF)
4. Instituto Santa Maria (ISM)
Período Diurno Total
Total de Alunos 50
Total de Questionários (10 %)
05
Total de Professores 12
Total de Questionários 03
Período Diurno Total
Total de Alunos 70
Total de Questionários (10 %) 07
Total de Professores 12
Total de Questionários 05
Período Diurno Total
Total de Alunos 100
Total de Questionários (10%) 10
Total de Professores 13
Total de Questionários 03
ESCOLAS PÚBLICAS
1. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze De Março”
2. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”
3. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”
4. Escola Estadual de Primeiro e segundo Graus “São Luiz”
Período Diurno Total
Total de Alunos 700
Total de Questionários
(10 %) 70
Total de Professores 12
Total de Questionários 12
Período Diurno Total
Total de Alunos 240
Total de Questionários (10 %) 24
Total de Professores 12
Total de Questionários 08
Período Diurno Total
Total de Alunos 420
Total de Questionários (10 %) 42
Total de Professores 12
Total de Questionários 06
134
Período Diurno Total
Total de Alunos 120
Total de Questionários (10 %) 12
Total de Professores 13
Total de Questionários 05
5. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Professora Ana Maria”
6. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”
Período Diurno e Noturno Total
Total de Alunos 450
Total de Questionários (10 %) 45
Total de Professores 12
Total de Questionários 06
Período Diurno e Noturno Total
Total de Alunos 460
Total de Questionários (10 %) 45
Total de Professores 12
Total de Questionários 06
Período Diurno e Noturno Total
Total de Alunos 310
Total de Questionários (10 %) 31
Total de Professores 12
Total de Questionários 06
135
ANÁLISES E INTERPRETAÇÃO DA COLETA DE DADOS
1. Apresentação da Análise e Interpretação da Coleta de Dados
Essa pesquisa parte de um todo amplo abrangendo dimensões sociais e culturais e tem
como dados de pré-análises, a necessidade de Serviço de Orientação Profissional frente à
insatisfação do aluno pela escolha ou evasão dos cursos. Utilizou-se da Categorização dos Dados
de Bardin (1977), para decodificar as entrevistas, os questionários e, as avaliações do Mini-
Curso: Orientação Profissional.
A seleção de Categorias de análises ocorreu por meio de respostas significativas ao tema
emergente, nos discursos dos participantes dessa pesquisa. Toda Análise de Conteúdo é o ponto
de partida da mensagem e nessa Tese foram consideradas as significações que a mensagem
fornece, considerando o sentido do enunciado, o pertencimento à realidade social típica e a
frequência, objetivando a utilização de análises interpretativas a partir do sentido dos enunciados
encontrados nos questionários dirigidos a professores e a alunos das escolas públicas e privadas.
Já as análises quantitativas foram elaboradas a partir da mensuração de dez por cento
(10%) da população de cada escola. Conseguiu-se manter essa porcentagem junto aos Alunos,
entretanto essa quantificação pré-determinada como significativa, não foi válida para os
Professores, pois eles ultrapassaram em muito esse número, apresentando um índice de Trinta e
quatro por cento de respostas ao Questionário, entre os professores da rede privada e sessenta e
um por cento na rede Pública.
Esse fato ocorreu, pois os Questionários aconteceram na sala de reuniões em suas
respectivas escolas e, com o apoio dos Coordenadores dessas que, solicitaram uma sinopse da
pesquisa, dirigida aos professores, promovendo reunião pedagógica para a apresentação, durante
os horários de intervalos matutinos, vespertinos e noturnos, de acordo com o horário de
funcionamento do Ensino Médio na Escola.
Observou-se que, o fato de proporcionar informações a respeito da pesquisa e
conhecimentos em Orientação Profissional causou contentamento aos professores que, de acordo
com suas disponibilidades responderam ao Questionário e agradeceram a exposição.
136
Quanto as análises e interpretações referindo-se a dois sociogramas e aplicados aos
Professores da Formação em Orientação Profissional, no segundo e no décimo primeiro
Encontro, teve como representação sociométrica as estruturas: Cadeia e Círculo.
Durante toda a investigação, houve um cuidado preservar as identidades dos Alunos e dos
Professores e foram resguardados os nomes dos Gestores da UNEMAT, utilizados letras
alfabéticas para a identificação dos Professores e iniciais, idade e série para o aluno.
Entretanto, para melhor clareza e fidedignidade das análises foram discriminadas
Categorias de Análises de Dados, apresentados de acordo com critérios mensurados, visto que a
categorização do presente, do aqui-agora, é o objetivo de toda pesquisa social.
Conivente às idéias acima expostas, essa pesquisa visa, por meio da implantação do
Serviço de Orientação Profissional na UNEMAT, oportunizar o acesso à comunidade mato-
grossense, gerando contribuições para auxiliar a formação da identidade pessoal e profissional
dos adolescentes do Ensino Médias Público e Privado local e regional.
1.1. Análise Quantitativa dos Dados Pesquisados
Apresenta-se as Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, sendo-as o
local onde aconteceram os Questionários dirigidos aos Alunos e aos Professores.
11. Colégio Imaculada Conceição (CIC)
12. Colégio Adventista de Cáceres, MT (CAC)
13. Centro de Educação Anália Franco (CEAF)
14. Instituto Santa Maria (ISM)
15. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Onze de Março”
16. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Dr. José Rodrigues Fontes”
17. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Senador Mário Motta”
18. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “São Luiz”
19. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “Profa. Ana Maria”
20. Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus “União e Força”
137
1.2. Gráficos Referentes aos Sujeitos da Pesquisa
GRÁFICO DO TOTAL DE SUJEITOS DA PESQUISA
Apresenta-se o gráfico referente ao total de sujeitos envolvidos na pesquisa, sendo-os
2920 alunos, 122 professores, 14 Gestores da UNEMAT e das Escolas Públicas e Privadas,
acrescentando doze (12) professores participantes da formação acadêmica em Orientação
Profissional.
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DIRIGIDOS AOS PROFESSORES E ALUNOS DAS
ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS
Alunos: Dez por cento (10%)
138
Professores: Quarenta e nove por cento (49%)
Esse gráfico ilustra a realidade quantitativa dos alunos e dos professores participantes,
totalizando dois mil novecentos e noventa (2920) alunos nas dez escolas públicas e privadas do
município e, com a mensuração de dez por cento (10%), sendo realizados duzentos e noventa e
dois (292) questionários aos Alunos e, cento e vinte e dois (122) professores que, responderam
sessenta questionários.
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS ALUNOS DAS ESCOLAS PÚBLI CAS
(Amostra de 10%)
Total de Alunos
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
1
Total de Qustionários
Tot
al d
e A
luno
s
Total de Alunos
Total de Questionários
Apresenta-se o número total de alunos das escolas Públicas, totalizando dois mil
quinhentos e oitenta (2580) alunos do Ensino Médio e, sendo respondidos duzentos e cinquenta e
oito alunos (258), em referência a amostra de dez por cento.
139
TOTAL DE ALUNOS DAS ESCOLAS PRIVADAS
(Amostra de 10%)
Total de Alunos
0
50
100
150
200
250
300
350
400
1
Total de Quetionários
Tot
al d
e A
luno
s
Série1
Série2
Foram respondidos dez por cento dos questionários de uma amostra de trezentos e
quarenta (340) alunos do Ensino Médio Privado, totalizando trinta e quatro (34) questionários
respondidos. A queda dos números de alunos entre as Escolas Públicas e Privadas ocorre, porque
a maioria dos jovens estudantes dessa modalidade de ensino concluem a formação do Ensino
Médio, na capital do estado ou em maiores centros urbanos.
TOTAL DE QUESTINÁRIOS DIRIGIDOS AOS PROFESSORES DAS ESCOLAS
PÚBLICAS
140
Demonstram-se setenta e dois (72) professores das seis (06) Escolas Públicas e, seus
respectivos números de questionários, somando quarenta e quatro (44) questionários
respondidos.
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PRIVADAS
Total dos Professores
0
10
20
30
40
50
60
1
Total dos Quesionários
Tot
al d
os P
rofe
ssor
es
Total dos Professores
Total dos Questionários
Se expressa nesse, os cinqüenta professores das quatro (04) Escolas Privadas, destacando-
se os dezesseis questionários respondidos.
TOTAL DE QUESTIONÁRIOS DOS PROFESSORES DAS ESCOLAS PÚBLICAS E
PRIVADAS
Total dos Professores
0
10
20
30
40
50
60
70
80
1
Total de Questionários
Tot
al d
e P
rofe
ssor
es
Total de Professores
Total de Quesionários
Foram setenta e dois (72) questionários respondidos pelos professores das escolas Públicas e quarenta e quatro (44) os das Privadas.
141
TOTAL GERAL DE QUESTIONÁRIOS INCLUINDO PROFESSORES E ALUNOS
Os dados finais e conclusivos tratam de um total de questionários aplicados somando dois
mil novecentos e cinqüenta e dois (2952) aos Alunos e trezentos e quarenta e três (343)
professores da rede Pública e Privada do Ensino Médio do município de Cáceres MT.
ESCOLAS PÚBLICAS – Professores e Alunos
DADOS PERCENTUAIS
Amostra Populacional de Professores: Sessenta e um por Cento (61%)
Amostra Populacional de Alunos: Dez Por Cento (10%)
Foram setenta e dois (72) questionários respondidos pelos professores das escolas
Públicas e quarenta e quatro (44) os das Privadas, constatando um percentual de participação na
pesquisa de dez por cento (10%) de Alunos e sessenta e um (61%) dos professores.
142
ESCOLAS PRIVADAS – Professores e Alunos
DADOS PERCENTUAIS
Amostra Populacional de Professores: Trinta e dois por cento ( 32%)
Amostra Populacional de Alunos : Dez Por Cento (Alunos=10%)
Mostra-se o número total de Questionários respondidos nas escolas Públicas, totalizando
dois mil quinhentos e oitenta (2580) alunos do Ensino Médio e, sendo respondidos duzentos e
cinquenta e oito alunos (258), em uma amostra de dez por cento, com um percentual de trinta e
dois por cento (32%) respondidos pelos Professores e, dez por cento (10%) de Alunos.
143
ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS: Professores e Alunos
Alunos: Dez por cento (10%)
Índice total de Alunos: Dois mil novecentos e vinte (2920), sendo respondida a margem
de dez por cento (10%): duzentos e noventa e dois (292) Questionários.
Total de Professores: Quarenta e Nove Por cento (49%)
Índice total de Professores: Cento e vinte e dois (122), sendo respondida a margem de
quarenta e nove por cento (49%).
144
A avaliação quantitativa permite a codificação numérica dos dados coletados na pesquisa,
apresentou-se aqui, com o intuito de analisar a veracidade da pesquisa, podendo-se concluir a
representatividade e legitimação alcançada nessa pesquisa-tese.
145
1.3. Análise Sociométrica
Sociograma 1
Opção 1:
Estrutura: Cadeia.
Opção 2:
146
Sociograma 2
Opção A:
Critério: Cognitivo
Configuração: Circulo
147
Opção B:
Critério: Cognitivo
Configuração: Circulo
148
1.4. Análise Qualitativa: Categorização das Análises e Interpretações dos Dados
das Entrevistas e dos Questionários dos Sujeitos da Pesquisa
A codificação dos dados foi realizada por meio da “exploração do material” das técnicas
de investigação. As entrevistas e os questionários dirigidos aos alunos e professores foi uma etapa
muito importante realizada nas Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, pois foram
necessários todos os cuidados e atenção para que as Análises dos Dados fossem precisas e
fidedignas.
Conforme as idéias de Bardin (1997), não existe inferência transparente, porém houve
cuidado epistemológico de inferir nas variantes do procedimento das Entrevistas no sentido de
obter, por meio de questão aberta, percepções claras, descritas na íntegra de suas respostas,
conforme gravação e transcrição (anexo).
A Análise dos Dados é o aspecto da pesquisa qualitativa que mais se distingue da
pesquisa experimental. Para codificar as Entrevistas realizadas junto aos administradores da
UNEMAT — Pró-Reitores, Diretor, Coordenação do Campus Universitário “Jani Vanini”— e
dos coordenadores das dez Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio, foram utilizados
critérios segundo a freqüência de presença (ou de ausência) de itens de sentido.
A Categorização possibilitou a descrição das análises, cabendo ao pesquisador, segundo
GIL (2007, p.134), “fazer um esforço de abstração, ultrapassando os dados, tentando possíveis
explicações, configurações e fluxos de causa e efeito. Isso irá exigir constantes retomadas ás
anotações de campo e ao campo e à literatura e até mesmo à coleta de dados adicionais”.
As Análises de Conteúdos das Categorizações são técnicas de análise das comunicações, e
após a codificação dos dados das entrevistas nas suas respectivas análises categoriais foram
realizadas as codificações dos questionários dirigidos aos professores e alunos das escolas do
Ensino Médio dessa pesquisa.
Inicialmente foi feita a codificação das entrevistas realizadas aos órgãos administrativos
da UNEMAT, na voz dos coordenadores desses órgãos e das Escolas Públicas e Privadas do
Ensino Médio, levando em consideração “a totalidade de um texto, passando pelo crivo da
classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença ou ausência de itens do
sentido” (BARDIM, 1997, p. 37). Sendo tais codificações realizadas nas Categorias de maiores
freqüências das respostas das Entrevistas, neste sentido foram identificados:
149
A. Percepção dos gestores
B. Necessidades de intervenções
C. Expectativas de intervenções
1.4.1. Categoria A: Percepção dos Gestores
Atendendo a essa Categoria de Análise, segundo os pró-reitores da UNEMAT, a direção
da Faculdade de Educação e a coordenação Regional do Campus Universitário da UNEMAT de
Cáceres, MT, e das escolas, quanto à necessidade de Serviço de Orientação Profissional que
atenda aos jovens mato-grossenses em suas escolhas profissionais, verifica-se nos depoimentos a
unanimidade de opiniões quanto à necessidade urgente de implantação desse Serviço na
UNEMAT para intervir nas escolas auxiliando os jovens nas escolhas profissionais assertivas.
Verificou-se a ausência desse serviço e a necessidade de ser dirigida a comunidade no
Estado de Mato Grosso, pois a não realização está comprometendo o quadro de vagas da
UNEMAT, em função das permutas ou abandono de cursos, causando desconforto e transtornos
nos setores da gestão universitária, conforme foi identificado nesse segmento:
Nós levantamos número de mais de 1.600 vagas ociosas em um universo de 13 a 14 mil universitários. É uma preocupação latente muito grande. E que esse trabalho preventivo que ora esta sendo elaborado, sendo pesquisado é de suma importância. Até porque evitaríamos pessoas estarem tomando caminho errado... Trocado.
Compreende-se o transtorno e a preocupação da gestão diante da real necessidade de escolha
profissional assertiva como forma de prevenção à evasão universitária dos jovens mato-
grossenses e brasileiros:
Até por experiência de gestão e números que nós temos dentro da universidade através de pesquisas em anos anteriores, onde temos vários jovens que ingressaram em cursos aqui e depois após um dois ou três semestres descobriram que a vocação não era aquela, ou que não estavam preparados ou que não estavam dispostos a enfrentar uma profissão naquela área e acabaram evadindo da nossa universidade, nosso centro e criando certo constrangimento para nós. Porque a gente sabe que no Brasil hoje é pequeno o número de pessoas que tem oportunidade de entrar no Ensino Superior Público.
150
Além da ausência ou parca habilidade para a profissão escolhida, como sendo uma das
causas da evasão nos Cursos Universitários, outra percepção dos gestores visando auxiliar os
alunos universitários e vestibulandos visibiliza a consolidação do Serviço de Orientação
Profissional de forma continuada, denotando aceite, satisfação e cumplicidade pelo formato
processual desse Serviço:
Acho que a universidade deveria criar esse momento do jovem acertar a escolha acadêmica e ter um tempo para uma opção da formação profissional. E esse tempo poderia estar acontecendo na própria academia. Isso eu acho que poderia contribuir muito mais do que a orientação paliativa vista no ensino médio. Ou seja, aquela que você faz o diagnóstico e diz, você pode fazer isso ou aquilo... é muito restrito. Agora se tem um trabalho continuado, com profissionais dentro dessa perspectiva aí.. Eu acho que o resultado de evasão vai ser ínfimo no final. Então eu acho que o jovem fará uma segunda opção porque tiveram tempo de amadurecimento na academia. E nós na Universidade temos que pensar o quadro, recursos e materiais de infra-estrutura remodelagem, salas, a discussão do assunto enfim tudo isso.
Penso que é muito positivo.. Tendo em vista principalmente o grande problema que nós temos a questão da vocação dentro da universidade. Nós temos muitos alunos que entram e que abandonam o curso, no inicio, no meio e até mesmo no final do curso... Porque eles entram no curso e não se identificam com o curso, porque não aquilo que ele quer, criam antipatia pelo curso... E faz com que ele desista. Então... Há um grande índice de abandono dos cursos de graduação, por causa dessa falta de vocação que o aluno tem.
Em outros fragmentos de depoimentos das entrevistas verifica-se contentamento, parceria
e solidariedade por meio de sugestões da aplicabilidade desse projeto de pesquisa colaborar em
esferas amplas com a comunidade mato-grossense, em sentido prognóstico:
Então, penso esse serviço ser muito produtivo e seria um passo que a UNEMAT daria para oferecermos esse serviço para a comunidade, para os nossos adolescentes. Inclusive eu acho que um trabalho assim poderia ser oferecido através da própria COVEST (Coordenaria de Vestibulares), sendo através dessa Coordenadoria dos Vestibulares, que se faz a sondagem da rede de ensino público e particular, para que seja feita a elaboração das provas para os vestibulares. Eu acho que essa coordenadoria COVEST (Comissão do Vestibular) poderia implantar um trabalho dessa ordem.
Inclusive sugiro que seja um projeto de Ensino, pesquisa e Extensão, que se compreenda no ensino uma orientação aos professores, no sentido de que os próprios professores possam lidar com esta questão. Assim um serviço dessa ordem poderá atender ao tripé Ensino e a Pesquisa; e a Extensão, através do Ensino e da pesquisa com atendimento á Extensão com um trabalho a comunidade. Em uma constante retro-alimentação.
151
Síntese Parcial
A partir das percepções dos atuais gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT), pode-se compreender que o Serviço de Orientação Profissional atende a
Universidade e a comunidade, como também que os gestores da atual realidade universitária
solidarizam-se e comprometem-se com a implantação, pois são favoráveis à concepção de
processo, do exercício da Orientação profissional de forma continuada e em sentido
psicoprofilático.
Identificou-se também expectativa e contentamento por parte dos gestores pela iniciativa
dessa Tese, pois atende diretamente à necessidade imediata da universidade, em que a permuta
entre os cursos e a evasão universitária tem sido causa de transtornos, desconfortos e desprazeres,
segundo as opiniões dos coordenadores, pró-reitores, diretores e coordenadores.
1.4.2. Categoria B: Necessidades de Intervenções
Identificou-se total interesse e necessidade por parte dos coordenadores das Escolas
Públicas e Privadas do Ensino Médio de que a UNEMAT ofereça Serviço de Orientação
Profissional para atender dificuldades, desde as informações das profissões existentes até as
escolhas profissionais adequadas às suas habilidades e preferências:
Total interesse. Porque esse serviço colaboraria com a Orientação dos alunos no sentido de se definirem quanto à questão profissional. Nesse mundo conturbado, penso que esse serviço é um instrumento de apoio, onde o jovem pode ser orientado e não direcionado a ter escolhas distantes de sua vontade”.
Esse serviço já ouvi falar há muito tempo... Mas ninguém faz. Muito aluno sai da faculdade porque não era aquele curso que gostaria de fazer. Eles falam que não tem interesse... Penso que se tivesse uma orientação educacional isso não aconteceria. Acho muito bom para todos... para a escola, para o aluno... porque o aluno entrará na faculdade sabendo o que ele quer. Porque o aluno quando acaba o ensino médio quer uma noção do que ele quer, com esse trabalho ele poderá pensar: Poxa, achei o curso que eu quero.
152
Em outros seguimentos das entrevistas foi possível perceber que há relação entre o
Serviço de Orientação Profissional, o combate ao desemprego e a expectativa desse serviço
colaborar para o acesso ao mercado de trabalho:
Esse serviço será muito bem vindo aqui... A gente sempre teve essa necessidade, sempre procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional é importante, pois sem estudo boa parte do que desejamos, não se consegue. Por exemplo, meu marido est desempregado e por causa dele não ter uma profissão, não ter estudado para isso, não consegue emprego. E hoje com as novas tecnologias fica difícil porque nosso curso de formação não é profissionalizante. Às vezes a proposta de trabalho não é o que ele espera. Antigamente existiam cursos profissionalizantes e hoje não é assim...
Em outras escolas, além do interesse da implantação do Serviço de Orientação Profissional
UNEMAT, houve por parte da coordenação a solicitação de intervenções imediatas por meio de
palestra dirigida aos alunos:
Nós temos um grande interesse nessa área, mesmo porque é o momento de escolha do futuro, da vida, e nossos alunos não tem um serviço desses. Inclusive gostaria de uma palestra sua aqui na escola, para esclarecer sobre escolha a importância da escolha certa da profissão.
Foi identificada também preocupação e decepção com o descaso para com a Orientação
Profissional desde o contexto familiar, como também insatisfação e indignação quanto à ausência
de reflexão por parte do aluno na escolha de sua profissão, muitas vezes acontecendo no
momento ou dias que antecedem o vestibular, denotando compreensão do papel da Orientação
Profissional para formação mais digna e ética do jovem do futuro:
Em minha opinião deveria ter esse serviço na UNEMAT, porque acho de suma importância para a orientação do jovem hoje; para despertar a sua vocação, essa tarefa muitas vezes é feita pelo professor, que nem sempre percebe a importância de seu papel. O professor pode despertar o dom do aluno, mas às vezes não desperta esse dom. O jovem precisa de alguém para ajudá-lo a que caminho seguir. Eu gostaria que desde pequeno a criança devesse ser animada pelos pais.. Outro dia presenciei uma situação... Uma garota estava na fila da inscrição do vestibular. Eu lhe perguntei: “Que Faculdade você escolheu? Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já...! Então me pergunto isso é vocação? È por isso que digo que há médicos assassinos... Políticos ladrões!
153
As escolas particulares promovem mais acesso às informações de Orientação Profissional,
por meio de palestras de profissionais locais ou de outra cidade. Encontrou-se em uma escola
particular a disciplina Orientação Profissional, porém sua criação ocorreu por motivos
particulares e não coletivos:
Nossa.. seria muito bom um serviço desses aqui em nossa cidade. Aqui na escola eu mesmo desenvolvo esse trabalho ...aqui nós temos a Disciplina de Orientação Profissional. A idéia dessa Disciplina surgiu de uma necessidade minha mesma... quando meus filhos que hoje estão na Faculdade decidiram errado a profissão a seguir.. eu como educadora, gestora de escola e mãe senti na obrigação de ajudar os jovens de alguma forma a decidir sua profissão. Aqui em nossa escola nós trouxemos um profissional de Cuiabá, MT, para falar do assunto. Porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado.... Um serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.
Síntese Parcial
De acordo com os depoimentos obtidos dos coordenadores das Escolas Públicas e Privadas do
Município de Cáceres Privadas do Município de Cáceres, MT, há compreensão da relevância da
formação profissional para inclusão do trabalhador no mercado e necessidade de informações das
profissões existentes no mercado, expectativa que o Serviço de Orientação Profissional direcione
o aluno para escolhas mais bem adaptadas ao perfil, à personalidade do aluno, como também à
suas expectativas e sonhos, pois as escolhas têm sido realizadas sem informações ou com parco
conhecimento sobre as funções desempenhadas em cada profissão.
Há necessidade de informações e de intervenções junto aos alunos pré-vestibulandos, como
também a sugestão de intervenções que promovam, além de informação sobre cada profissão, a
reflexão do aluno, pois a forma como tem sido as escolhas tem causado indignação e
descontentamento aos gestores das Escolas do Ensino Médio Público e Privado.
Pode-se observar conivência com as idéias desse trabalho, expectativa e satisfação dos
coordenadores pela possibilidade da UNEMAT oferecer Serviço de Orientação Profissional à
comunidade, bem como comprometimento e senso de responsabilidade para com a Orientação
Profissional, juntamente com a disponibilidade de auxiliarem na intervenção junto aos alunos,
154
visando sanar as angústias, ansiedades, incertezas e outros conflitos que bloqueiam e prejudicam
a espontaneidade e os alunos no momento da escolha da profissão.
Com relação à disciplina Orientação Profissional, em duas das escolas particulares locais
percebeu-se que mesmo com a intervenção curricular há desorientação do aluno para realizar sua
escolha profissional.
1.4.3. Categoria C: Expectativas de Intervenções
Nos fragmentos das Entrevistas há depoimentos clarificando a relação entre o Serviço de
Orientação Profissional e o combate ao desemprego, junto à insatisfação pessoal pela dificuldade
de acesso aos cursos profissionalizantes e a expectativa desse serviço colaborar para o acesso ao
mercado de trabalho:
Esse Serviço será muito bem vindo aqui... A gente sempre teve essa necessidade, sempre procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional são importantes, pois sem estudo boa parte do que desejamos não se consegue. Por exemplo, meu marido está desempregado e por causa dele não ter uma Profissão, não ter estudado para isso, não consegue emprego.
Em outros segmentos dos depoimentos identifica-se descontentamento, expectativa de que
o Serviço de Orientação Profissional informe a respeito dos cursos profissionalizantes existentes
no mercado de trabalho, visto que hoje não se prioriza esses cursos como em outras épocas:
Hoje com as novas tecnologias fica difícil porque nosso Curso de formação universitária não é profissionalizante. Às vezes a proposta de trabalho não é o que se espera. Antigamente se tinha cursos profissionalizantes e hoje não é assim... Às vezes o aluno nem sabe quais são eles... Precisa falar sobre eles.
Pode-se também identificar a informação de que o atendimento realizado pelo Serviço de
Orientação Profissional corresponde à expectativa de suprir a comunidade juvenil com
informações a respeito das profissões existentes no mercado de trabalho, conforme o depoimento
se segue:
155
Aqui em nossa escola nós trouxemos um profissional de Cuiabá-MT para falar do assunto. Porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado.... Um serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.
Há também preocupação com a forma da escolha profissional hoje denotando a
expectativa de que a Orientação Profissional deve acontecer desde o contexto familiar para que se
possam realizar escolhas profissionais mais refletidas e assertivas:
Eu penso que desde pequena a criança deveria ser animada pelos pais.. Outro dia presenciei uma situação... Uma garota estava na fila da inscrição do vestibular. Eu lhe perguntei: Que Faculdade você escolheu?. Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já...! Então me pergunto isso é vocação? É por isso que digo que há médicos assassinos... Políticos ladrões!
Síntese Parcial
Foi identificada compreensão da importância do conhecimento sistematizado, da
formação profissional tanto para a inclusão no mercado de trabalho, quanto para se obter
satisfação pessoal, realizar as aspirações, as expectativas. Há percepção de que hoje sem
profissionalização não se consegue ocupação no mercado e tal fato, juntamente à ausência de
conhecimento sobre as profissões, estão gerando, além de frustrações devido a não inclusão no
mercado, comprometimento na realização pessoal.
Há necessidade e expectativa de que no local ofereçam-se cursos profissionalizantes e
informações sobre as profissões, como também se pode analisar que devido à inexistência local
de profissionais que trabalhem com Orientação Profissional, algumas escolas buscam em outras
cidades do Estado de Mato Grosso profissionais habilitados para sanar as dúvidas dos alunos.
Foram também encontrados fragmentos de depoimentos que denotam satisfação,
contentamento com o oferecimento de Serviço de Orientação Profissional pela UNEMAT e a
compreensão de que a formação profissional inicia-se no contexto familiar.
156
Síntese Geral
Por meio dos depoimentos também foi identificado que o Serviço de Orientação
Profissional atende uma das necessidades da Universidade do Estado de Mato Grosso
(UNEMAT): a evasão dos Cursos Universitários, sendo possibilidade de intervir e sanar a esse
problema causador de transtornos e insatisfações para a gestão universitária, para a SEDUC
(Secretaria Estadual de Educação) e MEC (Ministério da Educação).
Há expectativa por parte dos coordenadores das Escolas do Ensino Médio de Serviço de
Orientação Profissional direcionar o aluno para escolhas mais bem adaptadas a sua personalidade
e aos sonhos.
Como também se identificou clara percepção acerca da relevância do conhecimento
sistematizado e da formação profissional para a inclusão no mercado, para que se tenha curso
profissionalizante no local e profissional que trabalhem com Orientação Profissional, pois há
necessidade de busca de profissionais dessa área do conhecimento na capital ou outras cidades do
Estado de Mato Grosso.
Por fim, os dados analisados acima oferecem subsídios para afirmar que o Serviço de
Orientação Profissional, na UNEMAT, como objetiva essa Tese, trata de desafio salutar aos
profissionais da Educação comprometidos com a Educação integral do futuro cidadão do
Pantanal mato-grossense.
1.5. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Professores das
Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio Privados do Ensino Médio
Para codificar as manifestações da influência das Escolas de Ensino Médio de Cáceres,
MT, na voz de seus professores para a realização de escolhas profissionais dos jovens nessa
realidade brasileira também foi realizado o recurso da análise de conteúdo “um conjunto de
técnicas de análise das comunicações”, conforme teoriza Bardin (1977: 31), em que as categorias
de maiores frequências apresentam-se expostas abaixo.
A. Necessidades dos professores
B. Expectativas dos professores
C. Dúvidas dos alunos na percepção dos professores
157
1.5.1. Categoria A: Necessidades dos professores
Esta Categoria de Análise identificou a necessidade de Serviço de Orientação Profissional
para auxiliar os adolescentes nas suas escolhas profissionais, verificando nos depoimentos dos
professores a urgência da implantação desse serviço, devido à ausência ou parca orientação
oferecida aos adolescentes locais, conforme pode ser observado nesses fragmentos de respostas:
Os alunos não recebem Orientação Profissional. Pelo menos nunca participei de nenhum momento como este, nem tampouco fui informada sobre eles nesta escola, em que atuo há sete anos. (Professor A leciona a disciplina de Geografia) Os alunos aqui não recebem Orientação Vocacional/Profissional, mas seria de suma importância. (Professor B leciona a disciplina de Química)
De acordo com a maior freqüência de respostas, pode-se compreender a necessidade dos
professores de que se ofereça esse Serviço de Orientação Profissional aos alunos do Ensino
Médio visto que há desinformação acerca das profissões, mercado de trabalho, cursos
universitários e desorientação no momento da escolha profissional:
Às vezes, esporadicamente, há realizações de palestras sobre as profissões existentes no mercado. (Professor C leciona a disciplina de Matemática) A Orientação Profissional é muito útil, percebemos que muitos alunos terminam o ensino médio sem ter nenhuma noção de como é um curso universitário. (Professora D leciona a disciplina de Matemática)
Outras respostas evidenciam a necessidade dos professores que se implante o Serviço de
Orientação Profissional na comunidade, para auxiliar questões referentes à imaturidade dos
alunos no momento de suas escolhas profissionais:
Os alunos não recebem Orientação Profissional, mas deveriam porque os adolescentes são muito imaturos para decidirem a sua vida profissional com apenas dezessete anos de idade que é justamente quando ele esta ingressando numa faculdade. (Professora E leciona a disciplina de Língua Portuguesa)
Já em outra, destaca-se um fato curioso, a presença da disciplina de Orientação
Profissional em uma escola particular e a percepção dos professores quanto à necessidade de se
articular o aluno à sua realidade sócio-cultural, aptidões e ao seu futuro:
158
Aqui em nossa escola é uma Disciplina e acredito que é um dos papéis mais fundamentais da escola, aliás, o mais importante, ligar o aluno ao seu futuro. (Professor F leciona a disciplina de Língua Inglesa)
Pode-se perceber nos fragmentos das respostas que os professores solidarizam-se e
disponibilizam informações a respeito das profissões e escolhas profissionais de forma informal,
pois é parca ou ausente a informação dos adolescentes, não havendo Serviço de Orientação
Profissional que os auxiliem nas escolhas:
Diretamente eles não recebem nenhuma Orientação Profissional, mas informalmente há um diálogo aberto, com opiniões, sugestões, pois são adolescentes. (Professor G leciona a disciplina de Artes)
Finalmente, nessa Categoria de Análise foi identificada a necessidade dos professores de
que se implante Serviço de Orientação Profissional articulada às questões culturais, visando
auxiliar também o adolescente de miscigenação indígena em suas escolhas futuras:
Gostaria que as universidades valorizassem mais o conhecimento adquirido pelos alunos em suas relações com o meio em que vivem, e não apenas o conteúdo programático, que representa parcela muito pequena desse todo. (Professora H leciona a disciplina de Física)
Síntese Parcial
Diante desse panorama de codificações das informações pode-se perceber a suma
importância desse serviço para os adolescentes, pois segundo a maioria dos professores os alunos
quando terminam o Ensino Médio não possuem ou adquirem parcamente noção de suas
habilidades para realizarem suas escolhas profissionais e dos cursos universitários existentes no
mercado. São imaturos, inábeis para lidarem com suas habilidades espontâneas e criativas, como
também há necessidade de valorização das habilidades subjetivadas sócio-culturalmente.
Pode-se identificar também que há preocupação por parte do professor quanto ao seu
aluno realizar escolhas assertivas, engajamento visando sanar a dúvida do aluno e contentamento
por parte dos professores pela iniciativa do Serviço de Orientação Profissional oferecido pela
UNEMAT.
159
1.5.2. Categoria B: Expectativas dos professores
Nesse quesito de análise pode-se perceber a relevância da UNEMAT no contexto sócio-
educativo do Estado de Mato Grosso, tendo em vista o Serviço de Orientação Profissional
correspondendo às expectativas dos profissionais da educação da região em detrimento da
ausência no currículo escolar:
Creio que esse tema tem uma relevância social enorme e, portanto, desde já parabenizo a iniciativa. Como proposta creio que a orientação deva ser obrigatória no currículo escolar, em especial nos anos do Ensino Médio. (Professor I leciona a disciplina de Filosofia) Ter um trabalho desses na UNEMAT, pois não temos nas escolas públicas um trabalho direcionado a Orientação Profissional. (Professora J leciona a disciplina de Educação Física)
Outros fragmentos de respostas evidenciam a expectativa do Serviço Orientação
Profissional promover apoio na inclusão do jovem no mercado de trabalho de acordo com suas
habilidades desde a universidade:
Com relação à UNEMAT que ela promova junto à sociedade e aos poderes constituídos meios para dar mercado de trabalho (emprego) aos universitários, para que ao sair da UNEMAT, pelo menos um percentual x, já saia com emprego garantido, isto dará mais otimismo quanto às vocações. (Professora K leciona a disciplina de Física).
Foi identificado nessa Categoria de Análise a perspectiva dos professores de se atingir o
aluno com o Serviço Orientação Profissional suprindo-o com informações referentes à profissão
por meio de palestras desde os anos iniciais do Ensino Médio:
Que a equipe de Orientação profissional possa estar fornecendo palestras e orientando aos alunos que seguisse futuramente suas profissões segundo suas respectivas vocações. (Professor L leciona a disciplina de Biologia). Seria viável que a Orientação Profissional deveria ser abordada a partir do primeiro ano do Ensino Médio. (Professor M leciona a disciplina de Língua Inglesa)
Em algumas respostas aparece frustração nas expectativas dos professores em relação ao
meio social, ao mercado de trabalho, à complexidade atual e à impotência diante das
adversidades:
160
São negativas as minhas expectativas, salvo algumas exceções que têm oportunidade, porque os alunos têm que enfrentar a seletividade e a competitividade do mundo do trabalho. (Professor N leciona a disciplina de Biologia)
Despertar a paixão de aprender no aluno é a vocação do professor e isto torna-se muito complexo quando o essencial ao ser humano é negado. Precisamos melhorar o meio em que vivemos para discutir com os estudantes da escola pública esse assunto de vital importância. (Professor O leciona a disciplina de Língua Portuguesa)
Em outras análises das respostas destaca-se a relevância da implantação do Serviço de
Orientação Profissional diante da expectativa dos professores que esse serviço oportunize aos
alunos, além de questões relativas às escolhas rentáveis e vocação, um trabalho com a auto-
estima deles e os aspectos subjetivos relativos à personalidade presentes nas escolhas
profissionais, compactuando com as idéias propostas pelo Psicodrama argumentadas nesse
trabalho de Tese:
Encontrar algo para fazer que seja rentável, pois não sabem escolher profissões, alguns nem tem expectativas de escolhas, pois possuem auto-estima muito baixa. (Professor P leciona a disciplina de Filosofia) O aluno tem que ter em mente que a escolha da profissão não é olhar para o lado do mercado, e sim seja o que for sua escolha fazer com muito carinho e dedicação, ser um profissional bem sucedido é o que todo o mundo hoje almeja. (Professor Q leciona a disciplina de Artes).
Outras expectativas sinalizam desejo dos alunos de superarem obstáculos e obterem
melhores chances em novos empregos mediante o curso universitário, com a qualificação que a
universidade oferece:
A maioria almeja é ingressar em uma universidade com o intuito de obter um melhor trabalho em relação aos que atualmente exercem. (Professor R leciona a disciplina de Língua Inglesa) Ao que parece eles estão um pouco tímidos em relação ao assunto, mas posso observar certo receio em relação à falta de oportunidades e exigências como uma qualificação e experiência. (Professor S leciona a disciplina de Geografia)
Síntese Parcial
Há conscientização dos professores quanto à necessidade de inclusão da Orientação
Profissional, seja no conteúdo curricular ou no eixo de ação escolar, e a implantação do Serviço
de Orientação Profissional pela UNEMAT contempla a expectativa dos professores.
161
O Serviço de Orientação Profissional atende às necessidades e às expectativas, tanto na
questão referente às informações das profissões do mercado de trabalho hoje, quanto nas que
dizem respeito à formação da identidade, à atuação dos desequilíbrios das dúvidas, na
possibilidade de se promover valorização, pois auxilia na aceitação do processo de construção da
personalidade, na formação de uma auto-estima positiva, na elaboração de angústias e
ansiedades, na espontaneidade, e na capacidade criativa para a realização de conquistas e
escolhas.
Há receios dos professores de que o aluno, no momento da escolha profissional, se depare
com meio social desprovido de oportunidades e a frustração quanto à questão da competitividade
desigual quanto ao mercado de trabalho seletivo.
Contudo, no todo, pode-se perceber o interesse dos professores do Ensino Médio em
integrar a Orientação Profissional à Educação, auxiliando os alunos em suas escolhas
profissionais, expectativa de que esse Serviço atenda às dúvidas, apatias, desinteresses,
desinformações e frustrações dos jovens adolescentes estudantes do Ensino Médio público e
privado local, pois com esse serviço pode-se promover a possibilidade de melhores perspectivas e
escolhas profissionais mais bem adequadas às habilidades.
1.5.3. Categoria C: Dúvidas dos alunos na percepção dos professores
Nessa Categoria de Análise constata-se na maioria das respostas analisadas a tríade
Profissão-Mercado de trabalho-Satisfação Profissional balizando as escolhas dos adolescentes. e
novamente a constatação da relevância desse serviço para a juventude local:
Eles têm medo de se arrepender da escolha realizada, quais matérias terão de estudar no curso escolhido, como será o mercado de trabalho quanto à oferta de vagas, salários. (Professor T leciona a disciplina de Biologia).
Eles mostram dúvida e insegurança quanto ao mercado de trabalho e a profissão escolhida. (Professora U leciona a disciplina de História).
Além do sentimento de insegurança inerente ao jovem e a dúvida quanto às suas
habilidades para exercer a profissão, aparece incerteza de escolha profissional condizente com a
oferta de mercado e a satisfação pessoal:
162
Eles se interrogam se vão gostar da profissão, se vai ter talento ou se a profissão não corresponde à expectativa. (Professor V leciona a disciplina de Sociologia).
Vejo que as principais dúvidas são se terão satisfação profissional, prazer em trabalhar com a profissão escolhida. (Professor W leciona a disciplina de Língua Portuguesa).
Nesse sentido, alguns professores articulam a dúvida nas escolhas profissionais com a
insuficiência de suporte, de intervenção das escolas, desde os currículos na temática Orientação
Profissional, conforme se pode perceber nessas respostas:
A escolha da profissão deve estar baseada na vocação, porém deve-se levar em conta a oportunidades de mercado de trabalho, sendo assim, o primeiro passo em direção à carreira certa é identificar seus valores, porque a tomada de decisão é sempre cercada de dúvidas, emoções e principalmente influencias. Infelizmente as escolas, tanto da rede particular quanto pública, não dá esse suporte de Orientação Vocacional/Profissional, seria ideal se contemplassem em seus currículos. (Professor X leciona a disciplina de Filosofia)
Seria importante orientar os alunos de forma abrangente (todas as profissões) e assim os mesmos pudessem fazer suas escolhas, mediante habilidades expressadas em sala de aula nas atividades curriculares e extracurriculares. (Professor Y leciona a disciplina de Biologia)
Outras dúvidas nas escolhas profissionais aparecem articuladas à escassez de
possibilidades de emprego no restrito mercado de trabalho local, de poucas empresas e de
economia baseada na agricultura e pecuária:
As preocupações deles são as dúvidas com relação à escolha de um curso universitário que se ofereça mais oportunidade de emprego. (Professor Z leciona a disciplina de Matemática)
Encontrar algo para fazer que seja rentável, mas as expectativas são poucas, a cidade oferece poucas possibilidades. (Professor A leciona a disciplina de Língua Portuguesa)
Outros professores perceberam que além das dúvidas dos alunos referentes à falta de
oportunidade e de opção nas escolhas do escasso mercado de trabalho local que não há escolhas,
mas a adaptação ao emprego para a sobrevivência:
163
Muitas dúvidas são relativas à área de trabalho, dúvida no que escolher se haverá vagas no mercado especifico, dúvidas se conseguirão o primeiro emprego (Professor B leciona a disciplina de Física).
A falta de opção, de mercado de trabalho na cidade, deixa o aluno em dificuldade de escolha. Muitos ainda não têm escolhas. A maioria dos jovens acaba por não fazerem o que querem, na profissão acontecessem mudanças, têm que se adaptar uma questão de sobrevivência. (Professor C leciona a disciplina de Educação Física).
Em outros fragmentos das respostas fica evidente que a percepção dos professores é de
que o adolescente está desorientado diante da necessidade da escolha profissional e, por isso,
prolongam o momento da escolha para o término do Ensino Médio:
Muitos deles ainda não sabem o que querem, preferem pensar na situação no término do Ensino Médio. (Professor D leciona disciplina de Química)
Síntese Parcial
Na percepção dos professores as dúvidas dos alunos quanto às escolhas profissionais
ocorrem devido ao desconhecimento de si mesmo, de suas habilidades, por terem medo de
escolhas que possam gerar arrependimento. Por outro lado, há parca intervenção da escola no
processo de escolha profissional do aluno que juntamente com o escasso mercado de trabalho
local, colabora ainda mais para a permanência da dúvida do aluno.
Os professores compreendem que a escassa possibilidade de emprego, de mercado de
trabalho, de perspectivas de futuro, faz que os alunos fiquem desorientados e prolonguem as suas
escolhas.
Síntese Geral
Há ausência ou parca Orientação Profissional nas escolas privadas e públicas do
município de Cáceres, MT, em cujos depoimentos percebe-se a urgência de implantação desse
serviço e a expectativa que a UNEMAT atenda a comunidade.
Os professores expressaram a necessidade de inclusão da Orientação Profissional nas
escolas e na educação como um todo, visto que não há no currículo formativo nenhum eixo
164
voltado a essa área do conhecimento, dificultando ainda mais a aproximação entre o adolescente
e as suas habilidades construídas histórico-culturalmente e as profissões existentes no mercado.
Nessa perspectiva, nos depoimentos obtidos junto aos professores pode-se identificar por
um lado, a desinformação do aluno quanto às profissões existentes no mercado de trabalho, dos
cursos universitários, da rentabilidade das profissões ou das aptidões para exercê-las, na qual a
desinformação reforça a dúvidas frente à escolha de profissão, gerando sentimentos de incerteza e
insegurança potencializando a passividade, e a aparente inércia inerentes das transformações
biológicas e psicológicas da fase adolescente. Mas por outro lado, eles deixam para escolher suas
profissões no término do Ensino Médio e por vezes mostram descompromisso com o futuro.
Ficou evidente também que o restrito mercado de trabalho local, de poucas empresas e
opções, de sustentabilidade baseada na agricultura, pecuária e ecoturismo, ocasiona falta de
oportunidade aos menos favorecidos socioeconomicamente. Isso permite que o aluno pouco
questione sua aptidão e opte pelo emprego que lhe garanta a sobrevivência, comprometendo a
tríade: Profissão-mercado de trabalho-satisfação profissional indispensável para a personalidade
adulta positiva e criativa.
1.6. Categorias de Análise e Interpretação dos Questionários Dirigidos aos Alunos
das Escolas Públicas e Privadas do Ensino Médio
A. Necessidade do Serviço de Orientação Profissional
B. Expectativas dos Adolescentes
1.6.1. Categoria A: Necessidade do Serviço de Orientação Profissional
Identificou-se significativa frequência de desinformação sobre a Orientação Profissional
por parte dos alunos das escolas públicas e parca informação nas privadas, conforme descrito no
decorrer desse item, em que dos duzentos e noventa e dois questionários aplicados cento e setenta
e seis deles informam que os alunos não receberam informação pelo professor ou pela escola,
sendo a mídia televisiva, revistas, jornais, internet, livros e outros meios de acesso às informações
dessa área de conhecimento:
165
Não recebi nenhuma informação por parte da escola, mas vi nos jornais que passam na televisão. (A.D.N, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Não recebi orientação de nenhum professor, mas eu busquei informação através de revistas, livros, internet e meus pais. (L.C.S, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Não, ninguém me falou nada a respeito das profissões, mas li algumas dela em livro, falando o que estuda cada profissão. (EMRA, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Infelizmente não recebi informação nenhuma, porém tenho buscado em outros lugares, internet, jornais. (A.B.M, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Foi identificado também que as informações a respeito das profissões existentes no
mercado são repassadas nos relacionamentos familiares ou sociais. Há insatisfação do jovem
adolescente gerada pela ausência desse serviço para auxiliar as escolhas profissionais dos jovens
conforme as respostas que se seguem:
Por parte da escola não tive informação, mas assisto programas na televisão e também procuro saber com meus pais e familiares. (C.M.S, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Gostaria de receber auxílio não só de minha família, mas também da escola, queria que tivesse um Programa de incentivo, não só a mim, mas a todos os que sonham como eu. (Q.O.S.S., 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Há frequência significativa de respostas referentes às necessidades dos alunos de
receberem Orientação Profissional por parte da escola, dos professores, ou de profissionais
especializados e que o Serviço de Orientação Profissional representa apoio e auxílio aos
adolescentes:
Gostaria que a escola nos mostrasse mais as profissões existentes no mercado de trabalho para que com isso nós alunos tivéssemos mais escolha s e apoio dos outros. (A.A.S, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Seria legal se a escola tivesse algum trabalho para ajudar na escolha da profissão dos alunos que pretendem prestar algum vestibular. (E.M.R.A, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Todos os alunos deveriam ser orientados sobre o mercado de trabalho nas escolas e pelos professores, deveria existir algum profissional para ajudar os alunos a optarem por uma profissão da qual faz parte de sua vocação. (A.L.B.C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
166
Outras respostas sinalizam ausência de informações básicas quanto às profissões
existentes no mercado de trabalho e a necessidade de ênfase nesse assunto, seja em sala de aula
ou em palestras para orientá-los:
Acho que deveria ter palestras nas escolas, aulas diferentes discutindo este assunto, professores estudados sobre o serviço para estarmos orientando sobre a educação profissional que acredita que seja muito importante. (M.M..A, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Os alunos deveriam ter acesso a apresentações sobre o mercado de trabalho ou seja, as profissões, e qual sua área de trabalho. Acho que os professores deveriam dar mais informação sobre orientação e o mundo do trabalho, porque a gente se sente perdido. (P.A.C., 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Clarificam, ainda, a necessidade urgente desse serviço nas escolas, pois os alunos
solicitam das políticas públicas Serviço de Orientação Profissional para sanar as dúvidas em
relação às profissões existentes no mercado de trabalho, para auxiliá-los nas escolhas
profissionais:
Esse programa desse tipo seria fundamental para o nosso conhecimento e desenvolvimento profissional. É preciso ser implantado para o nosso conhecimento o mais rápido possível. (R.S.C, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Perguntas assim nos ajudam no interesse das profissões e do mercado de trabalho, poderia surgir um trabalho assim, ou fazer mais perguntas, principalmente porque temos que ir para o mercado de trabalho. (D.P.S, 17 anos ,estudante da segunda série do Ensino Médio).
Gostaria que o governo apoiasse mais esse programa de informar mais as profissões nas escolas, porque não temos informações nenhuma. (A.F.L.B, 15 anos, estudante do segunda série do Ensino Médio).
Foram encontrados alguns depoimentos sinalizando parca existência de informações em
Orientação Profissional, seja por meio de trabalhos específicos na temática ou por meio das
disciplinas de Sociologia nas escolas particulares, ou da disciplina de Orientação Profissional
encontrada em uma única escola local:
Recebi alguma informação, porque fiz um trabalho sobre as profissões existentes. (M.L.R.D.O, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Não recebi orientação, pois esse trabalho acontece a partir desse ano em sala de aula de Sociologia. (M. A..B, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
167
Recebi orientação desde o início do Ensino Médio. No segundo ano fizemos pesquisa através da escola, e no final do ano o Projeto Eureka, onde os alunos fazem estágios em empresas do ramo que pretendem seguir. Agora no terceiro temos palestras e aulas de Orientação Profissional. (E.C.Z.M, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Síntese Parcial
Pode-se perceber nessa Categoria de Análise a necessidade da implantação do Serviço de
Orientação Profissional para os alunos das escolas pesquisadas, pois as parcas informações têm
sido feitas pela mídia eletrônica e televisiva. Somente informações dos relacionamentos
familiares e sociais não sanam os conflitos e dúvidas. Há também solicitação dos alunos de que
as escolas e o poder público se mobilizem para oferecer informações e outras intervenções tais
como palestras e cursos nessa temática.
Pode-se identificar que os alunos objetivam por meio da Orientação Profissional receber
informações das profissões existentes no mercado de trabalho, como também sanar as dúvidas em
relação às suas escolhas, e que o SOP significa apoio e ajuda diante da desorientação desse
momento de suas vidas que exige definição de seus futuros.
Finalmente, pode-se observar a solicitação explícita de necessidade de apoio de políticas
públicas para que esse serviço seja implantado para auxílio de todos os alunos, professores,
UNEMAT e da Educação como todo.
1.6.2. Categoria B: Expectativas dos adolescentes
Contemplando essa Categoria, pode-se perceber maior frequência de respostas
concentrando as expectativas dos alunos: cursar universidade, ajudar no orçamento familiar e
constituir família, como também senso de responsabilidade e moralidade:
Meu maior sonho é me formar arranjar um emprego e poder ter e dar uma boa condição de vida aos meus familiares. (P.A.D, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Passar em uma boa faculdade, ter um bom emprego, poder me sustentar e sustentar minha família. (A.C. M, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
168
Identificou-se também a expectativa de se exercer alguma profissão, juntamente às
perspectivas de futuro próspero advindo do exercício profissional:
Tenho um sonho muito especial, quero me formar em Direito para poder defender a sociedade em seus valores e suas necessidades e ajudar meus pais. (A.A. C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Minhas expectativas são as melhores possíveis, pois estou procurando um futuro de trabalho, de lutas e vitórias e conseguirei através dos estudos. (E. S. O, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Outras expectativas significativas referem-se à conquista de autonomia, a realização
profissional enquanto metas para o futuro:
Primeiramente me profissionalizar e tornar independente, depois construir uma família e tentar ser feliz. (P.O.S. J, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Ser algo na vida, estudar muito, cursar a universidade e poder trabalhar na profissão que escolhi. (F.M.C.T, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
As minhas expectativas para o futuro são boas, porque no presente estou esforçando-me para mais na frente ser o melhor profissional possível. (F. B. S, terceira série H, 18 anos, estudante da estudante da terceira série do Ensino Médio).
Eu quero cursar uma profissão, dar uma vida digna aos meus futuros filhos, ser uma médica bem sucedida...Quero ter uma vida digna. (E.A.C, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
As análises de outras respostas mostram percepção coerente de realidade e expectativa
dos jovens de futuro de mais oportunidades de acesso ao mercado de trabalho e a visibilidade de
que a sociedade brasileira por meio de seus representantes legais ofereça mais acesso e
oportunidade ao jovem:
Terminar os meus estudos, futuramente fazer uma Faculdade de Ciências Contábeis e viver na sociedade com mais dignidade (D.M.F, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Eu queria que a escola abrisse um tipo de um curso para os alunos sobre o que os alunos pretendem se formar e que no futuro se tivesse mais oportunidades para os alunos. (G.P.M, 20 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Espero que o Brasil mude, e nosso governo possa abrir novas oportunidades para nós os jovens, que no futuro tenhamos novos rumos. (E.G.S, 19 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
169
O futuro do planeta terra é muito desafiador e incerto, eu estudo para transpor todos os obstáculos do presente e ser feliz no futuro (O.S.O, 17 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
A preocupação com a rentabilidade das profissões e de se obter sucesso profissional
também aparece com frequência enquanto expectativa para o futuro:
Fazer uma faculdade, ter uma carreira de muito trabalho e conseguir ter uma situação financeira estável e boa. (F.M.R.C, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
As minhas expectativas para o futuro se direcionam primeiro a área de estudos, pretendo cursar uma universidade, depois procurar ter uma base sólida com relação a uma profissão que de mais condição de vida. (N.A.C. C, 18 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio).
Ser feliz, ter minha fazenda cheia de gado, terminar meus estudos e trabalhar em todas as áreas de minha profissão. Crescendo como profissional e como pessoa. (M.C.P. F, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Foi identificada também significativo número de respostas relativas à expectativa de se
alcançar o sucesso profissional articulado a satisfação pessoal e a profissional objetivando atingir
sucesso a escolha da profissão, obter qualidade de vida e colaborar com a sociedade:
Eu quero um futuro de muito sucesso profissional para conseguir ter uma estrutura familiar. (P.C.L.F, 18 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio. Minhas expectativas para o futuro são as mais excelentes possíveis, pois o meu maior sonho é cursar a faculdade e ter um ótimo desempenho profissional. (A.G.N, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio). Fazer uma faculdade onde eu tenha o prazer de estudar ser um bom profissional e fazer novas descobertas para ajudar nossa sociedade. (E.M.C.C, 17 anos, estudante da terceira série do Ensino Médio). Obter uma boa qualidade de vida, fazendo o que gosto (profissão) e ser reconhecido profissionalmente como funcionário competente. (A.C.C.M, 16 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Pode-se também observar nas respostas a presença da expectativa de se obter autonomia e
competência na profissão escolhida:
Meus pensamentos para o futuro é basicamente ter uma profissão digna do meu sustento e a realização dos meus sonhos (V.F.L, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
170
Quero ter liderança e organização, independente de minha área, coisas concretas e ter satisfação própria. (J.A.M, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Estudar, ter uma vida bem sucedida e constituir família (M.C.V, 15 anos, segunda série do Ensino Médio).
Acho interessante me tornar um profissional competente, independente do curso que eu escolher (A.C.S, 14 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Outro número relevante de respostas se refere às expectativas de cursar universidade e
curso profissionalizante para maior acesso ao mercado de trabalho:
Eu gostaria de fazer um curso profissionalizante e uma universidade, porque hoje em dia é muito importante ter uma universidade e um curso profissionalizante para competir no mercado de trabalho (R.V.R, 15 anos, estudante da primeira série do Ensino Médio).
Eu penso em cursar uma faculdade e fazer um curso profissionalizante, porque quanto mais me informar melhor (E.C.M, 16 anos, estudante da segunda série do Ensino Médio).
Síntese Parcial
Ao todo, as expectativas encontradas nas análises das respostas sugerem que os
adolescentes almejam alcançarem, por meio da profissão escolhida, a estabilidade de vida por
meio de escolha rentável. A satisfação pessoal e profissional e autonomia visibilizando também
no futuro a formação de uma família em conivência a valores éticos, tais como dignidade e
competência, conforme identificado nos depoimentos.
Há preocupação quanto à escolha profissional que seja rentável, porém, que a escolha da
profissão esteja articulada à satisfação pessoal e ao sucesso profissional para obter qualidade de
vida e auxiliar a sociedade.
Síntese Geral
Após as análises dessas Categorias pode-se perceber a relevância do Serviço de
Orientação Profissional, visto que há ausência de informação nessa área do conhecimento
naquele local. As informações são parcamente passadas por familiares ou pela mídia e as escolas
não priorizam como eixo temático essa área do conhecimento, na qual os professores auxiliam de
acordo com as possibilidades.
As orientações existentes na temática Orientação Profissional nas escolas públicas são
feitas aleatoriamente, isto é, quando surgem discussões em sala de aula ou se requisita em
171
trabalho escolar, gerando no aluno sentimento de desvalia, de descaso, frente à desvalorização e
desconsideração para com esse momento de suas vidas.
Já nas escolas particulares ocorrem na disciplina de Sociologia, na segunda série do
Ensino Médio. Uma única exceção ocorre no Centro Educacional “Anália Franco” que conta com
a disciplina Orientação Profissional para informar os alunos sobre a temática.
Identificou-se também nos depoimentos dos alunos sentimentos de solidariedade, de
senso de responsabilidade e moralidade social, permeados por tipicidades inerentes aos
adolescentes tais como sentimento de insegurança e falta de apoio, insatisfação quanto à
realidade, incerteza quanto ao futuro, desorientação e dúvidas quanto ao caminho seguir, a qual
profissão escolher. Nesse meio de intervenção, o Serviço de Orientação Profissional (SOP) torna
possível sanar ou amenizar esses conflitos e necessidades adolescentes.
1.7. Análise e Interpretação dos Testes Sociométricos da Formação de Professores
do Ensino Médio em Orientação Profissional
Há diversas configurações para as análises dos Testes Sociométricos. O Sociograma é o
grafismo final do Teste e pode conter as seguintes estruturas explicativas sobre as relações
humanas:
1. Cadeia: segundo Moreno (1954) essa estrutura aparece quando os sujeitos sentem-se
atraídos mutuamente, um deles forma uma dupla que se integra a uma terceira pessoa que por sua
vez integra-se a uma outra. .Quando as escolhas são sucessivas fazendo uma corrente de
transmissões afetivas com a última escolhendo a primeira e fechando a cadeia. Geralmente
encontra-se esse formato em grupos mais estruturados e mais maduros.
2. Triângulo: quando três pessoas elegem-se mutuamente denota que a forma de relação é
diferente da grupal. Em geral, o triângulo é a configuração total e o grupo é a ameaça.
Demonstram relações baseadas em pactos, sentimentos de ciúmes ou rivalidade, porém, na
medida em que as projeções e transferências se diluem em função das relações télicas, a realidade
aparece. Escolhas sociométricas com essa configuração revelam, do ponto de vista intra-psiquico,
a passagem de estrutura mais defensiva para mais aberta e madura (Bustos, 1979).
172
3. Círculo: nessa configuração há maior flexibilidade entre os vínculos estabelecidos,
indica coesão grupal, pois segundo Moreno quando há quatro ou mais sujeitos ligados ao resto do
grupo por escolhas mútuas constitui superestrutura bem integrada da organização de um grupo.
3. Quadrado: quatro participantes elegem-se mutuamente por pelo menos dois entre eles.
Toda estrutura apresentando esse formato deve-se ter desconfiança, pois pode originar uma turma
isolada do resto do grupo.
4. Estrela: são estruturas frequê ntes em Sociogramas, conforme esclarece Moreno (1954),
geralmente formada por cinco elementos ou mais. Mostra configuração do participante que deem
maior número de mutualidade.
5. Isolados: trata-se de rejeição da pessoa sem mutualidade de escolha, representa
isolamento, não somente no interior do grupo, mas também no interior da coletividade, e deve-se
entender o (s) motivo (s) do isolamento para em seguida reintegrar essas pessoas ao grupo.
6. Esquecidos: são representados por pessoas que recebem número reduzido de escolhas,
em função de serem pouco interessantes aos membros do grupo.
7. Rejeitados: as questões envolvendo os rejeitados devem ser evitadas no âmbito
educacional, restando a alternativa de identificá-los nas pessoas que escolhem, mas limitado ao
Sociograma. A diferença entre o Rejeitado e o Isolado é que o primeiro incomoda o grupo,
podendo ser representado inclusive como líder em seu subgrupo. Nesse caso também é
importante a intervenção e dependendo da gravidade da Rejeição, em alguns casos, torna-se
conveniente sair do grupo com a devida orientação para evitar futuras Rejeições em muitos
grupos.
6. Ilha: são considerados “panelinhas”, pares ou pequenos grupos escolhidos pelos demais
colegas do grupo, em geral isolam-se de outros subgrupos, constituindo estruturas rígidas
provenientes de características sexuais, raciais, políticas, religiosas, psicológicas ou sócio-
econômicas semelhantes que também precisam de dissolução em vista de amadurecimento social.
173
Buscando a Sociometria conhecer as redes de aceitação e de rejeição dentro dos grupos, o
Teste Sociométrico, conforme esclarece ALMEIDA (2004, p.50) “possibilita quantificar essas
relações, visualizando a configuração das relações grupais”. Aplicados aos participantes do Mini-
Curso: Orientação Profissional de acordo com a primeira e a segunda opção pode-se identificar a
partir das estruturas acima, as seguintes configurações:
Critério 1: Escolhas afetivas
Opção 1: Estrutura em Cadeia
Opção 2: Estrutura em Cadeia, com a troca de lugar entre os sujeitos F e B.
Conforme Moreno (1954), esta estrutura aparece no interior dos grupos quando os sujeitos
se percebem atraídos mutuamente e um deles integra-se a um terceiro que por sua vez a um
quarto, e assim sucessivamente.
Essa cadeia de atração recíproca representa uma corrente ininterrupta de transferências
afetivas e geralmente os comportamentos assemelham-se, pois, encontra-se nos relacionamentos
a imitação indireta do outro, sugestões rotineiras, opiniões acerca da vida cotidiana, rumores no
sentido de boatos e fofocas entre os membros, sendo forma saudável de estabelecimento de
vínculos grupais, pois os sujeitos se colocam afetivamente na situação, desenvolvem seu
potencial espontâneo, opinando sobre as relações.
Critério 2: Escolhas Cognitivas
Opção 1: Estrutura em Círculo
Opção 2: Estrutura em Círculo (não ocorreram permutas entre os participantes)
Pode-se perceber com a configuração de Círculo nas relações grupais que os integrantes
estão atraídos mutuamente, relacionam-se, identificando-se uns aos outros e que a estrutura
grupal está fechada sobre si mesma, constituindo-se grupo sólido. Denota também
amadurecimento nas relações sociais desse grupo, pois evoluíram da relação estrutural em Cadeia
para o Círculo.
174
Denota também evolução nas relações sociais, autoconhecimento e conhecimento do
outro, pois se pode observar que os integrantes desenvolveram relações horizontais, passaram a
interagir de forma mais autêntica, alegre, espontânea, e mostraram-se capazes de desarmar
conservas culturais desnecessárias, agirem com tranquilidade, viabilizando efetivamente a
reconstrução de papéis, a abertura ao novo, a realização pessoal e profissional.
175
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Naturalmente, os projetos individuais de vida não se formam independentemente dos contextos partilhados intersubjetivamente. No entanto, dentro de uma sociedade complexa, uma cultura só consegue se afirmar perante as outras convencendo suas novas gerações, que também podem dizer “não”, das vantagens de sua semântica que viabiliza o mundo e de sua força direcionada para a ação. (HABERMAS, 2004, p.05)
Essa pesquisa intervencionista surgiu de observações prévias na prática docente, junto aos
cursos universitários nos semestres iniciais de diversos cursos de graduação — principalmente no
curso de Pedagogia da Faculdade de Educação, da UNEMAT — cujas queixas sobre a escolha
errada de curso eram constantes: de alunos que gostariam de trocar de curso, ou ainda, que a
escolha foi feita por falta de opção. Como também por ocasião da experiência de Coordenação da
Escola de Aplicação e, a escuta aos pais e professores preocupados com o futuro do jovem
adolescente.
As dúvidas iniciais quanto aos porquês das escolhas errôneas de cursos foram dissipando-
se e, brotaram outras ainda mais complexas, advindas do desequilíbrio dos novos conhecimentos
adquiridos.
A construção da pesquisa foi efetuada balizada pelas orientações e a Tese de Livre
docência do Prof. Dr. Valério José Arantes, possibilitando a compreensão e o conhecimento que
culminaram na implantação do Serviço de Orientação Profissional para a comunidade
matogrossense.
Foi um desafio realizar uma primeira formação de professores colaborando para o
desenvolvimento e aprendizagem da Orientação Profissional, utilizando-se dos Jogos Dramáticos
da Teoria do Psicodrama, preparando-os para serem multiplicadores junto às escolas, objetivando
minimizar a evasão nos cursos universitários, as desinformações das profissões existentes no
mercado, escolhas não assertivas e as insatisfações pessoais e profissionais.
Para essa realização houve uma ampla pesquisa bibliográfica e, de campo, a respeito da
Orientação Profissional, investigando junto aos gestores da UNEMAT e das escolas Públicas e
Privadas do Ensino Médio, na voz de seus professores e alunos suas opiniões, percepções,
conhecimentos e intervenções nessa área do conhecimento.
Constatou-se a necessidade de intervenção de um Serviço de Orientação Profissional no
local, obtendo-se a constatação de ausência ou mínima informação dos professores e dos alunos
176
acerca da relevância dessa área do conhecimento, para que se realize escolhas que lhes
promovam satisfação pessoal e profissional e, o descaso das políticas Públicas para com a
temática.
Com a implantação por meio da formação aos professores do Ensino Médio, atendeu-se
aos objetivos dessa pesquisa, de subsidiar conhecimentos teórico-prático aos professores com
relação a Orientação Profissional no mundo do trabalho globalizado, para que os jovens realizem
escolhas profissionais mais assertivas, menos frustradas e, distantes da realidade sócio-cultural,
contribuindo para minimizar a evasão dos cursos universitários e colaborando para a formação de
profissionais mais satisfeitos pessoal e profissionalmente.
A Orientação Profissional está remodelando-se e reinscrevendo-se, pois o modelo
psicométrico não mais atende o mundo de trabalho atual. Sabe-se que ela deve ser concebida
enquanto processo de formação desde os primeiros anos escolares, como um gerenciamento de
vida.
No âmbito educacional ela visa orientar e promover auto-conhecimento para que o jovem
realize escolhas mais assertivas, pois o mundo das organizações flexíveis, requer profissionais
menos alienados e frustrados, menos perturbado por suas neuroses, mais satisfeito pessoal e
profissionalmente e, sabe-se que felicidade e competência, geram além de “sanidade”, a
lucrabilidade.
Uma intervenção teórica- prática, formando professores nessa área do conhecimento,
torna-os multiplicadores do conhecimento em suas escolas, atingindo mais rapidamente a
coletividade, pois não basta informar as profissões existentes no mercado, que elevam a cada dia,
há que agir nas dificuldades de escolhas, há que se promover ambiente, possibilidade de reflexão,
questionamentos, diálogos e autodescoberta, suprindo com mais prontidão a necessidade urgente
desse Serviço.
No percurso teórico foram feitas investigações sobre as ciências clássicas e as atuais, da
criação da Psicologia do Trabalho no Brasil, das origens e conceitos da Orientação Profissional,
articulando-os à adolescência hoje, ao Psicodrama, aos Jogos Dramáticos, à identidade, à
diferença e à exclusão e as conexões com a Educação e, a Caracterização do ambiente da
pesquisa.
No primeiro Capítulo foi descrito sobre as transformações ocorridas nas ciências físicas e
matemática, na segunda metade do século XX, por ocasião das pesquisas dos átomos, da natureza
177
dos fenômenos subatômicos e da expansão dos mundos físicos descrito por Werner Heisenberg,
Albert Enstein, e Neils Borh informando e colocando o mundo em contato com uma nova
realidade e visão de mundo, gerando mudanças paradigmáticas refletidas hoje.
Anteriormente a essas descobertas, o universo era concebido pela ótica do paradigma
mecanicista: estático, linear e determinado. Tais mudanças reorientaram o pensamento das
ciências, gerando novas percepções de universo, agora concebido como interativo, inter-
relacional, instável e assimétrico.
As novas descobertas e o avanço da microeletrônica inovando as atividades industriais, já
na segunda metade do século XX, geraram transformações nas concepçõe cartesianas das
ciências humanas e sociais, percepções cristalizadas sobre as “verdades” de mundo, causando o
despertar para o novo e para a diversidade de novas formas de pensar, de agir e de se relacionar,
adaptando-se aos novos instrumentos eletrônicos, digitais e virtuais da mídia globalizante.
No mundo do trabalho atual, essas mudanças ocasionaram transformações estruturais no
modelo organizacional em que se opõe a centralização à descentralização, a alta hierarquização
inerente às organizações burocráticas da época fordista, à horizontalização das estruturas
organizacionais toyotista, a organização das tarefas por especialidade à organização flexível e
multifuncional, e uma estrutura totalmente voltada à valorização do produto, agora orientada ao
mercado-cliente.
Os pressupostos tradicionais e quantitativos, não atendem mais a demanda do mercado, da
nova organização flexível do trabalho e os conteúdos qualitativos passam a ser valorizados, pois
o mercado oscilante visando sua lucrabilidade requer novas formas de relações humanas, não
mais verticais e sim, horizontais, autênticas e espontâneas.
É a Psicologia que administra os conhecimentos da Orientação Profissional desde a
criação do primeiro Instituto de Organização do Trabalho (IDORT). Historicamente, o “pensar e
agir” do povo brasileiro desde o Brasil Colônia foi subjetivado em princípios de educação,
moralização, religião, que exerciam mecanismo de controle e poder na cultura, sendo a alienação
e o disciplinamento a ideologia do estado, na qual a medicina associou-se à instauração e à
manutenção da ordem e da obediência civil, por meio da manipulação das relações entre
Trabalho-Educação-Saúde.
A educação indígena e a dos brasileiros miscigenados e não privilegiados à época era
tarefa dos religiosos, ressaltando que após a constatação da não subserviência dos índios,
178
culminando no extermínio de muitos, houve aumento do mercado escravo e da população
africana. Somente com a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, e a reforma de 1890, o Estado
assume a função de educar, pois também atendia aos primórdios desenvolvimentistas e à
necessidade de profissionalizar os novos cidadãos e os descendentes recém-libertados.
Na República intensificou a necessidade de mão-de-obra especializada em função,
inicialmente, dos novos instrumentos agro-industriais. Por meio do advento da industrialização e
da crescente influência do modelo europeu e americano nos meios de produção tornou-se
indispensável selecionar e treinar o trabalhador, para ter acesso às inovações técnicas e
organizacionais advindas da industrialização, simbolizadas no século XIX pela máquina a vapor e
no século XX pela fábrica Ford Motor Company, instaurando o modelo fordista de organização e
com ele a padronização cultural.
A crescente produção em série, da era indústrial (litosfera) e, consequentemente, das
conservas culturais na civilização, atuaram na alienação dos corpos de Foulcault, como também
no bloqueio em massa do complexo espontaneidade-criatividade de Moreno (1993).
Hábitos, costumes, pensamentos e comportamentos estavam submersos no paradigma
determinista, no ordenamento, no disciplinamento dos corpos, na automação, na normatização,
regendo os mecanismos regulatórios sociais distantes da valorização da espontaneidade,
dignificando o trabalho quantitativo e explorando a mão-de-obra que por coincidência, equipara-
se ao significado epistêmico da própria palavra remetendo à tortura, opressão.
Como se o trabalho não fosse a base da felicidade e da realização humana, em uma
articulação fantástica entre Eros e Ananke (Deusa da necessidade), gerando sustento, auto-
apoio,valorização humana, superação de obstáculos, pois sabe-se desde Freud que o ser humano
normal é capaz de amar e trabalhar em constante desenvolvimento e aprendizagem rumo a
generatividade teorizada por Erikson (1976) e a compreensão de que quando não existe desafios
corre-se o risco de ser dominado pela estagnação.
O trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, como exigia o modelo Fordista, fez
do trabalhador um acompanhante da máquina, automatizou-o, e sabe-se que melhor resiste às
insatisfações, ao descontentamento e aos conflitos individuais e interpessoais no mundo do
trabalho, o ser espontâneo. E, o Psicodrama resgata a espontaneidade comprometida
historicamente, ao intervir por meio dos Jogos Dramáticos na “trama” dessa “era da incerteza”.
179
Segundo Motta (1995) a Psicologia do Trabalho que à época compactuava com idéias
conservadas e ordenadas da Psicologia Comportamental e da Psicometria em que, focada nos
critérios de eficiência, criou a distância na relação homem-trabalho, ditando um modelo fordista
de mercado, de relações interpessoais verticalizadas de Santos e, hierarquizadas, formais,
tecnicistas e desprovidas de afetividade, ditadas pelo modelo fordista de mercado.
Por ocasião de sua criação, visava somente evitar acidentes de trabalho e identificar os
trabalhadores desprovidos de capacidades para realizar determinada função assumida na empresa,
teve o primeiro centro de estudo em Munique, Baviera em 1902, mas somente na segunda década
do século XX foi implantada na América Latina, na Argentina e no México. No Brasil foi criado
pelo engenheiro Roberto Mange — pelo professor da Escola Politécnica de São Paulo — que
também implantou a área de Psicologia Aplicada no Brasil.
A Orientação Profissional expandiu-se na Escola Técnica Getúlio Vargas, atuava nas
demandas do mundo do trabalho e também era direcionada às escolas, como um eixo
educacional, de desolador desfecho. Os cursos ali oferecidos eram vinculados às entidades
federativas, como a Confederação Nacional da Indústria e do Comércio, e dos produtores
agrícolas, o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Social).
No formato elitista, os instrumentos psicométricos importados não atendiam aos
interesses educacionais à época de potencializar a Orientação Educacional, assim denominada no
âmbito educacional, devido divergência na tradução da Língua Inglesa para Portuguesa, mas que
não impediu a intervenção inclusive ao nível superior, sendo utilizada por vários institutos de
educação e saúde dos anos trinta e quarenta do século XX, não compactuou com seus princípios
avaliando-a como importada e distante da realidade brasileira. A Psicologia então a incorporou
em seu conteúdo curricular até os dias atuais.
No entanto, compreende-se que no todo, contribuíram para o seu fracasso: O crescente
número populacional e migração do campo para os grandes centros urbanos, o trabalho desigual
balizado pela classe social do trabalhador e a Orientação Educacional direcionada a oferecer
acesso aos mais providos socioculturalmente, valorizando a produtividade e a lucrabilidade.
Pensa-se a Orientação Profissional enquanto formação, como um eixo educativo, em que
se aplicada desde a Educação Infantil promoverá escolhas profissionais mais bem adaptadas à
cultura do adolescente, já que cumpre o papel de “orientar”, “ajudar” pessoas em suas escolhas
180
profissionais, nas decisões de cursos, ocupações geradoras do auto-sustento, realização pessoal e
a assumirem tarefas na vida adulta dotados de identidade profissional competente.
Perrenoud (2001) esclarece que refletir sobre a formação articulando a dimensão
profissional e a sociopolítica significa atingir perspectivas multidimencionais que englobam a
individualidade, os aspectos socioculturais, os situacionais e o processual, pois construir
competências significa a superação de medos e vencer a insegurança diante do novo, do
desequilíbrio e da instabilidade de mercado é desafio que remete à necessidade de transformações
curriculares, mais bem adaptados às culturas locais, respeitando as diferenças.
Historicamente, as noções estruturantes do modelo de competência no mundo do trabalho
estão ligadas à ótica do mercado. Atualmente está baseada na polivalência, na transflexibilidade,
na empregabilidade, remetendo à qualificação profissional para a noção de competência
profissional, e essa Tese compreende-a com base na perspectiva construtivista.
Construir competências para ações autônomas, espontâneas, direcionadas a atender os
princípios universais de igualdade de direitos, justiça social, solidariedade e ética não é
compactua com a matriz funcionalista e behaviorista que limita o saber em prol do
desenvolvimento de tarefas repetitivas, da descrição de função e tarefa no processo produtivo.
Hoje, as adaptações, transformações e inovações são constantes e a Orientação
Profissional revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem confuso quanto às escolhas
profissionais, diante das multiprofissões do mercado, nas quais as contribuições de Moreno com
o Psicodrama e seus Jogos Dramáticos possibilitam atender tanto as exigências do mercado que
requer profissionais flexíveis e espontâneos como para que sejam realizadas escolhas menos
danosas e frustrantes para o trabalhador.
Para Moreno (1993) o ser humano tem o compromisso de ser co-criador do universo,
transformando-o, reinventando-o, porém, não comprometendo a saúde humana, como acontece
na ausência de espontaneidade, autoconhecimento, de escolhas assertivas nas profissões e,
competência profissional que engloba a satisfação pessoal e profissional, relações horizontais,
transparentes, autênticas e de espontaneidade.
Compactuar com a idéia de que todo ser humano é capaz de realizações pessoais e
profissionais, de despertar o próprio potencial de resiliência que resiste à insegurança,
impulsionando o sujeito rumo aos seus reais objetivos, mas que estão conflitivas e em dúvidas a
que profissão escolher, para que se tornem pessoas menos desorientadas e profissionais menos
181
frustradas e insatisfeitas, significa promover condições para o jovem realizar escolhas
profissionais que atenda as suas expectativas e sonhos.
O Psicodrama, com seus Jogos Dramáticos, resgata nas relações humanas a
horizontalidade, as relações transparentes e sinceras, como também contribui à formação de
competências profissionais, ao bloqueio da hierarquização da dominação e à libertação dos
corpos alienados, já que as relações verticais remanescente do fordismo contribuíram para
bloquear a espontaneidade e, tornar o ser humano robotizado.
O mundo de trabalho, regido pelo mercado toyotista, requer um perfil de profissional
centrado, espontâneo e não descomprometido com a realidade social, em que por meio dos Jogos
Dramáticos possibilita-se rebaixar a ansiedade, o clima de tensão, proporcionando um campo
relaxado, um contexto mais tranqüilo e alegre para o trabalhador flexível e polivalente,
colaborando para o bem-estar pessoal e empresarial.
Os Jogos Dramáticos, no contexto educacional e embasado em Arantes (2002)
desenvolvem a espontaneidade no adolescente, pois os encontros grupais em campo relaxado
possibilitam relações mais autênticas, requisito solicitado e valorizado na nova organização do
trabalho flexível, em que melhor se destacam e atingem o sucesso os mais espontâneos.
Atuam no espaço intersubjetivo, remetendo-o ao imaginário e reorganizando-o,
permitindo acesso mais diverso ao problema, ao universo simbólico, já que os conflitos humanos
são resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidas por valores invisíveis, porém
regentes da lei, da moral, da regra, normativos e distantes do desejo, da espontaneidade e da
felicidade.
O percurso do genial Moreno lança luzes à Psiquiatria e à Psicologia com sua teoria,
fazendo que a humanidade tenha acesso a traumas e conflitos por meio da dramatização dos
personagens da cena, visando desenvolver e alcançar o resgate da espontaneidade. Por isso,
ocupou-se da formação de psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os
especialistas em relações humanas.
Apesar de apropriar-se do teatro para desenvolver sua teoria e método, adaptando-os ao
contexto clínico e psicopedagógico, era oponente ao Teatro do improviso de Stalinavsky, por
confundir improviso e espontaneidade, criando o Teatro da Espontaneidade, introduziu-se
terminologia própria, como psicodrama, sociodrama, sociometria, desempenho de papéis, tele,
átomo social, espelho, inversão de papéis, dentre outros.
182
Contrapôs-se à Psicanálise, de influência do cartesianismo e do determinismo darwiniano,
e da idéia de que os fatores hereditariedade, meio ambiente e fator desencadeante determinam o
desenvolvimento das psicopatologias, concebendo o ser humano como cósmico e relacional, não
interditado por frustações. Como também se diferenciou do reducionismo da Teoria Psicanalítica
integrando o tempo presente-passado-futuro nas operações terapêuticas e não o passado como
meio de acesso aos conflitos e aos traumas.
O Psicodrama, com embasamento filosófico na fenomenologia e no existencialismo, além
da concepção de integração mente-corpo, descreve o ser humano enquanto ser de interação e
relacional em Buber, de socialização, de auto-regulação, concebendo-o social e positivo, distante
da concepção de sujeito psicanalítico: Cartesiano, em que cindido ou castrado e sabedor de suas
impossibilidades desde o nascimento, perde o vínculo de unicidade com a mãe e, passa a buscá-lo
pelo restante de sua existência, deslocando essa necessidade às uniões afetivas, ou para seus
filhos, na busca da sensação primordial de completude vivenciada no ventre materno.
Para Marineau (1992) foram diversas as descrenças às idéias de Moreno, que se deparou
com resistência por parte do público e da imprensa, acostumados às peças teatrais prontas e a
depender das “conservas culturais” do drama e, a não confiar na criatividade-espontânea.
Relativizou o homem à natureza, compreendendo-os como interdependentes, criou a Socionomia
de interesse das Ciências Sociais e Humanas, a base da Psicoterapia de grupo.
A Teoria do Psicodrama também foi inovadora contribuindo com a compreensão e
intervenção nos quatro elementos universais que tangenciam as ciências: tempo, espaço,
realidade e cosmos, permitindo novas compreensões de sujeito e de sociedade imersos em
paradigmas transformadores, como o sistêmico e inter-relacional de Frijof Capra, da
complexidade de Edgar Morin e, os interativos de Jean Piaget.
Também é conivente às idéias da doutrina da imaginação criadora de Gastón Bachelard,
contribuindo para amenizar ou descristalizar antigas e limitadas compreensões de sujeito e do
universo que restringem a cognição à imitação, bem distante da compreensão sobre a essência
humana: espontânea-criativa.
O Psicodrama, ao exteriotizar o “drama” do espaço subjetivo, retirando-o do imaginário
por meio da representação da cena dramática no contexto psicoterápico ou dos Jogos Dramáticos
no psicopedagógico, permite acesso mais diverso ao problema, pois os conflitos humanos são
183
resultantes de sentimentos, pensamentos e ações regidos por valores invisíveis, reguladores da
norma, da moral e da regra, distantes do desejo.
Moreno transformou, por meio da ação psicodramática, o ato psicoterapêutico ou
psicopedagógico na realidade da vida a partir de simulações, da dramatização de experiência
vivida no aqui-agora, no setting dramático. E o Psicodrama, por meio dos Jogos Dramáticos
direcionados à Orientação Profissional colabora para atenuar compreensões distorcidas de
problemas, dúvidas e angústias, medos do futuro, ansiedades, conflitos, decepções nas escolhas.
O sujeito psicodramático é um ser cósmico, interdependente ao universo, dotado de uma
energia criadora, mas que no decorrer da vida vai transformando o seu potencial criativo e
espontâneo em conservas culturais, cristalizando os seus comportamentos e pensamentos,
enrijecendo-se, robotizando-se, necessitando da espontaneidade para resgatá-lo.
Nos novos arranjos do mundo do trabalho é fundamental para o sucesso, tanto pessoal
quanto das organizações flexíveis, a motivação e a satisfação do trabalhador. As organizações de
sucesso são compostas por pessoas que fazem o que gostam e acreditam não aquilo que se espera
que façam. São organizações baseadas nas aspirações de seus membros e não no que se espera
dos cargos, sendo fundamental para o sucesso: A vontade de vencer e superar obstáculos, o
autoconhecimento e a espontaneidade.
Há uma instabilidade da lucrabilidade no mercado de trabalho, tornando-o oscilante e,
torna-se salutar fazer aquilo que efetivamente se quer fazer, para atingir o sucesso profissional e
conseqüentemente o pessoal, sendo alcançado com o desenvolvimento da espontaneidade, pois ao
resgatá-la, o jovem atinge seus objetivos com menos dificuldades, atende às relações de
horizontalidade solicitada pelo mercado toyotista e, sabe-se sobre as organizações que, as mais
criativas atingem melhor o mercado e têm lucrabilidade garantida.
O modelo fordista da era industrial (litosfera) determinou as formas de produção e as
relações sociais, distanciou ainda mais a humanidade de seu potencial espontâneo e criativo,
contribuindo à alienação da corporeidade e ao modo de pensar subserviente e automatizado.
Com a globalização, a ascendência asiática no mundo do trabalho e com a mudança do
modelo de mercado para o toyotismo, em virtude da Fábrica Toyota, mudou-se os contornos,
tanto do modo de produção, antes em série priorizando a quantidade, para o Just Time, a
produção exatamente no momento demandado e, o trabalhador deve estar preparado para o
momento inesperado, para a situação surpresa.
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O jovem adolescente espontâneo enfrenta melhor as adversidades do mercado Toyotista e
o processo de adolescer, de desabrochar conforme Aberastury (1981) está balizado por uma
“normal anormalidade” em que os processos de mecanismos de projeção, introjeção e
dissociações são intensas, com mudanças de humor acompanhado de depressão e luto,
apresentando personalidade permeável e mutante.
Muitos adultos projetam no jovem a própria incapacidade de controlar o que está
acontecendo sociopoliticamente ao seu redor, desorientando o adolescente. Para muitos adultos
fica difícil suportar o adolescente com suas identidades ocasionais, transitórias e, muitas vezes,
exige-se do jovem adolescente a identidade que ele não tem; que se realize escolha em meio à
dúvida, desconfortos e campo tenso.
A formação teórico-prática de professores em Orientação Profissional, possibilitando
acesso aos conhecimentos e aplicabilidade dos Jogos Dramáticos, autoriza-os às intervenções
diretas junto ao jovem aluno, amenizando a angústia e, a ansiedade do adolescente diante da
dúvida a que profissão escolher.
A identidade ocupacional é um aspecto entre tantos outros da identidade pessoal, sendo-a
determinada e determinante na relação com toda a personalidade, conforme Bohoslasvsky (2003),
os problemas vocacionais devem ser compreendidos como de personalidade, falhas, obstáculos,
sejam eles vivenciados no âmbito familiar ou mesmo no educacional, no alcance da identidade
ocupacional.
No segundo Capítulo, problematizaram-se as temáticas da identidade, da diferença e da
exclusão destacando as conexões com a educação, contribuir à formação de identidades mais
espontânea e criativa para atenuar as dúvidas nas escolhas profissionais, para que haja
profissionais mais satisfeitos no mercado de trabalho e mais bem-sucedidos, com mais
competência profissional, há que se incluir na Educação o eixo teórico: Orientação Profissional.
As intervenções do Serviço de Orientação Profissional implantado na UNEMAT
direcionado ao atendimento da comunidade local e regional, direcionadas aos profissionais de
Educação, orienta-os acerca das dificuldades da adolescência e seus conflitos inerentes a essa
etapa do desenvolvimento, fornecendo subsídios teórico-práticos para que eles multipliquem o
conhecimento, e intervenham junto ao jovem, reduzindo a tensão existente no momento das
escolhas e auxiliando-os nesse momento da vida.
185
Se a perspectiva educacional é formar cidadãos autônomos e solidários, o Serviço de
Orientação Profissional (SOP), ao atender dimensão cognitiva e afetiva, contribui à busca de
sentidos que remete à necessidade de realização, pois intervém nas necessidades de estimulação,
de motivação e de valorização humana.
Ao possibilitar o despertar da potencialidade criativa na base de Guatarri (1996) e o
acesso aos valores do paradigma estético, potencializa-se a percepção do novo, desequilibrando
conservas culturais e minimiza-se que o medo imobilize o desejo, a espontaneidade, pois se
contribui também com o processo de vir-a-ser, que é comprometido com os valores sociais: o
Bem, o Belo e o Verdadeiro.
O surgimento da sociedade do conhecimento, da era da informação — a noosfera citada
por La Torre (2005) — está exigindo mais e mais atitudes independentes, questionadoras,
posicionamentos, opiniões conscientes, comportamentos centrados, relações horizontais, diante
dos novos arranjos do mundo do trabalho.
A Orientação Profissional reformula-se, adaptando-se ao cidadão do novo milênio,
considerando como fundamental a formação da cidadania, pois em tempos de (de) integração da
percepção de si e do outro, da “crise de sentidos”, há a geração Zapping pesquisada por Levenfus
(2002), sendo-lhe impossível conceber o mundo sem um computador.
Conectada ao mundo globalizado, essa geração possui uma vasta informação de fatos,
locais, culturas e comportamentos diversos, mostrando-se independentes em posturas e forma de
pensar; mas por outro, dependentes em suas relações afetivas, pois deslocam os seus afetos aos
instrumentos da mídia: vídeos-game, chats de relacionamentos, Orkut, Messenger, MP3, MP4,
Ipods, celulares e outros.
Contudo, ficaram aprisionados e dependentes desses mesmos instrumentos para se
relacionarem, se “conectarem ao mundo real”, e por meio do desafeto inerente às máquinas nunca
a mídia explorou tão brilhantemente as relações humanas como agora. Todavia, a exclusão aos de
pouco acessos ao mundo globalizado, como o caso de muitos jovens ainda hoje ao redor do
mundo, fez que o adolescente se rendesse ao medo, imobilizando-se ou calando-se diante das
frustrações, diante do tempo do “novo”, das transformações rápidas, tornando-se adulto mais
rapidamente.
O tempo de busca contínua do novo é incompleto, porque nele não há vínculos, o tempo
de perda da nitidez, da clareza necessária para a organização dos vínculos, das pessoas e dos
186
povos sem fronteiras. O adolescente atual infantilizou-se em seus comportamentos e, diferentes
de outras gerações, prolonga a independência para além dos trinta anos, ficando mais tempo na
dependência dos pais.
A partir dessas informações, pode-se compreender a subjetivação dos adolescentes
criados nesse ambiente de sentimentos de insegurança, gerado pela constante percepção da
instabilidade do mundo do trabalho dos pais, acrescentado pelas manifestações desse
desassossego expressado no dia-a-dia e, ainda vivenciando a crise de adolescência inerente às
suas idades, em meio à crise planetária e toda complexidade dela decorrente, encontrar-se-á um
desencantamento de mundo, angústias, ansiedades, conflitos, descentramentos, o perfil do jovem
atual.
Para Hall o sujeito hoje está desprovido de identidade fixa, permanente e há
descentramento da noção de sujeito, pois não mais definido pelas fronteiras e suas origens
históricas e culturais, mas localizado em mundo social, cultural e virtual de contornos
desfigurados pela política da global e com um mercado incentivando o culto ao consumo
padronizado, compreende-se como resultado que aos menos providos socioeconomicamente
resta-lhes, por não terem acesso à mídia globalizada, a banalização e consequente exclusão.
A globalização tem promovido um fenômeno jamais visto em outro momento histórico,
com o acesso do jovem a outras culturas sem sair de casa, utilizando-se da Internet, produzindo o
que Rolnik (2000) denomina de “kits” de perfis padrão, significando personalidades
padronizadas, de acordo com cada órbita do mercado, independente do contexto geográfico,
nacional, cultural e local. Está acontecendo massificação cultural que ocorre padronizando,
homogeneizando e robotizando, também roubando a poesia, a arte, a estética e distanciando o
sujeito da essência humana criadora.
Há um mercado global apresentado como capaz de homogeneizar o planeta, (des)
norteado pelas políticas internacionais, desvalorizando as culturas locais e, os padrões de
consumo são produzidos por uma mídia que atende aos desejos financeiros do mercado
dominante, que estimula o culto desenfreado ao consumo, como se um mundo mais belo e
estético fosse a padronização, a massificação das identidades ditada pela mídia, e não as relações
humanas horizontais, isto é, transparentes e sinceras.
Os adolescentes estudantes do Ensino Médio estão preocupados com o futuro diante das
incertezas, das crises. Eles possuem senso de responsabilidade, mas estão incertos quanto às suas
187
escolhas, necessitam de apoio e orientação para realizá-las, como também estão inseguros,
descontentes, dependentes e com medo do exercício profissional, devido à oscilação do mercado
global e da lucrablidade, privilegiando setores muitas vezes distantes da realidade de muitos; em
que ora se oferta trabalho em um setor industrial, ora em outro; em que a estabilidade no emprego
tornou-se inexistente ou ínfimamente existente.
Há desinformação do jovem quanto às profissões existentes no mercado de trabalho, dos
cursos universitários, da rentabilidade das profissões ou das aptidões para exercê-las, e a
desinformação reforça as dúvidas frente à escolha de profissão, gerando sentimentos de incerteza,
insegurança, potencializando a passividade e a aparente inércia inerentes das transformações
biológicas e psicológicas da fase adolescente. Por outro lado, eles deixam para escolher suas
profissões no término do Ensino Médio e, por vezes, mostram descompromisso com o futuro.
Quanto à escola, identificou-se que há desinformação sobre a importância de orientação
do jovem tanto ao favorecimento de sua formação integral como ao sucesso profissional, não há
intervenções que atendam à perplexidade do “ser adolescente”, auxiliando-o na necessidade de
reconhecer-se no processo de vir-a-ser, nas dúvidas quanto à escolha da profissão, quanto às
profissões existentes no mercado, contudo e, principalmente, se sua escolha causará satisfação
pessoal e profissional.
Saindo do universo escolar e se deparando-se com o do trabalho flexível, o jovem frustra-
se com a oscilação do mercado, com os reveses da máquina, da biotecnologia, que retira a mão-
de-obra e a substitui por robôs de “ponta”, gerando mais instabilidade, desvalorização humana,
não existente em outro momento histórico, justamente nesses tempos chamados “inclusivos”.
O desrespeito é nítido na educação. Há educação fazendo do ato pedagógico uma
trincheira, desconsiderando às diferenças, conforme Gallo (2003). Já o termo inclusão implica em
pertencimento, em igualdade, o mesmo que equidade, justiça, todos com direitos fundamentais
que definem a dignidade humana, a desigualdade socialmente construída que se opõe ao
igualitário, pois supõe que uns valem menos que os outros.
Em meio ao caos, Lucchiari (1993) comenta sobre a carência de informação a respeito das
profissões e a obrigação das universidades brasileiras em supri-las, por meio de um Serviço de
Orientação Profissional voltado à comunidade, pois na Educação brasileira não há eixos
educacionais direcionados a atender as dúvidas e desorientação dos jovens no momento de suas
escolhas profissionais.
188
Somente nessa década do século XXI, devido ao crescente número de vagas ociosas nas
universidades públicas e privadas, o MEC está sinalizando ao Conselho dos Reitores das
Universidades Brasileiras (CRUB) um olhar cuidadoso, e visibilizando a necessidade de orientar
o jovem para que se realizem escolhas profissionais mais condizentes com as expectativas e
sonhos, pois o descaso para com a Orientação Profissional durante décadas está comprometendo,
o quadro de vagas das universidades, onerando os gastos públicos e a formação humana mais
espontânea e ética.
Todavia, revitalizar a Orientação Profissional, e por meio dela resgatar e intervir na
formação humana contribui-se tanto para escolhas profissionais bem-sucedidas, como também
para diminuir os gastos públicos. A mídia, as telecomunicações, os conselhos, as associações, os
sindicatos e outras entidades representativas e autoridades educacionais e da sociedade são bem-
vindos enquanto parceiros nesse processo.
E, o Serviço de Orientação Profissional (SOP), tratando-se de uma formação de
professores na temática de Orientação Profissional, oferecendo conhecimento, apoio, intervenção
precisa nas desinformações dos professores, para que eles mediem a questão junto aos seus
alunos.
Conforme se adentra ao caos percebe-se a adolescência imbricada nas diferenças sociais e
mais uma vez na história, excluem-se os de não ou restrito acesso à mídia globalizante, tornando
ainda menos estéticos os novos horizontes. O paradigma estético e o resgate da espontaneidade
são coniventes à idéia de “lançar luzes” ao desencantamento de mundo, para que haja relações
humanas autênticas e o complexo espontaneidade-criatividade sejam vistos como potencial
próprio da condição humana.
No entanto, ser espontâneo, não significa ser impulsivo nas ações, ao contrário disso
significa a resposta adequada a uma nova situação ou a nova resposta a uma situação antiga,
como teoriza Bustos (2005). O Psicodrama, com os seus Jogos Dramáticos, cumpre esse papel e
atende a dimensão afetiva, que é a necessidade humana de vínculos, de filiação, de aceitação e de
investimento, como atende também no novo milênio a Educação comprometida com a cidadania.
Um eixo educacional voltado para a Orientação Profissional contribuirá para melhores
escolhas profissionais significando acreditar que todo ser humano é capaz de auto-regulação e de
superação, mas às vezes necessita de apoio em suas dúvidas e realizações.
189
Intervir na realidade de sujeitos subjetivados em realidades histórico-culturais fadadas à
“submissão” e à “subserviência” social, auxiliando no resgate da espontaneidade do jovem
adolescente, imbrica na crença da Revolução criadora de Moreno (1993), nos reveses causados
pela máquina, pela conserva cultural, e no universo ciber.
No terceiro Capítulo, foi articulada a práxis da Orientação Profissional, com a descrição
dos Encontros psicopedagógicos na temática, oferecido aos professores do Ensino Médio local e,
embasados na Tese de Livre Docência de autoria do Prof. Dr. Valério José Arantes intitulada
Psicodrama e Orientação Profissional.
Evidenciando as escolas pesquisadas, a opinião dos professores a respeito da formação
recebida, demonstrada nas avaliações quanto ao mini-curso, com resultados promissores e de
expectativa de continuidade desse trabalho para a comunidade, contendo fotos dos mesmos e os
depoimentos analisados e interpretados. Evidenciando o sucesso da implantação do Serviço de
Orientação Profissional (SOP) que será legitimada por meio de um Projeto de Extensão da
Universidade do Estado de Mato Grosso, atendendo à solicitação dos gestores, coordenadores das
escolas públicas e privadas, professores e alunos.
A Metodologia de Pesquisa apresentou como objetivo a realização do Serviço de
Orientação Profissional (SOP) na Universidade do Estado de Mato Grosso, contou com gestores,
coordenadores professores e alunos, colaborando com a minimização da desinformação da
Orientação Profissional, no âmbito educacional, das escolhas errôneas, das insatisfações pessoais
e profissionais e da evasão dos cursos universitários.
Como também, ao promover o conhecimento aos professores nessa área do
conhecimento, potencializa-se a oportunidade de realização pessoal e profissional de jovens de
acesso ínfimo à mídia globalizada, de realidade de mínimas possibilidades de escolha
profissional, sendo a Universidade o melhor meio, em um local regido pelo turismo e a
agropecuária.
A pesquisa utilizou-se da teoria de Moreno em perspectiva psicopedagógica. Apesar da
precária publicação a respeito do Psicodrama na área educacional pode-se observar que a técnica
criada por Moreno, e estendida à Educação, tem sido difundida e aplicada no Brasil em diversas
áreas: educação, desenvolvimento de recursos humanos, orientação profissional, de grupos
variados que tenham interesse em trabalhar com Jogos Dramáticos, visando à melhoria dos
relacionamentos interpessoais.
190
O vestibulando de hoje, busca vaga bem concorrida, se arma nos cursos pré-vestibulares,
aulas particulares, psicólogos, pois é grande a pressão para ingressar em uma Universidade
Pública, porém além da crise de identidade, o jovem frusta-se, angústia-se também porque a
competência está associada a passar no vestibular, evidenciando a indagação e a indignação:
quem conclui o Ensino Médio não tem competência para o Ensino Superior? Como se a noção de
competência não estivesse associada à formação, à construção de aptidões sendo a sua
excelência: a escola.
É lamentável que, somente raramente, ofertem-se programas sociais, no sistema público
de saúde ou em projetos educacionais, destinados à população adolescente que esclareçam
dúvidas, orientem conflitos à adolescência, tais como as modificações do corpo, a sexualidade, o
amor, os desafios e a escolha profissional.
Focar a questão das teorias das identidades, principalmente relativizada à globalização no
que se refere aos padrões de comportamento, é tarefa complexa. E, do ponto de vista sociológico,
as identidades locais estão diluindo-se em função das identidades globais divulgadas pela mídia,
que reforçam a noção de sujeito descentrado ou deslocado:
Foi verificado por meio das categorizações de dados de Bardin, coletados nas Entrevistas
aos Gestores da Universidade do Estado de Mato Grosso e aos Coordenadores das Escolas
Públicas e Privadas local, e nos Questionários dirigidos aos Professores e Alunos, que as
informações referentes à Orientação Profissional são quase que inexistentes nas escolas do
Ensino Médio do município de Cáceres-MT e, a Universidade necessita com urgência desse
Serviço, pois há aumento significativo de gastos Públicos ocasionados pelas vagas ociosas,
geradas pela evasão de alunos.
A não potencialização da Orientação Profissional seja com programas sociais, ou no
sistema público de saúde, com projetos educacionais destinados à população adolescente
esclarecendo dúvidas, orientando e intervindo nos conflitos comuns a essa etapa do
desenvolvimento, perpetuaram os fracassos nas escolhas profissionais de jovens, a desistência ou
permuta de cursos universitários, os transtornos e as vagas ociosas, onerando ainda mais o
orçamentário da administração pública.
Tais (des)informações, reforçam a dúvida e não a regridem, incentivam a crise da
adolescência, no que se refere ao sentimento de incerteza, insegurança, passividade, alienação. O
desafio dos profissionais sejam eles psicoteraputas, ou orientadores de adolescentes é
191
compreender a riqueza dessa geração, sem perder de vista que nem todo comportamento estranho
é normal somente porque se esta na adolescência conforme Levenfus (2002).
Também foi identificada junto aos jovens do Ensino Médio, uma formação moral
constituída de valores como solidariedade, responsabilidade quanto as suas tarefas, contrapondo-
se a desorientação e a insatisfação com a realidade de escassa opção de mercado de trabalho,
baseado na agricultura, pecuária, e ecoturismo, inibindo as expectativas e sonhos da maioria da
população local.
Já nas análises e interpretações dos dados junto aos professores do mini-curso: Orientação
Profissional pode-se compreender por meio da aplicação dos Testes Sociométricos, no primeiro e
décimo primeiro dias do mini-curso de Orientação Profissional, uma primeira configuração
denominada de Cadeia, indicando conforme Moreno uma estrutura de um grupo de pessoas que
se percebem atraídos mutuamente, uma corrente ininterrupta de transferências afetivas e
geralmente os comportamentos assemelham-se.
Com a configuração de Círculo nas relações grupais compreende-se que os integrantes
relacionam-se, identificando-se uns aos outros e que a estrutura grupal constituí-se um grupo
sólido. Denotando também amadurecimento nas relações sociais desse grupo, pois evoluíram da
relação estrutural em Cadeia para o Círculo.
A maturidade em adultos saudáveis aparece nas expressões espontâneas, nas relações
sociais tranqüilas e maduras, indicando autoconhecimento e conhecimento do outro, pois
observa-se que os integrantes desenvolveram relações horizontais, passaram a interagir de forma
mais autêntica, alegre, espontânea, e mostraram-se capazes de desarmar conservas culturais
desnecessárias, agiram com serenidade, viabilizando efetivamente, um repensar de posturas,
reconstrução de papéis, uma abertura ao novo, apoiando a realização pessoal e profissional dos
professores participantes.
Entretanto, vale ressaltar que a crença no Serviço de Orientação Profissional (SOP) para o
Estado de Mato Grosso, utilizando-se da formação teórica e prática aos professores,
multiplicadores do conhecimento, e atuando nas diversas possibilidades de auxilio à Educação,
não significa solucionar todos os outros conflitos apresentados, mas ao despotencializá-los
contribui-se à formação de melhores cidadãos cósmicos desse e dos próximos milênios.
Contudo, a pesquisa acrescentou cunho teórico e legitimação acadêmica para a
implantação do curso de formação na temática, possibilitou auxiliar os participantes na
192
compreensão das questões imbricadas nas escolhas profissionais, como também minimizar a
desinformação, pois assim colabora-se para escolhas mais assertivas, para a satisfação pessoal e
profissional, atendendo-se tanto a questão das evasões nos cursos universitários, como suprindo o
descaso e a distancia entre a Orientação Profissional e a Educação.
Com um Serviço de Orientação Profissional, atende-se também à demanda de
profissionais espontâneos e criativos das organizações flexíveis e globalizadas na medida em que
colabora-se com o jovem nas questões cognitivas envolvidas na assimilação e seleção crítica das
tantas informações, como também nas afetivas ao possibilitar calma, contexto relaxado,
espontaneidade diante da confusão gerada pelo mundo hiperveloz da sociedade globalizada,
enfocando os projetos de carreira, sem perder de vista a crise adolescente, sua família e todo o
contexto socioeconômico-cultural.
193
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213
ANEXOS
214
ANEXO 1
PROJETO PILOTO
GRACIELA CONSTANTINO
A RELEVÂNCIA DA REALIZAÇÃO
DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
FOCADO NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS
CAMPINAS
2006
215
GRACIELA CONSTANTINO
A RELEVÂNCIA DA REALIZAÇÃO
DO SERVIÇO DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
FOCADO NAS ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS
Projeto de Pesquisa Piloto para investigar a Orientação
Profissional nas Escolas Públicas e Privadas da Região
Metropolitana de Campinas, SP, apresentada como exigência
parcial para a confecção da Tese de Doutorado.
CAMPINAS – SP
2006
216
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
1.1 Grande Área de Conhecimento
Educação
1.2 Linha de Pesquisa
Laboratório de Psicologia Genética
1.4 Campo de Observação da Pesquisa
Local: Escolas Públicas e Privadas da Região Metropolitana de Campinas, SP
1.6 Objeto de Estudo da Pesquisa
Adolescentes Estudantes do Ensino Médio de Escolas Públicas e Privadas.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... p.218
REFERENCIAL TEÓRICO..................................................................................................... p.219
3. Problema...................................................................................................................p.223
4 Justificativa ...............................................................................................................p.223
5 Objetivo Geral ...........................................................................................................p.223
6 Hipótese ...................................................................................................................p.224
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................................p.224
4.1 Categorias de Análises e Interpretação dos Dados..................................................p.225
4.1.1 Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores ............................ p.225
4.1.2 Categoria B: Intervenções das Escolas ................................................ p.229
4.1.3 Categoria C: Formação da Identidade......................................................p.232
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................................p.234
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................... p.236
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INTRODUÇÃO
A orientação profissional trabalha com o jovem normal que passa por desequilíbrios
próprios o seu momento de vida e como tal, é fazer psicoprofilaxia (Gisela M. P.
Castanho).
Para começar, esta investigação foi desenvolvida de uma pesquisa em ação8 junto aos
alunos de Pedagogia do Programa Especial de Formação de Professores em Exercício (Pefopex),
da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), por serem
professores da rede metropolitana da cidade de Campinas, para a obtenção de dados preliminares
acerca do tratamento da Orientação Profissional nas Escolas Públicas e Privadas.
Tais dados possibilitaram balizar a Tese de Doutoramento que visou à implantação de
Serviço de Orientação Profissional com suporte teórico da Teoria do Psicodrama, por meio do
mini-curso teórico-prático intitulado Orientação Profissional, realizado no Campus Universitário
Regional “Jane Vanini” da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), visibilizando
atender a Secretária de Educação do Estado de Mato Grosso (SEDUC).
Enquanto participante do Programa de Estágio Docente (PED-FE-UNICAMP), foi
possível observar nos diálogos estabelecidos junto aos professores/alunos à época do PEFOPEX,
que lecionavam na rede pública e privada do Ensino Médio, a expectativa de que seus
alunos/adolescentes tenham acesso a maiores informações e intervenções na temática Orientação
profissional.
Assim, utilizou-se de pesquisa bibliográfica compondo referencial teórico embasado na
Orientação Profissional dirigida ao adolescente, o mundo do trabalho toyotista, articulada à
Teoria do Psicodrama e às questões paradigmáticas atuais: Identidade, Diferença e Exclusão
8 Para a pesquisadora Hilda Taba, a pesquisa em ação dá ênfase ao envolvimento de professores em problemas importantes de sua própria sala de aula e tem como primeira meta o treinamento in service e o desenvolvimento do professor, antes da aquisição de conhecimento geral na ciência da Educação. Pode ser encampada pelos pesquisadores educacionais porque proporciona base segura para a solução de problemas imediatos, sendo o pesquisador em ação participante da situação e passível de mudar o seu procedimento enquanto o projeto está em progresso.
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imbricadas no âmbito educacional, possibilitando nortear os primeiros passos em direção a
pesquisa de tese.
Finalmente, os dados obtidos por meio das Entrevistas dirigidas aos alunos da Faculdade
de Educação-Pedagogia (Pefopex) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP),
identificaram parca existência ou inexistência do Serviço de Orientação Profissional nas escolas
públicas e privadas.
Tais dados foram codificados por meio das Análises Categoriais e balizam-se segundo
Bardin (1997) na ausência ou a frequência dos itens de sentido, de significados, para os objetivos
dessa pesquisa e compactuam com outros obtidos por meio de pesquisa bibliográfica, e que nessa
pesquisa em ação trata-se de Projeto Piloto.
REFERENCIAL TEÓRICO
Atualmente a Orientação Profissional remodela-se para atender a esse novo mercado de
multiprofissões e crescentes dúvidas nas escolhas profissionais possibilitando melhor contribuir
para a formação de jovens mais espontâneos. É questão importante para a escolha de uma
profissão e há inquietação quanto à formação do cidadão do futuro, não mais desconectado do
mundo do trabalho, como vinha ocorrendo há várias décadas.
Assim pensa-se a Orientação Profissional como eixo educativo, em que se aplicada desde
a formação infantil promoverá escolhas profissionais mais bem adaptadas à cultura do
adolescente.
Em face da realidade de todos os contextos multidimensionais de formação de
competências sejam elas individuais ou profissionais: o escolar e o clínico, o organizacional, a
Orientação Profissional, cumpre com as tarefas de “orientar” e “ajudar” pessoas em suas
escolhas profissionais, a tomarem decisões relativas às carreiras, cursos, ocupações geradores do
auto-sustento, realização pessoal e a assumirem tarefas na vida adulta dotados de identidade
profissional competente.
A nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos tradicionais e
o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tornando utópico articulá-lo à Orientação
Profissional, se não dimensioná-lo às multiplicidades de referências teóricas, concebendo como
salutar a conectividade triádica: Trabalho-Educação-Saúde.
220
Foram as transformações no modelo organizacional geradas pela revolução tecnológica e
conseqüentes adaptações ao mundo da microeletrônica que causaram as mudanças estruturais no
modelo organizacional.
O modo atual de produção, gerenciamento e relações humanas, é distante do modelo
formal, linear e vertical do fordismo, hoje em tempos de globalização, a centralização se opõe à
descentralização, à alta hierarquização inerente às organizações burocráticas, à horizontalização
das estruturas organizacionais, à organização das tarefas por especialidade à organização flexível
e multifuncional; e uma estrutura totalmente voltada para o produto, agora orientada para o
mercado-cliente.
Diante do novo modelo de mercado, adaptações e inovações são constantes. A Psicologia
também, que hoje administra os conhecimentos da Orientação Profissional, legitimando um
modelo elitista de atingir a sociedade revê formas mais condizentes de atuar e atingir o jovem
diante das transformações globais e do aumento do número de profissões no mercado.
Para Moreno (1993), o ser humano tem o compromisso de ser co-criador do universo,
transformando-o, reinventando-o, porém não comprometendo a saúde humana, como está sendo
feito por ausência de autoconhecimento, escolhas assertivas, relações horizontais, transparentes e
autenticas, de espontaneidade, de valorização da vida que remete à necessidade de realização
pessoal e profissional.
Promover condições ao jovem de realizar escolhas profissionais assertivas significa crer
que todo ser humano é capaz de auto-regulação e de superar-se, mas que às vezes necessita de
apoio em suas dúvidas e realizações.
O Psicodrama, ao resgatar nas relações humanas a horizontalidade, ou seja, as relações
transparentes e sinceras impedem a hierarquização da dominação, da opressão, e suas técnicas e
jogos dramáticos permitem rebaixar a ansiedade, o clima de tensão, proporcionando campo
relaxado, contexto mais tranqüilo e alegre aos trabalhadores, colaborando para o bem-estar e
diretamente ao mundo do trabalho atual já que o mercado toyotista requer profissional flexível,
significando polivalente, centrado e espontâneo.
A abordagem psicodramática aplicada à psicopedagogia, por meio dos jogos dramáticos,
desenvolve a espontaneidade necessária ao adolescente, para que se realizem escolhas mais
assertivas, pois os encontros grupais em contextos relaxados possibilitam relações horizontais
autênticas, requisitos solicitados e valorizados na nova organização do trabalho flexível.
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Os trabalhadores espontâneos-criativos são socializados, solidários, e uma vez que isso
ocorre, essas funções também promovem bens sociais na medida em que no campo empresarial
permite-se acesso a trabalhos sociais; e no âmbito educacional conquistem espaços para trabalhos
de Orientação profissional de orientação psicodramática.
No âmbito da saúde humana, o trabalho com tarefas repetitivas, sem criatividade, faz do
trabalhador o acompanhante da máquina, como solicitavam as organizações do passado,
comprometendo a saúde do trabalhador, pois para Motta (2005) saúde é resistir à fadiga e quem
melhor resiste é espontâneo. Nessa (des) ordem, como não ser conivente à idéia de Moreno de
auxiliar o próximo a ser espontâneo, intervindo por meio dos jogos dramático na “trama” do
adolescente dessa “era da incerteza”.
Moreno foi um dos iniciadores do trabalho de grupo, associando-o ao teatro por meio do
Psicodrama e do Sociodrama. O seu trabalho praticamente iniciou-se num teatro sem atores, sem
texto, sem peça, com tema livre, denominado “o romance do rei”, que trabalhou com mil
espectadores.
Por meio da ação terapêutica de representação, o criador do Psicodrama ocupou-se da
formação de psiquiatras, psicólogos, professores, pedagogos, tornando-os especialistas em
relações humanas. Introduziu terminologia própria em dinâmica de grupo, como psicodrama,
sociodrama, sociometria, desempenho de papéis, tele, átomo social, espelho, ego-auxiliar,
inversão de papéis, etc.
Diante dessa perspectiva, será que no mundo do trabalho oscilante de hoje “há algo de
novo sob o sol? (VEIGA-NETO, 1995, p.09), um questionamento complexo, no qual o
Psicodrama, contribui para uma saída, ao resgatar por meio de técnicas e jogos dramáticos a
espontaneidade fundamental para o sucesso do trabalhador e das organizações flexíveis.
As pessoas que a desenvolvem atendem à horizontalidade do mercado toyotista ao
mesmo tempo em que propiciam mais lucros às empresas que, por sua vez, sabe-se que as mais
criativas atingem melhor o mercado e tem lucrabilidade garantida.
Os adolescentes, na busca de identidade nova, esforçam-se para se definirem e redefinem
a si mesmos e uns aos outros. Na comparação dos valores, hábitos, costumes e identificações,
eles se autodefinem, em meio a “sentimento de confusão dos papéis: o jovem, em vez de
sintetizar, contraponteia as suas alternativas sexuais, étnicas, ocupacionais e tipológicas, e é
frequentemente impelido a decidir neste ponto a sociedade tem a função de orientar e limitar as
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opções individuais A globalização tem promovido fenômeno jamais visto em outro momento
histórico, com o acesso do jovem a outras culturas sem sair de casa, produz “kits” de perfil
padrão, personalidades padronizadas de acordo com cada órbita do mercado, independente do
contexto geográfico, nacional, cultural e local.
Esses padrões de modo global são produzidos pela mídia que atende aos desejos
financeiros do mercado dominante, eliminando os padrões socioculturais locais, destruindo raízes
e massificando as identidades.
A massificação ocorre padronizando, homogeneizando e robotizando, também roubando a
poesia, a arte, a estética, distanciando o sujeito da essência humana criadora. Diante deste
panorama, segundo Santos (2006), há mercado global apresentado como capaz de homogeneizar
o planeta, (des) norteado pelas políticas internacionais, mas que está aprofundando as diferenças
locais.
A Educação também pode contribuir no resgate da espontaneidade-criatividade, com
práticas pedagógicas em que se aproxime a cultura escolar à cultura do aluno, promova posturas
inclusivas, respeite as diferenças, fazendo do ato pedagógico a “educação menor” (GALLO,
2003, p.78), incluindo como eixo temático a Orientação Profissional desde as séries iniciais.
As intervenções dos Serviços de Orientação Profissional implantados nas Universidades
Brasileiras voltadas ao atendimento da comunidade local e regional colaborarão com a Educação
na medida em que, por meio de suas ações, contribuírem para o paradigma estético definido
como “uma tensão por apressar a potencialidade criativa que se encontra na raiz da finitude
sensível” (GUATTARI, 1996, p. 129).
Nesse sentido, o tema abordado é atual e pouco explorado, mas relevante, contribuindo
para o debate educacional atual e para as solicitações do MEC, das escolas e dos adolescentes,
das escolhas profissionais indevidas que acarretam em evasões universitárias.
Como também, apresenta-se o procedimento metodológico das Entrevistas dirigidas aos
professores para as primeiras coletas de dados da temática Orientação Profissional sendo
categorizadas segundo Bardin (1977).
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3.1. Problema
Há ausência ou parcas informações e intervenções por parte das escolas públicas e
privadas do Ensino Médio, da região metropolitana de Campinas, SP, na temática Orientação
profissional. Os professores do Ensino Médio não lidam com a perplexidade dos adolescentes na
escolha da profissão?
3.2. Justificativa
O Serviço de Orientação Profissional investiga e intervém junto aos alunos adolescentes
das escolas públicas e privadas quanto às dúvidas e especulações existentes. O empenho das
escolas e dos Profissionais da Educação em respondê-los diante da dúvida nas escolhas
profissionais, pois teoricamente essas escolhas determinam a satisfação pessoal, requisito para a
competência profissional, para a colocação de profissionais espontâneos e criativos no mercado,
colaborando com o bem-estar social.
O jovem atual encontra-se desorientado quanto à escolha da profissão, diante da
diversidade de novas profissões no mercado. A Orientação Profissional focada na perspectiva do
Psicodrama é apoio para resolver a dúvida na escolha da profissão, pois possibilita resgatar a
espontaneidade necessária para que se realizem escolhas mais assertivas.
O modelo da nova organização flexível do trabalho coloca em questão os pressupostos
tradicionais e o conteúdo qualitativo passa a ser valorizado, tanto aos meios de produção como às
relações humanas.
Por outro lado, a adolescência é período do desenvolvimento de intensas dúvidas
existenciais, transformações físicas e psicológicas, de perplexidade diante do (de) encantamento
de mundo e (de) orientação da vida adulta, diante de um mundo de mudanças estruturais no
mercado de trabalho do modelo fordista para o toyotista que requer, além da eficiência,
profissional polivalente, flexível e espontâneo. As políticas públicas educacionais, porém, não
oferecem eixos temáticos na temática Orientação Profissional.
3.3. Objetivo geral
Identificar a necessidade de Serviço de Orientação Profissional local e regional.
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3.4. Hipótese
Não há eixos temáticos direcionados à Orientação Profissional e os professores do Ensino
Médio não estão atendendo à demanda da (de) orientação dos jovens adolescentes no momento
da escolha da profissão.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Foi adotado como procedimento básico a investigação por meio de observações, pesquisas
bibliográficas e entrevista na temática Orientação Profissional, no sentido de como está sendo
trabalhado pelos professores nas escolas públicas e privadas a perplexidade dos adolescentes
diante da escolha profissional.
Esse questionamento foi indagado por meio de Entrevista em amostragem de Professores
do Ensino Médio de Escolas Públicas Municipais, Estaduais e Privadas da região metropolitana
de Campinas, SP, especificamente dos municípios de Americana, Hortolândia, Jundiaí, Limeira,
Louveira, Nova Odessa, Paulínia, Salto, Sumaré, Valinhos, Vinhedo.
Para codificar as manifestações da perplexidade da adolescência e da necessidade de
escolha da profissão nestes tempos de mercado oscilante, foram feitas descrição de dados e
análise de conteúdo das Entrevistas, sendo tais análises compostas de “um conjunto de técnicas
de analise das comunicações” (BARDIN, 1977, p. 31).
Parafraseando esse autor, a “exploração do material” ou técnicas de investigação foi
realizada em algumas etapas, reafirmando a importância imputada ao investigador. Dessa forma,
preparou-se entrevista aberta com uma questão direcionada para as diversas perplexidades
presentes no momento da escolha profissional do jovem atual.
A análise categorial leva em consideração “a totalidade de um texto, passando pelo crivo
da classificação e do recenseamento, segundo a freqüência de presença ou ausência de itens do
sentido” (IDEM, 1977, p. 37).
Nesse sentido, as análises de conteúdos configuram-se como conjunto de técnicas de
análises das comunicações, das informações obtidas nas Entrevistas realizadas pelos professores,
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em que foram feitas nas Categorias de maiores frequências das respostas. Nesse sentido foram
identificadas:
1. Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores
2. Categoria B: Intervenções das Escolas
C. Categoria C: Formação da Identidade
A coleta de dados desta pesquisa em ação teve início após conversa prévia com
professores da região de Campinas, formandos do curso PEFOPEX da UNICAMP e a
constatação da parca orientação concedida ao jovem hoje nas escolas públicas diante da
diversidade de escolhas profissionais e da dúvida quanto a elas.
Assim, esses professores/estudantes foram orientados a realizar entrevista aberta com
poucas inferências externas, em local onde os entrevistados pudessem falar sem
constrangimentos as suas idéias.
4.1. Categorias de Análises e Interpretação dos Dados
4.1.1. Categoria A: Percepção e Iniciativa dos Professores
De forma específica, atendendo à Categoria de Análise referente à Percepção e Iniciativa dos
Professores quanto à necessidade do jovem brasileiro, de orientação em suas escolhas
profissionais. Verificou-se nestes depoimentos pouca intervenção e desinformação do momento
babélico das escolhas profissionais:
Acredito que se a escola fosse dando respaldo desde as séries iniciais os alunos chegariam ao menos mais orientados sobre as profissões, sem as ilusões de que determinada profissão se ganha muito e determinada se ganha pouco (Professor A leciona a disciplina de Língua Portuguesa, do Colégio João Néri, na cidade de Campinas, SP). Normalmente os alunos chegam ao Ensino Médio sem nenhuma orientação sobre Profissões, Cursos, Universidades e Vestibulares. Nós, professores, e falo nós porque combinamos isso até no planejamento, na medida do possível, tentamos orientá-los sobre o funcionamento das instituições superiores e a importância desta para a vida
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profissional deles (Professor B leciona a disciplina de História em Escolas Estaduais e Municipais do Ensino Fundamental e Médio, no município de Hortolândia, SP).
Em outros depoimentos identificou-se a preocupação dos professores em informar as
profissões existentes, mas não contam com instrumentos e capacitação para lidarem com as
perplexidades:
A palavra perplexidade é bem adequada, pois é fato que os jovens não sabem qual profissão seguir. Eles se orientam pela profissão da moda e reconhecidas socialmente. Não há no decurso do Ensino Médio e Fundamental, um Serviço de Orientação profissional que ajude esses jovens na escolha profissional (Professor C leciona na escola Futura e Colégio Bento Quirino, da cidade de Campinas, SP). Lidar com adolescentes sempre há controvérsias, mas a nossa função como educadora é exemplificar quanto à escolha da profissão e esclarecer certas dúvidas que eles possuem (Professor D é professor e coordenador de Unidade de Ensino Pública Fundamental e Médio da região metropolitana de Campinas, SP).
Encontrou-se, porém, em apenas um depoimento a Percepção e Iniciativa dos Professores
de que a perplexidade pode fazer parte do processo de desenvolvimento para que se obtenha
sucesso nas escolhas profissionais:
Em minha opinião a perplexidade é um momento importante na vida do estudante e somente aquele que procura escolher uma profissão que faça sentir-se realizado no futuro é que terá maiores oportunidades de alcançar o sucesso profissional (Professor E é professor da Rede Estadual de Ensino do município de Sumaré, SP).
Há ainda evidência de apoio e de iniciativa dos professores diante deste momento de
dúvidas e expectativas quanto à escolha profissional:
O que nós professores do ensino médio, procuramos fazer é esclarecer na medida do possível as dúvidas que chegam e incentivá-los a conhecer e conversar com profissionais das áreas que tem interesse (Professor F, leciona na Escola Estadual do município de Vinhedo, SP).
Outros dados constatam a presença da iniciativa dos professores para informar as
profissões existentes, mas se deparam com o descaso sóciopolítico e a ausência de intervenção
sociopolítica de Orientação Profissional nas Escolas do Ensino Médio Público atual:
Os professores do Ensino Médio procuram orientá-los da melhor forma possível, indicando cursos técnicos e cursos extras, principalmente informática. A realidade de nossos alunos é dura e eles não vêem perspectivas, sendo necessário a nós professores, apontarmos possíveis caminhos (Professor G, professor da Disciplina de Geografia da Escola Estadual Professor Carlos Nogueira, da cidade de Campinas, SP).
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Há depoimentos de professores dispostos auxiliar o adolescente nesse momento de dúvida
na escolha profissional, demonstrando seus empenhos e iniciativas, atendendo à Categoria de
Análise:
Para mim, enquanto professor, compartilhar deste momento de indecisão, escolha, é um ensejo que poucas vezes acontece, portanto, é preciso agir com sabedoria para não exercer influencia sobre a hesitação da carreira profissional almejada, e confundir ainda mais o educando. Para concluir, é preciso dizer que o momento de indecisão é um dos momentos de aproximação entre professor e aluno (Professor H, docente da Rede Estadual do Município de Sumaré, SP). Eles pensam em fazer uma série de coisas, de fazer faculdade, vão se informando pesquisando. Tem vinte por cento que corre atrás. Eu trago reportagens, converso, dou site do MEC, às vezes vem o pessoal da faculdade aqui, eles se interessam, fazem perguntas para os professores e daí mexe um pouquinho no ego deles. Eles querem ter um curso universitário. Ficam com motivação maior e até mais contentes (Professor I leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira, em Louveira, SP).
A perplexidade do adolescente atinge a compreensão dos professores quanto às ações ou
reações de descaso dos adolescentes com relação ao futuro, mas compreendem a ausência de
visibilidade e de oportunidade na grande maioria dos jovens menos privilegiados para realizarem
qualquer escolha, evidenciado nestes fragmentos de depoimentos:
O papel do professor é o de proporcionar aos alunos amplos debates, entrevistas, com profissionais de diversas áreas, visitas as universidades, etc. Isto com a intenção de despertar no adolescente o interesse ou a preocupação em pensar na sua futura profissão. Muitos deles não têm uma perspectiva e visualizam como única alternativa a Escola Técnica, com vistas a um emprego mais próximo. E, mesmo esta escolha não é feita pela aptidão e sim visando campo de trabalho (Professor J leciona na Escola Estadual Pedro Moraes Cavalcante, do município de Piracicaba, SP). Cabe também aos professores orientar quanto aos estudos para o próprio vestibular, aconselhar e também incentivar, trabalhando com a auto-estima dos mesmos. Dentre as palavras de conselho estão a disciplina, a confiança, a persistência, o esforço, a atenção, a responsabilidade com os estudos, as provas, horários, datas, compromissos (Professor K é professor da Escola Estadual Professor Leonor Fernandes da Silva, da cidade de Salto, SP).
Em outros depoimentos, a percepção dos professores quanto à perplexidade se reporta ao
desinteresse nas escolhas, há depoimentos constatando a desinformação dos jovens desprovidos
que sequer sonham com a Universidade. Atualmente, eles pensam em oportunidades de trabalho,
em curso técnico profissionalizante, e após, se possível, em curso superior:
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Na escola pública é grande o número de estudantes que não se preocupam com a escolha profissional. O que eles querem é um emprego, casam-se cedo e não acreditam que poderão cursar a Universidade, salvo algumas exceções (Professor L leciona a disciplina de História do Colégio Politécnico “Bento Quirino”, de Campinas, SP). A questão da perplexidade do que é ser adolescente e de ter que escolher uma profissão os professores não lidam. Isso nem é comentado, pelo menos na escola em que trabalhei. Alguns alunos mais extrovertidos algumas vezes me procuram para alguma conversa informal e comentam o que querem fazer como profissão. Nessas ocasiões, sempre incentivo aos alunos lutarem por seus sonhos (Professor M leciona na rede pública de ensino de Valinhos, SP).
Ainda atendendo à Categoria de Análise, a percepção dos professores aponta para a opção
dos jovens para um curso profissionalizante e para a desesperança quanto a cursarem a
Universidade:
O curso profissionalizante é procurado pelo aluno preocupado em entrar mais rápido no mercado de trabalho. Aqueles que acreditam em sustentar seu curso universitário são poucos (Professor N, leciona na Escola Estadual Porfírio da Paz de Paulínia, SP).
Nessa categoria também buscou-se balizar as perspectivas dos jovens já trabalhadores de
empresas e analisamos que o caminho mais fácil de acesso ao mercado são os cursos
profissionalizantes:
De modo geral, os jovens de classe média baixa ”escolhem“ sua profissão a partir das oportunidades, pois já estão no mercado de trabalho. É comum observar alunos que já estão trabalhando buscarem completar o ensino médio em cursos profissionalizantes, seguindo a orientação das empresas que trabalham (Professor O, leciona em Escola Municipal e Estadual, da cidade de Campinas, SP).
Em outras respostas, porém, aparece dicotomia entre a escolha rentável ou a escolha que
atenda à satisfação pessoal e profissional, evidenciando o descontentamento e a frustração dos
jovens atuais diante do mundo do trabalho excludente e distante do atendimento da questão da
satisfação pessoal e profissional, consequentemente, distante da questão da formação de
competência e da saúde do trabalhador:
Algo que deixa os alunos numa insegurança muito grande é a dúvida em relação a fazer um curso pela realização ou pela remuneração, e também relacionadas a como pagarem o curso superior escolhido (Professor P é professor da Escola Estadual Professora Leonor Fernandes da Silva, da cidade de Salto, SP).
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Foi identificado nesta Categoria de Análise de movimento, uma tentativa de auxílio ao
jovem, mas ainda muito pouco se faz quanto à perplexidade do momento das escolhas
profissionais nos alunos do Ensino Médio da região metropolitana de Campinas, SP. Os
professores hoje se esforçam para orientar o jovem a realizar escolhas adequadas e que lhes
promovam satisfação pessoal, apresentando profissões, levando o aluno a palestras e Feira das
Profissões.
Mas, lamentavelmente, o aluno da escola pública tem escolhido uma profissão segundo as
oportunidades e almeja o curso profissionalizante. A Universidade ainda é universo distante de
sua realidade e as escolhas profissionais estão sendo guiadas pelo critério de mais rentável e não
por satisfações pessoais.
As intervenções feitas pelos professores não suprem a carência deste serviço na rede
pública e há necessidade de priorizar este assunto junto às políticas públicas brasileiras, para
orientar o aluno desde a Educação Infantil, a exemplo de países do primeiro mundo.
4.1.2. Categoria B: Intervenções da Escola
Observamos nos depoimentos das entrevistas, nesta Categoria de Análise, que o jovem da
Escola Pública pensa em oportunidade de trabalho em contradição à escolha profissional
orientada por suas habilidades construídas socioculturalmente. No entanto, percebeu-se que os
profissionais da educação conhecem a realidade da escola pública posta, não cumpridora do papel
de formação integral do sujeito como escola cidadã:
Uma realidade (a escola pública) é totalmente alienada, uma vez que os alunos do Ensino Médio ainda acreditam que terminando esta etapa de ensino vão ter quase que garantido uma oportunidade de trabalho. Isso faz com que eles não tenham tanta expectativa em relação à definição de uma escolha profissional. Para eles é meio indiferente, desde que tenham um trabalho, a profissão não faz muita diferença (Professor A leciona a disciplina de Geografia em Escolas Públicas de Ensino Fundamental, Médio e Profissionalizante dos municípios de Hortolândia e Nova Odessa, SP).
Atendendo a essa Categoria, identificou-se nos depoimentos a intervenção da Escola por
meio de comunicações que atinjam o jovem, mas também clarificou a impotência desta
instituição diante da questão:
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A Escola em parceria com instituições de ensino superior e voluntário tenta proporcionar encontros e palestras sobre o assunto. Mas isso não é suficiente, visto que a imaturidade e a falta de experiência colaboram para que essa escolha fique em segundo plano, ou seja, feita pela influência de terceiros (Professor B, Escola Estadual do município de Vinhedo, SP).
Quanto às Escolas Privadas, elas atendem melhor à questão da perplexidade dos
adolescentes no momento das escolhas profissionais por meio de contratação de psicólogos para
realizarem o trabalho de Orientação Profissional, evidenciado neste depoimento:
No dia-a-dia na sala de aula, à medida que os conteúdos são apresentados, as profissões e particularidades de trabalho são enfatizadas. O trabalho de orientação profissional é feito por profissional especializado que realiza sessões de autoconhecimento e pesquisa de área de atuação com as quais cada aluno se identifica (Professor C leciona no Ensino Médio do Colégio Rio Branco, Campinas, SP).
O Ensino Médio privado tenta suprir esta questão balizando os cursinhos pré-vestibulares,
com profissionais da Psicologia para auxiliarem os adolescentes na escolha. Esta questão fica
evidente diante do depoimento:
A preocupação com a escolha profissional aparece nos cursinhos pré-vestibulares. O ambiente destes cursinhos, já faz despertar no aluno o interesse para novas profissões. Há também os testes vocacionais feitos nestas instituições que colaboram nas escolhas (Professor D leciona na Escola Futura e no Colégio Politécnico “Bento Quirino”, Campinas, SP).
A escola, porém, territorializa a questão da Orientação Profissional articulada às
intervenções da Psicologia e não focada na formação integral do sujeito que implica eixos de
ações educativas e de políticas públicas:
Os alunos nesta época do ano ficam preocupados porque é época de vestibular, mas aqui na escola os alunos do terceiro ano do Ensino Médio têm a Psicóloga que faz orientação vocacional no primeiro semestre. Então acho que a maior preocupação deles é com o vestibular mesmo. E essa coisa de escolher acaba quase sempre sendo encaminhado para o psicólogo mesmo (Professor E leciona a disciplina de Matemática no Colégio Almeida Junior da cidade de Campinas, SP).
Encontra-se também depoimentos referindo-se à ação da escola para a escolha
profissional do jovem se presentificar a partir de projetos pedagógico, mas não a idéia de
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formação continuada orientando o aluno desde a educação infantil a desenvolver suas
aprendizagens socioculturalmente adquiridas:
Participamos da perplexidade na elaboração do Projeto Pedagógico da Unidade Escolar, em que a participação de todos os segmentos da Comunidade se faz necessário para que sejam traçadas as metas a serem alcançadas pelo educando no decorrer do período escolar, para que o aluno esteja preparado para tomar a sua própria decisão, decidindo o caminho que pretende seguir, continuando os estudos ou partindo para o campo de trabalho (Professor F leciona a Disciplina de Educação Física na Escola Estadual Ruy Rodrigues, Campinas–SP).
Há senso crítico por parte dos profissionais da educação quanto à necessidade de
intervenção da escola na questão da Orientação Profissional do aluno, desde as séries iniciais,
conforme fica evidenciado no fragmento de depoimento a seguir:
Acredito que se escola fosse dando um respaldo desde as séries iniciais os alunos chegariam ao menos mais orientado sobre as profissões, sem as ilusões de que determinada profissão se ganha pouco (Professor G é professor de Geografia da Escola Estadual “Dom João Nery”, de Campinas, SP).
Entretanto, identificou-se que a escola particular lida com a perplexidade do adolescente
diante do momento das escolhas oferecendo profissionais capacitados para o trabalho de
desenvolvimento pessoal e profissional que cumpre ao seu papel:
A escola particular mostra-se bem preocupada com o vestibular como direcionamento na escolha da profissão, que esta ligada à decisão do aluno e da família. Quando o aluno fica em dúvida, existe um pessoal técnico especializado para ajudá-lo na escolha da profissão (Professor H leciona a disciplina de Língua Portuguesa no Colégio COC, Campinas, SP).
Em outros depoimentos foi constatada a inabilidade da escola em lidar com o adolescente
nesse momento, o desencantamento do profissional de Educação:
Bom, na minha opinião, é preciso levar em conta a deterioração da educação no país, principalmente a escola pública que nos leva a triste constatação de que, o mercado de trabalho não absorverá nem cinco por cento dos alunos preparados pela escola. Resumindo, a nossa escola não ajuda o aluno na escolha da profissão só faz mais confusão nas cabeças dos adolescentes (Professor I leciona a disciplina de Matemática na Escola Estadual Jardim Mercedes, Campinas, SP).
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Os dados obtidos nos fragmentos dos depoimentos evidenciaram que as escolas públicas
não oferecem Serviço de Orientação Profissional para que o jovem possa realizar suas escolhas
profissionais de acordo com suas habilidades. As escolas privadas possuem parcamente esse
serviço sendo feito por psicólogos, além de palestras com profissionais de diversas áreas, visitas
às Universidades e à Feira de Profissões, como as realizadas no The Royal Palm Plaza, em
Campinas, SP, Jornais e Revistas informativas, Guia de Profissões e outras intervenções visando
informá-los, mas são insuficientes diante da perplexidade do jovem neste momento.
Por sua vez, as escolas atribuem, ora ao professor, ora à Psicologia, a tarefa de orientar o
jovem nesse momento de perplexidade, focando a discrepância quanto às intervenções realizadas
pelas escolas privadas em relação às escolas públicas, pois a primeira se utiliza profissionais
especializados e, em geral, psicólogos para a Orientação Profissional.
A perspectiva de que a “profissão tem de ser vista como relação conectada entre trabalho
e vida” (JENSCHKE, 2002, p. 24), defendendo a idéia de a Educação Profissional ser introduzida
nos currículos escolares, está distante da realidade educacional brasileira.
4.1.3. Categoria C: Formação de identidade
Esta categoria atende ao quesito da Formação da Identidade do adolescente, tendo como
base o fato das identidades atuais estarem entrando em colapso, pois as identidades modernas
estão “descentradas, isto é, deslocadas ou fragmentadas” (HALL, 1999, p. 08). Verificou-se nos
discursos dos professores fragmentos de depoimentos que territorializam a informação da
formação de jovens descentrados, angustiados e sem expectativas:
Eles sofrem uma angústia de excesso de informação. O tempo todo é muita informação, mas acho que isto pouco interfere na escolha da profissão. Você assistiu ao filme: O homem que copiava? Eles são todos iguais, todos fragmentados é isso. Aquilo é perfeito para defini-los. Eu pego a folha que já xeroquei. Não sei o que vem antes, nem o que vem depois. Só tem aquele intervalo e naquele intervalo eles vão construindo a vida (Professor A leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira e em cursinho vestibular, Louveira, SP).
Primeiramente não tenho percebido perplexidade por parte dos alunos diante da escolha de profissão. Até gostaria que houvesse. Segundo, digo que gostaria muito que houvesse, pois, isso seria uma demonstração de que estariam refletindo, inquietando-se sobre os rumos que cada um espera dar à sua vida (Professor B leciona a Disciplina de Filosofia,
233
na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Santa Clara do Lago I, Hortolândia, SP).
Em outros depoimentos há informações de que os professores percebem formação
da identidade de descaso com o futuro aparentemente não se importando com o tempo,
demonstrando desconhecimento por parte dos professores a respeito da crise de identidade que,
segundo Erikson (1998), ocorre confusão de temporalidade, intimamente associada à autocerteza
e ao autoconceito:
Perplexidade nós que temos outra estrutura mental. Fomos criados em um outro momento. Nós somos a geração do lacre, eles são a geração do botão. A geração do tempo real. É impressionante como eles não têm dimensão do tempo. Não sei se interfere na escolha da profissão (Professor C leciona a disciplina de História na Escola Estadual Joaquim Antônio Ladeira, e em cursinho vestibular, Louveira, SP).
Embasada em Guattari e Rolnik (2000, p.41) “a função da economia subjetiva
capitalística, talvez a mais importante de todas, é a da infantilização pensam por nós, organizam
por nós a produção e a vida social”, outra função não menos importante é a “culpabilização”,
estando sua raiz nas tecnologias capitalísticas que propõe sempre imagem de referência. Dessa
forma, identificamos a compreensão que o jovem atual apresenta este perfil infantilizado e de
imaturidade:
Eu acho uma geração que ousa muito pouco. Eles são infantilizados, muito infantilizados. É culpa da nossa criação, da criação que nós estamos ofertando. Nós não estamos proporcionando desafios a eles. Nós estamos poupando esses meninos e meninos, porque acreditamos que este mundo que construímos é perverso, então temos de poupá-los de tudo, inclusive de enfrentar a vida a vida adulta (Professor D leciona a Disciplina de História na Escola Estadual de Primeiro e Segundo Graus Joaquim Antonio Ladeira, Louveira, SP).
Encontramos também nesse fragmento de depoimento de professor uma desinformação
quanto à relevância das ritualizações espontâneas para a formação da identidade, tais rituais são
teorizados por Erikson (1998, p. 65) “uma forma de confirmação ideológica”:
Eles estão mais interessados em ir a escola para namorar, comer merenda, beber, fumar, pichar, ouvir e dançar rap e funk, desrespeitar professores ameaçando-os. A cada ano fico mais decepcionada com a falta de interesse e descompromisso dos alunos jovens de hoje e com o descaso do governo com a profissão de professor (Professor E leciona nos Ensinos Fundamental e Médio da Escola Estadual Américo Beluomini, Valinhos, SP).
234
Em outro depoimento encontramos a Formação de Identidade de informação, de acesso à
mídia, fato que estrutura de acordo com Lévy (1999, p.07) “na época atual, a técnica é uma das
dimensões fundamentais onde esta em jogo a transformação de mundo por ele mesmo”:
Os nossos jovens de modo geral são bem informados, fruto das tecnologias como a Internet. Entretanto, muitos deles, ainda não são conscientes sobre a sua importância na sociedade. Portanto, eu procuro trabalhar com uma formação que vá além do mercado de trabalho, que atinja a visão de um ser humano mais integro e consciente da sua participação na construção de uma nova sociedade, mais justa e cidadã (Professor F leciona História na rede pública de Ensino Médio da cidade de Campinas, SP).
Diante da estrutura social global posta que massifica, dilui culturas locais e
conseqüentemente singularidades, foi possível observar que o jovem adolescente hoje vive o
momento presente, sem expectativa do futuro, e mostram-se infantilizados, angustiados,
desinteressados e perplexos.
Em geral, eles são informatizados e informados dos acontecimentos sociais, apresentam
características normais desta fase do desenvolvimento no que tange a crise de identidade, a
confusão temporal que dela decorre, e os comportamentos socializadores —beber, fumar, dançar
rap e funk na escola — considerados de rebeldia pela escola e pela sociedade, mas considerado
por Erikson (1998, p. 65) “ritualizações espontâneas” necessárias ao desenvolvimento saudável.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Toda análise de conteúdo passa pela interpretação da própria mensagem, o ponto de
partida e o indicador sem o qual a análise não se tornaria possível. Foram consideradas nas
análises das categorias as significações que a mensagem oferece, as frequências dos dados e todas
as ocorrências significativas.
Nesta perspectiva, foram feitos comentários sobre as opiniões dos professores,
pesquisados quanto à perplexidade do adolescente atual no momento de suas escolhas
profissionais, opiniões, iniciativas, as intervenções das escolas, e a respeito da formação da
Identidade, de acordo com as respectivas categorias.
235
No todo, identificou-se a necessidade de política de incentivo à Orientação Profissional
com eixos de ação direcionados a informar, a aconselhar e intervir nas dúvidas no momento das
escolhas, posto que os dados sinalizaram que apenas as escolas privadas possuem o Serviço de
Orientação Profissional realizado por psicólogos.
As palestras também com profissionais de diversas áreas, as visitas às universidades e à
Feira de Profissões, como as realizadas no The Royal Palm Plaza, em Campinas, SP, Jornais e
Revistas informativas, Guia de Profissões e outras intervenções visando informá-los, são
insuficientes diante da perplexidade do jovem nesse momento.
A Orientação Profissional tem sido exercida parcamente pelo professor em sala de aula,
que a escola apresenta descompromisso com esta temática e, finalmente, que as escolhas
profissionais estão norteadas pela necessidade do mercado, que é oscilante, excludente e distante,
tanto das habilidades construídas histórico-culturalmente e, portanto, da competência para o
exercício da função, quanto pela ausência ou pouca satisfação pessoal e profissional,
comprometendo a saúde do trabalhador brasileiro.
Assim, os resultados obtidos após as análises e consequentes interpretações tornam
relevantes os dados discursivos apresentados com maior frequência nos relatos, permitindo a
identificação da relevância do Serviço de Orientação Profissional nas Escolas e universidades nos
dias atuais.
As interpretações balizaram na Categoria: Formação de Identidade a infantilização e
despreocupação do jovem hoje quanto ao futuro, e que há perplexidade generalizada, isto é, tanto
com relação a não compreensão por parte da escola e do professor quanto à crise de identidade,
quanto dos alunos que diante do momento babélico que atravessam não encontram apoio, nem
orientação, nem incentivo, neste momento difícil de suas vidas.
O desenvolvimento profissional que necessita ser compreendido agora, como processo de
aprendizagem que deve começar cedo nas escolas e evoluir ao longo da existência, fica por conta
da ingerência de identidades, representada na sociedade brasileira pelo descaso de políticas
públicas no gerenciamento da vida.
Finalizando, de acordo com as idéias de Bardin, a inferência é “dedução lógica” e não
existe inferência transparente, porém, houve cuidado epistemológico de inferir nos depoimentos,
a partir de percepções claras e compartilhadas que visibilizaram a relevância de Serviço de
236
Psicologia destinado à Orientação Profissional nas Escolas Públicas atuais e que esse serviço
pode ter início em Programas Educacionais com intervenções por parte das políticas públicas ou
de Projetos de Extensão das Universidades Brasileiras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Tradução de Luiz Antero Neto e Augusto Pinheiro.
Portugal: Edições 70, 1977. 225 p.
CARVALHO, Maria Margarida M.J. Orientação profissional em grupo. Campinas, São Paulo:
Editorial Psy, 1995. 260 p.
ERIKSON, Erik. H. O ciclo da vida. Tradução de Maria Adriana Veríssimo Veronese. Porto
Alegre: Editora Artmed, 1998. 111 p.
GALLO, Sílvio. Deleuze e a educação. Belo Horizonte: Editora Autêntica 2003. 118 p.
GUATARRI, Félix. Os dilemas contemporâneos na cultura e na sociedade: O novo paradigma
estético. In: SCHNITMAN, Dora Fried; et al (org); et al. Novos paradigmas, cultura e
subjetividade. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 1996. pp. 121-132.
GUATARRI, Félix; ROLNIK, Suely. Micropolítica: cartografias do desejo. 6ª edição.
Petrópolis: Editora Vozes, 2000. 327 p.
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 3ª edição. Tradução. Tomaz Tadeu
da Silva; Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: Editora DP&A, 1999. 102 p.
JENSCHKE, Bernhard. Educação Profissional em Escolas em uma perspectiva internacional. In.
LEVENFUS, Rosane Schotgues; KNOBEL. Anna. Maria. Moreno em Ato. A construção do
psicodrama a partir das práticas. São Paulo: Editora Ágora, 2004. 285 p.
LÉVY, Pierre. Tradução de Carlos Irineu da Costa. As tecnologias da inteligência: O futuro do
pensamento na era da informática. Coleção Trans. Rio de janeiro: Editora 34, 1999. 203 p.
237
MORENO, Jacob Levy. Psicodrama. Tradução de Álvaro Cabral. 5ª edição. São Paulo: Cultrix,
1993. 492 p.
MOTTA, Júlia Maria Casulari. A Psicologia e o mundo do trabalho no Brasil. relações,
história e memória. São Paulo: Editora Ágora, 1995. 258 p.
SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal.
6ª edição. Rio de Janeiro: Editora Record, 2006. 174 p.
VEIGA-NETO, Alfredo (org.); et al.. Crítica pós-estruturalista e educação. Porto Alegre:
Editora Sulina, 1995. 260 p.
www.mundoeducacao.uol.com.br. Acesso em 03/03/2008.
www.wikipedia.org/wiki/fordismo. Acesso em 16/05/2007.
www.wikipedia.org/wiki/toyotismo. Acesso em 16/05/2007.
238
ANEXO 2
ENTREVISTAS DIRIGIDAS AOS GESTORES DA
UNEMAT
Entrevista 1:
1.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço
dessa área do conhecimento em nossa Universidade?
Resposta:
Até por experiência de gestão e números que temos dentro da Universidade por meio de
pesquisas de anos anteriores em que temos vários jovens que ingressaram em cursos aqui e, após
um, dois ou três semestres, descobriram que a vocação não era aquela ou que não estavam
preparados, ou que não estavam dispostos a enfrentar a profissão daquela área e acabou evadindo
da nossa Universidade, nosso centro, criando certo constrangimento.
Porque se sabe que no Brasil hoje é pequeno o número de pessoas que tem oportunidade
de entrar no Ensino Superior público. Nós levantamos um número de mais de 1.600 vagas
ociosas em universo de 13 a 14 mil universitários. É preocupação latente muito grande. Esse
trabalho preventivo que ora está sendo elaborado, sendo pesquisado, é de suma importância. Até
porque evitaríamos pessoas de estarem tomando caminho errado... Trocado.
Entrevista 2: 2.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço
dessa área do conhecimento em nossa Universidade?
Resposta:
Essa situação reporta-me aos anos de 1993 e 1994 quando nas reuniões das licenciaturas
plenas e parceladas tínhamos a preocupação com a possibilidade de se considerar o ingresso do
aluno em um curso. Pecamos por isso, não enxergávamos que o aluno poderia fazer uma re-
escolha.
239
Acho que a Universidade deveria criar esse momento do jovem acertar a escolha
acadêmica e ter tempo para opção da formação profissional. Esse tempo poderia acontecer na
própria academia e que poderia contribuir muito mais do que a orientação paliativa vista no
Ensino Médio.
Ou seja, aquela que você faz o diagnóstico e diz você que pode fazer isso ou aquilo é
muito restrito. Agora, se há trabalho continuado, com profissionais dentro dessa perspectiva, aí
acho que o resultado de evasão será ínfimo no final. Então, acho que os jovens farão uma
segunda opção porque tiveram tempo de amadurecimento na academia. E nós, na Universidade,
temos de pensar o quadro, recursos e materiais de infra-estrutura, remodelagem, salas, a
discussão do assunto, enfim, tudo isso.
Nesse sentido considero viável esse trabalho. Quando você for conversar com o jovem,
ele verá que há áreas bem abrangentes e temos de ver qual o curso que ele se localiza, dentro dos
quesitos próprios.
Entrevista 3:
3.1. Qual a sua opinião a respeito da Orientação Profissional e do desenvolvimento de um serviço
dessa área do conhecimento em nossa Universidade?
Resposta:
Penso que é muito positivo. Tendo em vista, principalmente, o grande problema que nós
temos: a questão da vocação dentro da universidade. Temos muitos alunos que entram e que
abandonam o curso, no início, no meio e, até mesmo, no final do curso. Porque eles entram no
curso e não se identificam com o curso, porque não é aquilo que eles querem, e criam antipatia
pelo curso, e faz com que eles desistam. Então, há grande índice de abandono dos cursos de
graduação, por causa dessa falta de vocação que o aluno tem.
Penso que esse serviço é muito produtivo e seria um passo que a UNEMAT daria para
oferecermos esse serviço à comunidade, aos nossos adolescentes. Inclusive, acho que um trabalho
assim poderia ser oferecido pela própria Coordenaria de Vestibulares (COVEST), pois é por
dessa Coordenadoria que se faz a sondagem da rede de ensino público e particular para que seja
feita a elaboração das provas dos vestibulares. Acho que a Coordenadoria da COVEST poderia
implantar um trabalho dessa ordem.
240
Entrevista 4:
4.1. Qual sua opinião a respeito da Orientação Profissional e da possibilidade da UNEMAT
oferecer esse serviço à comunidade adolescente cacerense e da região?
Resposta:
Enquanto UNEMAT e FAED sim. Inclusive, sugiro que seja um projeto de Ensino,
Pesquisa e Extensão, e que se compreenda no ensino a orientação aos professores, no sentido de
que os próprios professores possam lidar com essa questão. Assim, um serviço dessa ordem
poderá atender ao tripé Ensino, Pesquisa e Extensão. Por meio do Ensino e da Pesquisa com
atendimento à Extensão com trabalho voltado à comunidade, em constante retro-alimentação.
241
ANEXO 3
ENTREVISTAS AOS COORDENADORES DE
ESCOLAS PÚBLICAS E PRIVADAS DO ENSINO MÉDIO
Entrevista 1:
1.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Total interesse. Porque esse serviço colaboraria com a orientação dos alunos no sentido de
se definirem quanto à questão profissional. Nesse mundo conturbado, penso que esse serviço é
instrumento de apoio, em que o jovem pode ser orientado, e não direcionado por outros, a ter
escolhas distantes de sua vontade.
Entrevista 2:
2.2. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Em minha opinião deveria ter porque acho de suma importância para a orientação do
jovem de hoje, para despertar a vocação. Essa tarefa muitas vezes é feita pelo professor, que nem
sempre percebe a importância de seu papel. O professor pode despertar o dom do aluno, mas às
vezes não desperta. O jovem precisa de alguém para ajudá-lo a que caminho votar. Gostaria que
desde pequeno a criança devesse ser animada pelos pais. Outro dia presenciei uma situação: uma
garota estava na fila da inscrição do vestibular e eu lhe perguntei: “Que faculdade você
escolheu?” Ela respondeu: “Ainda não decidi... Mas vou decidir já”. Então, pergunto-me, isso é
vocação? É por isso que digo que há médicos assassinos e... Políticos ladrões!
242
Entrevista 3:
3.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Já ouvi falar desse serviço, mas ninguém faz. Muito aluno sai da faculdade porque não era
aquele curso que gostaria de fazer. Eles falam que não tem interesse... Penso que se tivesse uma
orientação educacional isso não aconteceria. Acho muito bom para todos: para a escola, para o
aluno porque o aluno entrará na faculdade sabendo o que ele quer. Porque o aluno quando acaba
o Ensino Médio não tem noção do que quer, com esse trabalho ele poderá pensar: “Poxa achei o
curso que eu quero”.
Entrevista 4:
4.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Nossa escola está sempre de portas abertas para novas propostas. É também fonte de
pesquisa para nós e vem de encontro aos nossos objetivos. Sou favorável. Inclusive, pedimos à
Coordenação do CEAF vir aqui ter uma conversa sobre a Orientação Profissional, porque é
grande o interesse dos alunos e não temos profissionais habilitados nessa área.
Entrevista 5:
5.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Esse serviço será muito bem-vindo aqui. A gente sempre teve essa necessidade, sempre
procurar colocar para os alunos que o estudo e a escolha profissional são importantes, pois sem
estudo boa parte do que desejamos, não será conseguido. Por exemplo, meu marido está
243
desempregado e por causa dele não ter profissão, não ter estudado, não consegue emprego. Hoje,
com as novas tecnologias, fica difícil porque nosso curso de formação não é profissionalizante.
Às vezes, a proposta de trabalho não é o que ele espera. Antigamente havia cursos
profissionalizantes e hoje não é assim.
Entrevista 6:
6.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Aqui em nossa escola trouxemos um profissional de Cuiabá, MT, para falar do assunto
porque não é discutido e os alunos têm necessidade de saber as profissões do mercado. Um
serviço desses na UNEMAT será muito bom para todos nós.
Entrevista 7:
7.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Seria muito bom um serviço desses aqui em nossa cidade. Aqui na escola eu mesmo
desenvolvo esse trabalho, pois temos a disciplina de Orientação Profissional. A idéia dessa
disciplina surgiu de uma necessidade minha. Quando meus filhos, que hoje estão na faculdade,
decidiram erradamente a profissão a seguir. Como educadora, gestora de escola e mãe, senti na
obrigação de ajudar os jovens de alguma forma a decidir sua profissão.
244
Entrevista 8:
8.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Temos grande interesse nessa área, mesmo porque é o momento de escolha do futuro, da
vida, e nossos alunos não têm um serviço desses. Inclusive, gostaria de uma palestra sua aqui na
escola para esclarecer sobre escolha a importância da escolha certa da profissão.
Entrevista 9:
9.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Será bem-vindo esse trabalho aqui. Tenho um filho que está já no terceiro ano do Ensino
Médio e não conseguiu definir até hoje o que quer. Hoje mesmo atendi a mãe de um aluno que
me contou que o filho não sabe o que fazer. Veio de encontro às nossas necessidades esse
trabalho.
Entrevista 10:
10.1. Há interesse dessa Escola que a UNEMAT tenha um Serviço de Orientação Profissional
dirigido aos adolescentes do Ensino Médio?
Resposta:
Muito interesse! Precisamos desse serviço de orientação ao jovem. Uma pessoa sem
objetivo, sem estudo no que gosta, não consegue nada. Nós, aqui na escola, sempre procuramos
colocar a importância do estudo na vida das pessoas, animando-os a concluírem o segundo grau.
245
ANEXO 4
QUESTIONÁRIO PARA O PROFESSOR DO ENSINO MÉDIO
Nome (Iniciais): _______________________________________________________
Disciplina: ___________________________________________________________
Escola: ______________________________________________________________
Data: ________________________________________________________________
1. Você recebeu Orientação Profissional?
2. Os seus alunos recebem alguma Orientação Profissional na sua escola?
3. Quais são as principais dúvidas dos alunos em relação às escolhas profissionais?
4. Quais as expectativas dos seus alunos com relação ao mercado de trabalho?
5. Deseja acrescentar mais alguma informação?
246
ANEXO 5
QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DO ENSINO MÉDIO
Nome (iniciais): ____________________________________________________
Idade: ____________________________________________________________
Série: _____________________________________________________________
Escola: ____________________________________________________________
Data: _____________________________________________________________
1. Você recebeu orientação por parte da escola ou do professor quanto às diversas
profissões existentes no mercado de trabalho?
2. Você já escolheu uma profissão?
3. Você pensa em cursar uma Universidade ou fazer um Curso Profissionalizante?
4. Quais as suas expectativas para o futuro?
5. Deseja acrescentar mais alguma informação?
247
ANEXO 6
QUESTIONÁRIO PARA O ALUNO DO ENSINO MÉDIO UTILIZADO NA
FPRMAÇÃO DE PROFESSORES EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
Através deste questionário, pretendemos obter informações
sobre você, portanto, deve respondê-lo com clareza e
sinceridade. Estas informações são confidenciais, com o
objetivo de orientá-lo na escolha de uma profissão.
PARTE A
0 -Nome: ________________________________________________________
02 – Idade: _______________ Sexo: __________________________________
03 – Endereço:
Rua: ___________________________________nº. ______________________
Bairro ___________________________ Cidade _________________________
Tel : Res. ________________________ Cel: ____________________________
Email: __________________________ CEP: ___________________________
04 – Naturalidade: ________________ Nacionalidade: ____________________
05 – Curso: __________________________________ Série: _______________
Escola: _____________________________________ Série: ________________
Cidade: _________________________________ Data _____/_____/ ____
PARTE B
248
01 - Qual (is) o (s) Curso (s) que você já concluiu?
1º ____________________________________________________________
2º ____________________________________________________________
3º ____________________________________________________________
4º ____________________________________________________________
5º ____________________________________________________________
02 – Qual (is) o (s) Cursos (s) que você começou e não concluiu? ________________________
____________________________________________________________________________
03 – Você tem dificuldade em alguma matéria? ______________________________________
Qual é a matéria e qual a dificuldade?
Matéria (s): __________________________________________________________
Dificuldade (s): _______________________________________________________
04 – Quais as matérias que você não gosta? _________________________________________
____________________________________________________________________________
Por que ? ____________________________________________________________________
05 – Quais as matérias que você gosta? ______________________________________________
Por que ? _____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________ 06 - Como você gosta de estudar?
249
Sozinho ( ) Com um colega ( ) Em grupo ( )
07 - Se você tem duvidas em uma matéria, como fez para encontrar uma solução?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________
08 – Como esta seu rendimento escolar?
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim ( ) Péssimo ( )
9 – Você já foi reprovado?
Sim ( ) Não ( )
Quantas vezes e por que?
___________________________________________________________
PARTE C
01 - Você trabalha?
Sim ( ) Não ( )
Qual é a sua profissão? _______________________________________________________
02 – Qual é a profissão que você deseja seguir?
_____________________________________________________________________________ Por que ? ________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 03 – Você sabe quais são as atividades desempenhadas na profissão que deseja? _____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
250
04 – Quem você admira como profissional?
__________________________________ Por que ? ________________________________
05 – Cite por ordem de preferência, as atividades mais adequadas aos seus interesses e
habilidades.
Assinale de 01 a 10.
( ) Atividade ao ar livre
( ) Atividade envolvendo expressão verbal, oral ou escrita.
( ) Atividade s com exercício físico ou esportivos
( ) Atividades artísticas em geral
( ) Atividades de responsabilidade na execução de ordens
( ) Atividades de pesquisa cientifica
( ) Atividade de contato com pessoas
( ) Atividades com números e gráficos
( ) Atividades envolvendo destreza manual
( ) Atividades de organização e planejamento
06 – Em quais habilidades você se considera habilidosos e eficientes?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
07 – Qual o tipo de ambiente de trabalho que você prefere?
Local isolado ( ) Local com muita gente ( )
Sala fechada ( ) Local com pouca gente ( )
Contato com a natureza ao ar livre ( )
PARTE D
251
01 – Em que atividade você ocupa seu tempo livre?
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
02 – Quais os divertimentos que você prefere?
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
3 – Você aprecia esportes? _____________________________________________________
Quais?
_________________________________________________________________________
____________________________________________________________________________
04 – Você joga xadrez?
_____________________________________________________________________________
05 – Quais os livros que você gosta de ler?
Romance ( ) Aventura ( ) Ficção ( )
Outros:
______________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
06 – Você lê jornais?
_______________________________________________________________
Quais os artigos que você prefere?
______________________________________________________________________________
07 – Você lê revistas?
_____________________________________________________________________________
252
Quais?
__________________________________________________________________________
08 – Você vai ao cinema?
____________________________________________________________________________
09 - Que tipos de filme você prefere?
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
10 – Você assiste televisão?
_____________________________________________________________________________
11 - Quais os programas que você prefere?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
12 - Você coleciona algo?
______________________________________________________________________________
O que?
__________________________________________________________________________
PARTE E
01 - Qual é a sua altura? _____________________ Qual é o seu peso? ___________________
02 - Quantas horas você dorme por noite? ___________________________________________
03 - Quantas horas você descansa por dia? __________________________________________
04 - Você toma algum remédio? ________ Qual? _____________________________ Por que ?
_____________________________________________________________________________
05 - Você já foi hospitalizado? ________________ Por que? ____________________________
06 - Você já desmaiou alguma vez?
___________________________________________________
07 - Quando você tem algum problema, procura conversar com alguém? ____________
253
Com quem?
______________________________________________________________________
08 - Seus pais são separados? ____________ Com quem você mora? ___________________
09 - Você tem amigos (as) ____________ Qual a idade deles? ___________________________
Qual o gênero deles? ____________________________________________________________
10 - Você costuma passear com os amigos? _______ Em que lugares? _____________________
______________________________________________________________________________
O que você vocês costumam fazer?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
O que vocês costumam conversar?
______________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________
Este questionário foi elaborado pelas alunas do Curso de pedagogia na Disciplina EP-423-
Orientação Profissional – Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP) – 2º semestre de 1994.
255
ANEXO 7
CERTIFICADO DO MINI-CURSO ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL
(Ilustração da imagem: Frente)
256
(Ilustração da imagem: Verso)